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1 DIREITOS REAIS SOBRE COISAS ALHEIAS 1 Sumário 1 – INTRODUÇÃO ....................................................................................... 4 2 - DIREITOS REAIS ................................................................................... 5 2.1 - Classificação dos direitos reais ............................................................ 5 2.2 - Diferença entre o direito real e pessoal ............................................... 6 2.2.1 - Direito Pessoal .................................................................................. 6 2.2.2 - Direito Real ....................................................................................... 7 2.3 - Aquisição dos direitos reais ................................................................. 8 3 – POSSE- Arts. 1196 a 1224 CC .............................................................. 8 3.1 - Natureza da posse ............................................................................... 9 3.2 - Classificação da posse ...................................................................... 10 4 - ACESSÃO DA POSSE ......................................................................... 14 4.1 - Efeitos da Posse (art. 1210 a 1222 CC)............................................. 14 5- AÇÕES POSSESSÓRIAS ..................................................................... 15 5.1 - O que são ações possessórias .......................................................... 16 5.2 - Tipos de ações possessórias ............................................................. 17 5.2.1- Ações possessórias no Novo CPC .................................................. 17 5.3 - Natureza dúplice das ações possessórias ......................................... 19 6 - Modelo de ação possessória ................................................................ 20 6.1 – Modelo de Petição ............................................................................ 21 7 - DIREITOS REAIS DE GOZO OU FRUIÇÃO ........................................ 27 7.1 – Enfiteuse ........................................................................................... 27 7.2 - A enfiteuse da União .......................................................................... 29 7.3 – Servidão ............................................................................................ 30 7.4 - Usufruto ............................................................................................. 31 7.5 – Uso .................................................................................................... 34 7.6 – Habitação .......................................................................................... 36 8 – DIREITOS REAIS DE GARANTIA ....................................................... 38 8.1 – Penhor............................................................................................... 39 8.2 – Hipoteca ............................................................................................ 44 8.3 - Anticrese ............................................................................................ 46 9 - DIREITO REAL À AQUISIÇÃO: PROMESSA DE COMPRA E VENDA 48 2 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 54 3 FACEMINAS A história do Instituto FACEMINAS, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a FACEMINAS, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A FACEMINAS tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 4 1 – INTRODUÇÃO Consoante a boa doutrina civilista os direitos reais sobre coisas alheias ou limitados versam sobre o desmembramento de um ou mais dos poderes inerentes à propriedade recaindo sobre coisa própria, detendo ademais caráter temporário em homenagem ao princípio da elasticidade, que estatui que a coisa tende a retornar ao status quo ante, isto é, a propriedade plena. Os direitos reais sobre coisas alheias encontram-se taxativamente previstos pelos incisos do artigo 1.227 do CC, subdividindo-se em três classes, quais sejam elas: direito real de gozo ou fruição, o qual diz respeito ao desmembramento em relação à coisa, compreendendo os direitos de superfície, habitação, uso, usufruto e servidão; direito real de garantia, que por seu turno pertine ao desmembramento que implica em atos de disposição sobre a coisa; abrangendo a hipoteca, o penhor e a anticrese; e por fim; direito real de aquisição, o qual compreende o desmembramento do direito de aquisição abarcando o compromisso irretratável de compra e venda (artigos 1.417 e 1.418 do CC). Vamos lá: 5 2 - DIREITOS REAIS Art. 1.225. São direitos reais: I - a propriedade; II - a superfície; III - as servidões; IV - o usufruto; V - o uso; VI - a habitação; VII - o direito do promitente comprador do imóvel; VIII - o penhor; (...) O direito das coisas, também denominado direitos reais, consiste em um conjunto de normas, predominantemente obrigatórias, que tendem a regular o direito atribuído à pessoa sobre bens corpóreos, móveis ou imóveis de conteúdo econômico. A eficácia do direito exercido é em face de todos (erga omnes), assim, é um direito absoluto, e independe da intermediação de outrem. Os direitos reais surgem por imposição legislativa. O indivíduo pode recuperar a coisa quando esteja, ilegitimamente, em mãos alheias. numerus clausulus = o direito real é típico e taxativo, ou seja, é aquele que se insere em um modelo definido pelo legislador (o legislador cria direitos reais). ≠ numerus apertus = que são os direitos obrigacionais, onde as partes, facultativamente, se valem de contratos disciplinados na lei (contratos nominados) ou não (contratos inominados). 2.1 - Classificação dos direitos reais jus in re propria = direito sobre a coisa própria, que se resume na propriedade. jus in re aliena = direito real sobre a coisa alheia. 6 Bens incorpóreos, por exceção, podem estar sujeitos ao direito real (ex: usufruto de títulos de crédito → O credor, titular de um crédito, faculta um terceiro, usufrutuário do crédito, a perceber os frutos e a obrar as respectivas dívidas). Contudo, essa situação aparta-se das prerrogativas próprias dos direitos reais, pois estes pressupõem sempre a existência atual da coisa e crédito (existência conceitual e não material). A maioria dos autores admite poder ser objeto de direito real tanto coisas corpóreas como incorpóreas. O direito real mais completo é o direito de propriedade; todos os outros são decorrência dele. Os direitos reais sobre coisa alheia importam numa restrição infligida ao proprietário, quanto a uso e disposição de um bem que lhe pertence. → Ex: aquele que tiver como segurança do pagamento de uma dívida o valor de um bem imóvel (hipoteca) exercerá direito real sobrecoisa alheia, de propriedade do devedor que tenha oferecido a coisa em garantia. Por fim, há a preponderância do bem coletivo em detrimento do individual (fenômeno moderno). 2.2 - Diferença entre o direito real e pessoal 2.2.1 - Direito Pessoal Os sujeitos (passivo e ativo) são, em regra, definidos no momento em que se constitui a obrigação (ex: comodato) Tem por objeto uma prestação, que pode ser positiva (obrigações de dar ou fazer) ou negativa (obrigações de não fazer). Há a necessidade da intermediação de um sujeito. As normas reguladoras do direito obrigacional facultam às partem certa liberdade para regulamentar seus interesses. Predominam normas dispositivas. Direitos obrigacionais não admitem usucapião. Os direitos obrigacionais são transitórios ou temporários. Nascem para serem extintos. O não exercício do direito obrigacional, em tempo oportuno, provoca o seu perecimento. 7 Eficácia relativa. 2.2.2 - Direito Real A identificação do passivo só se dá no momento da violação do direito, oportunidade em que o sujeito passivo indeterminado se torna determinável (há uma obrigação passiva universal). Tem por objeto um ou mais bens materiais determinados, móveis ou imóveis. É exercido independentemente da colaboração de outra pessoa. As normas são obrigatórias, ou seja, não admitem a interferência da vontade individual. Predominam normas cogentes. Somente não admitem usucapião quando sobre coisa alheia (ex: hipoteca), os demais podem ser usucapidos (pode ser exercida a posse). Tem sua duração no tempo indefinida (salvo no caso de propriedade resolúvel). A não utilização da propriedade, em regra, não implica sua perda. Por isso, a ação reivindicatória é imprescritível. Eficácia contra todos. Obrigação com eficácia real: na sua essência, é obrigação, mas seus efeitos adquirem contornos de direito real. Obrigação ‘propter rem’: tem-se de início uma relação de direito real e, em função dela, surge um vínculo obrigacional. É uma situação intermediária entre direito real e pessoal. Esta obrigação se transmite com a coisa, independentemente da vontade do adquirente. Ex: obrigações que decorrem do direito de vizinhança, como a necessidade de demarcar a propriedade de imóveis lindeiros. Ex 2: construção de muro pelos proprietários confinantes. Ambos têm obrigação de construí-lo, arcando com as respectivas despesas, por ser essa obra divisória uma típica prestação propter rem. 8 2.3 - Aquisição dos direitos reais Art. 1.226. Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com a tradição. Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos ( arts. 1.245 a 1.247 ), salvo os casos expressos neste Código. Com relação aos imóveis cujo valor não ultrapasse a 30 vezes o maior salário-mínimo vigente do país, dispensa-se a escritura pública. O contrato pode, assim, formalizar- se por instrumento público particular; contudo, o registro desse instrumento é necessário para o surgimento do direito real de propriedade. A ausência do registro não torna o ato nulo ou anulável, apenas deixa as partes sem eficácia real perante terceiros. → Ex: uma hipoteca não registrada vigora entre as partes, mas não gera efeito erga omnes; assim, quem adquirir o bem não o adquira hipotecado. 3 – POSSE- Arts. 1196 a 1224 CC Aqui são duas teorias: Teoria subjetiva (Savigny) = valoriza o psicológico, expresso na vontade do possuidor de ter a coisa como se fosse sua. A posse requer: o corpus (poder físico da pessoa sobre a coisa, estabelecido pela apreensão) e o animus domini (a vontade de ter a coisa como própria). São considerados detentores, e não possuidores, os que detêm o poder físico, mas não o animus. → Ex: locatário, comodatário, etc. Teoria objetiva (Ihering) = a posse se traduz no poder físico da pessoa sobre a coisa com a exteriorização da propriedade e um meio de tornar possível o uso econômico da coisa, de acordo com a vontade do possuidor. Requer: corpus (a exteriorização do exercício de um direito). O possuidor de uma coisa é, ao mesmo tempo, o seu proprietário. → Ex: são possuidores, e não detentores, o usufrutuário, o locatário, o comodatário, etc. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1245 9 Posse e detenção têm as mesmas características, porém se diferenciam na conduta legislativa. À detenção não se atribuem efeitos possessórios. Detentor não tem posse e, por via de consequência, não tem direito de se valer das ações possessórias. É detentor, também denominado servidor da posse ou fâmulo da posse: Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. É o caso do motorista, não tem posse do veículo, ou a empregada doméstica, não tem posse dos instrumentos com os quais trabalha. Apesar de possuírem o poder físico sobre a coisa, a posse continua sendo do patrão. Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade. Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido. A simples ausência não importa na perda da posse, podendo o possuidor, embora ausente, continuar a posse solo animo, ainda que a coisa possuída tenha sido ocupada por um terceiro, durante a sua ausência. 3.1 - Natureza da posse Para Savigny, a posse é um misto de fato e direito (pessoal). Para Ihering, a posse é um direito (real), no sentido de que os direitos são interesses juridicamente protegidos. Assim, classifica Savigny a posse como uma relação obrigacional e Ihering a insere no âmbito dos direitos reais. Contudo, nosso Código Civil filia-se a Clóvis Bevilaqua, que vê a posse como um direito especial. A posse não pode ser considerada como direito pessoal por não estabelecer um vínculo de conteúdo obrigacional para o possuidor em face de terceiros ou do proprietário; nem direito real, pois não gera efeitos erga omnes (triunfa sobre os pretensos adquirentes da posse, mas sucumbe ao proprietário). 10 Por fim, a natureza especial da posse dispensa, pois, na ação possessória, a intervenção do outro cônjuge, salvo quando versarem sobre direitos reais imobiliários. Fosse a posse direito real, a presença dos cônjuges seria obrigatória. 3.2 - Classificação da posse POSSE INDIRETA Dá-se a posse indireta quando o seu titular, voluntariamente, transfere a outrem a utilização da coisa. ex: locador, comodante, nu-proprietário. POSSE DIRETA Diz-se posse direta a de quem recebe o bem para usar. É derivada e temporária. A posse foi transferida por contrato. ex: locatário, comodatário, usufrutuário. Observação: Se houver sublocação, o locatário passará de possuidor direto para possuidor indireto, e o sublocatário será o novo possuidor direto. Caso alguém ocupe sem autorização determinado imóvel, impedindo o ingresso do real proprietário, essa pessoa não detém a posse direta, ela tem posse e o proprietário não tem posse. Para recuperar a posse perdida, o proprietário deve ingressar com uma ação de reintegração de posse e não com uma ação de “reintegração na posse direta”. POSSE JUSTA É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária (art. 1200 CC). Diz-se violenta a que é adquirida mediante força (ex: MST), clandestina a que é adquirida às escondidas e precária a que surge do abusode confiança por parte de quem possuía legitimamente coisa alheia. 11 Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária. POSSE INJUSTA É a posse injusta, ilícita ou viciosa. Observação: A posse poderá passar de justa para injusta → Ex: alguém empresta a um amigo livros e CDs e este, ao passar o prazo estipulado, não os devolve ao dono. Durante o período do empréstimo a posse era justa, porém ao não haver a restituição das coisas cedidas, a posse tornou-se injusta (apresentou um vício de precariedade). → Observa-se, pois, que a posse precária, diferentemente da violenta ou clandestina, nasce no momento em que houver recusa à devolução da coisa. POSSE DE BOA-FÉ É de boa-fé a posse quando o possuidor ignorar o vício, ou o obstáculo que lhe impede a aquisição da coisa ou do direito do possuído (art. 1201 CC). Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. POSSE DE MÁ-FÉ Quando o possuidor não ignorar que possui ilegitimamente. Observação: A boa-fé ou má-fé irá repercutir nas questões relativas aos frutos, às benfeitorias e à usucapião da coisa possuída. A posse de boa-fé converte-se em posse de má-fé desde que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente. → Ex: adquiro, sem saber, um imóvel ilegitimamente. Então recebo uma notificação dizendo que quem me vendeu a casa não era o legítimo dono e, com isso, eu não sou adquirente. A partir do momento em que sou citada e tomo 12 conhecimento do fato, se eu permanecer na casa será de má-fé, pois a minha boa-fé inicial terá desaparecido no momento da citação. POSSE NOVA Se a posse datar de menos de um ano e um dia, será considerada nova, admitindo o pedido de liminar. POSSE VELHA Caso transcorrido o prazo superior a um ano e um dia, a posse será tida como velha, sem direito a liminar. Observação: A relevância da distinção entre posse nova e posse velha reside na possibilidade ou não de ser concedida a liminar na ação possessória, que é uma medida provisória. Como efeito, possibilita ao autor ou réu recuperar de imediato a posse, até a decisão final do processo. O marco inicial de contagem do prazo da posse é a data da turbação ou esbulho. A impugnação da decisão interlocutória que defere ou não a liminar se dá por meio do Agravo de Instrumento. POSSE AD INTERDICTA É concedida àqueles que são possuidores por decorrência de uma obrigação ou direito. É uma posse defensável por meio das ações possessórias, mas não gera usucapião. Ex: posse do locatário. POSSE AD USUCAPIONEM É a posse que gerará usucapião. Evidencia-se quando não há qualquer relação obrigacional ou de direito entre o possuidor e o proprietário. 13 Quem ocupa um imóvel sem autorização do proprietário poderá usucapir, desde que sua posse seja mansa, pacifica, contínua e preencha o espaço de tempo exigido em lei. Observação: Distinguem-se essas modalidades de posse quanto ao seu nascimento e quanto aos seus efeitos. COMPOSSE PRO DIVISO Caso os possuidores localizem-se na área certa e determinada. COMPOSSE PRO INDIVISO Quando não há separação ou repartição da posse de uma mesma área. Observação: A composse ocorre quando duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, podendo cada uma delas exercer atos possessórios, desde que respeitem os dos outros compossuidores. (art. 1199 CC). Chamada de composse ou posse comum. Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores. Podem adquirir a posse, conforme art. 1205 CC, a própria pessoa que a pretende, desde que seja capaz, ou faça por seu representante, legal ou convencional. Também, por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação. O constituto possessório é outra modalidade de aquisição da posse. Art. 1.205. A posse pode ser adquirida: I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante; II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação. 14 4 - ACESSÃO DA POSSE Significa união ou soma da posse. Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais. Assim, dá-se a acessão da posse por: Sucessão universal = o herdeiro continua, por determinação legal, a posse que tinha o de cujus. Não lhe é dado escolher entre unir ou não a sua posse a de seu antecessor, pois, por imposição legal, a conjunção da posse é obrigatória. → Ex: se ‘A’ é possuidor de uma casa e falece, deixando os filhos ‘B’ e ‘C’, estes sucederão ‘A’ na posse. Sucessão singular ou união = o sucessor singular pode agregar a sua posse à de seu antecessor, sobre um bem ou vários bens determinados. → Ex: caso ‘A’ seja possuidor de uma casa e transmita sua posse a ‘B’, este unirá sua posse à de ‘A’, se quiser. O efeito da soma será o de alcançar lapso de tempo maior para que ‘B’ possa usucapir. Posse de bem móvel que integra o imóvel. É uma decorrência natural do princípio de que o acessório acompanha o principal. Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis que nele estiverem. 4.1 - Efeitos da Posse (art. 1210 a 1222 CC) Os efeitos da posse são relativos à: ações possessórias, à percepção dos frutos, às benfeitorias, à responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa e à usucapião. 15 A posse pode ser defendida não só por meio das ações possessórias, mas também através da autodefesa, quer por meio da legítima defesa da posse (no caso de turbação, reagindo contra a agressão perpetrada à sua posse) quer por meio do desforço imediato (no caso de esbulho). Não há prazo para que se use os recursos da autodefesa, mas determina o legislador que o faça logo. Turbação: há somente a ameaça, pretensão; sem a retirada forçada das pessoas que estão no local ≠ Esbulho: há pretensão de tomada da propriedade, seguida da retirada (há a perda da posse pelo proprietário). Ocorre também nos casos em que há recusa em se restituir algo (ex: ex-comodatário que permanece com a coisa emprestada, após a extinção do comodato). 5- AÇÕES POSSESSÓRIAS As ações possessórias estão previstas no Código de Processo Civil como os institutos cabíveis quando há necessidade de proteção da posse de determinado bem, seja ele móvel ou imóvel. É importante saber qual o grau de ofensa à posse para determinar qual ação será necessária e os requisitos para ajuizar. Antes começar a detalhar mais as ações possessórias, importante esclarecer alguns conceitos. O primeiro é distinguir quem é o possuidor de determinado bem e diferenciá-lo do proprietário. Segundo a teoria objetiva, adotada no ordenamento jurídico brasileiro, a posse se revela na maneira como o proprietário age em face da coisa, bastando o elemento objetivo, para que ela exista. De acordo com o Código Civil de 2002: Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.” A título de diferenciação, o proprietário é aquele que, segundo o art. 1.228, do Código Civil, “tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.” 16 Conforme o art. 1.210 do Código Civil, o possuidor tem o direito de ser mantido na posse: Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. 5.1 - O que são ações possessórias Como visto acima, as ações possessórias são utilizadas quando há necessidade de proteger a posse dedeterminado bem. A posse é considerada lesada quando houver de ameaça, turbação ou esbulho. E, aqui, cabe identificar cada um: Esbulho: consiste na privação total da posse do bem, ou seja, o possuidor perde todo o contato com a coisa esbulhada. Turbação: é como se fosse um esbulho em menor grau. O possuidor perde somente parte da posse do bem e não perde totalmente o contato com a coisa. Ameaça: é a iminência de esbulho ou de turbação. Não é uma lesão concretizada à posse, mas é um receio justificado de ter o direito de posse violado. Para cada tipo de lesão há a possibilidade de uma ação judicial que proteja o direito e a coisa. Segundo os parágrafos 1º e 2º do art. 1.210 do Código Civil: § 1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. § 2º Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa. Entretanto, uma vez turbado, esbulhado, ou na iminência de um dos dois e não conseguindo o possuidor manter-se tranquilamente na posse do bem, a ação possessória é o meio judicial cabível para reaver ou proteger a coisa. 17 5.2 - Tipos de ações possessórias Existem três maneiras de proteger a posse, previstas Novo Código de Processo Civil. Logo, são três os principais tipos de ação possessória, que podem se desmembrar em outros, de acordo com cada caso. O interdito proibitório é um instituto preventivo, ou seja, usado para proteger a posse que esteja na iminência ou sob ameaça de ser molestada. Por exemplo, é cabível contra manifestantes reunidos na entrada de um prédio público, que ameaçam invadir o local. A manutenção da posse pretende tutelar a posse contra a turbação e é cabível quando o possuidor fica impossibilitado de exercer a posse tranquilamente, em razão de ato de outrem. Exemplificando, a manutenção da posse pode ocorrer quando há o uso indevido da calçada ou do estacionamento privativo. A reintegração de posse é a medida necessária quando há esbulho, ou seja, quando a posse é totalmente molestada, injustamente, por meio de violência, clandestinidade ou precariedade. Trata-se de uma ação para recuperar a posse perdida. Um exemplo comum é ajuizar a ação de reintegração de posse contra a pessoa que invadiu as terras de outra e cercou-as, de forma que o proprietário ficasse impossibilitado de acessar o local. 5.2.1- Ações possessórias no Novo CPC Inicialmente, vale ressaltar que o Novo CPC não fez grandes alterações em relação à sistemática das ações possessórias. Porém, acrescentou alguns dispositivos, especialmente no que tange aos litígios coletivos pela posse de imóvel. Interdito proibitório O interdito proibitório é utilizado de forma preventiva, e está previsto no art. 567 e na Seção II do Capítulo das Ações Possessórias do CPC, que trata da manutenção e da reintegração da posse: 18 Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na posse poderá requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito. O principal requisito é que o autor da ação esteja na posse do bem quando da ameaça, ou seja, a legitimidade ativa é daquele que sofreu a lesão possessória. Já a legitimidade passiva é daquele que provocou a lesão. Além disso, é necessário demonstrar a data em que ocorreu a ameaça de esbulho ou turbação e o justo receio de vir a ser efetivada tal ameaça. Na petição inicial pode-se pedir, liminarmente, que a posse seja protegida. O valor da causa nas ações de interdito proibitório é equivalente ao valor do bem, que pode ser definido pelo IPTU/”valor venal”. Cabe ressaltar que, se houver cumulação de pedidos (danos morais, lucros cessantes, etc) deve-se incluir no valor da causa, conforme art. 292 VI CPC. Manutenção da posse A manutenção da posse é cabível quando o autor ou o possuidor ou proprietário tiver sua posse efetivamente turbada, perturbada por terceiro. Nesse caso, o possuidor não chega a perder a posse, mas sofre ataques de terceiros que causam desassossego ou inquietação. A turbação pode ser de fato, como num caso de ameaça de invasão, por exemplo; ou de direito, como no ajuizamento de uma ação possessória por outrem. A base legal para o ajuizamento da ação de manutenção da posse está prevista nos art. 554 a 568 do CPC. Na petição inicial deve-se indicar de forma precisa o tempo e o modo como o autor exercia a posse antes de ser turbada, não basta só dizer que é proprietário ou possuidor. Importante ressaltar que o proprietário que nunca teve a posse de fato, não é parte legítima para ajuizar ação de manutenção da posse, devendo fazer o uso da ação reivindicatória. 19 O valor da causa, assim como na ação de interdito proibitório é equivalente ao valor do bem, que pode ser definido pelo IPTU/”valor venal”, acrescido dos demais valores, caso haja cumulação de pedidos. Reintegração de posse Assim como a manutenção da posse, a ação de reintegração está prevista nos art. 554 a 568 do CPC e é cabível quando o possuidor perde totalmente a posse do bem em razão de ação ilícita de terceiro. O objetivo da ação de reintegração é devolver a posse a quem é de direito, somente sendo cabível quando há efetivo esbulho (perda) da posse. A prova do esbulho e eventuais prejuízos causados pode ser feita mediante documentos, como boletim de ocorrência, fotos, etc., além da oitiva de testemunhas e perícia técnica. Da mesma forma que as demais, o valor da causa é equivalente ao valor do bem, que pode ser definido pelo IPTU/”valor venal”, acrescido dos demais valores, caso haja cumulação de pedidos. 5.3 - Natureza dúplice das ações possessórias A natureza dúplice das ações possessórias permite que o réu demande também proteção em face do autor, na própria contestação, não sendo necessária outra ação, nem mesmo reconvenção. Princípio da fungibilidade Às ações possessórias, aplica-se o princípio da fungibilidade, que consiste na admissão de uma ação por outra que seria cabível, na hipótese de existir erro ou dúvida objetiva sobre a modalidade adequada. De acordo com o Código de Processo Civil, no art. 554: Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados. 20 Ou seja, se, no caso concreto, for cabível a ação de interdito proibitório, mas por erro ou dúvida for ajuizada a ação de manutenção de posse, o juiz poderá dar andamento na ação, desde que haja os requisitos e comprovação suficientes à outra, garantindo assim a proteção necessária à posse. Cumulação de pedidos O Código de Processo Civil prevê, ainda, no Art. 555, a cumulação de pedidos na ação possessória. Ou seja, o possuidor pode ainda requerer: Condenação em perdas e danos; Indenização pelos frutos que eventualmente deixou de receber e; Imposição de multa ou medida necessária a fim de evitar nova turbação ou esbulho e até que seja cumprida a tutela da posse. Ação possessória imobiliária e da competência Sobre a ação possessória imobiliária, é importante ressaltar que ela deve ser proposta no foro de situação da coisa e já é pacificado na jurisprudência que se trata de competência absoluta. Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa. (…) § 2º A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta. Nos demais tipos de ações possessórias, como são ações de natureza pessoal, poderiam ser propostasno foro do domicílio do Réu, segundo o art. 94 do CPC. No entanto, o art. 95, também do CPC, atrai a competência territorial, devendo as ações possessória serem propostas no foro da situação da coisa. Via de regra, tais ações devem ser ajuizadas na Justiça Comum Estadual, mas o Juizado Especial poderá processar e julgar as ações cujo valor da causa for igual ou inferior a 40 salários mínimos. 6 - Modelo de ação possessória Na petição inicial de cada uma das ações possessórias, é importante verificar o cabimento, a necessidade ou não de tutela antecipada ou a cumulação de pedidos. 21 É importante lembrar que, além dos requisitos de cada um dos tipos de ação possessória, é necessário cumprir os pressupostos processuais e condições da ação gerais previstos no Código de Processo Civil. 6.1 – Modelo de Petição AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA DE _____. (espaço de 10 linhas) (NOME DO AUTOR), (nacionalidade), (estado civil), (profissão), inscrito no CPF sob o nº XXXXXXXXX, RG nº XXXXXX, residente e domiciliado na XXXXXXXXX, nº XXXX, Bairro XXXXXXX, (cidade), (estado), vem, respeitosamente, por sua advogada que esta subscreve, propor a presente AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE CUMULADA COM PERDAS E DANOS com fulcro nos artigos 554 e seguintes do Novo Código de Processo Civil, em face de (NOME DO RÉU), (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portador(a) da carteira de identidade nº XXXXXX e do CPF nº XXXXXXX, residente e domiciliado(a) na XXXXXXXXX, nº XXXX, Bairro XXXXXXX, (cidade), (estado), pelos fatos a seguir expostos. DOS FATOS De acordo com a cópia da certidão da matrícula anexa, o autor é proprietário e possuidor indireto do imóvel localizado na Rua na XXXXXXXXX, nº XXXX, Bairro XXXXXXX, nesta Comarca. 22 Nessa qualidade, emprestou gratuitamente o imóvel ao réu, tendo, assim, celebrado contrato de comodato por prazo indeterminado no dia XX/XX/XXXX, conforme documento anexo. Cumpre assinalar que nesse contrato ficou convencionado que: “Na hipótese de o comodante necessitar do imóvel ora dado em comodato para qualquer fim, o comodatário será previamente notificado dessa intenção, com prazo de 30 (trinta) dias para desocupação do imóvel, obrigando-se o comodatário e seus familiares a restituir o imóvel em perfeito estado de conservação, higiene e habitabilidade, inteiramente livre e desembaraçado de pessoas e coisas em perfeito estado de conservação e uso, tal como está recebendo, sob pena de responder por perdas e danos.” O autor promoveu notificação do réu, em XX/XX/XXXX, visando à rescisão do comodato, assegurando ao comodatário o prazo de 30 (trinta) dias para desocupação voluntária, nos termos do contrato. Apesar disso, e não obstante as insistentes tentativas do autor que, sem sucesso, tentou amigavelmente fazer com que o réu restituísse o imóvel emprestado, a verdade é que este permanece irredutível, negando-se a devolver a posse ao autor. Sendo assim, em XX/XX/XXXX, o autor, constituiu o réu em mora, tendo notificado para que desocupasse o imóvel no prazo de 30 (trinta) dias, conforme demonstrado no documento anexo. Entretanto, decorrido o prazo concedido, quedando-se inerte, o réu não desocupou o imóvel que, diante da sua permanência, passou a caracterizar-se esbulho possessório. Portanto, a partir do prazo concedido a posse do réu passou a ser viciada, precária e não restou alternativa ao autor senão ingressar com a presente ação. DO DIREITO Dispõe o artigo 1.210 do Código Civil, que o possuidor tem o direito à reintegração no caso de esbulho, inclusive liminarmente, conforme disposto nos artigos 558 e 562 do 23 Novo Código de Processo Civil e, mais adiante, o artigo 555, I, do Novo CPC, permite ao autor cumular ao pedido possessório o de perdas e danos. Por outro lado, tratando-se de comodato, o artigo 582 do Código Civil preceitua que “O comodatário constituído em mora, além de por ela responder, pagará, até restituí- la, o aluguel da coisa que for arbitrado pelo comodante”. Confira-se jurisprudência do TJ/RJ sobre a matéria, in verbis: “CONTRATO DE COMODATO. NATUREZA. FORMA EXPRESSA OU VERBAL.EXTINÇÃO. NOTIFICAÇÃO. RECUSA A DEVOLUÇÃO DO IMÓVEL. ESBULHO.REINTEGRAÇÃO DE POSSE. O comodato é um contrato celebrado intuito personae, ou seja, em consideração à figura das partes que o pactuam. À medida que traduz um verdadeiro e desinteressado favorecimento pessoal, constitui, sempre, um ajuste temporário, quer por prazo expresso ou presumível (art. 581 do Código Civil), não admitindo a ordem jurídica a eternização de uma obrigação motivada por princípios superiores (benemerência e caridade) de quem empresta seu próprio imóvel a terceiros, sem exigir nada em troca. Precedentes do STJ. No comodato a posse é transmitida a título provisório, de modo que os comodatários adquirem a posse precária, sendo obrigados a devolvê-la tão logo o comodante reclame a coisa de volta. De fato, com a notificação extrajudicial, extingue-se o comodato, transformando-se a posse anteriormente justa, em injusta, em virtude da recusa de devolução do imóvel após o transcurso do lapso temporal estipulado. No caso, com a morte do comodante, a posse e a propriedade do bem passam aos sucessores, que não estão obrigados a manter o comodato. Afinal, a utilização privativa de um bem integrante do espólio por um dos herdeiros só é possível mediante autorização do inventariante e, assim, a notificação feita, no caso vertente que foi feita pela inventariante, regularmente nomeada (fl. 11), põe termo ao comodato até então regular. A necessidade de retomada do imóvel caracteriza o esbulho, bem como os demais requisitos previstos no art. 927, do Código de Processo Civil, o que conduz à procedência da pretensão de reintegração de posse. Sentença mantida. Recurso a que se nega seguimento.” TJRJ – 3ª Câmara Cível – Apelação Cível n.º 0004945-29.2009.8.19.0028 – 24 Relator: Des. MARIO ASSIS GONÇALVES – Julgamento: 20/12/2011. (Grifou-se) APELAÇÃO. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. EXTINÇÃO DE COMODATO ESCRITO. NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL. RECUSA DOS DEMANDADOS EM PROCEDER À DEVOLUÇÃO DO IMÓVEL. ESBULHO CARACTERIZADO. Sentença de procedência com a rescisão do contrato de comodato firmado entre as partes, e condenação dos réus ao pagamento de aluguel de R$300,00 (trezentos reais) por mês de retardamento na entrega do imóvel. Apelação dos demandados alegando a nulidade do decisum, e, quanto ao mérito, postulando A improcedência do pedido autoral. Ausência de amparo ao recurso. Precedentes a autorizar a aplicação do art. 557 caput DO CPC. NÃO SEGUIMENTO DO RECURSO. 1. Pretensão autoral visando à reintegração na posse do imóvel objeto de contrato de comodato firmado com os réus. 2. Sentença de procedência com a rescisão do contrato de comodato firmado entre as partes, condenando os réus no pagamento de aluguel de R$300,00 (trezentos reais) por mês de retardamento na entrega do imóvel. 3. Apelação interposta pelos demandados, pretendendo a anulação do julgado, e, quanto ao mérito, a improcedência do pedido autoral. 4. Inocorrência de cerceamento de defesa, porquanto desnecessária a produção de provas orais, sendo o Juiz, a teor do art. 130 do CPC, o destinatário direto da prova, por intermédio da qual forma livremente seu convencimento, de acordo com o sistema da persuasão racional, adotado por nosso Direito Processual Civil. REJEIÇÃO DA PRELIMINAR. 5. Ação cujo objeto é a posse, matéria de fato, não sendo condição da ação possessória a prova da propriedade. Documentação apresentada pela parte autora que comprova sua legitimidade ativa. REJEIÇÃO DA PRELIMINAR. 6. Ocorrendo a notificação dos réus para devolução do imóvel objeto do contrato de comodato, e não procedendo os comodatáriosà entrega voluntária do bem, caracteriza-se o esbulho a legitimar a reintegração do autor na posse do bem, com o arbitramento de alugueres pelo tempo de retardo na entrega do imóvel, a teor do art. 582 do Código Civil. 7. Precedentes a autorizar o julgamento monocrático do recurso, com fulcro no art. 557 caput do CPC. NÃO SEGUIMENTO DO RECURSO. 25 TJRJ – 4ª Câmara Cível – Apelação Cível n.º 0011056-51.2002.8.19.0003 – Relator: Des. SIDNEY HARTUNG – Julgamento: 04/07/2014. O Novo Código de Processo Civil determina, no artigo 560, que o possuidor tem o direito a ser reintegrado em caso de esbulho e, antes, defere, no artigo 555, I, a possibilidade de cumulação do pedido possessório com indenização por perdas e danos. É sabido que é necessário que haja comprovação, por parte do autor, dos requisitos constantes do artigo 561 do Novo CPC. Certo é, Excelência, que o primeiro requisito para o aforamento de ação de reintegração é a prova da posse, conforme dispõe o inciso I, do artigo 561, Novo Código de Processo Civil. Nesse sentido, resta inequivocamente provada a posse indireta do imóvel, pelo autor, em virtude do contrato de comodato, além da própria certidão da matrícula do imóvel, vez que a posse é a exteriorização do domínio. O autor cedeu a posse direta em face do contrato de comodato, que agora busca recuperar. Os demais requisitos para a ação são o esbulho praticado pelo réu e sua data, para que se fixe o prazo de ano e dia a ensejar o rito especial dos artigos 560 a 568 do Novo Código de Processo Civil, tudo nos termos do artigo 561, incisos II a IV, do mesmo diploma legal. Com efeito, o autor foi esbulhado da posse com abuso de confiança, pois no XX/XX/XXXX, o réu foi devidamente constituído em mora, com prazo de 30 (trinta) dias para desocupação do imóvel e, não o fazendo, praticou esbulho, vez que sua posse, antes justa, passou a ser injusta pelo vício da precariedade a partir do dia XX/XX/XXXX. Bem evidencia Cristiano Chaves, “Posse precária: resulta do abuso de confiança do possuidor que indevidamente retém a coisa além do prazo avençado para o término da relação jurídica de direito real ou obrigacional que originou a posse.”(FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil. Vol 5 (Direitos Reais) 11º Ed, Editora Atlas. 2015, p. 108) Como visto, restou demonstrado os requisitos, estando a presente exordial devidamente instruída, o autor faz jus a concessão liminar inaudita altera parte, da 26 reintegração de posse do imóvel supracitado, conforme prevê o artigo 562 do Novo CPC. DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer: a) deferida a liminar, determinando seja expedido mandado, concedido liminarmente, inaudita altera parte, a reintegração de posse do imóvel situado na Rua XXXXX; b) Subsidiariamente, caso Vossa Excelência entenda necessária a audiência de justificação nos termos da segunda parte do artigo 562 do Novo Código de Processo Civil, requer o autor digne-se Vossa Excelência de considerar suficiente (art. 563 do Novo CPC), com a consequente expedição de mandado de reintegração de posse; c) Ainda subsidiariamente, caso Vossa Excelência não conceda liminarmente, requer o autor a procedência da presente ação com a consequente expedição do mandado de reintegração da posse, condenado o réu no pagamento das perdas e danos consubstanciadas no valor de R$ XXX por mês, à título de aluguel mensal pelo período em que permanecer no imóvel; d) ao final julgar procedente a presente ação, tornando definitiva a reintegração de posse, com a condenação do réu no pagamento, à titulo de indenização o valor mensal de RS XXXX correspondente ao aluguel, nos termos do artigo 582, do Código Civil, pelo período em que permanecer no imóvel; e) requer-se a citação do réu para, querendo, contestar a ação no prazo conforme artigo 564 do Novo CPC, oferecendo a defesa que tiver sob pena de confissão e efeitos da revelia (art. 344 do Novo CPC), bem como comparecer à audiência de justificação, nos termos do artigo 562, segunda parte, do Novo Código de Processo Civil, caso esta seja designada por Vossa Excelência; f) que seja o réu condenado ao pagamento além das custas, honorários de advogado que Vossa Excelência houver por bem arbitrar e demais ônus de sucumbência; g) Protesta o autor por provar o alegado através de todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente pela produção de prova documental, testemunhal, pericial e inspeção judicial, depoimento pessoal do réu sob pena de confissão, caso não 27 compareça, ou, comparecendo, se negue a depor (art. 385, § 1º, do Novo CPC), inclusive em eventual audiência de justificação. Dá-se à causa o valor de R$ XXXX. Nestes Termos. Pede Deferimento. Local e data. Nome do(a) advogado(a) OAB XXXXXX 7 - DIREITOS REAIS DE GOZO OU FRUIÇÃO 7.1 – Enfiteuse Este instituto possui sua origem na Grécia, consistia uma modalidade locatícia. Sua dinâmica consistia que um enfiteuta era concedido a dedicar-se ao ofício da agricultura numa determinada gleba, em contraprestação deveria remunerar o proprietário. Os senhores feudais, precisamente no período da Idade Média, valeram-se da enfiteuse para valer-se de uma total prepotência, afinal detinham o poder das terras, e enriqueceram percebendo os pensio, nomenclatura usada para denominar a pensão recebida pelo “aluguel” da área. Mas os enfiteutas tinham certos direitos da terra em troca destas obrigações, possuíam direitos sobre os frutos da gleba, e com seu falecimento podiam transmitir aos seus sucessores, ou a quem testamentar. Tal sucessão fora percebida no Direito Português, que podia pelo um prazo de até três gerações ocorrer à sequência da enfiteuse. No decorrer da história da humanidade nota-se que a Revolução Francesa aboliu o sistema, contudo mais a frente à enfiteuse sofreu uma reestruturação no tocante a suas obrigações. 28 A enfiteuse tem como conceito de um direito real com limitação, que adjudica a alguém, perpetuamente, poderes inerentes ao domínio, com compelindo a adimplir determinada quantia ao proprietário do bem uma remuneração, chamada de foro. No Brasil após o período da colonização, o instituto fora aplicado tanto para ocupar como deter a propriedade na mão dos poderosos as terras, bem como manter controlado e seu poderio econômico e exploração em favor destes. Como é direito inferior ao de propriedade, mas de espectro mais amplo, o enfiteuta exerce poderes muito próximo ao domínio. Pode locar, emprestar, ceder seu direito sobre a coisa, exercendo, quase todos os direitos inerentes ao domínio. O senhorio direto restringe-se a âmbito diminuto de atuação, em que se percebem apenas resquícios de propriedade. O nosso Código Civil de 1916 dispôs sobre a didática da enfiteuse, na qual possibilitava sua constituição através: de um contrato; por um ato no testamento, como um último desejo; e por usucapião. Qualquer que seja a forma adotada deve receber o registro imobiliário para se estabelecer o direito real. O simples contrato, enquanto não registrado, não gera direito real. Sua perpetuidade é efeito característico, pois, se houver prazo determinado, não passará de singelo arrendamento. Os modernos ordenamentos obstaram-se à perpetuidade de uso da área, ditando diretrizes objetivando uma melhor facilitação de resgate do fundo pelo enfiteuta, e consequentemente a obtenção plena da terra. Nossa Carta Magna de 1988 trouxe no seu artigo 49, nas Disposições Transitórias: “A lei disporá sobre o instituto da enfiteuse em imóveis, sendo facultada aos foreiros, no caso de sua extinção, a remição dos aforamentos mediante aquisição do domínio direito na conformidade do que dispuserem os respectivos contratos.” A nossa Lei Material de 2002, no artigo 2.038, Livro Complementar das Disposições Finais e Transitórias, proíbe acomposição de novas enfiteuses e subenfiteuses particulares, a partir de 11 de novembro de 2003. Entretanto negócios jurídicos convalidados no anterior ordenamento foram mantidos, conservando as enfiteuses registradas, e mantendo certos ditames de leis posteriores. 29 A necessidade histórica criou a enfiteuse para ocupação das terras, desempenhou ela importante função social em nosso país, quando havia grandes espaços a serem ocupados e explorados. Os que não possuíam terras viam-se estimulados a essa modalidade e arrendamento perpétuo. Os donos da terra, por sua vez, encontravam meio de ocupá-la mantendo-a utilizada e livre de invasões. O desinteresse atual do instituto deve-se ao desaparecimento de grandes porções de terra desocupadas, à desvalorização da moeda, a crise econômica, e a valorização das terras, independente do fenômeno da inflação e da impossibilidade de aumento do valor do foro. Hoje a sociedade se vê em volta com novos problemas de ocupação do solo improdutivo que exigem intervenção do Estado, com meios jurídicos mais eficazes. Destarte, raro será o contrato mais recente de enfiteuse. O problema dela decorrentes prendem-se às antigas enfiteuses ainda existentes em grande número e àquelas enfiteuses legais, cujo o domínio direto pertence a União, reguladas por legislação específica, com princípios de direito público. 7.2 - A enfiteuse da União A enfiteuse, não teve sua extinção totalitária, os terrenos de marinha são passíveis de sofrer o instituto. São áreas que bordejam o mar, rios ou lagoas onde existe influência das marés. A União abrange sua enfiteuse a área de 33 metros para dentro dos terrenos do preamar médio. Tal norma está prevista no Decreto-lei 9.760/46, sob referência do artigo 20, VII, da Lei Maior de 1988, e Lei 9.963/98. A enfiteuse nas terras da União funciona com o pagamento de créditos fiscais chamando de foro e laudêmio, e são cobrados através de execução. O foro é proporcional, fixado em 0,6% do domínio pleno. O laudêmio constitui o valor de 5% sobre o valor do terreno e acessões. Neste acórdão percebe-se que o órgão jurisdicional mostrou-se de um acerto sublime. Visto que o juiz de primeiro grau poderia aplicar a norma que determinado bem público não pode sofrer vim a sofrer efeitos de uma demanda de usucapião, e assim extinguir os autos com resolução do mérito, assim não procedeu. 30 A percepção do preenchimento dos requisitos da prescrição aquisitiva foi corroborada, porém é defeso aplicar a usucapião imóveis do Estado, sobremais a existência de um enfiteuse também consistia um óbice. Entretanto, na decisão não é vislumbrada, mas o acerto dos princípios processualistas da instrumentalidade das formas, economia processual e finalidade são percebíveis. O juiz monocrático, e bem como o tribunal recursal acertaram bem em convencionar a transferência da titularidade da enfiteuse a quem pleiteava e atendia dos requisitos da usucapião, abarcando a derrota do pedido recursal interposto pela União que relutou sobre o pleito Ainda visto pela ótica de uma súmula 17 do ilustre Tribunal Federal da 5ª Região, conforme citado no próprio julgado. Em arremate sobre a temática que as celeumas fundiárias subsistem e aumentam contemporaneamente. O instituto da enfiteuse poderia ser uma boa estratégia para uma solução se houvesse um volver constitucional e assim dando-lhe uma função social que o caso concreto exigisse. Haja que temos um país com sérias desigualdades sociais, ondem poucos possuem muito e muitos quase nada. Seria um meio até um desfecho para os entraves de problemas rurais, e consequentemente uma diminuição na taxa de desemprego e habitação que tanto afligem esta pátria. 7.3 – Servidão O direito real de servidão é o encargo que suporta um prédio denominado serviente, em benefício de outro prédio denominado dominante, conferindo ao titular o uso e gozo do direito ou faculdade. Convém destacar que a servidão de trânsito possui lugar quando uma propriedade imóvel não possui saída para a via pública, tornando-a inútil para o proprietário. As servidões administrativas autorizam o Estado a utilizar imóvel alheio para permitir a realização de obras e serviços de interesse público, tais como a implantação de oleodutos e instalação de redes elétricas. Insta ressaltar a servidão de duto de esgoto subterrâneo que não é aparente e por esse motivo não pode ser adquirida por usucapião, no entanto só pode ser estabelecida por meio de transcrição no registro de imóveis. A jurisprudência pátria 31 enfatiza que a servidão foi deferida em virtude de não haver outra opção para destinação do esgoto residencial, senão vejamos: “Servidão predial Passagem de esgoto sobre imóvel para o fim de viabilizar escoamento dos dejetos Impossibilidade modo diverso Obrigação de recebimento Limitação de uso e gozo por sujeição à disciplina da função social – Recurso não provido.” (TJ-SP, Relator: Henrique Rodriguero Clavisio, Data de Julgamento: 29/01/2014, 18ª Câmara de Direito Privado). A tutela processual das servidões dá-se através da ação confessória, recomendada para reconhecimento de um direito real de uso contestado pelo proprietário do prédio serviente ou por terceiros, da ação negatória utilizada pelo proprietário do imóvel serviente para negar a pretensa servidão requerida pelo dono do imóvel vizinho e pelas ações possessórias que são manejadas contra qualquer pessoa que venha a praticar esbulho ou turbação no exercício de da posse do titular da mesma. Importante dizer que as servidões não findam com o decurso de prazo, pois as mesmas acompanham o destino da propriedade. 7.4 - Usufruto O instituto do usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, ou sobre um patrimônio inteiro, ou parte dele, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos e utilidades, conforme diz o art. 1.390 do Código Civil brasileiro. Art. 1.390. O usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em um patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos e utilidades. As partes são chamadas de nu-proprietário e é o proprietário que cede seus poderes de usar e fruir (ou gozar) ao usufrutuário, e o usufrutuário que é o beneficiário do direito real de gozo ou fruição. O usufruto pode incidir sobre: Imóveis – desde que o ônus real não resulte de usucapião, constituir-se-á mediante registro no Cartório do Registro de Imóveis; 32 Móveis – o usufruto pode recair sobre bens móveis, desde que não sejam fungíveis ou consumíveis. Neste caso, a doutrina atribui-lhe denominação específica de quase usufruto; Usufruto de direitos – o usufruto incide sobre bens corpóreos ou incorpóreos. Neste caso, pode ter como objeto um direito real ou um direito pessoal, sempre que o direito gravado seja transmissível, haja vista que o usufruto pressupõe a transmissão parcial das faculdades contidas no direito em que recai; Usufruto de créditos – de posse da cártula pode o usufrutuário cobrar a respectiva dívida e aplicar a quantia da forma que melhor lhe aprouver; Usufruto de valores – recai em título nominativo, cabendo ao usufrutuário receber os frutos civis dos títulos como os juros e dividendos. Ressalta-se que o usufruto é direito oponível erga omnes. O usufrutuário possui direito de SEQUELA. Necessita de averbação no CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS quando o objeto do usufruto for imóvel; Direito temporário: não existe usufruto ad aeternum. Ou ele se extingue no tempo ou por um termo, condição resolutiva ou pela morte (se pessoa física) ou extinção (se pessoa jurídica) do usufrutuário (art. 1410, I do CC e 1410, III do CC); Inalienável e personalíssimo (art. 1393 do CC): O usufrutuário não pode alienar (vender, doar, permutar, dação) o direito de usufruto com terceiro que não seja o nu-proprietário, hipótese naqual ele se extingue (art. 1410, VI CC); Insuscetível de penhora: Se o usufrutuário estive endividado, o direito de usufruto não pode ser penhorado. Entretanto, permite-se que se penhore o seu exercício. No entanto, se a dívida for do nu-proprietário e não do usufrutuário, o juiz poderá determinar a penhora do bem objeto do usufruto. Porém em razão do direito de sequela, o usufrutuário continuará seu exercício no bem penhorado, até que venha extinguir-se nas hipóteses do art. 1410 do CC. Extingue-se o usufruto cancelando-se o registro no Cartório de Registro de Imóveis: Pela renúncia ou morte do usufrutuário; Pelo termo de sua duração; Pela extinção da pessoa jurídica, em favor de quem o usufruto foi constituído, ou, se ela perdurar, pelo decurso de trinta anos da data em que se começou a exercer; Por culpa do usufrutuário; Pelo não uso ou não fruição. Caso concreto na jurisprudência nacional foi a decisão do STJ no RECURSO ESPECIAL Nº 1.202.843 – PR (2010/0137288-9), julgado em 21/10/2014. O autor ajuizou ação denominada "petitória-reivindicatória" cumulada com perdas e danos e 33 pedido de tutela antecipada buscando garantir o seu direito de usufruto vitalício sobre o imóvel. Em sede de agravo de instrumento o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, em juízo monocrático, de ofício, julgou o processo extinto por carência de ação (ausência de interesse de agir e legitimidade ativa). Em sede de STJ, o voto do Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva fundamenta que o usufruto é um dos direitos reais limitados, em contrapartida, ocorre um destaque de um ou mais poderes inerentes à propriedade que são transferidos para outra pessoa, formando-se assim um direito real na coisa alheia. Desse modo, se é certo que o usufrutuário – na condição de possuidor direto do bem – pode valer-se das ações possessórias contra o possuidor indireto (nu-proprietário), também deve-se admitir a sua legitimidade para a propositura de ações de caráter petitório – na condição de titular de um direito real limitado, dotado de direito de sequela – contra o nu- proprietário ou qualquer pessoa que obstaculize ou negue o seu direito. A possibilidade de o usufrutuário valer-se da ação petitória para garantir o direito de usufruto contra o nu-proprietário, é inclusive erga omnes, encontra amparo na doutrina, que admite a utilização pelo usufrutuário das ações reivindicatória, confessória, negatória, declaratória, imissão de posse, entre outras. Tem o usufrutuário a posse direta e justa, podendo valer-se dos remédios possessórios não só contra terceiros, mas também contra o nu-proprietário, que tem a posse indireta, se este impedir ou dificultar o livre exercício do usufruto. Nessa ação deve o usufrutuário provar: a existência do título constitutivo de seu direito usufrutuário; a posse do detentor que perturbou esse direito; a identidade do objeto a reivindicar. Assim, o STJ entendeu que é possível o usufrutuário ajuizar ação reivindicatória por ser o usufruto um direito real limitado, pedindo para o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná reformar o acordão afastando a carência da ação. 34 7.5 – Uso O direito real de uso é uma modalidade de usufruto de menor âmbito, ou seja, enquanto o usufrutuário tem o ius utendi et fruendi, o usuário tem apenas o ius utendi, ou seja, o simples direito de usar da coisa alheia. O professor Flávio Tartuce em sua obra Direito das Coisas assim ensina sobre o instituto do uso: “O direito de uso recebe a denominação usufruto anão, usufruto reduzido ou restrito (arts. 1412 e 1413 do CC). Ao contrário do que possa parecer, o titular do direito de uso pode usar e também fruir, ou seja, receber os frutos que a coisa produz.” Vale destacar, que o termo uso, em sua origem romana, só permitia que a pessoa se servisse da coisa, sem perceber-lhe os frutos. Entretanto, atualmente, o direito de uso permite ao titular que perceba os frutos apenas nos limites de sua necessidade e de sua família (art. 1.412 do CC). No uso nós temos a figura do usuário que detém a faculdade de usar da coisa, mas os frutos advindos daquele bem não lhe pertencerão, mas sim ao legítimo proprietário da coisa que lhe cedeu o bem. Somente remanescerão ao usuário os frutos necessários para sua mantença e os de sua família. Dispõe o art. 1.412 do Código Civil: “O usuário usará da coisa e perceberá os seus frutos, quanto o exigirem as necessidades suas e de sua família. § 1º Avaliar-se-ão as necessidades pessoais do usuário conforme a sua condição social e o lugar onde viver. § 2º As necessidades da família do usuário compreendem as de seu cônjuge, dos filhos solteiros e das pessoas de seu serviço doméstico.” As necessidades pessoais aludidas pelo legislador no caput do dispositivo deverão ser avaliadas em conformidade com a condição social ostentada pelo usuário e o lugar em que ele vive, por isso é correto afirmar que o uso é mutável, podendo ser alargado ou estreitado caso haja o aumento ou diminuição das necessidades 35 pessoais do usuário. Como a norma jurídica fala em necessidades pessoais, estão excluídas quaisquer outras. O §2º do art. 1412, restringe o conceito de família do usuário a: seu cônjuge, seus filhos solteiros e às pessoas de seu serviço doméstico. Entretanto, deve-se, levando- se em conta a mais moderna visão do Direito Civil – Constitucional, considerar o rol deste parágrafo como sendo exemplificativo e não taxativo. Aliás, em uma interpretação civil-constitucional, a família a que alude o art. 1.412 do Código Civil não mais será restrita à família nuclear patrimonializada do casamento, assumindo todas as outras formas de relações humanas pautadas pela afetividade e estabilidade. Para além do casamento, da união estável e da família monoparental. Frise-se que o direito real de uso pode recair tanto sobre res móveis como imóveis, se for móvel a maioria da doutrina entende não poder ser fungível, nem consumível. Enumeram-se, dentre os direitos do usuário, a fruição e utilização da coisa com a finalidade de atender as necessidades do usuário e de sua família, não podendo perceber da coisa qualquer fruto. Por decorrência do direito ora aduzido, pode o usuário praticar todos os atos imprescindíveis à satisfação de suas necessidades e às de sua família, mas nunca comprometendo a substância e a destinação do bem. O usuário ainda pode melhorar a coisa, efetuando benfeitorias, tal como administrar o bem onerado. Além disso, computam-se dentre os deveres do usuário a conservação da coisa como se fosse sua, agindo com diligência e zelo, para que possa restituí-la como recebeu. É defeso ao usuário engendrar obstáculos que dificultem ou impeçam o exercício dos direitos do proprietário. Operado o lapso temporal concedido, incumbirá ao usuário restituir a coisa, eis que é mero detentor da posse direta, uma vez que o usuário é caracterizado por sua temporalidade. A posse precária do usuário acarretará sua responsabilidade por perdas e danos a que sua mora der ensejo. No direito administrativo foi instituída a modalidade de Concessão de Direito Real de Uso que está previsto no Decreto-Lei nº 271/67, mais especificamente em seu art. 7º, devidamente modificado pela Lei nº 11.481/2007. A concessão de direito real de uso deve obrigatoriamente atender a fins específicos, quais sejam: o de regularização fundiária de interesse social, de urbanização, 36 industrialização, edificação, cultivo de terra, aproveitamento sustentável das várzeas, preservação das comunidades tradicionais e seus meios de subsistência ou outras modalidades de interesse social em áreas urbanas. O não atendimento de tais finalidades implica na nulidade da concessão, posto que não teria atendido à sua finalidade específica, e, por conseguinte, configuraria o denominado desvio de finalidade. Assim, o referidoinstituto é um instrumento jurídico fundamental para o planejamento urbano e principalmente para a regularização fundiária de assentamentos irregulares. No tocante a extinção do direito real de uso, aplica-se a ele, no que couber, as causas concernentes ao usufruto (art. 1.410, CC), ou seja, pela morte do usuário, advento do prazo final, perecimento do objeto, consolidação, renúncia etc. 7.6 – Habitação Em uma análise inicial, cabe destacar que o direito de habitação é considerado como uma das espécies de direitos reais de fruição, sendo considerado como o de menor amplitude. Esse fato decorre, sobretudo, em decorrência da premissa que o direito em tela compreende tão somente a possibilidade de habitação do beneficiário. Assim, o direito de habitação é um direito real que limita o titular (habitador) a usar o bem (casa alheia) com a exclusiva finalidade de sua moradia e de sua família. Em razão de tal aspecto, é fundamental pontuar que o direito real de habitação apresenta como finalidade o benefício de alguém, assegurando-lhe o mínimo para a sua subsistência, consistente em moradia, de forma gratuita, em imóvel alheio. Consoante tal aspecto do instituto, é passível grifar que a função assistencial do direito de habitação lhe concede contornos singulares. Denota-se, que se trata de um direito dito personalíssimo, que não admite a transferência de titularidade e que apresenta finalidade certa, porquanto o beneficiário não poderá utilizar a coisa para fito distinto da moradia. O titular desse direito não pode alugar, nem emprestar esse imóvel. Daí ser esse um direito personalíssimo. O artigo 1.414 do Código Civil resume muito bem o conceito de habitação, verificando- se que “quando o uso consistir no direito de habitar gratuitamente casa alheia, o titular 37 desse direito não a pode alugar, nem emprestar, mas simplesmente ocupa-la com sua família”. Ademais, devido às semelhanças entre os institutos do direito real de uso e do direito real de habitação, aplicam-se ao uso e a habitação, no que for compatível, as disposições do usufruto. Assim, vale salientar que, em restando configurada a destinação exclusiva do imóvel para fins comerciais ou industriais, tal prática acarretará a desnaturação do instituto em tela. Entretanto, acresça-se que a utilização do imóvel, para habitação coexiste quando se observa que a atividade comercial ou industrial desenvolvida tem aspecto secundário. O fato de o prédio destinar-se tão somente à moradia não obsta que o habitador exerça atividades mais amplas condizentes com o direito de residência, como atividade de consultas e profissionais liberais, pequeno comércio e prestação de serviços, por exemplo. Por fim, ao lado do expendido, há que se trazer à colação a abalizada visão alicerçada pelo Superior Tribunal de Justiça, ao se manifestar acerca do direito real de habitação do cônjuge supérstite: “Ementa: Direito Civil. Sucessões. Direito Real de Habitação do Cônjuge Supérstite. Evolução Legislativa. Situação jurídica mais vantajosa para o companheiro que para o cônjuge. Equiparação da União Estável.1.- O Código Civil de 1916, com a redação que lhe foi dada pelo Estatuto da Mulher Casada, conferia ao cônjuge sobrevivente direito real de habitação sobre o imóvel destinado à residência da família, desde que casado sob o regime da comunhão universal de bens. 2.- A Lei nº 9.278/96 conferiu direito equivalente aos companheiros e o Código Civil de 2002 abandonou a postura restritiva do anterior, estendendo o benefício a todos os cônjuges sobreviventes, independentemente do regime de bens do casamento.3.- A Constituição Federal (artigo 226, § 3º) ao incumbir o legislador de criar uma moldura normativa isonômica entre a união estável e o casamento, conduz também o intérprete da norma a concluir pela derrogação parcial do § 2º do artigo 1.611 do Código Civil de 1916, de modo a equiparar a situação do cônjuge e do companheiro no que respeita ao direito real de habitação, em antecipação ao que foi finalmente reconhecido pelo Código Civil de 2002. 4.- Recurso 38 Especial improvido.” (Superior Tribunal de Justiça – Terceira Turma/ REsp 821.660/DF/ Relator Ministro Sidnei Beneti/ Julgado em 14.06.2011/ Publicado no DJe em 17.06.2011). 8 – DIREITOS REAIS DE GARANTIA Diferentemente do gozo ou da fruição, que são autônomos, o direito real de garantia é acessório, só existe para garantir uma obrigação principal, trata-se do poder do credor de afrontar o devedor, ameaçando executar/vender a coisa dada em garantia caso a dívida não seja paga, diz respeito ao poder de obter o pagamento de uma dívida com o valor ou a renda de um bem aplicado exclusivamente à sua satisfação. O devedor fica sob tensão de ser executado/processado e ter seu bem penhorado/vendido para satisfazer o credor. O credor tem assim jus vendendi, direito de vender a coisa dada em garantia caso o devedor não pague a dívida. Os efeitos desse direito são o direito de preferência; o direito de sequela; direito de execução e da indivisibilidade; Para que se consubstancie tal garantia é necessário o preenchimento de alguns requisitos subjetivos e objetivos, tais como capacidade genérica para os atos da vida civil e capacidade especial para alienar quanto aos sujeitos. Já quanto aos objetos é primordial compreender que somente as coisas que podem ser alienadas podem ser dadas em garantia (art. 1.420 do CC); podem recair sobre bem móvel (penhor) e imóvel (hipoteca); não podem ser objeto de garantia coisas fora do comércio (art. 1.420 do CC); Sem olvidar dos requisitos formais (art. 1.424 do CC) e de publicidade (arts. 1.438 e 1.492 do CC). Cumpre registrar que a Cláusula Comissória é aquela estipulação que autoriza o credor a ficar com a coisa dada em garantia, caso a dívida não seja paga. O art. 1.428 do CC proíbe expressamente cláusula dessa natureza. Para maior garantia do credor, há situações na lei em que se permite a execução antes do vencimento da dívida, quando, por exemplo, o devedor entra em dificuldades financeiras (art. 1.425, II do CC), ou a coisa dada em garantia se deteriora ou é 39 desapropriada (art. 1.425, I, IV e V do CC). O artigo 1.425 é semelhante ao artigo 333. Sem dúvida a preservação do bem é a preservação da garantia. Cabe ao credor o ônus de provar a circunstância que levou à diminuição da garantia. 8.1 – Penhor Nas sociedades primitivas, a obrigação encontrava garantia na pessoa do próprio devedor, pois desconhecia-se a existência de garantia real. O devedor pagava suas dívidas com o seu próprio corpo sendo, por vezes, adjudicado ao credor e, até mesmo, escravizado por seus credores. Posteriormente, viu-se que o patrimônio do devedor poderia fornecer elementos garantidores dos créditos, deixando a obrigação de possuir um vínculo físico, passando a ter vinculo jurídico. Em suma, esta é a origem histórica dos direitos reais de garantia e, especialmente, do Penhor (que vem do termo pugnus, que significa punho). Este instituto é um dos direitos reais de garantia onde se entrega a coisa a título de garantia ao credor (pignoratício), mas sem a transferência da propriedade, que remanesce na titularidade do devedor (pignoratício). O código Civil brasileiro, em seu artigo 1.431, assim preconiza: Art. 1.431. Constitui-se o penhor pela transferência efetiva da posse que, em garantia do débito ao credor ou a quem o represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de uma coisa móvel, suscetível de alienação. Parágrafo único. No penhor rural, industrial, mercantil e de veículos, as coisas empenhadas continuam em poder do devedor, que as deve guardar e conservar. Observa-se pela simples leitura do dispositivo que o penhor se exerce por meio da posse de uma coisa móvel (ou mobilizável) que passa ao credor. Esta é a regra geral, mas haverá situações excetas, comono caso da admissão de penhores especiais sobre bens imóveis por acessão, como por exemplo, as máquinas fixadas ao solo (no penhor industrial) e a colheita (no penhor agrícola). 40 O penhor traz consigo algumas características, dentre as quais elencamos as que consideramos principais. A primeira delas, como ocorre com anticrese ou hipoteca, é o fato de tratar-se de Direito real, pois o bem dado em garantia fica sujeito, por vinculo real, ao cumprimento da ação, conforme aduz o art. 1.419 do CC. Recai diretamente sobre a coisa móvel, opera erga omnes, seu titular será munido de ação real, com direito de sequela e preferencia. Conforme preceitua o art. 1.432 do CC “O instrumento do penhor deverá ser levado a registro, por qualquer dos contratantes; o do penhor comum será registrado no Cartório de Títulos e Documentos”. Enquanto não houver o registro, produz efeito apenas inter partes, pois se resume ao plano obrigacional somente. Vale ressaltar que se considera o penhor um direito real de garantia pelo fato de haver vinculação entre o bem empenhado e o pagamento do débito, logo, pressupõe-se a existência de um crédito a ser garantido. Outra característica deste instituto relaciona-se ao fato de ser considerado um direito acessório, pois o penhor consiste em um acessório da obrigação principal, esta que é a responsável por gerar o dever de adimplir a dívida garantida por intermédio do bem empenhado. Uma vez extinta a dívida, extingue-se, de pleno direito, o penhor, não podendo o credor pignoratício se recusar a entregar a coisa. Ressalta-se, no entanto, que poderá ele exercer o direito de retenção até que o indenizem das despesas devidamente justificadas. Quanto à terceira característica, esta se fundamenta no fato do penhor depender da tradição do bem, vez que por ser um direito real, exige-se a entrega da coisa, ou seja, para ser concretizado o penhor há necessidade de que se perfaça a posse do objeto pelo credor, nos moldes do que preceitua o caput do artigo 1.431 supratranscrito. Entretanto, indispensável salientar que a exigência com relação à tradição do bem empenhado não é absoluta, pois em alguns casos excepcionais, tais como: penhor rural e industrial, o devedor pignoratício continuará como possuidor direto do bem fornecido em garantia ao cumprimento da obrigação pactuada. 41 Cumpre esclarecer que o fato do devedor pignoratício permanecer com a posse direta do bem exigirá com que esse venha a cumprir com alguns deveres irrenunciáveis, sendo eles: o dever de guarda e conservação do bem empenhado. O penhor, como já mencionado, recai sobre coisas móveis (ou mobilizáveis). No entanto, é necessário que o bem empenhado seja alienável, justamente pelo fato do penhor objetivar assegurar a satisfação do débito por meio da alienação do bem empenhado, hipótese que ocorrerá caso o devedor pignoratício não respeite à ordem de pagamento prevista pela relação entabulada entre as partes da relação obrigacional. Noutro aspecto peculiar, o bem empenhado deve ser de propriedade do devedor pignoratício, já que a não propriedade do bem entregue a título de garantia resultaria na nulidade do negócio pactuado. O instituto do penhor constitui-se, basicamente, de duas formas: legal e convencional. Será convencional quando se estipula a garantia pignoratícia através dos próprios interesses das partes, estipulação esta que poderá ocorrer por força de um instrumento particular ou público, apresentando em ambos os casos forma solene, o qual se traduz perante o Cartório de Títulos e Documentos, bem como cumprir todas as exigências estabelecidas pelos incisos do artigo 1.424 do Código Civil perante o Cartório de Títulos e Documentos, bem como cumprir todas as exigências estabelecidas pelos incisos do artigo 1.424 do Código Civil. O penhor legal, por sua vez, ocorre quando a própria norma jurídica estabelece o direito do sujeito ativo da relação jurídica tomar para si a posse de certos bens a título de garantia até que se opere a satisfação plena do crédito que lhe é devido. Tal hipótese pode ser exemplificada com a previsão legislativa inerente aos hospedeiros ou fornecedores de pousada sobre as bagagens dos hóspedes que fazem uso de suas instalações (art. 1.467, I do CC). O código Civil brasileiro ainda traz em seu bojo os direitos e deveres das partes contratantes, ou seja, do credor pignoratício e do devedor pignoratício. O credor pignoratício, de acordo com art. 1.433 do CC, tem direito: I – à posse da coisa empenhada; 42 II – à retenção dela, até que o indenizem das despesas devidamente justificadas, que tiver feito, não sendo ocasionadas por culpa sua; III – ao ressarcimento do prejuízo que houver sofrido por vício da coisa empenhada; IV – a promover a execução judicial, ou a venda amigável, se lhe permitir expressamente o contrato, ou lhe autorizar o devedor mediante procuração; V – a apropriar-se dos frutos da coisa empenhada que se encontra em seu poder; VI – a promover a venda antecipada, mediante prévia autorização judicial, sempre que haja receio fundado de que a coisa empenhada se perca ou deteriore, devendo o preço ser depositado. O dono da coisa empenhada pode impedir a venda antecipada, substituindo-a, ou oferecendo outra garantia real idônea. Também não pode ser constrangido o credor a devolver a coisa empenhada, ou uma parte dela, antes de ser integralmente pago, podendo o juiz, a requerimento do proprietário, determinar que seja vendida apenas uma das coisas, ou parte da coisa empenhada, suficiente para o pagamento do credor. No entanto, está obrigado o credor pignoratício, de acordo com art. 1.434 do mesmo caderno civil: I – à custódia da coisa, como depositário, e a ressarcir ao dono a perda ou deterioração de que for culpado, podendo ser compensada na dívida, até a concorrente quantia, a importância da responsabilidade; II – à defesa da posse da coisa empenhada e a dar ciência, ao dono dela, das circunstâncias que tornarem necessário o exercício de ação possessória; III – a imputar o valor dos frutos, de que se apropriar (art. 1.433, inciso V) nas despesas de guarda e conservação, nos juros e no capital da obrigação garantida, sucessivamente; IV – a restituí-la, com os respectivos frutos e acessões, uma vez paga a dívida; V – a entregar o que sobeje do preço, quando a dívida for paga, no caso do inciso IV do art. 1.433. 43 O código Civil não elencou como fez ao credor, os direitos e obrigações do devedor pignoratício, mas como há uma simetria entre eles, conclui-se que o devedor tem como direitos: reaver a coisa dada em garantia, quando paga a dívida; conservar a titularidade do domínio e a posse indireta durante a vigência do contrato; receber indenização correspondente ao valor da coisa empenhada, em caso de perecimento ou deterioração por culpa do credor. Por outro lado, findou-se estabelecendo as obrigações do devedor como: ressarcir as despesas efetuadas pelo credor com a guarda, conservação e defesa da coisa; indenizar o credor dos prejuízos por este sofrido em virtude de vícios e defeitos ocultos da coisa; reforçar ou substituir a garantia real se o bem deteriorar-se ou sofrer depreciação; d) obter previa licença do credor se necessitar vender a coisa empenhada. A legislação pátria ainda traz outras espécies de penhor, sendo elas: penhor rural (recai em regra sobre cédula rural pignoratícia – artigo 1.438 do C.C); penhor agrícola (aplica-se comumente sobre máquinas e instrumentos agrícolas, podendo recair também sobre colheitas – artigo 1.442 do C.C); penhor pecuário (utiliza-se costumeiramente em face de animais que integram a atividade pastoril, agrícola ou de laticínios – artigo 1.444 do C.C); penhor industrial e mercantil (realizado sobre máquinas, aparelhos e instrumentos utilizados na indústria
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