Buscar

Ponto 15 - Civil

Prévia do material em texto

Ponto 15 - Direito Civil: Responsabilidade Civil. Propriedade. Conceito. Espécies. Aquisição e Perda da Propriedade Móvel e Imóvel. Direitos Reais sobre Coisas Alheias. Direitos Reais de Garantia.
Resumo atualizado em janeiro de 2008 por Lauro Henrique Lobo Bandeira, adaptado às alterações do programa promovidas no edital do IX Concurso. 
Resumo atualizado por Ricardo Leitão, no dia 22.08.2012, com base nas aulas do LFG e Carvalieri Filho, 10ª edição. 
Atualizações por João Augusto Carneiro Araújo - augusto_ca88@yahoo.com.br em azul (dezembro/2014).
		
1 NOÇÕES GERAIS
Na linha de pensamento de José de Aguiar Dias, em sua clássica obra “Da Responsabilidade Civil”, toda manifestação humana traz, em si, o problema da responsabilidade.
A responsabilidade civil é uma espécie de responsabilidade jurídica, ao lado da responsabilidade penal, administrativa, processual etc.
O novo código fez uma mudança radical nos procedimentos e disciplinas da responsabilidade civil no código de 1916, não significando mudanças sociais, essas já consolidadas.
Devem ser conjugados os artigos 186 e 927 do CC. 
2 CONCEITO DE RESPONSABILIDADE CIVIL
Responsabilidade civil é uma obrigação que incumbe uma pessoa de ter de reparar os danos causados a outra (indenizar) pela transgressão de uma norma jurídica preexistente, contratual ou extracontratual.
Em síntese, a violação de um dever jurídico configura o ilícito, que, quase sempre, acarreta dano para outrem, gerando um novo dever jurídico, qual seja, o de reparar o dano. Há, assim, um dever jurídico originário, chamado por alguns de primário, cuja violação gera um dever jurídico sucessivo, também chamado de secundário, que é de indenizar o prejuízo. (Carvalieri Filho)
Portanto, se o sujeito do dever jurídico (primário) desrespeita ou lesiona o direito de outro, originam-se daí o direito subjetivo de exigir a reparação do dano e o dever jurídico (secundário) de repará-lo. Todos têm o dever jurídico primário de respeitar a honra, a integridade física, o patrimônio do outro – dever originário; o descumprimento desse dever jurídico originário gera a obrigação de reparar o dano – dever sucessivo.
Logo, a responsabilidade civil é um direito jurídico sucessivo que surge para recompor o dano decorrente da violação de um dever jurídico originário.
3 SISTEMATIZAÇÃO NO CC
No novo CC/02, o tema foi melhor sistematizado, está dentro do Direito das Obrigações. A responsabilidade civil está dividida em dois capítulos: da obrigação de indenizar (artigos 927 e 943) e da indenização (artigos 944 e 954). 
Surge, também, a possibilidade de responsabilidade solidarizada.
4 ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL
	
Elementos da responsabilidade civil:
Ação ou omissão (conduta).
Dolo (intenção ou vontade de causar o prejuízo) ou culpa (reprovabilidade) (inobservância de um dever de cuidado)�.
Nexo de causalidade (relação de causa e efeito).
Dano (prejuízo).
Obs: para uma parcela moderna da doutrina (Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona), a culpa genérica (elemento subjetivo) seria um elemento acidental da responsabilidade civil, sobretudo em virtude da outra espécie de responsabilidade que prescinde da mesma, qual seja, da responsabilidade objetiva. Por isso não seria elemento essencial. 
 
4.1 Conduta humana
Ação ou omissão – comportamento voluntário e consciente humano que pode ser positivo ou negativo causador do prejuízo, ambos serão idôneos para justificar a responsabilidade civil, com obrigação de indenizar. A omissão será relevante quando houver o dever de agir, que pode ser decorrente da lei, do contrato ou dos costumes sociais. Normalmente, o descumprimento contratual consiste em uma omissão.
Não se pode colocar como elemento geral e necessário o ato ilícito, porque pode haver responsabilidade civil por ATO LÍCITO (PAULO LOBO, VON TUR, MARTINHO GARCEZ, DEMOGUE, WINDISCHEID).
EXEMPLO 01: a desapropriação é um ato LÍCITO que gera responsabilidade civil, é um ato admitido pelo direito, mas, causa dano.
EXEMPLO 02: imóvel encravado em outros tem o direito de PASSAGEM FORÇADA, mas, terá que indenizar o proprietário.
A ação ou a omissão podem se expressar em 03 situações possíveis:
Ato próprio.
Ato de terceiro
Fato da coisa ou do animal: 
a.1. Ato próprio – a obrigação de indenizar à pessoa que praticou a conduta e causou o resultado, essa é a situação padrão é a regra, com fundamento nos artigos 186 e 942.
b.1. Ato de terceiro – a obrigação de indenizar será imposta à pessoa diversa da que praticou a conduta e causou o resultado. Ex.: pai que responde pelos atos dos filhos.
c.1. Fato da coisa ou do animal – a obrigação de indenizar será imposta a uma pessoa, danos decorrentes de fato de coisa ou do animal. O elo com a pessoa do devedor está na relação de poder (propriedade ou posse). Ex.: cachorro que causa lesões corporais.
4.2 Dano
CONCEITO: O dano, elemento da responsabilidade civil, traduz uma lesão a um interesse jurídico tutelado, material ou moral. 
Des. Guilherme Camon: o dano reparável é o dano injusto que corresponde a uma lesão a um bem jurídico merecedor de tutela pelo ordenamento jurídico.
No âmbito do ilícito civil, não há nada similar às “normas de mera conduta” do direito penal: o dano é absolutamente imprescindível, e uma indenização sem dano importaria em enriquecimento sem causa.
REQUISITOS
Violação a um interesse juridicamente tutelado;
Subsistência do dano: se houve a atuação ilícita e o agente já reparou o dano, não há mais o que ser indenizável. Critica-se o presente requisito, porque, em seu sentido semântico, inviabilizaria a reparação por lucros cessantes;
Certeza do dano: o dano indenizável é um dano certo e exigível, não pode ser um dano abstrato ou hipotético. O mero aborrecimento não justifica o dano.
Veda-se a reparação dos danos hipotéticos ou eventuais.
OBS: surgida na frança, e muito comum, nos EUA e na Itália a TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE, também adotada no Brasil flexibiliza este requisito (certeza) ao permitir a indenização a vítima quando esta sofre a perda de uma probabilidade que lhe seja favorável para a melhora da sua situação atual. - Ex.: perda do prazo para o recurso pelo advogado – a indenização é devida.
Conforme o STJ, o dano deve ser REAL, ATUAL e CERTO, dentro de um juízo de probabilidade e não mera possibilidade, porquanto o dano potencial ou incerto, no espectro da responsabilidade civil, em regra, não é indenizável (Resp 1.104.665).
Ainda de acordo com o STJ, o dano resultante da teoria da perda de uma chance situa-se ao lado das categorias dos danos emergentes e dos lucros cessantes (Resp 1.190.180).
Os ministros Mauro Campbell Marques e Eliana Calmon defendem a aplicação da teoria da perda de uma chance às relações de direito público.
QUESTÕES ESPECIAIS ENVOLVENDO O DANO
i. Dano in Re ipsa 
Trata-se do dano que dispensa a prova em juízo, como se fosse um dano presumido. (RESP 649104/RJ e RESP 775766/PR).
Dispensa-se a comprovação de dor e sofrimento sempre que demonstrada a ocorrência de ofensa injusta à dignidade da pessoa humana. A violação de direitos individuais relacionados à moradia, bem como da legítima expectativa de segurança dos recorrentes, caracteriza dano moral in re ipsa a ser compensado (STJ – 3a turma – Resp 1.292.141/SP – julgado em 04/12/2012).
ii. Dano reflexo/em ricochete 
Cuida-se do prejuízo que atinge uma vítima indireta ligada à vítima direta (é também denominado por parte da doutrina como dano indireto, mas prefere-se esta denominação para diferençar da seguinte).
Ex: João foi vítima de homicídio – ele é a vítima direta; mas o seu filho é a vítima secundaria, já que é atingida de forma indireta, oblíquo. 
O STJ, em 2012, julgou um caso de um rapaz que pleiteou a reparação de dano reflexo por conta do falecimento de sua noiva. Nesse julgado, o STJ entendeu que o noivo não tinha o direitode pedir a reparação pelo dano reflexo (4ª Turma do STJ - REsp 1.076.160).
Sobre o ponto, vale consignar que o espólio não tem legitimidade ativa para ajuizar ação em que o dano moral pleiteado pela família tem como titulares do direito os herdeiros, não por herança, mas sim por causa de direito próprio deles (STJ – Resp 1.143.968 – 4a turma – julgado em 2013 e Resp 1.209.474 – 4a turma – julgado em 2013).
Quadro-resumo:
	Ofensa a direito da personalidade da pessoa enquanto viva, tendo esta ajuizado ação de indenização, mas falecido antes do trânsito em julgado.
	O espólio é legitimado a prosseguir na demanda.
	Ofensa a direito da personalidade da pessoa enquanto viva. Esta faleceu sem ter ajuizado a ação.
	O espólio é legitimado a propor a ação de indenização.
	Ofensa à memória da pessoa já falecida.
	Os herdeiros (e não o espólio) são legitimados para propor a ação de indenização.
	Dor e sofrimento causado pela morte da pessoa.
	Os herdeiros (e não o espólio) são legitimados para propor a ação de indenização.
 
iii. Dano indireto 
Para alguns autores, a exemplo de Fernando Gaburri, a expressão dano indireto traduz uma cadeia de prejuízos experimentados pela mesma vítima. Ex: compro um cavalo infectado (sofri o 1º prejuízo); ela infecta a minha égua (sofri um 2º prejuízo, dano indireto).
iv. Dano bumerangue 
Trata-se da situação em que a vítima de um dano injusto, incontinenti, reage e causa um consequente prejuízo em revide ao agressor. É um dano imediato em revide, que a vítima causa no seu ofensor.
v. Danos a um Projeto de Vida (Doutrina Sessarego) - Doutrina aplicada pela Corte Interamericana de DH. O dano a um projeto de vida é definido pela Corte como um atentado contra a realização pessoal do indivíduo afetado, considerando sua vocação, atitudes, circunstâncias, potencialidades e aspirações, que lhe permitam fixar, de forma razoável, determinadas expectativas e alcançá-las. Utiliza-se a expressão "redução objetiva da liberdade fenomênica" (sua vontade). 
 	-manifesta-se em 3 modalidades: 
 		a)danos que frustram parcialmente um projeto de vida; 
 		b)danos que implicam um retardamento na realização de um projeto de vida; 
 		c)danos que determinam a frustração completa de um projeto de vida. 
 -para Carlos Sassarego (Peruano) todo dano a um projeto de vida tem como antecedente um dano psicossomático. A Corte Interamericanda não tem se limitado, nos casos em que reconhece o dano ao projeto de vida, a uma sanção (indenização) de natureza puramente genérica, ou pecuniária e sim a um sistema de sanções in natura no intento de procurar restabelecer a dignidade perdida pelos atos violadores (ex: concessão de manutenção enquanto se processam os estudos da pessoa). 
Em correlação a este tema, ver a idéia de Dworking sobre obrigação do Estado na planilha de Humanística. Marcos Goés
CATEGORIAS DO DANO
a) DANO MATERIAL – dano patrimonial.
	
i) DANOS EMERGENTES (DANOS POSITIVOS)– o que a vítima EFETIVAMENTE PERDEU (efetiva diminuição de seu patrimônio).
ii) LUCROS CESSANTES (DANOS NEGATIVOS) – o que a vítima RAZOAVELMENTE DEIXOU DE GANHAR. 
iii) sobre PERDA DE UMA CHANCE, vide comentário acima.
Deve ser fixado segundo o princípio da razoabilidade, levando-se em conta a causalidade direta e imediata. (art. 403, NCC)
b) DANO MORAL - prejuízo que afeta o ânimo psíquico, moral e intelectual da vítima, um dano que ocasiona um distúrbio anormal da vida do indivíduo. Ligado à violação a um direito da personalidade.
4.3 Nexo de causalidade
É o vínculo ou liame que une a conduta agente ao prejuízo causado. Trata-se de elemento imaterial ou virtual. Percebe-se que mesmo a responsabilidade objetiva não prescinde do nexo causal.
São 03 teorias que fundamentam o nexo de causalidade:
TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DE CONDIÇÕES (CONDITIO SINE QUA NON): Esta teoria foi desenvolvida a partir das ideias do filósofo Von Buri. A ideia basilar da teoria é que todo e qualquer comportamento anterior que haja concorrido para o resultado é causa. Adotada no direito penal (temperada pela teoria da imputação objetiva), gera o problema da regressão infinita do nexo causal. 
TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA: Esta teoria foi desenvolvida pelo alemão Von Kries. Considera-se causa apenas o antecedente abstratamente idôneo à consumação do resultado. Se baseia em um juízo de probabilidade. 
TEORIA DA CAUSALIDADE DIRETA OU IMEDIATA (Teoria da interrupção do nexo causal): Esta teoria foi desenvolvida por Agostinho Alvim, sendo mais objetiva que a anterior. Para ela, causa é apenas o antecedente que determina o resultado como consequência sua direta e imediata. Não se faz um juízo probabilístico de adequação, mas sim um juízo de necessariedade.
OBS: Diferenciar a 2º e a 3º teoria na prática é muito difícil, pois chegaremos ao mesmo resultado utilizando uma ou outra teoria. 
OBS2: A doutrina diverge quanto a teoria adotada pelo CC, se a 2º (Carvalieri) ou a 3º (Tepedino). Os que sustentam essa última, utilizam o artigo 403 do CC como fundamento. 
JURISPRUDÊNCIA (Des. Couto indica a causalidade adequada, mas fala os termos da causalidade direta ou imediata): RESPONSABILIDADE CIVIL. IMÓVEL ADQUIRIDO DA CEF. DÉBITOS DE COTA CONDOMINIAL. RESCISÃO DE CONTRATO DE PROMESSA DE COMPRA E VENDA COM TERCEIROS. DANO INDIRETO. CAUSALIDADE ADEQUADA. No sistema brasileiro, em regra o nexo causal é balizado pela referência extraída da parte final do artigo 403 do Código Civil. O dano apenas é indenizável se ele é consectário direto e imediato da conduta que se quer atacar. Essa é a regra geral. Assim, é correta a sentença que rejeita pleito de obter ressarcimento por fatos indiretos e muito mediatos em relação ao narrado como falha do réu. O dever de pagar o condomínio, para com o ente Condomínio, é dos adquirentes do imóvel (regra do artigo 1345 do Código Civil). Assim, embora os compradores possam e tenham direito de regredir contra o alienante (no caso, a Caixa Econômica), não é dado atribuir ao vendedor a frustração de posterior nova venda do mesmo bem, pela demora em honrar o pagamento de cotas em atraso. Apelação desprovida. (TRF2,  201351050007110 - APELAÇÃO CÍVEL, 17/10/2014)
Já utilizando o critério "teoria do dano direto e imediato": “2 - Para que haja um dano, uma ação administrativa, aqui entendida como conduta comissiva ou omissiva, sendo esta última calcada em uma específica falta de serviço que se traduz em um dever jurídico, e uma possibilidade de atuar de fato, é preciso que entre ambos exista um nexo de causalidade, informado pela teoria do dano direto e imediato.” (TRF2, 200650010001953 - APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO, Des. Guilherme Calmon, 17/11/2011)
CONCAUSAS:
Concausa é outra causa, que juntando-se à principal, concorre para o resultado. Não inicia, nem interrompe, apenas reforça (Carvalieri).
CAUSALIDADE NA OMISSÃO 
A causalidade da omissão deve ser analisada sobre o aspecto normativo, já que pelo aspecto fático omissão é um nada, e do nada, nada surge. 
Sobre o aspecto normativo, o Direito pode impor um dever de agir, casos em que omitindo, além de violar dever jurídico, deixamos de impedir a ocorrência de um resultado. O omitente coopera na realização do evento com uma condição negativa: ou deixando de se movimentar ou não impedindo que o resultado se concretize. 
	Nexo de Atribuição
	O nexo de atribuição de responsabilidade – que se chama imputação – pode derivar da culpa, do risco, da segurança, da confiança, da garantia (Judith Martins-Costa). No caso de responsabilidade objetiva agravada (ou risco integral) é mais apropriado utilizar Nexo de Atribuição ao invés de Nexo Causal.
4.4 Causas que excluem a responsabilidade
O Prof. SILVIO NEVES BAPTISTA classifica as circunstâncias excludentes da responsabilidade civil do seguinte modo:
Excludente da causalidade: fato da vítima, fato de terceiro, caso fortuito e a força maior;
Excludentes da imputabilidade: menoridadee alienação mental do agente;
Excludentes da ilicitude: cumprimento o dever legal; exercício regular do direito; legítima defesa; anuência da vítima e cláusula de não indenizar;
4.4.1 Estado de necessidade e legítima defesa 
Nos termos do artigo 188 do CC, incisos I (1º parte) e II a legítima defesa e o estado de necessidade, desde que respeitado o princípio da proporcionalidade, afastam a ilicitude do fato e por consequência a responsabilidade civil (como regra). Quem atua sob uma destas excludentes de ilicitude comete um ATO LÍCITO.
ESTADO DE NECESSIDADE consiste na agressão a um direito alheio, de valor igual ou inferior àquele que se quer proteger, com o propósito de remover um estado de perigo. 
LEGÍTIMA DEFESA, o agente reage a uma agressão injusta atual ou iminente. 
Exceção: entretanto, na forma dos artigos 929 e 930, por imperativo de solidariedade social (Gisele da Cruz) se a atuação em estado de necessidade ou legítima defesa acarretar dano a terceiro inocente, por exceção, haverá responsabilidade civil, cabendo ação regressiva contra o verdadeiro culpado. 
Veja que essa exceção é uma hipótese especial de indenização por ATO LICITO. É uma forma de responsabilidade civil por ato lícito.
Dessa forma, o causador do dano, mesmo tendo agido em estado de necessidade, deverá indenizar a vítima e, depois, se quiser, poderá cobrar do autor do perigo aquilo que pagou. Vale ressaltar, no entanto, que o valor da indenização deverá ser fixada com proporcionalidade, evitando-se a imposição de valores abusivos (desproporcionais) para alguém que estava agindo de forma lícita (Resp 1.292.141 – 3a turma).
4.4.2 Estrito cumprimento do dever legal e Exercício regular de direito 
FREDERICO MARQUES: o estrito cumprimento do dever legal é uma modalidade de exercício regular de direito.
Está previsto no artigo 188, I, 2a parte, CC:
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
É óbvio que o estrito cumprimento do dever legal não pode gerar responsabilização, desde que não haja abuso. EXEMPLOS: policial e oficial de justiça.
O exercício regular de direito pressupõe a não aplicação da TEORIA DO ABUSO DE DIREITO, por óbvio. Somente atua em exercício regular de direito quem não está cometendo abuso.
4.4.3 Caso fortuito e força maior 
Assim, a doutrina brasileira não é uniforme quanto a distinção teórica entre caso fortuito e força maior (Maria Helena Diniz, Álvaro Villaça, Silvio Rodrigues) embora, segundo autores como Pablo Stolze, melhor é o entendimento segundo o qual força maior é o acontecimento inevitável e o caso fortuito o acontecimento imprevisível. 
Relevante, porém, é afirmação de que, para a lei brasileira, o legislador adotou uma posição neutra. O p.u do artigo 393 adota postura neutra, delegando à doutrina o labor de diferenciar os institutos. 
A regra geral é a de que o devedor não responde por caso fortuito ou força maior, salvo se a parte se obrigar.
Fortuito interno e externo 
Essa distinção é sobretudo importante para o direito do consumidor. 
Fortuito interno é aquele que integra o próprio processo de elaboração do produto, ou de execução do serviço, não tendo o condão de excluir a responsabilidade civil. Se é fortuito, não há o elemento culpa. Ele integra a própria elaboração do produto ou serviço, e por conta de integrar a atividade do réu não exclui a responsabilidade. 
Fortuito externo é aquele que é exógeno, ou estranho a própria atividade do réu, de maneira que a sua responsabilidade civil é afastada, como o STJ reiteradamente tem decidido ao considerar fortuito externo roubo ocorrido em ônibus, excluindo a responsabilidade da empresa viária (AG RG no RESP 620.259/MG, AG RG no AG 711.078/RJ). 
O STJ tem entendido reiteradamente que o roubo é caso fortuito externo (até porque compete ao Estado a segurança das pessoas e não às empresas de ônibus). Nesse sentido, julgado de 6/10/2010, do TRF2 ( 200851010166606 - APELAÇÃO CÍVEL), isentando a responsabilidade civil da CEF pelo extravio de correspondência (sedex) por esta empresa pública, em razão de roubo.
Ressalte-se que o STJ entende que a Caixa Econômica Federal não tem legitimidade para figurar no polo passivo da ação que objetive reparar danos morais e materiais causados por roubo ocorrido no interior de agência lotérica (Resp 1.317.472 – 3a turma).
Detalhe: alguns Tribunais Inferiores tem proferido decisões peculiares. Têm entendido que se há roubos reiterados, ocorrendo na mesma linha, quase que no mesmo local, com habitualidade, haveria responsabilidade da empresa de transporte.
4.4.4 Culpa exclusiva da vítima 
Pode romper o nexo de responsabilidade. A prova da culpa da vítima deve ser necessariamente feita pelo réu (RESP 439.408/SP).
Segundo Silvio Rodrigues, o aparente causador do dano é mero instrumento do acidente. A boa técnica recomenda utilizar fato exclusivo da vítima, em vez de culpa exclusiva. Deve-se falar em isenção da responsabilidade do causador direto do dano, não se devendo tratar como ausência de culpa deste.
Culpa exclusiva da vítima VS Culpa concorrente 
Não confundir a culpa exclusiva da vítima com a culpa simplesmente concorrente, que apenas atenua a responsabilidade civil. Artigo 945 do CC.
4.4.5 Fato de terceiro 
Em geral, o fato de terceiro exclui o nexo. Porém, há um caso em que a jurisprudência afasta a exclusão da responsabilidade, quando se tratar de transporte. Há súmula do STF (187) que proíbe a alegação de fato de terceiro por empresa transportadora. 
187 - A responsabilidade contratual do transportador, pelo acidente com o passageiro, não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva. 
4.4.6. Anuência da vítima
O consentimento da vítima, em regra, exclui, previamente, a responsabilidade civil do agente. Para que o consentimento da vítima seja eficaz, é preciso que, além da capacidade do agente, o bem jurídico seja disponível.
4.4.7. Cláusula de não indenizar
É pré-excludente da obrigação de reparar o dano. Objetivo: alterar o sistema de risco do contrato; hipótese em que os riscos são contratualmente transferidos para a vítima. Deve haver bilateralidade no consentimento. A excludente convencional de responsabilidade não é possível nas hipóteses protegidas por princípios ou normas de ordem pública.
Não possui incidência no âmbito consumerista, tendo em vista o disposto nos artigos 25 e 51, I do Código de Defesa do Consumidor.
4.5 Culpa lato sensu
É pressuposto apenas da RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA. Nesse sentido, abrange tanto o dolo quanto a culpa stricto sensu
Tanto no dolo como na culpa há conduta voluntária do agente, só que no primeiro caso a conduta já nasce ilícita (o dolo abrange a conduta e o efeito lesivo dele resultante), enquanto que na segunda a conduta nasce lícita, tornando-se ilícita na medida em que se desvia dos padrões socialmente adequados. 
Como a finalidade da responsabilidade civil é gerar uma obrigação que conduza à integral reparação do dano causado na vítima, sendo assim, não há diferença entre o comportamento doloso e o comportamento culposo, para o direito civil. 
O artigo 944 afirma que a indenização mede-se pela extensão do dano (regra geral). No parágrafo único, afirma-se que se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização. Des. GUILHERME CALMON chama esse artigo de "salomonismo jurídico", expondo que a noção de equitativo se traduz com o julgamento com senso de justiça, respeito à igualdade dos direitos dos interessados, para a imposição de uma condenação suficiente à reparação do dano sem causar injustiça.
Note-se que nesse parágrafo está claro que pode o juiz designar indenização menor do que o dano. É uma grande novidade do CC/02 e evita a transferência do FRACASSO SOCIAL (decisão equitativa). É aplicado em casos de CULPA MÍNIMAe o PREJUÍZO ENORME. EXEMPLO: jogar a bituca de cigarro e o jaguar pegar fogo. EQUIDADE é a justiça no caso concreto. O objetivo da regra é permitir que o indivíduo consiga pagar a indenização. Cuida-se da redução proporcional da indenização.
A hipótese disposta no parágrafo único do art. 944, inicialmente, não poderia ser aplica à responsabilidade objetiva, de acordo com entendimento insculpido no Enunciado 46 do Conselho da Justiça Federal. No entanto, na IV Jornada de Direito Civil, mediante aprovação do Enunciado nᵒ. 380, suprimiu-se a parte final do de número 46�, permitindo-se aplicação aos casos de responsabilidade objetiva. 
Tal aprovação seria despicienda, sobremodo, porque já há no direito positivo hipóteses expressas acerca da possibilidade de redução equitativa da indenização, v. g., contrato de transporte (art. 738 do CC) e relações de consumo.
Ainda continua vigendo o Enunciado 47 do CJF, no qual se entende que o art. 945 do CC não impede a aplicação da causalidade adequada, que nada mais significa que o valor da indenização deve ser adequado às condutas dos envolvidos.
5 DISTINÇÕES ENTRE OS TIPOS DE RESPOSANBILIDADE
5.1 RESPONSABILIDADE CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL
a) RESPONSABILIDADE CONTRATUAL – responsabilidade que tem origem na inexecução contratual, decorre da relação contratual existente.
	-ônus da prova: basta comprovar o INADIMPLEMENTO.
	-mora: mora é automática.
b)RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL – responsabilidade que tem origem na violação de um dever geral de abstenção pertinente aos direitos reais ou de personalidade.
	-também denominada de RESPONSABILIDADE AQUILIANA.
	fundamento da nomenclatura: a lex aquilia foi o diploma romano que passou a possibilitar a responsabilidade independentemente da existência de uma relação contratual.
	-ônus da prova: há necessidade de demonstrar o DANO + CONDUTA CULPOSA + NEXO DE CAUSALIDADE.
	-mora: não é automática.
	
5.2 RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA E SUBJETIVA
Responsabilidade civil objetiva e subjetiva – a responsabilidade civil subjetiva ou clássica está estruturada na teoria da culpa, está voltada para o ato ilícito, com comportamento culposo ou doloso; ela fundamentava a estrutura do CC/16 (influenciado pelo Código Francês = faute). 
A definição do ato ilícito possuía como elementos o dolo e a culpa, ou seja, era imprescindível a comprovação dos dois para a configuração da responsabilidade.
Nesta concepção clássica, todavia, a vítima só obterá a reparação do dano se provar a culpa do agente, o que nem sempre é possível na sociedade moderna. O desenvolvimento industrial, bem como o crescimento populacional geraram novas situações que não podiam sem amparadas pelo conceito tradicional de culpa. 
Nesse contexto, importantes trabalhos vieram à luz, sustentando uma responsabilidade objetiva, sem culpa, baseada na chamada TEORIA DO RISCO, que acabou sendo também adotada pela lei brasileira em um primeiro momento, e é atualmente adotada pelo CC/02 em alguns casos.
No Brasil, a primeira lei que cuidou a responsabilidade objetiva foi o DL 2682/12 (Estradas de Ferro), que determinada que a estrada de ferro deveria responsabilizar-se pelos danos causados aos proprietários dos terrenos vizinhos. Houve outras disposições que tratavam da responsabilidade objetiva:
PRINCIPAIS HIPÓTESES DE RESPONSABILIDADE AQUILIANA OBJETIVA FORA DO CÓDIGO CIVIL
	-ESTRADAS DE FERRO [Decreto 2681/12, art. 26]
	-CÓDIGO DE MINERAÇÃO [DL 227/67, art. 47, VIII]
	-CÓDIGO BRASILEIRO DE AERONÁUTICA [Lei Federal 7565/86, arts. 268 e 269]
	-ESTADO [CF/88, art. 37, Par. 6º]�
	-PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO PRESTADORAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS [CF/88, art. 37, Par. 6º]
	-CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR [Lei Federal 8.078/90, arts. 12, Par. 3º, 14, Par. 3º e 17]
	-MEIO AMBIENTE [Lei Federal 6.938/81, art. 14, Par. 1º]
	-DANOS NUCLEARES [Lei Federal 6.453/77, arts. 4º a 18, st arts. 4º a 8º, 11, 12 e 15]
	-ACIDENTES DE TRABALHO [Lei 8.213/91]
	-DPVAT [Lei 6.194 /74]
RESPONSABILIDADE OBJETIVA NO CÓDIGO CIVIL DE 2002 
O CC/2002, embora tenha mantido a responsabilidade subjetiva, optou pela responsabilidade objetiva em hipóteses tais como: abuso de direito (art. 187), o exercício de atividade de risco ou perigosa (parágrafo único do 927), danos causados por produtos (art. 931), responsabilidade pelo fato de outrem (artigo 932, c/c o artigo 933), responsabilidade pelo fato da coisa e do animal (art. 936, 937 e 939), responsabilidade dos incapazes (art. 928), dentre outras. Cavalieri chega a apontar que pouco restou para a responsabilidade subjetiva.
As duas principais cláusulas gerais de responsabilidade civil objetiva previstas no CC são o abuso do direito (187 c/c 927,caput) e desempenho de atividade de risco (parágrafo único do 927).
ABUSO DE DIREITO: 
Parte–se da premissa de que todas as situações jurídicas, que se conceituam como direito subjetivo, atualmente, são reconhecidas e protegidas pela norma tendo em vista uma finalidade, que se poderá chamar de finalidade econômica e social do direito. Todas as vezes que o direito é exercício de acordo com essas finalidades, está dentro de seus quadros teleológicos. Acontece, porém, que o titular de um direito, pode, em vez de exercê-lo no sentido destas finalidades, o faz no sentido de finalidade contrária, contrastando, expressamente, com a finalidade para a qual o direito foi instituído.
Tem-se, então, o exercício antissocial do direito e é este exercício antissocial que se conceitua como ABUSO DO DIREITO. Nesse sentido, o artigo 927, caput, refere-se ao abuso de direito como fato gerador da obrigação de indenizar. 
RESPONSABILIDADE PELO DESEMPENHO DE ATIVIDADE DE RISCO 
No parágrafo único do artigo 927 do CC encontramos a segunda cláusula geral de responsabilidade objetiva. Nos termos deste dispositivo – haverá responsabilidade objetiva também em duas hipóteses:
Nos casos especificados em lei (como vimos acima um rol de hipóteses) OU
Desempenho de Atividade de risco 
Detalhe: não é qualquer atividade de risco que justifica responsabilidade objetiva, mas uma atividade reiterada habitual, que o sujeito expõe os outros membros da coletividade a uma maior risco de dano. 
O p/u no artigo 927 exige uma interpretação cautelosa a fim de que não ocorra um superdimensionamento da noção “atividade de risco”. Uma boa diretriz é a noção de risco-proveito que embasa a referida norma.
O agente, exercendo uma atividade habitual, com o propósito de experimentar determinado proveito expõe a vítima a uma probabilidade de dano maior do que a outros membros da coletividade. Nesse sentido, o enunciado 38 da I jornada de Direito Civil:
38 – Art. 927: a responsabilidade fundada no risco da atividade, como prevista na segunda parte do parágrafo único do art. 927 do novo Código Civil, configura-se quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano causar a pessoa determinada um ônus maior do que aos demais membros da coletividade
. 
Veja que é um risco criado pelo autor do dano para que ele tenha algum beneficio. 
6 RESPONSABILIDADE INDIRETA
Essa responsabilidade se bifurca em duas modalidades:
RESPONSABILIDADE POR ATO DE TERCEIRO:
RESPONSABILIDADE PELO FATO DA COISA E DO ANINAL
6.1 RESPONSABILIDADE POR ATO DE TERCEIRO
Ato de terceiro – Essa responsabilidade é sempre restritiva, pois atinge pessoa distinta daquela que praticou o ato causador do dano. O motivo da existência dessa responsabilidade estendida residiu inicialmente com os deveres jurídicos de vigilância ou de escolha sobre os agentes (assim, foi ampliado o leque de proteção à vítima, já que em determinados casos (esses da lei), a vítima terá ação contra quem praticou o ato e contra terceiro por ele responsável. 
Assim, de modo a ampliar o espectro de proteção da vítima, o legislador permite, em determinados casos (artigo 932), que seja responsabilizada, além do efetivocausador do dano, terceira pessoa. Em princípio, terá a vítima o poder de escolher contra quem quer demandar: se contra o agente, se contra o terceiro ou se contra ambos.
A responsabilidade entre o agente causador direto do dano e o terceiro é, perante a vítima, SOLIDÁRIA, nos termos do artigo 942, parágrafo único que diz: são solidariamente responsáveis com os autores, os coautores e as pessoas designadas no artigo 932.
Assim, fica claro que a responsabilidade por ato de terceiro não afasta a responsabilidade por ato próprio; ambas as responsabilidades coexistem, ambos os indivíduos devem responder solidariamente, isso em LINHAS GERAIS.
Note-se que, no caso do incapaz, por força do artigo 928, a sua responsabilidade é SUBSIDIÁRIA, alcançando o menor e o maior incapaz. Não obstante, nas outras hipóteses do artigo 932 (incisos III a V), trata-se de SOLIDARIEDADE. Somente essa interpretação permite a compatibilização entre os diversos dispositivos do CC/02.
Registre-se que, na forma do artigo 928, parágrafo único do Código Civil, na hipótese de responsabilização do incapaz, “a indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem”.
Ressalte-se que, nos termos do artigo 934 do Código Civil, “aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz”.
Outra regra relevante está no artigo 933, que diz: as pessoas indicadas nos incisos do artigo 932, ainda que NÃO HAJA CULPA DE SUA PARTE, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos, ou seja, trata-se de RESPONSABILIDA OBJETIVA.
Esse dispositivo é uma mudança em relação ao CC/16, que exigia a demonstração de concorrência de culpa própria do responsável (culpa in vigilando e culpa in eligendo), mas, a doutrina afirmava que essas culpas eram PRESUMIDAS, por se tratar dessa prova de prova diabólica, ou seja, era quase impossível para a vítima fazer essa prova. Entretanto, mesmo com a presunção, não perdiam a condição de elementos constitutivos da responsabilidade. 
Depois a jurisprudência caminhou ainda mais (contra legem, é claro), afirmando que se tratava de uma PRESUNÇÃO IURE ET DE IURE.
Note-se que o agente que praticou o ato deve tê-lo feito com culpa, o que independe de culpa, atualmente, é a responsabilidade das pessoas responsáveis por ato de terceiros, essas que passaram a ter RESPONSABILIDADE OBJETIVA (art. 933). Assim, basta demonstrar que o agente tem uma relação perante terceiro nos termos do artigo 932.
Casos específicos de responsabilidade por ato de terceiro:
o pai responde pelo ato do filho; 
o tutor pelo tutelado; 
curador pelo curatelado; 
donos de escola pelos atos dos educandos; 
empregadores pelos atos do empregado; e 
hospitaleiros pelo atos do hospedados. 
Portanto, aquelas antigas PRESUNÇÕES DE CULPA (culpa in eligendo, in vigilando...) simplesmente DESAPARECERAM com o CC/02. É que o novo CC, ao tratar do tema, nos artigos 932 e 933 baniu estas presunções de culpa consagrando uma RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO REPRESENTANTE PELO ATO DO REPRESENTADO. 
6.1.1 Pais pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e companhia 
O CC/16, em seu artigo 156 estabelecia que os menores relativamente incapazes seriam equiparados aos maiores pelos ilícitos cometidos, e, os absolutamente incapazes por sua vez seriam INIMPUTAVEIS. 
O CC/02, em atitude inovadora, nos termos do artigo 928 passou expressamente a admitir a responsabilidade civil do incapaz, quer seja a incapacidade absoluta ou relativa, ainda que tal RESPONSABILIDADE seja SUBSIDIARIA. 
Veja que é subsidiaria é uma forma especial de solidariedade, já que alguém responde na frente. 
OBS: a responsabilidade civil do incapaz é juridicamente possível em duas hipóteses: 
Se o seu representante legal não tiver condição econômica de indenizar a vítima;
Se o seu representante não tiver a obrigação de indenizar a víitima.
O representante não tem a obrigação de indenizar a vítima no caso de o juiz da infância e juventude impor ao próprio incapaz (adolescente infrator), na forma do ECA, a obrigação de reparar o dano.
Casos da jurisprudência:
INTERESSE DE AGIR E LEGITIMIDADE DO MENOR
O filho menor não tem interesse nem legitimidade para recorrer da sentença condenatória proferida em ação proposta unicamente em face de seu genitor com fundamento na responsabilidade dos pais pelos atos ilícitos cometidos pelor filhos menores (STJ – Resp 1.319.626 – julgado em 2013).
responsabilidade do genitor que não detENHA a guarda 
Antigo julgado do STJ interpreta a norma em sua literalidade para excluir a responsabilidade do pai que não detenha a guarda nem tenha o menor em sua companhia (RESP 540459/RS).
Todavia, julgado mais recente reconheceu a responsabilidade de ambos os pais mesmo quando separados (RESP 1074937/MA). A razão é que como o dever de educar cabe a ambos, a responsabilidade também.
RESPONSABILIZAÇÃO DOS PAIS NO CASO DE FILHOS COM EMANCIPAÇÃO VOLUNTÁRIA CONCEDIDA POR ATO DO PAI
A regra é a de que os pais não se responsabilizam no caso de filho já emancipado. A exceção a tal situação ocorre no caso de emancipação voluntária concedida por ato dos pais.
Fundamento: entendimento de forma diversa representaria uma forma de se eximir de uma responsabilidade por ato próprio (pai, por ato próprio, estaria se eximindo de uma responsabilidade conferida pela lei).
O menor no estabelecimento de ensino está sob a sua responsabilidade, que não poderá, por força da lei, regredir contra os pais; mas, o contrato pode prever que os pais responderão perante a escola pelos danos causados pelos filhos.
6.1.2 Tutor e curador pelos pupilos e curatelados, que se acharem na mesma condição 
TUTOR E CURADOR PELOS PUPILOS E CURATELADOS, QUE SE ACHAREM NA MESMA CONDIÇÃO: tutela e curatela são institutos de caráter protetivo da incapacidade. Essa responsabilidade somente se inicia com o ato de nomeação. Se o tutelado ou curatelado estiver internado em manicômio, o tutor ou curador não poderá ser responsabilizado, porque o artigo fala NA MESMA CONDIÇÃO, e isso quer dizer que o tutelado ou curatelado deve estar sob a sua autoridade e companhia.
6.1.3 Empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir ou em razão dele
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, (1) no exercício do trabalho que lhes competir, ou (2) em razão dele;
O empregador responde pelo ato do empregado – pela chamada teoria da substituição.
O legislador fez isso para proporcionar à vítima a possibilidade de ressarcimento (patrimônio). É preciso definir as figuras, e para isso, faz-se necessário identificar o VÍNCULO DE SUBORDINAÇÃO (alguém praticando ato sob as ordens de outrem) do empregado, serviçal e preposto. 
A súmula 341 do STF caiu porque o empregador é responsável OBJETIVAMENTE, e não por presunção de culpa.
341 - É presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto. 
Mas, note-se que, se o empregado cometeu um dano no período de descanso, o empregador continua respondendo. A vítima deverá demonstrar a culpa do empregado, não precisa demonstrar a culpa do empregador, mas, terá que fazê-lo em relação ao empregado.
Será que a responsabilidade do empregador passou a ser a mesma que a responsabilidade do Estado por ato de seus agentes? 
Em que pese ambas serem objetivas, as suas naturezas são distintas, pois pela CF/88 o Estado responde pelo RISCO de sua atividade, que somente pode ser prestada pelos seus agentes. Já o empregador responde pelos danos causados culposamente pelos seus empregados, ou seja, precisa da prática de ATO ILÍTICO.
Assim, nãosão relevantes as alegações de inexistência de vínculo empregatício, nulidade ou invalidade do contrato de trabalho. 
6.1.4 Donos de hotéis, hospedeiros, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos dentro de uma esfera restrita de vigilância
O professor Aguiar Dias e os civilistas já reconheciam, antes mesmo do CC, esta responsabilidade pelo DEVER DE SEGURANÇA que se espera especialmente desse tipo de estabelecimento. 
É necessária uma relação de onerosidade para que haja a responsabilidade, não pode ser gratuita a relação. Mas, a jurisprudência, ainda na vigência do CC/16, entendia que a onerosidade não era circunstância essencial (entendimento consolidado). Mas, se há a hospedagem como atividade empresarial, mesmo que não haja cobrança do serviço, no caso específico, o hoteleiro será responsável pelo ato ilícito do hospedado mesmo que gratuitamente.
Se um hóspede causar prejuízo a alguém, o hotel (e outros entes previstos no inciso) será responsável, desde que haja uma relação de pertinência com a hospedagem. O dono do hotel tem que garantir a segurança e o sossego de todos os que se hospedam lá.
Quando o pai deixa o filho na escola, ela passa a ser responsável pelos atos do aluno, sendo que o pai não deve arcar com prejuízos da escola, salvo, se existir responsabilidade contratual.
6.1.5 Os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia
É uma responsabilidade solidária de todos aqueles que houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
Rui Stoco ao analisar este inciso entende que todas as pessoas que houverem participado do produto do crime, ainda que gratuitamente, responde pela dano da vítima. 
O fundamento dessa responsabilidade reside no princípio de vedação do enriquecimento sem causa. 
6.1.6 Direito de regresso na responsabilidade civil por ato de terceiro
DIREITO DE REGRESSO – a regra é a responsabilização por ato próprio; pelo regresso, permite-se que o responsável por ato de terceiro possa voltar-se contra o responsável por ato próprio para receber o valor que pagou pela indenização, nos termos do artigo 934, que como regra admite o direito de regresso:
Artigo 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, SALVO se o causador do dano for DESCENDENTE seu, absoluta ou relativamente INCAPAZ.
6.2 RESPONSABILIDADE PELO FATO DA COISA OU DO ANIMAL
Uma pessoa será responsabilizada pelo FATO (acontecimento juridicamente relevante) da coisa. São 4 as hipóteses:
RESPONSABILIDADE DE DONO OU DETENTOR DE ANIMAL;
RESPONSABILIDADE DE DONO DA CONSTRUÇÃO OU TERRENO;
RESPONSABILIDADE DAQUELE QUE HABITA;
RESPONSABILIDADE PELOS PRODUTOS POSTOS EM CIRCULAÇÃO.
O fundamento jurídico para responsabilização seria a culpa presumida do proprietário reside na ampliação das hipóteses de responsabilidade pelo fato da coisa (STJ). Mas, essa presunção de culpa pode ser quebrada, EXEMPLO: o veículo foi roubado e o ladrão causou o dano.
6.2.1 Responsabilidade de dono ou de detentor de animal
A responsabilidade é do guardião, pela aplicação da TEORIA DA GUARDA, de origem francesa. O responsável pelo fato da coisa ou do animal é o seu guardião, ou seja, a pessoa que detém poder de comando sobre o referido bem.
No CC/02, manteve-se a responsabilidade do dono do animal, mas, essa responsabilidade agora passa a ser OBJETIVA, como se pode notar pelo artigo 936.
Artigo 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar CULPA DA VÍTIMA ou FORÇA MAIOR.
Note-se que não há menção ao CASO FORTUITO.
Há dúvida sobre o significado de força maior e caso fortuito (discussão doutrinária), o CC/02 trata as expressões como se fossem expressões sinônimas, nos termos do parágrafo único do artigo 393.
Não é qualquer culpa da vítima, é preciso entender que há GRAUS DE CULPA, nesse caso, somente a CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA para excluir a responsabilidade do dono ou detentor do animal. Na prática, dificilmente, o dono consegue se livrar da responsabilidade.
OBS: no que tange aos acidentes com animais em rodovias, há entendimento do STJ no sentindo de reconhecer em determinados casos a responsabilidade subjetiva do estado por omissão na fiscalização e policiamento da pista (RESP 1198534/RS). 
Todavia, se o acidente ocorrer em uma rodovia pedagiada (concessão de serviço publico e de bem publico), a responsabilidade da concessionária é objetiva, com base no CDC (RESP 687799/RS). 
6.2.2 Responsabilidade de dono da construção ou do terreno
O dono do edifico ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta (artigo 937). 
	-a jurisprudência já vinha interpretando como responsabilidade objetiva.
 		se houve a ruína, pressupõe-se que devesse ter havido reparo.
Artigo 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de FALTA DE REPAROS, cuja necessidade fosse manifesta.
Assim, o dono da construção somente responde se a FALTA DE REPAROS, CUJA NECESSIDADE FOSSE MANIFESTA. Mas, a jurisprudência tem sido extremamente rigorosa na responsabilização do dono, entendendo que se caiu é porque havia necessidade manifesta de reparação, logo, tem o dever de indenizar; na verdade, a jurisprudência somente afasta o dever de indenização se a ruína ocorrer por fato totalmente alheio a sua atuação, EXEMPLO: em decorrência de abalo sísmico.
6.2.3 Responsabilidade por objeto lançado ou caído em local indevido
Está prevista no Artigo 938, tratando da responsabilidade chamada de effusis et dejectis, que significa a responsabilidade por coisa líquidas ou sólidas que caem.
Artigo 938. Aquele que habitar prédio�, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
A responsabilidade é de quem habita e não do proprietário. Desde o CC/16, a interpretação é a de que no caso há REPONSABILIDADE OBJETIVA, o que permanece no CC/02.
Se a pessoa não souber de que unidade partiu o projétil a responsabilidade é de todo o condomínio, com base na TEORIA DA CAUSALIDADE ALTERNATIVA, excluindo-se os blocos ou fachadas por onde seria impossível o arremesso.
6.2.4 Responsabilidade pelos produtos postos em circulação
Foi acrescentada pelo legislador do CC/02, no artigo 931
Artigo 931. Ressalvados os outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as empresas respondem INDEPENDENTEMENTE DE CULPA pelos danos causados pelos produtos postos em circulação.
No CDC, a responsabilidade é OBJETIVA pelo FATO DO PRODUTO OU DO SERVIÇO e está prevista e será aplicada quando houver a relação de consumo. Já o artigo 931 terá aplicação quando não estiver caracterizada a relação de consumo.
6.2.5 Responsabilidade civil da pessoa jurídica de direito privado por ato de terceiros
RESPONSABILIDADE CIVIL DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO POR ATO DE TERCEIRO – responderá por ato de terceiro, como se fosse pessoa natural. 
O CC/02 não repetiu o texto de 1916, por absoluta desnecessidade, porque, é lógico que a pessoa jurídica independentemente de sua finalidade irá responder civilmente pelos atos praticados por terceiros, desde que enquadrados nas circunstâncias do artigo 932.
SILVIO RODRIGUES (posição minoritária) dá a entender que a pessoa jurídica não responde automaticamente por ato de terceiro, deveria haver a comprovação da culpa da pessoa jurídica pela prática do ato de terceiro.
7 CASOS JURISPRUDENCIAIS
7.1 Furto ou roubo de veículo
A empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos em seu estacionamento (SÚMULA 130/STJ).
7.2 Empréstimo de veículo
O STJ já firmou entendimento no sentido de que o dono do veículoé solidariamente responsável pelo dano causado por seu condutor, pelo risco criado (RESP 343649/MG e 577902/DF).
7.3 Veículos locados
Súmula 492 STF.
492 - A empresa locadora de veículos responde, civil e solidariamente com o locatário, pelos danos por este causados a terceiro, no uso do carro locado. 
Essa solidariedade, em tese, tem base no art. 942 do CC.
7.4 Veículos alienados cujo registro ainda não foi realizado
A súmula 132 do STJ, firmando a ideia de que é a tradição que opera a transferência de domínio e de responsabilidade, isenta o antigo proprietário pelo acidente causado pelo novo adquirente.
A notícia ao DETRAN tem efeitos administrativos e tributários, a transferência da posse e propriedade ocorrerá com a tradição.
SÚMULA 132 STJ
A ausência de registro da transferência não implica a responsabilidade do antigo proprietário por dano resultante de acidente que envolva o veículo alienado.
E as multas/infrações de trânsito?
Em caso de simples INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS, em um primeiro momento, o STJ, à luz do artigo 134 do CTB visualizava uma responsabilidade solidária entre o antigo proprietário e o novo. Mas, posicionamento mais recente é no sentido de relativizar o artigo 134, e responsabilizar apenas o novo proprietário (RESP 965.847-PR e AGRG no RESP 1204867-SP). 
Afinal de contas quem detém o poder de comando é o novo proprietário. 
8 DANO MORAL
Num primeiro momento, o dano moral não era indenizável. Muitos argumentos para isso:
Pois é impossível de ser mensurável 
Pois isso seria dar poder demais para o juiz. 
Em um segundo momento, quando a jurisprudência e a doutrina começavam a dar sinais de aceitação da tese, a autonomia do dano moral geralmente era negada, na medida em que somente era reconhecido como consequência de um dano material. 
Veja que neste 2º momento ao se aceitar a tese do dano moral, o dano moral era consequência de um dano material sofrido. Havia uma dificuldade em se reconhecer o dano moral puro. 
Somente a partir da Constituição Federal de 1988 o dano moral efetivamente ganhou autonomia (artigo 5º, incisos V e X). 
Assim, a luz da constituição vigente podemos conceituar o dano moral de duas maneiras distintas (Carvalieri): 
Em sentido estrito dano moral nada mais é violação do direito à dignidade do individuo. 
Em sentido amplo dano moral envolve diversos graus de violação dos direitos da personalidade, abrange todas as ofensas à pessoa, considerada esta em suas dimensões individuais e sociais, ainda que sua dignidade não seja arranhada. 
O dano moral hoje não mais se restringe à dor, tristeza e sofrimento, estendendo a sua tutela a todos os bens personalíssimos, razão pela qual podemos defini-lo, de forma abrangente, como sendo uma agressão a um bem ou atributo da personalidade. 
Em razão de sua natureza imaterial, o dano moral é insusceptível de avaliação pecuniária, podendo apenas ser compensado com a obrigação pecuniária imposta ao causador do dano, sendo esta mais uma satisfação do que uma indenização. 
 	-manifestação da autonomia do dano moral:
		[art. 5º, V e X, CF]
		[art. 6º, VI e VII, CDC]; 
		[art. 186, NCC] 
		[Súmula 37 STJ]
Formas de reparação (compensação): no ressarcimento do dano moral poderá, às vezes, haver, ante a impossibilidade de reparação, na restitutio in integrum, uma tentativa de atingir uma situação material correspondente. Todavia, a reparação moral é, em regra, pecuniária, a fim de neutralizar os sentimentos negativos, de mágoa, angústia, dor etc., pela superveniência de sensações positivas, de alegria, satisfação, pois ela possibilitaria ao lesado algum prazer, que, em certa medida, poderia atenuar seu sofrimento.
	-funções da indenização decorrente do dano moral:
		a)FUNÇÃO SATISFATÓRIA - busca satisfazer o sofrimento provocado.
 		b)FUNÇÃO SANCIONATÓRIA - pena privada.
Outro aspecto que deve ser levado em conta no momento da definição da indenização devida é a condição sócio-econômica do causador do dano devendo ser definido valor razoável, equânime e proporcional mas que seja suficiente para dissuadir novas práticas nesse mesmo sentido.
DANO MORAL COLETIVO
	Seria o dano que atinge, ao mesmo tempo, vários direitos da personalidade, de pessoas determinadas e determináveis (de modo que devem ser atingidos direitos individuais homogêneos e coletivos em sentido estrito).
	O CDC admite expressamente a reparação dos danos morais coletivos, tendo em vista o seu art. 6, VI. Geralmente, tem sido admitido na jurisprudência nacional, nas searas trabalhista e ambiental.
	O STJ, inicialmente, através de sua 1ª Turma, afastou a possibilidade de dano moral coletivo, por entendê-lo como de caráter individual, vez que deve causar um sofrimento psíquico, incompatível com a noção de transindividualidade (RESP 598.281/MG, Rel Ministro Luiz Fux, Rel p/ Acórdão Ministro Teori Albino Zavaski, Primeira Turma, julgado em 02.05.2006, DJ 1º. 06.2006, p. 147).
	Entretanto, em precedente mais recente, o STJ admitiu-os no famoso caso das pílulas de farinha (Microvlar). Precedente: STJ, REsp 866.636/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª Turma, j. 29.11.2007, DJ 06.12.2007, p. 312).
Em pesquisa no site do CJF, com o seguinte critério “dano moral coletivo”, encontrei alguns acórdãos admitindo a possibilidade da ocorrência do dano moral coletivo, notadamente, os proferidos pela desembargadora Selena Maria de Almeida, 5º turma. 
Como não poderia deixar de ser a questão é bem casuística.
Entendeu haver dano moral coletivo: (1) Uso excessivo de força policial militar nas dependências da UFBA para coibir direito de resistência e manifestação de pensamento(EIAC 2001.33.00.010564-1/BA), julgado em 2009; (2) Exploração de jogos de azar (AC 200638010026495) julgado em 05.10.2011
Não haver dano moral coletivo: (3) tempo excessivo de espera em fila de banco (AC 200533000081400).
Em outros julgados desse mesmo tribunal, posicionamentos mais conservadores também são encontrados afastando até mesmo a possibilidade de configuração do dano moral coletivo com o seguinte argumento : "não parece ser compatível com o dano moral a ideia da transindividualidade”. Nesse sentido, AC 200439020007799, do dia 07.02.2012.
sistemas de mensuração do dano moral: 
Sistemas de quantificação 
Existem dois sistemas:
Sistema livre ou do arbitramento 
Sistema do tarifamento legal
Sistema LIVRE ou do ARBITRAMENTO: sistema defendido por autores como Carlos Alberto Bitar, Ronaldo Andrade, e tem base no artigo 4º e 5º da LICC (quando o juiz aplica a norma ele deve observar a sua função social). 
É o sistema preponderante no Brasil pelo qual o juiz, segundo o critério de razoabilidade e parâmetros da própria jurisprudência, quantificará a indenização devida à vítima. Esse sistema não aceita um tarifamento do legislador. Caberá ao juiz, interpretando o caso concreto, segundo um juízo de discricionariedade regrada, quantificar o dano. 
OBS: Vale lembrar que a súmula 362 do STJ estabeleceu que a CORREÇÃO MONETÁRIA do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento. 
O sistema do TARIFAMENTO LEGAL: tal sistema, corporificado nos projetos PLS 114/2008 e PL 7124/2002, pretende que o próprio legislador estabeleça um tabelamento ou limitação legal prévia da indenização devida por dano moral.
A finada lei de imprensa já tinha sido decidida como inconstitucional. Veja que esses projetos estão arquivados, por inconstitucionalidade, já que não cabe ao legislador fixar critérios apriorísticos. 
Após a CF/88, não há mais que se falar em INDENIZAÇÃO TARIFADA (ex.: prevista nos Arts. 51 e 52 da Lei federal 5250/67 – Lei de Imprensa) para o DANO MORAL.
	-STF se manifestou pela IMPOSSIBILIDADE de tarifação do DANO MORAL em ACIDENTE AÉREO: 
 		[RE 172.720 – análise específica de tarifação em caso de dano moral - impossibilidade].
	-STJ também não admite tarifaçãono caso de DANO MATERIAL.
circunstâncias a se levarem em conta na fixação do dano moral:
						INTENSIDADE E DURAÇÃO DO SOFRIMENTO;
 						CAPACIDADE ECONÔMICA DO OFENSOR;
 						CONDIÇÕES SOCIAIS DO OFENDIDO; 
 						GRAVIDADE DA CULPA, etc.
ATENÇÃO: Guilherme Couto de Castro apresenta os parâmetros usuais de quantificação da verba pecuniária na reparação do dano moral:
sua não fixação em valor vil ou inexpressivo ( o que não atenderia ao seu fim compensatório), tampouco ser fixada de modo a servir de fonte de enriquecimento;
a adoção de parâmetros baseados em normas legais que estabeleçam algum critério , como a analogia à Lei de Imprensa ou o revogado Código Brasileiro de Telecomunicações;
devido ao caráter punitivo, a verba deve considerar a intensidade do dolo e o grau de culpa do ofensor, bem como sua situação econômica; 
também em razão do caráter punitivo , a verba deve ser estabelecida de modo a não permitir que o agente ofensor considere que “saiu lucrando ou plenamente satisfeito com a ilegal conduta”. 
DANO MORAL X DANO PSÍQUICO 
	-DANO PSÍQUICO pode ser mensurado em decorrência do tratamento psicológico necessário. é avaliável materialmente, nesse caso se equivaleria ao DANO MATERIAL.
Não é qualquer contrariedade que pode erigir-se à condição de dano moral: só a que tiver como causa uma agressão à dignidade da pessoa. 
 	-assim, não constituem dano moral, em princípio:
		MERO INADIMPLEMENTO CONTRATUAL
		ATO ILÍCITO COM DANO MATERIAL – o dano moral não se caracteriza quando há mero aborrecimento inerente a prejuízo material (ex.: acidente que provoca apenas avarias no veículo).
ENUNCIADO 159 CJF
159 – Art. 186: O dano moral, assim compreendido todo o dano extrapatrimonial, não se caracteriza quando há mero aborrecimento inerente a prejuízo material.
 		EXERCÍCIO REGULAR DE UM DIREITO.
 			cfr. a questão dos presos, indiciados ou processados penalmente sem condenação futura: necessidade de provar-se DOLO, MÁ-FÉ ou EXTREMA LEVIANDADE DOS AGENTES PÚBLICOS; porém, a solução é diferente nos casos de erro judiciário, CF/88, art. 5º, LXXV - cfr. STF, 1ª Turma, RE 505.393).
PROVA: não é possível exigir-se prova da dor; existe “in re ipsa” (decorre do próprio fato), com presunção (relativa) de haver realmente atingido a vítima.
legitimidade para postular dano moral: além da própria vítima direta, quem mais poderia ser atingido, e, portanto, pleitear indenização? 
Pode ser reconhecida a legitimidade daqueles previstos no parágrafo único do art. 12, quando for caso da regra geral, ou daqueles previstos no parágrafo único do art. 20, quando for alguma das hipóteses previstas no caput desse dispositivo (ex.: utilização indevida da imagem). São casos de VÍTIMA INDIRETA.
[REsp 122.573] – rapaz foi internado em um hospital mantido pelo Estado. Hospital publicou lista dos pacientes aidéticos e o rapaz constava equivocadamente nessa lista. O filho estava em estado de coma. Os pais entraram com ação e ganharam. 
“DANOS MORAIS DIFUSOS” - várias pessoas sofrendo dano moral.
TRANSMISSIBILIDADE: duas posições na jurisprudência.
	a) NÃO HÁ TRANSMISSÃO, MAS SE A VÍTIMA PROPÔS A AÇÃO, OS HERDEIROS FAZEM JUS À INDENIZAÇÃO - não haveria transmissão dos danos morais. Para essa corrente não existe, pois, o jus hereditatis relativamente aos danos morais, tal como acontece com os danos puramente patrimoniais.
	b) HÁ TRANSMISSÃO DO DIREITO À INDENIZAÇÃO DESDE QUE A VÍTIMA TENHA SENTIDO EM VIDA A DOR - mesmo que o ofendido não tenha proposto a ação, seus herdeiros têm direito a fazê-lo.
 
		Fundamento: [art. 943, NCC]
NCC
Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança.
dano moral X pessoa jurídica - embora a pessoa jurídica não tenha direitos da personalidade, reconhece-se a possibilidade de sofrer dano moral em decorrência de ofensa à honra objetiva. 
Segundo alguns doutrinadores (corrente minoritária) a pessoa jurídica não poderia sofrer dano moral uma vez que este pressupõe afetação do complexo anímico e não haveria como se admitir a dor psíquica da pessoa jurídica. O que se reconheceria seria o abalo financeiro da entidade. A pessoa jurídica teria direito a uma indenização, mas em decorrência do dano material (reflexo patrimonial) e não de dano moral. 
STJ – reconhece a possibilidade do dano moral. [Súmula 227 STJ]
Súmula 227 STJ
A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.
HONRA
	a)aspecto interno ou subjetivo - caracterizada pela dignidade, decoro e autoestima, sentimentos nascidos da consciência das virtudes ou do valor moral que cada um tem de si.
		é próprio da pessoa natural.
	b)aspecto externo ou objetivo - reflexo na reputação, renome, imagem social.
		atinge tanto a pessoa natural como a pessoa jurídica.
O fundamento para o reconhecimento do dano moral sofrido pela pessoa jurídica é a ofensa da sua honra objetiva.
ENUNCIADO 189 – JORNADAS CJF
189 – Art. 927: Na responsabilidade civil por dano moral causado à pessoa jurídica, o fato lesivo, como dano eventual, deve ser devidamente demonstrado.
DANO ESTÉTICO - Em teoria, a deformidade física pode acarretar DANO PATRIMONIAL (redução da capacidade laborativa) ou DANO MORAL (vexame, humilhação).
É toda alteração morfológica do indivíduo que, além do aleijão, abrange as deformidades ou deformações, marcas e defeitos, ainda que mínimos, e que impliquem, sob qualquer aspecto, um afeamento da vítima, consistindo numa simples lesão desgostante ou num permanente motivo de exposição ao ridículo ou de complexo de inferioridade, exercendo ou não influência sobre sua capacidade laborativa. [art. 950 e parágrafo único, NCC]
	Para o STJ, porém (RSTJ, 105/332), o DANO ESTÉTICO é uma TERCEIRA CATEGORIA (alteração morfológica que agride à visão), diversa da angústia e aflição da vítima (que seria o dano moral); logo, se cumula com o DANO MATERIAL E O MORAL. O fundamento dessa posição foi o art. 1.538, § 1º, CC/16, não reproduzido no CC/02, embora possa estar implicitamente abrangido no art. 949, última parte: “algum outro prejuízo”.
SÚMULA 387 STJ
É possível a acumulação das indenizações de dano estético e moral
Segundo o entendimento firmado, cabe a acumulação de ambos os danos quando, ainda que decorrentes do mesmo fato, é possível a identificação separada de cada um deles. O STJ, já seguia o entendimento de que é permitido cumular valores autônomos, um fixado a título de dano moral e outro a título de dano estético, derivados do mesmo fato, quando forem passíveis de apuração separada, com causas inconfundíveis.
DANO À IMAGEM [art. 20 e seu parágrafo único, NCC] - o uso indevido da imagem pode acarretar:
 	DANO MATERIAL: sempre que houver exploração econômica sem autorização;
 	DANO MORAL: se a imagem for utilizada de forma humilhante e vexatória.
A imagem não é um bem absoluto. Não haverá direito de indenização no caso de foto de uma pessoa no contexto da imagem publicada no jornal.
NCC
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
Todavia, se a publicação possuir finalidade econômica, é devida a indenização. Sobre o ponto, assim dispõe a súmula 403 do STJ:
403 - Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais.
	-valor da indenização: não pode ser o mesmo que se obteria pela utilização autorizada.Fundamento: o caráter sancionatório da indenização por dano moral.
DANOS MORAIS CAUSADOS PELA IMPRENSA – 
 	-princípios reciprocamente limitantes: CF/88, arts. 5º, IX e 220, §§. 2º e 2º; art. 5º, V e X
	-a imprensa não está obrigada a APURAR A VERACIDADE DOS FATOS ANTES DE DIVULGÁ-LOS, POR CONTA DA URGÊNCIA DA NOTÍCIA, mas não pode violar a intimidade, a honra, a imagem de outrem. Nesse caso ela não poderá dar o fato como certo.
	-não pode agir sem cuidado e nem com sensacionalismo.
	-quem se responsabiliza: 
		-AUTOR DA NOTÍCIA
		-PROPRIETÁRIO DO VEÍCULO DE DIVULGAÇÃO
Súmula 221 STJ
São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano decorrente de publicação pela imprensa tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de divulgação.
O titular de blog é responsável pela reparação dos danos morais decorrentes da inserção, em seu site, por sua conta e risco, de artigo escrito por terceiro (STJ - 3ª Turma. REsp 1.381.610-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 3/9/2013).
O STJ decidiu que o jornal não tem o dever de indenizar em razão de ter publicado uma matéria de interesse público na qual tenha apontado a existência de investigações sobre crime que teria sido supostamente cometido por um agente público, ainda que posteriormente ele tenha sido absolvido das acusações.
Para a responsabilização da imprensa pelos fatos por ela reportados, não basta a divulgação de informação falsa. Exige-se prova de que o agente divulgador conhecia ou poderia conhecer a falsidade da informação propalada, o que configuraria abuso do direito de informação (STJ - 3ª Turma. REsp 1.297.567-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/5/2013).
dano moral em anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito quando preexistente legÍtima inscrição: não cabe indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento.
SÚMULA 385 STJ
Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento.
dano moral e devolução indevida de cheque: a devolução indevida de cheque caracteriza dano moral, independentemente da prova do prejuízo sofrido pela vítima. Segundo entendimento do STJ, a devolução indevida do cheque por culpa do banco prescinde da prova do prejuízo, e independe que tenha sido devidamente pago quando reapresentado, ou ainda que não tenha ocorrido a inscrição do correntista nos serviços de proteção ao crédito.
Súmula 388 STJ
A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral.
8.3 Teoria do PUNITIVE DAMAGE
É uma teoria muito aplicada nos EUA.
A indenização tem um caráter punitivo, disciplinador (natureza de pena privada). Tal caráter disciplinador é de natureza meramente acessória (teoria do desestímulo mitigada). Não há como atribuir à reparação moral uma natureza punitiva pura. Assim, esse caráter pedagógico somente é possível quando houver reparação (principal). Tal orientação tem imperado no STJ, que entende o valor do dano deve ter uma dupla função, de reparar o dano, buscando minimizar a dor da vítima e punir o ofensor, para que não volte a reincidir.
A questão está prevista no Enunciado 379 do CJF: O art. 944, caput, do Código Civil não afasta a possibilidade de se reconhecer a função punitiva ou pedagógica da responsabilidade civil.
O próprio STF já aplicou tal teoria: (STF, AI 455.846, Rel. Min. Celso de Mello, Informativo 364).
Essa teoria NÃO é generalizada no Brasil, mas se o PROJETO 6960/02 for convertido em lei, será acrescentado um § 2o. no artigo 944, que irá determinar que a reparação do dano moral deve reparar a vítima e deve DESESTIMULAR (efeito pedagógico) o infrator. EXEMPLO: a vítima merece 10, mas o infrator será condenado a 20; 10 a título de reparação e mais 10 como pena. Atualmente reverte-se em favor da vítima.
Vale consignar que, consoante o STJ, é inadequado pretender conferir à reparação civil dos danos ambientais caráter punitivo imediato, pois a punição é função que incumbe ao direito penal e administrativo. Assim, não há que se falar em danos punitivos (punitive damages) no caso de danos ambientais, haja vista que a responsabilidade civil por dano ambiental prescinde da culpa e revestir a compensação de caráter punitivo propiciaria o bis in idem (pois, como firmado, a punição imediata é tarefa específica do direito administrativo e penal). Tal entendimento foi afirmado em sede de recurso repetitivo (Resp 1.354.536-SE, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26/3/2014 pela 2ª Seção - Info 538).
ATENÇÃO: DES. GUILHERME CALMON (contrário à punitive-damages, exceto no dano moral, pela impossibilidade de fixação de critérios objetivos): O valor do ressarcimento está na razão direta da extensão do dan... já que o aspecto punitivo é considerado, em sendo o caso, no campo da responsabilidade penal, hipótese em que é fundamental a aferição do elemento subjetivo do agente. Exceção: o dano moral pode ter finalidade punitiva. Registre-se, ainda, que no sistema jurídico brasileiro, os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade na fixação do quantum indenizatório pecuniário se orientam em direção contrária à teoria do desestímulo , oriunda do direito norte-americano com a noção dos punitive-damages.
TRF2: IV - A aplicação irrestrita das "punitive damages" encontra óbice regulador no ordenamento jurídico pátrio que, anteriormente à entrada do Código Civil de 2002, vedava o enriquecimento sem causa como princípio informador do direito e após a novel codificação civilista, passou a prescrevê-la expressamente, mais especificamente, no art. 884 do Código Civil de 2002 (STJ - AGA 850.273, Rel. Desemb. Convoc. Honildo Amaral de Mello Castro, 4ª Turma, DJE de 24/08/2010). Doutrina. (201302010022432 - AGRAVO DE INSTRUMENTO, 14/4/2014)
ATENÇÃO: DES. GUILHERME CALMON: Obrigação indeterminada: A obrigação indeterminada decorre da impossibilidade de imediata identificação , quando do nascimento da obrigação , acerca da espécie de prestação (de dar, fazer ou não fazer; de reparar in natura ou em equivalente) que o devedor deverá pagar em favor do credor.
ATENÇÃO: DES. GUILHERME CALMON: 
INDENIZAÇÃO
A noção reparação do dano abrange a indenização, ou seja, tornar indene o prejuízo. Contudo, há determinadas classes e categorias de danos que não admitem o retorno situação anterior à data do evento lesivo, como no exemplo da morte de pessoa vítima de homicídio praticado pelo ofensor.
O princípio do restitutio in integrum representa o ideal de buscar , na medida do possível, a recolocação da vítima na situação anterior à lesão sofrida.
Porém o CC 2002 consagrou o fenômeno da relativização do princípio do ressarcimento integral como perspectiva da responsabilidade civil conteporânea, associado ao grau de culpa na conduta do ofensor. “...se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir , equitativamente, a indenização.” 
SUBSTITUIÇÃO DA VALOR DA INDENIZAÇÃO
O principal critério para a valoração da indenização está no princípio da reparação integral (restitutio in integrum), de modo que o infrator está obrigado a reparar todos os danos, sejam eles diretos ou indiretos, previsíveis ou imprevisíveis, negociais ou extranegociais. Nas ações de reparação de dano deve-se preferir à restituição ao status quo ante da vítima, impondo obrigações ao ofensor de restituir integralmente o dano, mediante obrigação de dar ou fazer (e até não fazer) a fim de afastar todas as consequências decorrentes do evento danoso, como, por exemplo: custear um tratamento; adquirir uma prótese, custear a reabilitação etc., de modo que a opção pela indenização pecuniária seja feita apenas quando não for possível – ou extremamente oneroso ao ofensor – a restituição integral.
Para fins de identificação do modo de reparação do dano, deve-se buscar outras formas, afastando-se paulatinamentedo tradicional mecanismo de indenização pecuniária.
Não é possível continuar com a lógica essencialmente patrimonial, segundo a qual mesmo em casos de lesão à dignidade seja invocada a indenização pecuniária. Não se deve admitir a mercantilização das relações patrimoniais, notadamente em razão do reconhecimento dos valores e princípios constitucionais, em especial a dignidade da pessoa humana e a tutela da personalidade como cláusula geral no sistema jurídico brasileiro.
Obrigação indeterminada
Guilherme Calmon considera que o dever de indenizar o dano é uma obrigação indeterminada, em face da impossibilidade da imediata identificação acerca da espécie de prestação que o devedor deverá pagar em favor do credor.
No âmbito da responsabilidade civil extracontratual há o ilícito absoluto, em razão da violação ao dever genérico de cuidado, enquanto na responsabilidade civil negocial ocorre o ilícito relativo (inadimplemento da obrigação negocial).
MODOS DE REPARAÇÃO DOS DANOS
Em relação aos modos de reparar os danos, destacam-se duas formas: a) reparação in natura ou específica; b) reparação equivalente ou indenização como sanção indireta, para reequilibrar a situação jurídica do ofendido (944, caput, CC). Para o autor, o juiz deverá, sempre que possível, optar pela reparação específica, de modo que a reparação pecuniária somente deverá ser empregada se a categoria do dano não comportar a reparação in natura, como é o caso do dano moral em decorrência de homicídio.
Definição da indenização em caso de morte
 -indenização consiste em (art. 948 do CC):
 	i)pagamento das despesas com tratamento da vítima, funeral e o luto da família;
ii)prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima.
	Vida média para efeitos de arbitramento de pensão alimentícia: entre 65 e 70 anos.
		se o morto tiver mais de 70 anos: presunção de uma sobrevida de 5 anos.
 -legitimados: o art. 948, II (pensão alimentícia) traz hipótese de dependência econômica presumida, para os demais haverá a necessidade de se provar a dependência.
-se a vítima não tinha ganho fixo ou não foi possível prová-lo: indenização será arbitrada no valor de 1 SM.
morte de filho
 	-termo final do pensionamento: quando a vítima atingiria 65 anos, ou a sobrevida daqueles a serem indenizados.
filho menor: a jurisprudência entende que ainda que o filho fosse menor de idade, e não exercesse trabalho remunerado, será devida a indenização. Surge a discussão de quando seria o início da contagem, havendo entendimento pela idade de 14 anos, idade que o ordenamento constitucional permite o trabalho como aprendiz. (art. 7º, XXXIII, CF/88)
crítica da doutrina da época: o STF mascarou o reconhecimento por via transversa de um dano moral. Os pais não dependem do filho que não está trabalhando. Nesses casos não interessa se é pobre ou rico, os pais sempre terão indenização por dano moral.
SÚMULA 491 STF
É indenizável o acidente que cause a morte de filho menor, ainda que não exerça trabalho remunerado.
A orientação do Superior Tribunal DE JUSTIÇA está consolidada no sentido de fixar a indenização por morte de filho menor, com pensão de 2/3 do salário percebido (ou o salário mínimo, caso não exerça trabalho remunerado) até 25 anos e, a partir daí, reduzi-la para 1/3 do salário até a idade em que a vítima completaria 65 anos (STJ – 3a turma – Resp 1.279.173 – julgado em 04/04/2013).
morte dos pais - CESSA AOS 25 ANOS. (recebem até terminar o curso superior).
STJ tem farta jurisprudência que fixa a data limite ao recebimento de pensão concedida a filhos por morte de ascendente no momento em que aqueles completam 25 anos de idade. Tais precedentes partem de situação fática relativa à perda sofrida por filho menor de idade ou adulto jovem e adotam como premissa a ocorrência de dependência econômica deste em relação ao ascendente falecido, reconhecendo a necessidade de apoio financeiro para que o filho desenvolva sua existência. Nesse sentido, informativo 414 do STJ 
Definição da indenização em caso de INCAPACIDADE 
NCC
Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.
Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.
 	-conteúdo amplo da indenização: incluem-se cirurgias, fisioterapia, aparelhos em geral, etc. Tudo aquilo que razoavelmente se pode postular, haverá o pagamento do razoável dentro de uma expectativa aceitável (não seria possível exigir pagamento para tratamento no exterior).
ENUNCIADO n. 192 - Jornadas CJF
192 – Arts. 949 e 950: Os danos oriundos das situações previstas nos arts. 949 e 950 do código civil de 2002 devem ser analisados em conjunto, para o efeito de atribuir indenização por perdas e danos materiais, cumulada com dano moral e estético.
E SE A INCAPACIDADE FOI PARA UMA PROFISSÃO E NÃO PARA OUTRAS? Haverá indenização, salvo se se provar que a vítima trabalha em outra profissão sem constrangimento, que poderá haver adaptação para outra função.
 	-o prejudicado pode (direito potestativo) preferir o pagamento da indenização em uma só vez. [art. 950, parágrafo único, NCC] O magistrado não permitirá tal possibilidade se o infrator não tiver capacidade econômica para tal.
NCC
Art. 950.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez.
ENUNCIADO 48 CJF
48 – Art. 950, parágrafo único: o parágrafo único do art. 950 do novo Código Civil institui direito potestativo do lesado para exigir pagamento da indenização de uma só vez, mediante arbitramento do valor pelo juiz, atendidos os arts. 944 e 945 e a possibilidade econômica do ofensor.
Vale ressaltar que “o pagamento de uma só vez da pensão por indenização é faculdade estabelecida para a hipótese do caput do art. 950 do CC, que se refere apenas a defeito que diminua a capacidade laborativa, não se estendendo aos casos de falecimento” (STJ. 2ª Turma. REsp 1393577/PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 04/02/2014).
constituição de capital para garantia da pensão: matéria regida atualmente pelo art. 475-Q do CPC.
	revisão da indenização, em ação de revisão de pensão, com eficácia “ex nunc” – fundamento: art. 475, I e art. 475-Q, Par. 3º do CPC
 	-a indenização PREVIDENCIÁRIA e indenização cIVIL  não se compensam. Podem cumular, segundo posição majoritária do STJ. TRF2 tem decisão em sentido contrário: “Pedido de pensionamento mensal indeferido, uma vez que, conforme documentação acostada aos autos, a primeira autora já recebe pensão por morte, paga pela Previdência Social.” (200751010193113 - APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO, 15/3/2013)
 	-o SEGURO OBRIGATÓRIO e INDENIZAÇÃO CIVIL  se compensam (súmula 246 STJ: O valor do seguro obrigatório deve ser deduzido da indenização judicialmente fixada).
13º SALÁRIO deve integrar a pensão, mesmo que a vítima não trabalhasse quando de seu falecimento ou acidente.
CORREÇÃO MONETÁRIA 
 	Regra: sempre devida, desde a data do dano. [Súmula 490 STF; Súmula 43 STJ] [art. 395 do NCC]
NCC
Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
SÚMULA 43 STJ
Incide correção monetária sobre divida por ato ilícito a partir da data do efetivo prejuízo.
SÚMULA 490 STF
A pensão correspondente à indenização oriunda de responsabilidade civil deve ser

Continue navegando