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DIREITO CIVIL
Prof. Veridiana Rehbein
 
1 
 
MATERIAL DE APOIO 
DIREITO CIVIL - RESPONSABILIDADE CIVIL – PRIMEIRA FASE OAB 
 
 
 
Veridiana Maria Rehbein1 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1. Conceito; 2 Espécies de Responsabilidade; 3. Pressupostos; 4. Culpa (pressuposto 
da responsabilidade subjetiva); 5. Responsabilidade objetiva; 6. Dano; 7. Nexo de 
causalidade; 8. Indenização; 9. Legitimidade ativa para o pedido de reparação; 10. 
Legitimidade passiva nas ações reparatórias; 11. Responsabilidade por fato de terceiro; 
12. Responsabilidade decorrente de guarda ou propriedade; 13. A relação entre a 
responsabilidade civil e a criminal. 14. Marco civil da Internet. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 Mestre em Direito, Advogada e Professora da Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC e do Centro 
de Ensino Integrado Santa Cruz – CEISC. 
 
2 
 
A responsabilidade civil está em constante evolução em razão de vincular-se, 
necessariamente, ao modo de viver de cada tempo histórico. Diferentes produtos, 
serviços, práticas e comportamentos são capazes de gerar danos em novas 
circunstâncias. Busca a responsabilização civil o equilíbrio das relações jurídicas, 
conferindo certeza à reparabilidade do dano injusto. 
A responsabilidade civil se estabelece “a partir da relação entre um dever jurídico 
originário, decorrente de previsão normativa genérica ou específica, e um dever jurídico 
sucessivo, relativamente à consequência imputada ao agente que viola o primeiro dever” 
(MIRAGEM, 2015). Assim, a responsabilidade civil surge em face do descumprimento 
obrigacional, pela desobediência de uma regra estabelecida em um contrato, ou por 
deixar determinada pessoa de observar deveres jurídicos previstos em regras ou 
princípios. 
A base da compreensão necessária para a solução das questões de 
responsabilidade civil no exame de ordem é a diferenciação, primeiramente entre ilícito 
contratual (descumprimento do contrato) e ilícito extracontratual e, após, entre 
responsabilidade objetiva e subjetiva. 
Historicamente, os juristas fundamentam a reparação civil ou no dano ou na 
culpa. Aceitar o dano como fundamento da responsabilidade civil privilegia a 
reparação, porquanto basta que se cause um prejuízo para que surja o dever de 
repará-lo. Por sua vez, aceitar a culpa como fundamento da reparação civil 
importa limitar a imposição da responsabilidade e do consequente dever de 
indenizar ao sujeito que causou o dano culposamente, o que priva de reparação 
o dano causado sem culpa, assim como o causado por culpa quando não se 
conseguir produzir prova dela. (DONIZETTI e QUINTELLA 2017, p. 399). 
 
Em síntese, a responsabilidade objetiva facilita a reparação da vítima, uma vez 
que essa não terá que produzir a prova do agir culposo (negligência, imperícia e 
imprudência ou dolo). 
 
1. Conceito 
 
Entende-se por responsabilidade civil o dever de reparação dos danos causados 
em decorrência da violação de um dever jurídico preexistente. Esse dever jurídico 
preexistente pode decorrer de um contrato ou da não observância de preceitos 
normativos gerais. Assim, o Direito brasileiro protege as pessoas que sofrem dano, 
 
3 
 
impondo ao autor do ato que deu causa ao prejuízo o dever de reparar. Dessa forma, 
respondem pelo dano o seu causador, aquele que responde pelos atos do causador, e 
também o dono da coisa ou de animal que causa o dano (aqueles a quem a lei imputa o 
dever de reparar). 
 Nesse passo, é possível estabelecer a responsabilidade civil como consequência 
dos danos causados em decorrência de culpa (ato ilícito em sentido estrito) ou por 
determinação legal (fato da coisa, abuso de direito ou risco da atividade) que 
corresponde à responsabilidade objetiva. 
Em sentido estrito, o ato ilícito é o conjunto de pressupostos da responsabilidade 
– ou, se preferirmos, da obrigação de indenizar. Na verdade, a responsabilidade 
civil é um fenômeno complexo, oriundo de requisitos diversos intimamente 
unidos; surge e se caracteriza uma vez que seus elementos se integram. Na 
responsabilidade subjetiva, como veremos, serão necessários, além da conduta 
ilícita, a culpa, o dano e o nexo causal. Esse é o sentido do art. 186 do Código 
Civil. A culpa está ali inserida como um dos pressupostos da responsabilidade 
subjetiva. A culpa é, efetivamente, o fundamento básico da responsabilidade 
subjetiva, elemento nuclear do ato ilícito que lhe dá causa. Já na 
responsabilidade objetiva a culpa não integra os pressupostos necessários para 
sua configuração (CAVALIERI FILHO, 2019). 
 
O objetivo da relação obrigacional de responsabilidade civil será sempre o dever 
de indenizar (reparar), aí entendido o dever de responder com seu patrimônio pela 
reparação da vítima do dano ao qual se lhe imputa responsável. (MIRAGEM, 2015) 
Assim, são os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem 
que ficam sujeitos à reparação do dano causado (artigos 391 e 942). 
 
2. Espécies de Responsabilidade 
 
O dano pode decorrer do descumprimento de um contrato, caso em que haverá a 
denominada responsabilidade civil contratual ou negocial, ou do descumprimento de um 
dever jurídico decorrente da lei, o que gera a responsabilidade civil extracontratual ou 
aquiliana. A responsabilidade também se subdivide em subjetiva e objetiva e direta e 
indireta. 
 
 
 
4 
 
Responsabilidade 
contratual: aquela 
decorrente de inexecução 
ou infração em contrato 
firmado pelas partes. 
Prevista no Código Civil 
como perdas e danos. 
Responsabilidade 
extracontratual ou 
aquiliana: decorre de ato 
ilícito. Tem por fonte a 
inobservância da lei, pois 
não há negócio jurídico 
anterior entre as partes. 
Responsabilidade 
objetiva: se funda no risco, 
com origem em 
determinação legal, 
independentemente de 
culpa do agente. 
Responsabilidade 
subjetiva: depende de 
demonstração de culpa do 
agente – art. 186. 
 
Responsabilidade direta: 
quando o fato é imputado 
ao agente por conduta 
própria; responsabilidade 
por ato próprio. 
 
Responsabilidade 
indireta ou complexa: 
incide sobre o agente por 
ato de terceiro (exemplo: 
artigo 932 CC). 
 
 
3. Pressupostos 
 
Inexiste consenso doutrinário sobre a identificação precisa e/ou denominação dos 
elementos ou pressupostos da responsabilidade civil. No entanto, é inquestionável para 
qualquer teoria doutrinária que a responsabilidade civil exige ocorrência de dano, nexo 
de causalidade e ato/fato/atividade do causador ou responsável. Doutrinadores 
contemporâneos, mais atentos a crescente incidência de atividades de risco e da 
consequente responsabilização objetiva, inserem o requisito culpa como elemento 
apenas da responsabilidade subjetiva. 
Assim, são pressupostos da responsabilidade subjetiva: a) dano, que pode ser 
material ou moral (individual ou coletivo); estético e aquele decorrente da perda de uma 
chance (que não se enquadra necessariamente no conceito de dano moral ou material); 
b) ato Ilícito; c) nexo de causalidade e; d) culpa. 
São pressupostos da responsabilidade objetiva: a) dano, que pode ser material 
ou moral (individual ou coletivo); estético e aquele decorrente da perda de uma chance 
(que não se enquadra necessariamente no conceito de dano moral ou material); b) ato 
ilícito/antijurídico e; c) nexo de causalidade. 
 
5 
 
A partir de tais pressupostos podemos definir como ato ilícito em sentido amplo 
(antijurídico) aquele contrário à lei ou ao direito (como causar dano injusto a outra 
pessoa); o dano é o prejuízo (moral ou material – coletivo ou individual; estético ou a 
perda de uma chance) experimentado pela vítima; nexo de causalidade é o vínculo 
lógico entre determinada conduta antijurídica do agente e o dano experimentado pela 
vítima; por fim, a culpabilidade é um juízo de censura à conduta do agente, de 
reprovabilidade pelo direito, decorrente de dolo, negligência, imprudência ou imperícia. 
A responsabilização objetiva tem os mesmos pressupostos,exceto a 
culpabilidade. Diz-se que a responsabilidade objetiva se dá independentemente de 
culpa. 
O artigo 927 trata das duas espécies de responsabilidade civil: 
 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 
186 e 187), causar dano a outrem, fica 
obrigado a repará-lo. 
 
Subjetiva 
*Observe, contudo, que o entendimento 
preponderante e atual é o de que a 
responsabilidade por abuso de direito 
(187) é objetiva. 
Parágrafo único. Haverá obrigação de 
reparar o dano, independentemente de 
culpa, nos casos especificados em lei, ou 
quando a atividade normalmente 
desenvolvida pelo autor do dano implicar, 
por sua natureza, risco para os direitos de 
outrem. 
Objetiva 
 
O ato ilícito em sentido estrito, que irá fundamentar a responsabilidade subjetiva, 
encontra-se definido no art. 186 do CC: 
 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, 
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato 
ilícito. 
 
 
6 
 
O artigo 187 dispõe sobre o abuso de direito que também configura ilicitude. 
 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede 
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou 
pelos bons costumes. 
 
Segundo Cavalieri Filho (2019) “o Código, após conceituar ato ilícito em sentido 
estrito em seu artigo 186, formulou outro conceito de ato ilícito, mais abrangente, no seu 
artigo 187, no qual a culpa não figura como elemento integrante, mas sim os limites 
impostos pela boa-fé, bons costumes e o fim econômico ou social do Direito”. 
É majoritário o entendimento doutrinário no sentido de que é objetiva a 
responsabilidade decorrente do abuso de direito, neste sentido o enunciado 37 da I 
Jornada de Direito Civil, promovida pelo Conselho da Justiça Federal: “A 
responsabilidade civil decorrente do abuso do direito independe de culpa e fundamenta-
se somente no critério objetivo-finalístico”. 
O artigo 188 afasta a ilicitude do ato em algumas circunstâncias. Alguns autores 
denominam “causas de justificação” outros “excludentes de antijuridicidade”. 
 
Art. 188. Não constituem atos ilícitos: 
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; 
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover 
perigo iminente. 
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as 
circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do 
indispensável para a remoção do perigo. 
 
Cuidado: independentemente da excludente de ilicitude, o dano causado em 
estado de necessidade (inciso II) pode gerar o dever de indenizar (artigos 929 e 930). 
 
 
 
 
7 
 
4. Culpa (pressuposto da responsabilidade subjetiva) 
 
Lembre-se que no Direito Civil a culpa é utilizada em sentido amplo, compreende 
o dolo e a culpa em sentido estrito. O conceito de culpa está, de modo objetivo, delineado 
pelo art. 186 do CC, mas sua compreensão é ampliada por entendimentos doutrinários 
e jurisprudenciais. Nesse passo, podemos estabelecer que a culpa, para a reparação 
civil, envolve a ação ou omissão que viola direito ou causa prejuízo a outrem. 
A culpa pode empenhar ação ou omissão e revela-se através: da imprudência 
(comportamento açodado, precipitado, apressado, exagerado ou excessivo); 
da negligência (quando o agente se omite, deixa de agir quando deveria fazê-lo 
e deixa de observar regras subministradas pelo bom senso, que recomendam 
cuidado, atenção e zelo); e da imperícia (a atuação profissional sem o 
necessário conhecimento técnico ou científico que desqualifica o resultado e 
conduz ao dano) (STOCO, 2015). 
 
Em síntese, cite-se as duas principais espécies de culpa: a) culpa in committendo/ 
procedendo: trata-se da culpa por erro de procedimento, ou seja, por ação equivocada 
atribuída ao próprio agente, gerando-se o dever de indenizar. Relaciona-se com a 
imprudência. Ex.: quando um motorista em excesso de velocidade causa um acidente; 
b) Culpa in omittendo: trata-se de culpa por erro de conduta, mas relaciona-se à omissão 
(negligência). Ex.: quando o médico deixa de solicitar um exame indispensável. 
Falava-se também em modalidades de culpa quanto a sua presunção: a) culpa in 
vigilando (quebra do dever de vigilância); b) culpa in eligendo (culpa decorrente da 
escolha ou eleição); c) culpa in custodiendo (falta de cuidado em se guardar uma coisa 
ou animal). Contudo, as situações nas quais antes se presumia culpa, hoje 
acarretam responsabilidade objetiva, como, por exemplo, a responsabilidade dos 
pais pelos danos causados pelos filhos, a responsabilidade do empregador por 
atos do empregado e a responsabilidade do dono ou detentor do animal. 
Cuidado: Em razão do disposto no artigo 933, do CC, a súmula 341 do STF (é 
presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto) 
restou desprovida de sentido. 
 
 
 
 
8 
 
5. Responsabilidade objetiva 
 
Trata-se da responsabilidade civil decorrente de determinação legal, seja pela 
natureza da atividade desenvolvida pelo agente ou pelo risco inerente a ela. 
 
A responsabilidade subjetiva continua fulcrada no ato ilícito stricto sensu (art. 
186), com aplicação nas relações interindividuais, e o ato ilícito em sentido 
amplo é o fato gerador da responsabilidade objetiva e tem por campo de 
incidência as relações entre o indivíduo e o grupo (Estado, empresas, 
fornecedores de serviços, produtos etc.). (CAVALIERI FILHO, 2019) 
 
Na sociedade contemporânea, a grande diversidade e quantidade de produtos e 
serviços (na sua maioria com uso de tecnologia e decorrentes de conhecimentos das 
mais variadas áreas), traz consigo riscos decorrentes do progresso técnico-econômico. 
Isso implica a criação de contínuos processos de distribuição destes mesmos 
riscos, segundo critérios afirmados pelo Direito, especialmente firmados sobre a 
noção de ganho decorrente da geração do risco, ou ainda, sua diluição conforme 
a maior aptidão para internalização dos custos e sua distribuição à sociedade. 
Eis aqui a justificativa das variadas hipóteses de responsabilidade objetiva, em 
que não se exige a demonstração de culpa para a imputação do dever de 
indenizar, uma vez que a causalidade se atribui, em termos abstratos, a 
determinada atividade, cujo responsável, por sua posição, será chamado a 
responder pelos danos que porventura dela decorrerem”. (MIRAGEM, 2015, 
p.38). 
 
Quanto à natureza da atividade, veja-se que o art. 927, parágrafo único do CC, 
estabelece a responsabilidade objetiva em situações específicas: quando a lei 
determinar ou quando a atividade for de risco. Um exemplo de responsabilidade objetiva 
determinada em lei é o contrato de transporte de pessoas e coisas, em que a 
responsabilidade pela reparação civil ocorre independentemente de culpa do 
transportador. 
Para facilitar a compreensão de atividades que, por sua natureza, implicam em 
risco, surgiram teorias do risco, veja as principais: 
 
Teoria do risco administrativo: responsabilidade objetiva do Estado. Ex: Art. 37, §6º, 
CF. 
Teoria do risco criado: quando o agente cria o risco. Ex: Art. 938, CC. 
Teoria do risco da atividade: quando a atividade cria riscos a terceiros. Ex.: postos de 
combustíveis 
 
9 
 
Teoria do risco-proveito: o risco decorre de uma atividade lucrativa. Ex.: Direito do 
Consumidor 
Teoria do risco integral: não há excludentes do nexo de causalidade, desde que o dano 
seja conexo à atividade. Ex.: dano ambiental 
 
Ainda quanto ao risco da atividade, vemos o exemplo de transportador de 
produtos perigosos que, mesmo em caso de acidente causado por outrem, tem 
responsabilidade por danos ambientais causados (individuais ou coletivos). Veja outro 
exemplo de atividade de risco em uma questão sobre o tema: 
 
(VI Exame – reaplicação). A sociedade de transporte de valores“Transporte Blindado 
Ltda.”, na noite do dia 22/7/11, teve seu veículo atingido por tiros de fuzil disparados 
por um franco atirador. Em virtude da ação criminosa, o motorista do carro forte perdeu 
o controle da direção e atingiu frontalmente Rodrigo Cerdeira, estudante de Farmácia, 
que estava no abrigo do ponto de ônibus em frente à Universidade onde estuda. 
Devido ao atropelamento, Rodrigo permaneceu por sete dias na UTI, mas não resistiu 
aos ferimentos e veio a óbito. Com base no fato narrado, assinale a assertiva correta. 
(A) Configura-se hipótese de responsabilidade civil objetiva da empresa 
proprietária do carro forte com base na teoria do risco proveito, decorrente do 
risco da atividade desenvolvida. 
(B) Não há na hipótese em apreço a configuração da responsabilidade civil da empresa 
de transporte de valores, uma vez que presente a culpa exclusiva de terceiro, qual 
seja, do franco atirador. 
(C) Não há na hipótese a configuração da responsabilidade civil da empresa 
proprietária do carro forte, uma vez que presente a ausência de culpa do motorista do 
carro forte. 
(D) Configura-se hipótese de responsabilidade civil objetiva da empresa proprietária 
do carro forte com base na teoria do empreendimento. 
 
Gabarito: “A” 
 
 
10 
 
Lembre-se que na responsabilidade objetiva não há a necessidade de 
comprovação de culpa e, quando se tratar de risco integral, nem o caso fortuito e a 
força maior são capazes de afastá-la (como nos casos de danos ao meio ambiente e do 
seguro obrigatório de veículos automotores). 
Exemplos de responsabilidade objetiva (independentemente de culpa): 
• A responsabilidade civil nas relações de consumo é, em regra, objetiva, a única 
exceção é aquela dos profissionais liberais (art. 14, §4º, CDC); 
• A responsabilidade civil decorrente de abuso de direito (art. 187) independe de 
culpa e fundamenta-se somente no critério objetivo-finalístico (Enunciado 37 
da I Jornada de Direito Civil e entendimento preponderante da doutrina); 
• Responsabilidade por fato de terceiro (art. 933); 
• Responsabilidade pelo fato do animal (art. 936); 
• Responsabilidade pela ruína de edifício ou construção (art. 937); 
• Responsabilidade do habitante de prédio pelos danos provenientes das coisas 
que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido (art. 938). 
 
6. Dano 
 
O dano recebe outras denominações e o examinando precisa ficar atento, muitas 
vezes a lei menciona perdas e danos ou prejuízos reparáveis, por exemplo. Corresponde 
aos prejuízos experimentados pela vítima. Inicialmente dividia-se apenas em danos 
morais (extrapatrimoniais) e materiais (patrimoniais). Atualmente, por força da súmula 
387 do STJ (é lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral), o 
direito brasileiro admite uma terceira categoria, a dos danos denominados estéticos. 
Por fim e mais recentemente, a admissão da reparabilidade da perda de uma 
chance que, conforme enunciado 444 da V Jornada de Direito Civil do CJF, “não se 
limita à categoria de danos extrapatrimoniais, pois, conforme as circunstâncias do caso 
concreto, a chance perdida pode apresentar também a natureza jurídica de dano 
patrimonial”, ou seja, por não se enquadrar especificamente em danos materiais ou 
morais (nem estéticos), pode ser considerada uma quarta modalidade de dano. 
Em relação ao público atingido (vítimas) o dano pode ser individual 
(experimentado pela pessoa, tanto moral quanto material); ou coletivo, que atinge uma 
 
11 
 
coletividade de pessoas (como aquele causado ao meio ambiente, a direitos sociais, às 
relações de consumo, etc.). 
O dano material desdobra-se em dano positivo ou emergente, que 
corresponde ao prejuízo já sofrido, ou seja, à redução já experimentada na riqueza da 
vítima (como por exemplo as despesas médicas ocorridas para tratamento de vítima de 
atropelamento); e em danos negativos ou lucro cessante, que corresponde aos 
valores que, a despeito de eventual dispêndio, não foram auferidos pela vítima em razão 
do evento danoso. É o que ocorre, por exemplo, nos lucros que a vítima deixa de auferir, 
ou o negócio que deixa de realizar, ou mesmo a renda que deixa de ter (art. 402). 
Em relação aos danos morais, o entendimento que prevalece no direito brasileiro 
é o que o compreende como decorrente da lesão aos direitos de personalidade. Deve-
se utilizar especialmente a expressão compensação, pois a indenização servirá como 
derivativo ou sucedâneo e não como ressarcimento. 
Lembre-se que pessoa jurídica também pode sofrer dano moral: 
 
Dano moral sofrido por 
pessoa jurídica. 
Art. 52, CC: Aplica-se às 
pessoas jurídicas, no que 
couber, a proteção dos 
direitos da personalidade. 
Súmula 227 do STJ: A 
pessoa jurídica pode sofrer 
dano moral. 
Honra objetiva: que 
compreende sua 
reputação, seu bom nome 
e sua fama perante a 
sociedade e o meio 
profissional. 
 
A jurisprudência consolidada dos tribunais superiores considera, em algumas 
situações, que não há necessidade de prova do dano moral, é o denominado dano moral 
presumido ou in re ipsa, aquele que decorre da gravidade do evento danoso. Como no 
caso de lesão física grave e nas situações abaixo, sumuladas pelo STJ: 
 
Súmula 385 - Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe 
indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o 
direito ao cancelamento. 
 
12 
 
Súmula 388 - A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral. 
Súmula 403 - Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não 
autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais. 
 
7. Nexo de causalidade 
 
Refere-se à vinculação ou liame jurídico que liga o fato, os danos experimentados 
e a responsabilidade do agente. “Não basta ter ocorrido um ato conforme ou contrário a 
direito e ter alguém sofrido um dano: somente há responsabilidade civil se for provada a 
relação causal – nexo de causalidade – entre o ato e o dano” (DONIZETTI e QUINTELLA, 
2017, p. 413). Observe, contudo, que nexo de causalidade não é o mesmo que culpa: 
 
 
 
O nexo de causalidade é afastado (integral ou parcialmente) por ocasião de: 
a) culpa/fato exclusivo da vítima: quando a vítima fora a causadora do fato ou 
dos danos; 
b) culpa/fato concorrente da vítima: estabelece responsabilidade conjunta ou 
partida entre o agente e a vítima, eis que houve contribuição de ambos para a 
persecução do fato e danos experimentados, sendo apurada a responsabilidade de 
acordo com a contribuição de cada parte para o evento. Aqui não há o rompimento do 
nexo de causalidade, mas responsabilidade conjunta. 
O artigo 945 do CC trata da hipótese de concorrência de culpas: se a vítima tiver 
concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se 
em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano. Observe-se, 
contudo, que embora o artigo faça referência à “culpabilidade”, o fato da vítima 
Nexo causal
Relação de 
causa e efeito
Imputação 
objetiva
Culpa
O sujeito 
poderia ter 
agido de forma 
diferente.
Imputação 
subjetiva
 
13 
 
(concorrência de causas) também acarretará divisão de responsabilidade. Nesse 
sentido, veja o enunciado 459, da V Jornada de Direito Civil: 
 
A conduta da vítima pode ser fator atenuante do nexo de causalidade na 
responsabilidade civil objetiva. 
 
Mais recentemente, na VIII Jornada de Direito Civil, o enunciado 630 esclarece a 
correta interpretação que deve ser dada ao artigo 945: 
 
Culpas não se compensam. Para os efeitos do art. 945 do Código Civil, 
cabe observar os seguintes critérios: (i) há diminuição do quantum da reparação 
do dano causado quando, ao lado da conduta do lesante, verifica-se ação ou omissão 
do próprio lesado da qual resulta o dano, ou o seu agravamento, desde que (ii) 
reportadas ambas as condutas a um mesmo fato, ou ao mesmo fundamento de 
imputação, conquantopossam ser simultâneas ou sucessivas, devendo-se considerar 
o percentual causal do agir de cada um. 
 
c) culpa/fato de terceiro: situações em que a culpa/fato decorre de terceiro (pessoa 
diversa foi a causadora do dano); 
d) caso fortuito ou força maior: evento alheio às partes, decorrente de fato imprevisível 
ou inevitável, afastando a responsabilidade pela reparação (salvo exceções). 
A previsão do caso fortuito e de força maior como eventos que rompem o nexo de 
causalidade se dá nos termos do parágrafo único, do art. 393, do CC, que estabelece: 
 
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos 
efeitos não era possível evitar ou impedir. 
 
Em relação ao caso fortuito, é importante observar que na responsabilidade 
objetiva, eventos inerentes (conexos) à atividade configuram caso fortuito interno e 
não afastam o dever de indenizar. “Diz-se, assim, caso fortuito interno, porque o risco 
representado pelo fato é inerente, interno à conduta ou à atividade do agente, de modo 
que deve responder quando dele decorra o dano. Distingue-se, nesse particular, do caso 
 
14 
 
fortuito externo (ou força maior), em que o dano decorre de causa completamente 
estranha à conduta do agente (MIRAGEM, 2015, p. 247). Veja o enunciado da V Jornada 
de Direito Civil: 
 
Enunciado 443: O caso fortuito e a força maior somente serão considerados como 
excludentes da responsabilidade civil quando o fato gerador do dano não for conexo 
à atividade desenvolvida. 
 
Observe o entendimento sumulado do STJ quanto aos riscos inerente às 
instituições financeiras: 
 
Súmula 479 - As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos 
gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no 
âmbito de operações bancárias. 
 
 
 
Como exemplo de fortuito externo (que afasta o dever de indenizar), a 
jurisprudência do STJ tem reconhecido que o roubo dentro de ônibus, por se tratar de 
fato de terceiro inteiramente independente ao transporte em si, afasta a responsabilidade 
da empresa transportadora por danos causados aos passageiros (IJ 627, junho de 2018). 
 
A culpa de terceiro rompe o nexo causal entre o dano e a conduta do transportador 
quando o modo de agir daquele (terceiro) puder ser equiparado a caso fortuito, isto é, 
quando for imprevisível e autônomo, sem origem ou relação com o comportamento da 
própria empresa (REsp 1136885/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA 
TURMA, julgado em 28/02/2012, DJe 07/03/2012). 
CA
SO
 
FO
RT
U
IT
O RISCO 
INERENTE
CA
SO
 
FO
RT
U
IT
O FORTUITO 
INTERNO
CA
SO
 
FO
RT
U
IT
O NÃO AFASTA 
O DEVER DE 
INDENIZAR
 
15 
 
Entendimento este consolidado, inclusive, no âmbito da Segunda Seção do STJ, no 
sentido de que o ato de terceiro que seja doloso ou alheio aos riscos próprios da 
atividade explorada, é fato estranho à atividade do transportador, caracterizando-se 
como fortuito externo, equiparável à força maior, rompendo o nexo causal e excluindo 
a responsabilidade civil do fornecedor (EREsp 1318095/MG, Rel. Ministro RAUL 
ARAÚJO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 22/02/2017, DJe 14/03/2017). 
Nessa linha de entendimento, por exemplo, a jurisprudência do STJ reconhece 
que o roubo dentro de ônibus configura hipótese de fortuito externo, por se tratar 
de fato de terceiro inteiramente independente ao transporte em si, afastando-se, 
com isso, a responsabilidade da empresa transportadora por danos causados 
aos passageiros (REsp 1728068/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, 
TERCEIRA TURMA, julgado em 05/06/2018, DJe 08/06/2018). 
Decisão monocrática no REsp 1817206, julgado em 30/10/2019. 
 
Recebe a mesma interpretação o dano causado por pedra arremessada contra 
ônibus: “nos moldes do entendimento uníssono desta Corte, com suporte na doutrina, o 
ato culposo de terceiro, conexo com a atividade do transportador e relacionado com os 
riscos próprios do negócio, caracteriza o fortuito interno, inapto a excluir a 
responsabilidade do transportador. Por sua vez, o ato de terceiro que seja doloso ou 
alheio aos riscos próprios da atividade explorada, é fato estranho à atividade do 
transportador, caracterizando-se como fortuito externo, equiparável à força maior, 
rompendo o nexo causal e excluindo a responsabilidade civil do fornecedor; (STJ, EREsp 
1318095 / MG, 2017). 
 
 
 
Para a identificação do nexo de causalidade são utilizadas algumas teorias 
(também não há consenso doutrinário sobre sua nomenclatura e classificação). A 
jurisprudência menciona preponderantemente a teoria da causalidade adequada, mas 
CA
SO
 F
O
RT
U
IT
O FATO 
ESTRANHO 
(INDEPENDENTE)
CA
SO
 F
O
RT
U
IT
O FORTUITO 
EXTERNO
CA
SO
 F
O
RT
U
IT
O AFASTA O 
DEVER DE 
INDENIZAR
 
16 
 
a FGV já fundamentou respostas na teoria do dano direto e imediato (art. 403, CC). 
Veja o conceito de ambas conforme Tartuce (2017): 
 
Teoria da causalidade adequada – teoria desenvolvida por Von Kries, pela qual se 
deve identificar, na presença de uma possível causa, aquela que, de forma potencial, 
gerou o evento dano. Na interpretação deste autor, por esta teoria, somente o fato 
relevante ou causa necessária para o evento danoso gera a responsabilidade civil, 
devendo a indenização ser adequada aos fatos que a envolvem. 
Teoria do dano direto e imediato ou teoria da interrupção do nexo causal 
– havendo violação do direito por parte do credor ou do terceiro, haverá interrupção do 
nexo causal com a consequente irresponsabilidade do suposto agente. Desse modo, 
somente devem ser reparados os danos que decorrem como efeitos necessários da 
conduta do agente. 
 
Bruno Miragem e Flavio Tartuce afirmam que a doutrina brasileira se divide entre 
a teoria da causalidade adequada e a do dano direto e imediato, mas que, ao se analisar 
os fundamentos na aplicação das duas teorias, percebe-se que em ambas o julgador 
menciona a interrupção do nexo causal como fundamento da exclusão da 
responsabilidade. “Nesse sentido, é didática a expressão “dano direto e imediato” para 
identificar que todas as causas que venham a se realizar depois da conduta do autor, e 
que venham a aumentar a extensão ou a gravidade do dano, quando não ligadas 
imediatamente a este autor, não serão de sua responsabilidade, senão daquele que 
deu causa à sua ocorrência”. (MIRAGEM, 2015). 
 Contudo, é possível notar uma diferença sutil entre as duas teorias, a teoria do 
dano direto e imediato é normalmente aplicada às situações que acarretam a exclusão 
total de responsabilidade em relação ao segundo dano (após a interrupção). Já a teoria 
da causalidade adequada permite a análise de concausas (causas concomitantes). A 
banca avaliadora se utilizou desse critério na peça da prova da segunda fase no exame 
XVI. Veja parte do enunciado e observe a evidente interrupção do nexo de causalidade: 
 
 
17 
 
João andava pela calçada da rua onde morava, no Rio de Janeiro, quando foi atingido 
na cabeça por um pote de vidro lançado da janela do apartamento 601 do edifício do 
Condomínio Bosque das Araras, cujo síndico é o Sr. Marcelo Rodrigues. João 
desmaiou com o impacto, sendo socorrido por transeuntes que contataram o Corpo de 
Bombeiros, que o transferiu, de imediato, via ambulância, para o Hospital Municipal X. 
Lá chegando, João foi internado e submetido a exames e, em seguida, a uma cirurgia 
para estagnar a hemorragia interna sofrida. João, caminhoneiro autônomo que tem 
como principal fonte de renda a contratação de fretes, permaneceu internado por 30 
dias, deixando de executar contratos já negociados. A internação de João, nesse 
período, causou uma perda de R$ 20 mil. Após sua alta, ele retomou sua função 
como caminhoneiro, realizando novos fretes. Contudo, 20 dias após seu retorno 
às atividades laborais, João, sentindo-se mal, voltou ao Hospital X. Foi 
constatada a necessidade de realização de nova cirurgia, em decorrência de uma 
infecção nocrânio causada por uma gaze cirúrgica deixada no seu corpo por 
ocasião da primeira cirurgia. João ficou mais 30 dias internado, deixando de 
realizar outros contratos. A internação de João, por este novo período, causou 
uma perda de R$ 10 mil. 
 
Além das teorias para identificação do nexo de causalidade, temos as chamadas 
teorias das concausas que, segundo TARTUCE (2017) mantém relação direta com a 
causalidade adequada. 
 
Concausalidade ordinária, conjunta ou comum: consiste em condutas coordenadas 
e dependentes de duas ou mais pessoas. O dano é causado conjuntamente e os 
ofensores respondem solidariamente (art. 942, do CC). 
Concausalidade acumulativa: é aquela existente entre a conduta de duas ou mais 
pessoas que são independentes entre si. Neste caso, cada um deverá responder na 
proporção de suas condutas. (art. 945, do CC). 
Concausalidade alternativa ou disjuntiva: é aquela existente entre a conduta de 
duas ou mais pessoas, sendo que apenas uma das condutas é importante para 
ocorrência do evento danoso. (Já utilizada como fundamento de gabarito no Exame 
 
18 
 
de Ordem em relação a responsabilidade decorrente do art. 938, do CC, quando o 
condomínio responde pelo objeto lançado de um dos apartamentos quando a vítima 
não identifica a unidade da qual o objeto foi lançado). 
 
Veja uma questão do Exame de Ordem sobre concausalidade alternativa: 
 
1. (OAB/FGV/XXV EXAME DE ORDEM) Marcos caminhava na rua em frente ao 
Edifício Roma quando, da janela de um dos apartamentos da frente do edifício, caiu 
uma torradeira elétrica, que o atingiu quando passava. Marcos sofreu fratura do braço 
direito, que foi diretamente atingido pelo objeto, e permaneceu seis semanas com o 
membro imobilizado, impossibilitado de trabalhar, até se recuperar plenamente do 
acidente. À luz do caso narrado, assinale a afirmativa correta. 
A) O condomínio do Edifício Roma poderá vir a ser responsabilizado pelos danos 
causados a Marcos, com base na teoria da causalidade alternativa. 
B) Marcos apenas poderá cobrar indenização por danos materiais e morais do morador 
do apartamento do qual caiu o objeto, tendo que comprovar tal fato. 
C) Marcos não poderá cobrar nenhuma indenização a título de danos materiais pelo 
acidente sofrido, pois não permaneceu com nenhuma incapacidade permanente. 
D) Caso Marcos consiga identificar de qual janela caiu o objeto, o respectivo morador 
poderá alegar ausência de culpa ou dolo para se eximir de pagar qualquer indenização 
a ele. 
Gabarito: “A” 
 
 
8. Indenização 
 
Apurada a responsabilidade, o art. 944, do CC, estabelece a apuração do valor 
da indenização a partir da extensão dos danos. Lembre-se que a indenização é medida 
pela extensão do dano e não pela gravidade da culpa. O parágrafo único, do artigo 944, 
prevê uma exceção: se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o 
dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização. Veja o que Cavalieri Filho 
esclarece sobre essa exceção: 
 
19 
 
 
Entretanto, como exceção à regra da indenização integral, o parágrafo único do 
art. 944 do Código Civil deve ser aplicado restritivamente, razão pela qual 
podemos estabelecer as seguintes conclusões: (a) só tem aplicação nos casos 
de culpa levíssima em que o ofensor tenha causado danos de grandes 
proporções à vítima, pelo que estão fora do seu campo de incidência a culpa 
grave e o dolo; (b) a ratio legis é a culpa – culpa levíssima – razão pela qual não 
se aplica à responsabilidade objetiva, hoje de maior campo de incidência do que 
a responsabilidade subjetiva. Seria ilegal utilizar o critério do grau de culpa para 
aferir o valor da indenização objetiva, na qual a culpa não tem nenhuma 
relevância; (c) em princípio aplica-se ao dano moral uma vez que o fundamento 
da norma não é a natureza do dano (material ou moral) mas, antes, a excessiva 
desproporção entre a gravidade da culpa e o dano – culpa levíssima e dano de 
grande proporção. (CAVALIERI FILHO, 2019) 
 
De modo geral, a reparação, portanto, deve alcançar todos os prejuízos 
experimentados pela vítima. No caso da responsabilidade contratual, veja-se que o art. 
404 do CC estabelece que as perdas e danos correspondem ao principal, lucros 
cessantes, honorários, juros e correção. O artigo 402, utilizado como fundamento tanto 
para a responsabilidade contratual como para a extracontratual, esclarece que os danos 
materiais se subdividem em danos emergentes e lucros cessantes. 
Porém, é possível verificar a previsão legal em situações específicas, como no 
caso do homicídio, em que há o dever de pagamento das despesas de funeral, médicas, 
luto e alimentos aos dependentes da vítima, sem excluir outras verbas indenizatórias 
(art. 948). Em relação aos alimentos indenizatórios, importa atentar ao fato de que em 
famílias de baixa renda presume-se uma contribuição mútua entre pais e filhos, 
independentemente do desenvolvimento de atividade remunerada na data do óbito. Veja 
súmula 491, do STF. 
 
SÚMULA 491 - É indenizável o acidente que cause a morte de filho menor, ainda que 
não exerça trabalho remunerado. 
 
No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, além das despesas de tratamento e 
dos lucros cessantes, o ofensor deverá indenizará o ofendido todos os outros prejuízos 
que o ofendido prove haver sofrido (art. 949). 
O artigo 950 também trata da indenização, ao determinar o dever de pagamento 
de pensão às pessoas que, em decorrência do ato ilícito, se tornaram incapazes ao 
trabalho ou tiveram essa capacidade reduzida. 
 
20 
 
 
9. Legitimidade ativa para o pedido de reparação 
 
Quanto à legitimidade ativa para a reparação civil, temos que a vítima é a titular 
do direito. Também poderão pleitear a reparação os sucessores, nos termos do artigo 
943 do CC. Veja a tese fixada pelo STJ na edição nº 125 do “Jurisprudência em teses”: 
 
5) Embora a violação moral atinja apenas os direitos subjetivos do falecido, o espólio 
e os herdeiros têm legitimidade ativa ad causam para pleitear a reparação dos danos 
morais suportados pelo de cujus. 
 
Tanto a pessoa física como pessoa jurídica podem pleitear dano moral e/ou dano 
material, eis que consolidado entendimento de que a pessoa jurídica também sofre 
exposição moral (desde que à honra objetiva). 
Importa ressaltar que muitas vezes os familiares próximos sofrem danos em 
decorrência de ato antijurídico praticado diretamente a outra pessoa. Veja-se os casos 
dos dependentes (a quem o morto prestava alimentos) que ficarão privados da verba de 
subsistência com a morte da vítima, assim como sofrerão danos de natureza 
extrapatrimonial. São os chamados danos reflexos ou por ricochete. 
Mais recentemente a jurisprudência passou a admitir o dano reflexo também 
em casos em que a vítima direta permanece viva (litisconsórcio ativo). Trata-se de 
direito próprio pedido em nome próprio e não de direito alheio pedido em nome próprio. 
Veja a tese fixada pelo STJ na edição nº 125 do “Jurisprudência em teses”: 
 
4) A legitimidade para pleitear a reparação por danos morais é, em regra, do próprio 
ofendido, no entanto, em certas situações, são colegitimadas também aquelas 
pessoas que, sendo muito próximas afetivamente à vítima, são atingidas indiretamente 
pelo evento danoso, reconhecendo-se, em tais casos, o chamado dano moral reflexo 
ou em ricochete. 
 
 
 
21 
 
10. Legitimidade passiva nas ações reparatórias 
 
São responsáveis pela reparação civil o agente causador do dano, bem como os 
responsáveis solidários ou subsidiários. O artigo 942, parágrafo único determina que são 
solidariamente responsáveis com os autores os coautores e as pessoas designadas 
no art. 932. 
Há também a responsabilidade pela reparação decorrente de contrato, como 
ocorre no caso de seguro. Observe as súmulas do STJ em relação a esse tema: 
 
Súmula 529 - No seguro de responsabilidade civil facultativo, não cabe o ajuizamento 
de ação pelo terceiroprejudicado direta e exclusivamente em face da seguradora do 
apontado causador do dano. 
Súmula 537 - Em ação de reparação de danos, a seguradora denunciada, se aceitar 
a denunciação ou contestar o pedido do autor, pode ser condenada, direta e 
solidariamente junto com o segurado, ao pagamento da indenização devida à vítima, 
nos limites contratados na apólice. 
 
As pessoas responsáveis pelos causadores dos danos também têm legitimidade 
passiva nas ações reparatórias. Observe o próximo item. 
 
11. Responsabilidade por fato de terceiro (ou indireta). 
 
O Código Civil prevê hipóteses de responsabilidade civil decorrente de fato de 
terceiro. De modo expresso, o art. 932 estabelece a responsabilidade solidária (art. 942 
CC) nas seguintes hipóteses: I - dos pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua 
autoridade e em sua companhia; II - do tutor e do curador, pelos pupilos e curatelados, 
que se acharem nas mesmas condições; III – do empregador ou comitente, por seus 
empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em 
razão dele; IV - dos donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se 
albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores 
e educandos; V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até 
a concorrente quantia. 
 
22 
 
O artigo 933 determina que a responsabilidade das pessoas indicadas no artigo 
932 é objetiva. “O novo Código Civil (art. 933), seguindo evolução doutrinária, considera 
a responsabilidade civil por ato/fato de terceiro como sendo objetiva, aumentando 
sobejamente a garantia da vítima. Malgrado a responsabilização objetiva do 
empregador, essa só exsurgirá se, antes, for demonstrada a culpa do empregado ou 
preposto, à exceção, por evidência, da relação de consumo" (REsp 1135988/SP, DJe 
17/10/2013; DJe 05/03/2018). 
A exceção destacada na transcrição acima refere-se ao cuidado que o 
examinando deve tomar quando analisar a necessidade ou não de prova de culpa do 
preposto (o agente causador do dano). O artigo 933 determina a responsabilidade 
objetiva do empregador e não do empregado, dessa forma, permanece a necessidade 
de prova da culpa do empregado. Contudo, quando se tratar de responsabilidade 
civil dos prestadores de serviços ou fornecedores de produtos, o artigo 37, §6º da 
CF e o Código de Defesa do Consumidor determinam a responsabilidade objetiva 
da empresa (ou da pessoa jurídica de direito público prestadora do serviço), 
independentemente de prova de culpa do servidor ou empregado. 
Sérgio Cavalieri esclarece que a chamada responsabilidade por fato de terceiro 
(indireta) restou modificada a partir da entrada em vigor da Constituição Federal de 1988, 
em razão do disposto no artigo 37, §6º, e do Código de Defesa do Consumidor. Para o 
autor, não se pode mais denominar essa espécie de responsabilidade de “indireta” pois 
os prestadores de serviços (públicos ou não) respondem diretamente por atos de seus 
agentes. 
 
Sobreveio, entretanto, a Constituição de 1988, que, no seu art. 37, §6º, mudou a 
base jurídica dessa responsabilidade, ao estabelecer responsabilidade direta e 
objetiva para os prestadores de serviços públicos, tal como a do Estado. A partir 
daí, todos os prestadores de serviços públicos passaram a responder 
diretamente pelos atos de seus agentes (empregados e prepostos), com base 
no risco administrativo, por fato próprio da empresa e não mais pelo fato de e 
outrem. Seguiu-se o Código do Consumidor na mesma linha, só que com maior 
amplitude. Estabeleceu responsabilidade objetiva direta para todos os 
fornecedores de serviços (e não apenas serviços públicos), pelo fato do serviço, 
e não mais pelo fato de outrem ou do preposto. Tão amplo é o campo de 
incidência da norma do art. 14 do Código de Defesa do Consumidor, que o pouco 
que havia sobrado para o inciso III do artigo 1.521 do Código de 1916 foi 
praticamente revogado. (CAVALIERI FILHO, 2019). 
 
 
23 
 
Portanto, “em todos esses casos a atuação do empregado ou preposto foi 
desconsiderada pela lei; ficou absorvida pela atividade da própria empresa ou 
empregador, de modo a não mais ser possível falar em fato de outrem” (CAVALIERI 
FILHO, 2019). 
Outro aspecto relacionado ao artigo 37. §6º, da Constituição, é sobre a 
possibilidade de a vítima ingressar com a ação contra o “autor do dano” agente público 
ou empregado. Segundo o parágrafo único do artigo 942, todos respondem 
solidariamente, o que acarreta a legitimidade do empregado ou agente público. Contudo 
em julgado sob o rito de repercussão geral, o STF fixou a tese segundo a qual “a 
teor do disposto no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, a ação por danos 
causados por agente público deve ser ajuizada contra o Estado ou a pessoa 
jurídica de direito privado prestadora de serviço público, sendo parte ilegítima para 
a ação o autor do ato, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos 
casos de dolo ou culpa” (Tema 940). Dessa forma, quando o dano decorrer da 
prestação de serviço público, o servidor ou funcionário não tem legitimidade passiva. 
Lembre-se, também, que embora a regra seja de que a responsabilidade por fato 
de terceiro é solidária (entre causador e responsável) o incapaz responde 
subsidiariamente, conforme art. 928 (se as pessoas por ele responsáveis não tiverem 
obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes). 
 
12. Responsabilidade decorrente de guarda ou propriedade 
 
Também é necessário lembrar a responsabilidade decorrente da propriedade de 
coisa ou animal, prevista nos art. 936 a 938 do CC, também denominada de 
responsabilidade pelo fato da coisa. 
 
Responsabilidade do dono ou detentor 
do animal 
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal 
ressarcirá o dano por este causado, se 
não provar culpa da vítima ou força maior. 
V Jornada de Direito Civil - Enunciado 
452 
 
24 
 
A responsabilidade civil do dono ou 
detentor de animal é objetiva, admitindo-
se a excludente do fato exclusivo de 
terceiro. 
Responsabilidade do dono de edifício e 
construção 
Art. 937. O dono de edifício ou construção 
responde pelos danos que resultarem de 
sua ruína, se esta provier de falta de 
reparos, cuja necessidade fosse 
manifesta. 
VI Jornada de Direito Civil - Enunciado 
556 
A responsabilidade civil do dono do prédio 
ou construção por sua ruína, tratada pelo 
art. 937 do CC, é objetiva. 
Responsabilidade do habitante de 
prédio 
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou 
parte dele, responde pelo dano 
proveniente das coisas que dele caírem 
ou forem lançadas em lugar indevido. 
VI Jornada de Direito Civil - Enunciado 
557 
Nos termos do art. 938 do CC, se a coisa 
cair ou for lançada de condomínio edilício, 
não sendo possível identificar de qual 
unidade, responderá o condomínio, 
assegurado o direito de regresso. 
 
13. A relação entre a responsabilidade civil e a criminal 
 
O art. 935 do Código Civil determina que a responsabilidade civil é independente 
da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem 
seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal 
 
25 
 
O Enunciado 45, da I Jornada de Direito Civil, colaborou com a interpretação do 
artigo ao inserir a expressão “categoricamente”, ou seja, se a existência do fato e a 
autoria se acharem “categoricamente” decididas no juízo criminal, essa definição não 
será alterada no juízo cível. Embora os ilícitos civis sejam diferentes dos ilícitos criminais, 
uma vez decididos fato e autoria, independentemente das outras circunstâncias, não se 
poderá decidir de forma diferente no juízo cível. 
Por isso, muito cuidado: embora o artigo afirme a independência, trata-se, na 
verdade, de uma independência relativa. 
O Código de Processo Penal, ao tratar “da ação civil”, complementa o art. 935 ao 
determinar que a ação para ressarcimento do dano poderáser proposta no juízo cível, 
contra o autor do crime e, se for caso, contra o responsável civil (art. 64); e que não 
obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta 
quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato (art. 
66). 
Decisão do STJ constante em Informativo de Jurisprudência (437), sobre a 
absolvição criminal do preposto do responsável civil anteriormente condenado em juízo 
cível, é bem elucidativa da questão. Segundo o STJ, “a absolvição no juízo criminal não 
exclui automaticamente a possibilidade de condenação no juízo cível, conforme está 
disposto no art. 64 do CPP. Os critérios de apreciação da prova são diferentes: o 
Direito Penal exige integração de condições mais rigorosas e taxativas, uma vez 
que está adstrito ao princípio da presunção de inocência; já o Direito Civil é menos 
rigoroso, parte de pressupostos diversos, pois a culpa, mesmo levíssima, induz à 
responsabilidade e ao dever de indenizar. Assim, pode haver ato ilícito gerador do 
dever de indenizar civilmente, sem que penalmente o agente tenha sido responsabilizado 
pelo fato” (REsp 1.117.131-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 1º/6/2010). 
Outra decisão publicada em Informativo de Jurisprudência (517) do STJ (aqui 
transcrita parcialmente) também é esclarecedora: 
 
Dessa forma, tratou o legislador de estabelecer a existência de uma autonomia 
relativa entre essas esferas. Essa relativização da independência de jurisdições se 
justifica em virtude de o direito penal incorporar exigência probatória mais rígida para 
a solução das questões submetidas a seus ditames, sobretudo em decorrência do 
 
26 
 
princípio da presunção de inocência. O direito civil, por sua vez, parte de pressupostos 
diversos. Neste, autoriza-se que, com o reconhecimento de culpa, ainda que levíssima, 
possa-se conduzir à responsabilização do agente e, consequentemente, ao dever de 
indenizar. O juízo cível é, portanto, menos rigoroso do que o criminal no que concerne 
aos pressupostos da condenação, o que explica a possibilidade de haver decisões 
aparentemente conflitantes em ambas as esferas. Além disso, somente as questões 
decididas definitivamente no juízo criminal podem irradiar efeito vinculante no 
juízo cível. 
 
14. Marco civil da Internet 
 
A Lei 12.965/2014, conhecida como Marco Civil da Internet, que estabelece 
princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil, também 
disciplina importantes aspectos da responsabilidade civil, especialmente nos seguintes 
artigos: 
 
Art. 18. O provedor de conexão à internet não será responsabilizado civilmente 
por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros. 
 
Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a censura, o 
provedor de aplicações de internet somente poderá ser responsabilizado civilmente 
por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial 
específica, não tomar as providências para, no âmbito e nos limites técnicos do 
seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo 
apontado como infringente, ressalvadas as disposições legais em contrário. 
§ 1o A ordem judicial de que trata o caput deverá conter, sob pena de nulidade, 
identificação clara e específica do conteúdo apontado como infringente, que permita a 
localização inequívoca do material. 
 
O STJ tem se manifestado sobre o tema em diversos julgados. Veja o teor do 
Informativo de Jurisprudência 558 de 2015: 
 
 
27 
 
DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE POR OFENSAS 
PROFERIDAS POR INTERNAUTA E VEICULADAS EM PORTAL DE NOTÍCIAS. 
A sociedade empresária gestora de portal de notícias que disponibilize campo 
destinado a comentários de internautas terá responsabilidade solidária por 
comentários, postados nesse campo, que, mesmo relacionados à matéria jornalística 
veiculada, sejam ofensivos a terceiro e que tenham ocorrido antes da entrada em 
vigor do marco civil da internet (Lei 12.965/2014). Inicialmente, cumpre registrar 
que, de acordo com a classificação dos provedores de serviços 
na internet apresentada pela Min. Nancy Andrighi no REsp 1.381.610-RS, essa 
sociedade se enquadra nas categorias: provedora de informação - que produz as 
informações divulgadas na Internet -, no que tange à matéria jornalística divulgada no 
site; e provedora de conteúdo - que disponibiliza na rede as informações criadas ou 
desenvolvidas pelos provedores de informação -, no que tocante às postagens dos 
usuários. Essa classificação é importante porque tem reflexos diretos 
na responsabilidade civil do provedor. De fato, a doutrina e a jurisprudência do 
STJ têm se manifestado pela ausência de responsabilidade dos provedores de 
conteúdo pelas mensagens postadas diretamente pelos usuários (REsp 
1.338.214-MT, Terceira Turma, DJe 2/12/2013) e, de outra parte, 
pela responsabilidade dos provedores de informação pelas matérias por ele 
divulgadas (REsp 1.381.610-RS, Terceira Turma, DJe 12/9/2013). [...] 
 REsp 1.352.053-AL, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 24/3/2015, 
DJe 30/3/2015. 
 
 
A ementa do acórdão no AgInt no AREsp 1177619 / SP (29/10/2018) traz uma 
síntese do atual entendimento do STJ: 
 
[...] 5. A jurisprudência desta Corte define que: 
(a) para fatos anteriores à publicação do Marco Civil da Internet, basta a ciência 
inequívoca do conteúdo ofensivo pelo provedor, sem sua retirada em prazo razoável, 
para que este se torne responsável e, 
 
28 
 
(b) após a entrada em vigor da Lei nº 12.965/2014, o termo inicial da 
responsabilidade solidária do provedor é o momento da notificação judicial que ordena 
a retirada do conteúdo da internet. 
 
 
Veja recente questão do Exame de Ordem sobre esse tema: 
 
2. (OAB/FGV/XXVII EXAME DE ORDEM) Ao visitar a página de Internet de uma 
rede social, Samuel deparou-se com uma publicação, feita por Rafael, que dirigia uma 
série de ofensas graves contra ele. Imediatamente, Samuel entrou em contato com o 
provedor de aplicações responsável pela rede social, solicitando que o conteúdo fosse 
retirado, mas o provedor quedou-se inerte por três meses, sequer respondendo ao 
pedido. Decorrido esse tempo, o próprio Rafael optou por retirar, espontaneamente, a 
publicação. Samuel decidiu, então, ajuizar ação indenizatória por danos morais em 
face de Rafael e do provedor. Sobre a hipótese narrada, de acordo com a legislação 
civil brasileira, assinale a afirmativa correta. 
A) Rafael e o provedor podem ser responsabilizados solidariamente pelos danos 
causados a Samuel enquanto o conteúdo não foi retirado. 
B) O provedor não poderá ser obrigado a indenizar Samuel quanto ao fato de 
não ter retirado o conteúdo, tendo em vista não ter havido determinação judicial 
para que realizasse a retirada. 
C) Rafael não responderá pelo dever de indenizar, pois a difusão do conteúdo 
lesivo se deu por fato exclusivo de terceiro, isto é, do provedor. 
D) Rafael não responderá pelo dever de indenizar, pois o fato de Samuel não ter 
solicitado diretamente a ele a retirada da publicação configura fato exclusivo da vítima. 
Gabarito: “B” 
 
No entanto, a responsabilidade do provedor passa a ser subsidiária, 
independentemente de decisão judicial, no caso de violação da intimidade, nos termos 
do artigo 21 da Lei. Bastando, neste caso, a notificação extrajudicial efetuada pela vítima. 
 
 
29 
 
Art. 21. O provedor de aplicações de internet que disponibilize conteúdo gerado por 
terceiros será responsabilizado subsidiariamente pela violação da intimidade 
decorrente da divulgação, sem autorização de seus participantes, de imagens, de 
vídeos ou de outros materiais contendo cenas de nudez ou de atos sexuais de caráter 
privado quando, após o recebimento de notificação pelo participante ou seu 
representante legal, deixar de promover, de forma diligente, no âmbito e nos limites 
técnicos do seu serviço, aindisponibilização desse conteúdo. 
Parágrafo único. A notificação prevista no caput deverá conter, sob pena de 
nulidade, elementos que permitam a identificação específica do material apontado 
como violador da intimidade do participante e a verificação da legitimidade para 
apresentação do pedido. 
 
REFERÊNCIAS: 
 
CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Responsabilidade Civil, 13ª edição. São 
Paulo: Atlas, 2019. [Grupo GEN]. Retirado 
de https://grupogen.vitalsource.com/#/books/9788597018783/ 
 
DONIZETTI, Elpídio e QUINTELLA, Felipe. Curso Didático de Direito Civil. 6ª ed. ver. e 
atual. São Paulo: Atlas, 2017. 
 
MIRAGEM, Bruno. Direito Civil: Responsabilidade Civil. São Paulo: Saraiva: 2015. 
 
STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 
2015. 
 
TARTUCE, Flávio. Direito Civil – Vol. 2 – Direito das Obrigações e Responsabilidade 
Civil, 13ª edição. Forense, 12/2017. [Grupo GEN]. 
 
_____. Manual de Direito Civil. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2018.

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