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RESUMO PARA AV2

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RESUMÃO PARA AV2 
AULA 01 - Títulos de Crédito
O crédito
No início da formação humana não se tinha um objeto que fizessem a circulação de mercadorias, então surge o escambo, que era a troca de bens, e eventualmente, de serviços, que desenvolveram a tal ponto o material humano, e com ele, seu desenvolvimento intelectual. O excesso que lhes sobrava alcançariam o que não tinham, e dessa oportunidade surgiram o mercado. O escambo por sua vez é um pouco limitado, pois quem quer açúcar e tem milho, talvez quem tem açúcar não quer milho, mas sim, trigo.
A fundição de metal foi o grande marco para a humanidade, pois passa-se a estabelecer a representação dos bens em metal, criando um novo valor comunitário de trocas. E o Estado era o responsável pela produção e fundição desses metais.
O crédito então seria uma faculdade jurídica que cria uma obrigação.
Já dizia o Código de Hamurabi que o mercador que emprestou a juros sem testemunhas perderá tudo o que tiver emprestado. Ou seja, desde aqueles tempos a prova já era um meio de comprovar no Direito, o meio de confrontar duas supostas verdades para estabelecimento de uma máxima. Conforme dispõe o art. 219 do CC – segundo o qual as declarações constantes de documentos assinados presumem-se verdadeiras em relação aos signatários.
Pilares fundamentais do Direito Empresarial: rapidez, segurança e o crédito.
Os títulos de crédito têm grande importância neste processo, porque garantem a circulação de riquezas.
O crédito representa uma ideia geral, a confiança no cumprimento de uma obrigação. Foi o crédito que permitiu a expansão e o desenvolvimento das principais atividades económicas desenvolvidas no mundo moderno.
Vem do latim creditum, advém de credere, que significa confiar, ter fé. Ou seja, o crédito é a confiança que alguém deposita em outro alguém. Ele desempenha uma conceito moral, mas a maioria das vezes sua acepção é económica: a) crédito é a troca no tempo e não no espaço, b) crédito é a permissão de usar capital alheio, c) crédito é o saque contra o futuro, d) confere poder de comprar a quem não dispõe de recursos para realizá-lo, e) é a troca de uma prestação atual por uma prestação futura.
A ideia jurídica do crédito é ele representando um direito a uma prestação do devedor. Ou seja, é representado por uma obrigação. Ex. uma compra e venda.
Para Maria Bernadete Miranda – é a transação entre duas partes, na qual um delas (o credor) entrega a outra (o devedor) determinada quantidade de dinheiro, bens ou serviços em troca de uma promessa de pagamento.
Negocio jurídico de crédito – representa uma relação de confiança entre dois sujeitos, quais sejam, o que concede o crédito (credor) e o que dele se beneficia (devedor), mediante a troca de um valor presente e atual por um valor futuro.
Elementos do crédito
Confiança e o tempo.
A confiança pode ser: a) subjetiva – o credor acredita que o devedor preenche os requisitos morais para satisfação da prestação, confiança na pessoa pelo que ela aparenta ser, ou b) objetiva – o credor acredita que o devedor tem capacidade económico-financeira de satisfazer a prestação em razão da apresentação de garantias, de consultas a sistemas de proteção ao crédito, ou por qualquer outro motivo.
Confiança se associa necessariamente a um intervalo de tempo entre duas prestações. O tempo é fator essencial para a circulação de riquezas e desenvolvimento da economia.
Existe dois elementos para o crédito: a) objetivo- a própria prestação e b) subjetivo – a confiança.
Para Sérgio Carlos Covello – existe ainda outros dois elementos: além da confiança, o prazo, o interesse (remuneração pela concessão do crédito) e o risco (inerente a todo tipo de crédito).
Importância do crédito para a economia
Realização de negócios em massa. O crédito permite a imediata mobilização da riqueza, houveram então aumento dos negócios realizados, do número de bens produzidos e do número de bens consumidos.
Sem o crédito o número de bens produzidos seria muito menor, na medida que o acesso às matérias-primas se já possuísse, em mãos, o dinheiro necessário para sua aquisição. Embora ele não crie capitais, ele permite a melhor utilização e disseminação dos capitais existentes. Em 2008, por exemplo, o volume de crédito, só no sistema financeiro nacional correspondeu a 40,3% do valor do PIB. Chile tem por volta de 70% e EUA 146% do PIB. Para se chegar a esse patamar o crédito teve asseguradas três características básicas: a segurança, a certeza e a facilidade de sua circulação.
Classificação dos créditos:
Em função da garantia assegurada ao credor, temos:
a) crédito real: garantia assenta sobre determinado bem móvel (penhor) ou imóvel (hipoteca)
b) crédito pessoal: a garantia assenta em todo o patrimônio da pessoa e não em um bem determinado, garantia fidejussória (aval ou fiança)
Quanto a finalidade de sua utilização:
a) créditos de consumo: os valores recebidos são aplicados na satisfação das necessidades pessoais do beneficiário do crédito. Ex. Carros, eletrodomésticos e etc.
b) créditos de produção: os valores recebidos são utilizados na produção de certos bens ou no desenvolvimento de certa atividade económica. Ex. crédito rural e crédito industrial.
O crédito sempre envolve um prazo que não é definido, podendo ser de um dia ou até anos. Então, podem ser classificados quanto ao prazo, em: a) curto prazo – até um ano; b) médio prazo – até 3 anos e c) longo prazo – acima de 3 anos.
Quanto ao sujeito que recebe o crédito, o devedor:
a) créditos públicos – quando o poder público é o beneficiário;
b) créditos privados – quando particulares assumem o condição de devedores.
Podem ainda ser internos e externos.
Quanto ao seu instrumento, forma de representação: podem ser representados juridicamente por um contrato ou por um título de crédito, sendo que este último é o que faz o crédito circular com maior rapidez.
AULA 02 - Conceito de título de crédito
O Direito empresarial encontra sua tutela no crédito e na circulação de bens ou serviços. São os principais instrumentos de circulação de riquezas.
Titulus = inscrição. Como a que se coloca na capa de um livro, no pescoço de um escravo condenado. Refere-se, portanto, a um texto que dá identidade ou adjetivação à coisa, ao fato ou à pessoa. O titular é o beneficiário de um título.
O português por sua vez carga duas interpretações quanto ao título: uma ampla e outra restrita (texto que adere à coisa ou à pessoa. Ex. inscrição de uma obra de arte, placa na porta de uma casa, distinção honorária que corresponde a uma condecoração e etc.). Na concepção larga ou ampla é um reflexo jurídico. Por exemplo o titular de um direito de propriedade.
Os títulos de créditos se traduzem um sentido estrito do termo. É o documento, a inscrição materialmente grafada, para o qual se usa por sinônimo a expressão papel, remetendo à base física de sustentação da inscrição jurídica de um crédito, tanto quanto de um débito.
É um instrumento representativo de crédito. Não é documento porque não foi criado para servir de prova, diferente dos títulos de crédito que são representações de um valor, portanto foram criados para provar uma relação anterior.
Com o advento do Código Civil de 2002 os títulos de crétido ganharam uma teoria geral, que se inicia com o art. 903.
De acordo com o art. 887 do CC, título de crédito é um documento necessário ao exercício do direito literal autónomo nele contido, somente produzindo efeito quando preenche os requisitos da lei. Definição de Cesare Vivante. Isto porque queria realçar o caráter literal e o caráter autónomo. Mas a jurisprudência brasileira tende no sentido de garantir à boa-fé e à probidade na emissão e negociação das cambiais. Para o professor Gladston Mamede os verdadeiros requisitos são a obrigatoriedade e o caráter cambial.
Função
Provar a existência da obrigações e, eventualmente, serve até para constituir a obrigação em si.
Para a circulaçãode riquezas existem três exigências: a) simplificação de formalidades; b) certeza do direito que se adquire; e c) segurança na circulação.
Típicos e atípicos
Possuem duas funções: a) constituir um meio técnico para o exercício de direitos de crédito; e b) facilitar a agilizar a circulação de riquezas.
Os particulares podem emiti-los, segundo a grande maioria dos autores não, porque os títulos são documentos que devem estar tipificados, ou seja, devem ser criados por lei, os documentos emitidos não previstos em lei, seria regidos pela teoria geral dos contratos. (Gladston Mamede, Fernando Netto entre outros).
Para Mauro Rodrigues Penteado, Fancisco de Paula Brasil e Marlon Tomazette é perfeitamente possível a emissão de títulos de créditos atípicos. E sua tutela jurídica seria do CC/02 segundo o art. 903.
Só será válido por sua vez se respeitar os ditames do art. 889 do CC – data da emissão, direitos que confere e assinatura do emitente.
Outra observação é que os títulos atípicos não serão títulos executivos, já que a tipicidade é pressuposto destes.
Princípios dos títulos de crédito:
Cartularidade
Norteia o conceito do art. 887 do CC já que o título de crédito é um documento necessário, somente produzindo efeito quando preencha os requisitos da lei. Mas do que um documento os títulos de crédito são instrumentos.
Documento – é qualquer registro material do fato jurídico, de acordo com o art. 225 do CC. 
Instrumento – é um documento que foi especialmente produzido para fazer a prova de um ato.
Existe o papel (base física da representação gráfica do título) a função de elemento viabilizador de sua circulação, nos contextos específicos de um mercado que seja encarado sob o prisma relações presenciais e não virtuais. O documento físico dá ao crédito físico a existência material, mesmo que se trate de uma mera representação.
Tem-se a partir da representação quem pode ser titular da execução da prestação confessada ali pelo devedor.
A emissão do título de crédito é ato jurídico de acordo com o preceituado no art. 104, III, e 107 do CC – forma especial exigida em lei. Para melhor cambiariedade do crédito definiu-se uma formação de um documento para circulação da prestação de débito/crédito onde todas as pessoas poderiam reconhecê-lo.
A existência de cartula é indispensável para o exercício do direito nela contido. Para exigir o cumprimento da obrigação é preciso que, primeira coisa, seja apresentado o título ao devedor, para o adimplemento voluntário, ou ao judiciário, instruindo pedido de execução da obrigação de acordo com o art. 580 do CPC.
A necessidade jurídica da apresentação do título para o exercício do direito nele contido é uma consequência direta de sua cambiaridade, inclusive, servindo inclusive para a proteção do devedor.
Quem paga mal, paga duas vezes. Só se paga o título com a sua apresentação física.
Não se aplica portanto o preceito do art. 309 do CC, onde o pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido. Há uma forte vinculação entre a obrigação e a cartula (representação material).
Para Pontes de Miranda os títulos cambiários são títulos de apresentação sem a posse do título ou da legitimação judicial em casos de amortização não é possível exercer-se o direito cambiário e, também, são títulos de resgate, quem paga deve exigir que se lhe entregue o título.
Literalidade
Art. 887 diz que o título de crédito contém um direito literal. Não mais está em jogo o exigência da representação material do crédito (cartulidade), mas preocupa-se com o que se lê no documento representativo, as implicações jurídicas do que está escrito e a relação jurídica representada. 
A simplicidade é fundamental para a sua circulação.
O título é a expressão literal de uma obrigação pois o que não está no título não está no mundo. 
Para além da cartularidade, a literalidade seria exigi que todo o contorno da obrigação esteja escrito no papel, de nada servindo ajustes verbais ou consensuais. Ou seja, todas as informações que devem ser contidas no título devem estar de forma literal na cártula, mesmo que seja feito instrumento de negociação paralela.
A lei por sua vez é um limite elementar do princípio da literalidade: não precisam estar expressamente escritos os elementos juridicamente positivados, ainda que resultado da construção doutrinária ou da construção pretoriana já assentada ou afirmada diante de novas condicionantes jurídicas. Ex. a descaracterização do pagamento à vista do cheque, ele não deixa de produzir certos efeitos jurídicos, mas não é um preceito garantido pela lei.
Autonomia
A colocação dos títulos de crédito como ato jurídico unilateral foi uma grande sacada do legislador de 2002, visto que leve os títulos a categoria de quase contratos. Diferente dos contrato, que são atos plurilaterais ou bilaterais, os títulos embora haja uma vontade de constitui uma obrigação jurídica, não é um acordo de vontades. A unilateralidade é contrária a ideia de sinalagma. E por isso que os títulos devem ser compreendidos como negócios autónomos, não ligados ao negócio subjacente.
Apesar do título possuir uma história, ser fruto de um negócio, considera-se a cártula como uma demanda autónoma do devedor, comprometendo-se a solver a obrigação ali certificada.
O direito então garante ao título de crédito um regime e uma vida própria.
Além da autonomia do título e do negócio subjacente, existe ainda uma autonomia de cada declaração cambiária tomada em relação as demais declarações cambiárias, em relação ao negócio subjacente à emissão do título e ao negócio subjacente à própria emissão da obrigação cambiária, a exemplo do aval e do endosso.
A autonomia se destaca ainda mais com a circulação porque independe de comprovação do terceiro que adquiriu de boa-fé e não conhece o vício do negócio original.
Art. 906 do CC – inoponibilidade das exceções pessoais – exceção é o mesmo que defesa – as defesas que o devedor tem contra o credor, oriundas das relações pessoais entre estes, não se aproveitam aos coobrigados, da mesma forma que a si não se aproveitram contra terceiros de boa-fé que portem a cártula.
Se de má-fé as exceções pessoais relativas ao negócio fundamental poderão lhe ser opostas, já que não poderá se beneficiar da própria torpeza.
A boa-fé exigida do terceiro é objetiva, assim mesmo conhecendo os vícios do negócio subjacente, afastará a regra da inoponibilidade das exceções pessoais.
Independência
Duas perspectivas distintas: a) independência da cártula – traduz uma ausência de lastro ou remissão entre o título de crédito e elementos que lhe sejam externos e estranhos. A cártula não necessita de qualquer outra interferência externa para tanto. Mas há exceções, nem todo título de crédito aceita o princípio, já que existem títulos que se vinculam a outros preceitos, como por exemplo o registro dos títulos de cédula de crédito imobiliária e,
b) das declarações cambiárias entre si – ex. cheque que independente de quem se obrigou, o que tem a assinatura legal por exemplo está obrigado. Exemplo o endosso e o aval.
Significam que os títulos de crédito vale por si só, não precisando de ser completado por outros documentos. Alguns títulos por sua vez podem deixar de ser aplicada a independência pela vontade das partes (remissão a contrato) ou pela lei (vinculação legal a algum documento).
É diferente da autonomia. a autonomia vem a separar os limites da responsabilidade de cada coobrigado. A independência diz respeito a idéia de completude do título, do título valer por si só. Já a autonomia é a não-ifluência de uma obrigação sobre as outras obrigações do título.
Abstração 
O título se desvincula do negócio jurídico que lhe deu origem, isto é, questões jurídicas relativas a esse negócio subjacente não tem o condão de afetar o cumprimento da obrigação do título. Não se leve em conta a não ser o título, sendo irrelevante o que impôs sua emissão.
É uma decorrência da cartularidade amedida que o direito incorporado a situação existirá por si só, e pelo princípio da literalidade já que o direito será definido pelo teor literal do título e não pelo negócio jurídico subjacente.
É uma garantia de circulação já que o portador não precisa conferir o que ocorreu nesse negócio jurídico. Quem recebe o título de crédito recebe um direito abstrato, isto é, um direito não dependente do negócio que deu origem ao título.
Contudo deve haver uma compatibilização do princípio da abstração e da boa-fé. Não pode por exemplo, proteger pessoas que estão de má-fé. ou seja, o credor não poderá invocá-lo sempre, ficando sujeito às exceções causais, baseadas no negócio subjacente. 
A ausência de boa-fé se consubstancia em três situações:
a) quando o credor participou do negócio – não haverá abstração – a abstração tem por pressuposto a circulação do título. A eventual alegação de que o contrato não foi cumprido é capaz de afetar o pagamento do próprio titulo de crédito, uma vez que existe a vinculação entre o título e o negócio subjacente.
b) quando o credor tem conhecimento do vícios do negócio – o STJ já se pronunciou que se comprovado o conhecimento do credor da mácula do negócio jurídico as exceções pessoais do devedor passam ser oponíveis ao portador, ainda que se trate de empresa de factoring;
c) quando o credor deveria ter conhecimento dos vícios do negócio – geralmente é aquele título que está vinculado ao negócio jurídico, o credor adquire o título com a menção expressa à origem desse título.
Cumpre ao credor que recebe título vinculado ao negócio subjacente, o dever de verificar se o negócio foi devidamente cumprido.
Não é um princípio essencial, isto é, ele não se aplica a todos os títulos de crédito. Não se aplicam aos chamados títulos causais, nos quais há referencia na declaração cartular à relação fundamental, que pode ser oposta inclusive a terceiros que não são partes da relação fundamental, em razão da possibilidade de ciência dos vícios atinentes ao negócio.
AULA 03 - Natureza Jurídica das obrigações assumidas nos Títulos de Crédito
Principais teorias a respeito da natureza jurídica da fonte dessa obrigação.
Teoria contratualista
A maioria doutrina tentava enquadrar o título na categoria dos contratos. Assim quem emite um título de crédito estaria celebrando um contrato cambiário com a tomador ou beneficiário do título. Mas esse contrato não se confundiria com o negócio jurídico subjacente, porque o título é um direito autónomo e novo.
Dentro dessa teoria haveria uma confusão quanto ao momento da conclusão do contrato: a) teoria do ato formal – entende que o contrato estaria concluído no momento da subscrição, ou seja, quando o criador assinasse o título de crédito optando pela forma cambiário para a obrigação. b) no momento da entrega do título ao beneficiário (dare-prendere).
Não subsiste a teoria de que os títulos de crédito estaria dentro da teoria geral dos contratos, o título é transferido por meio de endosso. Mas como pode o título ser passado para frente, então a vontade da parte é desvirtuada já que ela é só na negociação inicial. A intenção do credor nunca foi firmar um contrato com um sujeito indeterminado.
Também é claro que os vícios nas relações anteriores não contaminam o direito do atual possuidor, como ocorreria com um contrato.
Teoria da aparência
Teorias legalistas que sustentam que a obrigação constante do título de crédito independe da vontade do seu subscritor. Não se pode vislumbrar um negócio jurídico, mas apenas um ato ou operação jurídica, pois mesmo que a vontade estiver viciada o título de crédito já existiria.
Dentro da teoria legalista, está a teoria da aparência, pela qual a obrigação cambiária nasceria da aparência de vontade do devedor, independentemente da vontade efetiva. A vontade do criador não seria tão importante quanto a aparência criada. Mas a aparência não é suficiente para justificar todas as obrigações cambiárias. Uma declaração séria, real e sem vícios é necessária para a produção de efeitos jurídicos. A simples aparência de emissão, não é uma emissão.
A obrigação não surge da lei, ela é fruto de uma declaração de vontade do subscritor do título.
Teoria do duplo sentido da vontade
A vontade da obrigações é a vontade. Essa vontade teria um duplo sentido, a primeira do subscritor com o contratante, e depois as relações que o contratante faz com às pessoas que receberam o título.
Deve ser analisado o sentido da vontade do devedor. Ao emitir um título o devedor tem a intenção de assegurar ao credor um título idóneo à circulação, não podendo levantar eventuais exceções pessoais fundadas na relação jurídica inicial (abstração) contra os credores de boa fé. se o título não circular poderá, por sua vez, fundar as exceções com o credor inicial. Ou seja, para o com o contratante inicial teria um relação contratual, se unindo ao negócio jurídico subjacente, então a relação inicial seria uma contrato firmado entre as partes.
Já em relação as demais credores do título, os vícios de consentimento de causa inerentes à relação contratual de onde o título saiu, não tem cabimento contra o possuidor de boa fé. Assim, a obrigação cambial ainda existirá se o contrato não for cumprido. Por ser então a assinatura a fonte da obrigação entre o devedor e as pessoas que receberam o título do credor inicial é uma declaração de vontade unilateral.
CRÍTICA: a declaração de vontade é uma só.
Teoria da declaração unilateral de vontade
O melhor fundamento para a vontade criadora da obrigação é como uma declaração unilateral de vontade. Para surgir a obrigação cambiária é necessária uma vontade e apenas uma vontade, especialmente em razão da autonomia e da abstração que regem os títulos de crédito.
O título de crédito funciona separadamente do negócio jurídico subjacente e a obrigação teria seu fundamento em uma promessa dirigida ao público.
CRÍTICA – como explicar a possibilidade de defesa baseada no negócio jurídico nas relações entre o emitente e o beneficiário original do título. Uma resposta é que seria uma ideia aproximada da compensação e não do contrato. Ex. se o devedor possui um credito com o credor, haveria uma compensação dos valores.
	Teoria da criação
Títulos de crédito são créditos representados por obrigações abstratas, ou seja, a causa não seria essencial na formação do título. Seria também um título de apresentação e destinado a circulação. O credor assume um papel apenas passional na formação da obrigação cambiária.
A obrigação se conclui com a criação do título, ou seja, com a simples assinatura do devedor. A forma de como saiu da mão do criador não interessa, o que interessa é a vontade inicial do criador. 
Dois focos para a produção de efeitos: a) com a assinatura, b) com a chegada as mãos do credor. A perfeição só surge com a chegada na mão do credor, já que pode ser revogada até chegar as suas mãos.
	Teoria da emissão
Reconhecimento da vontade unilateral como fonte da obrigação cambiária. Mas só se concretiza no momento da emissão do título, entrega voluntário do título. A simples assinatura não é suficiente. Se aperfeiçoaria com dois atos: a assinatura do documento e sua entrega voluntária.
Um vício na assunção da obrigação cambial e, por isso, seria oponível a todos os possuidores do título.
CRÍTICA: teoria da abstração – o título se desvincularia do negócio jurídico que lhe deu origem e, por isso, não se poderia discutir o vício da emissão.
	Teoria dos três momentos
Declaração unilateral dos títulos de crédito (Pontes de Miranda). Para essa teoria há uma forma própria de tratar a obrigação originada em um título de crédito, dividindo-se em três momentos: a) subcrição - promessa – sem qualquer relação jurídica de dívida; b) contrato com o credor de boa-fé e c) apresentação - relação jurídica de obrigação.
Já existiria o título da sua criação. Validade surgiria com o preenchimento dos requisitos.
Validade e eficácia– preenchimento dos requisitos, pode de um credor de boa-fé – surgimento da relação jurídica dívida/crédito.
Surgimento da obrigação – credor apresenta o título ao devedor para pagamento. 
Posição brasileira
Observada a partir da análise da Lei Uniforme de Genebra (LUG) que dita a aplicação da letra de câmbio e a nota promissória – para os títulos típicos, os atítpicos vão pelo CC/02. A LUG adota a teoria da criação, com a subsequente proteção do credor de boa fé.
Para o CC/02 – adota tanto a teoria da criação – arts. 896, 901 e 905, como da emissão – art. 909.
AULA 04 - LETRA DE CÂMBIO: NOÇÕES GERAIS
Apesar da letra de câmbio estar em franco desuso, ela apresenta os principais institutos do título de crédito.
Histórico
Remonta ao contrato de câmbio, que representa qualquer troca, posteriormente fazendo a troca de moeda. A letra de câmbio é posterior ao contrato de câmbio, só surge depois de muito tempo para instrumentalizá-lo.
Antigamente ela era uma ordem de pagamento futuro, uma delegação de pagamento de certa quantia em dinheiro, em praça diversa, ao credor, produzindo efeitos jurídicos peculiares, pelo menos de responsabilidade do emitente para pagamento, facultando ao credor uma ação regressiva.
Há três períodos distintos para a letra: 
a) período italiano – cidades italianas (Gênova e Veneza) realizava entre si grande intercâmbios comerciais. Mas essas cidades tinham moedas próprias que não tinham valor uma na outra. A troca de moeda era feita pelos primitivos bancos, por meio de contratos de câmbio. Primeiramente só o câmbio manual, depois com o intercâmbio mercantil. A letra de câmbio surge do interesse das pessoas não querem viajar com grandes quantidades de moeda nos bolsos, a partir da Idade Média, conciliando com o Direito Comercial. Os banqueiros recebiam o dinheiro e prometiam entregar a mesma quantia na moeda da outra cidade a essas pessoas.
O banqueiro entregava dois documentos: o reconhecimento da dívida (cautio) e a ordem de pagamento da moeda (lettera di pagamento). Da fusão destes documentos surge a letra de câmbio. A emissão da letra estava ligada ao deslocamento de um mercador e ao chamado contrato de câmbio trajectício (moeda presente por moeda estrangeira a ser entregue em outra cidade).
De início existia quatro partes da letra:
a) banqueiro que recebia o dinheiro e emitia a letra (sacador); b) pessoa que dava o dinheiro e recebia a letra (tomador); c) o pagador (sacado) normalmente ligado ao sacador; d) a pessoa encarregada de receber, normalmente mandatária do tomador. Nessa época era apenas um instrumento de troca de dinheiro.
Período francês
Passou então a letra de câmbio de instrumento de transporte de dinheiro para um instrumento de pagamento. O sacado (correspondente do banco) quando não honrava o pagamento da letra de câmbio, nada poderia ser feito porque não havia assinado o título, não poderia ser compelido ao cumprimento da ordem.
Para dar maior segurança às pessoas que usavam o título, criou-se uma forma de responsabilidade do sacado: o aceite. Concordância do sacado, ao assinar ele se tornava devedor do título e por isso poderia ser compelido a pagar.
Outros problemas: se o sacado estivesse ausente da cidade na época que o comerciante chegava na cidade ele não tinha como trocar a moeda, passa-se então a admitir que o título seja transferido, ou seja, o credor não precisava mais encontrar o sacado, ele poderia passar o título para outra pessoa e essa outra pessoa encontraria o sacado, para receber o valor ali estipulado. Quem transferia o título também garantia o pagamento do título. O título então passa a ser um instrumento de pagamento. O Brasil recebeu orientação chegou com o Código Comercial de 1850.
Período alemão
A necessidade de exigências de segurança na circulação pela intensidade moderna. Foi o Direito alemão que fez surgir a letra de câmbio como Direito de crédito, no século XIX. São consagrados os princípios vigentes no direito cambial, representando à boa-fé que adquirem o título. A segurança jurídica era fundamental. Tal segurança só seria obtida se houvesse abstração e autonomia das obrigações assumidas.
CONCEITO
José A. Saraiva – É o título de crédito formal, autónomo e completo, que contém a obrigação de fazer pagar determinada soma de dinheiro, no tempo e no lugar designados.
Mario Alberto Bonfanti – documento de uma declaração constitutiva, com relação ao terceiro possuidor do mesmo, de um crédito abstrato destinado a circular em conformidade com a lei de circulação de bens móveis.
È título de crédito é formal (deve preencher os requisitos legais), é autónomo e abstrato – obrigações independentes entre si. É completo – não precisa de nenhum outro documento para produzir efeitos. Há uma ordem de pagamento de determinada quantia, na data e no local combinados.
Partes
Sacador ou emitente – é aquele que emite a letra, aquele que dá a ordem de pagamento para o sacado e responde pelo não cumprimento por parte deste.
Sacado – é aquele quem é dirigida a ordem de pagamento, mas só se torna obrigado a cumprir essa ordem se assumir obrigação assinando o título.
Tomador ou beneficiário – é o credor originário do título.
Legislação aplicável
	O processo de uniformização internacional da legislação 
Conferência da Haia de 1910, 89 países – se chegou a elaborar uma lei uniforme, um projeto de convenção, subscrito por 31 países. Mas não abarcavam todas as escolas, ex. da Common Law, e pela importância económica, a teoria não prosperou. Em 1912, houve outra convenção em Haia, mas pela 1ª guerra mundial, também restou frustrada.
Em Genebra em 1930, três convenções por parte de 27 países, inclusive o Brasil.
	Lei Uniforme de Genebra
Sobre a letra de câmbio e a nota promissória. Dois tipos de normas – necessárias e imprescindíveis a uniformização, e as não necessárias, em relação às quais se poderiam ser feitas reservas.
Se admite pelas regras da LUG o reenvio. A lei do Estado do subscritor é a lei aplicável
	A legislação aplicável no Brasil
Primeiramente Código Comercial de 1850, período francês. Posteriormente o CComercial é revogado pelo Decreto nº 2.044/1908 – período alemão – reconhecimento da autonomia. O Brasil só aderiu a LUG em 1942, só houve transformação pelo Decreto nº 57.663/66, o Brasil não adotou integralmente a LUG. Apesar da manifestação do STF no sentido de adoção da LUG, ainda se manteve em vigência o Decreto nº 2.044/1908 pelas omissões e reservas da LUG. Além de aplicação do CC no que couber.
Requisitos intrínsecos
É uma declaração de vontade, então devem preencher alguns requisitos. Mesmo de todo negócio jurídico: a) capacidade do agente, objeto lícito, possível, determinado ou determinável, e a forma prescrita ou não defesa em lei.
Os absolutamente e ou relativamente incapazes não podem se obrigar num título de crédito.
Requisitos legais
LUG 1º e 2º. 
a) cláusula cambial – identificação do nome do título, língua em que estiver escrito o documento, não é qualquer expressão equivalente.
b) ordem de pagamento – deve constar no teor literal do documento. Art. 1º da LUG o mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada. Mandato? Se houve uma indisposição entre o valor numérico e o valor expresso, prevalece o valor expresso. Poderão excepcionamente serem emitidas em moeda estrangeira, contrariando a lei nº 10.192/2001 – não assunção de obrigações em moeda estrangeira.
Poderá haver uma indexação, para servir de base de cálculo do valor final, que será convertido em reais.
Cláusula de juros pode vir, desde que escrita, se não há o início da cláusula, considera-se na data de emissão. O cheque e títulos atípicos considera-se não escrita a cláusula de juros.
c) nome do sacado – rg, cpf ou ctps, não é requisito sua assinatura. Pode ser mais de uma pessoa, podendo ser cumulativa, sucessiva ou alternativa.
d) nome do beneficiário – não pode ser título ao portador.
e) data da emissão – 1 ano paraapresentação ao sacado da letra emitida à vista.
f) assinatura do sacador – Saque. Pode ser por punho próprio ou por mandatário dotado de poderes especiais.
Requisitos supríveis
 a) local da emissão – serve apenas para aplicar a legislação aplicável àquele título. Pode ser suprido pelo local do endereço do sacador. Exige-se um ou outro, se não a letra será nula.
b) local de pagamento - se não tiver no local do endereço do sacado, também nula se não houver nenhum local.
c) vencimento – se não houver prazo, deverá ser paga à vista (LUG . Art. 2º, 2). É o único requisito dispensável.
Título em branco
Os requisitos não necessariamente deverão estar na emissão, mas sim, no pagamento. Mas em todo caso presume-se que os elementos foram preenchidos na época de criação do título. O credor no preenchimento deverá agir dentro do combinado expresso ou tacitamente (súmula 387 do STF). Mas presume-se a boa fé do credor.
Declaração cambiária
São outras declarações de vontade que vem a auxiliar a declaração principal – intenção de assumir a obrigação pelo pagamento do título (aceite), transferir o título (endosso), garantir o pagamento desse título (aval). O saque é a declaração originária.
AULA 05 – ACEITE
	A vontade do sacador não é suficiente para tornar a obrigação do sacado de pagar o título. Se o sacado manifestar sua vontade, assinando expressamente o título de crédito ficar também responsável pela cobrança do documento, só existe nas letras de câmbio e nas duplicatas, e não no cheque e na promissória.
 	É sempre facultativo e representa ato formal segundo o qual o sacado se obriga a efetuar, no vencimento, o pagamento da ordem que lhe é dada.
	O aceite é uma declaração cambiária sucessiva e acessória, mas não é essencial.
Forma
Não há forma, a simples assinatura no verso ou no anverso do título já produz aceite, desde que tenha uma expressão como aceitação, aceitante ou de acordo. Pode ser feito fora do título. O aceitante pode se arrepender, desde que risque o aceite, ou seja, sua assinatura. Mas se ele comunicou a terceiros que iria aceitar fica obrigado em caso de terceiros de boa fé.
Data do aceite
Não precisa de data. Mas para as letras a certo termo de vista é fundamental para início do prazo de vencimento.
Apresentação para aceite
Cartularidade e incorporação o título deve ser apresentado ao sacado, no vencimento, para que este efetue o pagamento. Como o aceite é facultativo a sua apresentação também o é.
Quando o título for a certo termo de vista, o prazo para o vencimento só começa a correr do dia do visto ou da dia do aceite, por isso a apresentação será obrigatória. O prazo para a apresentação do aceite será de um ano após a emissão do título, o sacador pode aumentar o diminuir esse prazo (art. 23 da LUG). Os eventuais endossantes só podem reduzir o prazo.
Títulos a vista e apresentação para aceite
A apresentação ao sacado já torna a obrigação exigível. Nesse momento deverá o sacado pagar ou não, então fica difícil pensar em aceite. A LUG diz que o protesto por falta de aceite deverá ser feito dentro do prazo para apresentação do aceite (art. 44).
Entrega e retenção do título
A apresentação do título ao sacado colocação material do título à sua disposição, mas não há obrigação de se deixar o título com ele (art. 24). Não há prazo caso deixe o título nas mãos do sacado para aceite, mas convenciona-se 24 horas para devolução do sacado.
O art. 885 do CPC diz que o juiz poderá ordenar a apreensão do título não restituído pelo sacado.
Efeitos do aceite
O sacado tem a opção de aceitar ou não da apresentação, e não poderá reter o título. Se assina não é nada se, assinar é considerado responsável pela obrigação. Independente da realização do protesto deverá ele responder. 
A prescrição da execução contra o aceitante tem um prazo de 3 anos do que contra os outros devedores (lug 70).
Falta e recusa do aceite
A recusa do aceite gera o vencimento antecipado do título (art. 43). Todos que assinaram responderão pelo valor do título. O beneficiário deverá provar a recusa do aceite, e na LUG (44) será o protesto em cartório próprio.
Aceite qualificado
Aceite alterando alguma das condições da ordem de pagamento.
Cláusula não aceitável
O sacador pode emitir a letra proibindo expressamente sua apresentação para o aceite antes do vencimento, por meio da chamada cláusula não aceitável (art. 22 da LUG), nesse caso, o beneficiário deveria apresentar a letra apenas para o pagamento.
É ótima para o sacador já que não haverá o vencimento antecipado se não houver o aceite. Não pode ser colocada na letra a certo termo da vista, porque o aceite é fundamental para o vencimento do título.
ENDOSSO
Da necessidade de circulação de riquezas. A transferência do título de crédito possui uma forma própria na legislação cambiária que é o endosso, sem prejuízo das formas tradicionais do direito das obrigações.
É uma declaração cambiária acessória que normalmente tem por objetivo e efeito a transmissão do título. Meio próprio de transferência da propriedade dos títulos de crédito e de todos os direitos inerentes a esse título. Se aperfeiçoa com a entrega do título.
Pressupostos: cláusula à ordem
É necessária a cláusula à ordem para que seja transferido. Ela é presumida na letra e na nota ( art. 11 da LUG), bem como o cheque (lei 7.357/85). Para que não seja transferido o título deve ser escrito no título a cláusula não à ordem. Se não houver o endosso a transferência poderá ser feita por cessão de crédito.
Forma
O beneficiário deverá manifestar a sua vontade no sentido dessa transferência. Pelo princípio da literalidade deverá o beneficiário declarar expressamente no título sua vontade. Não produzirá efeitos se for escrito fora do título. Assinatura do beneficiário no verso do título é suficiente, pode ser no anverso se houver alguma expressão (pague-se).
Endosso em preto e em branco
Em preto – o endosso indica a quem está sendo transferido o título, é indicado o endossatário. Se não nome do endossatário, endosso em branco, aqui o título embora não seja, pode circular como ao portador. Endosso parcial é nulo (art. 12)
Efeitos do endosso
Além de transferir o título, torna o endossante responsável pela aceitação e pagamento do título.
1 . transferência da propriedade do título – do endossante para o endossatário
2 . responsabilidade do endossante – títulos típicos o endossante responde, mesmo que indiretamente, se atípicos, art. 914, não responde pelo pagamento. Mas mesmo nos títulos típicos na cláusula do endosso pode haver uma limitação da responsabilidade do endossante.
	2.1. sem garantia – quando o endossante diz que não terá responsabilidade pelo aceite e pelo pagamento do título, deverá vir literal no título.
	2.2. proibição de novo endosso – poderá limitar o endossante a responsabilidade ao endossatário imediato. O Endossante garante o pagamento e o aceite, mas limita a quem irá fazer isso. Não impede o novo endosso, mas sim a responsabilidade do endossante a demais pessoas.
Endosso x cessão
Endosso é unilateral, a cessão é bilateral. Endosso é literal, a cessão pode ser realizada de qualquer modo. Só produz efeitos, a cessão, se notificada ao devedor. O endossante se torna dever indireto, na cessão o cedente não se obriga. Exceções pessoais pode na cessão e no endosso não.
Endosso póstumo
É aquele endosso feito após o protesto por falta de pagamento, ele não produz os efeitos do endosso, mas apenas efeitos de uma cessão ordinário de créditos – art. 20 da LUG.
Na letra e notas o prazo é de uma dia útil após o vencimento, nas duplicatas é de 30 dias após o vencimento, no cheque é o mesmo prazo da apresentação (30 dias se mesma praça, e 60 se praças diferentes).
Endosso impróprio
Endosso-mandato
Não visa a transferência da propriedade do título. É aquele em que o endossante da letra de câmbio transfere a outra pessoa o exercícioe a conservação dos seus direitos cambiários, sem dispor deles. Sempre deverá ser em preto. O endosso por procuração não extingue por causa da morte, claro que do endossante-mandantário.
Endosso-caução
Também não se tem intenção de transferir a propriedade do título, mas apenas e tão-somente constituir um penhor sobre o documento. Não se transfere o crédito, apenas se deixa o título em garantia de outra obrigação. Os bens objeto do penhor deverão ficar na posse do credor (1431 do CC). Endossante-pignoratício e o endossatário-pignoratício.
AVAL
É um reforço de uma garantia real ou pessoal. Dentro da garantia pessoal existe a possibilidade do aval.
Fábio Ulhoa Coelho – é ato cambiário pelo qual uma pessoa (avalista) se compromete a pagar a título de crédito, nas mesmas condições que um devedor desse título (avalizado).
FUNÇÃO: dar mais tranquilidade àquele que concedeu o crédito, aumentando assim o volume do crédito concedido, o que é extremamente interessante.
Qualquer pessoa, a princípio pode assumir a obrigação. 
Forma
Avalista declare a sua vontade por escrito – literalidade, ao contrário da França e da Argentina não se pode dar aval fora do título, ou alongamento do documento. 
Para simplificar a simples assinatura do beneficiário na face (anverso) do título é suficiente para representar o aval.
Diferença com o aceite, se a assinatura é do sacado será aceite, se for qualquer outra pessoa presume-se que é um avalista.
Vale também no verso do documento desde que traga consigo uma expressão que garanta a obrigação, não havendo qualquer forma solene (art. 31 da LUG). Por própria assinatura ou por procurador com poderes para tanto, mas se ele não o tive, será ele obrigado diretamente.
Outorga conjugal
Com o advento do CC/2002 e o art. 1647 exige outorga conjugal no aval dado por pessoa casada, salvo no regime de separação absoluta.
Esse instituto atinge todos os títulos de crédito, sendo eles típicos ou atípicos.
Causas de ausência de outorga: Art. 1648, 1649 – o cônjuge que não anuiu com o aval, pode pedir anulação até 2 anos após o fim da união, mas e o terceiro de boa-fé? Parte da doutrina entende que deverá ser resguardado até a metade correspondente ao avalista. Mas isso se faz absurdo, já que o CC é expresso que deverá haver a anuência.
Mas caberá o terceiro de boa-fé ação regressiva contra o cônjuge que o praticou sem anuência (art. 1646).
Súmula 332 do STJ quanto a fiança, é ineficaz toda a garantia.
Aval limitado
Normalmente o avalista assume a dívida inteira. A assunção dessa obrigação é ato de vontade, o próprio avalista pode limitar essa assunção, garantindo apenas parte do título.
O endosso parcial é nulo, mas o aval parcial não. (art. 30 da LUG).
Nos títulos atípicos o aval parcial é vedado (art. 897 do CC).
Avalizado
O aval é uma garantia dada como reforço a obrigação de alguém que já consta do título. O avalista assume uma obrigação equivalente, mas não igual a pessoa que já consta do título, ele está sujeito aos mesmos prazos prescricionais do avalizado. Para indentificá-lo devemos observar o documento, pode ser do sacador, aceitante ou de endossantes, e ainda do avalista – avais sucessivos.
Aval em branco caso não indique no documento, caso que a lei presume que foi o sacador que é o avalizado.
Aval antecipado
Só se dá ao sacado se ele aceitar o título. Porque só assim o avalizado assume obrigações e o avalista tb.
Avais simultâneos
Não sendo achado o avalizado presume-se ser o sacador. Se existir dois avais em branco e superpostos preseum-se que ambos são avalistas do sacador.
Rubens Requião diz que não há solidaridade entre avalistas simultâneos. Aqui temos dois avalistas do mesmo obrigado, nessa situação os coavalistas serão obrigados a pagar sempre a totalidade da obrigação perante o credor (art. 47 da LUG), cada um deles é obrigado pela dívida inteira, ou é uma obrigação indivisível, ou solidária.
Não há como não fazer o reconhecimento da solidariedade entre os coavalistas, não há que se falar de obrigação indivisível. O coavalista que pagou terá ação de regresso apenas contra o outro, na quota parte de cada um.
Responsabilidade do avalista
Art. 47 da LUG, ele se torna devedor solidário, mas que o avalizado possua bens, ele paga na integralidade. Mas ele pode indicar bens do avalizado quando for demandado. Ele assumirá a posição do devedor que for avalizado, se principal, será principal, se indireto, será também indireto.
Autonomia e abstração da obrigação do avalista
Só atinge a obrigação do avalista se houver vício formal no título, os demais vícios não, por exemplo, avalizado é considerado nulo sua obrigação, ou se falsa sua assinatura. Exceções pessoais do avalizado não podem ser opostas quando o avalista for demandado para responder pela obrigação.
Não se aplica o princípio da abstração quando o título não circulou e existe um credor de má-fé, o vício na negócio inicial pode cancelar a relação.
Transmissão aos herdeiros
O aval é uma garantia pessoal, não é personalíssima, por isso, é transferível aos herdeiros, dentro das forças da herança (art. 1792 do CC)
Direitos do avalista
A sua obrigação é solidária, autónoma e não personalíssima, possui um direito, o de regresso que nasce ao efetuar o pagamento do título de crédito. Não poderá ser esse direito exercido contra todos os signatários do título, só contra o avalizado e contra as mesmas contra o avalizado teria do direito de regresso.
PROTESTO
É o meio solene de prova de certos fatos.
Lei 9492/97 define o protesto como sendo o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento da obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida. Mas o conceito não é correto uma vez que o protesto pode provar a recusa do aceite que não é uma obrigação.
Fábio Ulhoa – é o ato praticado pelo credor, perante o competente, cartório, para fins de incorporar ao títutlo de crédito a prova de fato relevante para as relações cambiais.
Pode ser por falta de aceite ou por falta de pagamento, por falta de devolução da letra de câmbio e da duplicata, bem como o protesto por falta de data do aceite.
Procedimento – registro no cartório competente, e é consubstanciado no:
a) pedido – o interessado deve fazê-lo para que o tabelião aja.
b) intimação – intimação para pagar, devolver, aceitar ou datar o aceite. Deverá ser dirigida ao emitente da nota ou cheque, ou ao sacado nas letras e nas duplicatas, e todas as pessoas responsáveis pelo pagamento deverão ser intimadas. Pode ser feita de forma livre, e não precisa ser pessoal, sendo suficiente a entrega no endereço indicado.
c) lavratura do protesto – se houver o pagamento dentro do prazo da intimação (3 dias) houver o pagamento, a aceitação, a devolução do título ou a datação do aceite, não haverá protesto, não haverá protesto. Transcorrido o procedimento o tabelião lavrará o protesto, atestando o fato que se queria provar, registrado em livro, coem como no instrumento do protesto a ser entregue ao apresentante.
Segundo o art. 22 da lei deverá conter: Olhar Lei.
Aviso 
No prazo de 4 dias úteis deverá o apresentante notificar o sacador e os endossantes a falta de aceite ou de pagamento do título.
Efeitos
Por falta de aceite – vencimento antecipado dos devedores indiretos
Por falta de pagamento, não abarca o sacado, e só por meio dele pode haver a cobrança dos devedores indiretos, interrompe o prazo prescricional (o prazo começa a correr do zero), se o aceitante é empresário pode ser motivo de um pedido de falência por falta de pontualidade nos pagamentos; inscrição no cadastro de inadimplentes.
Prazo
Por falta de aceite, só pode ser feito quando ainda pode ser dado o aceite, ou seja, até o vencimento do título. Após só por falta de pagamento – que não tem prazo para dar início, mesmo que passado o prazo prescricional.
Sustação do protesto e dos seus efeitos – podeser feita por antecipação de tutela – art. 273, § 7º do CPC e cautelar (para o protesto em si).
Cláusula sem protesto
Art. 46 da LUG – deve ser escrita no título em razão da literalidade. Não impede a realização do protesto, mas apenas torna a realização do protesto uma faculdade, ou seja, a cobrança dos devedores indiretos não necessitará de protesto, não dispensa o credor por seu vez de apresentar o título no vencimento, bem como de fazer os avisos necessários. 
AÇÕES PARA O RECEBIMENTO DO CRÉDITO
Basicamente são três:
A) Ação cambial
O protesto é um meio de prova, depois disso tem-se que recorrer ao judiciário, e a ação normal é a ação cambial, pela qual se exerce o direito literal e autónomo incorporado no título de crédito. É uma ação executiva presente no CPC, os títulos típicos possuem uma certeza tão grande que não necessitam de discussão para seu reconhecimento, são considerados títulos executivos. O devedor é citado para efetuar o pagamento em três dias (art. 652 do CPC).
Tipos – ação direta – contra os aceitantes e os seus avalista, não depende de protesto; e ação de regresso – contra os devedores indiretos (sacador, endossantes, e avalistas) a qual depende de protesto tempestivos.
Legitimidade – credor da obrigação, pode ser feita contra todos os que se obrigaram.
Foro competente – local do pagamento (art. 100, IV, d).
Objeto – receber o valor constante do título de crédito, quantia do título e despesas com o protesto.
Documentação – título executivo (art. 614, I); planilha de débito (art. 614, II), protesto (art. 53 da LUG); procuração (art. 36 do CPC); contrato social (art. 12, VI, CPC) e guias de custas se for o caso.
Procedimento
Rito da execução por quantia certa contra devedor solvente (art. 652 e seguintes do CPC)
Prescrição 
É um prazo dado por lei para que se execute a pretensão. Para letra e nota promissória: 3 anos contatos do vencimento, contra o devedor principal (aceitante e avalistas); 1 ano do protesto ou do vencimento se houver a cláusula de despensa contra os devedores indiretos (sacador, endossantes e avalistas); 6 meses contados do pagamento ou do ajuizamento da ação, para o exercício do direito de regresso por aquele que pagou contra os codevedores.
Início – vencimento para os devedores principais, do protesto contra os indiretos, e pagamento contra os codevedores.
Defesa do executado:
a) embargos à execução – em 15 dias contados da juntada do mandado, o executado poderá se opor à execução por meio dos embargos à execução, que representam uma ação de conhecimento com o objetivo final de extinguir a execução ou reduzir o seu valor.
b) exceção de pré-executividade – defesa endoprocessual, dentro do próprio processo, não é uma ação autónoma como os embargos, mas sim, um simples petição no processo de execução. É oposição do devedor. Pode levantar matéria que o juiz poderia conhecer de ofício. Poderá discutir a ilegitimidade das partes, a iliquidez do título, bem como outros pressupostos processuais e condições da ação. É sempre matéria de dilação probatória, a qual é imcompatível com o procedimento da execução.
B) Ação de locupletamento ou de enriquecimento sem causa 
Quando perdido o prazo do protesto ou o prazo prescricional – previsão no art. 48 do Decreto nº 2.044/1908.
Pressupostos – é uma ação secundária. Quatro fundamentais: a) impossibilidade de ajuizamento da ação cambial; b) enriquecimento sem causa do devedor; c) empobrecimento do credor; e d) nexo de causalidade entre o empobrecimento de um e o enriquecimento do outro.
C) Ação causal
É aquela que tem por base o negócio jurídico que deu origem ao próprio título ou que permitiu a sua circulação, vale dizer, a causa de pedir dessa ação será o descumprimento desse negócio jurídico. É uma ação autónoma
Pressupostos: a) subsistência da relação jurídica que deu origem ao título; b) o não-pagamento do título; e c) a devolução do título ao devedor. Não exige protesto.
Legitimidade: partes do negócio subjacente
Prescrição: do negócio subjacente (arts. 205 e 206 do CC).
Procedimento: nasce do vencimento da obrigação subjacente ao título. O rito poderá ser o executivo. Ela subsiste mesmo após o prazo da ação cambial, por isso que poderá ser ajuizada no procedimento comum ordinário, a depender do valor sumário (60 salários mínimos) ou sumaríssimo (40 salários mínimos).
NOTA PROMISSÓRIA
Promessa de pagamento, isto é, um compromisso escrito e solene, pelo qual alguém se obriga a pagar a outrem certa soma de dinheiro.
Promessa direita do devedor ao credor, e é isso a principal diferença entre ela e a letra de câmbio. O emitente assume a obrigação de pagar diretamente a obrigação que está ali incorporada, não dando qualquer ordem a terceiro.
Há um prazo para pagamento.
Tem a possibilidade de endosso e aval.
Necessariamente dois sujeitos: emitente ou promitente e o beneficiário ou tomador.
Requisitos
Só se houver os requisitos da lei (art. 75 LUG)
Essenciais: são insubstituíveis, a ausência de qualquer um deles gera a perda do valor do documento: a) a denominação nota promissória, b) a promessa de pagar determinada quantia; c) o nome do beneficiário, d) a data da emissão e; a assinatura do emitente.
Supríveis: não são completamente dispensáveis, mas apenas requisitos que admitem o suprimento por outra indicação: a) local da emissão, podendo ser substituído pelo endereço do emitente; b) local do pagamento – substituído pelo local onde o título foi passado. 
O vencimento é requisito dispensável, nem como suprível, porquanto ele é completamente dispensável. Se não houver prazo deverá ser considerada a vista.
Regime legal
A nota promissória tem o mesmo regime da letra de câmbio, apenas com 4 peculiaridades
a) não há aceite; b) o emitente da nota promissória é equiparado ao aceitante; c) no aval em branco, o avalizado é o emitente; d) não se admite duplicata de nota promissória.
Vinculação a contrato
Existem títulos que podem ser vinculados ao contrato, fazendo menção ao verso do título. Apesar de vinculada, a nota promissória não perde o efeito de título de crédito. O único efeito que ela perde como título de crédito é o princípio da abstração.
CHEQUE
É a ordem de pagamento a vista, emitida contra um banco, em razão de fundos que o emitente possui junto ao sacado. É uma ordem emitida contra um banco, ou ente assemelhado, para que pague à pessoa, em favor de quem se emite, ou ao portador, importância certa em dinheiro, previamente posta à disposição do emitente e que será levada à conta do mesmo.
É ordem de pagamento na medida que não é um pagamento pessoal, o cheque se torna exigível sempre no momento em que for apresentado ao sacado (vencimento sempre a vista). Sujeitos: emitente, sacado e beneficiário.
A letra de câmbio é emitida livremente, já o cheque é emitido de acordo com os requisitos da Lei nº 7.357/85 – arts. 3º e 4º.
O sacado é necessariamente uma instituição financeira. Exige ainda um contrato de conta corrente entre o emitente e o sacado.
O emitente deve ter fundos disponíveis no momento da apresentação do cheque. A ausência desses fundos não desconfigura o cheque, mas desnatura sua finaldade; trata-se de um cheque irregular, mas perfeitamente válido e eficaz.
Natureza Jurídica
Condição de título de crédito puro e simples. Embora seja a vista, há necessariamente um tempo entre o recebimento do cheque e sua conversão em dinheiro, logo, estariam presentes a confiança e o tempo, quando emitido em favor de terceiro.
O cheque não substitui o papel-moeda, não é instrumento então de pagamento. Não há como negar a representativa do cheque.
Legislação
Assim como na letra de câmbio poderá ser usado em negócios internacionais. Por muito tempo tentou-se se buscar uma uniformização internacional da legislação sobre o cheque. Convenção de Genebra, em 1931, e lei foi incorporada pelo Decreto nº 57.595/66. O texto da Convenção foi absorvidapelo Brasil, com 24 reservas, o Brasil manifestou sua intenção de não adotar 24 regras da Lei Uniforme.
Então surge a lei 7.357/85. A Lei resguarda expressamente poderes para o Conselho Monetário Nacional (CMN) para editar regras sobre o cheque.
Requisitos
A lei 7357/85 estabelece requisitos essenciais e requisitos supríveis para o cheque. Por normativa do Banco Central, optou-se por criar um modelo padronizado de cheque, com requisitos definidos pelas normas do CMN, por meio da Resolução 885/83.
a) denominação cheque escrito no documento, na língua em que o título é redigido.
b) ordem de pagamento pura e simples de pagar determinada quantia. O valor deverá ser identificado de forma clara e precisa, não se admitindo a cláusula de juros (art. 10). Deverá ser identificado o valor em algarismos e por extenso.
O art. 42 da lei permite a emissão do cheque em moeda estrangeira, o qual deverá ser pago em moeda nacional pelo câmbio do dia da apresentação.
c) nome do banco sacado, deve ter a identificação da agência, salvo se constar do cheque a expressão pagável em qualquer agência.
d) data de emissão do cheque – que serve para aferir a capacidade do emitente no momento da assinatura do cheque, bem como para aferir o prazo de apresentação do cheque e, o prazo prescricional da execução do cheque.
e) assinatura do emitente de próprio punho ou por meio de procurador com poderes especiais.
f) lugar do pagamento (art. 1º).
g) lugar da emissão – pode ser substituído pelo local junto ao nome do emitente. É fundamental para saber qual será o prazo de apresentação: 30 dias se o local de emissão for o mesmo do pagamento ou 60 dias se forem locais distintos.
h) a identificação do beneficiário é essencial para cheques superiores a RS 100,00, uma vez que só até tal valor os cheques podem ser ao portador.
Inexistência de aceite
A única assinatura obrigatória é a do emitente. As outras assinaturas deverão ser o aval ou endosso, não havendo cogitar de aceite. 
O sacado é normalmente o beneficiário, não há que se cogitar de assunção de responsabilidade pelo sacado.
Cabe aval e endosso, mas esses institutos só podem ser cobrados após seu vencimento. O cheque é sempre pagável a vista, o cheque será exigível e poderá ser pago a partir do momento em que for apresentado ao sacado, ainda que nele esteja consignada data futura. Quando da criação do cheque, forma-se uma relação cambiária entre o emitente e o beneficiário, o sacado é alheio a tal relação.
Reapresentação
Nem sempre o cheque tem fundos, em razão disso faculta-se uma segunda apresentação não pago por insuficiência de fundos, feita após 2 dias úteis da primeira apresentação. Caso perdure o banco deverá inscreve o seu nome no Cadastro de Emitentes de Cheques sem fundo (CCF).
Prazo de apresentação
Contado da apresentação do cheque: 30 dias (mesma praça) quando emitido no lugar onde houver de ser pago; e de 60 dias (praça diferente) , quando emitido em outro lugar do país ou no exterior. Por praça deve-se entender município, podendo alcançar a ideia de distritos, quando forem distantes da sede municipal. É uma situação própria para o Brasil de acordo com a LUG. Esta estabelece um prazo de 8 dias para a apresentação de cheques pagáveis emitidos no mesmo país do seu pagamento. Para cheques emitidos no exterior, o prazo seria de 20 a 70 dias, a depender do lugar de emissão e o lugar de pagamento.
Apresentação fora do prazo
Mesmo após o decurso do tempo o cheque pode ser apresentado para pagamento ao sacado. Nesse caso, ele ainda terá a obrigação de pagar o cheque, caso liquidação, desde que a ação cambial não esteja prescrita (art. 35, §único, Lei nº 7.357/85). Em outras palavras, para o sacado, o prazo de apresentação não tem maior importância, isto é, ele é obrigado o pagar o cheque regular caso a execução ainda não esteja prescrita, independentemente do decurso ou não do prazo de apresentação. Não impedindo a execução do cheque. Mas se perder o tempo de apresentação a ação de execução só poderá ser ajuizada contra o emitente e seus avalistas (Súmula 600 do STF). Os devedores indiretos necessitam de protesto, e uma vez perdido o prazo de apresentação perde-se o prazo para o protesto. O ónus da prova é do emitente, comprovando a existência de fundos.
Pagamento de cheque falso ou falsificado
Quando da assinatura feita por outras pessoas diversas do emitente (cheque falso), ou alterado um elemento essencial como o valor (falsificado). O Brasil entende que a responsabilidade pelo cheque falso, falsificado ou objeti de alterações é do banco sacado, por se tratar de risco inerente à sua atividade (Súm. 28 do STF). Mas resguarda ao sacado o direito de reaver o que pagou nos casos de dolo ou culpa do correntista, do endossante ou do beneficiário.
Devolução sem pagamento
Há vários motivos que o banco pode não pagar um cheque. (art. 37) Olhar livro
Revogação, sustação e cancelamento do cheque
Revogação – o cheque apesar de ser uma ordem de pagamento emitida pelo emitente ao sacado, não é irretratável, pode haver uma contraordem para o banco impedindo de pagar o valor. Para tanto, o emitente deve comunicar o banco da sua intenção, indicando os motivos do seu ato, não cabendo ao banco discutir os motivos apresentados. No caso de furto, roubo ou extravio, exige-se a apresentação de boletim de ocorrência policial. Só pode ser feita após o prazo de apresentação.
Sustação
Emitente como os legítimos possuidores podem sustar o cheque e os efeitos serão imediatos. A sustação e a contraordem se excluem reciprocamente. Deverá ser requerida por escrito, a oposição pode ser por meio eletrônico, desde que confirmada 2 dias após. Art. 36 – deve ter esses fundamentos.
Cancelamento
Para a folha de cheque o certo é cancelar. Pode ser talonário inteiro, especialmente nos casos de extravio pela remessa por correio, quando o cancelamento é feito pelo próprio banco. Pode haver no caso de preenchimento incorreto, mediante requerimento do correntista.
Ação cambial
Prescrição – no Brasil o prazo é de 6 meses deverá ser contado a partir da expiração do prazo de apresentação (art. 59, Lei 7.357/85) do cheque e não da sua data da emissão.
Modalidades de cheque	
	Cheque visado
O banco sacado lança e assina no verso do título, declarando a existência de fundos suficientes, no valor do título, os quais ficarão reservados para a liquidação do cheque, pelo prazo para apresentação do título (art. 7º). Dá segurança ao credor. Se após o prazo de apresentação, se o cheque visado não foi apresentado, os valores serão novamente creditados na conta no emitente.
	Cheque cruzado
Não poderá ser pago diretamente ao portador, isto é, não pode ser sacado na boca do caixa. Só poderá ser pago a um banco ou a um cliente do sacado, mediante crédito em conta (art. 45). O cheque tem que ser depositado. O cruzamento é feito por meio de dois traços paralelos na face do cheque, inseridos pelo emitente ou pelo portador, podendo ser em geral ou em branco e especial ou em preto, quando indica que banco pode receber o cheque.
	Cheque administrativo
No qual o emitente do cheque é o próprio banco sacado. É usada pelos próprios bancos para honrar suas obrigações, mas também pelos particulares para dar mais segurança às suas transações.
	Cheque especial
O sacado mediante acordo de vontades com o emitente, abre uma linha de crédito, facultando-lhe o uso desse crédito. 
	Cheque de viagem
Traveller’s check, instrumento de troca de moeda, são cheques que podem ser sacados em estabelecimentos no exterior, quando o emitente estiver em viagem. Em tal modalidade, há um seguro que garante interessado no caso perda, furto ou roubo do título.
Apectos penais do cheque
Pena de reclusão de 1 a 5 anos, a emissão de cheques sem previsão de fundos ou a frustação injustificada do seu pagamento, nos termos do art. 171, §2º, VI do CP.
Cheque pós-datado
Pré ou pós
A prática docomércio abriu a finalidade do cheque, de ordem de pagamento a vista, mas com a combinação de uma data futura para apresentação.
A prática bancária resolveu chamar essa operação de cheque pré-datado, mas a doutrina diz que a nomenclatura correta seria cheque pós-datado.
Luis Emygdio da Rosa Júnior assevera que no cheque pós-datado se apõe uma data futura e no chque pré-datado se apõe uma data anterior. o termo é diferente, na prática é o cheque pós-datado, com data futura combinada para apresentação.
Para Wile Duarte Costa assevera que pré-datado e pós-datado são a mesma coisa. A data consignada no cheque como de emissão é posterior ao real dia da emissão. 
Ao se falar em cheque pré-datado, quer se dizer que a data combinada foi inserida antes do dia em que o cheque deveria ser efetivamente emitido. Por outro lado cheque pós-datado significa a inserção de uma data posterior a da efetiva emissão do título.
A corrente majoritária vai no sentido de chamar a relação de pós datada.
Uso
o cheque é um eficiente meio de pagamento. a transação geralmente é dirigida a um banco que fará com que a relação se difundisse, uma vez que é muito fácil encontrar um banco do que encontrar o devedor imediato. mas seu uso se esbarra em alguns entraves legais.
Segundo o art. 32 da Lei 7.357/85 é sempre pagável à vista. Assim o credor pode sempre cobrar sua compensação quando apresentar o cheque ao banco sacado. E por isso, é difícil a relação de pagamento a prazo, uma vez que não há possibilidade de se estabelecer um vencimento para o cheque. E se parcelado o credor teria que ir diretamente ao devedor pegar outros títulos.
a prática criou o cheque pós datado para maior eficiência e praticidade do cheque, onde as partes ajustam uma apresentação apenas a partir de certa data.
Fundamento: se deu graças a diminuição de renda da população e a perda de seu poder de compra e por imediata o aumento da demanda de crédito.
Legalidade
Na Argentina já existe regulação de um cheque com vencimento certo combinado entre as partes que se chama cheque de pago diferido. mas no Brasil o pós-datado não possui autorização legal.
Pelo art. 32 haveria a possibilidade de defesa da ilegalidade do documento. O banco deverá pagar o cheque que possui provimento de fundos quando da sua apresentação, ou seja, para o sacado não existe a pós-datação ( art. 32, £ ú). Mas essa regra só é dirigida ao sacado e não as partes intervenientes do cheque.
Pela autonomia privada as partes podem avençar uma data futura e certa para apresentação, o que demonstra sua legitimidade. O banco, por proibição legal, não assume a pós datação. não gera vencimento do cheque, mas efeitos obrigacionais entre as partes.
Natureza jurídica
é lícito, mas desvirtua a intenção da criação do cheque. A natureza do cheque não é desvirtuada pelo pós datamento, mas a natureza é cambiária.
Admite endosso, aval e todos os institutos cambiários, inclusive a ação cambiária.
Com a pós datação além do cheque existe um acordo entre as partes. Uma obrigação de não fazer assumida pelo beneficiário.
Envolve então: um cheque e um contrato.
Consequências da pós-datação
Para o sacado não causa nenhuma. Apesar disso, a pós-datação possui especialmente consequencias no que diz respeito a relação entre o emitente e o beneficiário
a) prazo de apresentação e prescrição do cheque pós-datado com data de emissão futura – começa a correr o prazo de apresentação a partir do fim da data avençada, mas se apresentado ao sacado a data de apresentação será a do dia de colocação na instituição financeira.
b) prazo de apresentação e prescrição do cheque nas outras formas de pós-datação – incialmente o STJ dizia que apenas a pós datação do lugar da emissão de data futura gerava a incidência de diferenciação entre a apresentação e a prescrição, atualmente o STJ afirma que qualquer data avençada pode estimular a datação.
c) estelianato e cheque pós-datado - não configura porque falta o elemento subjetivo do tipo a intenção de fraudar, que aqui não há uma ordem de pagamento a vista, mas sim, uma promessa de pagamento a prazo.
Apresentação antecipada do cheque 
Responderá o beneficiário por perdas e danos nos termos do art. 389 do CC, já que assumiu uma obrigação contratual e a descumpriu.
Súmula 370 do STJ caracteriza dano moral a apresentação antecipada do cheque pré-datado. Mas deverá, para a indenização, a comprovação do prejuízo. Além de pagar os danos emergentes (o que perdeu) e os lucros cessantes (o que deixou de ganhar). Os danos morais geralmente são produzidos com a inscrição do nome do devedor no SPC ou SERASA.
Apresentação antecipada do cheque pós datado pelo endossatário
O cheque pós datado pode ser objeto de endosso, e ele poderá ser depositado antes da data. A obrigação do devedor que se tornou parte é de resultado, por isso a responsabilidade pelo depósito antecipado do endossatário é do beneficiário (devedor original). Se no entanto o terceiro sabia do contrato, ele age de má-fé e responderá por culpa extracontratual, por sua culpa.
E caso aja culpa e responsabildade de ambos será ela solidária, desde que cause prejuízo a alguém. 
DUPLICATA
	É genuinamente brasileira. Lei n. 5474/68.
Duplicata está sempre ligada a um compra de compra e venda ou prestação de serviço.
Pontes de Miranda diz ser a duplicata um título cambiariforme (falta da abstração), em que o criador do título assume por promessa indireta, vinculação indireta. O credor originário se transforma em devedor, a medida que endossa para outra pessoa.
É em síntese um título emitido por seu credor originário, para documentar o crédito originado de uma compra e venda mercantil ou de uma prestação de serviços, com base em uma fatura.
É criada pelo credor e por isso é uma ordem de pagamento e não uma promessa. O Sacador dá uma ordem ao devedor para que pague o valor devido a ele mesmo. O sacador e o beneficiário são a mesma pessoa.
Não nasce para ser um título cambial e por isso circular, mas sim é antes de tudo um título causal.
A causa interfere no grau da própria autonomia do título de crédito de vez que ela propicia maior possibilidade de exceções oponíveis ao credor, e, como tal, diminui o alcance daquela autonomia.
Processo de emissão
A hipótese de emissão é mais restrita. A emissão é conduzida pelo credor e pressupõe outro documento que é a fatura.
Contrato ___________ fatura ___________ duplicata
FATURA
Os contratos de prestação de serviço e compra e venda mercantil geram um crédito para uma das partes, para que tais contrato posso originar a duplicata, é essencial que seja emitido previamente um documento, denominado fatura.
Na celebração da negociação é entregue um documento ao comprador ou recebedor dos serviços, como uma espécie de prova de finalização do contrato de compra e venda ou de prestação de serviços. Pode inclusive ser uma nota fiscal-fatura. A lei 5474/68 diz que, diferente da regra que a fatura é facultativa, toda compra e venda mercantil com prazo de pagamento não inferior a 30 dias, contados da entrega das mercadorias, será emitido uma fatura.
A fatura é um documento meramente comprobatório, e a duplicata é um título de crédito com base na fatura.
O art. 6º da lei diz que a duplicata deverá ser remetida ao sacado , no prazo de 30 dias a contar da sua emissão e não da emissão da fatura, demonstrando que as datas de emissão poderão ser distintas.
Para o credor que emita duplicatas para controle e para evitar abusos é necessário pelo art. 19 da lei nº. 5.474/68, que este tenha um livro de registro de duplicatas.
Cabendo quem fraudar tal procedimento o crime do art. 172 do CP, punível com detenção de 2 a 4 anos e multa.
REQUISITOS
Art. 2º da lei:
 a) denominação; b) data de emissão; c) número de ordem; d) número da fatura; e) data certa do vencimento ou a declaração de ser a duplicata à vista; f) nome e domicílio das partes; g) importânica a pagar; h) praçado pagamento; i) clausula à ordem; j) declaração do reconhecimento da obrigação de pagar, assinada pelo comprador; l) assinatura do emitente.
Aceite
Não há a exigência da assinatura do comprador. Embora não seja obrigado ao título de crédito, o comprador (sacado) pode assumir a obrigação de pagar os valores ali constantes, por meio do aceite. Com aceite ele é devedor principal, sem aceite é um mero nome e não há obrigação cambiária. Mas aqui diferente da letra de câmbio, o aceite é obrigatório.
É possível o endosso, por meio da clausula à ordem, como também o aval.
Vencimento
Podem ser à vista, como pode haver designação de data certa, geralmente vinculada a data de vencimento da obrigação contratual.
Cabe protesto
Ação cambial cabível – prescrição – art. 18 da lei, devedores principais -3 anos; devedores indiretos -1 ano; e regresso 1 ano.
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