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Economia - Aula 08 - Economia Intertemporal

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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA – CURSO REGULAR 
PROFESSOR MARLOS FERREIRA 
www.pontodosconcursos.com.br 1
AULA 08: 
A ECONOMIA INTERTEMPORAL. O CONSUMO E O INVESTIMENTO NUM 
MODELO DE ESCOLHA INTERTEMPORAL. A RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
INTERTEMPORAL DAS FAMÍLIAS. A RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
INTERTEMPORAL DO GOVERNO E A EQUIVALÊNCIA RICARDIANA. 
 
O CONSUMO E O INVESTIMENTO NUM MODELO DE ESCOLHA 
INTERTEMPORAL. A RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA INTERTEMPORAL DAS 
FAMÍLIAS 
 
 
Economia intertemporal, hipóteses de restrição intertemporal, modelo de dois 
períodos, qual arcabouço está por trás desses termos econômicos? Qual a 
influência que essa abordagem intertemporal provoca na economia dos cidadãos? 
E qual o impacto para o governo? 
A economia intertemporal se constitui em uma teoria que afirma que as famílias 
dividem sua renda entre consumo e poupança com o objetivo de atingir o máximo 
de utilidade possível. Da mesma forma, o setor público também compreende a 
repercussão de uma política fiscal sobre as decisões de gastos e poupança 
pública. 
A grande contribuição da economia intertemporal passa pela firme convicção que 
os consumidores são conscientes, prudentes e, portanto, o nível de consumo 
desejado passa não só pela renda corrente ( renda atual, proposta por Keynes e 
seus seguidores), mas também pela renda futura esperada, pelo estoque de 
riqueza e pela taxa de juros. 
Veremos, então, novamente, em breves considerações, a função clássica de 
consumo keynesiana e, a seguir, a teoria intertemporal, resultado de avanços 
microeconômicos na análise macroeconômica. 
Uma vez que o consumo constitui quase 70% do PNB, as variações decorrentes 
dessa variável representam ponto crucial na explicação dos picos e recessões. 
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A função consumo keynesiana representa uma função consumo com as três 
propriedades propostas por Keynes, a saber: 
a) o consumo é determinado pela renda constante. 
b) a propensão marginal a consumir se situa entre 0 e 1. 
c) a propensão média a consumir cai quando a renda aumenta ( a PMeC é 
declinante). 
Sob essa base, criou um modelo simplificado de consumo que relaciona a renda 
atual com o consumo atual: C = a +cY onde Y é a renda atual e os coeficientes a 
e c são constantes e representam a lei psicológica de Keynes. 
Essa equação, como veremos, tem o problema de não levar em conta o papel da 
taxa de juros e da renda futura na decisão de consumo atual. 
Séries temporais curtas e pesquisas familiares registraram uma relação entre 
consumo e renda semelhante à hipótese keynesiana. Esta relação é chamada de 
função consumo de curto prazo. 
Mas estudos a partir de séries temporais longas verificaram que a propensão 
média a consumir não varia sistematicamente com a renda. Esta relação é 
denominada função consumo de longo prazo. 
Nota-se que a função consumo de curto prazo apresenta uma propensão média a 
consumir declinante, enquanto a função consumo de longo prazo apresenta uma 
propensão média a consumir constante. 
A função de consumo de Keynes - a primeira tentativa formal de desenvolver um 
modelo de consumo corrente baseado na renda familiar – teve um papel 
fundamental no desenvolvimento das idéias da área. Só isso já foi uma 
contribuição excepcional. 
Já a ênfase sobre a escolha intertemporal contrasta com as teorias anteriores de 
consumo propostas por Keynes e seus seguidores. A moderna análise de 
consumo e poupança iniciada por John Maynard Keynes especificou uma função 
consumo relacionando o consumo atual com a renda atual. Esse roteiro foi 
complementado com a abordagem intertemporal, uma teoria que afirma que as 
famílias dividem sua renda entre consumo e poupança com o objetivo de atingir o 
máximo de utilidade possível. 
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Veremos a seguir os modelos e hipóteses mais conhecidos e recentes da 
economia intertemporal. Tais modelos especificam que o consumo é função das 
variáveis renda corrente, renda futura esperada, estoque de riqueza e taxa de 
juros. 
A) Modelo de Fischer ou modelo de dois períodos 
Irving Fischer desenvolveu um modelo com o qual os economistas analisam como 
os consumidores racionais fazem escolhas intertemporais, isto é, escolhas que 
envolvem diferentes períodos de tempo. 
O modelo de Fisher mostra as restrições que os consumidores enfrentam e como 
estes escolhem entre consumo e poupança. O modelo de dois períodos assume 
que as famílias vivem durante dois períodos, o presente e o futuro, simplificando o 
estudo da opção intertemporal. Permite-nos encontrar o equilíbrio do consumidor 
sobrepondo as curvas de indiferença1 e a restrição orçamentária intertemporal de 
forma gráfica. 
A restrição orçamentária do consumidor mostra as combinações de consumo 
entre dois períodos entre os quais o consumidor pode optar. Se escolher pontos 
entre A e B, consumirá menos do que sua renda no primeiro período, poupando 
para o segundo. Se a escolha recair entre pontos no intervalo A e C, consumirá, 
no primeiro período, mais do que sua renda, levantando empréstimos para cobrir a 
diferença, conforme gráfico abaixo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 Curvas de indiferença mostram as diversas combinações de bens que fornecem a mesma utilidade a um 
consumidor ( ou a uma família). O nome indiferença refere-se ao fato de que o consumidor é indiferente entre 
receber uma ou outra combinação de bens, desde que qualquer uma delas esteja sobre a curva. Isso porque 
elas fornecem a mesma utilidade. 
 
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 C2 
B Restrição orçamentária do consumidor 
 
 
Y2 A 
 
 
 
 C C1 
 Y1 
 
Em contraste ferrenho com o apregoado pela função keynesiana, o modelo de 
Fisher considera que o consumo não depende da renda corrente. Em realidade, o 
consumo está vinculado ao aporte de recursos que o consumidor espera auferir 
ao longo de sua vida. 
 
 
B) Modelo de Modigliani ou modelo do ciclo de vida. 
Modigliani, por sua vez, destacou que a renda varia ao longo da vida das pessoas 
e que a poupança permite aos consumidores deslocar renda dos períodos em que 
ela é alta para aqueles em que é mais baixa. Essa interpretação do 
comportamento do consumidor constitui a base de sua hipótese do ciclo de vida. 
O modelo do ciclo de vida se constitui numa aplicação específica do modelo 
intertemporal de consumo e poupança. A ênfase no padrão regular de renda no 
decorrer da vida das famílias é seu traço peculiar. Como as famílias querem 
manter um padrão de consumo uniforme, despoupam quando jovens ( renda é 
desprezível), poupam durante os anos produtivos da sua vida adulta ( pagamento 
de dívidas contraídas quando jovens e acumulação de riqueza para a velhice) e 
despoupam quando ficam idosas. 
 
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C) Modelo de Friedman ou modelo de renda permanente. 
De outra forma, Milton Friedman apresentou a hipótese da renda permanente. 
Destaca que a experiência da pessoa altera sua renda aleatoriamente e 
temporariamente ao longo do ciclo de vida, isto é, a renda não registra um padrão 
regular ao longo da vida das pessoas. 
Friedman considerou que a renda corrente é um somatório de dois elementos: a 
renda permanente (parcela da renda que as pessoas esperam manter no futuro) 
e a renda transitória ( parte da renda não esperada no futuro). 
O modelo da renda permanente é uma aplicação da abordagem intertemporal. 
Baseia-se na observação de que as famílias preferem um padrão estável de 
consumo. E como a renda podesofrer flutuações de um período para outro, não é 
a renda atual e, sim, a renda permanente que determina o consumo, em que a 
renda permanente é um tipo de média da renda atual e da renda futura esperada. 
No caso de uma redução temporária de renda, a renda permanente muda pouco e 
o consumo não cai muito. Como o consumo diminui pouco por causa de um 
declínio na renda atual, a poupança sofre o revés. No caso de uma redução 
permanente na renda – ou de uma redução considerada permanente -, o consumo 
cai aproximadamente no mesmo valor da redução e a poupança não muda no 
mesmo valor. Como não se pode prever com certeza o valor da renda futura, a 
determinação das expectativas é uma questão crucial na aplicação do modelo de 
renda permanente. 
Os consumidores atentos, previdentes e conscientes tomam suas decisões 
baseando-se em algo mais do que a renda corrente, como as expectativas futuras 
de recebimento. Assim, a hipótese da renda permanente destaca a idéia de que o 
consumo depende das expectativas2. Aí reside a problemática das mutações na 
política fiscal e seus impactos na demanda agregada. 
 
 
2 A regra mais simples consiste em acreditar que o próximo ano será como este, uma regra chamada 
expectativa estática. As pessoas também podem atualizar as expectativas do futuro com base nos erros 
anteriores de previsão, um processo chamado expectativas adaptativas. Um mecanismo mais sofisticado, 
conhecido como expectativas racionais, especifica que o agente faz uso o mais eficientemente possível 
das informações de que dispõe e que compreende o modelo econômico que governa a economia, a fim 
de poder formular suas expectativas. 
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As Expectativas Racionais. 
A Escola das Expectativas Racionais (a chamada Escola dos Novos Clássicos) 
representa a corrente mais liberal, adepta total e irrestrita do livre mercado. Essa 
corrente é tão radical que, segundo a mesma, tanto a política fiscal quanto a 
monetária são inoperantes, tanto no curto quanto no longo prazo. E além dessas 
políticas serem ineficazes, são indesejáveis, por provocarem atritos, distúrbios no 
funcionamento normal da economia. Traduzindo ainda mais, as variáveis reais 
(produto, emprego, renda) são insensíveis à atuação das políticas monetária e 
fiscal. 
A macroeconomia das expectativas racionais está ancorada na suposição de que 
as pessoas não podem ser sistematicamente enganadas. 
Ao contrário do modelo keynesiano, ela assume que os preços e salários são 
flexíveis e ajustam-se para colocar o mercado em equilíbrio. Isso sinaliza que não 
há excesso de oferta ou demanda para nenhum bem ou insumo. Ao mesmo tempo 
não há excesso de oferta de trabalho – isto é, ninguém qualificado para um 
emprego está desempregado, a não ser que queira estar desempregado. 
Os agentes econômicos procuram fazer boas previsões. Os erros que os agentes 
cometem serão, portanto, aleatórios e imprevisíveis. Qualquer modelo que 
assuma que os agentes cometem erros sistemáticos é rejeitado. 
Os efeitos de contínuas mudanças na política do governo serão atrapalhar a 
reação da economia a mudanças reais e aumentar a incerteza. 
As expectativas racionais especificam que os indivíduos fazem o uso mais 
eficientemente possível das informações de que dispõem e compreendem o 
modelo econômico que governa a economia. Entendem perfeitamente como cada 
variável em análise interfere na outra. 
Amigos, atenção para os próximos cinco parágrafos. Salvo melhor juízo, em 80% 
das questões sobre modelos de escolha intertemporal, as respostas das questões 
elaboradas pela ESAF e CESPE/UNB se concentram nessas explicações sobre a 
taxa de juros como determinante importante do consumo agregado bem como as 
restrições de crédito a que estão sujeitos os agentes famílias e governo. 
 
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D) Efeito taxa de juros: Efeito-renda e Efeito-substituição. 
O efeito taxa de juros sobre a poupança e o consumo não está claro, nem em 
teoria nem na prática. Uma taxa mais alta aumenta o preço atual do consumo 
(efeito substituição) incentivando a poupança. Contudo, se a família concede mais 
do que toma empréstimos, a taxa de juros também aumenta a renda permanente 
e, portanto, tenda a aumentar o consumo e a reduzir a poupança (efeito renda). 
A sinalização de impactos resultantes de uma taxa de juros real mais alta pode ser 
visualizada em dois efeitos: efeito-renda e efeito-substituição. 
D.1. Efeito-renda: 
O efeito-renda corresponde à modificação no consumo fruto de um deslocamento 
para uma curva de indiferença mais alta. Em se tratando de consumidor mais 
poupador do que tomador de empréstimos, o aumento da taxa de juros lhe é 
benéfica. O efeito-renda permite ao consumidor mais consumo em ambos os 
períodos. Não se verifica, portanto, um custo de oportunidade entre consumo 
presente e consumo futuro. O consumidor desejará distribuir a melhoria em seu 
bem-estar pelos dois períodos. 
D.2. Efeito-substituição: 
O efeito-substituição vem a ser a alteração do nível de consumo fruto de uma 
variação do preço relativo nos dois períodos. Em se tratando de elevação da taxa 
de juros, o consumo no período futuro se torna mais barato em relação ao 
consumo no período presente: isto é, como a taxa de juros real auferida através 
da poupança é maior, o consumidor pode abrir mão de um pouco de consumo do 
primeiro período para obter uma unidade adicional de consumo no segundo. O 
consumidor escolhe consumir mais no período futuro em relação ao consumo do 
período presente. Apresenta, portanto, um trade-off entre consumo presente e 
futuro. 
A escolha do consumidor depende, por conseguinte, do somatório de ambos os 
efeitos. Ambos contribuem para estimular o consumo no segundo período, o que 
impele que taxa de juros mais alta eleva o consumo no período futuro. Todavia, os 
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dois efeitos têm impactos opostos sobre o consumo do primeiro período. Assim, o 
aumento na taxa de juros real tanto pode aumentar como pode diminuir o 
consumo no período presente. 
Em suma, para Keynes, a variável consumo = função ( Renda Corrente). Todavia, 
trabalhos da microeconomia no campo macroeconômico sugerem que: Consumo 
= função ( Renda Corrente, Riqueza, Renda Futura Esperada, Taxa de Juros). 
 
 
 
CONCEPÇÕES TRADICIONAL E ALTERNATIVA DA DÍVIDA PÚBLICA . 
A RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA INTERTEMPORAL DO GOVERNO E A 
EQUIVALÊNCIA RICARDIANA. 
 
Todo gasto público (despesas correntes e despesas de capital), isto é, qualquer 
sangria dos cofres públicos, seja para aumentar o salário do funcionalismo 
público, seja para comprar bens e serviços ordinários de utilização (pagamentos 
de aluguéis dos prédios públicos, quitação de contas de telefone, energia, compra 
de canetas, copos, etc), ou ainda, aquisição de novas ambulâncias, 
reaparelhamento de hospitais, novas viaturas policias, construção de novas 
escolas... tudo isso requer bastante receita pública, proveniente basicamente, dos 
impostos e contribuições. 
Diante desse cenário, se um novo gasto não for financiado por aumento de 
alíquota de algum imposto ou contribuição, por exemplo, Cofins, ou criação de 
novas bases de tributação, resultará em endividamento público (aumento do 
estoque da dívida pública) que deverá ser honrada (paga) em algum momento 
futuro via lançamento de um tributo futuro. 
Dada a situação exposta, chegamos ao ponto pretendido. A equivalência 
ricardiana sinaliza que financiar o governo por meio de dívida pública é o mesmo 
que pagar um imposto. No entendimento dessa corrente, para as famílias, a 
situação permaneceu amesma, pois o consumo é função da renda de toda uma 
vida. Dessa forma, não há modificação de gastos. 
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Para essa corrente, é verdadeiro que rigorosamente todos os consumidores 
crêem que uma redução tributária hoje será inevitavelmente compensada por 
novo aumento de carga de impostos amanhã, o que não motivará variações no 
nível de consumo total, que é função da renda permanente das famílias. 
A concepção tradicional da dívida pública sustenta que esta dívida reduz a 
poupança nacional e inibe a acumulação de capital. A concepção alternativa, a 
chamada equivalência ricardiana, por sua vez, roga que a dívida pública não influi 
sobre as poupanças e sobre a acumulação de capital. Notem: são duas 
concepções radicalmente opostas. 
Um corte nos impostos, financiado através de aumento na dívida pública via 
emissão de títulos públicos, repercute de várias formas na economia. O efeito 
imediato seria um estímulo às despesas de consumo, com conseqüências de 
curto e de longo prazo sobre a economia. 
No presente, maiores despesas de consumo (vai política fiscal expansionista), 
como já visto no modelo IS-LM, aumentarão a demanda por bens e serviços e, 
portanto, elevarão o produto e o emprego. Todavia, ocorrerá o incremento da taxa 
de juros, o que impele maior concorrência por fluxo de poupança refreado. 
As taxas de juros mais elevadas estimularão a entrada de capitais estrangeiros e a 
maior atração por títulos nacionais incrementará o valor da moeda doméstica em 
relação a outras moedas, reduzindo as exportações líquidas via menor 
competitividade das empresas domésticas no resto do mundo. 
No futuro, a redução da poupança nacional, decorrente do corte nos impostos, 
significará um menor estoque de capital e uma maior dívida externa. Portanto, o 
produto nacional será reduzido e dependente do financiamento estrangeiro. 
As gerações presentes se beneficiam de um nível de renda e de emprego maior, 
embora a inflação também aumente. Ocorrerá deslocamento do ônus tributário 
para as gerações vindouras. Além de um legado de estoque de capital reduzido e 
dívida externa acentuada. Não haverá distribuição equânime do bem-estar entre 
as gerações. 
O governo está financiando o corte nos impostos através do déficit público. Em 
algum momento do futuro, o governo terá de aumentar os impostos para liquidar 
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sua dívida e os juros acumulados. De modo que, na verdade, esta política 
representa uma redução nos impostos no presente e um aumento no futuro. O 
aumento na renda disponível da coletividade será transitório de sorte a não alterar 
o nível de consumo. 
O consumidor atento ao futuro percebe, nas entrelinhas, que o endividamento 
público do presente significa um incremento da carga tributária mais à frente. Não 
se verifica redução da carga de impostos. Ocorre um deslocamento, um 
remanejamento. A renda permanente do agente não se modificou e, portanto, o 
consumo não se alterou. As famílias poupam o acréscimo na renda disponível 
para poder custear o pagamento futuro de impostos. 
Este aumento da poupança privada apenas compensa a redução na poupança 
pública. A poupança nacional, o somatório das poupanças pública e privada, se 
mantém a mesma. Portanto, o corte nos impostos não tem todas as 
conseqüências previstas pela análise tradicional. 
Note-se que a lógica da equivalência ricardiana não implica que todas as 
mudanças na política fiscal são irrelevantes. Alterações na política fiscal influem 
sobre as despesas dos consumidores, quando elas afetam as compras presentes 
ou futuras do governo; por exemplo, quando o governo reduz os impostos hoje, 
porque planeja reduzir seus gastos futuros. 
Se os consumidores consideram que esta redução nos impostos não aumentará 
os impostos futuramente sentem-se mais ricos e aumentam seu consumo. Mas, 
nesse caso, é a redução nas despesas do governo, mais do que o corte nos 
impostos, que estimula o consumo: o anúncio de uma redução futura dos gastos 
do governo aumentará o consumo hoje, mesmo se os impostos permanecessem 
inalterados, pois significaria que em algum momento futuro os impostos serão 
diminuídos. 
Os economistas que sustentam a concepção ricardiana da política fiscal 
consideram que as pessoas são racionais ao tomar decisões importantes como 
determinar quanto da renda gastar com consumo e quanto poupar. Assim, a visão 
ricardiana supõe que as pessoas têm suficiente conhecimento e antevisão ao 
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contrário da visão tradicional que argumenta que os consumidores são 
imprevidentes. 
A concepção tradicional apresenta as restrições de crédito (liquidez) dos 
consumidores para combater o modelo da renda permanente. Esses agentes só 
podem consumir a renda corrente. Além disso, existe a perspectiva de que o ônus 
do incremento futuro dos impostos venha a recair sobre as gerações futuras. A 
idéia aqui implícita é que o setor público pode ter um horizonte de financiamento 
mais longo do que as famílias tomadas isoladamente. 
O economista Robert Barro contesta com a argumentação no sentido das 
gerações futuras serem filhos e netos da geração atual e, portanto, não devem ser 
considerados agentes independentes. A suposição mais adequada é a de que as 
gerações atuais se preocupam com as gerações futuras. Essa visão supõe que os 
consumidores têm um horizonte temporal longo, de fato, infinito. 
Sobre os pontos que estudamos hoje, os conceitos mais importantes, que vocês 
terão que levar para a prova, são os seguintes: 
1) O tema economia intertemporal ganha relevância ao afirmar que os 
consumidores são prudentes e conscientes, de sorte que o nível de consumo 
requerido é dependente não só da renda corrente ( renda atual, proposta por 
Keynes e seus seguidores), mas também da renda futura esperada, do estoque 
de riqueza e da taxa de juros. 
2) Sobre o modelo de Fischer ou modelo de dois períodos, vale registrar que a 
restrição orçamentária do consumidor mostra as combinações de consumo entre 
dois períodos (presente e futuro) entre os quais o consumidor pode optar. O 
consumo está vinculado ao aporte de recursos que o consumidor espera auferir 
ao longo de sua vida. 
3) Sobre o modelo de Modigliani ou modelo do ciclo de vida, temos que as 
famílias desejam manter um padrão de consumo uniforme. Dessa forma, 
despoupam quando jovens ( renda é insignificante), poupam durante os anos 
produtivos da sua vida adulta e despoupam novamente quando idosas. 
4) Sobre o modelo de Friedman ou modelo de renda permanente, vale mencionar 
que Friedman considerou a renda corrente como um somatório de dois elementos: 
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a renda permanente (parcela da renda que as pessoas esperam manter no 
futuro) e a renda transitória ( parte da renda não esperada no futuro). E como a 
renda pode sofrer flutuações de um período para outro, não é a renda atual e, sim, 
a renda permanente que determina o consumo, em que a renda permanente é um 
tipo de média da renda atual e da renda futura esperada. 
5) As expectativas racionais especificam que os indivíduos fazem o uso mais 
eficientemente possível das informações de que dispõem e compreendem o 
modelo econômico que governa a economia. 
6) Sobre efeito taxa de juros, registramos que a escolha do consumidor depende 
do somatório dos efeitos renda e substituição. Ambos contribuem para estimular o 
consumo no segundo período, o que impele que taxa de juros mais alta eleva o 
consumo no período futuro. Todavia, os dois efeitos têm impactos opostos sobre o 
consumo do primeiroperíodo. Assim, o aumento na taxa de juros real tanto pode 
aumentar como pode diminuir o consumo no período presente. 
7) Sobre a restrição orçamentária intertemporal do governo, a concepção 
tradicional alimenta que a dívida pública reduz a poupança nacional e inibe a 
acumulação de capital. Apresenta as restrições de crédito dos consumidores para 
combater o modelo alternativo de renda permanente. Além disso, os 
consumidores são tidos como imprevidentes e o ônus do incremento futuro dos 
impostos recai sobre as gerações futuras. 
8) Ainda sobre a restrição do setor público, a concepção alternativa da dívida 
pública ( equivalência ricardiana) sustenta que a dívida pública não influi sobre as 
poupanças e acumulação de capital. Os consumidores julgam que uma redução 
tributária será inevitavelmente compensada por novo aumento de carga tributária 
no futuro, o que não motivará variações no nível de consumo total, que é função 
da renda permanente das famílias. Não se verifica redução da carga de impostos. 
Ocorre um deslocamento, um remanejamento. 
Compreendidos esses assuntos relatados no tópico, seguimos agora para uma 
bateria selecionada de exercícios. As questões versam praticamente sobre todas 
as bancas, a saber: FAURGS, VUNESP, ESAF, CESPE/UNB, FCC E NCE/UFRJ. 
O período compreendido também é bem amplo: 2000 a 2003, 2005 e 2006. 
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Então, vamos a eles! 
 
 
01 – (ESAF/Analista-BC) Na teoria econômica, muitas vezes é oportuno classificar 
as variáveis como sendo do tipo “estoque” ou “ fluxo”. Tomando como caso os 
conceitos de dívida e déficit público, pode-se dizer que: 
a) A dívida pública pode ser considerada como uma variável do tipo “fluxo” 
enquanto o déficit público pode ser considerada uma variável do tipo “ estoque”. 
b) A dívida pública pode ser considerada como uma variável do tipo “estoque” 
enquanto o déficit público pode ser considerado como uma variável do tipo “fluxo”. 
c) Tanto a dívida pública quanto o déficit público são variáveis “fluxo”. 
d) Tanto a dívida pública quanto o déficit público são variáveis “estoque”. 
e) Dependendo do enfoque, tanto o déficit quanto a dívida pública podem ser 
considerados variáveis “estoque” ou variáveis “ fluxo”. 
 As variáveis do tipo ”estoque” são mensuradas num ponto do tempo. Aqui se 
enquadram o volume de empréstimos da economia, o número de trabalhadores 
em uma empresa e a dívida pública. 
As variáveis do tipo “fluxo” são medidas em determinado período de tempo. Aqui 
se enquadram o valor dos empréstimos realizados durante o mês, o número de 
novas contratações das empresas bem como o déficit público. 
Dessa forma, como o déficit público é medido em um período de tempo é do tipo 
“fluxo” e a dívida pública mensurada em determinado momento do tempo é do tipo 
“estoque”. Além disso, a variação da dívida pública é igual ao déficit público, ou 
seja, DÍVIDA PÚBLICA hoje – DÍVIDA PÚBLICA ontem = DÉFICIT PÚBLICO. 
A assertiva b está correta. 
 
 
 
 
 
 
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02 - (ESAF/AFC- 2000) Considere um modelo de escolha intertemporal de dois 
períodos com restrição de credito. Considere três tipos de consumidores com os 
seguintes perfis: 
Consumidor tipo I – prefere poupar no primeiro período; 
Consumidor tipo II – prefere consumir exatamente o que a renda permite em cada 
período; 
Consumidor tipo III – prefere ser devedor no primeiro período. 
Considerando que o consumidor é racional e possui curva de indiferença 
intertemporal com concavidade voltada para cima, é correto afirmar que: 
a) as restrições de crédito não têm influência sobre os três consumidores já que a 
curva de indiferença intertemporal é “bem comportada”. 
b) as restrições de crédito só afetam o bem estar do consumidor III. 
c) as restrições de crédito afetam o bem-estar dos três tipos de consumidores. 
d) as restrições de crédito reduzem o consumo no segundo período para os três 
tipos de consumidores. 
e) somente o consumidor II não é afetado pelas restrições de crédito. 
Bem, a questão nos relata que o consumidor é racional, prudente, atento ao 
futuro, isto é, tem um horizonte temporal longo, de fato, infinito. O consumo 
depende das expectativas racionais em que o consumidor se utiliza de forma mais 
eficiente possível das informações disponíveis. 
Dessa forma, as restrições de crédito (liquidez) afetam as decisões de consumo e 
poupança desses consumidores. O consumidor I não é afetado pelas restrições, 
posto que sua renda é superior aos seus gastos em consumo, o que lhe permite 
uma posição privilegiada de poupador, agente superavitário. A taxa de juros 
aumenta a renda permanente estimulando a poupança via efeito substituição. 
As restrições de crédito não intimidam também o consumidor II, já que tal agente 
consome exatamente o que a renda lhe permite, não necessitando fazer 
empréstimos. O consumidor é equilibrado, prudente e consciente. Seu bem-estar 
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não é afetado. As variações na taxa de juros não alteram sua renda permanente, 
permanecendo a poupança e o consumo inalterados. 
Já a tomada de empréstimos vai fazer parte da vida do consumidor III, isto é, tal 
agente consome mais do que as suas disponibilidades sendo regulado por 
restrições de crédito. Sofre com o revés do peso da taxa de juros, afetando seu 
bem-estar. O aumento no preço do capital ( taxa de juros) faz com que o consumo 
no período futuro se torne mais compensador face ao verificado no período 
presente. O agente se depara com um custo de oportunidade entre consumo 
presente e consumo futuro. Esse efeito substituição gera maior consumo no 
período futuro frente ao consumo presente. 
A assertiva b está correta. 
 
 
 
 
03 - (ESAF/ACE – 2002) Considere o seguinte modelo de consumo: 
C1 = - C2/(1+r) + (Y1 – T1) + (Y2 – T2)/(1 + r) 
onde: 
C1 = consumo no período 1; 
C2 = consumo no período 2; 
Y1 = renda no período 1; 
Y2 = renda no período 2; 
T1 = impostos no período 1; 
T2 = impostos no período 2; 
r = taxa de juros 
Com base neste modelo, é incorreto afirmar que: 
a) o consumo no período 1 depende da renda nos dois períodos. 
b) alterações na taxa de juros não alteram o consumo no período 1. 
c) se o consumidor depara com uma curva de indiferença intertemporal com 
concavidade voltada para cima, as restrições de crédito podem piorar o seu bem-
estar. 
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d) a equação apresentada é conhecida como restrição orçamentária intertemporal 
do consumidor em um modelo de dois períodos. 
e) desde que exista um sistema eficiente de poupança e crédito, o consumidor 
pode consumir mais no primeiro período do que a sua renda permite neste 
período. 
Uma taxa de juros mais alta aumenta o preço atual do consumo, via efeito 
substituição, estimulando a poupança em detrimento do consumo. 
Todavia, em se considerando que o consumidor é superavitário, isto é, concede 
mais do que toma empréstimos, a taxa de juros faz a renda permanentemente 
crescer, aumentando o consumo, via efeito renda. 
Destarte, os dois efeitos apresentam impactos opostos sobre o consumo no 
primeiro período. Pode aumentar ou diminuir o consumo, mas não ficar imutável 
conforme o exposto na opção b. 
A assertiva b está incorreta. 
 
 
 
04 - (CESPE/PETROBRAS – 2001) A análise do consumo, da poupança e do 
investimento, variáveis macroeconômicas básicas, é crucial para a determinação 
da renda e de produto de equilíbrio. A esse respeito, julgue os itens abaixo. 
a) De acordo com a teoria do ciclo de vida do consumo, além da renda corrente, 
todoo perfil futuro da renda contribui para explicar os níveis de consumo ao longo 
do seu tempo de vida. 
b) De acordo com a teoria keynesiana, os determinantes mais importantes do 
consumo são, nessa ordem, a riqueza do consumidor e a taxa de juros. 
c) A propensão média a consumir à renda transitória é, para os defensores da 
hipótese da renda permanente, superior à propensão média a consumir à renda 
permanente. 
d) Contrariamente aos investimentos em capital fixo, o investimento em estoque é 
relativamente insensível às variações na produção. 
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e) A hipótese de Barro-Ricardo afirma que uma redução nas alíquotas tributárias 
que incidem sobre a renda, em vez de aumentar o consumo, contribui para 
incrementar as taxas de poupança da economia. 
Para a explicação do nivelamento do consumo ao longo da vida, são necessários 
os movimentos de poupança/acumulação da riqueza e, posterior, consumo do 
patrimônio acumulado. 
A assertiva a está correta. 
De acordo com a teoria keynesiana, o determinante do consumo é a renda 
corrente (atual). Já para a abordagem intertemporal, a renda futura esperada e a 
taxa de juros são fatores decisivos para explicar o consumo. 
A assertiva b está incorreta. 
Friedman, com sua hipótese de renda permanente, considera que a renda 
corrente é a combinação da renda permanente (parcela que as pessoas esperam 
manter no futuro, portanto, mais intertemporal do que nunca) e da renda transitória 
(parcela da renda não esperada no futuro). 
Dessa forma, a PMeC da renda transitória é mais próxima da PMeC keynesiana, 
que é declinante. Já a PMeC da renda permanente é constante igual à PMeC de 
longo prazo. 
Daí, concluímos que a PMeC – renda transitória é inferior à PMeC – renda 
permanente. 
A assertiva c está incorreta. 
Em conformidade aos investimentos em capital fixo, o investimento em estoque é 
também sensível às variações na produção. Não esqueçamos que o componente 
investimento é a variável mais volátil. 
A assertiva d está incorreta. 
A visão ricardiana da dívida pública usa a lógica do consumidor atento ao futuro 
para analisar o impacto da política fiscal. Tal visão acredita que uma redução 
tributária hoje não aumentará o nível de consumo presente, pois será 
inevitavelmente compensada por aumento tributário amanhã. 
A poupança hoje é incrementada para sustentar o incremento do vetor tributário 
futuro. 
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A assertiva e está correta. 
 
 
 
 
05 - (VUNESP/BNDES – 2002) Suponha um consumidor que pode escolher 
comprar um bem hoje ou amanhã. O consumidor tem uma renda fixa nos dois 
períodos. Se ele consumir hoje um valor menor que sua renda hoje, a diferença é 
aplicada e rende juros, que pode aumentar seu consumo amanhã. Se, por outro 
lado, ele consumir hoje um valor maior que sua renda, ele pode tomar a diferença 
emprestada, e pagar juros por ela amanhã, diminuindo seu consumo amanhã. 
Indique a afirmação falsa dentro desse contexto. 
a) Um aumento da taxa de juros terá o efeito de reduzir o consumo presente 
relativamente ao consumo futuro. 
b) A riqueza total do consumidor hoje é expressa pela sua renda hoje mais sua 
renda amanhã descontada pela taxa de juros. 
c) Um aumento da taxa de juros terá o efeito de aumentar o consumo presente 
relativamente ao consumo futuro. 
d) Se existe inflação entre hoje e amanhã, o valor da taxa de juros relevante para 
calcular a riqueza do consumidor hoje deve levar em conta esta alteração dos 
preços. 
e) Se o consumidor consome hoje exatamente a renda que recebe hoje, uma 
alteração na taxa de juros pode levá-lo a decidir consumir hoje menos que esta 
renda que recebe hoje. 
Atenção, pois são questões, em geral, bastante longas, rebuscadas por fórmulas, 
identidades e, não raras vezes, gráficos ilustrativos. 
Recomendação: não se assustem, pois 90% das informações arroladas na 
questão são desnecessárias. Em muitos os casos, podem ir direto para as 
assertivas requeridas. 
Um aumento na taxa de juros terá o efeito de aumentar o consumo futuro, ou do 
segundo período, em detrimento do consumo presente, ou do primeiro período. 
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Em se tratando de elevação da taxa de juros, o consumo no período futuro se 
torna mais barato em relação ao consumo no período presente: isto é, como a 
taxa de juros real auferida através da poupança é maior, o consumidor pode abrir 
mão de um pouco de consumo do primeiro período para obter uma unidade 
adicional de consumo no segundo. O consumidor escolhe consumir mais no 
período futuro em relação ao consumo do período presente. 
A assertiva c está incorreta. 
 
 
 
06 - (NCE-UFRJ/IBGE - 2001) Suponha um consumidor racional. Assinale a 
alternativa correta. 
a) Considerando a restrição orçamentária intertemporal de uma família em um 
modelo de dois períodos, uma elevação na taxa de juros reduz o consumo em 
ambos os períodos. 
b) Considerando a restrição orçamentária intertemporal de uma família em um 
modelo de dois períodos, uma elevação nas taxas de juros não exerce efeito 
sobre a restrição orçamentária das famílias e, conseqüentemente, não tem efeitos 
sobre o consumo em nenhum período. 
c) A impossibilidade de se obter empréstimos não altera a escolha ótima do 
consumidor já que esta depende apenas das preferências intertemporais e da taxa 
de juros. 
d) Se o consumidor recebe uma herança, mas que estará indisponível por dez 
anos, sua poupança deve cair hoje. 
e) Após uma consulta com seu médico, o consumidor recebe boas notícias sobre 
a sua saúde e tem sua expectativa de vida aumentada. Mesmo assim ele mantém 
seu plano de se aposentar aos 65 anos de idade. Ele deve aumentar o seu 
consumo presente. 
O modelo de Fisher mostra as restrições que os consumidores enfrentam e como 
estes escolhem entre consumo e poupança. O modelo de dois períodos assume 
que as famílias vivem durante dois períodos, o presente e o futuro, simplificando o 
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estudo da opção intertemporal. Permite-nos encontrar o equilíbrio do consumidor 
sobrepondo as curvas de indiferença e a restrição orçamentária intertemporal de 
forma gráfica. 
Uma taxa mais alta aumenta o preço atual do consumo ( efeito substituição) 
incentivando a poupança. Contudo, se a família concede mais do que toma 
empréstimos, a taxa de juros também aumenta a renda permanente e, portanto, 
tenda a aumentar o consumo e a reduzir a poupança ( efeito renda). 
O efeito-renda permite ao consumidor mais consumo em ambos os períodos. Não 
se verifica, portanto, um custo de oportunidade entre consumo presente e 
consumo futuro. O consumidor desejará distribuir a melhoria em seu bem-estar 
pelos dois períodos. 
Em se tratando de elevação da taxa de juros, o consumo no período futuro se 
torna mais barato em relação ao consumo no período presente: isto é, como a 
taxa de juros real auferida através da poupança é maior, o consumidor pode abrir 
mão de um pouco de consumo do primeiro período para obter uma unidade 
adicional de consumo no segundo. O consumidor escolhe consumir mais no 
período futuro em relação ao consumo do período presente. 
A escolha do consumidor depende, por conseguinte, do somatório de ambos os 
efeitos. Ambos contribuem para estimular o consumo no segundo período, o que 
impele que taxa de juros mais alta eleva o consumo no período futuro. Todavia, os 
dois efeitos têm impactos opostos sobre o consumo do primeiro período. Assim, o 
aumento na taxa de juros real tanto pode aumentar como pode diminuir o 
consumo no período presente. 
As assertivasa, b e c está incorretas. 
Modigliani, por sua vez, destacou que a renda varia ao longo da vida das pessoas 
e que a poupança permite aos consumidores deslocar renda dos períodos em que 
ela é alta para aqueles em que é mais baixa. 
Para a manutenção de um padrão de vida uniforme e sabendo que a expectativa 
de vida foi aumentada, é prudente que se faça um esforço de aumento da 
poupança e não do consumo de forma a permitir uma boa despoupança quando a 
aposentadoria chegar. 
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A assertiva e está incorreta. 
A poupança do consumidor deve cair hoje em razão do fato novo que a herança 
estará indisponível por um largo tempo. Já estava embutido no modelo a 
expectativa da herança de sorte a premiar a despoupança no futuro. 
A assertiva d está correta. 
 
 
 
 
07 - (CESPE/PETROBRAS – 2005) Avalie as proposições que se seguem sobre a 
função consumo: 
a) Segundo a teoria kenesiana, variações absolutas no consumo são menores do 
que variações absolutas na renda porque a propensão marginal é menor do que a 
propensão média a consumir. 
b) Conforme a teoria da renda permanente, de Milton Friedman, a propensão 
média a consumir é igual à propensão marginal sempre que não houver renda 
transitória. 
c) Segundo a teoria do ciclo de vida, de Modigliani, um aumento da expectativa de 
vida leva à redução da propensão a poupar das famílias. 
d) Segundo a teoria da renda permanente, se as famílias forem induzidas a 
esperar uma redução permanente de renda, haverá um aumento imediato da 
poupança. 
e) A restrição de liquidez aumenta o impacto de variações da renda corrente sobre 
o consumo corrente. 
A função consumo keynesiana roga que variações absolutas no consumo são 
menores do que as variações absolutas na renda porque a propensão marginal a 
consumir tem seu valor situado entre zero e um. Dessa forma, um aumento na 
renda de uma unidade monetária causa incremento no consumo em menos de 
uma unidade. 
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Em realidade, a segunda parte da assertiva está correta ( PMgC < PMeC). 
Contudo, isso não explica em nada variações absolutas comparativas entre 
consumo e renda. 
A assertiva a está incorreta. 
A renda permanente é a renda de longo prazo esperada, resultado das 
remunerações provenientes do trabalho e dos ganhos traduzidos no estoque de 
riqueza (ativos). Em consonância com a hipótese da renda permanente, o 
consumo é proporcional à renda permanente. 
A propensão média a consumir é dada por C/Y, pois não há renda transitória. Já a 
propensão marginal a consumir corresponde à variação do consumo decorrente 
de uma variação unitária da renda. Em se tratando de renda equivalente à renda 
permanente, uma variação de uma unidade monetária nessa última gerará um 
incremento em termos proporcionais no consumo, ou seja, é a própria propensão 
média a consumir. 
A assertiva b está correta. 
A renda varia ao longo da vida das pessoas e a poupança permite deslocar renda 
dos períodos em que ela é alta para aqueles em que é mais baixa. A ênfase no 
padrão regular de renda no decorrer da vida das famílias é seu traço peculiar. 
Aumento de expectativa de vida gera aumento de despoupança na aposentadoria 
(velhice) e, portanto, existe incentivo à poupança na vida adulta para não 
comprometer os dispêndios futuros. Se esperam viver mais, a conseqüência 
direta será um aumento da taxa de poupança de modo a manter um padrão de 
consumo estável ao longo de sua vida. 
A assertiva c está incorreta. 
No caso de uma redução permanente da renda ( ou de uma queda tida como 
permanente, já que os agentes lidam com expectativas nesse modelo), o consumo 
cai aproximadamente no mesmo valor da redução e a poupança não muda no 
mesmo valor, mas é incentivada. Não esqueçamos que o consumidor é prudente, 
consciente e trabalha com expectativas racionais no modelo de renda 
permanente. Apenas alterações no componente permanente da renda influenciam 
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o consumo. Assim, se famílias esperam uma redução da renda permanente, 
haverá imediata queda do consumo e aumento da poupança. 
A assertiva d está correta. 
Todo agente da economia que enfrenta restrições de liquidez ( disponibilidades de 
renda inferiores aos gatos e dispêndios) sofrem com o revés da taxa de juros. É 
deficitário, por natureza, de sorte que o consumo corrente fica limitado pelas 
remunerações que percebe tal agente e por um possível agente financiador 
dessas despesas a maior. É um tomador de empréstimos. 
As famílias ficam impedidas de distribuir intertemporalmente de forma ótima os 
seus padrões de consumo. Na falta de empréstimos, os hábitos de consumo se 
relacionam com a renda atual ou corrente. 
A assertiva e está correta. 
 
 
 
 
08 - (ESAF/AFRF – 2003) Considere a denominada restrição intertemporal de um 
consumidor num modelo de dois períodos, dada pela expressão: 
r 
 
 
 
 E 
 
 
 Y1 C1 
 
C1 + C2/(1 + r) = Y1 + Y2/(1+r) 
Onde: 
C1 = consumo no período 1; 
C2 = consumo no período 2; 
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Y1 = renda no período 1; 
Y2 = renda no período 2 e 
r = taxa de juros e uma curva de indiferença que representa as preferências 
intertemporais do consumidor. 
Com base nestas informações e supondo que o consumidor esteja no equilíbrio E, 
é correto afirmar que: 
a) no equilíbrio “E”, C1 = Y1 e C2 = Y2. 
b) o consumo no primeiro período é menor do que a renda no primeiro período. 
c) o modelo sugere a existência de restrições de crédito no primeiro período. 
d) o consumidor é devedor no primeiro período. 
e) alterações nas taxas de juros não provocam alterações nos consumos dos 
períodos 1 e 2. 
O consumidor é devedor no primeiro período, pois suas disponibilidades 
monetárias não são suficientes para arcar com o consumo desejado. Apresenta o 
revés da restrição de liquidez. Os impactos da taxa de juros sobre o consumo e a 
poupança nos diversos períodos de tempo já foram comentados nas questões 
anteriores e são dispensáveis conforme as opções da questão. 
A assertiva d está correta. 
 
 
 
09 – (FCC – BC – 2006) A concepção ricardiana da dívida pública está baseada na 
hipótese de que o consumo não depende apenas da renda corrente, mas sim da 
renda permanente, que inclui tanto a renda presente quanto a futura. Em relação a 
esse modelo, é correto afirmar que: 
a) o Governo não tem restrição orçamentária intertemporal, ao contrário dos 
consumidores, porque ele tem o poder de emitir moeda para financiar seus 
déficits. 
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b) se os consumidores agem racionalmente, um corte de impostos no presente, 
sem que haja mudança na estrutura de gastos do governo, aumentará o consumo 
atual e diminuirá o consumo futuro. 
c) se os consumidores não agem racionalmente e não se preocupam em deixar o 
ônus da dívida para as gerações futuras, um aumento de impostos no presente 
manterá tanto o consumo presente quanto o consumo futuro inalterados. 
d) a preocupação em deixar o ônus da dívida para as gerações futuras fará com 
que os consumidores aumentem o seu consumo atual caso o Governo reduza os 
tributos sem alterar os seus gastos. 
e) existindo restrição de crédito aos consumidores, mesmo que eles ajam 
racionalmente, um corte de impostos no presente poderá elevar o consumo 
corrente, mesmo que os gastos do Governo fiquem inalterados. 
Atenção aqui mais uma vez, meus amigos! Temos a restrição orçamentária das 
famílias e do governo.Do lado dos consumidores (das famílias), o modelo chama a atenção 
primordialmente para os fatores renda e taxa de juros como determinantes ao 
passo que sob o enfoque governamental a restrição intertemporal se dá via 
orçamento equilibrado ( valores atuais das receitas iguais a valores atuais das 
despesas). 
A concepção ricardiana da dívida pública roga que uma redução nos impostos 
incrementa a renda disponível dos consumidores, mas o consumo presente fica 
inalterado. As famílias tomam atitudes prudentemente, pois notam que, se os 
gastos governamentais permanecem constantes, é certo o impacto ascendente na 
dívida pública. 
O financiamento desse aumento do estoque de dívida terá de ser viabilizado 
através de nova rodada de incremento de impostos mais à frente, obrigando o 
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consumidor a aumentar a poupança no presente para pagar esses impostos 
futuros. 
Críticas serenas ou ferrenhas se fazem sentir quanto à posição acima. Uma 
corrente crê que a geração atual pode não se preocupar com as gerações futuras, 
que pagarão os impostos, o que faria o consumo atual crescer. Outra corrente 
acredita fielmente que as famílias enfrentam restrições creditícias e que o 
consumo corrente é determinado apenas pela renda corrente. Em tal contexto, a 
redução da carga tributária equivale a um empréstimo do governo e dada a 
restrição de crédito, o consumo presente ganha nova motivação, o que gabarita a 
letra e. 
Existe a restrição orçamentária intertemporal do governo. 
A assertiva a está incorreta. 
O consumo atual não aumenta. 
A assertiva b está incorreta. 
A não preocupação com as gerações futuras motivará maior consumo. 
Amigos, notem que as opções b e c estão invertidas! 
A assertiva c está incorreta. 
A preocupação com as gerações futuras faz o consumo atual permanecer 
constante. 
A assertiva d está incorreta.

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