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MAT 001 - Ca´lculo I Aula V IMC-Unifei Nesta aula vamos estudar o conceito de Continuidade o qual esta´ intima- mente relacionado com limite e desempenha papel fundamental em va´rias a´reas do conhecimento. 1 Motivac¸a˜o Observe os gra´ficos das func¸o˜es a seguir: -4 -2 2 4 -2 2 4 6 Figura 1: f(x) = x+ 2 Note que no gra´fico da Figura 1, pontos pro´ximos possuem imagens pro´ximas. Observe que isto implica em uma “continuidade”da curva determinada pelo gra´fico da func¸a˜o. 1 -4 -2 2 4 -4 -2 2 4 Figura 2: g(x) = { x+ 1 se x ≥ 0 x− 1 se x < 0 No gra´fico da Figura 2 isto na˜o se verifica . De fato, para valores de x > 0 pro´ximos de 0 temos que g(x) fica pro´ximo de 1 = g(0) (ou seja, lim x→0+ g(x) = 1), enquanto que para valores de x < 0 pro´ximos de 0 temos que g(x) se aproxima de −1 ( ou seja, lim x→0− g(x) = −1). Observe ainda que, neste caso, na˜o ha´ uma “continuidade”no gra´fico da curva. 2 Definic¸o˜es Ba´sicas Definic¸a˜o 1. Consideremos uma func¸a˜o f : X → R tal que X ⊂ X ′ (ou seja, todo ponto do domı´nio e´ um ponto de acumulac¸a˜o). Dado um ponto a ∈ X, dizemos que f e´ cont´ınua no ponto a se as seguintes condic¸o˜es acontecem SIMULTANEAMENTE: i) Existe o lim x→a f(x) = L. ii) Tem-se que L = f(a). Observac¸a˜o 1. • Na˜o faz sentido questionar a continuidade de uma func¸a˜o em pontos que na˜o estejam em seu domı´nio! 2 • Continuidade e´ um conceito local, isto e´, para verificar a continuidade em um ponto a interessa apenas o comportamento de f numa vizinhanc¸a deste ponto. • Quando uma func¸a˜o f na˜o for cont´ınua em um ponto de seu domı´nio diremos que ela e´ DESCONTI´NUA neste ponto. • Quando uma func¸a˜o f : X → R tal que X ⊂ X ′ for cont´ınua em TODOS OS PONTOS de um conjunto A ⊂ X, diremos que f e´ cont´ınua em A. Em particular, quando f for cont´ınua em todo o seu domı´nio diremos apenas que f e´ cont´ınua. • Para verificar a continuidade de uma func¸a˜o f : X → R tal que X ⊂ X ′ em um ponto a ∈ X, podemos utilizar o seguinte algoritmo: i) Obter f(a). ii) Calcular o lim x→a f(x). (Caso o limite na˜o exista a func¸a˜o na˜o e´ cont´ınua no ponto a!) iii) Verificar que lim x→a f(x) = f(a) Vejamos alguns exemplos. Exemplo 1. Discuta a continuidade das func¸o˜es abaixo. (A) f(x) = x+ 2. 3 (B) g(x) = { x+ 1 se x ≥ 0 x− 1 se x < 0 4 (C) h(x) = { x+ 1 se x ≥ 0 cos(x) se x < 0 (D) f(x) = x+ 1 se x > 0pi se x = 0 cos(x) se x < 0 5 (E) g(x) = { x x−1 se x 6= 1 0 se x = 1 3 Exerc´ıcios 1) Discuta a continuidade de cada uma das func¸o˜es abaixo. a) f(x) = 5 (Func¸a˜o Constante) b) f(x) = c, onde c ∈ R. (Func¸a˜o Constante) c) f(x) = 3x+ 4 d) p(x) = anx n + an−1xn+1 + . . . + a1x + a0, onde a0, a1, . . . , an ∈ R e an 6= 0. (Func¸a˜o Polinomial de Grau n) e) f(x) = |x| f) f(x) = sen(x) g) f(x) = cos(x) h) f(x) = ax, onde a ∈ (0,∞)− {1}. (Func¸a˜o Exponencial) i) g(x) = { 3x+ 1 se x ≥ 1 x− 2 se x < 1 j) f(x) = 4x− 1 se x > 15 se x = 1 1− 2 cos(pix) se x < 1 k) f(x) = 4x− 1 se x > 1x+ 3 se −1 ≤ x ≤ 1 1− 2x se x < −1 l) g(x) = { sen(x) x se x 6= 0 0 se x = 0 m) w(x) = x− |x| n) g(x) = { x3−8 x−2 se x 6= ±2 3 se x = ±2 2) Determine o valor de p para que as func¸o˜es abaixo sejam cont´ınuas (isto e´, cont´ınuas em todo o seu domı´nio!). 6 a) f(x) { x2 + px+ 2 se x 6= 3 3 se x = 3 b) f(x) { x+ 2p se x ≤ −1 p2 se x > −1 c) f(x) { e2x se x 6= 0 p3 − 7 se x = 0 3) Obtenha (use sua criatividade!) func¸o˜es f, g e h tais que: a) f tenha exatamente 2 pontos de descontinuidade em seu domı´nio. b) g seja cont´ınua em seu domı´nio mas na˜o seja cont´ınua em R. c) h ◦ f seja cont´ınua em todo o domı´nio de f . Fac¸a um gra´fico de f, g, h e h ◦ f . 4) Obtenha func¸o˜es f, g : R → R que sejam descont´ınuas no ponto a = 0 mas de maneira que (f · g) seja cont´ınua neste ponto. Fac¸a um gra´fico de f, g e (f · g). 5) [DESAFIO] Obtenha uma func¸a˜o f : R → R que seja DESCONTI´NUA EM TODOS OS PONTOS DE SEU DOMI´NIO. (Sugesta˜o: Racionais e Irracionais) 4 Operac¸o˜es entre Func¸o˜es e Continuidade Teorema 1. Sejam f, g : X → R, X ⊂ X ′ e a ∈ X. Se f e g sa˜o cont´ınuas no ponto a, enta˜o : • (f + g), (f − g) e (f · g) sa˜o cont´ınuas no ponto a. • Se g(a) 6= 0, enta˜o ( f g ) e´ cont´ınua no ponto a. Teorema 2. Sejam f : X → R e g : Y → R com X ⊂ X ′ e Y ⊂ Y ′ e de maneira que a func¸a˜o composta g ◦ f : X → R esteja bem definida. Se f e´ cont´ınua em a ∈ X e g e´ cont´ınua em b = f(a) ∈ Y , enta˜o a func¸a˜o composta g ◦ f e´ cont´ınua no ponto a. Os dois teoremas anteriores nos ajudam a verificar a continuidade de algumas func¸o˜es sem necessidade de fazer ca´lculos. 7 Exemplo 2. (A) Func¸o˜es Racionais (B) Func¸o˜es tangente, secante, cosecante e cotangente. (C) f(x) = e(sen(x)) (D) g(x) = |x− x3 − 4 + cos(5x)| 8 5 Exerc´ıcios 1) Obtenha o domı´nio das func¸o˜es abaixo e mostre que estas sa˜o cont´ınuas em todo o seu domı´nio: a) senh(x) = ex − e−x 2 (Seno Hiperbo´lico) b) cosh(x) = ex + e−x 2 (Cosseno Hiperbo´lico) c) tanh(x) = senh(x) cosh(x) (Tangente Hiperbo´lica) d) sech(x) = 1 cosh(x) (Secante Hiperbo´lica) e) csch(x) = 1 senh(x) (Cosecante Hiperbo´lica) f) coth(x) = 1 tanh(x) (Cotangente Hiperbo´lica) 6 Func¸o˜es Cont´ınuas em Intervalos Teorema 3 (Teorema do Valor Intermedia´rio - TVI). Seja f : X → R e X ⊂ X ′. Se I ⊂ X e´ um intervalo e f e´ cont´ınua em I enta˜o o conjunto J = f(I) = {f(x);x ∈ I} e´ um intervalo. 9 Observac¸a˜o 2 (Consequeˆncias Imediatas do TVI). • Se x1, x2 ∈ I e d ∈ R sa˜o tais que f(x1) ≤ d ≤ f(x2), enta˜o existe x3 ∈ I entre x1 e x2 tal que f(x3) = d. • Se x1, x2 ∈ I sa˜o tais que f(x1) 6= 0 e f(x2) 6= 0 tem sinais opostos, enta˜o existe x3 ∈ I entre x1 e x2 tal que f(x3) = 0. Exemplo 3. (A) Considere o polinoˆmio p(x) = 4x5−3x2+2. E´ poss´ıvel garantir a existeˆncia de alguma raiz real para p no intervalo [−2, 0]? (B) Considere a func¸a˜o g(x) = { 1 x−1 se x 6= 1 0 se x = 1 . E´ poss´ıvel garantir a existeˆncia de alguma raiz real para g no intervalo [0, 3]? (C) Considere a func¸a˜o f(x) = sen(x). E´ poss´ıvel garantir a existeˆncia de algum ponto fixo para f? 10 (D) Obtenha uma aproximac¸a˜o para √ 3. 11 Outra consequeˆncia importante do TV I e´ o seguinte teorema: Teorema 4 (Weierstrass). Seja f : X → R com X ⊂ X ′. Se f e´ cont´ınua no intervalo fechado e limitado [a, b] ⊂ X, enta˜o f assume seus valores de ma´ximo e mı´nimo neste intervalo, isto e´, existem xm, xM ∈ [a, b] tais que : i) f(xm) ≤ f(x),∀x ∈ [a, b]. (xm e´ ponto de mı´nimo absoluto de f em [a, b]) ii) f(xM ) ≥ f(x),∀x ∈ [a, b]. (xM e´ ponto de ma´ximo absoluto de f em [a, b]) Observac¸a˜o 3. • Decorre do TVI e Teorema de Weierstrass que o conjunto imagem de um intervalo fechado e limitado [a, b] tambe´m deve ser um intervalo (pelo TVI) fechado e limitado (pelo Teorema de Weierstrass). • O Teorema de Weierstrass e´ um teorema de existeˆncia, isto e´, embora garanta a sua existeˆncia, na˜o fornece uma fo´rmula para a obtenc¸a˜o dos pontos de ma´ximo e mı´nimo ! Ao estudarmos derivadas vamos obter um me´todo pra´tico para obter tais pontos. Exemplo 4. (A) Considere a func¸a˜o f1 : R→ R dada por f(x) = x+ 2. (B) Considere a func¸a˜o f2 : (−3, 5)→ R dada por f(x) = x+ 2. 12 (C) Considere a func¸a˜o f3 : [−3, 5]→ R dada por f(x) = x+ 2. (D) Considere a func¸a˜o g : [−3, 5]→ R dada por g(x) = { 1 x se x 6= 0 0 se x = 0 . 7 Continuidade e Inversa˜o de func¸o˜es Teorema 5 (Continuidade da Inversa). Seja f : I → J bijetora e cont´ınua, onde I e´ um intervalo. Enta˜o sua inversa f−1 : J → I e´ cont´ınua em todo oseu domı´nio J . 13 Exemplo 5. (A) f : [0,+∞)→ [0,+∞) dada por f(x) = √x. (B) g : [−1, 1]→ [−pi2 , pi2 ] dada por g(x) = arcsen(x). Observac¸a˜o 4. De maneira ana´loga conclu´ımos que as demais func¸o˜es trigonome´tricas inversas sa˜o cont´ınuas em seu domı´nio. (C) h : [0,+∞)→ [0,+∞) dada por f(x) = loga x, onde 0 < a 6= 1. 14
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