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ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 48 CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO. 3.1-INTRODUÇÃO Neste capítulo são abordadas as principais propriedades do concreto, do aço de protensão assim como o conjunto de equipamentos que permitem a protensão chamados também de sistemas de protensão. A idéia é concentrar neste texto as principais informações necessárias que os projetistas e calculistas de concreto protendido devem ter para executar o projeto de protensão com segurança e com maior exequilibilidade. No caso do concreto alem das principais propriedades mecânicas e elásticas são abordadas de maneira resumida algumas considerações a respeito de execução tais como composição, mistura, vibração e cura do concreto. No caso dos aços de protensão se faz necessário discorrer sobre as propriedades dos mesmos pelo motivo que tem ao menos resistência bem diferente dos empregados em obras comuns em que só há armadura passsiva (obras de concreto armado). 3.2 CONCRETO O concreto é obtido através da mistura adequada de cimento, agregado fino, agregado graúdo e água. Em algumas situações são incorporados produtos químicos ou outros componentes como microsílica, casca de arroz ou outros. A adição de produtos químicos ou outros materiais têm a finalidade de melhorar alguma propriedade tais como: trabalhabilidade, retardar a velocidade das reações químicas ou aumentar a resistência. As diversas características do concreto endurecido, ou seja, quando ele vai ser utilizado, dependem fundamentalmente do planejamento e cuidados na sua execução. O início do planejamento consiste em definir as propriedades que se deseja, verificar os materiais existentes ou disponíveis, escolher os materiais e estabelecer uma metodologia para definir o traço, equipamentos para a mistura, transporte, adensamento e cura do mesmo. Não é objetivo desta obra orientar projetista na tecnologia de projeto e execução do concreto, mas passar alguns conceitos importantes para que o projetista detalhe, especifique e exija tolerâncias razoáveis nos elementos de concreto protendido. Há uma tendência dos projetistas, calculistas e até os engenheiros de obras se preocuparem apenas com a resistência à compressão do concreto obtida através de ensaio com corpos de prova cilíndricos. Estes ensaios são usados como controle de fabricação, e muitas vezes, na falta de outras informações ou ensaios, fornecer todas as informações relativas à resistência e à deformabilidade do concreto. Tal prática na verdade deve-se mais a falta de um conhecimento maior do material ou fatores financeiros que impedem a execução de outros ensaios mais caros. Entende-se que o leitor já esteja familiarizado com os princípios da fabricação de concreto e recomenda-se para aqueles que se iniciam no assunto a leitura de outras obras listadas na bibliografia . ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 49 3.2.1 PROPRIEDADES DO CONCRETO FRESCO As principais propriedades do concreto fresco são a consistência, trabalhabilidade e homogeneidade. O concreto é um material que possui, mesmo depois de endurecido, materiais em todas as fases, ou seja, é composto de gases, líquidos, gel e sólidos e desta forma por si só heterogêneo. O objetivo do preparo do concreto estrutural é de se fazer com se tenha o máximo de material sólido com grande resistência e com pouco espaço vazios. Isto é obtido quando maior for a hidratação dos materiais pulverentos do cimento e de maneira simplificada quanto mais estes envolverem e aderirem aos sólidos presentes. A primeira propriedade do concreto fresco que o engenheiro da obra precisa ter em mente é sua consistência. Consistência consiste na maior ou menor capacidade que o concreto (fresco) tem para se deformar. Esta propriedade esta ligada ao processo de lançamento e adensamento do concreto e também ao transporte. Varia em geral com a quantidade de água empregada, granulometria dos agregados e pode ser bastante alterada pela presença de produtos químicos específicos. Concreto com menor consistência devem ser empregados para elementos cm alta taxa de armadura e com conseqüente dificuldade de adensamento. cone concreto desmoldado abatimento Figura 3.1 – Esquema do ensaio do cone. A esquerda o molde tronco cone e a direita a amostra de concreto após a retirada do molde e o valor do abatimento. Não havendo grande quantidade de armadura nas peças é muitas vezes mais econômico executar concretos com maior consistência e, em principio, menor quantidade de água. Nas peças com eixos ou superfícies inclinadas, tais como escadas, sapatas e outras, o concreto durante o lançamento precisa ter consistência adequada para garantir a forma adequada dos mesmos e neste caso a consistência deve ser menor. Uma maneira de medir a consistência é dada através do abaixamento que uma massa de quantidade pré-determinada terá quando retirado de uma forma metálica tronco cônica de dimensões normalizadas, ver a figura 3.1. De uma maneira geral as peças de protensão por terem grande taxas de armaduras são especificadas com valores altos de abatimento também chamado de “SLUMP” levando em alguns casos a necessitar, para um bom adensamento o uso de produtos químicos que diminuem, por exemplo, o atrito das partículas do concreto. O concreto com maior “Slump” é em geral mais fácil de lançar e de adensar e, portanto considerado mais “Trabalhável”. O conceito de trabalhabilidade de um concreto está ligado basicamente à maneira de se fazer o adensamento do mesmo. Por este motivo já existe hoje em dia os cncreto chamados auto- adensáveis que são praticamente fluídos e não necessitam em princípio de nenhuma energia ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 50 de adensamento para formar um conjunto homogêneo e com características de resistência requeridas. Estes concretos são obtidos de acréscimo de aditivos (compostos especiais químicos que alteram a propriedade dos materiais componentes) e não através do aumento de água, que alteraria o fator água/cimento e poderia assim diminuir consideralvemente a resistência. Valores limites do fator água/cimento A/C são estipulados pela norma para garantir a durabilidade da estrutura como é visto no capítulo 7. A execução do adensamento é uma das mais importantes etapas da fabricação do concreto interferindo sensivelmente nas características finais do mesmo. De uma maneira geral o adensamento hoje é, para obras de médio e grande porte, feito através de energia mecânica. Consiste basicamente em um primeiro momento separar os diversos compostos para depois misturá-los adequadamente. A vibração mecânica através de imersão de vibradores consiste no processo mais usual e simples para conseguir um adensamento adequado. Existe uma série de recomendações para e técnicas para o uso de vibradores mecânicos, que podem ser encontrados em livros especializados em construção civil, de maneira que não falte nem energia a mistura provocando o aparecimento de vazios (bicheiras) ou o excesso provocando a separação dos elementos. Como será visto a vibração assim comoos cuidados durante a pega do concreto influenciarão significativamente as propriedades do concreto como será visto no próximo exemplo. No caso de peças pré- fabricadas a energia de vibração pode ser feita com máquina específica (ver item 2.3.1). Esta grande quantidade de energia empregada alem das condições favoráveis de concretagem, uso de centrais de concreto, materiais empregados (areia e brita) com controle de origem e propriedades e finalmente cura controlada ou com procedimentos específicos permite alcançar valores altos de resistência assim como abatimentos e relações fator água cimento bem baixos sem perda da qualidade na fabricação, ou seja neste caso a trabalhabilidade do concreto está em valores de abatimento baixo. Costuma-se definir que o concreto costuma iniciar sua “pega”quando a consistência do mesmo não permitiria mais a sua trabalhabilidade. A definição para tal seria conseguida através da medição da penetração de um pino no mesmo, quando não se conseguir a penetração de um certo valor com um peso pré-definido estaria iniciada a pega iniciando-se os cuidados com a cura. A cura seria o tempo depois da pega em que a hidratação do concreto se desenvolve com grande velocidade e a água existente na mistura tem a tendência de sair pelos poros do material e se evaporar. A saída da água neste período faz com o concreto sofra diminuição de volume (retração) que normalmente é impedida pelas formas gerando tensões de tração que pela baixa idade do concreto podem não ser resistidas gerando fissuras que diminuirão a resistência final do concreto. Assim um dos principais cuidados da cura do concreto, ou seja, o conjunto de atividades para permitir uma hidratação dos componentes do concreto, está em impedir a evaporação da água, ou pelo menos retardá-la para uma época em que a resistência do concreto é maior. Lembrar que a água usada na mistura do concreto não é, em geral, totalmente empregada nas reações químicas, mas serve (parte dela) para controlar o calor da reação exotérmica da hidratação. Neste caso surge uma dúvida o que é mais interessante para a cura do concreto ela ocorrer sob baixas temperaturas ou altas temperaturas? Em princípio as temperaturas altas são benéficas e tem pelo menos a função de acelerar o processo de ganho de resistência, desde de que se evite a evaporação da água. Para peças usuais usa-se o procedimento de molhar ou encharcar as superfícies aparentes do concreto ou mesmo molhar as faces de formas de madeira constantemente, colocar materiais tais como esponjas encharcadas de água. Para as peças pré-moldadas é comum o uso da cura a vapor em que se mantém o ambiente saturado e se aumenta a temperatura do ambiente (no caso do vapor) ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 51 acelerando-se o ganho de resistência do mesmo. Para entender o fenômeno conceitua-se a “Maturidade” do concreto que vem a ser o produto da temperatura em que se dá a cura pelo quantidade de horas. Para uma certa mistura (traço de concreto), tipo de cimento pode-se definir uma maturidade ideal para se obter uma resistência. Isto é feito através de ensaios. Imaginando então que a maturidade ideal de uma peça seja de 4800 0C.h pode-se obter tal resistência através da cura do concreto com uma temperatura ambiente de 200 C e 120 horas (cinco dias) ou 24 horas com 2000 C com cura a vapor. 3.2.2 PROPRIEDADES DO CONCRETO ENDURECIDO No concreto endurecido, as principais características de interesse são as mecânicas, destacando-se as resistências à compressão e à tração. Ainda não foi possível estabelecer uma lei única, para a determinação da resistência dos materiais, que seja válida para todo tipo de solicitações possíveis. Por isso, no caso do concreto, não se pode deduzir diretamente da resistência que se tenha encontrado em um ensaio relativo a uma determinada solicitação, como por exemplo, a resistência à compressão medida em corpos de prova cilíndricos, seu comportamento quando submetido a outro tipo de solicitação (flexão, torção, cisalhamento etc.). Entretanto, no estágio atual de desenvolvimento do cálculo de estruturas de concreto armado, considera-se como aproximação razoável que a resistência do concreto para diversos tipos de solicitações seja função de sua resistência à compressão. Este conceito é melhor entendido ao se verificar que a maioria das situações em que há ruptura do concreto são situações que podem ser reduzidas a estados de compressão excessiva ou detração no concreto. Recomenda-se ao leitor que quiser se aprofundar neste tópico a leitura de FUSCO, Péricles Brasiliense (1994). A resistência do concreto é também função do tempo de duração da solicitação; os ensaios geralmente são realizados de forma rápida, ao passo que, em construções, o concreto é submetido a ações que em sua maioria atuam de forma permanente, reduzindo sua resistência ao longo do tempo. Ainda, nos ensaios, a resistência é influenciada pela forma do corpo de prova e pelas próprias características dos ensaios. Neste capítulo serão vistas apenas algumas características do concreto; outras serão analisadas à medida que forem necessárias. 3.2.2.1. Resistência à compressão A principal característica do concreto é sua resistência à compressão, e é determinada pelo ensaio de corpos de prova submetidos à compressão centrada; esse ensaio também permite a obtenção de outras características, tal como o módulo de deformação longitudinal. Independentemente do tipo de ensaio ou de solicitação, diversos fatores influenciam a resistência do concreto endurecido, dos quais os principais são a relação entre as quantidades de cimento, agregados e água, e a idade do concreto. A resistência à compressão, obtida por ensaio de curta duração do corpo de prova (aplicação de carga de maneira rápida) é dada por: f N Acj rup= sendo: ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 52 fcj – resistência à compressão (c) do corpo de prova de concreto na idade de j dias; Nrup – carga de ruptura do corpo de prova; A – área da seção transversal do corpo de prova. No Brasil utilizam-se corpos de prova cilíndricos, com diâmetro da base igual a 15 cm e altura de 30 cm, ou de base 10 e altura 20 cm. A resistência deve ser relacionada à idade de 28 dias do concreto e será estimada a partir do ensaio de uma determinada quantidade de corpos de prova. A moldagem dos cilindros é especificada pela NBR 7222 e o ensaio deve ser feito de acordo com a NBR 5739 3.2.2.2. Resistência característica do concreto à compressão Os valores característicos dos materiais está estabelecido na norma NBR6118:2003 no seu item 12.2 onde se define: “ Os valores característicos fk das resistências são os que, num lote do material, tem uma determinada probabilidade de serem ultrapassados , no sentido desfavorável da segurança. Usualmente é de interesse a resistência característica inferior fkinf cujo valor é menor que a resistência média fm.” Para entender conceitualmente o problema tece-se os comentários a seguir. Para se avaliar a resistência de um concreto à compressão é necessário realizar um certo número de ensaios de corpos de prova, e os valores da resistência proporcionados pelos distintos corpos de prova são mais ou menos dispersos, variando de uma obra a outra e também de acordo com o rigor com que se confeccione o concreto. O problemapode ser colocado da seguinte maneira: dados n resultados obtidos ao se ensaiar à compressão simples até à ruptura uma série de n corpos de prova cilíndricos de um mesmo concreto, determinar um valor da resistência que seja representativo desse concreto. A idéia inicial é adotar, para tal valor representativo, a média aritmética fcm dos n valores obtidos dos ensaios, chamada de resistência média à compressão. Entretanto esse valor não reflete a verdadeira qualidade do concreto na obra, ao não considerar a dispersão dos resultados; entre dois concretos com a mesma resistência média, não há dúvida que é mais confiável aquele que apresenta menor dispersão. Por isso se tem adotado o conceito de resistência característica (NB6118:2003 item 12.2), que é uma medida estatística que leva em conta não só o valor da média aritmética fcm das cargas de ruptura dos ensaios dos corpos de prova mas, também, o desvio da série de valores, através do coeficiente de variação δ. Os valores característicos fk das resistências são os que, num lote de material, têm uma determinada probabilidade de serem ultrapassados, no sentido desfavorável para a segurança. Usualmente é de interesse a resistência característica inferior fk,inf, cujo valor é menor que a resistência média fm, embora por vezes haja interesse na resistência característica superior fk,sup, cujo valor é maior que fm.Para os efeitos desta Norma, a resistência característica inferior é admitida como sendo o valor que tem apenas 5% de probabilidade de não ser atingido pelos elementos de um dado lote de material. Define-se assim como resistência característica fck do concreto à compressão, o valor que apresenta um grau de confiança de 95%, ou seja, existe uma probabilidade de 0,95 de que existam valores individuais de resistência dos corpos de prova maiores que fck (fck é o valor mínimo da resistência de modo que 95% dos resultados dos ensaios estejam acima do mínimo, ou 5% abaixo desse mínimo). De acordo com essa definição, e admitindo-se uma ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 53 distribuição estatística normal dos resultados (curva de Gauss, figura 3.2) a resistência é dada pelo quantil de 5% da distribuição: s645,1ffou )645,11(ff cmckcmck ⋅−=δ⋅−= (3.1) onde fcm é a resistência média e δ o coeficiente de variação, dado por: δ = −⎛⎝⎜ ⎞ ⎠⎟=∑ 1 2 1n f f f ci cm cmi n e δ⋅= cmfs é o desvio padrão. FIGURA 3.2 Distribuição normal dos resultados (adap. de Montoya, 1976) A partir da resistência característica a NBR6118:2003 define as classes de concreto no item 8.2.1 quando prescreve: “esta norma se aplica a concretos compreendidos nas classes de resistência do grupo I indicados na NBR 8953, ou seja, até C50. A classe C20 ou superior se aplica a concreto com armadura passiva e a classe C25, ou superior, a concreto com armadura ativa A classe C15 poderá ser usado apenas em fundações, conforme NBR-6122, e em obras provisórias”. Assim, para obras em concreto protendido o menor valor de fck a ser definido é o de fck=25MPa. Dependendo da condição ambiental a NBR6118:2003 especifica categorias de concreto conforme pode ser visto no capítulo 7 3.2.2.3. Resistência à compressão do concreto de cálculo Para serem empregados no cálculo os valores característicos devem ser transformados em valores de cálculo que de uma maneira geral é feito segundo a expressão: fd = m kf γ (3.2) As prescrições da NBR6118:2003 referem-se à resistência à compressão obtida em ensaios de cilindros moldados s que quando não for indicada a idade, as resistências referem- se à idade de 28 dias. A evolução da resistência à compressão com a idade deve ser obtida através de ensaios especialmente executados para tal. Na ausência desses resultados experimentais pode-se adotar, em caráter orientativo, os valores indicados em 12.3.3. Sabe-se ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 54 que a resistência do concreto à compressão varia com o tempo. No texto da NBR6118:2003 a variação da resistência do concreto é apresentada no item 8.2.4 da seguinte maneira: “a evolução da resistência à compressão com a idade, deve ser obtida através de ensaios especialmente executados para tal. Na ausência desses resultados experimentais pode-se adotar, em caráter orientativo, os valores indicados no item em seguida. Finalmente no caso específico da resistência de cálculo do concreto (fcd), alguns detalhes adicionais são necessários, conforme a seguir descrito: a) quando a verificação se faz em data j igual ou superior a 28 dias, adota-se a expressão c ck cd f f γ= Nesse caso, o controle da resistência à compressão do concreto deve ser feito aos 28 dias, de forma a confirmar o valor de fck adotado no projeto; b) quando a verificação se faz em data j inferior a 28 dias, adota-se a expressão: c ck 1 c ckj cd ff f γβγ ×== (3.3) com ( )[ ]{ }2/11 t/281exp −×= sβ (3.4) onde: s = 0,38 para concreto de cimento CPIII e IV; s = 0,25 para concreto de cimento CPI e II; s = 0,20 para concreto de cimento CPV-ARI; t é a idade efetiva do concreto, em dias. Essa verificação deve ser feita aos t dias, para as cargas aplicadas até essa data. Ainda deve ser feita a verificação para a totalidade das cargas aplicadas aos 28 dias. Nesse caso, o controle da resistência à compressão do concreto deve ser feito em duas datas: aos t dias e aos 28 dias, de forma a confirmar os valores de fckj e fck adotados no projeto. Chama-se a atenção que, a favor da segurança, a Norma indica que a resistência à compressão do concreto fcj = fck para qualquer idade do concreto superior a 28 dias (o valor da resistência característica é definida para esta data), porem no caso de se desejar saber a resistência para, por exemplo, calcular efeitos de fluência pode-se e deve-se usar as expressões 3.3 e 3.4 para t>28 dias. As peças pré-fabricadas em concreto protendido são feitas com cimento do tipo ARI e com cura acelerada. A expressão (3.3) não foi feita para concretos que recebem tratamento especial de cura, aliás é muito comum em publicações, inclusive em valores normativos de características de fluência (ver capítulo 5), o uso de idades de concreto sempre superiores a 3 dias devido a grande variabilidade de resultados observados em ensaios para dats inferiores a 3 dias. Para adaptar a expressão 3.4 para os concretos usados em préfabricados recomenda-se usar a expressão 3.4 aplicando-a a dois momentos: ao da idade do concreto no dia do saque da peça (efetivação da protensão) que é, em geral igual a um dia, e aos 28 dias, pois estes dois valores estão sendo sempre controlados na fabrica e dentro da variabilidade normal de resultados são sempre obtidos e calcular o valor de s correspondente. Exemplo numérico 3.1 ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 55 Calcular a expressão de s a ser usada em 3.4 para um concreto usado em fábrica de pré- moldados (curado a vapor), composto por cimento ARI e que apresenta resistências à compressãoa um dia (efetivação da protensão) de 30 MPa e aos 20 dias (resistência característica) de 50 MPa. Após o cálculo comparar o valor encontrado com o da NBR6118. Resolução: Para se calcular o valor da resistência do concreto em um tempo diferente de 28 dias a NBR61118:2003 recomenda o uso da expressão: c ck 1 c ckj cd ff f γβγ ×== (3.3) com ( )[ ]{ }2/11 t/281exp −×= sβ (3.4) sendo s=0,20 para cimentos CPV- ARI. Como 30/50=0,6 o valor de s dado na expressão 3.4 é tal que 1β = 0,6 para t=1 dia que resulta em : 0,6 = ( )[ ]{ }1/228/11sexp −× ; ln (0,6) = s (1-5,29); s= 0,119 Assim, segundo a NBR6118 para peças com cimento ARI é preciso usar s=0,20. Ocorre porem que as peças pré-moldadas acabam sendo curadas a vapor quente e se obtêm para um dia o valor de 1β = 0,6 que leva a se usar s=0,119 como mostra o gráfico e alista de valores obtidos na figura 3.3. VALOR DE b1 PARA CONCRETO COM CURA NORMAL E CURA À VAPOR- CIMETO ARI 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 dias b 1 Normal vapor T b1c/0,2 b1 c/0,119 1 0,423882 0,600082 2 0,577913 0,72162 3 0,66298 0,783056 4 0,719535 0,82214 5 0,760875 0,849927 6 0,792907 0,871038 7 0,818731 0,887808 8 0,840158 0,90156 9 0,85833 0,913112 10 0,87401 0,923001 11 0,887728 0,931594 12 0,89987 0,939154 13 0,91072 0,945876 14 0,920496 0,951904 15 0,929367 0,957351 16 0,937466 0,962307 17 0,944901 0,96684 18 0,951759 0,971009 19 0,958112 0,974861 20 0,96402 0,978433 21 0,969534 0,981759 22 0,974695 0,984866 23 0,979541 0,987776 24 0,984103 0,990511 25 0,988408 0,993086 26 0,992479 0,995518 27 0,996337 0,997819 28 1 1 Figura 3.3 – Curva da resistência à compressão do concreto com cimento ARI segundo expressão da NBR6118 cura normal e a vapor (adaptada). ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 56 É muito comum também em estrutura pré-fabricadas o uso de concretagem no local complementando a peça assim, em cada etapa construtiva é preciso considerar a idade do concreto e o tipo do mesmo. Em seguida é mostrado um exemplo como podem avaliadas a resistência dos diversos concretos que compõem uma seçãoem qualquer idade. EXEMPLO NUMÉRICO 3.2- Seja uma peça cuja seção transversal é composta de três tipos de concreto (ver a figura 3.4). A primeira parte da seção é feita em uma fábrica e com o concreto do tipo1, a segun da e terceira partes são executadas já com a peça colocada em sua posição definitiva com os concretos denominados concreto 2 e 3. Na tabela 3.1 indicam-se as características do três concretos e a cronologia da execução dos mesmos. Pede-se calcular a resistência dos mesmos para a idade da peça em 1, 5, 7, 10, 18, 30 e 10000 dias. concreto 1 concreto 3 concreto 2 Figura 3.4 – Seção transversal de uma peça composta de três concretos. TABELA 3.1 – Características dos concretos componentes da seção transversal CONCRETO fck (MPa) Cimento Idade da peça quando da execução do concreto (dias) 1 50 ARI 0 2 30 CPII 7 3 30 CPII 10 Os valores desejados podem ser obtidos usando-se as expressões (3.3) e (3.4) e compondo a tabela 3.3 TABELA 3.3 – DATAS DE REFERENCIA, Valores de b1, Resistência do concreto concreto 1 concreto 2 concreto 3 referenci a 0 7 10 Valores de b1 t b1 c/ s=0,119 b1 c/ s=0,25 b1 c/ s=0,25 1 0,600082093 5 0,849926505 7 0,887807801 10 0,923000884 0,5982 18 0,971009452 0,8616 0,8040 30 1,00404323 0,9744 0,9552 10000 1,119299577 1,2671 1,2671 ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 57 Resistência dos concretos RESISTÊNCIA t concreto 1 concreto 2 concreto 3 1 30 5 42 7 44 10 46 17,9 18 49 25,8 24,1 30 50 29,2 28,6 10000 50 30 30 3.2.2.4. Resistência do concreto à tração (colocar a consideração da laje alveolar) Como o concreto é um material que resiste mal à tração, geralmente não se conta com a ajuda dessa resistência quando se estuda a resistência de uma seção na flexão. Entretanto, a resistência à tração pode estar relacionada com a capacidade resistente da peça, como por exemplo, aquelas sujeitas a esforço cortante (principalmente a laje alveolar que só depende do concreto para resistir os esforços cortantes), e também diretamente com a fissuração, e por isso é necessário conhecê-la. Existem três tipos de ensaio para se obter a resistência à tração: por flexo-tração, por compressão diametral e por tração direta (figura 3.5). FIGURA 3.5 Modos de ensaios de resistência do concreto à tração (Montoya, 1976) A resistência à tração pura é aproximadamente 85% da resistência à tração por compressão diametral, e 60% da resistência obtida pelo ensaio de flexo-tração; este último método não é prático, dada a dificuldade do ensaio. O ensaio de compressão diametral é conhecido como Ensaio Brasileiro de Resistência à Tração, por ter sido sistematizado pelo engenheiro L. F. Lobo Carneiro professor durante muitos anos da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e COPPE (Coordenação dos programas de pós graduação de Engenhraia) do Rio de janeiro e figura destacada da história do concreto no Brasil . Na NBR6118:2003 é salientada a possibilidade de variação da resistência à tração dependendo do tipo de solicitação que a provoca. Considera a tração pura e a tração que ocorre na flexão. O texto do item 8.2.5, resistência à tração recomenda: “a resistência à tração ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 58 indireta fct,sp e a resistência à tração na flexão fct,f devem ser obtidas de ensaios realizados segundo a NBR-7222 e a NBR-12142, respectivamente”. A resistência à tração direta fct pode ser considerada igual a 0,9⋅fct,sp ou 0,7⋅fct,f ou, na falta de ensaios para obtenção de fct,sp e fct,f , pode ser avaliada por meio das equações (3.3) a (3.6). ck 3/2 ctm f3,0f ⋅= (fct,m e fck em MPa) (3.5) mctctk ff ,inf, 7,0 ⋅= (3.6) mctctk ff ,sup, 3,1 ⋅= (3.7) 3.2.2.5 Momento de fissuração de uma seção transversal de peça em concreto armado e em concreto protendido. Embora sendo de baixo e muitas vezes desprezada no cálculo dos estados limites últimos a resistência à tração do concreto desempenha papel determinante nas análises de estados limites de serviço, ou seja na análise de uso das peças de concreto. Em serviço é fundamental conhecer a partir de que momento fletor uma seção poderá ter iniciada uma fissura devida a tração nela provocada. A este momento fletor a partir do qual se iniciará a flexão por flexão se dá o nome de momento de fissuração. Imaginando inicialmente uma seção transversal submetida a um momento fletor M, até que ocorra a primeira fissura de flexão, como já visto no capítulo 1 é possível considerar a teoria da Resistencá dos materiais e assim escrever a expressão para a tensão na borda mais tracionada da seção por: ii yI M ⋅=σ (nomenclatura já dada no capítulo 1) Onde i indica o ponto junto a borda mais tracionada da seção. Na imimencia de ocorrer a primeira fissura de tração a tensão no concreto se iguala àda resistência à tração do concreto cti f=σ chegando a expressão da norma i ct r y IfM ⋅= Colocando conforme a NBR6118 (item 17.3.1) chega-se a: t ct r y IfαM c⋅⋅= (3.8) Com α- valor igual a 1,2 para seções em forma de um “tê” e 1,5 para seções retangulares Mr – momento de fissuração Ic – inércia da seção bruta de concreto A norma presecreve que a resistência à tração a ser considerada na expressão (3.8) depende da verificação que se está efetuando: • No estado de deformação excessiva (cálculo de flecha), deve-se usar o valor da resistência média: fct = 2/3ckf0,70 ⋅ (MPa) (3.9) ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 59 • No estado de formação de fissuras, deve-se usar o valor da resistência inferior: fct = 2/3ckf0,21⋅ (MPa) (3.10) Para as seções de peças protendidas, embora a NBR6118:2003 não explicite uma expressão, pode-se considerar de maneira similar as de concreto armado, pode-se acredcentar o efeito da protensão centrada (Np/A) e da sua excentricidade ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ⋅⋅ y I epN na expressão (3.8) ficando portanto com: t pp ii yI eN A N y I M σ ⋅⋅++⋅= Que se transforma para peças isostáticas ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ⋅+⋅ ⋅+⋅⋅= eN yA IN y IfαM p t cp t cct r (3.11) e de uma forma mais geral ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ +⋅ ⋅+⋅⋅= p t cp t cct r MyA IN y IfαM (3.12) Na expressão 3.12 o valor de Mp é o momento final de protensão constituído pela soma do isostático (Np.e) e o hiperestático (será tratado no volume 2). EXEMPLO NUMÉRICO 3.3- Calcular o valor do momento fletor de fissuração de uma seção retangular (20x40 cm) (para verificação de fissuração) em uma peça em concreto armado e depois em concreto protendido,considerando que o concreto tenha fck=50 MPa e no caso de concreto protendido haaverá duas codialhas de ½” (área total de 2 cm2), com uma excentricidade de 15 cm e uma tensão de σp=114,4 kN/cm2. Resolução a) concreto armado Cálculo de Ic = 0,2x0,43/12 =0,00107 m4; α=1,5 pois se trata de seção retangular; yt=0,2 m fct=0,21x 2/350 =2,85 MPa; usando a expressão (3.8) t ct r y IfαM c⋅⋅= = 0,20 00107,02.8501,5 ⋅⋅ =22,87 kN.m a) concreto protendido Valor de Np=2x114,4=228,8 kN; A=0,2x0,4=0,08 usando a expressão (3.11) ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ⋅+⋅ ⋅+⋅⋅= eN yA IN y IfαM p t cp t cct r = ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ ⋅+⋅ ⋅+⋅⋅ 15,0,08,228 20,008,0 0017,08,228 0,20 00107,02.8501,5 = Mr=72,2 kN.m (3,15 vezes o valor da peça em concreto armado) 3.2.2.6 Módulo de elasticidade ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 60 O módulo de elasticidade deve ser obtido segundo ensaio descrito na NBR 8522, sendo considerado o módulo de deformação tangente inicial cordal a 30% fc, ou outra tensão especificada em projeto. Quando não forem feitos ensaios e não existirem dados mais precisos sobre o concreto usado na idade de 28 dias, pode-se estimar o valor do módulo de elasticidade usando a expressão: Eci = 5 600 fck ½ (3.13) onde: Eci e fck são dados em megapascal. O módulo de elasticidade numa idade j ≥ 7 dias pode também ser avaliado através dessa expressão, substituindo-se fck por fckj. Quando for o caso, é esse o módulo de elasticidade a ser especificado em projeto e controlado na obra. O módulo de elasticidade secante a ser utilizado nas análises elásticas de projeto, especialmente para determinação de esforços solicitantes e verificação de estados limites de serviço, deve ser calculado pela expressão: Ecs = 0,85 Eci ou Ecs = 4 760 fck ½ (3.14) Na avaliação do comportamento de um elemento estrutural ou seção transversal pode ser adotado um módulo de elasticidade único, à tração e à compressão, igual ao módulo de elasticidade secante (Ecs). Na avaliação do comportamento global da estrutura e para o cálculo das perdas de protensão, pode ser utilizado em projeto o módulo de deformação tangente inicial (Eci). 3.3.2.6 Módulo de elasticidade transversal e Coeficiente de Poisson Para tensões de compressão menores que 0,5 fc e tensões de tração menores que fct, o coeficiente de Poisson ν pode ser tomado como igual a 0,2 e o módulo de elasticidade transversal Gc = 0,4 Ecs. (3.15) 3.3.2.8. Diagramas tensão-deformação Para tensões de compressão menores que 0,5 fc, pode-se admitir uma relação linear entre tensões e deformações, adotando-se para módulo de elasticidade o valor secante dado pela expressão constante no item anterior. Para análises no estado limite último, podem ser empregados o diagrama tensão-deformação idealizado mostrado na figura 3.3 as simplificações propostas na seção 17. Os diagramas tensão-deformação do concreto estão apresentados na NBR6118:2003 no item 8.2.10. Particularmente na compressão (8.2.10.1) o diagrama fica definido pelo texto: “para tensões de compressão menores que 0,5⋅fc, pode-se admitir uma relação linear entre tensões e deformações, adotando-se para módulo de elasticidade o valor secante dado pela equação 3.14”. Para análises no estado limite último, pode ser empregado o diagrama tensão- deformação idealizado mostrado na figura 3.6, em que se supõe que a variação de tensões no concreto se faz de acordo com o diagrama parábola-retângulo, definido com tensão de pico igual a 0,85⋅fcd, com fcd determinado conforme item 12.3.3 da NB1/2003 (item 1.8.1.2.4 deste capítulo). ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 61 Equações das curvas de tensão do concreto ⎥⎥⎦ ⎤ ⎢⎢⎣ ⎡ ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ −−= 2 002,0 11 cckc f εσ (3.16) e ⎥⎥⎦ ⎤ ⎢⎢⎣ ⎡ ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ −−= 2 002,0 1185,0 ccdc f εσ (3.17) σ c 0 ,8 5 fc d fc k 0 ,2 % 0 ,3 5 % ε C FIGURA 3.6 Diagrama tensão-deformação do concreto (figura 8.2, NB1/2003) Para o concreto não fissurado submetido a tensões de tração, pode-se utilizar o diagrama bilinear tensão-deformação da figura 3.7. ε Ecm ct σct fctk fctk0,9 0,5%o FIGURA 3.7. Diagrama tensão-deformação bilinear na tração (figura 8.3, NBR6118:2003) 3.3.2.9 Quadro resumo das principais expressões usadas para avaliações propriedades dos concreto. Para facilitar o uso das expressões necessárias para carcaterizar as propriedades do concreto apresenta-se a tabela a seguir que reúne de forma resumida as principais fórmulas usadas neste cap[irulo referentes ao concreto. QUADRO 3.1 RESUMO DAS PRINCIPAIS EXPRESSÕES USADAS PARA AVALIAÇÕES PROPRIEDADES DOS CONCRETO. ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 62 Significado Fórmula Número Variação da resistência característica à compressão do concreto em relação a resistência média. s645,1ffou )645,11(ff cmckcmck ⋅−=δ⋅−= (3.1) Resistência de cálculo do concreto fd =m kf γ (3.2) Resistência de cálculo do concreto em uma idade t<28 dias c ck 1 c ckj cd ff f γβγ ×== (3.3) Relação da resistência à compressão do concreto em uma idade t e a característica (a 28 dias) ( )[ ]{ }2/11 t/281exp −×= sβ (3.4) Resistência à tração média do concreto ck 3/2 ctm f3,0f ⋅= (fct,m e fck em MPa) (3.5) Resistência à tração inferior do concreto mctctk ff ,inf, 7,0 ⋅= (3.6) Resistência à tração superior do concreto mctctk ff ,sup, 3,1 ⋅= (3.7) Momento de fissuração seção de peça de concreto armado. α=1,2 seção Te e 1,5 seção retangular t ct r y IfαM c⋅⋅= (3.8) Tensão de tração usada para verificar estado de deformação excessiva. fct = 2/3 ckf0,70 ⋅ (MPa) (3.9) Tensão de tração usada para verificar estado de formação de fissuras fct = 2/3 ckf0,21⋅ (MPa) (3.10) Momento de fissuração seção de peça protendida com efeito do momento isostático de protensão. ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ⋅+⋅ ⋅+⋅⋅= eN yA IN y IfαM p t cp t cct r (3.11) Momento de fissuração seção de peça protendida com efeito hiperestáritico ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ +⋅ ⋅+⋅⋅= p t cp t cct r MyA IN y IfαM (3.12) Módulo de elasticidade longitudinal tangente Eci = 5 600 fck ½ (MPa) (3.13) Módulo de elasticidade longitudinal secante Ecs = 0,85 Eci ou Ecs = 4 760 fck ½ (MPa) (3.14) Módulo de elasticidade transversal Gc = 0,4 Ecs. (3.15) Equação da curvas de tensão do concreto sem coeficiente de segurança ⎥⎥⎦ ⎤ ⎢⎢⎣ ⎡ ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ −−= 2 002,0 11 cckc f εσ (3.16) Equação da curvas de tensão do concreto com coeficiente de segurança usada no ELU ⎥⎥⎦ ⎤ ⎢⎢⎣ ⎡ ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ −−= 2 0 0``2,0 1185,0 ccdc f εσ (3.17) 3.3 AÇOS DE PROTENSÃO ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 63 Quando se iniciou o uso do concreto protendido, no começo do século passado, constatou-se que depois de decorrido um certo tempo os esforços de compressão introduzidos pela protensão deixavam de existir, em grande parte ou totalmente devido às perdas que ocorriam, principalmente, ao longo do tempo. Ficou então claro, por volta dos anos 40 (1940) com FREYSSINET (apud COLLINS & MITCHELL[1985]) que para poder aplicar a protensão e ter efetivamente tensões de compressão no concreto, mesmo decorrido um grande período de tempo, seria necessário usar-se aços de grande resistência, mesmo que para isso fosse preciso ultrapassar o valor do alongamento específico de 1%, limite para se manter a aderência entre o aço e o concreto no sistema de concreto armado. Assim, os aços de protensão têm valores de escoamento bem mais altos que os usados no concreto armado. 3.3 .1 Características e nomenclatura O aço de protensão, similarmente aos aços de concreto armado, pode ser identificado pela sigla CP (concreto protendido) seguida do valor, em kgf/mm2, da tensão aproximada de ruptura do aço que compõem cordoalha, cordões ou fio. Adiciona-se ainda na denominação as siglas RN ou RB indicando se o aço é de relaxação normal ou baixa. O fenômeno da relaxação será tratado no capítulo 5. Os aços de relaxação baixa são obtidos através de procedimento de fabricação em que recebem um alongamento com temperatura controlada permitindo uma menor perda devido à relaxação. Assim, as categorias de aço produzidas no Brasil são: CP145RB, CP150RB, CP170RN, CP175RB, CP175RN e CP190RB. Os aços de protensão podem ser fornecidos em barras, fios, cordões e cordas (cordoalhas). A classificação de cada um pode ser dada por: • BARRAS: elementos fornecidos em segmentos retos com comprimento normalmente compreendido entre 10 e 12 m. • FIOS: elementos de diâmetro nominal não maior que 12 mm cujo processo de fabricação permita o fornecimento em rolo, com grande comprimento, devendo o diâmetro do rolo ser pelo menos igual a 250 vezes o diâmetro do fio. • CORDÕES: Os grupamentos de 2 ou 3 fios enrolados em hélice com passo constante e com eixo longitudinal comum. • CORDAS (CORDOALHAS): Grupamento de pelo menos 6 fios enrolados em uma ou mais camadas, em torno de um fio cujo eixo coincida com o eixo longitudinal do conjunto. Na prática costuma-se designar as cordas por cordoalhas. Normalmente indicam-se os fios de protensão apenas pelo seu diâmetro enquanto que os demais conjuntos são chamados genericamente de cordoalhas de dois e três fios pela designação, por exemplo, de 2x2,00 (cordoalhas de dois fios de diâmetro de 2mm) e 3x3,00 (cordoalha de 3 fios de 3mm de diâmetro). As cordoalhas de sete fios (ver figura 3.5) possuem um fio central, normalmente, com diâmetro cerca de 2% maior que os demais, e mais seis outros enrolados em forma de hélice e são denominadas como cordoalhas de diâmetro igual ao diâmetro do círculo circunscrito a todos e, portanto não permite que se calcule a área da seção transversal de forma direta pois, é preciso conhecer o diâmetro do fio ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 64 central e dos fios periféricos da cordoalha. Desta maneira uma cordoalha de φ de ½” (aproximadamente 12,7 mm) não tem a área de 1,25 cm2 e sim de 1,01 cm2. figura 3.5 – Tipos de armaduras com aço de protensão (de cima para baixo e da esquerda para direita) : Fio isolado, cordões de 2 e 3 fios e cordas (cordoalhas) de 7 fios. Atualmente, embora conste de catálogo da Companhia Belgo Mineira, que fabrica os aços de protensão, diversos tipos de cordoalhas as mais usadas são as de 12,7 mm e a de 10 mm. TABELA 3.2 - Cordoalhas para Protensão - especificação dos produtos PRODUTO � mm A mm2 Am mm2 m CARGA MÍNIMA DE RUPTURA CARGA MÍNIMA A 1% DE ALONGAMENTO ε(%). Série CORD (mm) (mm2) (mm2) kg/km (kN) (kgf) (kN) (kgf) (%) CP 190 RB 3x3,0 6,5 21,8 21,5 171 40,8 4.080 36,7 3.670 3,5 CP 190 RB 3x3,5 7,6 30,3 30,0 238 57,0 5.700 51,3 5.130 3,5 CP 190 RB 3x4,0 8,8 39,6 39,4 312 74,8 7.480 67,3 6.730 3,5 CP 190 RB 3x4,5 9,6 46,5 46,2 366 87,7 8.770 78,9 7.890 3,5 CP 190 RB 3x5,0 11,1 66,5 65,7 520 124,8 12.480 112,3 11.230 3,5 CP 190 RB 7 CP 190 RB 7 CP 190 RB 7 CP 190 RB 7 CP 190 RB 7 CP 190 RB 7 6,4* 7,9* 9,5 11,0 12,7 15,2 26,5 39,6 55,5 75,5 101,4 143,5 26,2 39,3 54,8 74,2 98,7 140,0 210 313 441 590 792 1.126 49,7 74,6 104,3 140,6 187,3 265,8 4.970 7.460 10.430 14.060 18.730 26.580 44,7 67,1 93,9 126,5 168,6 239,2 4.470 6.710 9.390 12.650 16.860 23.920 3,5 3,5 3,5 3,5 3,5 3,5 TABELA 3.3- Acondicionamento das cordoalhas As cordoalhas são fornecidas em rolos sem núcleo nas seguintes dimensões aproximadas: Composição da Cordoalha Peso Nominal (kg) Diâm. Int. (cm) Diâm. Ext. (cm) Altura do Rolo (cm) Cordoalha 3 Fios 2800 76,2 139 76,2 TABELAS 3.4- Fios para Protensão tensão mínima de ruptura tensão mínima a 1% de alongamento sigla � mm A mm2 Am mm2 m kg/km (MPa) kgf/mm2 (MPa) (kgf/mm2) ε(%) CP 145RBL 9,0 63,6 62,9 500 1.450 145 1.310 131 6,0 ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOSNO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 65 CP 150RBL 8,0 50,3 49,6 394 1.500 150 1.350 135 6,0 CP 170RBE 7,0 38,5 37,9 302 1.700 170 1.530 153 5,0 CP 170RBL 7,0 38,5 37,9 302 1.700 170 1.530 153 5,0 CP 170RNE 7,0 38,5 37,9 302 1.700 170 1.450 145 5,0 CP 175RBE CP 175RBE CP 175RBE 4,0 5,0 6,0 12,6 19,6 28,3 12,3 19,2 27,8 99 154 222 1.750 1.750 1.750 175 175. 175 1.580 1.580 1.580 158 158 158 5,0 5,0 5,0 CP 175RBL CP 175RBL 5,0 6,0 19,6 28,3 19,2 27,8 154 222 1.750 1.750 175 175 1.580 1.580 158 158 5,0 5,0 CP 175RNE CP 175RNE CP 175RNE 4,0 5,0 6,0 12,6 19,6 28,3 12,3 19,2 27,8 99 154 222 1.750 1.750 1.750 175 175 175 1.490 1.490 1.490 149 149 149 5,0 5,0 5,0 �- diâmetro nominal; A- área; Am-área mínima; m-massa; ε-deformação específica TABELA 3.5- Acondicionamento de fios de protensão Os fios para concreto protendido são fornecidos em rolos de grande diâmetro, obedecendo às seguintes dimensões aproximadas: Diâmetro Nominal do Fio (mm) Peso Nominal (kg) Diâm. Int. (cm) Diâm. Ext. (cm) Altura do Rolo (cm) 4 700 150 180 18 Diversas cordoalhas acondicionadas dentro de uma bainha formarão um cabo, por exemplo, uma bainha que abrigue 12 cordoalhas de 12,7mm recebe a designação de cabo de 12φ1/2”. Mais dados a respeito destes elementos são mostradas a seguir pelas tabelas 1, 2 e 3 obtidas na internet na página da Belgo Mineira [2000] com os produtos de fios, cordões e cordoalhas. 3.3.2 Diagrama Tensão-deformação O diagrama tensão-deformação deve ser fornecido pelo fabricante ou obtido através de ensaios realizados segundo a NBR 6349. Os valores característicos da resistência de escoamento convencional fpyk, da resistência à tração fptk e o alongamento após ruptura ∈uk das cordoalhas devem satisfazer os valores mínimos estabelecidos na NBR 7483. Os valores de fpyk, fptk e do alongamento após ruptura ∈uk dos fios devem atender ao que é especificado na NBR 7482. De uma maneira geral os valores últimos a serem usados para a característica do aço são dados por fpyd= fpyk/1,15 (3.18) fptd =fptk/1,15 (3.19) Sendo que os valores de resistência característica à tração, diâmetros e áreas das cordoalhas e dos fios, bem como a classificação quanto à relaxação, a serem adotados em ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 66 projeto são os nominais indicados na NBR 7482 e na NBR 7483, respectivamente. A massa específica do aço de armadura ativa o valor de 7850 kg/m3 e o coeficiente de dilatação térmica será de 10-5/°C para temperaturas entre -20 e 100°C e o módulo de elasticidade que quando não for obtido de ensaios ou fornecido pelo fabricante, poderá ser considerado com o valor de 200 kN/mm2 para fios e cordoalhas. fios e cordoalhas Ep=200.000 MPa (3.20) barras Ep=210.000 MPa (3.21) Para cálculo no estado-limite de serviço e último pode-se utilizar o diagrama de cálculo da tensão-deformação do aço é dado pelo gráfico esquemático da figura 3.6 (figura 8.5 da NBR 6118:2003) σs Ep fpyk fpyd ε pε uk fpk fpd Figura 3.6- Diagrama tensão-deformação de aços de protensão (figura 8.5 da NBR 6118:2003). A curva de tensão do aço mostrada na figura 3.6 pode ser representada por para p pyd p E f<ε pppd E εσ ⋅= (3.22) para p pyd p E f≥ε ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛−⋅⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ −+= p pyd p pyk pydpd pydpd E f f ff f εσ 15,1/ (3.23) Para o caso de cordoalhas o ensaio não resultará em tensões, mas sim em forças de escoamento e ruptura em virtude de não ser homogênea a distribuição das tensões em relação aos fios. Assim, em geral, as tensões usadas no cálculo, obtidas pela razão Força/área da armadura são convencionais. A norma NBR7483:2004 especifica na sua tabela 1 características para as cordoalhas de sete fios de baixa relaxação uma das mais usadas no mercado Brasileiro e reproduzida em parte aqui na tabela 3.6. TABELA 3.6 Características das Cordoalhas de 7 fios com baixa relaxação RB sigla DESIGNAÇÃO Ø(mm) * Área (mm2) * Massa Nominal Kg/1.000m Carga de ruptura Min. kN Carga a 1% Min. KN RB190 CP 190 RB 9,5 CP 190 RB 12,7 9,5 12,7 56,2 100,9 441 792 104,3 187,3 93,9 168,6 ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 67 CP 190 RB 15,2 15,2 143,4 1125 265,8 239,2 RB210 CP 210 RB 9,5 CP 210 RB 12,7 CP 210 RB 15,2 9,5 12,7 15,2 56,2 100,9 143,4 441 792 1125 103,8 207,0 293,8 103,8 186,3 264,4 *Valores nominais 1) O valor da carga a 1% de alongamento é considerado equivalente à carga a 0,2% de alongamento permanente 2) O valor do alongamento total na ruptura mínimo é de 3,5% 3) Relaxação máxima após 1000 hs medida a 200 C e com 0,8 da carga de ruptura é de 3,5% Ainda para determinação da tensão na armadura de protensão no estado limite último (ELU) (ver conceituação no capítulo 6) pode-se usar os valores propostos VASCONCELOS, Augusto Carlos (1980). Vasconcelos teve o trabalho de reunir os dados médios de diversos ensaios realizados pela Belgo Mineira (fabricante dos aços de protensão) e construiu a tabela aqui reproduzida na tabela 3.7. TABELA 3.7 - TENSÃO NO AÇO σsd (MPa) (adaptado de VASCONCELOS) ε(%o) 5,25 6,794 7,438 8,167 9,000 9,962 10,00 12,50 15,00 17,5 CP175 1025 1264 1316 1344 1365 1368 1368 1378 1388 1397 CP190 1025 1314 1411 1459 1482 1486 1486 1496 1507 1517 ε(%o) 20,00 22,50 25,00 27,5 30,00 32,50 35,00 37,50 40,00 CP175 1407 1416 1426 1436 1445 1455 1464 14,74 1484 CP190 1527 1538 15,48 1559 1569 1579 1590 1600 1611 EXEMPLO NUMÉRICO 3.4- Desenhar o gráfico de tensão-deformação do aço de protensão CP 190 RB 12,7 considerando os valores da tabela 3.6 a fórmula da NBR6118 e a tabela de Vasconcelos. Considera-se os valores da tabela 3.6 tem-se aproximadamente os valores : fptk = 187000/100=1870 MPa fpyk = 168000/100=1680 MPa fpd = 1870/1,15= 1626 MPa fpd = 1690/1,15= 1460 MPa Desta forma tem-se também os valores de εu= 3,5% e o valor de εyd= =≅ 000.200 1460 p yd E f 7,3%, Seguindo as recomendações da norma chega-se ao gráfico da figura 3.7 onde se apresenta o gráfico recomendado por VASCONCELOS (1980) que, como pode ser visto é praticamente o mesmo da NBR6118:2003. ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 68 Curva Tensão Deformação Cordoalha 12F1/2" 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 0 10 20 30 40 Alongamento e (%) Te ns ão f p d M P a NBR6118:2003 Vasconcelos Figura 3.7- Diagrama tensão-deformação da cordoalha CP190RB 12,5 ns versão da NBR6118:2003 e de VASCONCELOS (1980). Quando o valor da tensão de escoamento não for dado considera-se:fpyk = 0,9 fptk 3.4 TENSÃO INICIAL DE PROTENSÃO Para evitar que ocorra ruptura, escoamento ou relaxação não linear da armadura de protensão e também não haja a possibilidade de danos na ancoragem por esforço muito alto a norma estabelece valores máximos para evitar estes problemas. Existem limites de dois tipos: um referente a operação de protensão (valor transitório) e outro após a operação de protensão relatados a seguir Durante as operações de protensão, a força de tração na armadura não deve superar os valores decorrentes da limitação das tensões no aço correspondentes a essa situação transitória fornecidos a seguir. A - Valores limites por ocasião da operação de protensão • A.1 - Armadura pré-tracionada Por ocasião da aplicação da força Pi, a tensão σpi da armadura de protensão na saída do aparelho de tração deve respeitar os limites 0,77 fptk e 0,90 fpyk para aços da classe de relaxação normal, e 0,77 fptk e 0,85 fpyk para aços da classe de relaxação baixa. Assim, pré-tração → aços tipo RN ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ⋅ ⋅≤ pyk ptk pi f f 90,0 77,0σ (3.24) pré-tração →aços tipo RB ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ⋅ ⋅≤ pyk ptk pi f f 85,0 77,0σ (3.25) ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 69 • A.2 - Armadura pós-tracionada Por ocasião da aplicação da força Pi, a tensão σpi da armadura de protensão na saída do aparelho de tração deve respeitar os limites 0,74 fptk e 0,87 fpyk para aços da classe de relaxação normal, e 0,74 fptk e 0,82 fpyk para aços da classe de relaxação baixa. pós-tração → aços tipo RN ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ⋅ ⋅≤ pyk ptk pi f f 82,0 74,0σ (3.26) pós-tração →aços tipo RB ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ⋅ ⋅≤ pyk ptk pi f f 87,0 74,0σ (3.27) Nos aços CP 85/105, fornecidos em barras, os limites passam a ser 0,72 fptk e 0,88 fpyk, respectivamente. aços CP 85/10 em barra ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ⋅ ⋅≤ pyk ptk pi f f 88,0 72,0σ (3.28) B - Valores limites ao término da operação de protensão Ao término da operação de protensão, a tensão σpo (x) da armadura pré-tracionada ou pós- tracionada, decorrente da força Po (x), não deve superar os limites estabelecidos em A.2. C - Tolerância de execução Por ocasião da aplicação da força Pi, se constatadas irregularidades na protensão, decorrentes de falhas executivas nas peças com armadura pós-tracionada, permite-se a sobrelevação da força de tração em qualquer cabo, limitando a tensão σpi aos valores estabelecidos em A.2 majorados em até 10%, até o limite de 50% dos cabos, desde que seja garantida a segurança da estrutura, principalmente nas regiões das ancoragens. Vale ainda acrescentar a cordoalhas engraxadas que são cordoalhas de 7 fios que recebem uma camada de graxa e revestidas de PEAD (Polietileno de Alta Densidade) de 1 mm de espessura fornecidas nos diâmetros de 12,5 e 15,2mm com as massas de 890 kg/km e 1240 kg/km. 3.5 Ancoragem da armadura de protensão, comprimento de transferencia e comprimento de regularização do esforço de protensão. Podem ser distinguidos dois tipos de ancoragens da armadura ativa: aquelas que dependem de elementos mecânicos adicionais como cunhas, blocos de aço etc e aqueles em que a transferência do esforço aço e armadura é feita pela aderência entre os mesmos. No concreto protendido com pós-tração a transferência da força de protensão é dada por dispositivos com os indicados na figura 3.8. ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 70 bloco de ancoragem placa repartidora trombeta bainha bloco de placa cunha cordoalha ancoragem repartidora concreto L Figura 3.8- Corte no plano vertical passando pela ancoragem de extremidade de um cabo com pós-tração atuando em uma viga. Detalhe com cordoalhas, cunha, bloco de ancoragem, placa repartidora, trombeta, bainha e comprimento L de regularização do esforço de protensão. Ao ancorar as cordoalhas com as cunhas o esforço de protensão passa da cordoalha para a cunha, depois para o bloco de ancoragem, placa repartidora e finalmente para concreto. Assim, a transferência de ação se dá pelo conjunto de elementos não se usando, em princípio, a aderência aço-concreto que só será completada após a injeção de calda de cimento. No comprimento L indicado na figura 3.8 há a regularização do esforço de protensão que passa a atuar em toda a seção. Nesta região há perturbações no campo das tensões surgindo, em geral tensões de tração perpendiculares a introdução da protensão (na placa repartidora) sendo necessário o uso de armadura passivas para controlarem e absorver esta tração. Este assunto será tratado no volume 2 e pode ser visto com mais detalhes em FUSCO (1994). No caso da pré-tração a transferência de ação se faz como no concreto armado por aderência aço-concreto, não havendo neste caso dispositivo de ancoragem ou de distribuição de tensão. De uma forma básica e simples no capítulo 5 de CARVALHO e FIGUEIREDO (2007) mostra-se como pode ser calculado o comprimento de ancoragem de armaduras passivas definindo este comprimento como o mínimo necessário com segurança necessário para transferir a ação do aço para o concreto ou vice-versa. Antes de continuar a exposição que se segue é preciso agora distinguir quatro situações que embora parecidas acabam por exigir diferentes tratamentos nos modelos de cálculo w conseqüentemente fórmulas empregadas. Aprimeira situação diz respeito ao ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 71 comprimento de ancoragem básico ( bpl ) que de uma maneira simplificada pode-se considerar como sendo o menor comprimento necessário para no estado limite último a ruptura se dê na armadura. Nesta situação considera-se a armadura com o maior esforço possível e concreto em torno da armadura com a menor resistência e fissurado. Ao modelos neste caso são bem distintos que os demais casos analisados. Define-se também o comprimento de transferência ( bptl ) como sendo o comprimento necessário, em geram em serviço, para que o esforço de protensão se transfira por aderência da armadura ativa para o concerto. Uma vez conhecidos os dois comprimentos anteriores é possível determinar o comprimento para realizar o detalhamento da ancoragem real, ou seja, qual será o valor do comprimento de ancoragem necessário ( bpdl ) usado para fazer o detalhamento de uma peça considerando as tensões atuantes e os comprimentos definidos anteriormente. Finalmente em uma peça pré-fabricada também é importante saber a partir de distancia da extremidade da peça pode-se considerar o esforço de protensão atuando em toda a seção. A este comprimento dá-se o nome de distância de regularização ( pl ). Considerados os conceitos anteriores retomando o estudo da aderência pode-se dizaer nas armadura ativas de pré-tração o comportamento é similar existindo, em princípio, os fenômenos da adesão, do atrito e engrenagem mecânica da armadura e concreto. cordalha ampliada cordoalha Figura 3.9- Detalhe das forças que ocorrem na superfície de uma cordoalha e o concreto que a envolve. Cumpre ressaltar quemesmo os fios lisos tem superfície irregular permitindo assim o surgimento de ações de contato aço-concreto. Na figura 3.9 mostra-se como se dá, esquematicamente, o contato entre o concreto e ao superfície da armadura em uma cordoalha que por ter o centro dos seus fios descrevendo uma espiral acentuam este contato fazendo o já citado no capítulo efeito “saca-rolha”. Também é importante dizer que quando, no estado limite úlimo, a armadura está na eminência do deslizamento ocorre um estado de tensões complexo no concreto além uma micro fissuração do mesmo como pode ser visto na figura em FUSCO (1994). Assim, fica claro que a consideração de uma tensão superficial aqui é convencional e é extremamente importante o uso de ensaios para ter valores confiáveis a se considerar. Por último há ainda um efeito chamado de efeito Hoyer que, a favor da segurança é desprezado, que decorre do aumento de diâmetro que a armadura ativa tem quando é transmitido o esforço de protensão na parte de fora da seção. Este efeito acaba fazendo que a parte sem tensão da armadura forme uma “cabeça de prego” ajudando a impedir o deslizamento da armadura. Este efeito é muito indluenciado pela fissuração do concreto e deformação lenta do mesmo. ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 72 Segundo Pfeil, Walter (1980) o comprimento de ancoragem variam de 100� a 140� para fios entalhados e de 45� a 90� para cordoalhas de 7 fios, estes valores como se verá se mostram bastante atuais. Segundo a Norma Brasileira NBR6118:2003 o comprimento de ancoragem básico de fios e cordoalhas (item 9.4.5) é de: para fios isolados → bpd pyd bp f4 f ⋅ ⋅= φl (3.29) para cordoalhas de 3 a 7 fios → bpd pyd bp f36 f7 ⋅ ⋅⋅= φl (3.30) Antes de prosseguir chama-se a atenção que no lugar de fpyd sugere-se o uso de 1,05 fpyk como recomenda FUSCO (1994). O valor de � é o do diâmetro do elemento considerado e o valor de fbpd é dado por : ctdppbpd ff ⋅⋅= 21 ηη (3.31) Com 1pη - 1,0 para fios lisos, 1,2 para cordoalhas de três e sete fios e 1,4 para fios dentados 2pη - 1 para situações de boa aderência e 0,7 para situações de má aderência. ctdf = cimfctkf γ/, calculado na idade de: -aplicação da protensão para o cálculo do comprimento de transferência. -28 dias para o cálculo de comprimento de ancoragem. Assim como caso da pós tração também na pré tração deve-se considerar que a introdução de protensão so se efetivará a partir de um comprimento de transferência bptl dado no item 9.4.52 da NBR6118:2003: Se no caso de no ato da protensão a liberação do dispositivo de tração é gradual para fios dentados ou lisos → pyd pibp bpt f σ⋅⋅= ll 7,0 (3.32) para cordoalhas de 3 e sete fios → pyd pibp bpt f σ⋅⋅= ll 5,0 (3.33) Se no ato da protensão a liberação não é gradual para fios dentados ou lisos → pyd pibp bpt f σ⋅⋅= ll 875,0 (3.34) para cordoalhas de 3 e sete fios → pyd pibp bpt f σ⋅⋅= ll 625,0 (3.35) Para o comprimento de ancoragem necessário tem-se a expressão: ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 73 pyd pyd bpbptbpd f f piσ−+= lll (3.36) Finalmente para calcular-se a distância de regularização da força de protensão (que pode ser considerada variando linear no comprimento) a norma indica o valor de ( ) bpt2bpt2bpd 0,6h lll ≥⋅+= (3.37) Com h a altura do elemento. Exemplo numérico 3.2 Verificar se as tensões em uma seção transversal de lajes alveolar como a da figura 3.10 estão contidas no intervalo de 0< σ < 0,7 fcj logo após a protensão considerando que o elemento tenha 6 m de vão (simplesmente apoiada), que a força de protensão não varie ao longo da peça e ainda com os seguintes dados: Dados geométricos da laje: A=0,1427 m2; Wi= 0,007 m3; Ws= 0,0069 m3; Cabos de protensão: e (execentricidade dos cabos) = 0,069 m σpi (tensão após a aplicação da protensão) =138,7 kN/cm2; Ap= 2,71 cm2 (5 cordoalhas de 9,5 mm). Concreto: fcj (tensão na data da liberação da protensão) =30 MPa. 20 0 127,5 189 189 189 189 189 127,5 189 181 41 1200 20 15 8 77 8 308 34 22 ,5 Figura 3.10- Seção transversal de laje alveolar cotas em mm. Resolução A ação de protensão é dada por: Np= 2,71 x 138,7= 375,86 kN Mp = 375,86 x 0,069 =25,93 kN.m Considerando inicialmente a ação de protensão constante ao logo de toda a peça obtêm-se para as tensões na borda superior inferior os valores respectivos de =−= 0069,0 93,25 1427,0 86,375 sσ -1123 kN/m2 ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 74 =+= 007,0 93,25 1427,0 86,375 iσ 6338 kN/m2 Para o momento de peso próprio atuando tem o valor de M variando de 0 até M= 8 2lp Desta forma na seção do meio do vão M= (0,1427x25)x62/8=16,05 == 0069,0 05,16 sσ 2326 kN/m2 == 007,0 05,16 iσ -2292 kN/m2 Tensões totais: =sσ -1123 +2326 =1.203 kN/m2 >0 =iσ 6338-2292 = 4.045 kN/m2 < 0,3x30.000=21.000 Como se vê para a seção do meio do vão a condição de tensão 0< σ < 0,7 fcj está atendida, porem na seção de apoio se considerar apenas a tensão de protensão, pois o momento é nulo haveria tração no bordo supeior de –1123 kN/m2, porem é preciso levar em conta que a protensão só estará efetivamente funcionando a partir do comprimento de transferência e atuando na seção a partir do comprimento de transferencia todos calculados a seguir: =⋅=⋅= 4,1 3021,0 4,1 21,0 3 23 2cj ctd f f 1,448 MPa; 448,10,12,121 ⋅⋅=⋅⋅= ctdppbpd ff ηη = 1,737 MPa Considerando as expressões 3.32 e 3.33 • para a situação de liberação gradual da protensão comprimento de transferência =⋅ ⋅⋅=⋅ ⋅⋅⋅= 737,136 1387009,05,3 36 5,00,7 bpd pi bpt f σφl 0,69 m Usando agora a expressão (3.37) da distância de regularização ( ) bpt2bpt2bpd 0,6h lll ≥⋅+= ( ) =⋅+= 22bpd 69,00,620,0l 0,46m assim == bptbpd ll 0,69 m Assim os esforços de protensão na seção vão crescendo linearmente de zero até o valor total, no caso na seção a 69 cm do apoio que tem para valor do momento de peso próprio: M= 2 69,0 1 69,0)251427,0(69,0 2 6)251427,0( 222 ⋅⋅⋅−⋅⋅⋅=⋅− xpxxpl =6,54 == 0069,0 54,6 sσ 947 kN/m2 == 007,0 54,6 iσ -934 kN/m2 ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 75 Resultando finalmente nas tensões (considerando agora também a protensão) =sσ -1123 +947 =-176 kN/m2 <0 =iσ 6338-034 = 5.504 kN/m2 < 0,3x30.000=21.000 Assim a tensão da borda superior não atende o limite previsto no enunciado. Se for considerada a condição de de liberação de protensão não gradual que é mais usual na prática a situação muda como pode ser visto pelas contas dadas a seguir : • para a situação de liberação não gradual da protensão comprimento de transferência =⋅ ⋅⋅=⋅ ⋅⋅⋅= 737,136 1387009,0375,436 625,00,7 bpd pi bpt f σφl 0,873 m Usando agora a expressão (3.37) da distância de regularização ( ) bpt2bpt2bpd 0,6h lll ≥⋅+= ( ) =⋅+= 22bpd 87,00,620,0l 0,56m assim == bptbpd ll 0,87 m Assim os esforços de protensão na seção vão crescendo linearmente de zero até o valor total, no caso na seção a 87 cm do apoio que tem para valor do momento de peso próprio: M= 2 87,0 1 87,0)251427,0(87,0 2 6)251427,0( 222 ⋅⋅⋅−⋅⋅⋅=⋅− xpxxpl =7,96 == 0069,0 96,7 sσ 1153 kN/m2 == 007,0 96,7 iσ -1137 kN/m2 Resultando finalmente nas tensões (considerando agora também a protensão) =sσ -1123 +1153 =30 kN/m2 >0 =iσ 6338-1137= 5.200 kN/m2 < 0,3x30.000=21.000 Assim a tensão nda borda superior e inferior atendem aos limites previstos no enunciado. Exemplo numérico 3.3 Repetir a análise efetuado no exemplo anterior considerado agora a loja alveolar fabricada pela MUNTE apresentada em MELO (2007),ou seja, verificar se as tensões em uma seção transversal de laje alveolar como a da figura 3.10 de maneira que estejam contidas no intervalo de 0< σ < 0,7 fcj logo após a protensão, considerando que o elemento tenha 9 m de vão (simplesmente apoiada), que a força de protensão não varie ao longo da peça e ainda com os seguintes dados: Dados geométricos da laje: A=0,1427 m2; Wi= 0,007 m3; Ws= 0,0069 m3; Cabos de protensão: e (execentricidade dos cabos) = 0,069 m ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 76 σpi (tensão após a aplicação da protensão) =138,7 kN/cm2; Ap= 7 cm2 (7 cordoalhas de 12,5 mm). Concreto: fcj (tensão na data da liberação da protensão) =30 MPa. A ação de protensão é dada por: Np= 7 x 138,7= 970,9 kN Mp = 970,9x 0,069 =67 kN.m Considerando inicialmente a ação de protensão constante ao logo de toda a peça obtêm-se para as tensões na borda superior inferior os valores respectivos de =−= 0069,0 67 1427,0 9,970 sσ -2.906 kN/m2 =+= 007,0 67 1427,0 9,970 iσ 16.375 kN/m2 Para o momento de peso próprio atuando tem o valor de M variando de 0 até M= 8 2lp Desta forma M= (0,1427x25)x92/8=36,1 kN.m == 0069,0 1,36 sσ 5.231kN/m2 == 007,0 1,36 iσ -5.157 kN/m2 Seção do meio do vão: =sσ -2.906+5.231 =2.415kN/m2 >0 =iσ 16.375-5.157 = 11.218 kN/m2 < 0,3x30.000=21.000 Como se vê para a seção do meio do vão a condição de tensão 0< σ < 0,7 fcj está atendida. Como no problema anterior é preciso agora calcular o comprimento de transferência (trata-se da cordoalha de ½”) calculado a seguir: =ctdf 1,448 MPa; =bpdf = 1,737 MPa Considerando apenas a situação de liberação não gradual da protensão =⋅ ⋅⋅=⋅ ⋅⋅⋅= 737,136 13870125,0375,4 36 625,07 bpd pi bpt f σφl 1,21 m Assim os esforços de protensão na seção vão crescendo linearmente de zero ao valor total, na seção de transferência e nesta seção o valor do momento de peso próprio é dado por M= 2 21,1 1 21,1)251427,0(21,1 2 9)251427,0( 222 ⋅⋅⋅−⋅⋅⋅=⋅− xpxxpl =16,81 kN.m == 0069,0 81,16 sσ 2436 kN/m2 ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 77 == 007,0 81,16 iσ -2401 kN/m2 Resultando finalmente nas tensões (considerando agora também a protensão) =sσ -2.906 +2.436 =-470 kN/m2 <0 =iσ 16.375-2.401 = 13.974 kN/m2 < 0,3x30.000=21.000 Assim a tensão na borda superior não está atendida. Para que a tensão na borda superior não resulte em tração (no capítulo 6 mostra-se que esta é uma das condições impostas pela NBR6118:2003 na verificação simplificada de ruptura em vazio) é preciso atender a condição de um momento atuante M dado por: =sσ -2.906+M/(0,0069) >0 → M > 20,05 kN.m Que conduz para este tipo de laje a um vão M= 2 21,1 1 21,1)251427,0(21,1 2 )251427,0( 222 ⋅⋅⋅−⋅⋅⋅=⋅− ll xpxxp >20,05 l >10,50 m. l Desta forma para vãos inferiores a 10,50 m haverá sempre tração na borda superior da laje. Com os conceitos mostrados aqui a discussão do item 1.5 fica um pouco diferente com o efeito da protensão considerando o trecho de regularização (indicado na figura como L) como mostra agora a figura 3.10 a) peça 1 e 2F2F b) peça 2 F eF FF trecho s trecho s a1) diagrama de M a2) diagrama de M a3) diagrama de M p o p+o b1) diagrama de M p+o ob2) diagrama de M b3) diagrama de M p L L L L L L L LL Figura 3.10 – Efeito da protensão considerando o trecho de regularização L e o trecho s de uma cordoalha com aderência isolada. 3.6 Quadro resumo das características do aço de protensão e aço-concreto ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 78 Para facilitar o uso das expressões necessárias para caracterizar as propriedades do aço e aço e concreto, apresenta-se a tabela a seguir que reúne de forma resumida as principais fórmulas usadas neste capítulo referentes ao aço de protensão. QUADRO 3.2 RESUMO DAS PRINCIPAIS EXPRESSÕES USADAS PARA AVALIAÇÕES PROPRIEDADES DOS AÇOS DE PROTENSÃO E AÇO-CONCRETO. Significado Fórmula Número Tensão de escoamento de projeto do aço de protensão. f pyd = f pyk /1,15 (3.18) Tensão última de projeto do aço de protensão. f ptd =f ptk/1,15 (3.19) Módulo de elasticidade do aço para fios e cordoalhas de protensão. Ep=200.000 MPa (3.20) Módulo de elasticidade do aço para barras de protensão Ep=210.000 MPa (3.21) Tensão na armadura de protensão se p pyd p E f<ε → pppd E εσ ⋅= (3.22) Tensão na armadura de protensão p pyd p E f≥ε → ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛−⋅⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ −+= p pyd p pyk pydpd pydpd E f f ff f εσ 15,1/ (3.23) Tensão inicial máxima pré- tração → aços tipo RN ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ⋅ ⋅≤ pyk ptk pi f f 90,0 77,0σ (3.24) Tensão inicial máxima pré- tração →aços tipo RB ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ⋅ ⋅≤ pyk ptk pi f f 85,0 77,0σ (3.25) Tensão inicial máxima pós- tração → aços tipo RN ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ⋅ ⋅≤ pyk ptk pi f f 87,0 74,0σ (3.26) Tensão inicial máxima pós- tração →aços tipo RB ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ⋅ ⋅≤ pyk ptk pi f f 82,0 74,0σ (3.27) Tensão inicial máxima aços CP 85/10 em barra ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ⋅ ⋅≤ pyk ptk pi f f 88,0 72,0σ (3.28) Comprimento básico de ancoragem bpd pyd bp f4 f ⋅ ⋅= φl (3.29) para cordoalhas de 3 a 7 fios → bpd pyd bp f36 f7 ⋅ ⋅⋅= φl (3.30) Resistência de aderência do concreto 1pη - 1,0 para fios lisos, 1,2 para cordoalhas 1,4 para fios dentados, 2pη - 1 para situações de boa aderência e 0,7 para situações de má aderência. ctdppbpd ff ⋅⋅= 21 ηη ctdf = cimfctkf γ/, data-aplicação da protensão comprimento de transferência;-28 dias para o cálculo de comprimento de ancoragem. (3.31) ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAPÍTULO 3- CONCRETO, AÇO E SISTEMAS USADOS NO CONCRETO PROTENDIDO ROBERTO CHUST CARVALHO --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
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