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Apoio A Revista Saúde em Debate é associada à Associação Brasileira de Editores Científicos PUBLICAÇÃO QUADRIMES TRAL EDITADA PELO Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES) Diretoria Nacional Avenida Brasil, 4036 – sala 802 – Manguinhos 21040-361 – Rio de Janeiro – RJ – Brasil Tel.: (21) 3882-9140, 3882-9141 Fax.: (21) 2260-3782 E-mail: cebes@ensp.fiocruz.br Home page: http://www.ensp.fiocruz.br/parcerias/cebes/cebes.html DIREÇÃO NACIONAL (GESTÃO 2003-2006) Presidente Sarah Escorel (RJ) 1O Vice-Presidente José Gomes Temporão (RJ) 2O Vice-Presidente Rita Sório (DF) 3O Vice-Presidente Jacob Portela (RJ) 4O Vice-Presidente Maria Ceci Misoczky (RS) 1O Suplente Carmen Teixeira (BA) 2O Suplente Vago CONSELHO FISCAL Anamaria Testa Tambellini (RJ), Áquilas Nogueira Mendes (SP) & Nelson Rodrigues dos Santos (SP) CONSELHO CONSULTIVO Ary Carvalho de Miranda (RJ), Eduardo Jorge Alves Sobrinho (SP), Gastão Wagner de Souza Campos (SP), Gilson Cantarino O‘Dwyer (RJ), Gilson de Cássia M. de Carvalho (SP), Hésio de Albuquerque Cordeiro (RJ), Jairnilson da Silva Paim (BA), Jorge Antônio Zepeda Bermudez (RJ), José Carvalho de Noronha (RJ), José Ruben de Alcântara Bonfim (SP), José da Rocha Carvalheiro (SP) Roberto Passos Nogueira (DF), Sebastião Loureiro (BA), Sonia Maria Fleury Teixeira (RJ), Volnei Garrafa (DF) CONSELHO EDITORIAL Coordenador: Emerson Elias Merhy (SP) Ana Maria Malik (SP), Carlos Botazzo (SP), Célia Maria de Almeida (RJ), Francisco Antonio de Castro Lacaz (SP), José Augusto Cabral de Barros (PE), Lia Giraldo da Silva Augusto (PE), Lígia Bahia (RJ), Lígia Giovanella (RJ), Luis Cordoni Júnior (PR), Luiz Augusto Facchini (RS), Luís Carlos de Oliveira Cecílio (SP), Maria Cecília de Souza Minayo (RJ), Naomar de Almeida Filho (BA), Nilson do Rosário Costa (RJ), Paulo Duarte de Carvalho Amarante (RJ) SECRETARIA EXECUTIVA Marília Fernanda de Souza Correia EDITORA EXECUTIVA Lia Bahia INDEXAÇÃO Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) Os artigos sobre História da Saúde estão indexados pela Base HISA – Base Bibliográfica em História da Saúde Pública na América Latina e Caribe PUBLICATION EDITED EVERY FOUR MONTHS BY Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES) National Board of Directors Avenida Brasil, 4036 – sala 802 – Manguinhos 21040-361 – Rio de Janeiro – RJ – Brazil Tel: (21) 3882-9140, 3882-9141 Fax.: (21) 2260-3782 E-mail: cebes@ensp.fiocruz.br Home-page: http://www.ensp.fiocruz.br/parcerias/cebes/cebes.html NATIONAL BOARD OF DIRECTORS (YEARS 2003-2006) President Sarah Escorel (RJ) 1 st Vice-President José Gomes Temporão (RJ) 2 rd Vice-President Rita Sório (DF) 3 th Vice-President Jacob Portela (RJ) 4 th Vice-President Maria Ceci Misoczky (RS) 1 nd Substitute Carmen Teixeira (BA) 2 nd Substitute Empty FISCAL COUNCIL Anamaria Testa Tambellini (RJ), Áquilas Nogueira Mendes (SP) & Nelson Rodrigues dos Santos (SP) ADVISORY COUNCIL Ary Carvalho de Miranda (RJ), Eduardo Jorge Alves Sobrinho (SP), Gastão Wagner de Souza Campos (SP), Gilson Cantarino O‘Dwyer (RJ), Gilson de Cássia M. de Carvalho (SP), Hésio de Albuquerque Cordeiro (RJ), Jairnilson da Silva Paim (BA), Jorge Antônio Zepeda Bermudez (RJ), José Carvalho de Noronha (RJ), José Ruben de Alcântara Bonfim (SP), José da Rocha Carvalheiro (SP) Roberto Passos Nogueira (DF), Sebastião Loureiro (BA), Sonia Maria Fleury Teixeira (RJ), Volnei Garrafa (DF) PUBLISHING COUNCIL Coordinator: Emerson Elias Merhy (SP) Ana Maria Malik (SP), Carlos Botazzo (SP), Célia Maria de Almeida (RJ), Francisco Antonio de Castro Lacaz (SP), José Augusto Cabral de Barros (PE), Lia Giraldo da Silva Augusto (PE), Lígia Bahia (RJ), Lígia Giovanella (RJ), Luis Cordoni Júnior (PR), Luiz Augusto Facchini (RS), Luís Carlos de Oliveira Cecílio (SP), Maria Cecília de Souza Minayo (RJ), Naomar de Almeida Filho (BA), Nilson do Rosário Costa (RJ), Paulo Duarte de Carvalho Amarante (RJ) EXECUTIVE SECRETARIES Marília Fernanda de Souza Correia EXECUTIVE PUBLISHER Lia Bahia INDEXATION Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) The articles about Health History are indexed according to the HISA Base – Base Bibliográfica em História da Saúde Pública na América Latina e Caribe (Bibliographic Base on History in Latin America and the Caribbean) REVISÃO DE TEXTO Sonia Regina P. Cardoso – português, Nina Bandeira Seabra – inglês, Lia Bahia – revisão tipográfica CAPA, DIAGRAMAÇÃO E EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Adriana Carvalho & Carlos Fernando Reis da Costa IMPRESSÃO E ACABAMENTO Corbã Editora Artes Gráficas TIRAGEM 2.000 exemplares Esta revista foi impressa no Rio de Janeiro em maio de 2006. Capa em papel couche 180 gr Miolo em papel off set 75 gr PROOFREADING Sonia Regina P. Cardoso – portuguese, Nina Bandeira Seabra – english, Lia Bahia – proofreading COVER, LAYOUT AND DESK TOP PUBLISHING Adriana Carvalho & Carlos Fernando Reis da Costa PRINT AND FINISH Corbã Editora Artes Gráficas NUMBER OF COPIES 2,000 copies This publication was printed in Rio de Janeiro on may, 2006. Cover in couche paper 180 gr Core in off set paper 75 gr Saúde em Debate, Revista do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde, Centro Brasileiro de Estudos de Saúde, CEBES – v.1 (out./nov./dez. 1976) – São Paulo: Centro Brasileiro de Estudos de Saúde, CEBES, 2005. v. 29; n. 70; 27 cm Quadrimestral ISSN 0103-1104 1. Saúde Pública, Periódico. I. Centro Brasileiro de Estudos de Saúde, CEBES CDD 362.1 Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 29, n. 70, p. 107-108, maio/ago. 2005 105 Rio de Janeiro v. 29 n. 70 maio/ago. 2005 ÓRGÃO OFICIAL DO CEBES Centro Brasileiro de Estudos de Saúde ISSN 0103-1104 106 Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 29, n. 70, p. 107-108, maio/ago. 2005 SUMÁRIO / SUMMARY EDITORIAL / EDITORIAL 107 ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLES Políticas de Saúde do Governo Lula: Avaliação dos primeiros meses de gestão Health Politics in Lula Government: an Evaluation of the First Months of Administration Ana Carolina Oliveira Mendonça, Camila Pereira Fernandes Dias, Manuela Santana Araújo, Taiana Quéssia Neves de Alcântara, Luanne Lísle dos Santos Silva, Ludmila Fernandes Oliveira, Adriana Oliveira Rocha, Delano Santos Valois, José Roberto Oliveira Sousa, Lívia Maria Bonfim Mendes, Lucas Coutinho de Sá Oliveira, Maria da Costa Vargens, Lucília Nunes de Assis & Jairnilson Silva Paim 109 A alimentação saudável e a promoção da saúde no contexto da segurança alimentar e nutricional Healthy Food and Health Promotion in the Context of Food and Nutrition Safety Anelise Rizzolo de Oliveira Pinheiro 125 As propostas do Banco Mundial para as reformas do setor de saúde no Brasil nos Anos 90 Proposals of the World Bank for Health Sector Reforms in Brazil in the 90s Maria Lucia Frizon Rizzotto 140 Promoção da Saúde: A percepção dos secretários municipais de saúde Health Promotion: the Perception of Municipal Health Secretaries Silvano da Silva Coutinho, Maria José Bistafa Pereira & Anderson Vulczak 148 Estudo de revisão sobre a gestão de resíduos de serviços de saúde Study on the Management of Residues of Healthcare Services Roberto Naime, Ivone Sartor & Ana Cristina Garcia 157 O Programa de auxílio às famílias guardiãs de crianças e adolescentes vítimas da violência doméstica, na ótica destas famílias The Support Program for Substitute Families of Child and Adolescent Victims of Domestic Violence, From the Perspective of These Families Aline Paiva Bertolucci, Camilla Sociio Martins, Caroline Paula Ribeiro Silvestre & Maria das Graças C. Ferriani 169 O resgate da cidadania: o acompanhamento terapêutico e o aspecto da reabilitação psicossocial The Citizenship Rescue: the Therapeutic Attendance and the Psychosocial Rehabilitation Aspect Ana Celeste de AraújoPitiá 179 Informações sobre maus tratos na infância e adolescência entre enfermeiros(as) de um hospital público de Feira de Santana – Bahia Information on Children and Adolescent Victims of Abuse Gathered from Nurses of a Public Hospital Located in Feira de Santana City, Bahia State Emanuela Cardoso da Silva & Judith Sena da Silva Santana 186 Cuidados Domiciliários no SUS: uma resposta às necessidades sociais de saúde de pessoas com perdas funcionais e dependência Home-Based Care: a Response to the Health Needs of People with Disabilities and Dependency Maria de Fátima Faria Duayer & Maria Amélia de Campos Oliveira 198 Motivos e influências do uso de benzodiazepínícos em mulheres: estudo realizado em um CAPS no interior do Ceará Reasons and Influences of the Use of Benzodiazepines in Women: a Study Carried Out at a Psychosocial Attention Center in a City in Ceará State Maria da Glória Oliveira Carneiro, Maria Veraci Oliveira Queiroz & Maria Salete Bessa Jorge 210 DOCUMENTOS/DOCUMENTS Carta de Brasília – VIII Simpósio Nacional sobre Política de Saúde da Câmara dos Deputados, Brasília, 28 a 30 de junho de 2005 Brasília Letter – 8th Chamber of Deputies’ National Symposium on Health Politics, Brasília, from 28 to 30 of June 2005 221 Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 29, n. 70, p. 107-108, maio/ago. 2005 107 EDITORIAL O FUTURO DO CEBES Em setembro de 2006, o Centro Brasileiro de Estu-dos de Saúde (CEBES) completará 30 anos de exis- tência. Trinta anos de muitos feitos e muitas crises. Se- tenta números da revista Saúde em Debate, 35 números da revista Divulgação em Saúde para Debate, e diversos livros foram publicados nesse período. Dezesseis Dire- torias Nacionais com mandatos de duração variável de um a três anos estiveram no comando da entidade. Ao longo de sua existência, as dificuldades do CEBES foram, basicamente, de duas naturezas: ideológico (de projeto) e financeiro. Muitos episódios associaram os dois fatores. É o que está acontecendo hoje em dia: vi- vemos uma crise que eclodiu financeiramente, mas que se perpetua na indagação: qual o papel do CEBES na atu- al conjuntura da política de Saúde? Como manter a enti- dade funcionando diante de sua fragilidade financeira? Não é o passado o que está sob escrutínio. A atuação do CEBES nos seus quase 30 anos de existência já garantiu à entidade um lugar na história da Reforma Sanitária bra- sileira... isto é inquestionável. Mas, qual é o seu futuro? A manutenção das revistas parece importante, pois elas abrem espaço para autores oriundos dos serviços de saúde, assim como para acadêmicos fora do eixo Sul-Sudeste. A Saúde em Debate assegura o registro his- tórico dos principais documentos sobre a política naci- onal de saúde e a Divulgação em Saúde para Debate possibilita a difusão de experiências locais, estaduais ou mesmo nacionais. Pautadas por critérios de quali- dade científica e acadêmica, as revistas do CEBES são periódicos daqueles que atuam e militam no Sistema Único de Saúde (SUS). Nosso quadro de associados “potenciais” (ou seja, aqueles que pagaram suas anuidades por determinado período), engloba mais de dois mil nomes. Em 2004, cerca de 600 pagaram a anuidade. A manutenção das atividades políticas e editoriais da entidade envolve a dedicação voluntária da Diretoria Nacional e o trabalho profissional da secretaria e editoria executivas. Se o pensamento da maioria dos associados for as- segurar a manutenção do CEBES – tal como está funcio- nando – e aprimorar suas atividades editoriais, então é hora de começar a pensar na nova Diretoria Nacional, que deverá ser eleita em agosto de 2006, durante a rea- lização do 8o Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva e 11o Congresso Mundial de Saúde Pública, no Rio de Ja- neiro. A Diretoria Nacional está, hoje, constituída por cinco membros titulares e dois suplentes, o Conselho Fiscal (com três integrantes), o Conselho Consultivo (com 15 membros) e o Conselho Editorial (com 12 membros). Todos são eleitos na mesma ocasião. Outra possibilidade a ser examinada antes e du- rante a Assembléia do CEBES pode incluir a dissolução da entidade – o que significaria, segundo seu Estatu- to, a realização de uma Assembléia Geral Extraordi- nária, convocada especificamente para este fim, quan- do a decisão deverá ser tomada por maioria absoluta dos sócios presentes. Entre a manutenção tal como está (com a perspecti- va de aprimoramento) e a dissolução da entidade po- dem existir alternativas, como a fusão total ou parcial à ABRASCO, algo a ser, necessariamente, discutido, não só internamente ao CEBES mas também com os próprios associados e a Diretoria da ABRASCO. O significado de fusão total ou parcial mereceria ser mais detalhado. Qual é o futuro do CEBES? Aqui estão listadas algu- mas alternativas. Outras poderão surgir do debate. É importante a manifestação de todos os associados na tentativa de responder coletivamente a esta pergunta. A Diretoria Nacional 108 Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 29, n. 70, p. 107-108, maio/ago. 2005 EDITORIAL THE FUTURE OF CEBES In september 2006, the Brazilian Center of HealthStudies (CEBES) will complete 30 years of existence. Thirty years of many achievements and many crises. Seventy issues of the Saúde em Debate (Health in Discussion) journal, 35 issues of the Divulgação em Saúde para Debate (Health Disclosure for Discussion) journal and several books were published in this period. Sixteen National Directorships, with mandates varying from one to three years, commanded the institution. All along its existance, CEBES’ difficulties had basically two natures: ideological (associated to projects) and financial. Several episodes combined both elements. That’s what happens nowadays: we are going through a crisis which emerged financially, but that continues with the questions: What is CEBES’ role in the present Health politics scenario? How to maintain the entity’s operations in face of its financial frailty? The past is not under scrutiny. CEBES’ performance in almost 30 years of existence already gave the entity a place in the history of the Brazilian Sanitary Reform... that’s for sure. But what about its future? Maintaining the journals seems important, because they open space for authors from inside the healthcare services, as well as academicians outside the South-Southeast regions axis. Saúde em Debate assures the historical registry of the main documents on the national health politics, and Divulgação em Saúde para Debate allows the diffusion of local, statal or even national experiences. Guided by scientific and academical quality patterns, CEBES’ journals are active and militant in the Brazilian Unified Health System (SUS). Our board of “potential” associates includes more than two thousand names. In 2004, approximately 600 paid their annuities. Maintaining the entity’s political and editorial activities involves the voluntary dedication of the National Directorship and the professional work of the executive secretariat and editorship. If most of the associates intend to secure CEBES’ continuity – the same way it’s currently operating – and to improve its editorial activities, so it’s time to start to consider a new National Directorship, which should be elected in August 2006, during the 8th Brazilian Congress on Collective Health and the 11th World Congress on Public Health, in Rio de Janeiro. Today, the National Directorship is comprised of five titular members and two substitute members, the Audit Board (with three members), the Consultant Board (with 15 members) and the Editorial Board (with 12 members). All of them are elected in the same occasion. Another possibility to be consideredbefore and during CEBES’ Assembly is to include the dissolution of the entity – which would mean, according to its Bylaws, the convening of an Extraordinary General Assembly specifically for this purpose, when this decision should be taken by the absolute majority of the current associates. Between the maintaining of the entity as it is (with a perspective of improvement) and its dissolution, there may be alternatives, such as the total or partial fusion to ABRASCO – an issue to be necessarily discussed, not only internally to CEBES, but also with ABRASCO’s associates and Board of Directors. The meaning of a total or partial fusion should be explained in more detail. What is the future of CEBES? Here are exposed some of the alternatives. Others may arise from the discussion. It is vital that all the associates manifest themselves, in an attempt to give a collective answer to this question. The National Directorship Políticas de Saúde do Governo Lula: Avaliaçãodos primeiros meses de gestão Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 29, n. 70, p. 109-124, maio/ago. 2005 109 ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLES Políticas de Saúde do Governo Lula: Avaliaçãodos primeiros meses de gestão1 Health Politics in Lula Government: an Evaluation of the First Months of Administration Ana Carolina Oliveira Mendonça2 Camila Pereira Fernandes Dias2 Manuela Santana Araújo2 Taiana Quéssia Neves de Alcântara2 Luanne Lísle dos Santos Silva2 Ludmila Fernandes Oliveira2 Adriana Oliveira Rocha2 Delano Santos Valois2 José Roberto Oliveira Sousa2 Lívia Maria Bonfim Mendes2 Lucas Coutinho de Sá Oliveira2 Maria da Costa Vargens2 Lucília Nunes de Assis3 Jairnilson Silva Paim4 Recebido: 17/12/03 Modificado: 07/12/05 Aprovado: 11/12/05 1 Trabalho realizado por alunos da disciplina Política de Saúde (ISC-003) do ISC-UFBA, sob a orientação dos professores Jairnilson Silva Paim e Lucília Nunes de Assis. 2 Alunos da Faculdade de Medicina da UFBA, matriculados na Disciplina ISC-003. 3 Professora-substituta da Disciplina ISC-003, Política de Saúde. 4 Professor Titular do ISC-UFBA, Pesquisador 1-A do CNPq. Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC-UFBA). Rua Basílio da Gama, s/n – Canela – Salvador – Bahia CEP : 40110-170. e-mail: jairnil@ufba.br RESUMO Com o objetivo de avaliar as políticas de saúde nos primeiros 18 meses do Governo Lula, o presente estudo analisou o conteúdo de notícias obtidas em jornais e revistas, publicações e sites eletrônicos oficiais, bem como de entrevistas semi-abertas com dirigentes de instituições públicas da saúde e pesquisadores da área de saúde coletiva. Foram destacadas iniciativas em relação à saúde da família, à reforma psiquiátrica e aos programas especiais. Os autores ressaltam a coerência entre os fatos produzidos no período de estudo e o programa de governo do então candidato, apesar dos constrangimentos determinados pelas políticas econômicas e pela ambigüidade diante de certas questões como o tabagismo e os transgênicos. PALAVRAS-CHAVE: Política de Saúde; Avaliação; Análise de Conjuntura. ABSTRACT In order to evaluate the health politics in the first 18 months of Lula government, the present study analyzed the content of news articles published in newspapers and magazines, official publications and websites, as well as the content of semi-open interviews with public healthcare institutions’ directors and collective health researchers. This study highlights initiatives related to family health, psychiatric reform and special programs. The authors emphasize the coherence found between the health policies developed in the studied period and the candidate’s program, despite the constraints from the economic adjustment policy, and the ambiguity in some relevant health questions as tabagism and transgenic foods. KEYWORDS: Health Politics; Evaluation; Brazil Politics Analysis MENDONÇA, Ana Carolina Oliveira et al 110 Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 29, n. 70, p. 109-124, maio/ago. 2005 INTRODUÇÃO O exercício do poder e as ques- tões referentes ao estabelecimento de diretrizes, planos e programas de saúde para determinada população constituem Políticas de Saúde. Nes- se sentido, uma política pública pas- sa por um ciclo que inclui a proble- matização, a construção da agenda, a formulação, a formalização, a im- plementação, o monitoramento e a avaliação (PAIM, 2003). Avaliação de políticas de saúde “é a aplicação sistemática de proce- dimentos de investigação social para estimar a concepção e o desenho, a implementação e a utilidade da exe- cução dos programas de tipo social, que em nosso caso é fundamental- mente saúde” (OXMAN, 1988, p.55). Esta definição permite superar cer- tas visões do senso comum que não admitem a possibilidade de avaliar um governo no seu início, reduzin- do a avaliação apenas a uma aferi- ção de produtos, resultados e impac- to. Se isto pode ser verdadeiro para um medicamento ou uma vacina, não o é para um processo social que produz uma política pública. Neste caso, a avaliação pode contemplar a concepção e o desenho (formulação), o processo (implementação) e, tam- bém, os efeitos (produtos, resultados e impacto), configurando três tipos de avaliação: a) avaliação relacio- nada a conceptualização e ao dese- nho; b) monitoramento da implemen- tação; c) estimação e avaliação dos resultados e utilidade (OXMAN, 1988, p.57; BUSTAMENTE & PORTALES, 1988). O Brasil é um país federativo ca- racterizado pela existência de múlti- plos centros de poder, por um siste- ma complexo de dependência políti- ca e financeira entre as esferas go- vernamentais e não governamentais, zação popular, despertando esperan- ças e prometendo mudanças para o Brasil. Nesse contexto, um estudo com o propósito de avaliar a política de saúde do governo torna-se opor- tuno no sentido de contribuir para a análise dos fatos produzidos na con- juntura e de identificar tendências. O presente estudo toma como objeto a política de saúde do Gover- no Federal, partindo das seguintes perguntas: quais os fatos políticos em saúde produzidos a partir das eleições presidenciais de 2002, quais as visões de atores sobre o proces- so político e que relações poderiam ser identificadas entre tais fatos e o programa de governo? Assim, o ob- jetivo do estudo é avaliar a formu- lação e a implementação das políti- cas de saúde do governo Lula no período compreendido entre janeiro de 2003 a junho de 2004. METODOLOGIA Trata-se de um estudo de avali- ação de políticas de saúde no setor público (BUSTAMENTE & PORTALES , 1988, p.79), utilizando-se como fon- tes de dados a mídia impressa (jor- nais1 e revistas2), publicações do Ministério da Saúde (MS),3 além da consulta a endereços eletrônicos4 e por grandes disparidades inter-regi- onais e por distintos caminhos para a realização de políticas públicas (SOUZA, 2002). Em 15 de novembro de 2002, o ex-operário Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito presidente da República por meio de forte mobili- 1 A Tarde, O Globo, Folha de S. Paulo, Jornal do Conselho Federal de Medicina e Jornal do Conselho Regional de Medicina da Bahia. 2 Veja e IstoÉ. 3 Informe Saúde, Saúde Brasil . 4 http://www.opas.org.br; http://www.saude.gov.br; http://www.datasus.gov.br; http://www.lula.org.br/assets/caderno_saude.pdf; http://www.pt.org.br; http://www.funasa.gov.br; http://conselho.saude.gov.br; http://abrasco.org.br ; http://www.in.gov.br; www.oglobo.globo.com\colunas; www.fiocruz.br/ ccs/revista/n2_jun03/sergio_arouca.htm; www.atarde.com.br ; www.ensp.fiocruz.br/public/radis. O BRASIL É UM PAÍS FEDERATIVO CARACTERIZADO PELA EXISTÊNCIA DEMÚLTIPLOS CENTROS DE PODER, POR UM SISTEMA COMPLEXO DE DEPENDÊNCIA POLÍTICA E FINANCEIRA ENTRE AS ESFERAS GOVERNAMENTAIS E NÃO GOVERNAMENTAIS Políticas de Saúde do Governo Lula: Avaliaçãodos primeiros meses de gestão Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 29, n. 70, p. 109-124, maio/ago. 2005 111 sites de busca.5 Foram, ainda, rea- lizadas entrevistas gravadas ou via e-mail com distintos atores, a par- tir de um roteiro previamente ela- borado (Anexos 1 e 2). Assim, este fragmento de conjun- tura foi investigado a partir da aná- lise do processo político, conside- rando a “comunidade de atores” (VI- ANA, 1997, p.212-213) e os fatos pro- duzidos cujas informações alcança- ram a esfera pública. Procedeu-se a uma análise qualitativa de conteú- do (MINAYO, 1994) do material obti- do nos meios de comunicação e pu- blicações do MS, bem como das en- trevistas, utilizando unidades temá- ticas e matrizes para o processamen- to. Estas continham os seguintes tópicos: fato, data de publicação, fonte, autor, evidência, ator político, conteúdo e comentários do pesqui- sador. No caso dos dados obtidos nas entrevistas, utilizou-se uma matriz na qual as colunas continham os en- trevistados em ordem numérica; e as linhas apresentavam as perguntas e respectivas respostas, com comentá- rios dos pesquisadores acerca do dis- curso dos entrevistados. Para a aná- lise, foram utilizadas as seguintes unidades temáticas: Atenção Básica, Atendimento Hospitalar e de Alta Complexidade, Programas Especi- ais, Vigilância Epidemiológica, Vi- gilância Sanitária, Assistência Far- macêutica, Assistência Médica Su- plementar e Controle Socia l. FATOS PRODUZIDOS PELAS POLÍTICAS DE SAÚDE Atenção Básica O Ministério da Saúde (MS) de- cidiu ampliar o Programa Saúde da Família (PSF) 6 para assegurar qualidade de vida à população de baixa renda,7 criando o Projeto de Expansão e Consolidação do Saú- de da Família (Proesf). Este proje- to tem como objetivo contribuir para a implantação e consolidação do referido programa em municí- pios de grande porte, nos quais a maior disponibilidade de oferta de serviços de saúde, particularmen- te os de média e alta complexida- des, não se reflete na qualidade e na capacidade de respostas dos serviços (Quadro 1).8 Reconhece a necessidade de criação de equipes de retaguarda para atuarem como colaboradores dos médicos gene- ralistas; implantação de equipes de saúde bucal em cada unidade do PSF;9 investimento em capaci- tação de recursos humanos e pes- quisas para solução de problemas; QUADRO 1 – Atenção Básica de Saúde: Programa do Candidato Lula e fatos produzidos de janeiro de 2003 a junho de 2004 5 CADÊ, YAHOO, GOOGLE, etc. 6 Revista do Conselho Federal de Medicina (CFM), jan/2003; Revista do Conselho Regional de Medicina, (jun/2003); Informe Saúde /MS (jan/2003); Saúde Brasil (abr/2003). 7 Meta de 21 mil equipes até o final do ano de 2003. A Tarde (abr/2003). 8 Entrevistado 5. 9 Informe Saúde, Ano VII, n.217 (jun/2003). Saúde Brasil, n.87 (jun/2003). 10 A Tarde (jan/2003). 11 A Tarde (abr/2003). Proposições do programa de governo Lula Fatos produzidos na conjuntura Aumentar o financiamento da rede básicaProposições do programa de governo Lula Aumento do financiament o do custeio, via PABA, e contrato com o Banco Mundial para investimentos (PROESF) Dobrar o número de equipes de PSF Ampliação do número de equipes de Saúde da Família. Seleção de médicos para o PITS e construção de um pacto entre os administradores das três esferas de governo a fim de que seja estabe- lecida uma divisão de incentivos para o funcionamento do PSF em cada município;10 aumento do or- çamento para reformar, ampliar e equipar as unidades básicas de saú- de nos 231 municípios com mais de 100 mil habitantes.11 MENDONÇA, Ana Carolina Oliveira et al 112 Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 29, n. 70, p. 109-124, maio/ago. 2005 Além destes recursos, o governo elevou o Piso de Atenção Básica Ampliada (PABA) repassado aos mu- nicípios, utilizando como parâme- tro projeções anuais do IBGE.12 Com relação aos recursos humanos, des- tacam-se a criação de pólos de ca- pacitação e educação permanente para profissionais de saúde e a rea- lização do processo seletivo do Pro- grama de Interiorização do Traba- lho em Saúde (PITS).13 Atenção hospitalar e de alta complexidade O Quadro 2 apresenta algumas manifestações da crise no atendi- mento de alta complexidade e cer- tas medidas adotadas pelo governo. Assim, foi reconhecida a necessida- de de rever o valor pago pelos pro- cedimentos prestados, discutindo-se a veracidade dos balanços contábeis negativos da rede conveniada ao SUS, bem como a falta de transpa- rência nas prestações de contas da mesma.14 A exposição do déficit de- sencadeou propostas de correção pelo governo, sendo também cobra- do pelo Ministro da Saúde o ressar- cimento aos hospitais públicos que atendem clientes dos planos priva- dos, além da responsabilidade soci- al de hospitais particulares que es- tariam se negando a receber pacien- tes do SUS em UTIs.15 Além do aumento em investimen- to nos serviços de urgência, da cria- ção do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e da proposta de aumento no número de leitos de UTI credenciados pelo SUS, houve uma reformulação na forma de pagamen- to e reajuste de repasses, segundo o qual os hospitais universitários seri- am remunerados por meio de contra- tos globais e não mais por produção, objetivando que cada unidade pudes- se planejar melhor seus gastos:16 “Desde fevereiro [de 2003] foi montado um grupo de trabalho in- terinstitucional que vem atuando Proposições do programa de governo Lula Fatos produzidos na conjuntura Fortalecimento dos vínculos dos hospitais universitários com o SUS e recomposição dos quadros de servidores desses hospitais Modernização da gestão e promoção de maior inserção dos hospitais universitários no SUS Concurso público para ampliação do quadro de profissionais Estruturação do serviço de emergência Estímulo e apoio à criação de Centrais de Regulação Regionais das urgências Revisão do valor dos tetos pagos pelo SUS Liberação de verba para emergência e previsão de maior financiamento Lançamento do Programa Nacional de Atenção Integral às Urgências, com a criação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) Incorporação de novas tecnologias ao SUS Otimização do Sistema Nacional de Transplantes Nova forma de financiamento dos Hospitais Universitários Remuneração por contratos globais na questão dos hospitais univer- sitários buscando construir respos- tas para os diversos âmbitos exis- tentes – já foram criadas 7.700 no- vas vagas pelo Ministério da Edu- cação e ampliado em 100 milhões de reais os recursos a serem repas- sados para os Hospitais Universi- tários neste ano. Está em fase de negociação com os Estados e Mu- nicípios um projeto de reorganiza- ção do Sistema de Urgência e Emer- gência, com componentes de im- plantação da Assistência Pré-hos- pitalar, fortalecimento dos serviços hospitalares e extra-hospitalares, capacitação de recursos humanos, organização de centrais de regula- ção e ampliação dos leitos de UTI (este último já iniciado e com meta de credenciar 2.300 novos leitos).” (Entr.6) 12 Informe Saúde (abr/2003); Saúde Brasil (abr/2003). http://dtr2002.saude.gov.br/proesf/mostra/mostra.htm Acesso em 01/04/2004. 13 Informe Saúde/MS (abr/2003). www.saude.gov.br. Acesso em abril 2004. 14 Folha de S. Paulo (15/02/2003). 15 Folha de S. Paulo (15/06/2003 e 01/05/2003). 16 Saúde Brasil (abr/2003 e 06/2003); Folha de S. Paulo (19/06/2003). QUADRO 2 – Atenção hospitalare de alta complexidade: Programa do Candidato Lula e fatos produzidos de janeiro de 2003 a junho de 2004 Políticas de Saúde do Governo Lula: Avaliaçãodos primeiros meses de gestão Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 29, n. 70, p. 109-124, maio/ago. 2005 113 Ainda em relação aos atendi- mentos hospitalares e de alta com- plexidade, houve um reajuste nos procedimentos realizados para re- nais crônicos e implementou-se uma medida para monitoramento e controle das infecções hospitala- res em nível nacional, através da disponibilização gratuita do Siste- ma Nacional de Informação em Ser- viços de Saúde (SINAIS) pela Agên- cia Nacional de Vigilância Sanitá- ria (ANVISA) à rede hospitalar.17 Programas especiais Destacam-se, em relação aos programas especiais, medidas de combate ao tabagismo, saúde men- tal, saúde bucal e ações voltadas para mulheres, crianças e adolescen- tes, idosos, índios e trabalhadores (ver Quadro 3). No caso do tabagismo, houve restrição à venda da mercadoria em padarias e supermercados,18além de propostas de aumento sobre a tri- butação à indústria do tabaco,19 com conseqüente elevação do preço do cigarro.20 Resoluções foram lança- das a fim de se modificar a apresen- tação dos maços, de modo a serem informados os males causados pelo tabaco e a proibição de sua venda aos menores de 18 anos,21 público este atingido por uma campanha pela tevê.22 Propostas adicionais fo- ram lançadas, tais como a criação de programas de combate ao taba- gismo23 e de uma Frente Parlamen- tar Antitabagista, composta por de- putados, que contará com levanta- mentos epidemiológicos sobre os males causados pelo tabaco.24 Apesar dessas ações de controle do tabagismo,25 um fato que merece destaque pelo seu caráter contradi- tório foi a edição da Medida Provi- sória n.118, permitindo a realização de eventos esportivos patrocinados por marcas de cigarro até 2005. Este fato relaciona-se com a liberação da propaganda de cigarros durante a realização do GP de Fórmula 1, em Interlagos (SP), ocorrida em abril de 2003.26 Segundo um dos entrevista- dos, “A MP do cigarro, (...) foi um retrocesso a uma medida de promo- ção à saúde”(Entr.2). Mesmo assim, o governo preten- de lançar um projeto de lei que res- tringe a propaganda, comercializa- ção e consumo de bebidas alcoóli- cas.27 Para controlar o consumo de drogas, o MS pretende expandir o número de Centros de Apoio Psicos- social (CAPs) destinados aos usuári- os de drogas psicoativas28 e aos por- tadores de transtornos mentais, atra- vés de tratamento ambulatorial. Ainda em relação à saúde men- tal, o governo lançou um projeto de lei destinado a criar um auxílio para reabilitação fora do ambiente hos- pitalar,29 cujo programa foi denomi- nado “De volta para casa”: “Foram ampliadas as metas de ex- pansão de novos Centros de Atenção Psicossocial, aumentando o volume de recursos para assistênciaà saúde men- tal em serviços extra-hospitalares e en- 17 Saúde Brasil (05/2003). Ações do MS-2003. www.ensp.fiocruz.br/publi/radis e www.saude.gov.br . Acesso em 27/02/2004. 18 A Tarde (abr/2003). 19 A Tarde (09/04/2003). 20 Istoé (29/05/2003). 21 www.ensp.fiocruz.br/publi/radis (03/2003). 22 Saúde Brasil (jun/2003); Portal da Saúde (jun/2003). 23 Saúde Brasil (jun/2003); Portal da Saúde (jun/2003). 24 CFM (jul/2003). 25 www.inca.gov.br (abr/2003); Veja (jun/2003). 26 Correio Braziliense (maio/2003); Informe Saúde (jun/2003). 27 Folha de S. Paulo (maio/2003); www.ensp.fiocruz.br/publi/radis . Acesso em maio 2003. 28 www.ensp.fiocruz.br/publi/radis, Acesso em maio 2003; Entr.2 e 6. 29 Saúde Brasil (jun/2003). A Tarde 09/06/2004. MENDONÇA, Ana Carolina Oliveira et al 114 Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 29, n. 70, p. 109-124, maio/ago. 2005 caminhando ao Congresso projeto cri- ando uma bolsa no valor de um salário mínimo mensal paraos pacientes inter- nados há mais de dois anos que saírem dos hospitais epassarem a ser acompa- nhados ambulatorialmente.” (Entr.6)30 Aprovou o Programa Anual de Reestruturação da Assistência Psi- quiátrica Hospitalar no SUS – 2004,31 cujos objetivos são “reduzir leitos e aumentar a diária em hospitais de pequeno porte”, além de ampliar a rede extra-hospitalar, estimando que 15 mil pacientes possam voltar à sociedade.32 Até o fim de 2004, o MS espera expandir para 650 o número de Caps implantados no país: “A ampliação da rede será funda- mental para continuar crescendo o número de atendimentos realizados nos centros. Em 2002, foram 389,8 mil. No ano passado, ultrapassou a marca de 3,69 milhões de atendimen- tos, quase dez vezes mais em relação ao ano anterior.”33 O governo sancionou o Estatuto do Idoso e apresentou a proposta de trabalhar em conjunto com o Minis- tério da Assistência Social na cria- ção do Programa Nacional de Cui- dadores dos Idosos, a fim de supri- mir o processo asilar, atuar na pro- moção e recuperação da sua saúde, bem como na implantação de far- mácias populares.34 Foi implantado o Disque Saúde da Mulher, que coloca à disposição informações referentes à violência sexual, ao planejamento familiar, à prevenção de câncer de colo de úte- ro, de mama35 e de Doenças Sexual- mente Transmissíveis (DST).36Além disso, a meta do governo é reduzir em 25% a taxa de mortalidade ma- terna nas capitais nos próximos qua- tro anos. Para atingir esse objetivo, foram assinadas duas portarias que tratam, respectivamente, da obriga- toriedade da notificação de óbitos de mulheres em idade fértil e da Comis- são Nacional de Mortalidade Mater- na. Foi ainda criado um grupo de trabalho para análise e elaboração de propostas para melhoria da qua- lidade da atenção obstétrica e neo- natal.37 Este conjunto de ações con- vergiu para a apresentação da Polí- tica Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (2004-2007).38 30 Folha de S. Paulo (maio/2003). 31 PTGM, 06/01/2004. 32 www.saude.gov.br, Brasília 02/02/2004. Radis 19, mar/2004, p.14. RADIS, n.5 abr/2004. http://portalweb01.saude.gov.br/saude. Acesso em 23/06/2004. 33 http://portalweb01.saude.gov.br/saude .Acesso em 29/06/2004. 34 Folha de S. Paulo (maio/2003); CFM (jan/2003). Radis (fev/2004), p.6. http://www.quadranews.com.br/index.php?materia=7423. 35 www.saude.gov.br , Brasília, acesso em 02/02/2004. Radis, n.6 (maio/2004). 36 www.ensp.fiocruz.br/publi/radis . Acesso em maio 2003. 37 PTGM (jan/2004) e http://portal.saude.gov.br/saude/ Acesso em 08/03/2004. A Tarde (25/06/2004. p.3). 38 www.saude.gov.br , Brasília, acesso em 27/05/2004 QUADRO 3 – Programas especiais: Programa do Candidato Lula e fatos produzidos de janeiro de 2003 a junho de 2004 Proposições do governo Lula Fatos produzidos na conjuntura Política de saúde de crianças e adolescentes Programa Saúde e Prevenção nas Escolas Ampliação e aperfeiçoamento do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN Centros de Atenção Psicossocial (Caps) voltados para crianças e adolescentes (Capsi) Atenção Integral à Saúde da Mulher/Redução dos coeficientes de mortalidade materna Lançamento da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher para o período de 2004 a 2007 Assinatura de portarias tratando da obrigatoriedade da notificação de óbitos de mulheres em idade fértil e da Comissão Nacional de Mortalidade Materna Pacto Nacional pela Redução dos índices de Morte Materna e Neonatal Criação do Consenso para o Controle do Câncer de Mama Políticas de Saúde do Governo Lula: Avaliaçãodos primeiros meses de gestão Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 29, n. 70, p. 109-124, maio/ago. 2005 115 Com relação à saúde da criança e do adolescente, o MS buscou articu-lar o Programa Saúde e Prevenção nas Escolas ao Programa Nacional de DST/AIDS, além da educação sexual nas escolas, como forma de prevenir as DSTs e gravidez na adolescência.39 Para a nutrição, tem buscado a ampliação e aperfeiçoamento do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), através das se- guintes medidas: instalação de sí- tios sentinelas que possam teste- munhar o comportamento epidemi- ológico dos problemas e sua vin- culação com marcadores de risco; monitoramento nutricional de cada usuário; mapeamento das endemi- as carenciais (anemia, hipovitami- nose A e deficiência de iodo); aten- ção às práticas de aleitamento ma- terno e avaliação periódica do esta- do nutricional dos alunos da escola pública; monitoramento da produ- ção de alimentos e análise crítica da evolução qualitativa e quantitativa da oferta e do consumo; implemen- tação da Política Nacional de Ali- mentação e Nutrição com distribui- ção de suplementos medicamento- sos de sulfato ferroso para crianças de 06 a 18 meses, gestantes e mu- lheres que estão amamentando; ins- tituição de maior controle através da ANVISA, a partir de julho de 2004, no que diz respeito à fortificação da farinha de trigo e de milho.40 QUADRO 3 – Programas especiais: Programa do Candidato Lula e fatos produzidos de janeiro de 2003 a junho de 2004 (continuação) Proposições do governo Lula Fatos produzidos na conjuntura Saúde do Trabalhador Proposta de efetivar a implementação da RENAST e da Política Nacional de Saúde do Trabalhador Saúde do idoso: atendimento integral nos serviços públicos e criação de centros de convivência Aprovação do Estatuto do Idoso Proposta de trabalho conjunto com o Ministério da Assistência Social Programa de reintegração dos idosos à sociedade Programa Nacional de Cuidadores de Idosos Capacitação de RH Criação de Pólos de Capacitação e Educação Permanente para profissionais de saúde frente às necessidades do SUS Extensão do PROMED da graduação de medicina para as demais categorias profissionais da área de saúde Direito a acompanhante em tempo integral em internamento Proposta de Código de Direitos dos Usuários do SUS Povos indígenas e população negra Inquérito das condições de saúde bucal Combate à desnutrição pelo Programa Bolsa-Alimentação Ações de controle da tuberculose Criação da portaria nº 70 em janeiro de 2004 Implantação de novas diretrizes para o modelo de atenção à saúde dos povos indígenas Saúde mental/Ampliação dos CAP’s Projeto-de-lei criando o programa De Volta para Casa. Expansão no número de CAP’s no país Programa Anual de Reestruturação da Assistência Psiquiátrica Hospitalar no SUS – 2004 Programas preventivos contra dependência e uso de drogas Restrição da propaganda de cerveja Descriminalização dos usuários de drogas Portadores de deficiência Sem identificação de notícias Controle do tabagismo Campanhas Educativas MP 118 Integração da atenção odontológica no PSF, aumento da assistência e de serviços especializados na área Aumento em 20% do financiamento para saúde bucal até o fim de 2003 assegurado via PABA Realização de estudos e pesquisa em saúde bucal Continuidade do Levantamento Epidemiológico em saúdebucal no país 39 http://portalweb01.saude.gov.br/saude/aplicacoes/noticias/noticias_detalhe.cfm?co_seq_noticia=8974. Acesso em 26/03/2004. 40 http://portal.saude.gov.br/saude. Acesso em 04/03/2004. MENDONÇA, Ana Carolina Oliveira et al 116 Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 29, n. 70, p. 109-124, maio/ago. 2005 Quanto à saúde do trabalhador, o MS tem como proposta efetivar a implementação da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Traba- lhador (RENAST), com implantação de novas unidades de saúde do tra- balhador, cadastramento de unida- des subordinadas às secretarias es- taduais de saúde, gestão dos muni- cípios e criação de centros colabo- radores, ligados a universidades, laboratórios e instituições de ensi- no e pesquisa.41 Em relação à política de saúde para as nações indígenas, algumas propostas têm sido apresentadas: ampliação da cobertura vacinal nas comunidades indígenas; construção de 54 centros diagnósticos de tu- berculose em áreas indígenas; for- mação de parcerias entre o Depar- tamento de Saúde do Indígena e Or- ganizações da Sociedade Civil de Interesse Público, em vez de convê- nios.42 (ver Quadro 3). Vigilância epidemiológica Grandes endemias que compõem o quadro epidemiológico do país têm sido tratadas com atenção pelo novo governo43 (ver Quadro 4). Novas ações vêm sendo desenvolvidas pelo MS para dar continuidade às políti- cas referentes à AIDS.44 Dentre elas, está a descentralização dos recur- sos para prevenção da AIDS e outras DSTs, em que as verbas seriam re- passadas diretamente do Fundo Na- cional da Saúde para os fundos es- taduais e municipais, contando com o controle social dos Conselhos de Saúde. Além disso, organizações não governamentais receberão parte da verba para melhorar a relação ços de saúde no SUS, com a execu- ção em etapas, na Hemorrede Naci- onal, de ações referentes aos testes de amplificação e de detecção de ácidos nucléicos para HIV e HCV nas amostras de sangue de doadores.46 Dois grandes grupos populacio- nais têm merecido atenção especi- al do Governo: as gestantes e os adolescentes. Assim, foi liberado um financiamento maior para o combate à transmissão vertical e à prevenção de modo geral. Para con- ter o crescimento da doença entre adolescentes, o Ministério da Saú- de lançou uma ofensiva objetivan- do o uso de preservativo nesta fai- xa etária. Ídolos da juventude par- ticiparam de campanhas, principal- mente na tevê, tentando passar uma posição mais afirmativa junto aos seus parceiros e salientando a im- portância na prevenção.47 O gover- no objetiva duplicar o uso de pre- servativos no país, aumentar o nú- mero de testes diagnósticos para o HIV, e garantir o tratamento de to- das as gestantes soropositivo.48 Em relação à tuberculose, o Mi- nistério da Saúde pretende utilizar o DOTS (Diretly Observed Treatment, 41 http://portal.saude.gov.br/saude. Acesso em 05/03/2004. 42 Balanço das Ações do MS-2003. www.saude.gov.br , Brasília, acesso em 18/02/2004. 43 Radis (abr/2003); A Tarde (20/05/2003); CFM (jan/2003). www.saude.gov.br . Acesso em 01/07/2004. 44 Radis (abr/2003). 45 A Tarde (29/01/2003 e 31/01/2003). 46 www.saude.gov.br (PT GM n.112, jan/2004). 47 A Tarde (08/01/2003 e 14/02/2003); Radis (mar/2003); Folha de S. Paulo (05/07/2003); www.saude.gov.br. Acesso em 09/02/2004. 48 Balanço das Ações do MS – 2003. www.saude.gov.br . Acesso em 11/05/2004. entre sociedade civil e governo no combate à AIDS.45 O governo pretende implantar a hemovigilância em todos os servi- DOIS GRANDES GRUPOS POPULACIONAIS TÊM MERECIDO ATENÇÃO ESPECIAL DO GOVERNO: AS GESTANTES E OS ADOLESCENTES Políticas de Saúde do Governo Lula: Avaliaçãodos primeiros meses de gestão Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 29, n. 70, p. 109-124, maio/ago. 2005 117 Short course), uma nova estratégia de tratamento supervisionado da tu- berculose, com base em cinco pila- res: vontade e decisão política; aces- so aos exames laboratoriais na rede do SUS; garantia de medicamentos; sistema de registro e informações confiáveis e tratamento diretamente observado. Essa estratégia, além de ampliar as taxas de cura, com dimi- nuição do abandono ao tratamento, evita o aumento da resistência medi- camentosa, risco que tem crescido em todo o mundo. Com essas novas medidas, espera-se uma redução no número de mortes por tuberculose e a prevenção de novos casos.49 Quantoà hanseníase, o governo pretende a reestruturação do pro- grama com a meta de diminuir em 30%, a cada ano, o número de ca- sos até 2005, através do envolvi- mento de agentes comunitários de saúde e de médicos do PSF na de- tecção precoce da doença.50 Ressaltando a importância da atenção à saúde integral e coordena- da entre os diversos setores que com- põem o MS, cabe destacar a criação da Secretaria de Vigilância em Saú- de (SVS), cujo propósito é possibili- tar o aprimoramento, o combate e a prevenção de doenças no âmbito do SUS, além de subsidiar com infor- mações epidemiológicas a elabora- ção de políticas públicas de saúde e fomentar a avaliação do impacto de programas e ações do ministério. A Proposições do governo Lula Fatos correspondentes Descentralização das ações de vigilância epidemiológica, sanitária e ambiental Descentralização dos recursos para prevenção da AIDS e outras DST Intensificação de ações de prevenção da AIDS/DST Implantação da hemovigilância no SUS. Proposta de duplicação de usuários de preservativos Intensificação da vacinação e do controle das doenças endêmicas Prevenção da febre amarela silvestre Combate à tuberculose Reestruturação do programa brasileiro de controle da hanseníase Campanhapara eliminar a hanseníase até 2005 Investimento de R$ 1 bi em saneamento nas regiões metropolitanas até 2007 Liberação de R$ 4,4 milhões para obras de saneamento Organizar um “ministério único” Criação e instalação Secretaria de Vigilância à Saúde Melhoria da atenção pré-natal e eliminação da transmissão vertical Financiamento maior para combate a transmissão vertical QUADRO 4 – Vigilância Epidemiológica: Programa do Candidato Lula e fatos produzidos de janeiro de 2003 a junho de 2004 Proposição do governo Lula Fatos produzidos na conjuntura Descentralização das ações de vigilância sanitária Sem identificação de notícias Reforçar a promoção da saúde, controlando a qualidade dos alimentos, da água, dos medicamentos, dos serviços de saúde públicos e privados Criação de grupo interministerial para discutir transgênicos Criação de novas regras para o descarte de resíduos hospitalares Resoluções da Anvisa para aumentar a segurança dos remédios Regulação de alimentos trangênicos Novas regras para o descarte de resíduos hospitalares Intensificar o controle das fraudes, adulterações, concorrência desleal e incompetência técnica no interesse do consumidor e do produtor Discussão de estratégias de combate à falsificação de medicamentos Constituir um efetivo Sistema Nacional de Vigilância à Saúde com as ações integradas de vigilância epidemiológica, ambiental e sanitária Criação da Secretaria de Vigilância em Saúde QUADRO 5 – Vigilância Sanitária: Programa do Candidato Lula e fatos produzidos de janeiro de 2003 a junho de 2004 49 Informe Saúde , Ano VII, n.205 (4a semana de mar/2003). 50 Balanço das Ações do MS – 2003. 51 CFM (jan/2003); http://www.fiocruz.br/ccs/revista/n2_jun03/sergio_arouca.htm. Entrevista 26/06/2003) – Entr.6. nova secretaria pretende fortalecer a vigilância epidemiológica com a reu- nificação dos programas e ações hoje pulverizadas no MS,51 como destaca um dos entrevistados: “Na área de vigilância epidemiológica, o que eu acho importante é (...) o conceito de vigilância à saúde” (Entr.2). MENDONÇA, Ana Carolina Oliveira et al 118 Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 29, n. 70, p. 109-124, maio/ago. 2005 Vigilância Sanitária A nova gestão iniciou a imple- mentação de novas medidas de Vi- gilância Sanitária (Quadro 5), crian- do um grupo interministerial com- posto por sete ministros para discu- tir a questão dos transgênicos. No entanto, poucos meses depois, em mais uma ação polêmica, foi libe- rada a comercialização da safra de soja transgênica, o que gerou pro- testos por parte do Greenpeace. Se- gundo esta ONG, o produto não foi devidamente testado, o que não dá respaldo à sua liberação.52 O primeiro semestre de 2003 foi marcado por uma série de escân- dalos na indústria farmacêutica e o relato de casos de cegueira e morte pelo uso de medicações irre- gulares, como o colírio Methy Lens Hipoc e o contraste Celobar. Como conseqüência de muitos lotes de medicamentos terem sido identifi- cados com irregularidades e dos laboratórios terem sido ameaçados de perder as suas licenças de fun- cionamento, a ANVISA, através da publicação de 18 resoluções, trou- xe novas regras para o registro e a comercialização dos medicamentos visando aumentar a segurança, qualidade e eficácia dos mesmos.53 Publicou, via resolução RDC n.33/ 03, a nova classificação de resídu- os hospitalares e as novas regras para o acondicionamento e descar- te desses resíduos.54 Vale ressaltar que, embora algu- mas ações tenham sido realizadas para o controle de riscos, não foram observadas medidas efetivas contra os determinantes: “o que vai conti- nuar sem se conseguir é o impacto sobre os determinantes da saúde”. frente às áreas de risco (...) e às áreas de piores condições de vida, com medidas de impacto de promo- ção à saúde” (Entr.2). Assistência farmacêutica O MS iniciou a execução de ações para melhorar a assistência farma- cêutica à população (Quadro 6). Uma das medidas implementadas consiste no aumento do financia- mento federal per capita de R$1,00 para R$2,00 nas cidades onde o Pro- jeto Fome Zero já está sendo implan- tado. Outra corresponde à Lei 10.742/03 e estabelece que, a partir de 2004, o ajuste de preços só ocor- rerá uma vez por ano, sempre no mês de março, obedecendo a critéri- os definidos pela Câmara de Regu- lação do Mercado de Medicamentos (CMED). Em relação à política de medicamentos, outras medidas po- dem ser mencionadas tais como cri- ação da farmácia popular, investi- mento na produção dos laboratóri- os oficiais, aumento do repasse para a assistência farmacêutica básica e flexibilidade das patentes dos remé- dios.55 A auto-suficiência em medi- camentos básicos, hemoderivados e vacinas é, também, uma meta do governo.56 Já os medicamentos ge- Parte dessas intervenções poderia ser realizada mediante ações inter- setoriais em saúde, como afirma o mesmo entrevistado: “(...) a saúde precisa muito da intersetorialida- de”. Ele reforça que “trabalharia 52 A Tarde (19/02/2003 e 07/05/2003). 53 A Tarde (07/06/2003); IstoÉ, p.44 a 46 (22/06/2003). 54 A Tarde (07/03/2003); Saúde Brasil, n.84 (03/2003). 55 A Tarde (31/01/2003; 02/02/2003; 02/03/2003; 18/05/2003; 30/05/2003; 12/06/2003; 23/06/2003); Folha de S. Paulo (25/03/2003); IstoÉ (30/04/2003); CFM (01/03/2003); Informe Saúde ano VII, n.199 (fev/2003). Balanço das Ações do MS – 2003. www.saude.gov.br ; Brasília, acesso em 17/05/2004. A Tarde (9/6/2004 e 11/6/2004). Folha de S. Paulo (08/06/2004). www.anvisa.gov.br. 56 A Tarde (22/02/2003); www.ensp.fiocruz.br/public/radis. Acesso em 04/03/2003. EM MAIS UMA AÇÃO POLÊMICA, FOI LIBERADA A COMERCIALIZAÇÃO DA SAFRA DE SOJA TRANSGÊNICA, O QUE GEROU PROTESTOS POR PARTE DO GREENPEACE Políticas de Saúde do Governo Lula: Avaliaçãodos primeiros meses de gestão Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 29, n. 70, p. 109-124, maio/ago. 2005 119 néricos, continuam a enfrentar um lobby cujo objetivo, ainda que dis- simulado, é reduzir sua credibilida- de. Além de não terem alcançado a taxa de venda esperada pelo merca- do, os mesmos sofrem concorrência dos de marca, que algumas vezes chegam a ser mais baratos que os próprios genéricos.57 Assistência Médica Suplementar Dentre os diversos fatos referen- tes à Saúde Suplementar ocorridos nessa conjuntura, destaca-se a ins- talação de uma CPI com o objetivo de investigar irregularidades na prestaçãode serviços por empre- sas e instituições privadas de pla- nos de saúde, além de descobrir por que as mesmas são campeãs em reclamações dos usuários jun- to ao Instituto de Defesa do Con- sumidor (IDEC).58 Levantou-se a dis- cussão em torno da dívida das empresas da saúde suplementar pelo não-ressarcimento ao SUS do atendimento de seus clientes na rede pública, bem como a necessi- dade de a CPI adquirir dados mais completos por meio do acesso às planilhas de custos das maiores empresas. Questionou-se, ainda, a importância de se desenvolver um melhor fluxo dessas informações de forma permanente. 59 Neste contexto, o papel da ANS passou a ser rediscutido, já que o governo menciona a necessidade de rever o papel das agências regula- doras que, segundo o ministro da Saúde, teriam assumido tarefas ex- clusivas de governo.60 No Quadro 7, constata-se que os fatos ocorridos não aparentam uma relação direta com a ação do MS, expressando a ausência de proposições consisten- tes do então candidato à presidên- cia da República em relação aos planos privados. 57 A Tarde (18/02/2003; 25/01/2003; 18/05/2003). 58 CFM (06/03/2003; 07/03/2003). CFM, Ano XVIII, n.143 (05/03/2003; 06/03/2003). 59 CFM (06/03/2003; 07/03/2003); Folha de S. Paulo (31/05/2003; 24/02/2003). 60 CFM (07/03/2003); Veja (03/03/2003). A Tarde (03/03/2003; 25/01/2003). QUADRO 6 – Assistência Farmacêutica: Programa do Candidato Lula e fatos produzidos de janeiro de 2003 a junho de 2004 QUADRO 7 – Assistência Médica Suplementar: Programa do Candidato Lula e fatos produzidos de janeiro de 2003 a junho de 2004 Controle Social O controle social no SUS tem tido perspectivas de fortalecimento (Qua- dro 8). Nesse contexto, o Conselho Nacional de Saúde (CNS), em conjun- to com o MS, planeja a criação de um Código de Direitos dos Usuários do SUS, o desenvolvimento de uma ou- Proposições do programa de governo Lula Fatos produzidos na conjuntura Estímulo à criação de farmácias populares e fortalecimento de laboratórios oficiais Proposta de ampliação da assistência farmacêutica e de auto suficiência em medicamentos Implantação de farmácias populares Realização de ampla discussão com a sociedade sobre a Lei de Patentes e suas conseqüências Defesa da flexibilidade das patentes dos remédios Avaliação do MS sobre composição dos preços comercializados no país a fim de evitar aumentos abusivos Liberação de preços de remédios que não exigem receita médica e prorrogação do ICMS para medicamentos utilizados em doenças crônicas e raras Alteração do ICMS para medicamentos utilizados em doenças crônicas e raras. Lei 10.742/03 Reformulação e ampliação dos genéricos Sem identificação de notícias. Proposições do programa de governo Lula Fatos produzidos na conjuntura Regulação das ações e serviços suplementares Instauração de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos planos de saúde pela Câmara dos Deputados. Revisão do papel de agências reguladoras Divulgação de resultados de pesquisa sobre planos de saúde pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). MENDONÇA, Ana Carolina Oliveira et al 120 Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 29, n. 70, p. 109-124, maio/ago. 2005 vidoria e o estabelecimento de puni- ções para os transgressores. O códi- go pretende seguir os moldes do Có- digo de Defesa do Consumidor e visa melhorar a qualidade do atendimen- to ao usuário, conferindo-lhe esclare- cimentos sobre os seus direitos.61 Houve também a criação da Se- cretaria de Gestão Participativa que visa maior relação entre o gover- no e a sociedade, buscando forta- Posição de dirigentes de instituições públicas de saúde e pesquisadores da área de saúde coletiva face à conjuntura De modo geral, os entrevistados concordaram que as propostas do Governo Lula estão refletindo as ne- cessidades da população brasileira. Para um entrevistado em particular, “o que pode existir são lacunas, na medida em que o programa não pode cobrir todos os aspectos que poderi- am ser abordados” (Entr.6). Contudo, muitos deles acrescen- tam pontos que consideram im- lecer a gestão democrática do SUS. O MS também já aprovou a conti- nuidade e a ampliação da capaci- tação de novos conselheiros de saúde. Além disso, realizou-se a XII Conferência de Saúde Sérgio Arouca, em caráter extraordiná- rio,62 da Conferência Nacional de Saúde Bucal e da II Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia & Inovação em Saúde.63 QUADRO 8 – Controle social: Programa do Candidato Lula e fatos produzidos de janeiro de 2003 a junho de 2004 Proposições do programa de governo Lula Fatos correspondentes Ampliação e Fortalecimento do Controle Social. Código de Direitos dos Usuários do SUS, Capacitação de Conselheiros Criação da Secretaria de Gestão Participativa Conferências de Saúde como prática regular para avaliação da situação de saúde Rea lização da 12ª Conferência Nacional de Saúde Sergio Arouca (2003), da Conferência Nacional de Saúde Bucal e da Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (2004) prescindíveis: fazer mais pesquisas voltadas para as necessidades do SUS (Entr.1); garantir a integralida- de do SUS, equacionar os pontos re- ferentes à promoção da saúde e in- tervir nas causas (Entr.2); estabele- cer um plano de carreira para o médico que vai trabalhar no SUS, uma relação trabalhista estável para os médicos que estão fazendo parte dos PSF, o embargo da abertura de novas faculdades de medicina, o respeito à emenda 29 e o reajuste das tabelas do SUS e das operado- ras de planos de saúde (Entr.3); au- mentar sua participação nos PSF e voltar mais sua atenção para os pequenos municípios (Entr.4); au- mentar os quadros dos hospitais de pequeno porte, especialmente os lo- calizados nos pequenos municípios (Entr.6); melhorar a administração da saúde e dos recursos com ênfase para a área preventiva (Entr.7). Enfatizam, ainda, diferentes as- pectos da política de saúde, com pontos convergentes, tais como a implantação do PSF e a melhoria da atenção à assistência básica. Con- tudo, alguns deram prioridade a outros tópicos: melhorar o SUS (Entr.1), com destaque para a aces- sibilidade e o trabalho em áreas de risco (Entr. 2); fiscalização das 115 faculdades de medicina do Brasil (Entr.3); intervenção na mortalida- de infantil através da vacinação e de medicina preventiva (Entr.4); reor- ganização dos sistemas de referência econtra-referência (Entr.5); implemen- tação da reforma psiquiátrica, altera- ção da situação dos hospitais univer- sitários, mudanças na atenção da ur- gência e emergência, integração das ações de vigilância epidemiológica, ambiental e sanitária e fortalecimen- to dos espaços de controle social e participação popular (Entr.6). As limitações de ordem econômi- ca, como dificuldades de captação 61 Folha de S. Paulo (06/02/2003); Informe Saúde (02/03/2003). 62 www.ensp.fiocruz.br/publi/radis (Acesso em 04/03/2002), www.ensp.fiocruz.br/publi/radis (Acesso em 03/03/2003). 63 Brasil. Ministério da Saúde. Saúde no Brasil. Contribuições para a Agenda de Prioridades de Pesquisa. Brasília, 2004. 306p. Políticas de Saúde do Governo Lula: Avaliaçãodos primeiros meses de gestão Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 29, n. 70, p. 109-124, maio/ago. 2005 121 e distribuição de recursos para a saúde, foram os itens mais citados pelos entrevistados como obstácu- los à implementação das propostas do governo na saúde. Ainda relati- vo aos aspectos econômicos, há o relato de alguns entrevistados de que o governo favorece a política eco- nômica em detrimento do social. Também os aspectos de ordem ad- ministrativa (tempodespendido com a organização da equipe política e reestruturação do Ministério da Saú- de), limitaram a implementação das políticas, segundo acreditam alguns entrevistados. Outros aspectos foram citados isoladamente, dentre eles a lentidão na implementação de outras políticas sociais necessárias à imple- mentação de medidas de saúde; a fra- gilidade dos mecanismos de regula- ção, controle, avaliação e auditorias; o grau de educação da população bra- sileira; e a falta de um mecanismo direto de comunicação na cadeia hie- rárquica que torne as decisões e o retorno das ações mais ágeis. DISCUSSÃO Ao se utilizar como fonte de da- dos publicações técnicas e oficiais, mídia e entrevistas com atores soci- ais, cabe considerar possíveis limi- tações metodológicas. No caso da mídia, embora possibilite trazer para a esfera pública parte do que ocorre nos bastidores da política, suas informações são orientadas pela política editorial do jornal, en- quanto os documentos oficiais e as informações contidas em sites ten- dem a revelar fatos de interesse do governo ou suas versões. Contudo, o confronto entre as informações obtidas, a partir de documentos téc- nicos e oficiais, e as divulgadas através da mídia, além da opinião de entrevistados, podem, de algum modo, reduzir a possível tendencio- sidade dessas fontes. gir a uma unidade da Federação, ain- da que um deles exerça à época da entrevista um cargo dirigente no Mi- nistério da Saúde e outro já tenha sido ministro da Saúde. Cumpre ressal- tar que os demais, mesmo morando e atuando em nível estadual, têm expressão nacional e são personali- dades capazes de fornecer uma vi- são menos fragmentada da realida- de, além de se encontrarem inseri- dos no processo político de saúde do país. Essas personalidades podem ser consideradas integrantes de uma “comunidade de atores” (VIANA, 1997), ou seja, atores sociais que, enquanto sujeitos (individuais ou coletivos), participam do processo político em saúde (TESTA, 1997). Quanto à análise, o recurso às matrizes e às unidades temáticas impôs uma busca exaustiva dos fragmentos do discurso, tanto nos textos publicados quanto nas entre- vistas transcritas, evitando-se que certos fatos ou representações dos entrevistados fossem privilegiados em detrimento de outros. Assim, o estudo revela a riqueza da conjun- tura examinada e aponta fatos de grande importância para as políti- cas de saúde no Brasil. De início, cabe ressaltar que, pela primeira vez na história da Repúbli- ca, todos os candidatos à eleição pre- sidencial de 2002 apresentaram pro- postas voltadas para o fortalecimen- to do SUS,64 com eqüidade, integra- No caso das entrevistas, é possí- vel a ocorrência de situações em que o entrevistado não esteja atualizado acerca do tema, exibindo inconsis- tências em seu depoimento. Daí te- rem sido selecionadas pessoas de diferentes inserções político-institu- cionais visando contornar tais difi- culdades. Mesmo assim, certa obje- ção pode ser levantada pelo fato de a maioria dos entrevistados se restrin- 64 Coligação Lula Presidente, 2002; Coligação Frente Trabalhista , 2002; Coligação Grande Aliança, 2002; Coligação Frente Brasil Esperança, 2002. www.lula.org.br/assets/caderno_saude.pdf. PELA PRIMEIRA VEZ NA HISTÓRIA DA REPÚBLICA, TODOS OS CANDIDATOS À ELEIÇÃO PRESIDENCIAL DE 2002 APRESENTARAM PROPOSTAS VOLTADAS PARA O FORTALECIMENTO DO SUS MENDONÇA, Ana Carolina Oliveira et al 122 Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 29, n. 70, p. 109-124, maio/ago. 2005 lidade e participação social, embora já se ressaltassem as restrições im- postas pela política econômica como um dos grandes desafios para a con- cretização do Sistema Único de Saú- de (BRASIL, 2002). Assim, as políticas de saúde nos primeiros meses do Governo Lula viveram essa contra- dição: enquanto o Ministério da Saú- de buscava concretizar o programa setorial do governo, este impunha restrições financeiras, a exemplo do maior contingenciamento em termos absolutos entre os ministérios (1,6 bilhões de reais) e cortes no orçamen- to atingindo a área social, como Saú- de, Educação, Trabalho e Assistên- cia Social.65 A inclusão de 3,5 bilhões de reais do Fome Zero no orçamento da Saúde de 2004 representou uma forma de burlar a EC-29 e a Resolu- ção 316 do Conselho Nacional de Saúde (CNS, 2002), revelando que o financiamento continuasendo umen- trave para a melhoria da saúde, com- prometendo a premissa básica do SUS: a universalização. Entretanto, as ações referentes à atenção básica demonstraram o compromisso do governo com a manutenção de uma das principais políticas de saúde da gestão passa- da, independente de questões parti- dárias. Com a implantação do PRO- ESF e aumentando as equipes de saú- de bucal (ESB), o governo visa am- pliar a assistência, e estimular a mudança das práticas de saúde. Foram mantidos programas espe- ciais, referentes ao tabagismo e à AIDS, mas não foram encontrados fa- tos que evidenciassem a atenção à população negra e aos portadores de deficiência, propostas no programa de governo. Quanto à mulher, verifi- cou-se um esforço do governo em enfrentar a mortalidade materna e formular uma política específica. No que diz respeito à tuber- culose, as medidas adotadas com base no DOTs procuram evitar a re- dades e agravos, tais como violên- cia e as doenças crônico-degenera- tivas que ocupam lugar de desta- que dentre as causas de mortalida- de (BARRETO & CARMO, 2000), mere- cendo, também, uma atenção da Vigilância em Saúde. Com base na Política Nacional de Medicamentos (BRASIL, 1999), que visa garantir a necessária seguran- ça, eficácia e qualidade dos medi- camentos, a promoção do uso raci- onal e o acesso da população àque- les considerados essenciais, o gover- no mostrou-se disposto a cumprir estes propósitos, baixando portari- as que aumentam a fiscalização e o controle dos medicamentos. Além disso, fez cumprir a lei já existen- te, penalizando os laboratórios ir- regulares; buscou a ampliação de laboratórios oficiais e criou as far- mácias populares. Em uma avaliação realizada pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS), destacou-se como desafio para o desenvolvimento do SUS a subordinação das agências regula- doras, como a ANS, às instâncias gestoras públicas, mesmo se tratan- do de autarquias especiais (BRASIL, 2002). Contudo, o governo tem-se mostrado omisso ou tímido em re- lação ao controle e regulação da saúde suplementar. Após o Supre- mo Tribunal Federal decidir em 2003 que os usuários de planos de saú- 65 A Tarde (12/02/2003). 66 Folha de S. Paulo, 3/10/2004, p.A5. sistência medicamentosa e aumen- tar a adesão do paciente ao trata- mento. É preciso, no entanto, asse- gurar a cobertura de atenção para os casos já diagnosticados, viabili- zando o sucesso desta intervenção. Embora as ações sobre as doen- ças transmissíveis sejam justificá- veis, a análise do perfil epidemioló- gico do país aponta outras enfermi- O FINANCIAMENTO CONTINUA SENDO UM ENTRAVE PARA A MELHORIA DA SAÚDE, COMPROMETENDO A PREMISSA BÁSICA DO SUS: A UNIVERSALIZAÇÃO Políticas de Saúde do Governo Lula: Avaliaçãodos primeiros meses de gestão Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 29, n. 70, p. 109-124, maio/ago. 2005 123 de, com contratos anteriores à Lei 9.656, não teriam as garantias des- ta lei, o governo estabeleceu um programa de mudança dos contra- tos antigos para a migração dos usu- ários, enquanto as operadoras che- garam a apresentar em 2004 índices de reajuste de até 85%. Só depois que decisões nosâmbitos estaduais da Justiça determinaram um limite de 11,75%, o governo conseguiu uma liminar federal contra operadoras e a ANS passou a multá-las.66 Por fim, no que se refere ao con- trole social, observa-se um saldo positivo visto que o governo já to- mou medidas relativas a propostas de campanha, voltadas para a par- ticipação popular na gestão do SUS. A realização de conferências de saú- de e o compromisso do ministro da Saúde de acatar as suas proposições são fatos importantes para o desen- volvimento de políticas de saúde de caráter democrático. Em relação aos recursos huma- nos, um ponto destacado pelos en- trevistados foi a falta de uma polí- tica específica que atenda às neces- sidades do SUS e de um plano de carreira para os profissionais da saúde integrados ao PSF, objeto de reiteradas propostas do movimen- to sanitário tais como: estabeleci- mento de Plano de Carreira, Cargos e Salários para o SUS com admi- nistração descentralizada e incen- tivos inversamente proporcionais às vulnerabilidades sociais; multipli- cação das oportunidades de capa- citação, progressão funcional e edu- cação permanente; proteção social do trabalhador e regulação públi- ca das especialidades a partir das necessidades de saúde da popula- ção e do SUS; estabelecer modali- dades de cooperação entre trabalho profissional de saúde e ações de vo- luntariado do terceiro setor em benefício da população e não para mascarar a desvinculação e pre- carização ocupacional (ABRASCO & CEBES, 2002, p.293). Enfim, as políticas de saúde dos primeiros 18 meses de Governo Lula, ainda que coerentes com o progra- ma do candidato e com a Reforma Sanitária Brasileira (PAIM, 2002), so- freram fortes constrangimentos polí- ticos e econômicos, revelando o ca- ráter contraditório da composição do governo e a ambigüidade das políti- cas públicas implementadas,67 ado- tando decisões que contrariavam a proteção da saúde, como as MPs que flexibilizaram a propaganda de cigar- ros e liberaram a soja transgênica. REFERÊNCIAS ABRASCO & CEBES. Em Defesa da Saú- de dos Brasileiros. Saúde em Deba- te, Rio de Janeiro, v.26, n. 62, 2002. p.290-294. BARRETO, Maurício Lima & CARMO, Eduardo Hage Determinantes das condições de saúde e problemas pri- oritários no país. In: Cadernos da 11a. Conferência Nacional de Saúde. Brasília, DF: Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Saúde, 2000. p.235-259. BRASIL. Ministério da Saúde. Políti- ca Nacional de Medicamentos. Bra- sília, DF: Ministério da Saúde, 1999.40p. . 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Que medidas não constam no Programa de Saúde do Governo Lula e o(a) senhor(a) adotaria como política de saúde para a po- pulação brasileira? Dentre as medidas propostas no Programa de Saúde do Governo Lula, quais teriam a implementação prio- rizada pelo senhor(a)? Nesses seis primeiros meses de governo, quais fatores o senhor(a) identificou como obstáculos à im- plementação do programa de saú- de proposto? Quais medidas do referido pro- grama foram ou estão sendo imple- mentadas nos seis primeiros meses de Governo Lula? Qual o impacto da política de saú- de implantada pelo governo até o momento em sua prática de trabalho? 2. LISTA DOS ENTREVISTADOS E RESPECTIVOS CARGOS 1. Hugo da Costa Ribeiro Júnior – Diretor do Hospital Universitário Pro- fessor Edgard Santos (HUPES/UFBA). 2. Inês Dourado – Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Saú- de Coletiva da Universidade Federal da Bahia. 3. Jecé Brandão – Presidente do Con- selho Regional de Medicina da Bahia. 4. Jorge Solla – Secretário de Aten- ção à Saúde do Ministério da Saúde. 5. Ligia Maria Vieira da Silva – Dire- tora do Instituto de Saúde Coletiva (ISC/UFBA). 6. Roberto Santos – Ex-ministro da Saúde, Presidente do CNPq, Reitor da UFBA, Secretário de Saúde da Bahia, Governador do Estado, Depu- tado Federal, fundador da Associa- ção Brasileira de Educação Médica (ABEM), além de Professor Catedráti- co de Clínica Médica e Pesquisador da Faculdade de Medicina da UFBA. 7. Sebastião Dias – Secretário de Saúde do Município de Santo Amaro, Bahia. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem aos entre- vistados que gentilmente acolheram a solicitação para colaborarem com o presente estudo, contribuindo com informações e reflexões. A alimentação saudável e a promoção da saúde no contexto da segurança alimentar e nutricional Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 29, n. 70, p. 125-139, maio/ago. 2005 125 ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLES A alimentação saudável e a promoção da saúde no contexto da segurança alimentar e nutricional Healthy Food and Health Promotion in the Context of Food and Nutrition Safety Anelise Rizzolo de Oliveira Pinheiro1 Recebido: 23/09/05 Modificado: 17/04/06
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