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Co nta bil ida de Au la 14 - De mo ns tr aç ão d e Flu xo d e Ca ixa 145Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Aula Nº 14 – Demonstração de Fluxo de Caixa Objetivos da aula: Uma das funções da Contabilidade é a comunicação eficiente de informações úteis para a tomada de decisões. Nesta aula, apresentaremos a Demonstração de Fluxo de Caixa para revelar informações importantes sobre os recebimentos e pagamentos que transitam pelo caixa de uma empresa durante determinado período. Assim como a D.O.A.R., a Demonstração do Fluxo de Caixa traz informações sobre a situação financeira da empresa, mas esta trata, especificamente, do Caixa, enquanto aquela trata da situação financeira em geral. Ao final desta aula, o aluno deverá conhecer a Demonstração do Fluxo de Caixa e seus métodos de elaboração. INTRODUÇÃO O objetivo principal da Demonstração do Fluxo de Caixa é fornecer informações relevantes sobre as entradas e saídas de caixa de uma entidade para um determinado período de tempo. As informações contidas na Demonstração do Fluxo de Caixa são úteis quando utilizadas com as informações de outras demonstrações contábeis e na medida em que estejam refletindo as transações de caixa das atividades operacionais, de investimento e de financiamento, auxiliando os usuários na avaliação da capacidade da entidade de gerar fluxos de caixa líquidos positivos decorrentes de suas atividades, visando atender às suas obrigações bem como pagar dividendos aos seus acionistas. Co nta bil ida de Au la 14 - De mo ns tr aç ão d e Flu xo d e Ca ixa 146Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Alguns benefícios da utilização das informações da Demonstração do Fluxo de Caixa, segundo o I.A.S.C.1: • Quando utilizada em conjunto com as demais demonstrações contábeis, proporciona informações que habilitam os usuários a avaliar as mudanças nos ativos líquidos de uma empresa, sua estrutura financeira e sua habilidade para afetar as importâncias e prazos dos fluxos de caixa a fim de adaptá-los às mudanças nas circunstâncias e às oportunidades. • São úteis para avaliar a capacidade de a empresa produzir recursos de caixa e valores equivalentes e habilitar os usuários a desenvolver modelos para avaliar e comparar o valor presente e futuro de caixa de diferentes empresas. • Aumenta a comparabilidade dos relatórios do desempenho operacional por diferentes empresas, porque elimina os efeitos decorrentes do uso de diferentes tratamentos contábeis, para as mesmas transações e eventos. • Abre possibilidade de uso das informações históricas sobre o fluxo de caixa como indicador da importância, época e certeza de futuros fluxos de caixa. • Têm utilidade para conferir a exatidão de avaliações anteriormente feitas de futuros fluxos de caixa e examinar a relação entre a lucratividade e o fluxo de caixa líquido, e o impacto de variações de preço. Matarazzo (1997, p. 370), tratando da análise de demonstrações contábeis, identifica como principais objetivos da Demonstração do Fluxo de Caixa: • Avaliar alternativas de investimentos. • Avaliar e controlar, ao longo do tempo, as decisões importantes que são tomadas na empresa, com reflexo monetário. • Avaliar as situações presentes e futuras do caixa na empresa, posicionando-a para que não chegue a situações de iliquidez. • Certificar de que os excessos momentâneos de caixa estão sendo devidamente aplicados. Co nta bil ida de Au la 14 - De mo ns tr aç ão d e Flu xo d e Ca ixa 147Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno 1. FORMAS DE APRESENTAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA O MÉTODO DIRETO A Demonstração do Fluxo de Caixa resume todos os pagamentos e recebimentos decorrentes das atividades operacionais da empresa, devendo apresentar os componentes do fluxo por seus valores brutos. A opção para esse método deve apresentar, pelo menos, os seguintes tipos de pagamentos e recebimentos relacionados às operações: • recebimentos de clientes; • juros e dividendos recebidos; • pagamentos de fornecedores e empregados; • juros pagos; • imposto de renda pago; • outros recebimentos e pagamentos. O modelo simplificado de Demonstração do Fluxo de Caixa, pelo método direto mostrado abaixo, faz uma segregação dos tipos de atividades e foi baseado no modelo FAS 95: Fluxo de Caixa Das Atividades Operacionais (+) Recebimentos de Clientes e outros (-) Pagamentos a Fornecedores (-) Pagamentos a Funcionários (-) Recolhimentos ao Governo (-) Pagamentos a Credores Diversos (=) Disponibilidades geradas pelas (aplicadas nas) Atividades Operacionais $ $ $ $ $ $ $ Co nta bil ida de Au la 14 - De mo ns tr aç ão d e Flu xo d e Ca ixa 148Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Das Atividades de Investimentos (+) Recebimento de Venda de Imobilizado (-) Aquisição de Ativo Permanente (+) Recebimento de Dividendos (=) Disponibilidades geradas pelas (aplicadas nas) Atividades de Investimentos $ $ $ $ Das Atividades de Financiamentos (+) Novos Empréstimos (-) Amortização de Empréstimos (+) Emissão de Debêntures (+) Integralização de Capital (-) Pagamento de Dividendos (=) Disponibilidades geradas pelas (aplicadas nas) Atividades de Financiamento $ $ $ $ $ $ Aumento/Diminuição Nas Disponibilidades DISPONIBILIDADES - no início do período DISPONIBILIDADES - no final do período $ $ Esse demonstrativo permite a análise segregada por itens operacionais, de investimento e financiamento. O MÉTODO INDIRETO No método indireto, parte-se do lucro líquido para, após os ajustes necessários, chegar-se ao valor das disponibilidades produzidas no período pelas operações registradas na Demonstração do Resultado do Exercício. Esses ajustes consistem em itens, tais como depreciação, amortização, exaustão e provisões que não modificam o caixa da empresa. Modelo genérico da Demonstração do Fluxo de Caixa pelo método indireto, baseado no modelo adotado pelo FASB: Fluxo de Caixa Co nta bil ida de Au la 14 - De mo ns tr aç ão d e Flu xo d e Ca ixa 149Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Lucro Líquido (-) Aumento de Estoques (+) Depreciação (-) Aumento de Clientes (+) Pagamento a Funcionários (+) Contas a Pagar (+) Pagamentos de Impostos e Tributos (+) Aumentos de Fornecedores (=) Fluxo de Caixa Operacional Líquido $ $ $ $ $ $ $ $ Das Atividades de Investimentos (+) Recebimento de Venda de Imobilizado (-) Aquisição de Ativo Permanente (+) Recebimento de Dividendos (=) Disponibilidades geradas pelas (aplicadas nas) Atividades de Investimentos $ $ $ $ Das Atividades de Financiamentos (+) Novos Empréstimos (-) Amortização de Empréstimos (+) Emissão de Debêntures (+) Integralização de Capital (-) Pagamento de Dividendos (=) Disponibilidades geradas pelas (aplicadas nas) Atividades de Financiamento $ $ $ $ $ $ Aumento/Diminuição nas Disponibilidades Disponibilidades – saldo no início do período Disponibilidades – saldo no final do período $ $ Apesar de ser tecnicamente correto, não é a forma mais adequada de elaboração de Demonstração do Fluxo de Caixa. O melhor procedimento seria apresentar a Demonstração do Fluxo de Caixa pelo método direto e, em quadro a parte, a conciliação entre o lucro líquido e o valor do caixa gerado pelas operações. D.O.A.R.x A D.F.C. Co nta bil ida de Au la 14 - De mo ns tr aç ão d e Flu xo d e Ca ixa 150Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno A D.O.A.R. tem informações mais analíticas, mostra a posição financeira, tem características de médio e longo prazos, permite a seus usuários perceber a política e a tendência das empresas no futuro. A D.O.A.R. volta-se para a movimentação havida nos recursos e aplicações permanentes, ou de longo prazo e, como conseqüência disso, o impacto na situação financeira, espelhada pela variação do Capital Circulante Líquido. A D.O.A.R. forma com o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício uma base de dados sobre situação econômico-financeira e o de desempenho da empresa. Não substitui e nem deveria ser substituída pelas demais demonstrações pela importância das informações que o conjunto fornece aos usuários. Por esses motivos, recomenda-se seja a D.O.A.R. divulgada junto a outras demonstrações contábeis. A D.F.C. é um instrumento com características de curto prazo, é voltada para o usuário interno, propiciando informações concretas, se houve ou haverá dinheiro, quanto se deve tomar de empréstimos, compreende o movimento de fluxo do dinheiro da empresa. O método direto é de mais fácil compreensão, enquanto o método indireto se aproxima mais da própria D.O.A.R. e apresenta informações mais apuradas da posição financeira da empresa. A D.F.C. utiliza o conceito de caixa, que é de mais fácil compreensão pelos usuários das informações contábeis que têm pouco conhecimento de contabilidade. VANTAGENS DA D.F.C. A D.F.C. evidencia o confronto entre as entradas e saídas de caixa, se haverá sobras ou faltas de dinheiro, permitindo à administração da empresa decidir com antecedência se a empresa deve tomar recursos ou aplicá-los, e ainda, avalia e controla, ao longo do tempo, as decisões importantes que são tomadas na empresa e seus reflexos monetários, e ainda: • Informa eventuais problemas de liquidez e insolvência, podendo prevenir a falência. Co nta bil ida de Au la 14 - De mo ns tr aç ão d e Flu xo d e Ca ixa 151Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno • A D.F.C. é um instrumento com utilização de nível internacional, portanto sua utilização é importante. • Mostra a real condição de disponibilidades para pagamento das dívidas. • A D.F.C. é muito mais fácil de entender do que a D.O.A.R. • A D.F.C. mostra a necessidade de caixa da empresa em curto prazo, sendo um importante instrumento para sua gestão financeira. • Demonstra como a empresa gerou caixa e como ela o gastou. • Busca o equilíbrio entre as entradas e saídas de caixa da empresa, desenvolvendo um controle nas contas do ativo e passivo circulante. • Demonstra o montante de recursos financeiros disponíveis na empresa, auxiliando em suas aplicações. VANTAGENS DA D.O.A.R. A D.O.A.R. mostra as fontes utilizadas para financiar as atividades, a velocidade e as modificações sofridas e as tendências futuras das condições da empresa, complementando tanto as informações do Balanço quanto da Demonstração de Resultado, pois o Balanço apresenta uma posição financeira estática, a Demonstração de Resultado demonstra o lucro líquido do exercício e a D.O.A.R. ajusta-o, demonstrando o que isso representou em termos de recursos financeiros, e ainda: • A D.O.A.R. é tão importante quanto o Balanço e a Demonstração de Resultado. • O C.C.L. é um elemento importante na administração financeira da empresa. Quanto maior o C.C.L., maior a possibilidade de a empresa manter uma boa liquidez. • Possibilita um melhor conhecimento da política de investimentos e de financiamento da empresa. • A D.O.A.R. pode dar respostas sobre a situação financeira da empresa, suas alterações, tendências, bem como sobre a habilidade gerencial da empresa. • Mostra, além da variação do C.C.L., as mudanças nos itens não Co nta bil ida de Au la 14 - De mo ns tr aç ão d e Flu xo d e Ca ixa 152Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno correntes que alteram os financiamentos e investimentos. • É importante para análise externa à empresa e deve fazer parte do conjunto de demonstrações a serem analisadas. CONCLUSÃO Um dos objetivos da contabilidade é a produção e comunicação de informações úteis para um conjunto de usuários com necessidades de informações diferentes, e os contadores têm enfrentado críticas de alguns usuários quanto à forma que tem sido utilizada para cumprir sua tarefa, segundo os quais a Contabilidade não atinge seu objetivo. Tanto a D.O.A.R. como a D.F.C. apresentam alguns pontos passíveis de críticas em sua eficácia como instrumento de comunicação de informações. A D.F.C. pode ser manipulada, a empresa pode conduzir seus fluxos de caixa, apresentando, assim, uma situação financeira irreal, além de seu conteúdo de informações ser inferior ao da D.O.A.R. A D.O.A.R. apresenta o conceito abstrato de Capital Circulante Líquido que pode mostrar uma situação confortável de liquidez para a empresa, mas devido a não sincronia dos prazos de recebimentos e pagamentos, e estoques elevados, a empresa pode ficar com dificuldades financeiras em curto prazo. A D.O.A.R. e a D.F.C. são demonstrações que objetivam informar sobre a situação financeira da empresa (liquidez e solvência). A primeira dando ênfase ao C.C.L. e à posição financeira em geral e a segunda dando ênfase ao caixa, em seus recebimentos e pagamentos. Se as duas demonstrações fossem apresentadas em conjunto, aumentando, assim, a qualidade das informações contábeis, grande parte das críticas dos usuários poderia ser eliminada. Conclui-se, então, que uma demonstração complementa a outra, assim as informações que a D.O.A.R. não evidencia dentro do próprio circulante (C.C.L.) seriam apresentadas pela D.F.C. (método direto). Co nta bil ida de Au la 14 - De mo ns tr aç ão d e Flu xo d e Ca ixa 153Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno Notas: 1 - I.A.S.C. - International Accounting Standards Committee (Comitê de Normas Internacionais de Contabilidade). Organismo independente do setor privado cujo objetivo é alcançar uniformidade nos princípios contábeis utilizados pelas empresas e outras instituições que preparam demonstrações contábeis no mundo. Síntese Nesta aula, procuramos integrar ainda mais as informações contábeis. Mostramos que as informações contidas no Balanço Patrimonial e na Demonstração do Resultado do Exercício podem ser utilizadas para produzir outras informações úteis como as apresentadas da Demonstração do Fluxo de Caixa. Na próxima aula, iniciaremos a Análise das Demonstrações para que você sinta a utilidade das informações para as decisões dos usuários da informação contábil. Será apenas uma aula introdutória para um assunto amplo que será visto ao longo do curso. Referências IUDÍCIBUS, Sérgio de et al. Contabilidade Introdutória. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1998. MATARAZZO, Dante Carmine. Análise Financeira de Balanços – Abordagem Básica e Gerencial. São Paulo: Atlas, 1997. p. 51. IBRACON - Normas internacionais de contabilidade. São Paulo: IBRACON, 1998. Lei 6.404/76 – Lei das Sociedades por Ações.
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