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codigo de processo civil reformado

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J. E. CARREIRA ALVIM 
Des. Federal do Tribunal Regional Federal da 2" Regi3o; 
Membro do Instinno Brasileiro de Direito Processual (IBDP); 
Doutor em Direito pela UFMG. 
CODIGO 
DE PROCESSO CIVIL 
REFORMADO 
5' Ediyao 
Revista e amp1iada de acordo com as a1teravi5es introduzidas 
pe1as Leis n" 10.352, de 26.12.2001, 10.358, 
de 27.12.2001 e I 0.444, de 07.05.2002. 
~ 
E"5iTTR'A 
FORENSE 
Rio de Janeiro 
2003 
-~-----------------------------------~ 
Capitulo I 
PROCESSO DE CONHECIMENTO 
Sum:irio: LL Legiti.nn;?:o das partes - Ay6es reais imobili8.rias. 
1.2. Devere$ processuais- CurueqUencias da sua violayao. 1.3. Casas de 
litigfu1cia de ma-Ie.1.4. Fonte da refonna- lncid&ncia da multa. 1.5. Liti-
gfulcia de m<i-fe-Aicancedopt'ejuizo. 1.6. Fixayao da indenizayao- Forma 
de liquida¢to. 1.7. Lealdade pr;ocessual - Benefici<lrio da justiya gratuita. 
1.8. Momenta da condenat;ac do litigante de mli-fe. 1.9. Honorlirios advoca-
ticios em embat:gos-Quando:Saofixados. 1.10. Perfcia. 1.11. Mandato ere-
presentac;OO processuais_ 1-11. RenUncia ao mandata - Cornunica<;ao ao 
mandante. L13. Limitac;iio deliltiscons6rcio- Desmembramento do proces-
so. 1.14. Limita¢oe exclus3.oi1Relitiscons6rcio- Distim;ao necessaria. 1.15. 
Limitac;iio die liliscons6rcio - Utiiidade pritica- Pluralidade de patronos. 
1.16. Limit&l;iio de litisconsO!ciQ a pedido do reu e ex officio- Interrup<;:i'i.o 
do prazo para resposta 1.17 •. Ma>mento da Iimitayao.,... Limita<;:J.o a pedido do 
Ministerio PUMico ede terceims intervenientes. 1.18. Desrnembramento do 
processo a pedido dos auto;:-a. 1.19. Conflito de competi:ncia- Incidente 
processuaL 1.20.Decis3.o do CDmftito pelo relator. 1.21. Conciliayiio das par-
tes como forma de agiliza~&ajustiya. 1.22. Conciliadores privados e ati-
vidade jurisdicioo.al. 1.23. fdentidade fisica do juiz (Lei 0° 8.637/93). 1.24. 
Desburocrati~o do processo. 1.25. Documenta<;:i'i.o dos atos processuais. 
1.26. Tempo e prazo dos atos processuais. 11.7. Prescriyao - Interrupyiio. 
1.28. DistributcB:o por dependencia. 1.29. Ainda a distribuiyiio por depen-
ctencia- Disrin<;ao entre "'distrilbu.iyi'i.o'' e 'juiz nantral"- Jurisdiyii.o posit iva 
e negativa :- Dire.i:ro a jurisdi~o mais favor<iveL 1.30. Citayilo via postal. 
1.31. Procedimentosumiirio.l32. ApelayJ.o- Juizo de retrata<;iio: 1.33. De-
pOsito do rot de testemunhas-Prazos legale judicia!. 1.34. Registro dos atos 
processuais. 1.35. Modificayii~;~, topografica. 1.36. Preceitos revogados. 
1.1. Legitima,ao das partes- A~oeSJreais imobiliarias 
0 processo de conhecimento foi profundamente atingido pela refor-
ma processual em diversos de seus dispositivos, refonnas estas recomen-
dadas pel a melhor doutrina e pela jurisprudencia, consolidadas ao Iongo de 
mais de duas decadas de vigencia do C6digo de Processo Civil. 
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2 J. E. Carreira A!Yir:: 
0 art. 10 se liga a uma das condi<;:Oes C2 c.<;:Zo -legitimatio ad cm1sam 
ativa- impondo a integra<;ao reciproca da Co?acidade processual dos c6n-
juges, o que se obtCm atraYts do consentimeJ:.-o. Como essa exigCncia difi-
culta a fonnayao do processo, n8.o deve ir a1e::1 C:os casas em que se revele 
absolutan1ente necessaria 8. salvzguarda dos Cireitos dos c6njuges. A hip6-
tese- n3o e de litiscons6rcio ativo necess3rio, poquanto 118.0 se exige que OS 
dois c6njuges figurern como autores no proc:essC>, satisfazendo-se a lei com 
a simples concordancia de urn deles para a propvsirura da a<;ao pelo outro; 
assim, aut or sera apenas o que propos a a<;ao e ni.o tambem aquele que tam-
bern deu o seu consentimento. 1 
Art. 10. 0 conjuge someme necessitara do consenti-
mento do ourro para propor ar;oes que versem sabre direitos 
reais imobiliarios. 
§ 1 °A.mbos as c6njuges seriio necessariamente cit ados 
· para as ar;oes: -
I- que versem sabre direitos reais imobiliarios; 
II- result antes de fatos que digam respeito a ambos as 
conjuges au de atos praticados par eles; 
III -fundadas em dividas contraidas pela marido a 
bem da familia, mas cuja execw;iia tenha de recair sabre o 
produto do trabaiho da mulher o" as seus bens reservados; 
IV -que tenham por objeio o reconhecimento, a consti-
tuir.;iio ou a ex.tinr.;iio de Onus sabre im6veis de um ou de am-
bos os c6njuges. 
§ r Sas G90e5 possessorias, a participa,ao do conjuge 
do autor ou do reu somente e indispens6vel nos casas de 
composse ou de ala par ambos praticados. 
Estabelece o novo caput do art. 10 que ·•o c6njuge somente necessita-
ri do consentimento do outro para propor a<;oes que versem sabre direitas 
reais imobiliizrios ", deixando, 2SSim, de aluCir a hens im6veis e direitos re-
afs sabre im6veis alheios. Destane, a reforma cestringiu o alcance do pre-
ceiio, dando-lhe a dimensao que sempre llie foi reconhecida em sede 
pretoriana. Realmente, nem toC.as as a~Oes Yersando bens im6veis exigem 
BARB I, Celso Agricola Comer.uirios ao C6digo de Processo Civil. Rio de Janeiro: 
Forense, 1994, v. I, p. 77. 
I 
C6digo de Processo Civil Refonnado 3 
o consentimento de um c6njuge ao outro, para agir e1n juizo) do que 6 
exemplo a a<;ao de despejo, que, apesar de versar sabre bem im6vel, dele 
prescinde, porter seu fundamento no contrato de loca<;ao. 
Mais tecnico, no particular, foi (e continua sen do) o art. 95, ao referir-
se a ar;i5es fimdadas em direito real sabre im6veis) bem assim o par8.grafo 
unico do proprio an. 10 (reda9ao antiga), que aludia igualmente a a98es re-
ais imobiliarias. A altera<;ao harrnonizou o caput do art. 10 como§ !",de 
modo que apenas para a propositura de a<;5es reais imobiliilrias sera neces-
saria o consentimento do conjuge, da mesma forma que so mente para essas 
a<;6es serao ambos necessariamente citados (an. 1 0, § 1°, !). Nao se livrou, 
contudo, o legislador, da influeneia da doutrina civilista da a<;ao, preferin-
do classifica-la sob as vestes do direito material. 
Apesar da divergencia doutrim\ria sobre a natureza juridica da posse 
- se direito real ou pessoal- e do disposto no art. 95, que acena como seu 
caniter real, resolveu-a a lei, sem se comprometer com a tese, estabelecen-
do, no § 2° do art. 10, a necessidade da partieipayao do conjuge do autor ou 
. . 
do reu apenas nos casas de com posse ou de ato por ambos praticados. Ao 
contrario do caput, trata-se aqui de verdadeiro litiscons6rcio passive ne-
cessaria, em que a eficacia da senten9a dependera da cita<;ao de ambos os 
conjuges (art. 47). 
Ocorre a com posse quando duas ou mais pessoas possuem coisa indi-
visa, ou estiverem no gozo do mesmo dire ito, exercendo cada uma, sabre o 
objeto comum, atos possess6rios, sem excluir o do outro compossuidor 
(art. 488 do C6digo Civil). A outra hip6tese se verifica quando se trata de 
ato par ambos praticados- por exemplo, turbayao da posse praticada pelo 
casal- caso em que a eficacia da senten<;a atingira a ambos, pois, se a mo-
lestia ir posse pro vier de apenas urn dos conjuges, por estar o casal separa-
do de fa to, inexiste razao para se impor 0 litiscons6rcio. 
1.2- Deveres processuais- Conseqiiencias da sua Yiola~ao 
Art. 14. sao deveres das partes, de seus procuradores 
e de !adosaqueles que de qualquerforma participam do pro-
cess a: 
1- expor as fatos em juizo conforme a verdade; 
II- proceder com lea/dade e boa{e; 
III- nao formulpr pretensoes, nem alegar defesa, cien-
tes de que sao destituidas de fundamento; 
IV- nao produzir provas, nem praticar atos inUteis ou 
desnecessarios a dec/ara,ao ou defesa do direito; 
4 J. E. Cru!eira Alvim 
V- cumprir com exatidiio os provimentos mandamen-
tais e niio criar embaraqos ii efetivaqiio de provimentos judi-
ciais, de natureza antecipat6ria ou final. 
Partigrafo 1lnico. Ressalvados os advogados que se su-
jeitam exclusivamente aos estatutos da OAB, a vwlat;iio do 
disposto no inciso V deste artigo constitui a to atentat6rio ao 
exercicio da jurisdit;iio, podendo o juiz, sem prejuizo das 
sanr;Oes criminals, civis e processuais cabiveis, aplicar ao 
responstivel multa em montante a ser fzxado de acordo com a 
gravidade da conduta e niio superior a vinte por cento do va-
lor da causa; niio sendo paga no prazo estabelecido, contado 
do trdnsito em julgado da decisiio final da causa, a mu/ta 
sera inscrita como divida ativa da Uniiio ou do Estado. 
Como o art. 14 do C6digo de Processo Civil dispunha que "Compete 
as partes e aos seus~procunidofeS;,~·iorsugefido o aCrescimo da expressao 
"e de todos aqueles que de qualquer forma participam do processo", ampli-
ando assim o elenco dos responsaveis pela observancia da lealdade proces-
sual, que e urn dos principios fundamentais do processo civil moderno. 
No en tanto, ao serpromulgada a Lei n' 10.358, de 27 de dezembro de 
2001, o seu art. 1', em vez de manter a reda9ao do antigo artc 14 do CPC, 
coni o ·acr&SCiinO-eiitaO-sugerido:·supririiil.I"a-referencia··a expressao "e aos 
seus procuradores", rezando apenas que "Sao deveres das partes e de todos 
aqueles que de qualquer forma participam do processo", e repetindo em se-
guida os incisos I a IV, sem altera96es, como o acrescimo do inciso V e 
mais o panlgrafo Unico, onde tamb&m nao acolheu integralrnente, como se 
vera, a proposta original da Comissao de Reforma do CPC.2 
2 A Comissao constituida em 1991, para estudar o problema da morosidade processua! e 
propOr soluy6es para a simplificayao do C6digo de Processo Civil, deixou expresso, no 
seu relat6rio, a necessidade da adoy:.'io das normas -sugeridas, nos ::eguimes termos: 
"Art. 1° do Projero- An. 14. 0 proje:o busca refon;ar a ecica no processo,os deveres de 
leal dade e de probidade que devem presidir ao desenvolvimenro do cantradit6rio, e 
isso niio apenas em rela~ao <is partes e seus procuradores, mas tambCm aquaisquer ou-
tros participantes do proccsso, tais como a autoridade apontada coa::ora nos mandados 
de seguranya, ou as pessoas em geral que devam curnprir ou t3zer cumprir os manda-
mentos judiciais e abster-se de colocar empecilhos a sua efetiva~iio. E que o processo, 
como observou Agricola Barbi, corn remissiio a Jose Olympic de CasrroFilho, 'e cam-
po muito baste para o mau uso dos poderes concedidos para defesa dos direitos' (Co-
menttirios ao CPC, 5" ed., Forense, no 154). 
C6digo de Processo Civil Refonnado 5 
Essas ressalvas devem ser feitas para que a comunidade juridica jul-
gue as reformas, nao apenas pelas sugest5es feitas pela Comissao, mas, 
tambem, o legislador, que, muitas vezes, acaba editando a norma sem ter 
em considerac;ao o verdadeiro interesse publico. 
Apesar da alterayao introduzida no caput do art. 14, substituindo are-
ferencia expressa aos procuradores das partes, pela alusao a "tocos aqueles 
que de qualquer forma participam do processo", isso nao siguifica ten.ha.1n 
os procuradores ou advogados das partes sido alijados do contexte desse 
dispositive. 
E que o Capitulo II [do Titulo II do Livro I] trata "Dos deveres das 
partes e dos seus procuradores", estando o art. 14localizado no seu comex-
to, pelo que passaram os procuradores (advogados) a compreender-se na 
expressao mais ampla "todos aqueles que de qualquer forma participam 
do processo", pois ninguem tern, no processo, uma participa9ao mais des-
tacada e necessaria, por serem OS detentores do ius postulandi, do que OS 
procuradores ou advogados das partes. E tanto assim e, que o art. 15, inse-
rido no mesmo Capitulo II, complementando o disposto no art. 14, torna 
defeso as partes e seus advogados empregar express5es injuriosas nos es-
critos apresentados no processo. 
A altenlyao !mprimida ao art. 14 nao s6 real9ou o deverda$ Par\eo; '1 
de todos aqueles que de qualquer forma participam do processo, inclusive 
os seus procuradores (advogados), de procederem com lealdade e boa-fe, 
como tambem caracterizou melhor, no pariigrafo unico, os atos atentat6rios 
ao exercicio da jurisdi9ao, penalizando os responsaveis pela sua priitica. 
Essa expressao- "todos aqueles que de qualquer forma participam do 
processo" -, integrante agora do art. 14, tern sentido amplo, de forma a 
compreender tanto os que participam efetivamente do processo, como os 
procuradores das partes, cuja presen9a e quase sempre indispensave!, 
como os que, mesmo nao participando, sofrem os reflexes do processo, ou 
devam, neste, praticar algum ato ou cumprir alguma diligencia. 
0 incise V, que o Projeto acrescenta, bern como o parigrafo Unico vi$2..._'11 e.s:abelecer 
implicitamente o dever de cumprimento dos provimentos mandamema!s, eo d.e·:er de 
tolerar aefetivayao de quais provimentosjudiciais, antecipatOrios ou ti..:als, cor:: c:. :~s­
tituiyiio de san;;ao pecuni<iria a ser imposta ao responsive! pelo aw a(en:a.tCrio ac· -exer-
cicio da jurisdiyao, como atividade estatal inerente ao Estado de Direito. E::: sur:.a: 
repressao ao contempt of court, na linguagern do direito anglo-americana." 
(Exposiyao de Motives ao Projeto de Lei n° 3.475/2000). 
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6 J. E. Carreira Alvim 
0 principio da lealdade processual passa, sem duvida, pel a pessoa do 
procurador da parte, pois, no fundo, seja o processo de conhecimento, de 
cautelar ou de execu<;llo, sao os advogados os verdadeiros auto res de atos 
protelat6rios, atentat6rios e emulativos, que fazem o processo correr fora 
dos trilhos da boa-fe processual. Enquanto se insistir em punir, por desleal-
dade e ma-fe processuais apenas as partes- que agem representadas por 
advogados, e nem sabem o que seja leal dade processual- deixando de fora 
seus procuradores (advogados)- que sao os que conhecem, ou de,iam 
conhecer os seus deveres processuais, notadamente o alcance do a_rt. 14 do 
CPC- estar-se-a tratando dessa "doenqa" o paciente errado. 
A Lei n• 10.358/0l introduziu, tambem, urn inciso V, no art. 14, esta-
belecendo ser dever daspartes e de todos os que de qualquer forma partici-
pam do processo, "cumprir com exatidao os provimentos mandamentais e 
nao criar embaras:os a efetivas:ao de provirnentos judiciais, de natureza an-
tecipat6ria ou final". 
Esta norma se destinaaobstaculizar o cbilrnado "jogo de empurra" na 
efetivas:ao dos provimentos jmisdicionais, como os emitidos em mandados 
de seguranya, tutelas antecipat6rias e cautelares, etc., em que o juiz fazinti-
mar a quem considera o responsavel pela pratica do a to, mas o intimado 
afirma nao ter cornpetencia para a sua pratica; e a rna-fe e tanta, que sequer 
informa ao juiz quem seria o competente dentro da estrutura da entidade 
que e parte na causa, procrastinando, assim, a execus:ao da ordem. 
Para coibir tais condutas, por parte de quem deve cumprir manda-
mentos judiciais, e, ao mesmo tempo, desestimu!ar a ·coloca<;:ao de empeci-
lhos a sua efetivas:ao, estabelece o paragrafo unico do art. 14, acrescentado 
pela Lei n• 10.358/01, que: 
«Art. 14. Omissis. 
Panigrafo unico. Ressalvados OS advogados que se su-
jeitam exclusivamente aos estatutos da OAB, a violar;apdo 
disposto no inciso V deste artigo constitui ato atentat6rio ao 
exercicio da jurisdir;ao, podendo o juiz, sem prejuizo das san-
qiies criminais, civis e processuais cabiveis, aplicar ao res-
ponsavel multa em montante a ser frrado de acordo com a 
gravidade da conduta e nfio superior a vinte por cento do va-
lor da causa; niio sendo paga no prazo estahelecido, contado 
do triinsito em julgado da decisao final da causa, a multa sera 
inscrita como divida ativa da Uniao ou do Estado." 
C6digo de Processo Civil Refonnado 7 
Essa ressalva- "ressalvados os advogados que se sujeitam exc/usi-
vamente aos estatutos da OAB"- nao tern o menor sentido, sendo pura ex-
pressao de corporativismo de classe, injustificado e descabido, que bern 
demonstra porque o processo civil nilo encontraos seus verdadeiros rumos. 
Se se trata de garantir o cumprimento de provimentos mandamentais 
e afast_ar OS embarayOS a efetivayaO de provimentos judiciais, 0 que tern a 
ver corn isso os estatutos da 0AB?3 Se os advogados, na condio;ao de pro-
curadores das partes tern, tanto quanta estas, deveres no processo- Capi-
tulo II do Titulo I do Livro I, "Dos deveres das partes e dos seus procurado-
res" -, como afirmar-se que eles se sujeitam. exclusivamente aos estatutos · 
daOAB? 
No caso, trata-se de conduta processual das partes e seus procurado-
res, que tern sua disciplina no C6digo de Processo Civil, pouco importando 
que estejam os advogados sujeitos ao Estatuto da Advocacia, pelo que se 
ve que a ressalva nao atende aos interesses da Justi<;:a. Quem seder ao tra-
balho de !era Lei n• 8.906/94, que dispoe sobre o Estatuto da Advocacia e a 
Ordem dos Advogados do Brasil- nao ha "estatutos da OAB", senao na 
linguagem vulgar - vera o alcance do absurdo da ressalva, que remete a 
disciplina da conduta processual do advogado a uma legi>.lac;:ao que nao 
consagra uma regra sequer (nero !he cabia consagrar) sobreos deveres pro-
cessuais do advogado - justo porque tais deveres estao disciplinados no 
C6digo de Processo Civil- mas isto sim, dos direitos do advogado, que 
nada tern aver com a regra do art. 14 do CPC. 
Portanto, a ressalva feita aos advogados pelo motive invoc.ado- por 
se sujeitarem exclusivamente aos estatutos da OAB - nao tern a eficicia 
que o texto pretende !he atribuir, porque trata-se de conduta processual, re-
grada pelo C6digo de Processo Civil, e que alcanya tanto as partes quanto 
os seus procuradores, e tantos quantos participem do processo, em que 
pese estarem os advogados sujeitos a estatuto proprio. 
Alude o pan\grafo unico do art. 14 apenas a violayao do incise V, afir-
mando que a sua violaqao constitui a to atentat6rio ao exercicio da jurisdi-
yao, o que autoriza o juiz, sem prejuizo das sany6es cri1ninais, civis e 
processuais cabivcis, aplicar ao responsive! pela violayiiO· multa variavel 
em funyao da gravida de da conduta e nao superior a 20% (vinte .por cento) 
sobre o valor da causa. 
3 A prop6sito, nao hil "estatutos da GAB", na medida em que a Lei n° 8.906, de 4/7/94, 
disp6e sabre o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil- OAR 
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8 J. E. Carreira Alvim 
0 C6digo de Processo Civil tinha, ate en tao, nominado tais comporta-
mentos, ora como ato contrario a dignidade da justi9a, como no art. 125, 
III,4 ora como ato atentat6rio a dignidade dajustiya, como nos arts. 599, 
II,5 cuidando o a.rt. 600,6 nos incisos I a IV, de elencar os atos assim consi-
derados. Basta urn cotejo entre os incises II e III do art. 600- "se opile ma-
liciosamente a execuy8.q) empregando ardis e meios artificiosos" e "resiste 
injustificadamente as ordensjudiciais"- e a do inciso V do art. 14, a con-
trario sensa, para se verificar que o que os arts. 125, III, 599, II, e 600, ca-
put, chamam de "atentat6rio it dignidade dajusti<;a" o art. 14, inciso V, 
chama de "atentat6rio ao exercicio da jurisdiviio", pelo que se equivalem 
na substancia. 
Observa Celso Agricola Barbi que, il exce9ii.o do processo de execu-
<;ii.o (art. 600, I a IV), no processo de conhecimento e no cautelar nii.o existe 
enumerayao de quais sejam os atos que se revistam dessa caracteristica, de 
modo que cabe a doutrina e it jurispmdencia a fixa<;ao de seus elementos 
distintivos7 . . • .. . . . . 
Realrnente; epouco adequacla aexpressao ~'dignidadeda justi<;a"para 
traduzirna es_sencia esses atos, porquanto o que constituem,-na verdade, e 
urn obsticulo ao exercicio da jurisdi<;ao, pelo que e mais propicia a lingua-
gem utilizada pelo inciso V do art. 14 do CPC. 
Em virtude de se tratar de conduta processual, sujeita por isso a san-
<;iio processual; qualseja; a imposiyao·da multa ao responsavel pelocato 
atehtat6rio ao exeicicio da jurisdi9ao; ressalva o pan\grafo \mica do art:·14 
a pn\tica de atos eventualrnente sujeitos a san<;iles de natureza diversa; dai a 
expressao "sem prejuizo das sany5es criminais, civis e processuais cabi-
veis". Como a multa j8. c0ns1itui uma sanyao pr'ocessual, a ressalva a "sanyOes 
processuais", no elenco das san<;oes ressalvadas, so pode ser referida a atos 
outr.os que nao aquele que determinou a multa. 
4 
5 
6 
7 
"Art. 125. 0 juizdirigini o processo con forme as disposiyOes deste C6digo, competin-
do-!he: TII- prevenir ou reprimir qualquer a to contrario a dignidade da justiya.'' 
".A_rr. 599. 0 juiz pode, em qualquer momemo do proces:so: IT- advertir ao'devedorque 
o seu procedimento constitui aw atentat6rio i dignidad-e da justiya". 
"Art. 600. Considera-se atentatOrio a dignidade da justiya o ato do devedor que: I-
frauda a execuyiio; II- se op5e ma!iciosamente a execw;:ao, empregando ardis e meios 
artificiosos; III- resiste injustificadamente as ordens judiciais; N- niio indica ao juiz 
onde se encontram os bens sujeitos a execuyao." 
BARB I, Celso Agricola. Comentilrios ao C6digo de Processo Civil, 1 Oa ed., Rio deJa-
neiro: Forense, 1998, v. 1, n" 681, p. 386. 
C6digo de Processo Civil Reformado 9 
As sany5es criminais, estao sujeitas apenas pessoas fisicas, tanto pri-
vadas quantos as que a gem em nome e por conta dos entes pUblicos7 mes-
mo em cumprimento de deterrnina<;ao de amoridade superior. Aqui nao ha 
lugarpara dirimentes do tipo "estrito cumprimento do dever legal'' (art. 23, 
III, CP), e, muito menos, o "exercicio regnlar do direito" (art. 23, ill, CP). 
Quem for destinatario do cumprimemo dos rovimentos man dame· 
resentantes 
sa ou omissao. 
~e o descumprimento _d[!.()J~.rnre_s_ul~_~eJ~lt_a.~e.~1~~4~~Q~(\~v~[>a 
ne~es~1rhraO_'Se~~~In?~0Te_n}o~- a~_s_~-~5~ P!O~es_s~al_~ -p?.d-~_1!1 _ar~_?P9:ii,t0-aos'os~q1\e esfeJa01 £.o~i09riaa.Qs, nai:lii~<t<; a.a ~aiiiJnistra<;aowl>!i~ coriiJ5f"e~i1(f§C!.Q]L\la.lquer autoridacl_e,(09~9CS-es:r.e.t~ri2~ cie Governo, Go-
vermiclores, Prefeit9_$, Secret~nos~de Estado in1 Pr"sidente~da Republica; 
ninguem esca-p~ ~~s ~feitos dessas san<;oes processi\ais:" ''" ·· - ·· 
~' ~'se'a muliaimpostaao~espoiisavefnao-forpaga~o prazo estabdeci-
do; contado do trans ito em julgado da decisiio da causa, a multa sera inscri-
ta como divida ativa da Uniao ou do Estado, ou, ainda, do Distrito Federal, 
apesar de silente a lei no particular. 
.. .. Em\>QI.as~ tratede urn atentado ao exercicio da jurisdiqii?, n~o deve-
ria o ;;;c;5o \TciO art. ·14. terTanaii.ZadO-aO"ent~-disiribmcf~r 'CiaTustica 
(UilT~o;·&t;do, Di~trit; F~d;~i) o val;~d~;; ~clta,-o qu~ ~6-~~~16ci::a 
q~,~-99_}J<8;9~~~.h!>_-~l~_p}§p~i_£?.-~J~~~-(ISi?~!~;j~"£I9r~~-~-~~-~-e.-~-~-~r~9:~e 
entrani no outro. - · 
,.~Ao fa!-;;; em inscri<;ao da multa na divida ativa, nao se den conta o le-
gislador de que tam bern os entes pllblicos sao parte emjuizoJ e, quase sem-
pre, os gran des transgressores dos mandados judiciais. Ter8. algum sentido 
essa sanyao, se, sendo parte o e;nte pUblico, vir a ser condenado quem de-vesse cumprir Ol! ado tar as providCncias tendentes a efetivayao do manda-
8 A \mica hip6tese em que o cumprimento se torna impassive! reside na imposs:·.~-~li9_qde 
7'=-~t-~=--~-·~--.,--:_..,.,_""'~--.,. -:--- ~--~---·o<~-.- ~-------'"•"---·"·~-~---~-,-------"·'··------·"·---~---·-----,-,--,. ao~olU!~A~rr9.Q..JiQ[~~~~riJP~l9.,:Q'~.f~E!:nina o jUrz que _urn-candidate seja admi __ ri~o~ rlUm 
cOOCUfso, _ m~s t~l- ce~~n1e nao ~-sta _se~d~-·promo~~--dO_l)ert)e~Y(pUbTiCO'Tild!&;ikCOs 
c~-~~~~~!!~?~;}:rnr~~-P§~~-~1~-~:~o.~-~~~e_r~-:-,- .. --- -- ---- "- -- -- · .. - -- · · 
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10 J. E. Carreira Alvim 
mento, e pao o fez - procuradores da Uniao, da Fazenda Nacional, do 
Distrito Federal, ministros de Estado, superintendentes de autarquia, presi-
. dentes de fundayao, diretores de departamento, chefes de repar!iyao, etc.-, 
pois, em tais casos, pode a multa ser inscrita na divida ativa; alem da aplica-
qao das sanyiies criminais e civis, se foro caso. 
Nao se suponha que, alcan9ando a condena9ao o servidor publico -
por nao cumprir ou por criar embarayo ao cumprimento da decisao ou sen-
tenya- possa 0 orgao ou entidade providenciar 0 recolhimento do valor da 
multa, pois, se o fizer, devera o ordenador de despesas ser responsabilizado 
pelo mal emprego de verbas publicas; isto porque, sea condenayao nao for 
dirigida ao ente publico, mas a quem (servidor publico, autarquico ou fun-
dacional) nao cumpre com exatidao a ordem ou cria embara9o ao seu cum-
primento, nao !he cabe assumir a respoJ?.Sabilidade em nome destes. 
Como o art. 14 fala em "aplicar ao$"'~o-/l-1dvet;inu!ta" por "nao cum-
"~""'"'''''~·-==,===-=·'"'·"'----- -=-c-~=-CO"'-- -'"'='·~'"--''"""·' ="""'-""='-~---;:,~_,c-,~-
prir com ex~tj<l,ag oSJ)roviJ.llenJQs mand<U1lent~is~:_<?U ~criarelJ1barayosa 
ereti'va9ao de_pro,~mentos judiciais", parece-visar mais diretamentei pes-
soa~ful\;'a'{i~cente-do-cami{o1J:::!ldii~Q;]lli~~g~~D1'!;)gl:i~_0rc0,nt!'~o 
cnte publico, do que a pessoa juridica. Al<~m disso, fala o preceito em impo-
s!~a0,~~~ril_ciltilJ£a~(ifclg~c_Q.Jii;"gi~Y,l<[l§~~!tc61gf\lt!}1.~}~ppe:~U; 
''aglr"ou "omitir-se"no interessedaefetividadedajlJrisdis:ao. Mas, como 
falatamb6m-ernsan9oesc!v!~quecompr~ende;,inclu~i:;;~ eventual inde-
nizayaO por perdas e danos, pode o entepublico ser con dena do a indenizar, 
alt\m de urn servidor seu ser condenado ao pagamento da multa. As san96es 
nao sao excludentes, mas cumulativas, pod en do incidir todas elas, seas cir-
cunstancias concretas o recomendarem. 
Nao apenas a viola91io do inciso V do art. 14 constitui ato atentatorio 
ao exercicio da jurisdi9ao, porque todos os demais (incises I a IV) tambem 
o configuram, mas, apenas pela violayao do disposto no inciso V sao im-
postas as penalidades previstas no paragrafo unico deste artigo, como soa 
literalmente este preceito. As demais condutas configuram litigancia de 
ma-fe, e, como tal, punidas igualmente com pena de multa, mas nos termos 
do art. 18, em valor nao excedente a 1% (urn por cento) sobre o valor da 
causa, e a indenizar a parte contraria- em favor de quem reverte esta multa 
- pelos prejnizos que esta sofreu, mais os hononirios advocaticios e todas 
as despesas que efetuou. 
Destarte, enquanto a multa relativa a violayaO do incise v do art. 14 
reverte em favor do ente publico, sendo passive! de ser, quando for outro o 
condenado, a multa relativa aos demais (incises I a IV) reverte-se em favor 
da parte contraria; enquanto o valor da primeira nao pode exceder a 20% 
C&digo de Processo Civil Reforrnado 11 
(vinte por cento) do valor da causa, o valor das segundas nao podera ex ce-
der a 1% (urn por cento) sobre o valor da causa (art. 18) . 
A previsao constante do parigrafo iinico do art. 14 busca alcan9ar, en-
tre nos, efeito equivalente ao contempt of court do direito anglo-americano. 
Art. 17. Reputa-se litigante de md-fe aquele que: 
1- deduzir pretensiio ou defesa contra texto e:.,. c.sso 
de lei ou Jato incontroverso; 
H- alterar a verdade dos fatos; 
JII- usar do processo para conseguir objetivo ilegal; 
IV- opuser resistencia injustificada ao andre- '~"to do 
process a,' 
V -proceder de modo temertirio em qualquer incidente 
ou ato do processo; 
Vl-provocar incidentes manifestamente infundad 
VII - interpuser recurso com intuito me . 
protelatorio. 
1.3, Casos de Iitigilncia de ma-fe. 
0 inciso VTI deste artigo foi acrescentado pela Lei n• 9.668, de 
23/6/98, aumentanrlo o elenco dos casos de litigiincia de ma-fe, ccc,,1 o que 
se desestimula a conduta do improbus litigator e prestigia a , ;e que 
deve presidir, real:mente, a condnta das partes em juizo. 
0 improbus i'itigator e aquele que se utiliza de procedimentos escusos 
como objetivo de: veneer, prolonga deliberadamente o andamento do pro-
cesso, procrastinallli)o o feito.9 
Embora, na doutrina, se entenda que as hipoteses. de ma-fe configu-
ram numerus clau.sus, sen do, portanto, taxativas, w observa Nelson Nery 
9 1\TERY JUNIOR,. "Nelson,•e.Ah'TIRADENERY, Rosa Ma.-ia. COdigo de Processo Civil 
Comentado, 3"' ed, Sao Paulo_: RT, i997, p. 288. 
10 ARRUDAALV!iM. CPCC, II, p. !49; BORGES, Coment, v. I, p. 28; LEAO. 0 liti-
gante de rr.li.jii, p. 37. Apudfo<'ERY JUN10R, Nelson et aL Op. cit., p. 288. 
12 J. E. Carreira Alvim 
que a taxatividade e relativa as hip6teses caracterizadoras da litigancia de 
ma-fe, mas nao a incidencia restrita do institute, porque 0 preceito da nor-
ma pode ser aplicado nos processes regulados por leis extravagantes, como 
na a<;ao popular, na a<;ao coletiva, no mandado de seguran<;a, nas a<;oes fa-
lenciais, etc. 11 
Se bern interpretado, no entanto, o art. 17, em cotejo como art. 16, 
ver-se-a que o que parece taxativo nao passa de um elenco meramente 
exemplificativo, e nem poderia ser de outra f01ma, sese considerar que ole-
gislador nao e adivinho nem possui "bola de crista!'' para prever todas as 
condutas processuais capazes de se comportarem no elenco de urn conceito 
tao fluido e indeterminado como e 0 de ma-fe. 
0 prop6sito da lei e, num primeiro momenta, responsabilizar por per-
das e danos todo aquele que pleitear de ma-fe, 0 que faz no art. 16, reputan-
do, implicitamente, litigante de ma-fe, todo aquele que adota qualquer 
conduta _cQn(r4_ria _a l?_oa-f_e "to:t_.l_!: ~()_u_fi_·:~·p_ortan~o,_ ao dizer, no art 17, __ que 
reputa-se de ma-fe o litigante que .adota uma das condutas descritas no~s 
seus diversos incises; contempla expressa:mente ~estas e, implicitamente, 
toda aquela que vista a mesma tUnica, o que faz com que o preceito assuma 
o cm·ater de numen1s apertus (nUmero ilirnitado) e nao de numentS clausus 
(numero limitado). 
Tanto assime que, apesar de s6agoraiii.aLei n'9.66S/98a punir ex-
pressamente a interposiyao de recurso com iiliuitO manifestamente protela-
t6rio, o Superior Tribunal de Justi<;a ja vinha, hii muito, considerando 
litigante de ma-fe a parte que faz tabula rasa da suajurisprudencia, opondo 
recursos infundados, em matCrias j<i superadas em incont3veis precedentes 
da Corte, condenando-a a indenizar a parte contraria nos termos do art. 18 
do CPC. 12 
II NERY JliNIOR, Ne!son. Op. cit., p. 288. 
12 '"PROCESSUAL - AGRAVO REGIMENTAL - DECISAO QUE NEGA 
SEGU!MENTO A RECURSO ESPECIAL CONTRAR!O A JUR!SPRUDENC!A 
DO STJ- L!TIGANTE DE MA-FE. 
I- Nega-se provimento a agravo regimental que prctende trazer a reexame, ac6rdio cujo 
dispositive coincide com a jurisprudencia dominante no Superior Tribunal de Justiya. 
II- Seo dispositive do Ac6rdao recmTido coincide com a jurispmdencia do STJ, e por~ 
que ele se afina com a Lei Federal. Recurso especiiil que o desafia e de manifesta im-
procedencia (AGRA 114.675-RS). 
C6digo rle Processo Civil Refonnado 13 
A responsabi)idade por perdase danos de quem pleiteia de ma-fe, 
como autor, reu ou interveniente (assistente, litisconsorte, opoente, etc.) 
deflui do disposto no art. 16, ocupando-se o art. 17 de caracterizar osprin-
cipais casas de ma-fe processual, e o mt. 18 do conteUdo da indeniza9ao 
devida pelo litigante de ma-fe. 13 
A iniciativa e das mais louvitvels, porquanto o grande responsavel 
pela morosidade da justiya niio e propriamente 0 tempo gas to no processo e 
julgamento da causa mi primeira inst&ncia, mas no processamento dos re-
cursos, que, de tao numerosos, faz com que a demanda comece numa gera-
<;ao e termine na proxima (au pr6ximas). Mais louvavel, ainda, porque os 
que mais recorrem como intuito protelat6rio sao os entes publicos (Uniao, 
Estados, Municipios e. respectivos entes estatais), objetivando retardar o 
triinsito em julgado da senten<;a. 
.Tal preceito fica pouco confortavel num sistema processual que adota 
a remessa necessaria, como o brasileiro, em que as causas envolvendo as 
pessoas juridicas de dire ito publico sobem ao tribunal, haja ounao a inter-
posi<;ao de recurso. Destarte, se elas recorrem nas causas sobre-materiaja 
pacificada no tribunal podem ser condenadas como litigantes de ma-je, 
mas, se nao recorrerem, os autos subira:o da mesma forma- tendo o reexa-
me de oflcio uma extensao muito maior que o recurso voluntario -, e nao 
III- Age como litigante de m3.-fe a parte que faz tabula rasa dajurisprudencia do STJ, 
opondo recursos infundados, em materias ja superadas em incontaveis precedentes da 
Corte. 
IV- A Caixa Econ6mica Federal, cntidade estata!, deveria acatar, prontamente, a ju-
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risprudencia do STJ._ , ____ 
V- 0 abuso do direito ao recurso, contribuindo para inviabilizar, pe!o excesso de tra-
balho, o Superior Tribunal de Justi;;:a, presta urn desservi90 ao ideal de Justiya nip ida e 
segura. 
VI - Condena~ao do litigante de maAe, a indenizar as partes contr:irias (CPC, Art. 
18)". (AgRg no AI n° 132.761/AC, rei. Min. Hwnberto Gomes de Barros, STJ, 1 aT., 
m., DJ de 2411!197, p. 61.134). 
No mesmo sentido: RJTJSP 1141165; RT 564/123; JTACivSP 106/354; BolAASP 
1679/SO.ApudNERY JUNIOR, Nelson. Op. Cit., p. 290. 
13 BARBI, Celso Agricola. Qp_ cit., p.IOI. 
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14 J. E. Carreira Alvim 
podeni haver condenayao a esse titulo, porque nao ten\ havido recurso. 
Nesses casos, a protelar;iio resulta diretamente da lei, que impoe a remessa 
necessaria em qualquer caso, indiferente ao fato de tratar-seounao de ma-
teria pacificada no tribunal, e para tais hip6teses nao impoe a lei qualquer 
sanyao. 
A norma deve s,r interpretada em consoniincia como sistema recur-
sal brasileiro, de forma que, embora pacificada a materia no tribunal de se-
gundo grau, nao sen\ protelat6rio o recurso se for interposto para os 
tribunais superiores, onde a jurisprudencia se orienta em sentido contrario, 
ou e divergente a respeito; isso porque, para se chegar aos tribunais supe-
riores o recurso deve14 passar pelos tribunals intermediarios.15 
Resumindo: se a jurisprudencia do tribunal de 2° grau estiver afmada 
com a dos tribunais superiores, 16 havera intuito protelat6rio, impondo-se a 
cominayao da multa; se a jurisprudencia do tribunal de 2° grau estiver afina-
da, por exemplo, com a jurisprudencia do Superior Tribunal de Justiya, mas 
desafinada com a do_Supremo_Tri\)un~lf,eclenll, a mulf:<ln}lo tera cabimento. 
---- - -- -- - - - - -·--. 
Art.: 18. ojutz, au tribunal, de oftcio ou a requeri-
mento, condenara o litigante de ma-fe a pagar multa niio ex-
cedente a um par cento sabre o valorda causae a il1dcmizar a 
parte contniria os prejuizos que esta sofreu, mais os honora-
rios advocaticios e todas as despesas que efotuou. _· .. 
§ J 0 Quando forem do is OU mais OS /itigantes de ma-fe, 
o juiz condenara cada um na proporqiio do seu respectivo in-
teresse na causa, ou solidariamente aqueles que se coliga-
ram para lesar a parte contraria. 
§ 2 o 0 valor da indenizar;iio sera des de logo fzxado pelo 
juiz, em quantia nao superior a vinte por cento sobre o valor 
da causa, ou liquidado por arbitramento. 
14 Salvo, evidenternente, nos recursos admitidos diretamente do juizo de primeiro grau 
para o STF, nas causas de aiyada, em que a Constitui¢o concede o recurso extraordi-
mirio. 
15 Exceyiio feita para as causas de alyada, como na Justiya do Traba~ho, em que tern cabi-
mento apenas o recurso extraordin3.rio, quando a demanda ascende, diretamente, da in-
ferior instfulcia ao Supremo Tribunal FederaL 
16 Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiya, Tribunal Superior Eleitoral e 
Tribunal Superior do Trabalho. 
1 C6digo de-Processo Civil Reformado 15 
1.4. Fonte da reforma - Incidencia da multa 
Este artigo ja havia sido alterado pela Lei no 8.952, de 13/12/94,17 e, 
veio de novo a ser modificado pela Lei n° 9.668, de 23/6/98,18 para incluir 
no caput a referencia expressa a "tribunal" -no que teria sido dispensavel, 
porque ja compreendido na expressao ']uiz"- e para impor ao litigante de 
ma-fe a condenayiio a umamulta niio excedente a 1% (urn por centc' . bre 
o valor da causa, mantendo, no mais1 o texto anterior, relative a in(>:;-J;.za-
yao pelos prejuizos sofridos, honorarios advocaticios e despesas efetuadas 
pela parte prejudicada. Os paragrafos nao sofreram qualquer alteraviio. 
A fonte de inspiravao deste preceito foi o pacigrafo unico, 1 a parte, 
do art. 538, com a redayao dada pela Lei n° 8.950/94, segundo o qual, quan-
do manifestamente protelat6rios os embargos (de declarayao ), o juiz ou tri-
bunal, declarando que o sao, condenara o embargante a pagar ao 
embargado multa niio excedente de um porcento sobre o valor da causa, 
. Considerou o legislador que a imposis:ae>de multa peh'j11tel}losi9~o 
de embargos de declaras:ao justifi~ava a imposiyaodeidenti~ap~niJida<le 
ao litigante de rna-fe, independentemente de indenizayaO :l.'parte cotitrana 
dos pnjuizos sofudos- a1ein dos honon\rios hdvocaticios e despesas c 
tuadas- no que andou bem;porquanto a litigiincia dema-fe, por sis! 
·importa na indenizayao deprejuizos- queprecisam serprovados -, m 
cidifaa rrmlta, qudndependedeles; ~ :::::.:._ = -, · ·· · · 
A multa pode ser imposta de oficio ou a requeriment6, como soa o 
preceito em exame, o mesmo sucedendo com a indenizayao a que se refere. 
Portanto, a partir da vigencia da Lei no 9.668/98, de 24/6/98 a multa 
com base no art. 18 deve incidir em qualquer recurso prote1at6rio, como, 
v.g., apelayao, embargos (infringentes, de declarayao ), agravo (retido, de 
instrurnento, regimental), e, inclusive, recursos ordim\rios constitucionais 
erecursos especial e extraordinario. Penso que ate o mandado de seguran<;:a 
contra ato judicial, quando admissivel, deve ser penalizado, se presentes as 
circunstancias que o revelem protelat6rio. Os arts. 17, VII, e 18 devem ser 
conjugados eom o art. 557, coma nova redayao dada pela Lei n° 9.756/98. 
17 A reday3o anterior era esta: "Art 18. 0 juiz de oficio ou a requerimento, condenani o 
litigante de rna-fe a indenizar a parte contr3.ria os prejuizos que esta sofreu, rna is os ho~ 
nocirios advocaticios e as despesas que efetuou." 
18 A Lei n° 9.668/98 nao resultou de sugestao da Comissao Revisora do C6digo de Pro-
cesso Civil, mas de iniciariva parlamentar. 
1 ... I I ~·· 
~ 
• I 
t~ 
20 J. E. Carreira Alvim · 
fviasr realmente, a lei nao diz expressamente em que momenta deve 
ser condenado o litigante de ma-fe, pelo que vou optar par uma solu9ao sa-
lomonica: se puder ser na sentenya, e aconselhavel que o seja pel as razoes 
apontadas; se nao puder, em razao da utili dade da condenayao, que deve ser 
imediata, podera ser par meio de decisao interlocut6ria. Esta ultima hip6te-
se podenl determinar,ainda, conseqUencias indesejaveis, sea parte benefl-
ciada resolver executm·, desde logo, a condenayao. 
Registre-se que o § 1° do art. 18 nao foi afetado pela reforma operada 
pe1a Lei n° 8.952/94, nem pela Lei n° 9.668/98, mantendo-se na forma ori-
ginal: "Quando forem dais oumais OS Jitigantes de ma-fe, 0 juiz condenani 
cada urn na proporyao do seu respective interesse na causa, ou solidaria-
mente aqueles que se coligaram para lesar a parte contriria." 
Art. 20. A sentem;a condenara o vencido a pagar ao 
vencedor as despesas que antecipou e os honorCtrios advoca-
ticios. Essa verba h(;morGria sera devida, tambem, nos casas 
em _que o advogado fimcionar em causa prOpria. 
- § I o Ojuiz"' ·cici decidir qualquer incident€ Ou fecurso, 
condenar(t nas desprisas o vencido. 
§ 2° AS despesas abrangem nao s6 as custas dos atos do 
_pr,oces~o, _co_mq__t.4!!ll?~_,!.LC!:_ t_ndeJJizw;!io d_e v_iager(l, cfi_clria de 
. _-:~-~~-:r~~!~!?!~!I?.h~:.e .. .rf!?ii#~~fi1:9!Ic?:ffo_:_q#~~(fiiz_t_~:!~~n.Jc;D .. __ _ 
§ 3° Os hcniorarios seriio fuados entre o minima de 
10% (dezporcento) e a maximo de 20% (vinte porcento) sa-
bre o valor da condena9iio, atendidos: 
a) o grau de zelo do pro fissional; 
b) o Iugar de prestaqiio do serviqo; 
c) a natureza e importdncia da causa, o trabalho reali-
zado pelo advogado e o tempo exigido para a seu serviqo. 
§ 4° Nas causas de pequeno valor, nas de valor inesti-
m6.vel, naquelas em que nCio houver condenar;:iio ou for ven-
cida a Fazenda Ptiblica, e nas execw;:oes, embargadas ou 
niio, os honorririos serCio fi.---rados consoante apreciar;:iio eqiii-
tativa do juiz, atendidas as norm as das alineas a, b e c dopa-
rilgrafo anterior. 
§ 5' Nas a9iies de indeniza9ao par ato ilicito contra 
pessoa, o valor da condenar;iio serti a soma das prestar;Oes 
vencidas como capital necesscirio a produzir a renda corres-
pondente as prestaqoes vincendas (art. 602), podendo estas 
C6digo de Processo Civil Reformado 21 
serem pagas, tambkm mensalmente, na fonna do § 2° do re-
ferido art. 602, inclusive em consigna9iio nafolha de paga-
mento do devedor. 
1.9. Hononirios advocaticios em embargos- Quando sao fixados 
0 art. 20, caput, nao sofreu nenhuma alterayao) vindo a ser modifica-
do apenas o § 4', estabelecendo que, "nas causas de pequeno valor, nas de 
valor inestimavel, naquelas em que nao houver condena<;ao ou for vencida 
aFazenda PUblica) e nas execw;Oes, embargadas au niio, os hononirios se-
rao fixados consoante aprecia9ao equitativa do juiz, atendidas as normas 
das alineas a, b e c do paragrafo anterior". Neste dispositive, foi apenas 
acrescida a expressao "e nas execur;Oes, embargadas ou niio", para extirpar 
duvidas de que a execuyiio tambem com porta a condenayao em verba ho-
noniria, tenha ou- nao havido embargos. 0. preceito compreende tanto as 
execu<;oes por titulo judicial quanta extrajudicial. 
A Sumulan°-l68 do eX:-TriburialFederalde Rectirsos::.: "0 en cargo de 
20%, do Decreta-Lei n° 1.025, de 1969, e sempre devido nas execu96es fis-
cais da Uniio e substitui, nos embargos, a condena98.0 do devedor em ho-
nor8.rios advocaticios"- nao e incompativel com as novas disposiy5es. 
Na execuyao, os hononlrios sao, em regra, fixados por ocasi3.o do de-
ferimento da initial, para a hip6tese de vir o executado a cumprir a preten-
sao e;,ecut6ria sem a oposi9ao de embargo$; se vier a opo-los, fica sem 
efeito a verba honoraria assim provisoriamente arbitrada, devendo o juiz 
proceder a sua fixa<;ao na senten<;a, nos mol des do disposto na Ultima parte 
do§ 4' do art. 20, considerando tanto a.atividade processual nos embargos 
como na execu<;ao. A possibilidade da fixayiio de honoririos, ao despachar 
0 juiz a inicial da execu<;ao, e pacificana doutrina30 e endossada pela pniti-
ca diutuma do foro. 
Tenha ou nao o embargante se insurgido contra o montante dos hono-
r3.rios fixados initio litis, no processo de execuyao - mesmo porque fixa-
dos, sub conditione, para a hip6tese de nao haver embargos -, nada impede 
venha o juiz a arbitri-los de forma diversa, por ocasiao do julgamento des-
tes. Ncsse sentido, orientou-se o Superior Tribunal de Justi9a, ao assentar 
que, nas execu<;oes por titulo extrajudicial, o juiz pode, par ocasiao do jul-
30 BER1v1UDES, Sergio. Op. cit., p. 14. DlNAMARCO, Candido RangeL Op. cit., p. 67. 
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22 J. E. Carreira Alvim 
gamento dos embargos do devedor, alterar, secundum eventum litis, o 
percentua) da Verba advocaticia, respeitado 0 maximo de Vinte por Cento.3 I 
Destarte, os honorfuios podem continuar a ser fixados in limine por 
ocasiao do despacho na petiyao da execuyao, para o caso de nao advirem 
embargos; se advierem, fica sem efeito aquela fixayao, cabendo ao juiz, 
quando do julgamento, arbitrar de novo a verba honorfuia, nos mQldes do § 4' 
do art. 20, abrangendo os dois processes. Para evitar que se alegue que os 
honormos foram fixados apenas nos embargos, restando arbitra-los para a 
execuviio, e aconselhavel que o juiz o fa9a de forma expressa. 
A doutrina sempre admitiu a possibilidade da condenayao em verba 
advocaticia nos embargos e na execuviio. Afirma Sergio Bermudes32 que, 
opostos os embargos (do devedor), o juiz, ao julga-los, arbitra os honora-
rios para o ,processo de execuyiio e para o de embargos, extintos com ou 
semjulgamento do_seumerito, seja este favoravel ou contni.rio ao devedor; 
caso em queuma so verbaabrange os do is processes, desnecessiria a quan-
tifi<;ayiio d<rparci;Ia;re}ativaa_cada um. Como e de saben9a correntia, a exe-
-cii9Ko~e os-~mbargos'diYdevedorconsi!tt!ern processes distintos: - -
CandidoDilllinUirCo adota a mesma diretriz, acentuando que, se sobre-
vierem embargos, asentenya que os julgar fixara os honorfuios ~a cargo do 
embargado ou d() embargante;cconforme o caso ~ de modo a remunerar a de-
- _ q~dafi1¢nt~9Jl ieiii~s_:-pr()_ii~]of1ili~ prestl)dos em_ ambos as processes 
( execuyiio e embargos).'3 •· 
- Aludin.d<l o§4"doart. io~ execu9oes, embargadas ou niio, nao dei-
xa duvida sobre o cabimento de hononi.rios em ambas as hip6teses ( embar-
gos e execu9ao); do mesmo-modo, a ·expressao execu9oes compreende 
tanto as por titulo judicial quanta extrajudicial. 
Art. 33. (Reproduzido no Capitulo II.) 
31 REsp. n' 13.722-0-SP, ReL Min. Padua Ribeiro, STJ, 2' T., m., DJ de 13/6/94, p. 
15_094. 
32 BERMUDES, Sergio. Op. ciJ., pp. 14-15. 
33 D!NAMARCO, Clndido Rangel. Op. cit., P- 67. 
C6digo de Processo Civil Refoirn3.do 23 
1.10. Pericia 
A reforma alcanyOU tam bern 0 art. 3 3' que trata da peri cia, a qual dedi-
quei urn titulo proprio, em face da sua complexidade (Capitulo II). 
Art. 38. A procura9iio para o foro, conferida por ins-
trumentopublico, ou particular assinado pel a parte, habilita 
o advogado a praticar todos os atos do processo, salvo para 
receber citar;iio inicial, confessar, reconhecer aproi::edeizcia 
do pedido, transigir, desistir, renunciar ao dire ito sabre que 
se funda a a9iio, receber, dar quitat;Jo e jirmar compromisso. 
1.11. Mandato. e representa~o processnais 
A nov:> reM<;:a_g_<ill<lr> a_o~:l~Jipen?Scsuprimiu_df!red<o.. ..te_rior a 
.expressao'~estando.(aproclfra~o}coma-firma reconhecida'',cori·o que, 
alem de desburocratizar a representayilO processua], fu2iiita'() acess'o da 
jYarte a justi9a. Alem disso, evita a nulidade de urn sem-numero de proces-
ses, que, pela falta dessa forrnalidade, vinha ·sendo decretada de oficio, 
mesmo quando nao suscitada pela parteadversa, 
Essa dispensaal~~n9a~i~ali!le;;t~;().;,!)itaoeiec;n;ento,:dad~que-ao 
acessorio deve-se dar o mesmo tratamento que ao principal. Equiparam-se, 
assim, a procura.;:ao eo substabelecimento, para os efeitos processuais, aos 
demais documentos utilizados pelas partes, comportando inclusive o inci-
dente de falsidade. 
Recentemente,vinha g-anhando corpo, os despachos determinantes 
da atualizar;Jo de procma<;:oes, como se o mandato tivesse a natureza de a to 
processual periodicamente renovavel. Tal providencia, adotada como re-
gra, alem de ilegal, burocratizava ainda mais o processo, contribuindo para 
retarda-lo, quando nao para sua extin9ilo semjulgamen.to do merito. 
Art. 45. 0 advogado poderti, a qualquer tempo, re-
nunciar ao mandata, provando que cientificou o mandante a 
jim de que,este nomeie substituto. Durante os dez (10) dias 
seguintes~ o advogado continuarii a representar o mandante, 
desde que necessaria para lhe evitar prejuizo. 
:-1-
24 _ Carreira Alvim 
1.12. RenU.nci2-. ao >nandato- Comunica~ao ao mandante 
Modifica(,o o art. 45, simplificou-se a renuncia ao mandado judicial, 
sem comprometer a defesa da parte, bastando ao advogadc comprovar que 
cientificou o mandante a fim de que este nomeie substitute; antes darefor-
ma, impunha-se a notificar;iio, que e mais do que uma mera cientificayao. 
Esta ultima pode ocorrer por qualquer meio (carta, telex, telegrama,fax), 
desde que provado o seu contet1do, podendo valer-se tambem do Oficio de 
Titulos e Documentos ou empresas particulares especializadas no genero. 
Sergio Bermudes admite ate a noticia oral, devendo, em qualquer hip6tese, 
haver inequivoco recebimento, pelo mandante, da manifestayao de vontade 
do advogado.34 
Realmente, se o advogado comunica ao seu ex-cliente, perante o es-
criviio ou chefe de Secretaria, que renuncia ao -mandata, tem;.se como cum-
pride o disposto no art. 45, sem mais forrnalidades, exceto·a certificayao 
nos autos. 
Nao fica afastada tambem -acientificaqao por edital, quando desco-
nhecid() o paradeiro da parte. 
Al't. 46. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mes-
mo processo, em conjunto, ativa ou passivamenteJ quando: 
I- entre elas houver comunhiio de direitos e obriga- . 
-,&s re/ativamente a lide; 
II- os direitos ou as obrigar;Of!S derivarem do mesmo 
fundamento de jato au de direito; 
III - entre as causas houver conexao pelo objeto ou 
pela causa de pedir; 
IV- ocorrer afinidade de questoes par um ponto co-
mum de jato ou de direito_ 
Pardgrafo (mica. 0 juiz poderd limitar o litiscons6rcio 
filcultativo quanta ao nUmero de litigantes, quando este com-
prometer a rripida solur;.iio do litfgio ou dificultar a defesa. 0 
pedido de limitac;iio interrompe o prazo para resposta, que 
recomec;a da intimm;iio da decisiio. 
34 BER.1vl.UDES, Sergio. Op. cit., p. 17. 
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C6digo de Processo Civil Refonnado 25 
1.13. Limita<;ao de litisconsorcio- Desmembramento do processo 
0 acrescimo de urn paragrafo unico ao art. 46, relativo ao lruscons6r-
cio, veio consagrar como norma de direito positivo o que j<i \inha senGo 
adotado por for9a da praxe, como respaldo dos tribunais: a limita<;ao cio 
nlimero de litisconsortesfacultativos. Sese tratar, porem, de litisconsorcio 
necessaria, nao podeni ter lugar a limitayao, em face da regra imperariva d.o 
art. 47, caput, porquanto a eficacia da senten<;a dependera da cita<;ao de to-
dos os litisconsortes no processo. · 
Dispoe o paragrafo unico do art. 46, acrescido pela reforma: 
"0 juiz poderi limitar o litiscons6rcio facultative qt12.nto ao nUm~ 
de litigantes, quando este comprometer a nipida solw;:iio do !itiglo ou d!fi-
cultar a defesa. 0 pedido de limitayao interrompe o prazO pz..-a r¢:.})0Sta, 
que recomeya da intimayiio da decisiio." 
A pratica demonstrou que o grande numero de litisconsortes (ceme-
nas,- as- vezes ); mormente ativos,- e- pemicioso.por -mais-de uma razao, mas, 
__ SObretudo, porque: a) dificulta a defesa do reu, as vo\tas COrn a identificaC 
9ao da real situa9ao juridica de cada au tor, e b) faz passar por identicas, si-
tuayoes juridicas apenas assemelhadas, quando nao totalmente diferentes_ 
Mesmo antes da reforma, nas demandas envolvendo militares, servido-
res e pensionistas, via-se o juiz _na conting€ncia de determinar o d~-membra­
mento doprocesso,para assegurar as partes igualdadede tratamento e velar 
pela rap ida soluyao do litigio (art, 125). 
Como o art. 46 nao distingue expressamente as diversas modalidades 
de litiscons6rcio, entende Nelson Nery Junio?5 que a limitayao pelo juiz . 
pode dar-se por qualquer dos casos de litiscons6rcio facultative: par afini-
dade de questoes, por conexao de causas, por comunhao de direitos e obri-
ga<;oes e pelo fato de direitos ou obriga<;oes derivarem do _mesmo funda-
mento de fato ou de direito. 
Embora o panigrafo Unico do art. 46 se refira a litiscons6rdo facuha-
tivo, a meu ver, a hip6tese compreende apenas o litiscons6rcio fun dado na 
"afinidade de questoes por urn ponto c0mum de fato ou de direito", ou se_ia, 
aquele que, requerido por uma das partes, depende da vontade da outra na 
35 NERY JUNIOR, Nelson. Atualidades sabre o Processo Civil. Sao Paulo: Revista dos 
Tribunais, !995, p. 29. 
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26 J. E. Carreira Alvim 
sua fonnayi'io e subsistencia. A essa modalidade litisconsorcial da-se o 
nome de litiscons6rcio facultativo proprio, 36 e vern contemplado no inciso 
IV do art. 46.37 
Quanta ao litiscons6rcio previsto no inciso ill desse artigo (fundado 
na conexao pelo objeto ou pela causa de pedir), o C6digo preve apenas a 
"reuniao de ay5es propostas em separado" (art. 105), que, a rigor, implica 
ti'io-s6 no apensamento dos respectivos autos e nao na reuniao de varias 
aqoes num mesmo processo;38 jamais autoriza a separayao. A conexao de 
causas prevista no art. 103, a que se refere tambem o art. 46, Ill, e apenas 
uma das varias hip6teses em que acontece a conexiio, pois esta existe tam-
bern quando ha, entre as causas, re]ayao de acess6rio para principal, como 
na denunciayi'io da lide, na reconvenyiio e na declarat6ria incidental.39 
Alias, o fundamento de ordem particular da conexao, e que aconselha are-
uniao ·das-ayoes, ejustamente tamar OS proceSSOS mais ce]eres e menos 
onerosos - no que coincide com o motivo determinante do desmembra-
mento -, havendo ainda (na conexi'io) urn fundamento de ordem publica, 
queeo.de evitar~sentenyascontradit6rias; eomeio natural de-impedir que 
··as· senten~aifsejamcc{}ntradit6rias ereunir asvarias aqoes perante omesmo 
juiz; e ate mesmo no mesmo processo, para que uma illlica seja a decisao.40 
Nao teria sentido (nem suporte legal) desmembrar-se urn processo.litiscon-
sorcial que;.por fundamento mais consistente ( conexao ), merece uma (mica 
decisao (art: l.OS);~soh o pretexto de que ele compromete a rapida soluviio 
do liti!iioQlidificultiui.defesa(arL46,.paragrafo Unico ). Como bemacen, · 
tua Frederico Mar~ues, "as causas conexas devem ser decididas em simul-
taneus processus". 1 · _ " 
36 Frederico Marques exemplifica com a hip6tese de varias pessoas proporem ayiio de re-
petic;ao de ind6bito contra a Fazencla Ptlblica a fim de obterem a devolm;:iio de impasto 
declarado inconstitucional (MARQUES, Jose Frederico. Instituit;Oes de Direito Pro-
cessual Civil, 1"' ed., Rio de Janeiro: Forense, 1958, v. 2, p. 237). 
37 0 litiscons6rcio facultative prOprio, tamb6m chamado recusive1, e aqueie que depen-
de da vontade das partes na sua fonnayao (tanto dos aut ores quanta dos reus). Se pro-
pasta a ayiio por virios aut ores contra urn rnesmo reu, se ele quiser, pod era requerer o 
desmembramento do processo (CARREIRA AL VIM, J. E. Elementos de Teoria Geral 
do Processo, 3a ed., Rio de Janeiro: Forense, 1995, p. 226). 
38 BARB!, Celso Agricola. Op. cit., p. 286. 
39 Ibidem, p. 284. 
40 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas deDi!eilo Processual Civil, 123 ed., Sao 
Paulo: Saraiva, 1985, v. 1, p. 282.41 MARQUES, Jose Frederico. Op. cit, p. 239. 
C6digo de Processo Civil Refonnado 27 
A hipotese contemplada no item II do art. 46 nada mais e do que uma 
especial modalidade de conexao, compreendida no item III. 42 
Ja a contida no item I e menos propicia ainda a desmembramento, 
pois decorre da existencia de comunhao criada pelo direito material, como, 
v.g., o condominia e a comunhao de bens no casamento. 
A limitayao do litiscons6rcio e recomendada quando nao houver "ho-
mogeneidade na causa de pedir e no pedido",43 pois, do contrario, deve sub-
sistir tal como proposto, ainda que grande o numero de au teres. 
1.14. Lirnita,ao e exclusao de litisconsorcio- Distinl'iio necessaria 
Como o paragrafo unico do art. 46 fala em "limitar" o litiscons6rcio 
facultative quanta ao nfunero de litigantes, sem maiores detalhes sabre o 
procedimento a adotar-se, Sergio Bermudes44 entendeu tratar-se de "ex-
clusiio" de litisconsortes, ou de urn certo nfunero de!es, autorizando-lhes a 
proposiiurade nova ayiio, em co~.urito; ou iSoladar1:iente: No riiesm<:_sentido, 
onenta-se Nelson Nery Junior, que sugere para esse flm a ado9ao subsi-
. dianado art. 80 doC6digode ProcessoPenaL 
· Essanao e,porelli,ameu:Yer;a%rdadeifa'exeg~se.:..:"::':'' ·-
:Na pratica di:utiiffia do foro;c-o-que a lei chama de "liiilltavao" ' 
sido denominado "deSmembramento"; o que significa desmeriibrar o r 
cesso e os autos, inaugnrando tantas rela9oes juridicas processuais (pre 
sos) quantos sao os grupos deautores ( ou reus) admitidos a litigar em jc. 
·· Des_tarte;~<J113Ild();Qor .exemplo, duzentos antares ajuizain uma a;, . 
contra: determinado reu, podera o juiz, de oflcio ( ari. 46, ]Jaragrafo ilhico, 1• 
parte) au a pedido do reu (art. 46, paragrafo unico, 2a parte), limitar 0 nu-
mero de litisconsortes ativos, o que ele faz atraves do desmembramento do 
42 Registra Celso Barbi que a especificay1io das hip6teses do item TI e superflua, porque 
os casas ali contemplados- direitos au obrigay5es derivados do rnesmo fundamento 
de fato ou de direito - sao abrangidos pelo conceito de conexao descrito no item IfT 
(BARBI, C;:lso Agricola. Op. cit., p. 160). 
43 REsp.n°55.7!7-SP,rel. Min. WilliamPattersan, STJ, 6'T., un.,DJde23/3/98,p.202, 
44 BER..M.UDES, Sergio. Op. cit., p. 19. 
45 Sustenta Nelson Nery Junior nao haver impedimenta para que o litisconsorte excluido 
do processo ajuize, sozinho, ayao judicial. A limitay3o litisconsorcial igualmente nao 
impede a reunHio de causas pel a conexiio (art. 1 05), significando dizer que as litiscon~ 
sortes excluidos podecio ajuizar demanda aut6noma e requerer a reuniao aquela origi-
miria parajulgamento do conjunto (op. cit., p. 31). 
Se assim e. esse objetivo pode ser cumprido como£; >:)1es desmembramento do pro-
cesso (e dos autos), com a anotayao no serviyo de 6:: <-mi~o. 
28 J. E. Carreira Alvim 
processo original em tantos grupos de autores quantos entenda razoR vel 
para diligir o processo, consoante o art. 125.46 
Como a ayao j<i foi proposta~ com elevado nlimero de litisconsortes, 
firmando-se, con1 a distribuiyilo, o juiz natural da causa, a exclusao pura e 
simples de alguns auto res, alem de niio ter apoio no paragrafo {mico do art. 
46, importa obstruir o acesso dos autores excluidos a justiya e embara-
yar-lhes pelo menos si et in quantum a jurisdi9iio. Definitivamente, nao foi 
essa a inteny~o da norma, nem resulta expressa ou implicitamente do seu 
comando. 
0 que cabe ao juiz fazer em tais casas e, primeiramente, determinar 
quantos seriio os grupos de litisconsortes,47 ji que a lei niio contem nenbu-
ma limitay3o in concreto, senao uma previsilo in abstrato. Como inexiste 
para esse fim urn criteria hermetico, deve o juiz orientar-se pela utilidade 
da providencia jurisdicional, em beneficia da rap ida administrayiiO da jus-
tiya. Podera en tender de limitar o litiscons6rcio a grupos de dez, vinte, qua-
renta ou mais autores, como pode tambem agrup3.-los, se possivel, com 
base na situa<;ao juridica de cada urn, buscando evitar passe gatopor lebre. 
No fundo, e uma questao de adniinistraqao do processo, que cada juiz con-
. cebe eexecuta a seumocio, em face da peculiaridade de cada caso. . 
Em seguida, profere o juiz despacho, determinando que os autores 
apresentem tantas c6pias da inicial ( devidamente aditada) e respectivos do-
(}llffient()s,_quantos foremos gruposdesmembrados, para fins de composi-
<;iio.dos novos autos .• --~-·- ••.• 
46 Decidiu o Tribunal Regional Federal da s~ Regiao que: "Pode o Juiz, em ateny3o aos 
prindpios. insculpidos no art 125 do CPC e visando rapidez e reguiaridade na prestayiio 
jurisdicional, limitar o nUmero de litisconsortes ativos por ayao, desde que, em nUmero 
excessive, apto a dificultar a andamento do feito" (AI 95.05.22602-0, rel. Juiz Ridalvo 
Costa, 3~T., un., DJ de 22i9195, p. 64.237). No caso concreto, nao foi necessaria a des-
membranJ.ento, por se tratar de materia identica (recomposiyao de vencimenros). 
47 Nelson Nery Junior entende naa ser licito ao juiz empreender a limitayao motivado 
apen.as por critCrio cranol6gico (e.g., "ficam na causa os vinte primeiros autareS" ou 
"os vinte primeiros reus", cumprindo-lhe fazt-lo de modo sistematico e orgfinico. Se 
nao hom·er nenhum outro criteria de fundo para a limitayao, al, sim, podera a juiz limi-
tar a formayao do litiscons6rcio levando em conta a criteria crono16gico (NERY 
Jl.JNIOR, Nelson. Op. cit., p. 30). 
No meu entender, se for possivel separar os grupos tendo em vista a situa9ao juridica 
decada urn, este deveni ser o criti:rio, mas a experiencia judicante demonstra que, qua-
se sempre, a criti:rio e mesmo o cronol6gico. 
C6digo de Processo Civil Refonnado 29 
Feito o desmembramento- que a lei chama de limitaqao- o juiz de-
termina a remessa dos autos ao servi<;o de distribuiyiio, para as providen-
cias relativas a autuayao e registro, prosseguindo) a partir dail como se fos-
sem processos ori¥inalmente distintos. 
Quanta as custas ja recolbidas no processo original, basta que, nao 
haven do acrescimo decorrente do desmernbrarnento, ordene o juiz a anota-
qao em cada urn dos processos derivados, fazendo cons tar que foram reco-
lbidas no primeiro; ou, se for o caso, que se proceda ao recolhimento das 
custas complementares. 
Ah;m de preservar o principia do juiz natural, o desmembramento 
rnantem todos os processos, por for9a da preven9ao e da conexiio, na com-
petencia de urn mesmo julgador ( aquele a quem fora distribuido o processo 
original), evitando que a pulveriza<;ao por grupos de autores determine sen-
tenyas contradit6rias; pode tainbem o juiz, finda a instruyao, usar da facul-
dade a que alude o art. 105, decidindo todas as a<;oes simultaneamente. 
··· Desfarte,X exCZusao48 de litisconsOrte poi falta de JegitiiniiJade; o1.l 
descabimento por ausencia de pressuposto de Slta formayiio49 e diversa da 
limita9iio do nlimero de Iitigantes, a que alude o § 4' do art. 20, dado que 
distintas as raz6es que os determinam. 
us; Limitas:ao de Iitisconsorcio.:.. Utilidaae-pratica.:.. Phiralidade 
· ·----de!latroiios ···· ·· -·'·····-·- · · ·-· - - ··· ---
A limita<;ao autorizada pelo panl.grafo linico do art. 46 deve a tender a 
urn criteria de utilidade, para evitar que, no caso de litiscons6rcio ativo, a 
defesa do reu seja prejudicada pelo elevado numero de autores e compro-
rnetida a celeridade processual, mormente quando, no curso da demanda, 
disseminam-se os patrocinios. Nesse caso, os prazos que eram simples pas-
sam a correr em dobro (art. 191), o queresulta em prejuizo a boa marcha do 
processo, em detrimento de uma das partes. 
48 Nelson Nery Junior, a exemplo de Sergio Bermudes, nao distingue a "exclusao" da "li-
mitay3.o" do litiscons6rcio, entendendo, ao que parece, que, para limitar se deva excluir, 
o que a meu ver nao acontece (NERY JUNIOR, Nelson. Atualidades sobre o Processo 
Civil.Sao Paulo: Revista dos Tribunais, 1995, pp. 28-32). 
49 BERMUDES, Sergio. Op. cit., p. 20. 
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30 J. E. Carrcirn Alvim 
Entretanto, deve-se ter em mente que a Constitui<;ao prestigiou as 
chamadas a(:ifes coletivas,"' exatamente para evitarque !ides, possiveis de 
serem resolvidas num Unico processo, venham a ser disseminadas par vi-
rios processes. Assim, se urn grupo elevado de pessoas, detentoras dames-
ma situa<;ao juridica -por exemplo, diwersos contribuintes em face de certa 
questao tributaria51 -, demandam emconjunto, nao hi uti/idade em limitar 
o litiscons6rcio, dado que, tratando-se de materia exclusivamente de direi-
to, nenhum prejulzo haveni para o Iiu; ao contrfuio, havera vantagens no 
acompanhamento de i:lm~Unico processo, em vez de varios.52 
0 principia da utilidade (Sergio Ja China)53 deve constituir, tambem, 
a pedra de toque do desmembramento. 
1.16. Limlta~iio de litisconsorcio a pedido do reu e ex officw-
Interrup~iio do prazo para re5posta 
~- ~ Cumpre distinguir alimitii~Q ileli.tiscons6rcio ex officio daquela que 
decorre de•pedido·dorell;.e!ll Yiifa.~ailiterr:upfiio ·do pnizo•·paranisposta. 
-- - -
Como e de saben<;a geral, a inlerropfifu~se distingue da suspensiio, por-
quanto, nesta, conta-se o lapso~m<lC>antesda causa suspensiva, que 
retoma seu curso; naquelll, cessadii ciUsa. interriiptiva, todo 0 prazo i:eco-
meya a correr por inteiro, ficarido nellitralizadoo tempo anterior. 
No caso de limita<;:a!J; de litiseo!is6reio;tem {,special relevo~qtide i-e-
sultante de pedido, que, gera!rllente; acontece ap6s a cita<;iio do reu, estan-
do em curso o prazo para resposta Tal comoposta na lei, se o reu vier a 
requerer a limitayilo no Ultimo dia desse prazo, teni restituido integralmente 
50 0 cons6rcio formado porvarios deJTandantes para o exercicio de ayao plurissubjetiva, 
em busca de urn mesmo bern da vlda e sob- -0 patiocinio de um mesmo advogado, gera 
universalidade de interesses reconhecida pelo direito. REsp. n° 142.996/SC, rei. Min. 
Humberto Gomes de Barros, STJ, l"T., un., DJ de 20/4/98, p. 32. 
51 0 Tribunal Regional Federal da ya Regiao decidiu que, tratando-se de materia identica, 
e desnecessaria a limi~o (AI n° 95.Gl5..n602-0, Rei. Juiz Ridalvo Costa, 3'" T., un., 
DJ 2219195, p. 64237). A materia veiSaVa recomposiyao de vencimentos. 
52 Neste sentido, REsp. n' 55.717-SP, uL Min. William Patterson, STJ, 6"' T., un., DJ de 
23/3/98, p. 202, assentanOO que a limit~o do 1itiscons6rcio s6 erecomendada quando 
niio ·houver ''homogeneidade na cau:;·a de pedir e no pedido". Precedente; REsp. n° 
68.304. 
53 LA CHINA, Sergj.o. Diritto Prace=te~le Civile. Milano: Giuffre, 1991, p. 528. 
COdigo de Processo Civil Refonnado 31 
o prazo de defesa, que recome9a a con tar por inteiro; de lege lata, inexiste 
duvida sobre esse alcance. 
Por isso, deve o juiz analisar, com cuidado, tais pedidos, quando for-
mulados no estertor do prazo para resposta, para evitar que atos do genera 
se transformem em pretexto para a sua interrupyiio, fazendo-o fluir de 
novo. Como a lei estabelece que o rnero pedido de limitayilo de litisconsor-
cio ji interrompe, pelo rnenos temporariamente, o prazo para resposta, o 
abuso de direito (processual) deve, nesses casos, ser severamente reprimi-
do. A subsistencia da interrupyilo dependeni de vir, ou nao, a ser o pedido 
deferido pelo juiz; se o juiz indeferi-lo, retorna o processo o '"" curso. 
1.17. Momento da limita~iio-Limita~o a pedido do Ministerio P11blico 
e de terceiros intervenientes 
Ao falar em prazo para resposta, o preceito disciplina a limita<;iio re-
querida pot OCasiaoda defesa, que e 0 momento em que normaJrnente OCOI-
re, mas. nadi iill.iJe(ie'VeilliiC.i"Ser·determiiia.(lidepois ddil,-ap6s a repllc.l . ~ 
(quando ti:ra ojuiZurnavisaom:ilisconip!etida Iioe), ou noutra fuse do 
processo, como, v.g., por ocasiao do saneadoi ou ate mesmo na audiencia 
de saneamento, sese constatar- ante os acontecimentos nelaregistrados-
que essa providencia pode assegurar soluyilo~mais rapida do litigio. 
· Se determinada, de oficio ou arequerimento; fora do prazo de respos-
ta:, estando em curso algum outro prazo~.:."que evidentementenao sera ~'de . 
resposta-, ter-se-a este, igualmente, porinterrompido ex vi/egis, s6 vol-
tando a fluir ap6s resolvido o incidente. Nilo restringindo a lei o pedido de 
limita9iio apenas ao reu, pode tambem vir a ser requerido pelo Ministerio 
PUblico, nas causas em que deva intervir, ou, eventualmente, por terc-eiro, 
quando a hip6tese comportar. Muitas modalidades de intervem;:ao deter-
ceiros nao comportam tallimitayii.o. 
Alias, o terceiro, ao formular o pedido de limitayiio, ja niio sera um 
"terceiro", senao parte. No exemplo formulado porSergio Bermudes54 -de 
rnuitas vitirnas de um mesmo acidente pedirem a reparayao dos respectivos 
danos, associando-se nurna mesma ayaO -, a denunciayiiO da ]ide pelo reu a 
seguradora, permitini a esta que, aceitando-a, conteste o pedido (art. 75, I), 
podendo, em vez de contestar, requerer a limitayilo, seen tender que, de outro 
54 BER.1\1UDES, Sergio. Op~ cit., p. 13. 
ii 
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36 J. E. Carreira Alvim 
tentattva. de concilia9'' c , '" audiencia de instru<;ao e julgamento do art. 448; 
b) criou-se mais uma <'xtunidade de conciliayao no novo art. 331, quando 
tern lugar a audi€ncia preliminar; c) instituiu-se o clever do juiz de tentar, a 
qualquertempo, conciliar as partes, pouco importando a fase em que esteja 
o processo (no comeyo, no meio ou no fim), quando pressentir (ou for cien-
tificado} que haja clima para concilia<;ao. 
Essas possibilidades, ao contnirio do que se pensa, nao depoem con-
tra o pr.ncipio da celeridade, nao estando o juiz impedido de proferirjulga-
mento antecipado da !ide, ao largo de todas essas audiencias, o que lhe 
pennite a parte inicial do novo art. 331. 0 que se pretendeu, in casu, foi res-
tabelecer o procedimento oral, prestigiando notadamente os principios da 
imediatidade e da concentra<;ao, 
L22; Conciliadores privados e atividade jurisdicional 
EnterideSergioBefrizudes56 que nada impede queo juiz se valha de 
conciliadores, selecionados entre pessoas de envergadura moral, qualifica-
. <;ao especifica e larga experiencia (v.g., ex-magistrados, advogados, especia-
listas n.aquestiio objeto do litigio ), invocando a figura do conciliador dos 
jui~d.os:4l':Rell1lS'!HlS pe,usas (l:10je, Jnizados Especiais Civeis e .Criminais ) .. 
· ·•··· ······~· '"X'nn!Iilli'irarece'"~ue;''hlltes~de~lei'oispol'·acrespeit~;a·concili~vao 
. continua senCiin,tojurisdicional e, portanto, atribui<;ao do jniz; que nao 
pode delega-la a outrem, ainda que serventuiuio da justi9a. De lege feren: 
da, rnerece aplausos a sugestao de Sergio Bermudes; mas, de lege lata, nao 
ba como dar -!he cumprimento. 
Art. 132. 0 juiz, titular ou substituto, que concluir a 
audi€ncia,julgarti a fide, salvo se estiver convocado, licencia-
do, afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado, 
casas em que passarci os autos ao seu sucessor. 
Partigrafo unico. Em qualquer hip6tese, o juiz que pro-
ferir a sentenqa, se entender necessaria, podera mandar re-
petir as pro vas }a produzidas. 
56 BER.c'V!UDES, Sergio. Op. cit., p. 22. 
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C6digo d.e Processo Civil Refonnado 37 
1.23.Identidade fisica do juiz (Lei n' 8.b37/93) 
Essa altera9ao niio e produto das recentes reformas, tendo sido intro-
duzida peiaLei n' 8.637, de 31 de maryo de 1993, que, alem de te-!o altera-
do no caput, desdobrou-o no preceito que veio a ronstituir o paragrafo 
unico, com pequena modifica<;ao redacional. · 
0 artigo esta relacionado ao principia da ideniidade }!Sica, que vin-
cula o jniz instrutor ao processo, cabendo-lheproferii" a decisao da causa. 
Antes da alterayao, o principia era aparentemeute mais eiastico, de-
vendo o juiz que iniciasse a audiencia concluir a ill>"i:ruyao e julgar a !ide, 
salvo as hip6teses nele referidas; agora, apenas o jnizque concluir audiencia 
julgani a !ide. Tanto antes quanta depois dessa altera<;iio, sernpre se :fucultou 
ao novo jniz repetir, se entendesse necessiuio, as pmvas ja produzidas. 
1:-=c-- A divergenciaque se instaurousobre a extensii<l do tenno "iniciar a 
. ::L:cc .. :'C:c:"_audiencia" levouo ex-Tribunal Federalde.Recursa; a eJ<:pdir_<i Siin)u!an° 
___ .,..,!_, ____ ~--"-"-~-- --------·-· - -· l•cc:•~C:::c cz62, assentarido qiie: "Nao se vincula ao processo pjuiz que nao colheu 
l•;I; ;:-- ~ :Prova erii aiidiencia".-RegiStraiiiii-se; iw eritanto, ruversos julgados con-
--t,~~i?'-:-:-: _________ ·tnlrios a-esse enunciado.57 . . 
~:i..:..:::.~·~c>. · · · · · · 
T -: : .. 0 dissenso entre o que ''fazia" ou "nao fazia~parte da instru<;ao tam-
_.:if~~~~-=-~:~=e!~!::~:~~:~t::~~~~~~;;~::~;;;::!n~~t:ra~r~::;jiji_as .. }!~·:·~·· · ...... Na verdade, o que queria dizer o preceito alterado era que o juiz que 
fttGT'-· ·· · iniciasse a audiencia, concluindo a instruyao, deveria julgar a !ide; do con-
1~~~--· ·- -- tririo; se iniciada, mas nao concluida a instruyao, os autos passavam ao seu 
_-f sucessor, que deveria conclui-la, mandando repetir, se necessirio, as pro-
' I vas ja produzidas. A tanto servia a ultima parte do antigo preceito. 
! 1. Em sede doutrinaria, ensinava Celso Agricola Barbi, 58 ainda com 
~t base na antiga redayao, que a regra aplicava-se au titular e ao substitute, 
4- mas a expressao ''iniciar a audiencia" devia ser entendida em _harmonia 
.:ot 
·:Col coma finalidade do institute, is to e, s6 se aplicaria aregra se o juiz houvesse 
· -~ _c ·---- colhido depoimento pessoal, ou de testemunhas, <>ll se ouvira os esclareci-
:[ . mentes verbais do peri to. Se, iniciada a aucliencia, mo houvesse concilia9ao 
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57 RT 48!/!38, 494/l58, 495/92; RF 258/276. Apud NFJGRAO, Theotonio. C6digo de 
Processo Civil, 21a ed:, p.-119. 
58 BARB!, Celso Agricola. Op. cit., p. 328. 
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38 J. E. Carreira Alvim 
entre as partes, e a colheita daquele tipo de prova nao se iniciara, nao have-
ria razao para 0 juiz ficar vinculado a causa. 59 
Ap6s a alterayao, somente fica vinculado ao processo o juiz que con-
cluir a audiencia, quer dizer, o que concluir a instruyao do feito, com a co-
lheita da prova (oral) em audiencia; niio aqueie que presidiu pa11e, apenas, 
da instruqiio. 60 • 
0 termo "concluir a audiencia", na nova lei, tern o sentido de "concluir 
a instruyiio", da lei anterior, afinando-se a doutrina e a jurisprudencia preva-
lentes. 
A complexidade da prova pode ser de tal ordem que, iniciada a sua 
produ9iio sob a dire9iio de umjuiz, venha a ser conclulda sob a de outro; a 
este ultimo compete o julgamento da !ide. Se, niio obstante concluida a au-
diencia, tiver o juiz instrutor sido convocado, licenciado, afastado por qual-
quer motivo, promovido ou aposentado, deve passar os autos ao seu 
sucessor, que pod era, se entender necessano, :nlandar repetir a prova oraL 
· · ···· -Not2.damente, M"l:llJi6iese'~'ae""Con:Vaca9ao~e ticenciameiz/0 ronm. .. 
bern lembraClas pelo ·legisfador, poiscinum(!i()iiiutos ae processos.}aziinn 
nos escaninhos dos foros, emil aucliencia ei:Jcerrada, a espera do retorno do 
juiz nesta situayiio, o qne demorava as vezes meses ou anos. Emboraniio se 
refira o artigo a remoyiio do juiz, o legishidoiminus dixit quam vo/uit (disse 
menos do que queria), estai:Jdo.tamoeme!a' c()ffipreendida no preceiiO; 
-- - - . -------- -·---··-· .. ·----· ---- -- - -- - - . 
alias, niio teria sentidO queo juizproi1!ovidoperdessea competencia Gllris-
diyao) sobre o processo, o juiz removido nao, se, em am bas as hip6teses 
ocorre a sua transferencia para outra comarca 
Observe-se tambem uma impropriedade ideol6gica no paragrafo Uni-
co, quanta ao momenta darepeti9ao das provas, pelo que deve soar asslin: 
"Em qualquer hip6tese, o juiz, antes de proferir a senten9a, se entender 
necessaria, podera mandar repetir as provas ja proferidas". 
59 Ibidem. 
Art. 162. Os atos do juiz consistiriio em sentenr;as, 
decisiJes interlocut6rias e despachos. 
§ 1 'Sentenqa e o ato peio quai o juiz poe termo ao pro-
cesso, decidindo ou niio o merito da causa; 
60 Nesse sentido, Conflito de Competencia n° 94.05.3042().8, Rei. Juiz Castro Meira, 
TRF-s• Reg., Pleno, un., DJ de 31/10194, p. 62.256. 
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C&digo de Processo Civil Reformado 39 
§ 2 'Decisiio interiocut6ria e o ato pelo quai o juiz, no 
curso do process a, resolve questiio incidente; 
§ 3° Siio despachos todos OS demais atos do juiz prati-
cados no processo, de oficio ou a requerimento da parte, a 
cujo respeito a lei niio estabelece outra forma. 
§ 4' Os atos meramente ordinat6r.ios, como a juntada e 
a vista obrigat6ria, independem de despacho, devendo ser 
praticados de oficio pelo servidor e revist6s pelo juiz quando 
necessdrio. 
1.24. Desburocratizayiio do processo 
A refonna poupou ao juiz a pratica de atos rotineiros do processo, 
como siioos despachos de mero expediente, estabelecendo o § 4', acresci-
do ao art 162, que "os atos meramente ordinat6rios, como a juntada e a vis-
la obrigat6ria, 61independem de despacho, deveudo ser praticados de c ,, · · 
pelo.servidorereviStos pelojuiz; quando necessario'':Ao juiz; comJ.e 
revisao do ato, para conigir-lbe eventuais erros. 
Ao dizer que tais atos independem de despacho, quis dizer o legisi 
que, para tais casos, basta urn simples termo, que e 0 ato processuala cargo 
do serifel1tuko,comp_rol:>at<)rio<la pri\tiCado ato. Em outros termos, alei 
. dispensou OS de,;pachos, porque este sao atos p~O~;;-SSUaiS a cargo do jmz, 
Os atos ordinat6rios s~o os despachos de mero expediente, chamados 
· sirnplesmente "despachos" peb art. 162, § 3', aos quais se equiparam os 
denominados termos processuais (de juntada, de vista), constituindo, na 
pnitica, a grande massa dos atos ja padronizados, a cargo do serventuario 
encarregado desse senic;:o. Esse servidor nao precisa sequer ser bacharel 
em direito- nem, necessariarnente, ser o escrivao ou chefe de secretaria-
podendo ser aquele em cujas atribui<;iies se insira a pratica desses atos, pois 
tudo sera feito sob a supervisao do juiz. 
Nao consubstanciando despacho ou decisao, mas simples termos, po-
dem ser revistos a qualquer tempo pelo juiz, pois nao se sujeitam a preclu-
sao; tambem nao admitem recurso, porque nao se trata de ato judicial 
61 0 elenco e exemplificativo, compreendendo outros atos, como a extray1io de peyas 
para iF.struir agravo de instrumento nos termos do art 525, ajuntada a que se refere o 
art. 526, e!C. -
44 l E. Carreira Alvim 
§ 4° Niio se efetuando a cita9iio nos prazos menciona-
dos nos par/J.grafos antecedentes, haver:.se-6 par nfio inter-
rompida a prescri9iio. 
§5° Niio se tratando de direitos patrimoniais, o juizpo-
derd, de oficio, conhecer da prescri9iio e decreta-l a de ime-
diato. 
§ 6° Passada em julgado a senten9a, a que se refere o 
pardgrafo anterior, o escrivfio comunicard ao reu a resulta-
do do julgamento. 
1.27. Prescri~iio- Intenup~iio 
6preceito coritido·no art. 219 e·dos maiscontrovertidos, tendo sido 
mimtido o sen caput- «Acita<;aovalida torna preventoo juizo, induz litis-
·. pendenciaefa2 litigicisaa:coisa; .;:-aind~:q:,;an.<ro;o!deriil_niiporjuiz.incom­
petente, constitui ein .mora o devedore inierro:inpe ·a-prescri9ao" ~ e 
alterados seus §§ 1", 2"·e3", preservados osdemais(§§'4";

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