Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
i'l ' _, '· . , :I ISBN 85-02-02354-3 obra complete ISBN 85-02-03554-1 volume 9 Dados lnternacionais de Cataloga~ao na Publicagao (CIP) (Camara Brasileira do Livre, SP, Brasil) Gonqalves, Victor Eduardo Rios Dos crimes contra o patrim6nio, volume 9 I Victor Eduardo Rios Gonya!ves.- 4. ed. rev. e atual.- Sao Paulo: Saraiva, 2001.- (Coleyao sinopses jurfdicas) 1. Direito penal 2. Direito penal - Brasil 1. Titulo. 11. Serie . 01-3227 4234 CDU-343(81) indice para catalogo sistematico: 1. Brasil : Dire ito penal 343(81) (\!···ito~ \,..--4 Saraiva Avenida Marques de Sao Vicente. 1697- CEP 01139-904- Barra Funda- Sao Paulo· SP Tel.: PABX (11) 3613-3000 - Fax: (11) 3611-3308 - Fone Vendas: (11) 3613-3344 Fax Vendas: (11) 3611-3268 - Endereyo Internet: http://www.editorasaraiva.com.br Fl!lais AMAZONASJROND6NIAJRORAIMAJACRE Rua Costa Azevedo. 56- Centro FoneiFax: {92) 633-4227 t633-4 782 Mana us BAHIA/SERGIPE Rua Agripino D6rea. 23- Brotas Fone-: (71} 381 -5854/381-5895 Fax: (71} 381·0959-Salvador BAURU!SAO PAULO Rua MonsenhorCtaro. 2·55'2·57- Centro Fone: { 14) 234-5$43-Fax: ( 14) 234-7 401 Bauru CEARA/PIAUi/MARANHAO Av. Filomeno Gomes. 670- Ja.carecanoa Fone:{85)238-2323/238-1384 ~ Fax: (85) 238-1331- Fortaleza DISTRITO FEDERAL SIG OD 3 Bl. 8 - Loja 97- Setor Industrial Grafico Fone; (61) 344-2920/344-2951 Fax: (61) 344-1709- Bras1lia GOtASffOCANTINS Av. lndependimcia. 5330 - Setor Aeropono Fone: (62) 225-2882/212-2800 Fax: (62) 224-3016-Goiilnla MATO GROSSO DO SULJMATO GROSSO Rua 14 de Ju!ho. 3148- Centro Fone: {67) 382-3682- Fax: 16/l 382·0112 Campo Grande MINAS GERAIS Rua Padre Eust<i.quio. 2818- Padre Eust<i.quio Fone:t31)3412-7080-Fax:(31)3412·7085 Belo Horizonte PARAIAMAPA Travessa Apinages. 186- Batista Campos Fone: (91) 222-9034/224-9038 Fax: t91)2244817 -Be!em PARANA/SANTA CATARINA Rua Conselheiro laurindo. 2895- Prado Vetho F0!1e!Fax: (41) 332-4894 Curiliba PERNAMBUCO/PARAiBAJR. G. DO NORTE Rua Corredordo Bls;». 185-Boa Vista Fone: !81) 3421-4246 Fax: t81 )3421-4510-Aecife RIBEIRAO PAETOISAO PAULO Rua Padre Feij6. 373- Vila Tiberio Fone:(16)61o-5843 Fax: J16\ 610--8284 -Ribeirao Preto RIO DE JANEIRO/ESPIRtTO SANTO Rua Visconde de Santa Isabel. 113 a 119- Vita Isabel Fone: 121) 2577-9494- Fax: (21) 2577 ·8867 12!577-9565 Rio de Janeiro RIO GRANDE DO SUL Av. Ceara. 1360- Sao Gera.tdo Fone: (51 l 3343-1467 13343· 7563 Fax: !51) 3343·2986 -Porto Alegre SAO PAULO Av. Marques de sao Vicente. 1697 (antiga Av. dos Emissaries) - Barra Funda Fone: PABX {11) 3613-3000-SOO Paulo ~ cloo \ 1. Furto lNDICE TiTULO II DOS CRIMES CONTRA 0 PATRIMONIO CAPiTULO! DOFURTO 1.1. Furto notumo ··-···--··--····-----··-------··---··-·---·------· ..... 1.2. Furto privilegiado ···-··-······--·--·····--------··--·---·-··-···· 1.3. Furto qualificado ....................... ----···--··----·······-··· 1 A. Furto de coisa com urn ···-···-·--···--···-··--·-·-···---·--···· CAPiTULo II DO ROUBO E DA EXTORSAO 1. Roubo ................... ·--·············-···----·-·-··--··--··-···-·---······ 1.1. Roubo proprio ·-·····---·····--····-·-···---··---··-·-·-·-····--··· 1.2. Roubo impr6prio ............................................... .. 1.3. Causas de aumento de pena ................................ . 1.4. Roubo qualificado ·-···-····-··---··-··----·----------·-····-···· 2. Extorsao ..................................................................... . 2. L Causas de aumento de pena ····-----·-·-·-····-·····---··· .. 2.2. Extorsao qualificada -··-···-·--·-····--·-··----··-··-···-······· 1 8 9 ll 18 20 20 24 27 32 37 40 41 v ft''<·-~.: ._, ~-.c:,!.-'0-sJ~~¥ .11 ;~'~ >'I ;j .i "i :~;; ,II :t' . ."! 1-.• ~~ 3. Extorsiio mediante seqiiestro ..................................... . 3 .1. Form as qualificadas ............................................ . 3.2. Aumento de pena ................................................ . 3.3. Dela~iio eficaz .................................................... . 4. Extorsiio indireta ........................................................ . CAPiTULO III DA USURPA<;AO l. Altera~iio de limites ................................................... . 2. Usurpa~iio de aguas ................................................... . 3. Esbulho possess6rio ................................................... . 4. Supressiio ou altera~iio de marca em animais ............ . CAPiTULO IV DODANO l. Dano simples ............................................................. . 1.1. Dano qualificado ................................................ . 1.2. A~iio penal .......................................................... . 2. Introdu~;iio ou abandono de animais em propriedade alheia ......................................................................... . 3. Dano em coisa de valor artistico, arqueol6gico ou 41 44 46 46 47 49 49 50 51 52 54 57 57 hist6rico ...................................................................... 58 4. Altera~;iio de local especialmente protegido ............... 59 CAPiTULO v DA APROPRIA<;AO INDEBITA I A . - . d'b" . propna~;ao m e Ita .................................................. . 1.1. Causas de aumento de pena ................................ . 1.2. Apropria~;ao indebita previdenciaria ................... . 2. Apropria~;iio de coisa havida por erro, caso fortuito ou for~;a da natureza ...................................................... .. VI 59 64 66 67 2.1. Apropria~iio de coisa havida por erro .. , ...... ,...... 67 2.2. Apropria~iio de coisa havida por caso fortuito ou for~;a da natureza ............................................... 70 3. Apropria~;iio de tesouro ............................................. 70 4. Apropria~ao de coisa achada .................................... 71 5. Forma privilegiada .................................................... 73 CAPiTuLo VI DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES 1. Estelionato ................................................................ 7 4 1.1. Forma privilegiada............................................. 80 2. Disposi~;ao de coisa alheia como propria ................. 80 3. Aliena~ao ou onera~iio fraudulenta de co is a propria .. 81 4. Defrauda9iio de penhor ............................................. 82 5. Fraude na entrega de coisa........................................ 83 6. Fraude para recebimento de indeniza\(iio ou valor de seguro ........................................................................ 83 7. Fraude no pagamento por meio de cheque ............... 84 8. Causas de aumento de pena ...................................... 88 9. Duplicata simulada ................................................... 88 9 .1. Falsidade no livro de registro de duplicatas ...... 89 10. Abuso de incapazes ................................................... 90 11. Induzimento a especula~;ao ....................................... 91 12. Fraude no comercio .................................................. 92 13. Outras fraudes ...................................... .. ................... 94 14. Fraudes e abusos na funda~;ao ou administraliiio de sociedade por alifies ............................. ..................... 95 VII ,,,:.-···1"'--•"" --~r;J-'tl;.~·-? .1-t .!}({' ·t\\~·}0'~t~·q !..-:l1 'l..:~~v_l-/\ :..·'j.~~ ~-~)'.' --~'r-.\''i\ ~.,~:J~--~ h~~n.-·.r· .... \~' ... · ~~~,~ . ~ .. ,' J .·, :1 ·J .J 15. Emissao irregular de conhecimento de deposito ou warrant..................................................................... 98 16. Fraude a execw;:ao.....................................................99 CAPITULO Vll DA RECEPTA<;AO 1. Recepta<;:iio do1osa .................................................... 100 1.1. Recepta<;:iio propria............................................. 100 1.2. Recepta<;:iio impropria ............. ........................... 108 1.3. Causa de aumento de pena ................................. 109 1.4. Recepta<;:iio qualificada ...................................... 110 1.5. Recepta<;:iio privilegiada . ................... .... ........... .. 114 2. Recepta<;:iio culposa .......... ............... .................... ...... 114 2.1. Perdiio judicial .... ..... ....... .......................... ...... .. . 116 CAPiTULO VIII DISPOSI<;OES GERAIS 1. Imunidades absolutas ..... ......... .. ................................ 117 2. Imunidades relativas .. .. ... .. ... .... ......... .... .. .. .. .. .. .......... 119 3. Exce~oes ................................................................... 120 VIII TtruLoll DOS CRIMES CONTRA 0 PATRIMONIO 0 Titulo II do Codigo Penal possui oito capitulos, sendo que os sete primeiros tratam dos crimes em especie, e o Ultimo, denominado "Disposi<;:oes Gerais", estabelece algumas imuni- dades em rela<;:iio aos delitos tratados nos anteriores. l.FURTO CAPiTuLO I DOFURTO Art. 15 5, caput - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia m6vel: Pena - reclusiio, de um a quatro anos, e multa. 1. Elementos do furto a) Subtrair. 0 nucleo do tipo do furto eo verbo "subtrair", que significa tirar uma coisa do poder de alguem, desapossa-la, ou, em outras palavras, apoderar-se do bern da vitima e, sem permissao, retira-lo da sua esfera de vigiliincia, com o fllll de te-lo em defiuitivo para si ou para terceiro. Pode-se concluir, dessa forma, que existe furto ate mesmo quando a propria viti- rna entrega o bern ao agente, e este, sem autoriza~ao, leva o objeto. E o que ocorre, por exemplo, quando alguem entra em uma loja, pede para ver urn utensilio qualquer e, ao recebe-lo, 1 ~S'iJd!;,'?"f]!<.-N• :~~n'{~\~~·~f_!.,., '.(·1'~-~1"·"!· ~qt ~C\'~ ·"f>\):·'"~ -:,:'-\i:· .... i}l\·\'-"•':• :~tlfA"~D~~ ':-' . \ .· .,-. ;i, / f j 'I -; ~ .. _,; J' ~::/' ,, . , :5 sai correndo. Percebe-se, pois, que a palavra ;<subtrair" abrange tanto a hip6tese em que 0 berne tirado da vftima quanto aquela em que ele e entregue espontaneamente, e o agente, sem per- missao, retira-o da esfera de vigilancia daquela. Neste ultimo caso, o furto distingue-se da apropria<;:ao indebita, porque, nes- ta, a vftima entrega uma posse desvigiada ao agente, enquanto no furto a posse deve ser vigiada ( e a subtra<;:ao consiste justa- mente na retirada do objeto dessa esfera de vigilancia). Assim, se alguem est<i lendo urn livro em uma biblioteca, coloca-o na bolsa e leva-o embora, o crime sera o de furto, mas, se o agente retira o livro da biblioteca com autoriza<;:ao para que a leitura seja feita em outro local e dolosamente nao o devolve, comete apropria<;:ao indebita . Por outro !ado, pouco importa para a caracteriza<;:ao do furto que a vftima presencie ou nao a subtra<;:ao. 0 furto somente dara Iugar ao roubo quando existir emprego de violencia, grave amea<;:a ou qualquer outro recurso que reduza a vftima a inca- pacidade de resistencia. Prevalece, nesse contexto, o entendi- mento de que o crime e de roubo na a<;:ao dos chamados "trombadinhas" ou "trombadoes". b) Coisa alheia m6vel. E o objeto material do furto, uma vez que s6 os bens m6veis podem ser subtrafdos, ja que apenas eles podem ser retirados da esfera de vigilancia da vftima. Os bens im6veis, portanto, nao podem ser furtados, sendo de se salientar que, para fins penais, sao assim considerados apenas aqueles que nao podem ser levados de urn Iugar para outro. Logo, os bens que o C6digo Civil ou legisla<;:6es especiais equi- param a im6veis, mas que podem ser transportados, sao consi- derados m6veis para fins penais e, dessa forma, podem ser ob- jeto de furto. Ex.: navios e aeronaves. · Os animais e os semoventes, quando tiverem dono, podem ser objeto de furto. 0 furto de semoventes (gado) e conhecido pelo nome de ;<abigeato". E tambem possfvel a subtra<;:ao de terra ou areia (extra<;:ao clandestina) e de arvores, desde que o fato nao constitua crime previsto na Lei Ambiental (Lei n. 9.605/98). 2 Para que uma coisa possa ser considerada alheia, de forma a que o furto se aperfei9oe, e necessiirio que tenba dono, pos- suidor ou detentor, ou seja, que nao perten9a itquele que estii apoderando-se do objeto. Dessa forma, se por erro plenamente justificado pelas circunstiincias o agente supoe que o objeto !he pertence, nao responder.i pelo furto em face do erro de tipo. 0 crime de furto possui urn elemento normativo que justa- mente se encontra na necessidade de a coisa ser alheia. Coisas que pertencem a todos, chamadas de "coisas de uso comum", como, por exemplo, o ar, a agua dos rios ou dos ma- res, somente podem ser objeto de furto quando destacadas do local de origem e desde que estejam sendo exploradas por al- guem, como no caso da agua encanada, do gas Iiquefeito etc. Veja-se, todavia, que o desvio ou o represamento, em proveito proprio ou alheio, de aguas correntes alheias constitui crime de usurpa<;:ao (art. 161, § 12, I, do CP) . As coisas que nunca tiveram dono, chamadas de res nullius, nao podem ser objeto de furto. As coisas abandonadas, denominadas res derelicta, tam- bern nao podem ser furtadas, ja que o proprio C6digo Civil res- salta que aquele que encontra coisa abandonada e dela se apo- dera passa a ser seu legftimo proprietiirio (p. ex., urn animal, coisas velhas que foram jogadas pelo antigo dono etc.). 0 apoderamento de coisa perdida (res desperdicta) consti- tui crime especffico, denominado "apropria<;:ao de coisa acha- da", previsto no art. 169, paragrafo 6nico, II, do C6digo Penal. E de se ressaltar, entretanto, que urn objeto somente pode ser considerado como perdido quando esta em local publico ou de uso publico. Por isso, comete crime de furto quem vai a casa de uma pessoa e encontra urn objeto que estava sendo procurado por esta e apodera-se dele. 0 art. 155, § 32, do C6digo Penal, por seu tumo, equipara a coisa m6vel a energia eletrica, bern como qualquer outra for- ma de energia que tenha valor economico (terrnica, meciinica, 3 :1 'I <:f'.~~';t-'·""'~·)l· ~' -~;:1f%{~ii(tl~-: ~}~j~\~i{ ·\.'" . ' ' . t: ,j ','l -~ :) '~ nuclear etc.). Trata-se de dispositivo que tern naturezajurfdica de norma penal explicativa, e, gra\;as a ele, e facil concluir que existe furto quando uma pessoa faz liga\;iiO clandestina da rede eletrica publica ou de outras residencias ate a sua propria casa. A subtral?iio de semen tambem e considerada uma forma de furto de energia (energia genetica) . 0 ser humano niio e coisa e, por isso, niio pode ser objeto de furto. Sua subtra\;iio pode caracterizar, entretanto, crime de outra especie, como, por exemplo, rapto, extorsao mediante seqtiestro, subtra<;iio de incapaz etc. Por sua vez, objetos que os seres humanos utilizam para complementa\;iiO estetica ou auxf- lio de suas atividades, como pemas posti\;as, perucas ou denta- duras, podem ser furtados. A subtra<;iio de cadaver humano ou de parte dele, contudo, pode tipificar o furto, desde que o corpo perten\?a a alguem e tenha destina\;iiO especffica, como, por exemplo, no caso de subtra<;iio de cadaver pertencente a uma faculdade de medicina ou a urn laboratorio que esteja sendo utilizado em estudos ou pesquisas. Fora dessas hipoteses, o crime sera o de subtra<;ao de cadaver ou parte dele, previsto no art. 211 do Codigo Penal. A subtra91io (remo91io sem autoriza<;iio) de orgao de pes- soa viva ou de cadaver, para jim de transplante,constitui crime previsto no art. 14 da Lei n. 9.434/97. c) Fim de assenhoreamento definitivo. Quando se estuda o elemento subjetivo do crime de furto e insuficiente dizer que ele e doloso. E necessaria, ainda, lembrar que, para a caracteri- za<;iio dessa infra<;iio penal, o agente deve possuir uma inten91io especffica de ter o objeto para si ou para terceiro de forma niio transitoria. E a exigencia do animus rem sibi habendi, ou seja, 0 agente deve ter a inten<;iio de niio devolver 0 bern a vftima. Assim, se o agente subtrai o objeto apenas para usa-lo mo- mentaneamente e depois o devolve, niio responde pelo crime, porter havido mero furto de uso. Para que exista o furto de uso sao necessarios dois requisitos: 4 - Subjetivo: inten9ii0, desde o in(cio, de uso momenta- nco da coisa subtrafda. Se o agente a subtrai com fulimo de assenhorearnento definitivo e, depois da consmna~:ao do furto, arrepende-se e devolve-a a vftima, responde pelo crime de fur- to (com a pena reduzida de l/3 a 213, em face do "arrependi- mento posterior", descrito no art. 16 do CP). - Objetivo: restitui~:ao imediata e integral do objeto a vf- tima. Em raziio disso, a jurispmdencia entende que niio existe o furto de uso quando 0 objeto e abandonado em local distante daquele em que foi subtrafdo ou quando e apreendido danifica- do. Tarnbem havera crime quando for feito uso prolongado e nao merarnente momentaneo do objeto. 0 furto de uso niio se confunde com o estado de necessida- de. Quando ocorre uma subtr~iio com a finalidade de afastar peri go atual em rela<;iio a outro bern jurfdico do agente ou de terceiro, configura-se o estado de necessidade. E o caso, por exemplo, de quem subtrai mn carro para socorrer alguem que esta acidentado, correndo risco de vida. No furto de uso, por sua vez, basta que o agente queira usar momentaneamente o bern, sem que tenha consentimento da vftima para tanto. Nesse caso, esta ausente o "animo de assenhorearnento definitivo" e, portanto, niio M crime. 0 furto de uso, entretanto, niio pressu- p6e qualquer situa<;iio de perigo. 2. Sujeito ativo. Qualquer pessoa, exceto o dono da coisa, ja que o tipo exige que esta seja "alheia". Em razao disso, se uma pessoa faz mn emprestimo e deixa urn objeto empenhado como credor como garantia da dfvida e, posteriormente, entra na casa deste eo subtrai, niio comete cri- me de furto, porque o objeto continua a !he pertencer, uma vez que o contrato de penhor niio transfere a propriedade ao credor e, assim, niio se trata de coisa alheia. Nessa hipotese, estara tipificado o delito descrito no art. 346 do Codigo Penal, que pune quem subtrai coisa propria que se encontra em poder de terceiro em raziio de contrato ou determina~:ao judicial. 5 ( ' ( ( 'I"· ·, ., .. '. .:1 ~ J< ,, 'J ~ i Por outro !ado, urn credor que subtrai bern do devedor, a fim de se auto-ressarcir de dfvidaja vencida e nao paga, co mete o crime de exercfcio arbitrario das proprias razoes (art. 345 do CP), que e urn delito contra a administra~eao da justi~ea. Fica afastada nessa hipotese a incidencia do crime de furto, pois sua existencia pressupoe que o agente tenba a inten~eao de gerar dano patrimonial a vftima, 0 que nao existe quando ela e ape- nas de auto-ressarcimento. 0 funcionario publico que subtrai ou concorre para que seja subtrafdo bern publico ou particular que se encontra sob a guarda ou custodia da Administra~eao, valendo-se de alguma facilidade proporcionada por seu cargo, comete crime de peculato-furto (art. 312, § 12). 3. Sujeito passivo. 0 dono, possuidor ou detentor do bern. A vftima pode ser pessoa ffsica ou jurfdica. E indiferente que possua a coisa em nome proprio ou de terceiro. Nao importa tambem se a posse e ilegftima. Por isso, co- mete crime o ladrao que furta objeto anteriormente furtado por outro ladrao. E que. neste caso, apesar de o objeto nao perten- cer ao primeiro furtador, e ele considerado coisa alheia em rela- c,:ao ao terceiro. Em tal situa;;:ao. a vftima e o efetivo proprieta- rio do objeto. e niio o primeiro ladrao. 4. Absor;;:ao a) Quando o agente entra na casa de alguem para furtar, o crime de violac;:ao de domicflio fica absorvido pelo furta (prin- cipia da consunc;:ao. segundo o qual o crime-meio e absorvido pelo crime-fimJ. b) Se o agente. ap6s furtar, destroi o objeto, o crime ·de dano fica absorvido. Trata-se de post factum impunfvel, pois nao ha novo prejufzo a vftima. c) E se, '!p6sJYXl'!I •. Q .<;~gf!nt.e xende o objt;JQ '! terct;jro (le b f'0 lb' . ~ \' 1' ' . "" ' ' '.:1 "' ?_~-,.e .. ; '\ · ',J"'f'A\jlJL f)- }&.J ~!J\Yl-!'((,.. fL ! trJJ1UJ.:v{Vj-- .Z7:~0JfY-{)_,\}) Tecnicmpente haveria dois crimes, pois existem duas viti- 1 mesdlf~r~ili~s:um.~dQfijJio~Qqtia~docri!Iie dt;'d'isposi9~o. de )\ ') 6 A @liS(Jl ad@ncia, entretanto, P~E rl!Z~~ depolftica crimi- / nal,veill entendendoque osubtiiJO d<)estelionato fica absorvi- t~ d(),pojs com ~v~pdiJ. 0 agente estaria apenasfaze!ldolucro em / rela.c,:iio aosobjetos subtrafdos. 5. Consuma~o. Existem viirias teorias acerca do momento consumativo do furto, sendo que, ja ha muito tempo, adotou-se a chamada teoria da "inversao da posse". Por essa teoria nao basta que o agente se apodere do bern. 0 furta so se consuma quando o objeto e tirado da esfera de vigilancia da vftima, e o agente, ainda que por breve espa;;:o de tempo, consegue ter sua posse tranqiiila. Por isso, ha mera ten- tativa se o sujeito pega urn objeto, mas a vftima sai em perse- gui;;:ao imediata e consegue dete-lo. Ha casos, entretanto, em que o furto deve ser reconbecido como consumado ainda que o ladriio e o bern permane;;:am no ambito patrimonial do lesado. E, por exemplo, o caso de em- pregada domestica que se apodera de uma joia da patroa e a esconde em urn local da casa, para depois, sem despertar sus- peitas. transporta-la para outro lugar. Neste caso, ainda que a j6ia seja recuperada antes de ser tirada da casa, e necessaria que se reconhes;a que desapareceu, por parte da vftima, mesmo que momentaneamente, a possibilidade de exercer seu poder de livre disposic,:ao sobre a coisa, e o crime, portanto, se consumou. 0 furta e crime materiaL 6. Tentativa. E possfvel em todas as modalidades do furta (simples. privilegiado e qualificado). Apesar de serem exigidas para fins de consumac,:ao a reti- rada da coisa da esfera de vigilancia da vftima e a posse tran- qliila, ha que se ressaltar que a existencia de prisao em flagran- te niio implica necessariamente o reconbecimento da tentativa. como, por exemplo, no caso do flagrante ficto ou presumido. 7 --: 1j t --l.:t. }Jv:sf}fj~»L )!· 0 o'l ';,\~_r::>~'. -~·-- .. ,J' . t~ ... ·.:". :J " i previsto no art. 302, IV, do C6digo de Processo Penal, que per- mite que o agente seja preso algum tempo depois da subtra9ao. Ha, por outro !ado, forte divergencia na doutrina acerca da conseqtiencia jurfdica da hip6tese em que o agente poe em exe- cu9ao o crime, abrindo a bolsa da vftima, por exemplo, mas nada consegue subtrair porque ela havia deixado todos os seus pertences em casa. Damasio E. de Jesus e Celso Delmanto en- tendem haver crime impossfvel por absoluta impropriedade do objeto. Nelson Hungria e Heleno C. Fragoso acreditam que ha tentativa de furto. ja que a ausencia do objeto e meramente aci- dental, casual, transit6ria, sendo, pois, relativa a impropriedade do objeto. 7. Furto famelico. E o furto praticado por quem, em esta- do de extrema penuria, e impelido pela fome a subtrair alimen- tos ou animais para poder alimentar-se. Nao ha crime nesse caso, pois o agente atuou sob a excludente do estado de neces- sidade. 1.1. FURTO NOTURt'\10 Art. I 55,§ F-Apena aumenta-se de um terr;o, se o crime e praticado durante o repouso noturno.Trata-se de causa de aumemo de pena que somente se apli- ca ao furto simples. E. pois. incabfvel nas hip6teses de furto qualificado. que ja possuem pena majorada em abstrato. Repouso uoturno e o perfodo em que as pessoas de .uma certa localidade descansam, dormem, devendo a analise ser fei- ta de acordo com as catacteristicas da regiao (rural. urbana etc.). Assim, para que o aumento seja aplicado, o crime deve rer sido praticado durante tal periodo de repouso. nao bastando, pois, que o fato ocorra ii noite. Por outro !ado, apesar das divergencias. prevalece o enten- dimento de que o aumento s6 e cabivel quando o furto ocorre: 8 T--·· ! I) Em casa ou em algum de seus compartimentos (gara- gem, quintal, vatanda etc.}. Assim, nao se aplica quando o cri- me e praticado na rua, em bares, restanrantes, estabelecimentos comerciais, onibus etc. 2) Em local habitado, excluindo-se, desse modo, casas desabitadas, abandonadas, residencia de veraneio na ausencia dos donos, casas que estejam vazias em face de viagem dos moradores etc. 1.2. FURTO PRIVILEGIADO Art. 155, § 2"- Se o criminoso e primlirio, e e de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusao pela de dete111;ao, diminuf-la de um a dais ter- r;os, au aplicar somente a pena de multa. Requisitos: 1) 0 agente deve ser primano. 0 C6digo Penal nao define primatiedade, sendo, pois, de se considerat primano todo aquele que nao e reincidente. Assim, ap6s o transcurso do prazo de cinco anos a que se ref ere o art. 64, I, do C6digo, o agente volta a ser primario e novamente passa a ter direito ao reconheci- mento do privilegio. Ha, entretanto, alguns julgados exigindo que, alem de pri- mario, seja o reu portador de bons antecedentes. Essa exigen- cia, todavia, nao consta do texto da lei e deve, pois, ser afastada. A condena9ao anterior por contraven9ao penal nao retira a primatiedade pata quem posteriormente comete urn furto e, portanto, nao impede o privilegio. 2) A coisa subtraida deve ser de pequeno valor. Adotou-se urn criterio objetivo quanto ao conceito de coisa de pequeno valor, considerando-se como tal aquela que nao excede a urn salario mfnimo. Nao se deve, assim, compatat o valor do obje- to furtado com a situa9ao financeirada vftima, pois,nesse caso, 9 '~ •!!I ; .. . ·~ ·~ ~ o furto de urn carro para uma pessoa de muitas posses acabaria sendo considerado uma subtra~ao de coisa de pequeno valor. Para se saber o valor do objeto e necessaria uma avalia~ao formal, realizada por peritos, da qual sera lavrado urn auto. Apesar das divergencias jurisprudenciais, predomina o en- tendimento de que deve ser analisado o valor do objeto por oca- siao da subtra~ao e nao o efetivo prejufzo da vftima em caso de eventual recupera~ao do bern. A lei e expressa em exigir "pe- queno valor da coisa furtada", ao contrario do que ocorre no estelionato privilegiado (CP, art. 171, § J2), em que menciona "pequeno prejufzo". No caso de tentativa de furto, deve-se Ievar em conta o valor do objeto que o agente pretendia subtrair. Como reconhecimento do privilegio. o C6digo Penal per- mite que o magistrado opte por uma das seguintes conseqUen- cias: a) substitua a pena de reclusao por deten9ao; b) diminua a pena privativa de liberdade de urn a do is ter9os; c) aplique somente a pena de multa. Apenas as hip6teses a e b podem ser cumuladas, em razao de serem as duas unicas que nao sao incompatfveis. Apesar de a lei dizer que o juiz "pode" tomar uma das tres atitudes previstas na lei. e pacffico que, uma vez presentes os requisitos legais, a aplica~ao do privilegio e obrigat6ria, ja que se trata de direito subjetivo do reu. No entanto. nao se pode confundir o privilegio, em que existe condenaqao do reu com uma pena abrandada, com o prin- cipia da insignificdncia ou bagatela - aceita pela maioria da doutrina -, em que nao se reconhece a existencia de justa cau- sa para a propositura da aqao penal em virtude de nao haver interesse na movimentaqao da maquina judiciaria. pois, neste caso, a lesao ao bern juridico (patrimonio) e irris6ria, infima, como, por exemplo. na subtra9ao de uma folha, de uma rosa, de urn alfinete etc. 10 Saliente-se, entretanto, que, apesar do valor economico ir- ris6rio, o fato constituira crime se o bern tiver valor afetivo (uma fotografia, uma lembrano;_;a etc.). Esta e tambem a opiniao de Damasio E. de Jesus, Magalhaes Noronha e Julio F. Mirabete. Ha, por outro !ado, serias divergencias acerca da possibili- dade de aplicao;.:iio do privilegio ao furto qualificado. A opiniao majoritaria e no sentido de que ela nao e possfvel porque a gra- vidade desse delito e incompatfvel com as conseqiiencias mui- to brandas do privilegio. Alem disso, a posi9ao geografica dos paragrafos ( 0 privilegio no § 22, anterior as qualificadoras dos §§ 42 e 52 ) indica a inten~ao do legislador de que o privilegio somente seja aplicado ao furto simples e noturno. Existe, todavia, entendimento de que os institutos podem ser aplicados conjuntamente, sob o argumento de que a lei pe- nal nao veda expressamente tal hip6tese. 1.3. FURTO QUALIFICADO As qualificadoras atualmente estao previstas nos §§ 42 e 5" do art. 155 do C6digo Penal. No§ 42, haquatro incisos tratando das qualificadoras, sen- do a pena, em todos eles, de reclusao, de dois a oito anos, e multa. Se forem reconhecidas duas ou mais qualificadoras, uma servira para qualificar o furto e as demais serao aplicadas como circunstancia judicial, ja que o art. 59 do C6digo Penal estabe- lece que, na fixao;.:ao da pena-base, o juiz levara em conta as circunstdncias do crime, e todas as qualificadoras do§ 42 refe- rem-se aos meios de execuo;_;ao (circunstancias) do delito. Art. 155, § 4!!.- A pena ide reclusiio de dais a oito anos, e multa, se o crime i cometido: I - com destrui<;iio ou rompimento de obstticulo a subtrm;iio da coisa. 11 ,, ""·' ·;.~. 6. -- {~-~- ":f .~ l!i ! ~ ~ i Como exemplos mais corriqueiros devem ser lembrados o arrombamento de trincos, portas, fechaduras, cofres, a destrui- c;ao de janelas etc. Estes sao os chamados obstaculos passivos, mas tambem estiio abrangidos pela qualificadora os ativos, como as armadilhas e os alarmes, desde que sejam desarmados de forma violenta ou destrufdos. 0 simples fato de desligar urn alarme, todavia, niio configura essa qualitlcadora, pois, nesse caso, nao ha rompimento ou destruic;ao. / . Nao.se podeconsiderar urn cao de guarda como obstact~lo \ ~ n9 sentido tecnico da palavra. Assim, a morte do. cao podera / ~caracterizar crime de dano e niio a qualificadora em analise. ~ Veja-se tambem que o fato de alguem tentar furtar urn car- ro e nao conseguir porque este e dotado de alarme ou corta- combustfvel nao leva ao reconhecimento de crime impossivel, pois vefculo nao e objeto inid6neo para ser furtado, eo autor do deli to poderia ter conseguido desarmar o alarme ou levar o au- tom6vel de alguma outra forma ( empurrando, guinchando etc.). Assim, nao ha impropriedade absoluta, mas sim relativa. A simples remoc;ao de obstaculo, como desparafusar jane- la ou retirar telhas, nao qualifica o crime no inciso I, ja que nao hii rompimento ou destruiqao. Lembre-se. ainda, que e necessaria que a conduta atinja algum obstaculo que impec;a a apreensao ou remoqao do objeto que o agente pretende subtrair e nao parte dele. Em razao desse entendimento, nao se aplica a qualificadora quando o agente destr6i o quebra-vento de urn autom6vel para levar o proprio carro, mas, quando o objeto visado e, por exemplo, uma bolsa que esta no interior do veiculo, a qualificadora se aperfei~oa. Tambem existe esta qualificadora quando e arrombado o cadeado de urn portao para que seja furtado o carro que esta na garagem.A qualitlcadora prevista no inciso I somente tern vez quando o rompimento/destruiqao ocorre antes ou durante a consuma- qiio do furto. ou seja, quando funciona como meio para a sub- tra~ao do bern. Por isso, o crime de dano fica absorvido. Por 12 outro lado, se, depois de consumado o crime, o agente quebrar uma janela, sem que isso tenha sido necessario para a consu- mac;ao do delito, respondera por furto simples e crime de dano, em concurso material. N a pratica exige-se a elaborao;ao de peri cia para constatar o rompimento/destruio;ao do obstaculo, ja que se trata de infra~ao que deixa vestigios (art. 158 do CPP). Saliente-se, apenas, que, se os vestfgios tiverem desaparecido de forma a impossibilitar a pericia, a prova testemunhal podera supri-la (art. 167 do CPP). Art. I 55,§ 4!l, II (IE hip6tese)- com abuso de contl- an~a, ou mediante fraude, escalada ou destreza. Essa qualificadora pressupiie dois requisitos: a) Que a vftima, por algum motivo, deposite uma especial confianc;a no agente (amizade, parentesco, relao;oes profissio- nais etc.). A mera rela~;ao empregatfcia, por si so, nao configura essa especial situa~;ao de confian~;a. Depende, pois, do caso concre- to, uma vez que determinados empregos nao pressupoem qual- quer especie de relacionamento ou contato entre patriio e em- pregado. Ate mesmo para os empregados domesticos a jurispruden- cia vern exigindo a demonstra~;ao de que, em virtude do empre- go, o patriio dispensava uma menor vigiHincia sobre seus per- tences. b) Que o agente se aproveite de alguma facilidade decor- rente dessa confian~;a para executar a subtrac;ao. Assim, se, nao obstante a relac;ao de confian~;a, o agente pratica o furto de uma maneira que qualquer outra pessoa po- deria te-lo cometido, nao havera a qualificadora. Essa modalidade de furto qualificado tern urn aspecto em co mum com o crime de apropriaf,;iiO indebita, ja que em ambos !3 :· -.· ·.-,.: -.d ;t'.': . ,. '"" ~- -~~- I ·~ '3 ~ .il i ocorre uma quebrada contian~;a que a vftima deposita no agen- te. A diferen~;a entre essas infra~;oes penais, todavia, e clara, pos- to que, no furto, o agente retira objetos da vftima aproveitando- se da menor vigilancia dispensada em razao da confian~;a, en- quanto na apropria~;ao indebita a propria vftima, por ter certa confian~;a no agente, entrega-lhe o bern, e ele nao o devolve. Art. 155, § 4"', II (2!l hip6tese)- com abuso de confi- anr;a, ou mediante fraude, escalada ou destreza. Fraude e o artiffcio, o meio enganoso usado pelo agente, capaz de reduzir a vigilancia da vftima e permitir a subtra~;ao do bern. 0 uso de disfarce ou de falsifica~;oes constitui exemplo do emprego de fraude. 0 furto mediante frau de nao se confunde como estelionato. Naquele. a fraude visa diminuir a vigilancia da vftima e possi- bilitar a subtra~;ao. 0 bern e tirado da vftima sem que esta per- ceba que esta sendo desapossada. No estelionato, a fraude visa fazer com que a vftima incida em erro e entregue espontanea- mente o objeto ao agente. A jurisprudencia, entretanto, vern entendendo que existe furto mediante fraude na hip6tese em que alguem, fingindo-se interessado na aquisi~ao de urn vefculo, pede para experimen- ta-lo e desaparece com ele. Art. 155, § 411, II (311 hip6tese)- com abuso de con- fianr;a, ou mediante fraude, escalada ou destreza. Escalada e a utiliza9ao de via anormal para adentrar no local onde o furto sera praticado. A jurisprudencia vern exigindo para a concretiza~;iio des sa qualificadora o uso de instrumentos, como cordas, escadas ou, ao menos, que o agente tenha necessidade de realizar urn gran- 14 de esfor~o para adentrar no local ( transpor urn muro alto, janela elevada, telhado etc.). Por isso, quem consegue ingressar no local do crime pulando urn muro baixo ou uma janela terrea nao incide na forma qualificada. A escava~ao de tune! e utiliza~ao de via anormal para in- gressar no locus delicti e, assim, tipifica o crime qualificado. An. I 55, § 4!!, II ( 4" hip6tese) - com abuso de con- fianr;a, ou mediante fraude, escalada ou destreza Destreza e a habilidade ffsica ou manual que permite ao agente executar uma subtra~ao sem que a vftima perceba que esta sendo despojada de seus bens. Essa qualificadora apenas tern aplica~;ao quando a vftima traz seus pertences junto a si, pois apenas nesse caso e que a destreza tern relevancia (no bolso do palet6, em uma bolsa, urn anel, urn colar etc.). Se a vftima, no caso concreto, percebe a condnta do agen- te, nao tern aplica~;ao a qualificadora, pois niio ficou demons- trada a especial habilidade do agente. Nesse caso, ha tentativa de furto simples. Por outro !ado, se a conduta do agente e vista por terceiro, que impede a subtra~;iio sem que a vftima perceba o ato, ha tentativa de furto qualificado. Se a subtra~;ao e feita em pessoa que esta dormindo ou encontra-se embriagada, existe apenas furto simples, pois niio e necessaria habilidade para tal subtra~;ao. Art. 155, § 4!!, III- com emprego de chal'e falsa. Considera-se chave falsa: a) a imita~;ao da verdadeira, obtida de forma clandestina ( c6pia feita sem autoriza~;iio ); 15 _:, ,, ·~ •!i! 3 ; ,;'} ! b) qualquer instrumento, com ou sem forma de chave, ca- paz de abrir uma fechadura sem arrombii-la: grampos, "mixas", chaves de fenda, tesouras etc. A utiliza.;;ao de chave verdadeira, obtida de forma fraudu- lenta ou mediante furto, pode caracterizar apenas a qualificadora do emprego de fraude. Prevalece, por sua vez, a opiniao de que nao se aplica a qualificadora do uso de chave falsa na chamada "Iiga.;;ao dire- ta", ja que, quando isso ocorre, nao ha emprego de qualquer objeto sobre o ponto de igni.;;ao no paine! do veiculo. Art. 155, § 4B, IV- mediante concurso de duas ou mais pessoas. A qualificadora e cabivel ainda que urn dos envolvidos seja menor ou apenas urn deles tenha sido identificado em razao da fuga dos demais do local. Divergem a doutrina e ajurisprudencia acerca da necessi- dade da presenqa de duas ou mais pessoas no local do crime praticando os pr6prios atos de execu.;;ao do furto. Nelson Hungria e Celso Delmanto entendem que a qualificadora so- mente se aplica quando ha pelo menos duas pessoas executan- do diretamente a subtra<;iio, pois apenas nesse caso o furto e cometido com maior facilidade, de forma a dificultar eventual defesa da vitima sobre seu patrim6nio. De outro lado, Damasio E. de Jesus e H. Fragoso interpretam que a qualificadora atinge todas as pessoas envolvidas na infra.;;ao penal, ainda que niio tenham praticado atos execut6rios e mesmo que uma s6 tenha estado no locus delicti. Tal entendimento prende-se ao fato de a lei utilizar a expressiio "concurso de duas ou mais pessoas", que, por niio fazer qualquer distins;ao, abrange tanto a co-auto- ria quanto a participas;ao, sendo que, nesta ultima, o agente niio pratica atos execut6rios. Alem disso, quando a lei quer exigir a execu<;iio por todos os envolvidos utiliza-se de outras expres- 16 soes, como, por exemplo, no art 146, § 12, do C6digo Penal, que estabelece que as penas do crime de constrangimento ile- gal devem ser aplicadas cumulativamente e em dobro "quando, para a execur;iio do crime, se re!lnem mais de tres pessoas". Este ultimo entendimento prevalece na jurisprudencia. No art. 288 do C6digo Penal esta previsto o crime de qua- drilha ou bando, que tern como pressuposto uma uniao perma- nente de pelo menos quatro pessoas com o fnn de cometer in- fra.;;oes reiteradamente. Esse crime e formal e consuma-se com o mero acordo de vontades entre seus integrantes, mesmo que niio consigam executar qualquer delito. Se, por outro !ado, os quadrilheiros conseguirem praticar algumas infra.;;iies penais para as quais se haviamunido, responderiio pelo crime de qua- drilha e pelos delitos efetivamente cometidos, em concurso material. Dessa forma, se os membros da quadrilha vierem a cometer furtos, responderao pelo crime de quadrilha e pelos furtos por eles praticados. Ocorre que, nesse caso, a qualificadora do concurso de agentes niio podera ser aplicada, uma vez que constituiria bis in idem a sua incidencia juntamente como crime de quadrilha. Ha, porem, entendimento em sentido contrario. Art. !55, § 59 - A pena e de reclusiio de tres a oito anos, sea subtrar;iio for de vefculo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. Esse paragrafo foi inserido no C6digo Penal pela Lei n. 9.426/96. Trata-se de qualificadora que, ao contrario de todas as demais, nao se refere ao meio de execu.;;ao do furto, mas sim a urn resultado posterior, qual seja, o transporte do vefculo automotor para outro Estado da Federas;ao ou para outro oafs. E verdade, entretanto, que a qualificadora somente tera apiica- .;;ao quando, por ocasiao do furto,ja havia intens;ao de ser efe- tuado tal transporte. Assim, uma pessoa que nao teve qualquer participas;ao anterior no furto e e contratada posteriormente 17 ' 'I ',-,.. :•'!:' ' ,_. . j~~ I ,tl ~ :J ~ ;;I ·~ apenas para efetivar o transporte responde por crime de recep- tas;ao, e nao pelo furto qualificado, que so mente existira para os verdadeiros responsaveis pela subtras;ao. Essa qualificadora somente se aperfeis;oa quando o vefcu- lo automotor efetivamente transp6e a divisa de outro Estado ou a fronteira com outro pais. Veja-se que, se o agente conseguir consumar o furto, mas for detido antes de conseguir chegar em outro Estado ou pafs, respondera porfurto consumado (simples ou qualificado por alguma das hipoteses do § 42 do art. !55 do CP, dependendo do caso ), mas nunca por tentativa de furto qua- lificado pelo § 52 , porque nao se pode cogitar de tentativa em uma hipotese em que a subtras;ao se consumou. Nessa modalidade de furto qualificado a tentativa somente e possf vel se o agente, estando proximo da divisa, apodera-se de urn vefculo e e perseguido de imediato ate que transponha o marco divisorio entre os Estados, mas acaba sendo preso sem que tenha conseguido a posse tranqtiila do bern. 0 reconhecimento da qualificadora em estudo afasta a apli- cas;ao das qualificadoras do § 42 , ja que o delito e urn so, e as penas previstas em abstrato sao diversas. E claro, entretanto, que as qualificadoras do § 42, por se referirem ao meio de exe- cus;ao do delito. poderao ser apreciadas como circunstancias judiciais na fixas;ao da pena-base (art. 59 do CP). Na forma qualificada do § 52 nao hii previsao de aplicas;ao cumulativa da pena de multa. 1.4. FURTO DE COISA CO MUM 18 Art. 156- Subt1-air o condomino, co-herdeiro ou s6- cio, para si ou para outrem, a quem /egitimamente a de- tim, a coisa comum: Pena- detenr;iio, de seis meses a dois anos, ou multa. § 1£!- Somente se procede mediante representar;iio. ·~~ Trata-se de infras;ao penal que possui basicamente as mes- mas caracterfsticas do furto, uma vez que o micleo do tipo tam- berne "subtrair". Por isso, aplica-se tudo o que foi mencionado em relas;ao ao furto do art. 155 do Codigo Penal, no que diz respeito ao momento consumativo, tentativa, elemento subje- tivo etc. Ja em relas;ao ao sujeito ativo, temos que ressaltar que se trata de crime proprio, pois somente pode ser cometido pelo condomino, co-herdeiro ou s6cio. Em relas;ao a este ultimo, diverge a doutrina acerca da possibilidade de aplicas;ao do art. !56 do estatuto penal ao s6cio de sociedade com personalidade jurfdica. Nelson Hungria e Damasio E. de Jesus admitem-na, sob o argumento de que a lei nao faz qualquer distins;ao. Maga- lhaes Noronha e H. Fragoso, todavia, entendem que, nessa hi- potese, o delito seria o de furto comum, uma vez que o patrimonio da pessoa juridicae diverso do de seus proprietarios. Sujeito passivo e o outro condomino, co-herdeiro, s6cio ou ainda qualquer terceira pessoa que legitimamente detenha a coisa. Se a detens;ao, entretanto, nao for legftima, o fato sera atfpico. 0 objeto material dessa infra~;ao penal pode ser somente a coisa comum. A as;ao penal e publica condicionada a representas;ao. Art. 156, § 22 - Niio e punivel a subtrar;iio de co is a co mum fungivel, cujo valor niio excede a quota a que tem direito o agente. Coisa fungfvel e aquela que pode ser substitufda por outra da mesma especie, quantidade e qualidade. Para que fique afastada a ilicitude e necessiirio que a sub- traqao perpetrada pelo agente seja de coisa fungfvel que nao 19 .~:'-1,~; }~· .. , ... ·-'' J."" :j " .El ·~ ultrapasse o valor de sua quota-parte. Assim, caso estejam pre- sentes esses dois requisites, estani afastada a propria antijuridicidade da conduta,ja que a lei expressamente mencio- na que "nao e punfvel a subtrm;iio", deixando claro, pois, que 0 fato nao constitui crime. Dessa forma, pode-se concluir que quando o bern e infungfvel hii crime, posto que, nessa hipotese, a vitima sempre sofre prejuizo. De outro !ado, se o bern e fungivel, somente existe a infra~ao penal se ultrapassado o valor da quota do agente, pois apenas nesse caso e que o outro sofre alguma perda patrimonial. CAPiTULO II DO ROUBO E DA EXTORSAO l.ROUBO 0 delito sob essa denomina~ao abrange duas formas de roubo simples: roubo proprio (CP, art. 157, caput) e improprio (§ 1 2 ), cinco causas de aumento de pen a (§ 22 ) e duas formas qualificadas ( § 32). 1.1. ROUBO PROPRIO Art. 157, caput - Subtrair coisa move! alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameac;a ou violencia a pessoa, ou depois de hm·e-la, por qualquer meio, reduzi- do a impossibilidade de resistencia: Pen a - rec!usiio. de quatro a dez anos, e multa. 1. Conceito. 0 roubo. em princfpio, possui os mesmos re- quisit : a subtracao como conduta tipica; b) coisa alh;_ia move! como objeto material; c) fup de assenhoreamen o d@nitJvo para si ou para terceiro como elemento subjettvo. 20 ';~ Acontece, entretanto, que constitui infra~ao penal bern mais grave, uma vez que para sua existencia e necessario que o agen- te, para a efetiva~ao da subtra~ao, tenha empregado urn dos seguintes rneios de execu~ao: a~Yiplfnd(j Tambem chamada de vis ahmhtta. Caracteri- za-se pe1o ~mprego de qualquer desfor~o ffsico sobre a vitima a fim de posstbthtar a subtracao (socos, pontapes, facada, dispa- ro de arma de fogo, paulada, amarrar a vftima etc.). Os violen- tos empurriies ou trombadas tambem caracterizam ernprego de vio1encia ffsica e, assim, constituem roubo. Ja ernpurriies ou trorn- 'G' badas "!eves", desferidos apenas para desviar a aten a vfti- . .l;J- rna, e acor o com a mnspru ncm, nao caracterizam o roubo. / Para que a violencia implique a tipifica~ao do roubo ela deve ter sido empregada contra a pessoa ( o dono do objeto ou terceiro) e nunca apenas contra a coisa. b) Grave ameaca. E a prornessa de urn mal grave e irni- nente (de morte, de lesiies corporais, de praticar atos sexuais c"'ri'tfa" a vftima do roubo etc.). A simu1a~ao de arma e a utiliza~ao de arma e do c<z.,nstituem grave ameas;a. ern-se e.ll.fendido tambeml}ue 0 fato de os roubadores abordarem a vftima de surpresa gritando que se trata de assalto e exigindo a entrega dos hens constitui rou- bo, ainda que nao tenha sido mostrada qualquer arma e nao tenha sido proferida arnea~a expressa, ja que, em tal situa~ao, a vitima sente-se atemorizada pelas proprias circunstancias da abordagem. A grave arneij~a e conhecida tambem por vis relativa. ,'LP·- J.c--C) Qualqueroutro meio que reduza a vftima a impossibili- \,;NJ fu • d e resistencia. Temos aqui a utiliza9ao de uma formula ge-,.J~- ~ nerica cuja finalidade e possib ttar a pum9ao por cnme e ron o \(P ', ~ ~arias situa<;:iies nao abrangidas pelas expressiies "violencia" 'fl ''.. ou "grave amea~a", mas que tambem fazem com que a vitima fique totalmente amerce dos assaltantes, como, por exernplo, no caso do uso de sonfferos, hipnose, superioridade numerica etc. 21 .. '~· .. · ;. ' . .. ;~J ~~~ i ; il ·~ a :J W'* A denUncia deve especificar em que mrsjstiu tpl reqJrso que levou a yftjma a incapacidade de resistencia. -2. Objetividade juridica. 0 roubo e urn rime complexo pois atin e mais de r a- de individual (no caso de ser empregada grave ameas;a) ou a inJegridade cor.paral (nas hjp6teses de yiql?ncia). 3. Sujeito ativo. Pode ser qualquer pessoa, menos o pro- prietfui.o do objeto, ja que a lei exige que a coisa seja "alheia". Trata-se de crime comum. Na hip6tese em que urn dos roubadores limita-se a segurar a vftima para que o outro subtraia os bens, existe co-autoria, ja que ambos cometeram, ao menos em parte, atos execut6rios descritos no tipo. 0 primeiro empregou a violencia, e o segun- do efetuou a subtra~iio, em uma autentica divisiio de tarefas. 4. Sujeito passivo. 0 proprietfui.o, possuidor ou detentor da coisa, bern como qualguer outra pessoa que seja atingida /~Jf violCncia ou grave am~aca. Assi~7 :m .se trat~p?o d: ~eli / /\ to complexq toma se pqssiye! a coexistencia de var1as VItlmas. ~ de apenas um roubo. \ / Exemplo: A empresta seu carro a B. Este vern a ser aborda- \. ; t:Cll""'i'do por marginais armados. que subtraem o vefculo. A e vftima, \ V pois seu patrimonio foi lesado, assim como B, ja que contra ele \ ~IJ·I0 foi empregada a grave amea~a. tendo sido, dessa forma, atingi- i(''":J'"e,: do pela as;iio delituosa. Houve. entretanto, apenas urn roubo. f '.(Y ' • 5. Concurso de crimes / a) Se o agente emprega grave ameas;a concomitantemente contra duas pessoas. mas subtrai objetos de apenas uma delas, pratica crime unico de roubo, ja gue apenas urn patrimonio foi ,.lesado. Nao obstante, esse crime possui duas vftimas. ···' b) Se o agente, em urn s6 contexto fatico, emprega grave ameas;a contra duas pessoas e subtrai objetos de ambas, res- ponde por dois crimes de roubo em concurso formal, ja que houve somente uma a~ao (ainda que composta de dois atos) e 22 i ' I v __ duas especies patrimoniais. Exemplo: assaltante que entra em onibus, subjuga vfui.os passageiros eleva seus pertences. c) Se o agente aborda uma s6 pessoa e apenas contra ela emprega graveameas;a, mas com esta conduta'subtrai bens de pe.gsoas disUntas que estavam em poder da primeira, comete crimes de roubo em concurso formal. ESsa regra, todavm,~- <):1 mente pode ser aplicada quando o roubador tern consciencia de ~ que esta lesanifo ;atrimonios autoriomos, po1s, caso cUiiU:hio, ./ est'§'ia havendo iAponsahiJidade objenva. A§Sfill, 6 MSH!hlhte que aborda o funcionfui.o do caixa de um banco eleva dinheiro da instituis;iio, bern como o rel6gio de pulso do funcionario, tern total ciencia de que esta lesando patrimonios distintos e, por isso, aplica-se o concurso formal. Por outro !ado, se o agen- te rouba urn carro e, posteriormente, vern a descobrir que no interior do porta-malas havia objetos que pertenciam a outras vftimas, responde por roubo unico, ja que por ocasiao da sub- tras;ao ele nao sabia que estava subtraindo bens de mais de urna pessoa. Ha, todavia, opiniao minoritaria no sentido de que ha sem- pre crime unico na hip6tese de apenas urna pessoa sofrer a gra- ve ameas;a. Nao podemos, entretanto, aceitar esse entendimen- to, posto que o resultado no roubo e a lesao patrimonial, e, na hip6tese em tela, dois foram os patrimonios lesados, pouco importando que apenas uma pessoa tenha sofrido a grave amea- s;a ou a violencia. Observ11fiio: Apesar de a doutrina e ajurisprudencia acei- tarem o reconhecimento do crime continuado envolvendo urn crime simples e urn quahhcado- por serem crimes da mesma especie , tal entendimento vern sendo refutado uando os crimes envo vidos sao o roubo simnlys e o letmsfpjr (roubo qualificado pela morte ), em gue se tern reconhecido o!;gpsuqgl t.1uryrja1J 6. Consumac;ao. Ha duas correntes acerca do momento consumativo do delito de roubo: 23 r~~~~~~~;1 ,.:;;.~:: / ;". ,. ,,_. <'- ' . ~ ' \ .. . ' . -1 ! J ;'( \ ;(~ a) Como no crime de furto, o roubo somente se consuma quando a res sai da esfera de vigilancia da vftima e o agente obtem sua posse tranqiiila, ainda gue por pouco tempo. Veja-se, entretanto, que, mesmo para os seguidores dessa corrente~ ainda que o agente nao consiga a posse trangliila, o crime estani commmado caso o mnhadgr dy§faca-se da coisa ou venha a erde-la na fu a e a vftima nao consi a recu eni-la . E ~nesses casos, houve efetiva 1mmuiciio patnmorual. niio se ,Bodemdg pois. cogitar de mera tentativa. 0 roubo tambem estara consumado se urn dos roubadores for preso no momento da subtfadio mas algum co-autor con- seguir fugir Jevando objetos da vftima. Nessa situasao estara consumado para todos os enyglyidp§. b)Oroubo mente segundo ~;:t.:')Q. vucuwyuu, :s~ u agenre aponra rrma arma para a vftima e lira o seu relogio, mas acaba sendo preso nesse exato instante, responde por roubo consumado. 7. Tentativa. E possfvel, qualquer que seja a corrente ado- tada em rela.;:ao ao momento consumativo. Quanto a hi otese em ue a vftima niio ossui bens em seu P.Oder e e abordada por roubadores que querem su trarr seus pertences exj§_tem duas orienta.;:oes: alguns entendem gue se trata de crime imposslvel; outros, ue se trata de tentativa de ~- Sobre o ass unto ver, no apftulo I, o topico l. 6- "ten- tativa de furto". 1.2. ROUBO IMPROPRIO 24 Art. 157, § 1"- Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtrafda a coisa, emprega violencia contra pes- soa ou grave ameat;a, a jim de assegurar a impunidade do crime ou a detenr;iio da co is a para si ou para terceiro. ... , .. _. ... \•;-•· _ .. ,_, ' '.· ¥,,~\- .... .. 1. Distin~o. Esta modalidade difere do roubo proprio pe- Jos seguintes aspectos: a) No roubo proprio, a violencia ou a gmve amea<;:a sao e~~r:?adas antes ou dmymte ! s?b~ca?; pots ~~nstltue __ m z:zew apoderado do bern, emprega violencia ou grave amea9a para garantir a impunidade do firrto 9ue estava em and31llento ou assegurar a detem;ao do bern. b) 0 roubo proprio Rode ser cometido mediante vioJencia, grave ameaca OU quaJqyer QUtl1LmgiQ. f1UC wfu7n q_vftjma (z impossibilidade de resistencia. 0 roubo imnn)prjo niio admite a fonuula generica por Ultimo mencionada, somente podendo ser cometido mediante violencia ou grave amea9a. Alguns autores, porem, criticam essa omissao do legislador e dizem ser possfvel a ocorrencia da si!ua91io na pratica Exem- plo: apos apoderar-se dos bens da vftima, 0 agente e flagrado e coloca sonffero na bebida desta para poder sair da casa Todavia, apesar da crftica ser valida em termos te6ricos, a verdade e que o § 12 do art 157 do C6digo Penal nao menciona esse modo de execu.;:ao, e, portauto, no caso acima, nao M roubo improprio. Quanto aos aspectos referentes a sujeito ativo, passivo, objeto material e elemento subjetivo, aplicam-se as mesmas regras do roubo proprio. 2. Caracteristicas a) Somente se pode cogitar de roubo improprio quando o agente ja se apoderou de algum objeto da vftima, uma vez que o tipo expressarnente exige que a violencia ou a grave amea~a ocorram "logo depois de subtraida a coisa". Dessa fonna, tor- na-se importaute salientar que, Sll o agente entra em mpa resi- dencia para praticar urn furto e antes de apodemr-se de gual- quer objeto emprega violencia ou grave ameaga contra alguem para poder fugir (garantir a impunidade),resp.onde por tentati- 25 .... _ .. ---.,,·-···-· ·.-.-~ .... ·;-··-- .... ,_ . .. · -; -. ."'; j J ~ ,.., ~ • ;, _;j a ~ vade furto em concurso com crime de lesoes co onus ou amea- b) A vioH~ncia ou a grave amea'<a devem ter sido pratica- das "logo depois" do apoderamento do objeto, ou seja, nao pode ter havido o decurso de urn perfodo prolongado ap6s a subtra- '<ao do bern. A intewretacao que se dii a expressao "logo de- pois~' e no sentido de que e admissfyel somente ate a consnma- '<jo do furto gue o agente rretendia co meter ( obten'<ao da posse tranqliila, fora da esfera de vigilancia da vftima). A.p6s isso, o crime nao ode mais sofrer ualquer altera'<iio, ja que a infra- liao penal (furto l est<i consumada, perfeita e acaba a. or rsso, depois desse momento, o emprego de yiolfncia oq grave amea- 9a constitui crime aptQnqmo de JesOes comorais. ameaya, re- sistencia etc .. em concurso material como furto consumado. c) ~ roubo impr6prio quando a conduta do agente visa garantir a impunidade do crime (furto) ou a deten'<iio da coisa . Se nao existir tal finalidade, havera concurso de crimes, amda que a violencia ou a grave amea'<a sejam cometrdas logo depois da subtraciio, como, por exemplo, na hrpotese em que, durante urn furto, o sujeito lembra-se que o vigia que esta dormindo e seu inimigo e, assim, vai ate o local em que este se encontra eo agride, provocando-lhe lesoes corporals. Em suma. o crime de roubo impr6prio tern os seguintes requisitos: 1) o agente ter-se apoderado do objeto que pretendia furtar; 2) o agente deve empregar violencia ou grave amea(fa; 3) a violencia ou a grave amea'<a devem ocorrer logo de- pois do apoderamento do bern: 4) o agente ter por finalidade garantir sua impunidade ou a deten~iio da coisa. para si ou para terceiro. 3. Consuma<;ao. 0 roubo impr6prio consuma-se no exato momento em gue e empregada a violencia ou a grave amea~a, 26 ·-,<?_-·- m / m~smo que o sujejto nfig consiga atin~:>ir sua fmalidade de, ga-Q i! I }1\ rantir a impunidade ou assegurar a posse dos objetos sybtraf- vr •I 0os. Chega-se a essa conclusao pela propria reda9iio do § 12 do h"'~Yl ~ 1 / art. 157 do C6digo Penal. } M..r 4. Tentativa. Existem dois entendirnentos quanto a sua admissibilidade: a) Damasio E. de Jesus, Magalhaes Noronha, Bento de Fa- W. entre outros, entendern qne ela e incabfvel, pois, ou o agen- te emprega vioH~ncia ou grave arnea~a e o crime esta consurna- do, ou nao as emprega, havendo, neste caso, apenas crime de ~ Veja-se que, na hip6tese ern que o agente desfere urn gol- pe na vitirna e nao a atinge, a violencia foi efetivarnente ernpre- gada e o crime esta consumado. b) H. Fragoso e Julio F. Mirabete entendern ser possfvel o reconhecimentg da forma tentada quando o agente, ap6s apo- derar-se do bern, tenta ernpregar violencia ou grave arnea9a, mas niio consegue. Exemplo: uma pessoa apodera-se do Obje- to, e, quando esta saindo da casa da vitirna, esta chega. 0 agen- te, en tao, mune-se de urn peda9o de pau e parte para cima deJa para agredi-la, mas e contido poroutra pessoa, que impede que seja desferido o primeiro golpe. 1.3. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA 0 art. !57, § 22 , do C6digo Penal estabelece cinco causas de aumento de pena, de urn terco ate metade, que sao anliCllyeis > ; tanto ao roubo prOprio quarto ao jmpn>prio E bastante commn o reconhecimento simultiineo de duas oumais das causas de a'ufi:l.erito, e, nesses casos,o juiz somente p~dera realizar uma €!mcexl:lf!"ii9 da pena, el!lf:.lce do que: dis- poe o art. 68, paragrafo unico, do C6digo Penal. Todavia, por uma questao dejustiga e eqiiidade, quandoJorreconhecida mais de uma causa de aumento,Jliio devera ser aplicado o acrescimo em seu patarnar mfnimo de urn ter9o. 27 ')-\ ) . ~ '-.__j ~ '... 't :• ': . :- -~· ,_ j ,iJ "l •!l 3 • [I ! Saliente-se, tambem, que esse § 22 preve "causas de au- mento de pena" e nao "qualificadoras" (nao obstante seja corri- queiro, mas tecnicamente errado, trata-las como tal). Art. 157, § 2Q- A pena aumenta-se de urn ten;o ate metade: 1- se a violencia ou amem;a e exercida com empre- go de arma. Em face da reda<:;iio generica adotada pelo legislador, uma serie de divergencias surgiu acerca da correta aplica<:;ao do dis- positivo. Inicialmente se discutiu se o aumento seria aplicavel apenas as armas pr6prias ( objetos prod)lzidos com a finalidade especifica de matar ou ferir, como rev6lveres, espingardas, pisto- las etc.) ou tambem as impr6prias (objetos confeccionados com outras finalidades, mas que tambem podem ofender a integrida- de corporal da vftima, como, p. ex ..• facas, navalhas, machados etc.). Nesse contexto, Prevaleceu,na do~trina ena jurispf1!den- cia, a interpreta<;ao ampla, ou seja, corno.a lei nao restringiu (uti- lizando7segenericaruente dapalavra "arma"), 0 instituto e apli- cavel a todo e qualquer objeto com pQtellcial vuln.erante utiliza- do para a pratica do roubo. Assim, tanto a arma propria quanto a impr6pria estao abrangidas pela figura legal,ja que, em qualquer caso, a conduta do agente reveste-se de maior gravidade por co- locar a integridade da vftima em maior risco. Existe tambem a questao do portesimulado de arrna, tao comum no dia-a-dia, em que o agellte, normalmente com a mao sob sua blusa. aborda a vftima e, dizendo-se armado, sob aine- a<;:a de morte. subtrai seus pertences. Nessa hip6tese, a juris- prudencia inclinou-se majoritariamente no. sentido de que o sujeito)ncasu nao manejou qualquerarm!l, e, assim, amajorante e inaplicavel. 1\simula<;ao da arm a ja funcionoucomo elemen- to caracterizadorda grave amea<:;a. posto que apta a gerar temor no espirito~a vftima .. nao podendo, no mesmo contexto fatico, ~\J ··~ ;, l·\l"' " ·'' .u I, )' ~ ?. ,r,! ~u ., ,, . 28 \, \.' "'~~.~~r0\-l,).J-,l; '\'3-/l't.DvlXbif! J-9 Uvvyt,\' \n,-..\~j\;..-1' 1 1 \j 1 1\n_ ! J \y ·- \ . ,"-~. ' v \ ,)\ <-.,__),) •\./• .---.,.()JJ. implicar aumento de pena, sem que tenha havido uma especial potencialidade vulnerante na conduta, ja que, por nao estar efe- tivamente armada, a integridade da vftima nao correu urn risco maior de ser atingida pelo autor do crime. A questiio que gera a maior polemica, todavia, e a que se refere ao emprego de arma de brinquedo para a pratica do cri- me. Duas fortes correntes surgiram: a) A arma de brinquedo "qualifica" o roubo, desde que a vftima se sinta intimidada por ela. Para os seguidores dessa corrente, a intens;ao do legislador era punir mais gravemente aqueles que, usando urn expediente mais eficaz, tivessem maior facilidade em atingir o fim visado, no caso, a subtras;ao. Ora, como a vftima nao sabe se a arma e verdadeira ou de brinque- do, em qualquer hip6tese a subtras;iio e praticada com maior facilidade, devendo, assim, ocorrer mna maior reprimenda . Esse entendimento, se por mn !ado pune mais gravemente aquele que utiliza o revolver falso, estimula o uso de armas verdadeiras, posto que os meliantes, cientes de que a pena sera a mesma com o uso da arma verdadeira ou falsa, tenderao a utilizar aquela. b) A arnJa de brinquedo niio "qualifica" o roubo, inicial- mente, porque se tratade umbrinquedo e nao· de uma arma. Alem disso, a finalidade da lei e punir de forma mais fiirne aquele cuja conduta tern urn maiorpotenciallesivo, oque .Ocor- re apenas como uso da arma verdadeira,em que o agente,por acidente, reas;ao da vftima ou de policiais ou ate mesmo por maldade, pode causar serios danos a integridade corporai da pessoa subjugada ou ate mata-la. A materia dividiu por muitos anos a jurisprudencia, e, fi- nalmente, o Egregio Superior Tribunal de Justis;a editou a Sumula 174, no sentido de que se aplica o aumento da pena, desde que o uso da arma de brinquedo tenha causadotemor a vftima. 29 ( ( c " ' (_ ( ( ( ( ~ ( ( ' •• ., ,. ·-·' .:..; ' j ~ ·i ~ ·" 1i ~ Acontece, entretanto, que, pouco tempo apos a edi'l!iio da sumula, foi promulgada a Lei n. 9A37/97, que, alem de tomar crime o porte de arma de fogo, estabeleceu, em seu art. 10, § I 2 , II, que quem "utiliza arrua de brinquedo ou simulacro de arma capaz de atemorizar outrem, para o fim de cometer crimes", incorre na pena de deten~iio, de urn a dois anos, e multa. A nova lei reacendeu o debate em torno do uso da arma de brinquedo e do porte simulado de arrua para a pnitica de roubo, pois, em uma analise mais superficial, fica a impressiio de que haveria concurso de crimes entre o roubo e o delito descrito na Lei n. 9A37/97. Acontece, entretanto, que, passado algum tem- po da edi~iio dessa lei, entendeu a jurisprudencia que, se ha uso - """"' de arma de brinquedo para a praticado roubo, niio sera aplica- GN-•0 / d~ o ~rt. 10, § 12 , II, da nova lei e sim oart. 157, § 22, I, do Q/'ac;""':)v.J,in [ ); Cod1go Penal (j?!mcipH) G!f!rubsidiarie,Ya9e Im£!1£1\ij), uma vez . 1 9 !/\ 1 que as elementaresdo cri;ne aut6nomo da Lein. 9A3?/97 fun- "'~ ~.~. 0!. ~ cwnam, pelo texto do Cod1go Penal, como c1rcunstancJas le- ~\J"·',' . gais e especificas de aumento de pena do roubo e, assim, niiose ~'· J.t ~&]i aplicam a este deli to, mas apenas a outras infra~oes penais quan- cS~J>iiJvJw-,v,l do cometidas com arma de brinquedo. Alem disso, se enten- t;,~J; G1·-~ \o! dessemos haver concurso de crimes, a pena para o assaltante ;:;; ~i que usasse arma de brinquedo muitas vezes ultrapassaria a da- OJ 1 i.J.:;1 1 "J.. quele que utilizasse a arma verdadeira. Assim, continuam a exis- IJ;c.~u"" ~- " tir as duas correntes anteriorruente mencionadas, com orienta- u\i.vu; ~ao majoritaria no sentido de que o aumento e aplicavel, nos ~,....,J& terruos da Sumula 174 do Superior Tribunal de Justi~a. \:M c~. Art. 157, § 2Q, II- se hd o concurso de duas ou mais pessoas. Valem aqui todas as regras e comentarios feitos em rela- 'l!iiO ao furto qualificado pelo concurso de agentes (v. comenta- rios ao art. 155. § 42 , IV, do CP). 30 ,).v"\ . Art. 157, § 2". Ill- se a vftima estd em servit;o de transporte de valores e o agente conhece tal circurtStancia. Cuida-se de instituto que tern por fmalidade nrgteger os qu_e trabalham no transporte de valores, assim como aque!es que necessitam desse tipo de serviyo para deslocar seus bens de urn lociil para outro (bancos,joalherias, empresas emgeral etc.), uma vez que os assiiltantes, em face do !nero elevado, tern pre- dile~ao por essa especie de roubo. 0 aumento, todavia, somente sera aplicado quando a viti- rna estiver trabalhando nesse tipo de servi'l!o e nunca quando fizer transporte particular de bens. Abnmge, por exemplo, o roubo a carro-forte, a office-boys que carregam valores para deposito em banco, a vefculos utilizados por empresas para car- regar dinheiro ou pedras preciosas etc. Como se percebe pelo proprio texto da lei, exillie-se que o roubador tenha plena cienc1a de ue a vftima esta trans ortando va ores, sendo inca 1ve , pois, o dolo eventual quanto a esse # aspecto. Art. 157, § 2", IV - se a subtrat;iio for de vefculo automotor que venha a ser transportado para outro Esta- do ou para o exterior. Esse inciso foi inserido no C6digo Penal pela Lei n. 9.426/96 (1•. coment<irios ao furto qualificado do art. 155, §52, do CP). Art. 157, § 2", V se o agente mantem a vitima em seu poder, restringindo sua liberdade. Trata-se tambem de inova\!iiO da Lei n. 9.426/96. Antes da inser'l!iio desse dispositive no Codigo Penal, se a vftima era mantida em poder do assaltante por breve espa~;o de 31 ~- 11 7' ·-;7' '_.... " '' - ~: ' :·~ '· ~ •"' ; ~ ;.J 11 ~ tempo, tao-somente parapossibilitar sua fuga do local da abor- dagem, havia a~;.~~s ~rJJ11e. c!e ~():tJ~O, porem, quando era priva-C da de sua liberdade pot periodo prolongado, de forma a de- I, -\ monstrar que tal atitude era totalmente superflua em relas;ao ao ~ roubo que estava sendo cometido, havia roubo em \iQ!]CUrso material com o crime de seqiiestro (art. 148 do CP). Com a inovas;ao legislaiiva, passou-se a entender que na primeira hi~ p6tese deve ser aplicado o inciso V, continuando na segunda o concurso material de infraq5es. fossem provocadas les5es graves. Isso porque, no primeiro caso, a pena minima seria de cinco anos e quatro meses de reclusao, enquanto, no segundo, de apenas cinco anos. A alteras;ao legislativa, couforme meucionado, encerrou tal discussiio. Nos termos do art. I 2 , II, da Lei n. 8.072/90, o latrocfnio, ~onsumado on tentado, e cousidemda crime hediondo, enquan- to o rou60 qualificado pelas Ies5es graves nao. Alem disso, o art. 92 da mesma lei determina ara o latrocfnio urn acrescimo de metade da ena, res ettado s nan o a vftigp nao for maior de quatorze anos, for alienada on debil mentaL e o agente souber disso, bern como quando ela nao pu- der;' por qualquer causa, oferecer reststSncm. 1.4. ROUBO QUALIFICADO Art. 157, § 3a Se da violencia resulta lesao corpo- ral grave, a pena e de reclusao, de sete a quinze anos, alr!m de multa; se resulta morte, a reclusao e de vinte a trinta anos, sem preju{zo da multa. As Ies5es graves que qualificam o roubo sao as descritas no art. 129, §§ 12 e 22 , do C6digo Penal. A provocaqao de les5es !eves por ocasiao do roubo nao constitui qualificadora e tampouco crime autonomo. Aquelas sao, em verdade, absorvidas pelo crime mais grave. As qualificadoras descritas no § 32 do art. 157 aplicam-se tanto ao roubo proprio quanto ao impr6prio. As ~usas de aumentpdepena£1o,.~2!.nAp LR~bre a~ formas glli!lifi¢gd&s do_§ 32 , 9,ue ~~-@.hl1Jw5l.Qg~to ja 'b:stantelll_vo;;aili!,;, A Lei n. 9.426/96 aumentou a pena da qualificadora refe- rente a provocas;ao de les5es graves para sete a quinze anos de rec!usao e multa. afastando de vez uma corrente minoritaria que entendia que as causas de aumento do § 22 eram aplicaveis as formas qualificadas para evitar que a pena de urn roubo a mao armada (sem provoca<;ao de les5es) ficasse maiordo que quando 32 Para a concretiza ao dessas qualificadoras o resultado, le- --- --··-· -~- ·---·-. - - -- - --- - - """' sao grave on morte, pode ter sido provocado o osa on culpo- JJ.--w~'-d fsamente. E evidente, entre tanto, que, na primeira hip6tese, o ~''·"" · ~--iu·'J dolo em reiac,;ao ao resultado agravador deve ser Ievado em conta ~3if'~,."'~,d., na fixas;ao da pena-base. Nao se !rata, pois, de crime exclusiva-~,, ,v-" 1 mente preterdoloso, muito embora admita esta figura. ,_.'--'' \ r,,yrh.- ~ 1~1_,, ~-- · Deve-se notar que, se o agente efetua disparos querendo w\j),.--&"]f,; l!l,atar a vftima (na cabec;a, 12; ex.), mas ela uao morre, viudo, Y"Y"" " ponSm, a sofrer seqiielas consideradas graves, ~sgonQ;:ra,;Ie , -~·~;,_•, ~I por tentativa de latrocfnio (em razao de sen dolo de malar du- 1'~""'~-.f.l rante o roubo) e nao por roubo qualificado pelasl;;;oes graves. ·A',· Durante o roubo, portanto, podem ocorrer as seguintes hi- '' ,.yf' ' iY' v poteses: ~ iJ' a) Se o agente empre a violencia uerendo malar a vitima ..y-~ e efetivamente causa a morte desta, comete atrocinio consu- --mado (morte dolosa). b) Se o agente emprega violencia contra a vftima sem que- rer provocar-lhe a mgrte, mas acaba causando-a cui osamente, responde tambem por latrocfnw consuma o. ~a hip6t~ e preterdolosa. Ex.: duraii'te o crime o agente efetuadisparos para o alto e trprojetil ricocheteia, atingindo fatalmente a vitima. 33 .. :·; '· j .~ ~ ' ',..--\ I~ 1- \ ll / z ;;:::-- sJ ·-~ ~ ,-1 -::/'~· ~ c) Se o agente emprega vio!enciaquerendo matar a vftima, mas nao con~ de atmg1r sbu mtento, responde por ter!fativa de latrocfnio, ain a"" u~ esia sofr~ fesoes Cle!llitutez grave"( con- forme mencwnado ha pouco).- . . . - ... · 0{ ~ ~'t1 d) Se o sujeito emprega vioH~ncia guerendo causar lesao grave na vftima e efetivamente o faz, responde por roubo 'iuali- ficado pela lesao grave consumado. Ex.: efetuar dis.wros na !iYJJia da vfuma, causaJidQ:Jlitti:.;Jq yo~qmr. . '"' e) Se o agente emprega a violi~ncia sem querer provocar lesao grave, mas acaba provocando-a de forma culposa, come- te tambem roubo qualificado pela lesiio grave. Trata-se de hi- p6tese preterdolosa. f) Se o a,gente empresa violencia querendo caus<l&.lesao grave mas niio consegue, res onde or tentativa de roubo qua- l!;caco pea esao grave; x.: e[etua dispams gu~~en]g_,~;Jt,usar fraiura no femur Zla vmma, mas nao consegue atmg1-la. ·-·Como a J~j se utiliza da e;p;;;'ft?;~·ct~"'~:T~iYncia resul- ~", entende-se que nao ha latrocfnio quangt?,o r;;,t;,l.~o a.gravador dec"orre do em12re122 ~rave. amea~a, como, por exempJo, na hig,otese em gpe ~~~l!fi[J; e~a zao de ter-lhe s1do apontada uma arma de fo o. Nesse caso, havera nine e rou 0 e c ncur' - 0 . cfdi 1-!J,}pos~ or esse mesmo motivo inexistencia de violencia nac_; a latrocfnio se o agente aponta uma arma para a vftima e esta:';';o s~ir correndo, aca5a sen do atropel<:ida por urn 'tarro q; :nenfiJma hga¢io:Ww:S:om o a§a=-::r- Para a contigura<;ao do Jatrocfnio exige-se, ainda, que a violencia tenha sido utilizada intencionalmente pelo roubador durante o assai to. Em resumo, e necessaria que haja violencia e que esta seja intencional. provocando a morte, dolosa ou culposamente. Assim. se o agente intencionalmente efetua urn disparo, quer para matar. quer apenas para assustar, mas acaba provocando a morte da vftima, responde por Jatrocfnio. Por outro lado, se o agente aponta uma arma para a pessoa, toma a dire- 34 r ui }J/Jtt~ \rJIU . ,y~f r .;;ao do autom6vel desta, mantendo"a a seu !ado, e, agindo com · ~ WJ L imprudencia no volante, acaba colidindo o carro e provocando _ 11 · com isso a morte da vftima, responde por crime de roubo em r\JJW , ~ concurso com homicidio·culposo, uma vez que, nesse caso, uiio wJJ.aA /m,· . houve emprego inteucional de violencia. ~v· f Ji!'J-•9 Quando o agente mata a v{tima dolosamente, e esta mane vC ") possui alguma ligar;iio com uma subtrar;iio, na maio ria das ve- r-\) J ---~:'.,:1}JJI\.l zes, o crime eo de latrocfnio. Porem, em algumas hip6teses o ·:~~ ~ crime sertio de roubo em concurso material com homicfdio -~-~~~\~.-lJJ• doloso. Quais entiio os critirios para distinguir essas duas si- . tuaqoes? 0 latrocinio e urn crime especffico- urn crime autonomo que surge da jun9iio dos crimes de roubo e homicidio. Assim, para sua configura\!ao devemos atentar para a coexistencia dos seguintes requisitos: a) que durante 0 roubo 0 agente intencionalmente em reo gue_violen;La;· esta, po no, eve ter sido empregada no con- texto t!tJco do roubo; A Jv:Nb:J Jl ,~JJi.J~J b) que exista n.exo cau;;al entre a mop:e y.,~o, ou seja, que a violencia tenha sido empregada em r~iio da~ca go rouG,z ex.: iiiatar a vihma para <~hrisegrirr- stibtraii~seus ~ ~J "V ~ertences; para con~~nr fugrr ao Io,c~ assegun D~, :~ 1,',,;, rar a posse do bern que acabou de subtrair etc. OY' 1 ] " • ~ . u::::mn_ ~ .tn,;;;ftfif- u - z;; (;\ ~~ Em suma, para que haja latrocinio e necessaria que i!., mor- l,p.l)V•rAI!)J/ ) '"I te deco1ra d~ yiolenc~a empr;;g:~ durante,;;, em raziio dorgu- 0 · / bo. Quando esclo resentes esses re msitos havera latrocfuio ~ q:alquer que tenha s1 o a pessoa morta: a propria vitima da T/~ su6tra.;;ao, alguem que a_acompannav· ·urn ~~e"uran .a ae urn 4:'~ banco rouba o, urn po ICI que mterveio para ajudar a vftima q~tava sendo assalill'lft'&t!'!. ' '*' · 445 '" '""'' "- Por outro !ado, quando ausente gualguer desses requisjtos, /"J , o agente respondera po(hgmicidio doloso em concurso majeri3 :)/ \ aJ.&WP wnh\}JVejamos os Sbgumtes exemplos: 35 .. •, :-~ '· J .:rl ., 'J ~ [I ;J 'j '- \¥· ~\U a) 0 agente mata a vftima durante o assalto, ponSm, sem que haja qualquer nexo causal, qualquer vinculo, como roubo. Ex.: durante o assalto passa pelo local urn inimigo do agente e ele aproveita-se da ocasiao para mata-lo. b) 0 agente mata a vftima em razao do roubo - . esente, portanto, o nexo causa - azendo-o, entretanto, em contexto fat~co az;:,erso. Ex.:tre~~ riiesesa§.ilQls<Titter rolibaoo~a, d'agente en contra a VI!HP~ ~ !ml.L~JW'll-Jl~tr r5'S9nhecB12.; Saliente-se que, alem dessas duas hip6teses, a entende haver tam bern - e mio latrocfnio - 0 t\1;ultado motte .<!!\!}pu-o ;;;;rwrr;-~\lifll<UlS{o~do [£U~o:' Por --- · · se o agente efetua urn disparo para matar a vftima, mas, por erro de pontaria, acaba atingindo e matando seu com- parsa, o crime e de latrocinio. Nesse caso, ocorreu a charnada aberratio ictus (art. 73), em que a lei determina que o agente seja responsabilizado como se tivesse atingido a pessoa que ele v1sava. Por fim, tam bern nao ha latrocfnio quando uma pessoa mata -· -- • - -<~ -~ outra e fica provado que, por ocasiao _ da mQJ;U;, g_.agente nao tinha~<;]g!l,;;£_:ntgn~s,s!,e_§!;!ptr\liLseus pert¥~· PJJ!~~ue, ap6s consumado o FiomJcfdio, surgiu tal ideia em sua cabes;a e, eft!ao: subtram bens do morto:J\lessecaso: havera homicfdio - - - ~ "" ,. doloso em concurso material com furto (a subtras;ao de u-se apos a morte, sem em rego e vw enc1a. 1 · a-se · ~~- ueQ'Sll'ei- . ""' -~ t<?J?l:SSivo= esse f;!_rto ~ao os famili~~es da vftirpa. Se q,uas ou m:;i si!Uo, a i r;.._i\ 36 Nos termos da Sumula 603 do Supremo Tribunal Federal, o crime de latrocfnio, ainda que a morte seja dolosa, e julgado pelo juiz singular e nao pelo Tribunal do Juri. 0 J'ret§r,!,o Excelso n entendeu que, pelo fato de o latrocfnio estar previsto no titulo • 1v 0~ dos crimes contra o patrimonio, nao se enquadra na competen-!Jl)jv ~ cia do Juri, que e apenas para os cnmes classihcados em lei \~· v " como dolo:ws contra a vida. ~tr~~:;,~ url)j Como no latrocfni~ ocorre subtras;~o e morte, e possfvel 1 ,,;WV 1f que uma delas se aperfe1s;oe e a outra nao. Temos, p01s, as se- ·' · ' ',.., guintes situas;oes e respectivas solus;oes: G\ . _p 3:;-·Jt rfi' \ fJr \J (\~\li\_ \'.,) :lf' ;; )'\-? --T "'\ r·J . ) -~::/ ri"'"' 0''-J s~\-~ ~-~ _,[~" a) quando a subtras;ao e a morte ficam na esfera da tentati- va, M latrocfnio tentado; b) quando ambas se consumam, ha Iatrocfnio consurnado; c) quando a subtras;ao se consuma e a morte nao, ha tenta- tiva de latrocfnio; d) quando a subtras;ao nao se efetiva, mas a vftima morre, ha latrocfnio consurnado (Sumula 610 do STF). 2.EXTORSAO Art. 158, caput- Constranger alguem, mediante t•io- lencia ou grave ameafa, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem economic a, a fazer, to- lerar que se fafa ou deixar de fazer alguma coisa: Pena - reclusiio, de quatro a dez anos, e multa. 1. Tipo objetivo. A conduta tfpica e constranger, que sig- nifica obrigar, coagir alguem a fazer algo (a entregar dinheiro ou urn bern qualquer, a realizaruma obra, a acompanhar o agente a shopping e pagar-lhe roupas e comida etc.), tolerar que se fac;:a (permitir que o agente rasgue urn contrato ou tftulo que representa uma divida etc.) ou deixar de fazer algurna coisa (nao entrar em uma concorrencia comercial, nao ingressar com uma as;ao de execw;;ao ou cobrans;a etc.). 37 I' ,I -· ,,.,. _;,, .f;j ·'! 'J ~ i • A jurisprudencia vern entendendo que existe crime por parte daquele que, tendo provas de relacionamento extraconjugal de alguem, exige-lhe dinheiro para niio divulgar
Compartilhar