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Dos Crimes em Espécie II (1ª unidade) (1)

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Dos Crimes Contra a Incolumidade Pública
A vítima de tais crimes é a coletividade. Para que algum dos crimes previsto nesse rol seja considerado doloso é necessário que o agente possua a intenção de praticá-lo não contra indivíduo específico, mas contra a coletividade (ex: não quero queimar uma propriedade, quero queimar todas elas), de outro modo tal crime será punido na modalidade culposa.
Incêndio (art. 250 do CP):
A conduta prevista no tipo é a de causar incêndio. O termo incêndio significa expor a risco um número indeterminado de bens jurídicos (risco coletivo), por meio de substância inflamável de qualquer natureza. Se o agente não deseja o risco comum responderá por dano qualificado, previsto no artigo 163 do CP (ex: João coloca fogo na casa do vizinho por vingança, mas o incêndio não tem risco de atingir outros bens – nesse caso João responderá apenas por dano qualificado).
O crime de incêndio é um crime de perigo, sendo que deve ficar demonstrado o risco comum. O tipo subjetivo é o dolo em praticar a conduta incêndio, mas também admite a modalidade culposa (ex: alguém coloca fogo no lixo em seu quintal, mas o mesmo sai de controle e atinge um número indeterminado de bens).
A pena é aumentada de 1/3 quando o objeto é destinado a habitação; tem finalidade pública ou é edificação pública; tem aspecto cultural ou assistencial (ex: colocar fogo em uma escola pública); é destinado a transporte público; é poço petrolífero ou mina de subsolo; é propriedade rural (diferencia-se do incêndio em local protegido, como floresta ou similar, onde haverá crime ambiental, previsto na lei 9605/98); é depósito de combustível, explosivo ou substância inflamável (é preciso que o agente saiba da condição de depósito); é fábrica, estaleiro ou oficina (o agente precisa ter ciência disso – ex: “quero atear fogo nessa fábrica”). Percebe-se que o agente deve ter ciência que o local do incêndio encontra-se no rol dos que geram aumento de pena.
Em caso de morte, se o incêndio for doloso, aplica-se o art. 258 do CP, que determina que a pena será dobrada, havendo lesão corporal grave a pena é aumentada em metade. Sendo ele culposo, ocorrendo morte, aplica-se a pena do homicídio culposo com o aumento de 1/3, e em caso de lesão corporal a pena será aumentada em metade.
O crime de incêndio é crime material e, portanto, admite tentativa. Trata-se de crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa, sendo o sujeito passivo a coletividade. A ação penal é pública incondicionada, ou seja, o Ministério Público a promoverá independente da vontade da vítima. 
OBS: Se o incêndio for caracterizado como crime ambiental, o agente responderá pelos arts. 38, 38-A ou 41 da lei 9605/98.
Caso prático:
João, querendo matar Maria, coloca fogo no seu apartamento, matando a mesma. Mas, o fogo atinge inúmeros apartamentos e mata outras três pessoas, sendo que João não desejou ou assumiu o risco de matar essas pessoas ou provocar incêndio nos demais apartamentos. Neste caso tipifique a conduta de João.
Resposta: Homicídio qualificado pelo emprego de fogo (para ser feminicídio é preciso praticar o crime por razões do sexo feminino, sendo que o caso não deixa claro algum vínculo entre o autor e a vítima nem se o mesmo foi praticado em menosprezo à condição de mulher) em concurso material com o incêndio culposo com resultado morte. Para o professor existiram duas condutas, a de matar e a de incendiar, contudo, ele não descartou a possibilidade de concurso formal (disse ele que era uma questão de perspectiva de análise), onde o incêndio seria um desdobramento do homicídio pelo emprego de fogo.
Explosão (art. 251 do CP):
A objetividade jurídica desse artigo é a proteção à incolumidade pública. O tipo subjetivo admite tanto a modalidade dolosa quanto a culposa (ex: o técnico de uma fábrica realizou uma explosão para eliminar rejeitos, porém, por descuido, acabou se esquecendo de avisar os funcionários próximos ao local de que tal evento aconteceria). Trata-se de crime comum, onde qualquer pessoa poderá praticá-lo, sendo a vítima a coletividade. A consumação ocorre com a exposição causada pela explosão, logo, trata-se de crime de perigo concreto (o agente pode expor ao risco pelo arremesso de artefato, pela colocação do mesmo ou quando produz a explosão). A tentativa é possível.
OBS: Para a doutrina majoritária, se um indivíduo colocar em determinado local público uma bomba com timing e o esquadrão antibomba for notificado e a desativar antes que a mesma exploda, o crime será consumado, pois a coletividade foi exposta ao risco (crime de perigo).
A ação penal é pública incondicionada e o elemento objetivo é a exposição ao perigo de vida, integridade física ou o patrimônio por meio da explosão. Dependendo do artefato a pena sofrerá aumento ou diminuição (ex: um explosivo caseiro sem grande potência tem pena de 1 a 4 anos, enquanto que o uso de dinamite ou substâncias de mesmo efeito tem pena de 3 a 6 anos).
Caso o agente esteja transportando substância explosiva pode subsistir crime previsto na lei 10826/03. A venda de substância explosiva para criança ou adolescente, ou o seu fornecimento pode caracterizar crime previsto no ECA (art. 242 da referida legislação). 
A pena do crime é aumentada em 1/3 nos mesmos casos previstos para o crime de incêndio (ex: causar explosão em transporte coletivo, local habitado, posto de gasolina, dentre outros). Em caso de morte ou lesão corporal aplica-se o art. 258 do CP, sendo que na primeira hipótese a pena será dobrada, sendo o crime doloso.
OBS: O crime de explosão pode ser considerado ato terrorista, previsto na lei 13260/16.
Uso de gás tóxico ou asfixiante (art. 252 do CP):
A objetividade jurídica é a proteção à coletividade. O tipo subjetivo é o dolo e a culpa. Em caso de resultado morte ou lesão corporal aplica-se o art. 258 do CP. Trata-se de crime comum, sendo o sujeito passivo a coletividade. A consumação ocorre com a exposição, sendo a tentativa plenamente possível. A conduta é a de expor a vítima ao risco de vida, integridade física ou patrimonial mediante uso de gás tóxico ou asfixiante. Considera-se gás tóxico aquele capaz de causar intoxicação, enquanto que a outra modalidade causa asfixia (ambos podem matar). A ação penal é pública e incondicionada.
Crime subsidiário (art. 253 do CP):
O art. 253 do CP é um crime subsidiário para os crimes de explosão e uso de gás tóxico e asfixiante. A conduta prevista é a de fabricar, fornecer, adquirir, possuir (crime permanente) ou transportar (crime permanente) substância ou qualquer outro material (petrechos – meios ou equipamentos para a prática de outros crimes) destinado à fabricação de explosivo ou gás tóxico ou asfixiante.
Trata-se de crime comum, sendo a vítima a coletividade. A consumação ocorre com a prática de uma das condutas descritas acima, e a tentativa é possível. A ação penal é pública incondicionada. Elemento subjetivo (dolo e culpa). 
Inundação e perigo de inundação (arts. 254 e 255 do CP, respectivamente): 
A objetividade jurídica (bem jurídico protegido pela norma) é a proteção à coletividade. O crime de inundação admite a modalidade dolosa ou culposa. O perigo de inundação somente admite a modalidade dolosa, pois não há crime de perigo culposo.
Inundação é o deságue violento de água, ou substância líquida, represada. O tipo objetivo do art. 254 do CP é expor ao perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio por meio da inundação. O art. 255 do CP pune o risco de inundação quando o agente destrói, inutiliza ou retira obstáculos, naturais ou não, capazes de impedir inundação, porém, sem causar a mesma (caso contrário o dispositivo legal seria o artigo anterior). 
Aplica-se ao art. 254 do CP o disposto no art. 258 da mesma legislação, nos casos em que houver morte ou lesão corporal. A consumação do crime de inundação ocorre com a exposição a situação de perigo decorrente da inundação. No perigo de inundação, por sua vez, a consumação ocorre com a remoção, destruição ou quando a obra de contenção é inutilizada.Ambos os crimes admitem tentativa (crimes materiais) e a ação penal é pública incondicionada.
Desabamento ou desmoronamento (art. 256 do CP):
A objetividade jurídica é a proteção à coletividade. O sujeito ativo é qualquer pessoa e o passivo a coletividade. O crime admite a modalidade dolosa e culposa. Nos casos de crime doloso, que resulte morte ou lesão corporal grave aplica-se o disposto no art. 258 do CP. A consumação ocorre com o desabamento ou desmoronamento, mas ambos devem expor ao risco a vida, a integridade física ou o patrimônio, caso contrário, não haverá crime. A tentativa é plenamente possível. A ação penal é pública incondicionada.
Desabar é quando a construção cai, total ou parcialmente (se cair um tijolo é desabamento). Desmoronar é quando ocorre abertura no solo, quando esse vem a ruir.
Subtração, ocultação e inutilização de material de salvamento (art. 257 do CP):
A objetividade jurídica é a proteção à coletividade. Trata-se de crime comum, sendo a vítima a coletividade. Crime punido apenas na modalidade dolosa. A consumação ocorre com a subtração, ocultação, inutilização ou quando o serviço de salvamento é impedido ou dificultado por aquelas condutas. 
O crime deve ocorrer na ocasião da calamidade (ex: o furto de material para o combate ao incêndio deve ocorrer na ocasião do acidente, pois caso ocorram antes ou depois do mesmo serão classificados como crime de furto comum). Caracteriza-se o crime se tais condutas forem praticadas contra qualquer material destinado ao combate ou salvamento (ex: ambulância, material hospitalar, dentre outros). 
O referido dispositivo legal é o último dentre os que permitem o aumento de pena do art. 258 do CP (nos casos em que houver morte ou lesão corporal). A ação penal é pública incondicionada. 
Difusão de doença ou praga (art. 259 do CP):
A objetividade jurídica é a incolumidade pública. Trata-se de crime comum, sendo o sujeito passivo a coletividade. Difundir diz respeito a introduzir, doença é relacionada a animal enquanto praga a vegetal (ex: introduzir vaca com aftosa para prejudicar os frigoríficos; introduzir praga que ataque a plantação de determinada região). A introdução é feita em plantação ou animal que possua utilidade econômica. Caso a conduta venha a ocorrer em floresta ou animal silvestre, haverá crime ambiental, punível pela lei 9605/98.
Tal crime é punível a título de dolo e culpa, sendo que a consumação ocorre com a introdução. O termo difusão refere-se ao fato de que é preciso ocorrer a propagação, caso contrário, incidirá a tentativa.
Dos Crimes Contra Meios de Comunicação, Transporte e Outros Serviços Públicos
Dentre as disposições gerais aplicáveis a todos os crimes estão as seguintes: São crimes comuns, sendo o sujeito passivo a coletividade. A ação penal para eles será pública incondicionada. É aplicável aos arts. 260 a 262 o disposto no dispositivo legal seguinte, aumentando a pena nos casos em que vier a ocorrer morte ou lesão corporal.
Impedir ou perturbar serviço de estrada de ferro (art. 260 do CP):
Estrada de ferro é destinada somente aos trens, logo, não é possível por analogia aplicar tal crime ao metrô, por exemplo, em que pese também se locomova pelos trilhos. O caput do referido artigo prevê o crime de impedir ou perturbar (causar embaraço) o serviço de trens, destruindo, danificando, colocando obstáculo na linha; transmitindo falso aviso de circulação de trens; ou praticando qualquer ato que possa acarretar desastres. O crime é punido nas modalidades dolosa e culposa, sendo que a consumação do mesmo ocorre quando o serviço é impedido ou perturbado.
Expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea (art. 261 do CP):
Trata do atentado contra a segurança de transporte marítimo, fluvial ou aéreo. Pratica o crime quem expõe a perigo embarcação ou aeronave; ou dificulte, ou venha a impedir, navegação ou transporte aéreo.
Se do fato resultar naufrágio ou encalhe da embarcação, ou queda da aeronave, a pena será qualificada. O crime é punível nas modalidades dolosa e culposa, sendo que a consumação ocorre com a exposição ao perigo ou quando o transporte é impedido ou dificultado. 
Atentado contra a segurança de outros meios de transporte (art. 262 do CP):
A objetividade jurídica é a proteção à coletividade. Trata-se de crime comum, sendo o sujeito passivo a coletividade. O tipo objetivo é expor a perigo transporte público impedindo (o transporte não circulará) o seu funcionamento ou dificultando (circulará com morosidade) o mesmo. 
Crime doloso, que em caso de lesão corporal grave tem a pena aumentada até a metade, e em caso de morte a mesma é dobrada. Admite também a modalidade culposa, sendo que, caso resulte lesão corporal, a pena será aumentada em metade, resultando morte, será aplicada a pena para o homicídio culposo (detenção de 1 a 3 anos) aumentada de 1/3.
Se o transporte não for público haverá crime de dano, salvo se o transporte particular estiver a serviço público, onde no caso aplica-se o crime desse dispositivo legal. A ação penal é pública incondicionada. Se o agente arremessar qualquer objeto no transporte público terrestre, mesmo sem acertá-lo, responderá pelo art. 264 do CP (crime subsidiário). Se acertar e o transporte for afetado, passará a responder pelo art. 262 do CP. 
Pode acontecer que o agente pratique tal conduta por motivação política, e nesse caso, o crime passaria a ser contra a segurança nacional. A consumação ocorre quando transporte público para ou tem a sua atividade dificultada, e a tentativa é possível (ex: se a pedra for arremessada em um transporte público, mas este não vier a parar ou ter sua atividade dificultada), porém, não pelo arremesso quando o veículo está em movimento.
Circunstância qualificadora (art. 263 do CP):
Tal dispositivo legal é utilizado para aumentar a pena dos arts. 260 a 262 do CP, nos casos que envolvam morte ou lesão corporal, observadas as distinções feitas nas hipóteses de dolo e culpa.
Arremesso de projétil (art. 264 do CP):
Antes de adentrar no artigo é importante salientar que tal projétil não diz respeito necessariamente a arma de fogo. A objetividade jurídica é a proteção à coletividade. O tipo objetivo é o de arremessar projétil contra veículo público, ou particular a serviço do Estado, em movimento, de qualquer natureza (aéreo, marítimo, fluvial ou terrestre – ex: metrô, balsa, dentre outros).
O arremesso pode ocorrer por qualquer meio, não sendo necessariamente a força física (ex: estilingue, revólver, dentre outros). Se o transporte estiver parado pode acontecer outro crime. Trata-se de crime doloso, que tem a pena aumentada em caso de lesão corporal ou morte. A consumação ocorre com o arremesso, independente de acertar o mesmo, sendo a tentativa perfeitamente possível (ex: um indivíduo está se preparando para fazer o arremesso e outro o impede). Por fim, a ação penal é pública incondicionada.
Atentado contra a segurança de serviço de utilidade pública (art. 265 do CP):
A objetividade jurídica é a proteção à coletividade. Trata-se de crime comum, sendo a vítima a coletividade. O tipo objetivo é atentar contra a segurança ou o funcionamento de serviço de utilidade pública (ex: coleta de lixo). O serviço não precisa ser interrompido para que haja a consumação, ela ocorrerá com o simples atentado. A ação penal é pública incondicionada.
A pena será aumentada de 1/3 até a metade se houver subtração de equipamento essencial para o funcionamento do serviço (ex: o indivíduo furta um fio elétrico para obter o fio de cobre nele contido). Nesse caso não haverá concurso de crime com o furto, em que pese o agente pratique a mesma conduta do tipo penal mencionado. 
Interrupção ou perturbação de serviço telefônico, informático, telemático (ex: satélite) ou de informação de utilidade pública (art. 266 do CP):
A objetividade jurídica é a proteção à coletividade. Trata-se de crime comum, sendo o sujeito passivo a coletividade. Aconduta é a de interromper (o serviço não funcionará) ou perturbar (diminuir a eficácia) serviço telefônico, de informática ou telemático.
A pena será dobrada se o crime for praticado durante calamidade pública. Caso seja praticado com finalidade política passará a se enquadrar nos crimes contra a segurança nacional. Trata-se de crime doloso que admite a tentativa.
Dos Crimes Contra a Saúde Pública (arts. 267 a 285 do CP)
A objetividade jurídica dos crimes desse capítulo é a proteção à coletividade, que fica exposta a produtos que podem trazer riscos à saúde coletiva, ou a doença que também traz riscos à mesma. O sujeito ativo será qualquer pessoa, na maioria dos crimes, sendo a vítima a coletividade. A ação penal será pública incondicionada. 
Epidemia (art. 267 do CP): 
Causar epidemia é propagar, de forma indeterminada, doenças que possam ser facilmente transmitidas (ex: sarampo, H1N1, dentre outras). Caso a doença em questão seja de difícil transmissão (ex: HIV, pois é necessário inocular no indivíduo), não será configurado esse crime específico. Se a transmissão da doença for para uma ou algumas pessoas determinadas haverá o crime do art. 131 do CP.
Responde pelo crime quem quer transmitir a doença que possa se propagar, caso contrário não haverá esse crime. Ele será passível de punição a título de dolo e culpa. Se o crime for doloso e resultar morte a pena será dobrada, sendo ele culposo, em caso de morte, a pena será mais grave. É importante ressaltar que sendo ele doloso estará enquadrado no rol dos crimes hediondos da lei 8072/90.
Infração de medida sanitária (art. 268 do CP):
A conduta é desrespeitar determinação do poder público para impedir a propagação de doenças contagiosas (ex: violar a barreira de uma área em quarentena). A pena é aumentada em 1/3 se o agente for da área de saúde pública (que prestam serviços à coletividade). O tipo subjetivo do crime é o dolo (VER AS DISPOSIÇÕES GERAIS A TODOS OS ARTIGOS).
Omissão de notificação de doença (art. 269 do CP):
Trata-se de crime próprio, pois só poderá ser praticado por médico. O tipo objetivo é deixar de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória (não é qualquer doença, mas aquelas contidas no rol da portaria 204/16 do Ministério da Saúde, cuja notificação é obrigatória). A obrigação de notificar será do médico. O dispositivo legal diz respeito a uma norma penal em branco, ou seja, que necessita da complementação de outra norma para que possa atingir a finalidade a que ela se destina. O tipo subjetivo é o dolo, sendo que a consumação ocorre quando o médico deixa de comunicar/notificar (caso ele o faça, mas por circunstâncias adversas a notícia não chegue ao conhecimento das autoridades públicas, não há que se falar em crime, pois cumpriu com seu dever de notificar – ele não responde pela efetividade, mas pela notificação). Não caberá tentativa, pois trata de crime omissivo próprio.
Envenenamento de água potável, alimento ou medicamento (art. 270 do CP): 
O tipo objetivo é envenenar, com o uso de qualquer substância, água potável, de uso comum ou particular (por se tratar de crime contra a saúde pública, o objetivo do agente não é atingir uma pessoa específica, logo, o particular ao qual o dispositivo legal se refere é, por exemplo, a caixa d´água de uma residência onde habita mais de uma pessoa, desejando o agente afetar todos os moradores daquela habitação), alimento ou medicamento destinados ao consumo. O envenenamento é algo que pode causar a morte, não sendo necessário causá-la, mas que possua potencial para tanto. (O PROFESSOR DISSE QUE ERA CRIME HEDIONDO, MAS ELE FOI REVOGADO DA LEI 8072/90).
Fica sujeito a essa pena quem sabe que o produto está envenenado e o entrega para o consumo ou tem o mesmo em depósito para ser distribuído. Sendo o crime doloso, em caso de morte ou lesão corporal grave, ou sendo culposo, quando houver lesão corporal leve, aplica-se o art. 285 do CP, que qualifica pelo resultado. 
Trata-se de crime punido a título de dolo ou culpa, sendo que a consumação ocorre com o envenenamento (não é necessário que o indivíduo consuma o produto), a entrega para o consumo ou com o depósito, sendo este último crime permanente.
OBS: Se a comida estiver podre não é crime de envenenamento, enquadra-se em outro tipo penal. 
Corrupção ou poluição de água potável (art. 271 do CP): 
Tanto o artigo anterior quanto esse tratam de água potável, que é aquela passível de consumo, caso contrário, não haverá crime. O tipo objetivo é corromper (tirar as qualidades) ou poluir (degradar) água potável, de uso comum ou particular (segue a mesma linha de raciocínio do artigo anterior), tornando-a imprópria para o consumo ou nociva para a saúde (de outro modo não haverá esse crime, podendo incorrer em crime ambiental, previsto na lei 9605/98). Diz respeito a crime doloso, que admite também a modalidade culposa, sendo que a consumação ocorre quando a água é corrompida ou poluída. A tentativa é possível.
Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de substância ou produtos alimentícios (art. 272 do CP):
O tipo objetivo é corromper, adulterar, falsificar (ex: diz que o produto tem ferro, mas o mesmo não possui) ou alterar alimento destinado a consumo, tornando-o nocivo à saúde ou reduzindo o seu valor nutritivo. 
Também pratica o crime quem, sabendo dessa circunstância, entrega o produto ao consumo, o vende (ou expõe à venda), o tem em depósito ou fabrica. A bebida é considerada como alimento (tem-se bebida em lato sensu: água engarrafada, refrigerante, cerveja, dentre outros). 
Se o produto alimentício for corrompido, mas não vier a ser impróprio à saúde poderá ocorrer crime contra o consumido, previsto na lei 8078/90 – Código de Defesa do Consumidor (ex: o produto está fora da validade, mas não é nocivo à saúde).Também pode ocorrer crime contra a relação de consumo (lei 8137/90).
O crime é punido a título de dolo e culpa, sendo que a consumação ocorre com a prática das condutas descritas. A tentativa é admissível. Em caso de morte ou lesão corporal aplica-se o disposto no art. 285 do CP.
Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273 do CP): 
O tipo objetivo é falsificar, corromper, adulterar ou alterar esses produtos. Também pratica o crime quem sabe que o produto foi falsificado, alterado e o coloca à venda, importa, tem em depósito ou, de qualquer forma, o coloca para consumo.
Produtos terapêuticos são aqueles utilizados em tratamento de pacientes (ex: produto para verificação de diabetes – não é medicamento, mas está associado a tratamento médico. Medicamento para regular a pressão arterial, dentre outros). Não só os medicamentos, mas também a matéria prima, cosméticos e saneantes (ex: álcool gel) caracterizam o crime. Também incorre no crime os seguintes: medicamento ou produto terapêutico sem registro nos órgãos competentes; produto cuja fórmula atual está em desacordo com o registro; produto cuja qualidade ou identidade estão diferentes do registro; produto de origem desconhecida; produto adquirido em estabelecimento sem registro (não é necessário que ele seja nocivo, basta que seja adquirido em tal estabelecimento).
Trata-se de crime doloso, que admite modalidade culposa. Além disso, é possível haver crime contra o consumidor, previsto na lei 8078/90 (ex: a propaganda exagerada, prevista no artigo 68 dessa legislação especial).
Emprego de processo proibido ou de substância não permitida – crime subsidiário (art. 274 do CP):
Pratica o crime quem empregar substâncias proibidas pela legislação na fabricação de produto destinado ao consumo. O crime é punido apenas na modalidade dolosa, sendo que a consumação ocorre com o emprego. A tentativa é possível.
Invólucro ou recipiente com falsa indicação – crime subsidiário (art.275 do CP): 
O tipo objetivo é inculcar (gravar/imprimir) em recipiente ou invólucro substância que não é encontrada, ou que esteja em quantidade menor (se for em quantidade maior não é crime),em produto alimentício, medicamento ou terapêutico. Tais condutas podem estar relacionadas com a relação de consumo, prevista na lei 8137/90. A consumação ocorre com o ato de inculcar, mas a tentativa é possível.
 Produto ou substância nas condições dos dois artigos anteriores – crime subsidiário (art. 276 do CP): 
Pune quem vende, tem em depósito ou entrega ao consumo o recipiente com a falsa indicação ou o produto que utilizou sustância ou fabricação sem permissão sanitária, sabendo dessas condições.
 Substância destinada à falsificação – crime subsidiário (art. 277 do CP):
Traz a ideia dos petrechos. Pratica o crime quem vende, tem em depósito ou cede substâncias destinadas à falsificação de alimento medicamento ou produto terapêutico.
Outras substâncias nocivas à saúde (art. 278 do CP):
O tipo objetivo é fabricar, vender, expor à venda, ter depósito ou entregar ao consumo qualquer substância nociva à saúde, desde que não seja destinada à alimentação ou tenha finalidade medicinal (trata-se de um crime de segurança).
Crime doloso que admite também a modalidade culposa. Aplica-se o disposto no art. 285 do CP nos casos em que for produzido o resultado mais grave. A consumação ocorre quando uma das condutas é praticada, lembrando-se que depósito é conduta permanente. O agente deve saber que o produto é nocivo à saúde, pois de outro modo ficará afastado o dolo, podendo ser punido a título de culpa. A tentativa é admissível. 
Medicamento em desacordo com a receita médica (art. 280 do CP):
O tipo objetivo é fornecer medicamento ou substância medicinal em desacordo com a receita médica. Não haverá crime nas hipóteses em que a mudança de um produto por outro não venha a alterar a composição do fármaco (ex: medicamento genérico).
Se o medicamento possuir dosagem diferente haverá o delito. O tipo subjetivo admite o dolo e a culpa. Aplica-se também o art. 285 do CP, que aumenta a pena pelo resultado mais grave. A consumação ocorre quando a substância é fornecida, sendo a tentativa possível.
Exercício ilegal da medicina, odontologia ou atividade farmacêutica (art. 282 do CP):
O tipo objetivo é o de exercer (apenas dizer que ocupa tal cargo não constitui o crime), gratuitamente ou não, a profissão de médico, dentista ou farmacêutico sem atender aos requisitos legais. Também pratica o crime quem preencheu os requisitos exigidos por lei, mas excedeu o limite de sua atuação (ex: médico que não realizou especialização, mas atua como especialista). 
O exercício ilegal de outras profissões, que não as disciplinadas no referido dispositivo legal, caracteriza contravenção penal. A consumação ocorre com o exercício ilegal, sendo a tentativa possível (há doutrinadores que adotam tal crime como sendo habitual, desse modo, não seria cabível a modalidade tentada). Trata-se de crime punido apenas na modalidade dolosa, aplicando-se a ele o disposto no art. 285 do CP quando vier a ser produzido o resultado mais grave. Havendo finalidade lucrativa, aplicar-se-á cumulativamente pena de multa. 
Charlatanismo (art. 283 do CP):
Difere-se do estelionato, pois o crime de charlatanismo está relacionado à saúde, contudo, é possível haver concurso com aquele desde que neste se utilize fraude com fins econômicos. 
O tipo objetivo é inculcar (estimular alguém à prática de algo) ou anunciar cura por meio secreto, isto é, desconhecido, ou infalível. Conforme já mencionado, caso haja finalidade lucrativa, poderá existir concurso com o crime de estelionato. A consumação ocorre com a prática das condutas descritas, sendo a tentativa possível (desde que o anúncio não seja verbal, onde no caso ela não seria admissível). Aplicar-se-á o disposto no art. 285 do CP nos casos em que ocorrer o resultado mais gravoso. 
Curandeirismo (art. 284 do CP):
O tipo objetivo é o exercício de curandeirismo, sendo considerados como tal os seguintes atos: prescrever ou aplicar, habitualmente, qualquer substância de caráter medicinal; utilizar gestos, palavras ou qualquer meio de cura; realizar diagnóstico.
Trata-se de crime habitual, que não admite tentativa. Será punido apenas na modalidade dolosa, sendo que, caso haja finalidade patrimonial será também aplicada a pena de multa. O crime poderá estar associado ao estelionato e, nos casos em que for produzido o resultado mais grave, aplica-se o disposto no art. 285 do CP.
OBS: Não se pune tal atividade se esta estiver associada à religião (ex: atividade praticada por membros de organização religiosa, tais como padres, pastores, dentre outros).
Circunstância qualificadora (art. 285 do CP):
Será aplicado o disposto no art. 258 do CP aos crimes previstos nesse capítulo, salvo ao 267 da mesma legislação. 
Dos Crimes Contra a Paz Pública
A objetividade jurídica tem por bem jurídico tutelado a paz pública e a sua tranquilidade. O sujeito ativo de tais crimes será qualquer pessoa, sendo o passivo a coletividade. A ação penal é pública incondicionada, sendo que nenhum dos crimes admitirá a modalidade culposa. 
Incitação ao crime (art. 286 do CP): 
O tipo objetivo é incitar publicamente (podendo ser por meios eletrônicos) a prática de crime. A consumação ocorre quando o agente instiga, sendo que oralmente não caberá a modalidade tentada. Diz respeito a crime subsidiário e formal, isto é, que não necessitará da prática do crime incitado para restar consumado.
Apologia de crime ou criminoso (art. 287 do CP):
Apologia é fazer a defesa da prática de crime ou do criminoso. Não seria crime tal conduta baseada em fato ou personalidade histórica (ex: apologia a Lampião). Caso seja feita oralmente não será admitida a tentativa, sendo que, se a conduta for praticada em prol do uso de drogas o crime será o disciplinado na lei de drogas.
Associação criminosa (art. 288 do CP):
Trata-se de crime independente, que será punido com a simples associação, não sendo necessário a sua consumação que o crime planejado seja praticado (caso isso ocorra haverá concurso de crimes). A doutrina entende que a associação para a finalidade do crime deverá ser habitual e não meramente imediatista, isto é, ligada a um único evento. A tentativa não é admissível.
Para que o crime seja configurado é necessário que três ou mais pessoas se associem, pouco importando a capacidade civil delas (ex: poderão se associar dois menores e um maior de idade). A associação deverá ser para a prática de mais de um crime, não sendo configurada se o outro delito for contravenção penal. Além disso, tal crime faz com que o agente responda em concurso material com os demais crimes praticados.
A pena é aumentada até a metade se a associação utiliza arma, criança ou adolescente (para o ECA, criança é menor de 12 anos e adolescente, consequentemente, maior que essa faixa etária e menor que 18 anos – a título de curiosidade, a criança sequer pratica ato infracional, espécie de delito restrita aos adolescentes infratores).
A lei 8072/90 (lei dos crimes hediondos – crimes de “máximo” potencial ofensivo) determina que a associação para a prática de crime hediondo ou equiparado a hediondo (aqueles crimes estão previstos no CP, enquanto esses em legislação esparsa/extravagante, são eles: crimes de drogas, terrorismo, genocídio e tortura), a pena passa a ser qualificada, de 3 a 6 anos. Contudo, tal pena poderá ser reduzida de 1/3 a 2/3 quando o agente denuncia a associação à autoridade, possibilitando o desmantelamento (tal redução se aplica somente aos crimes previstos nessa lei, e não ao previsto no caput do art. 288 do CP).
A lei de drogas determina que a associação para a prática do crime de tráfico de droga resta configurada com a presença de duas ou mais pessoas (número inferior ao do caput do art. 288 do CP). 
A lei 12.850/2013 trata da organização criminosa, crime constituído pela associação de quatro ou mais pessoas, diferindo-se do supramencionado. Além disso, outros pontos divergentes são os seguintes: na organização há uma divisão de tarefas que apresenta estruturação (ex: execução, planejamento, lavagem de dinheiro, dentre outras atividades);nela, qualquer delito caracterizará o crime, podendo inclusive ser contravenção penal; a doutrina entende que o somatório das penas recebidas pelos delitos deverá ser superior a quatro anos. Por fim, tal crime previsto na legislação extravagante é punido por si só, não sendo necessário haver concurso. 
Constituição de milícia privada (art. 288-A do CP):
O crime em questão é um tipo especializado de associação criminosa, sendo que o tipo objetivo é constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular (tem-se como milícia um grupo armado) ou qualquer outro agrupamento com o fim de praticar crimes (há o chamado elemento normativo do tipo – é indispensável que seja tal finalidade, pois de modo contrário o fato será atípico) previstos no Código Penal. Ao especificar que tais crimes deverão estar previstos no CP o legislador taxou o rol, de modo que se os crimes a serem praticados forem de legislação esparsa, não se configura o crime em voga. Por fim, a consumação exige a prática de crimes, ou seja, se os agentes praticarem alguma das condutas descritas com a finalidade de praticar um único crime, não será configurado esse delito.
OBS: Integrar, manter e custear são crimes permanentes.

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