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CRIMES EM ESPECIE AULA UNIDADE 2 PDF

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- -1
CRIMES EM ESPÉCIE
UNIDADE 2 – PRINCIPAIS CRIMES EM 
ESPÉCIE: CRIMES CONTRA A PESSOA E O 
PATRIMÔNIO
Ronaldo Félix Moreira Júnior
- -2
Introdução
Em uma situação fática é, muitas vezes, complexo visualizar de maneira clara a prática de um delito. Isso,
principalmente devido ao fato de que é difícil compreender qual é a intenção de um determinado agente ao
realizar certa conduta.
Após uma discussão, por exemplo, em que um indivíduo ataca outro (ainda que com seus próprios punhos) e
provoca a morte dessa pessoa, algumas dúvidas podem surgir. Trata-se, em verdade, de um homicídio ou de uma
lesão corporal seguida de morte? Para que se possa responder a essas indagações, é imperativo que se estude a
característica de ambos os delitos.
Não somente em relação aos crimes contra a pessoa, é necessário que o operador do direito (principalmente
aquele que pretende se tornar um criminalista) compreenda também questões em que os bens jurídicos se
relacionam, buscando responder questões como: qual a consequência jurídica para um roubo que é seguido de
morte? Ou, o que prevê a legislação para os casos em que um indivíduo acabe sendo privado (em um tráfico de
pessoas), não apenas de sua liberdade, mas também tem sua vida ceifada?
No intuito de responder a essas e outras indagações, o capítulo traz os principais delitos que tutelam
importantes bens jurídicos, como liberdade, patrimônio, integridade física e a própria dignidade humana.
Leia com atenção. Bons estudos!
1.1 Principais características de delitos muito cobrados em 
concursos e OAB, como lesão corporal, furto e roubo
Da mesma forma que o delito de homicídio, a lesão provocada em outrem pode ocorrer de forma ou dolosa 
 a depender da intenção original do agente provocador.culposa,
Isso ocorre devido ao fato de que existem diferentes espécies do delito. Ainda assim, trata-se de um complexo
delito, tendo em vista que até mesmo a lesão corporal dolosa possui diferentes modalidades, quais sejam: 1)
lesão leve; 2) lesão grave; 3) lesão gravíssima; 4) lesão seguida de morte.
Quadro 1 - As hipóteses previstas pelo Código Penal do delito de lesão corporal, demonstrando as diferentes 
consequências possíveis para a ação delituosa do agente.
Fonte: GONÇALVES, 2018, p. 202.
O primeiro tópico do capítulo tem como objetivo a análise dessas diferentes espécies do delito. Acompanhe!
- -3
1.1.1 Lesões corporais leves
A lesão leve se encontra prevista no do art. 129, do Código Penal, que assim estipula: “Ofender acaput
integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena – detenção de três meses a um ano”.
Nota-se que o delito não faz menção à expressão leve, devendo essa característica ser considerada pelo simples
motivo que a lei não estabelece nenhuma condição especial como resultado de tais lesões.
Vamos conhecer, clicando no recurso a seguir, alguns conceitos importantes a respeito do tema.
Objeto jurídico do delito
O do delito é a integridade física e também a saúde dos indivíduos. Entende-se como ofensa àobjeto jurídico 
integridade corporal, o dano anatômico que decorre de uma agressão. Para Gonçalves (2018), trata-se de uma
alteração lesiva ao corpo humano, citando como exemplo as escoriações, equimoses, cortes, fraturas, fissuras,
hematomas, luxações, rompimento de tendões e queimaduras. O mesmo autor menciona que a ofensa à saúde
ocorre por meio de provocações de perturbações que podem ser fisiológicas (pelo desajuste no funcionamento
de algum órgão) ou mentais (quando há qualquer desarranjo no funcionamento cerebral).
Princípio da insignificância
Importante mencionar a aplicação desse princípio em determinadas situações, tendo em vista que o direito penal
visa proteger os bens jurídicos mais relevantes e apenas contra as lesões que realmente sejam relevantes. Nesse
caso, se a lesão for mínima, a ponto de não causar qualquer problema ou dano considerável, não haverá
necessidade para a intervenção do direito penal.
Crime comum
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do delito estudado. Trata-se também de . O mesmo valecrime comum
para o sujeito passivo, tendo em vista que não se exige qualquer característica especial da eventual vítima.
Delito de ação livre
Busato (2017) lembra que o crime pode ser praticado tanto por ação quanto por omissão. Trata-se de hipótese
de delito de . Importante mencionar, contudo, que na hipótese de ocorrência de mais de uma lesão naação livre
mesma vítima (desde que dentro de um mesmo contexto) trata-se de crime único e não de diversos crimes de
mesma natureza. É certo, porém, que o magistrado deverá levar esse fato em consideração no momento da
aplicação do da pena.quantum 
Crime material
Lembramos que o crime exige uma ofensa considerável à integridade física da vítima, sendo um crime de
resultado, não de mera conduta. É, portanto, um e essa materialidade deve ser provada por meiocrime material 
de exame de corpo de delito por médico legista que irá dispor a respeito da existência ou não da lesão e, no caso
de sua ocorrência, da provável causa que a ensejou (GONÇALVES, 2018).
Não se exige, conforme Estefam (2016), o boletim médico para a possibilidade de oferecimento da denúncia,
uma vez que a prova testemunhal poderá suprir tal necessidade, conforme estabelece o Código de Processo
Penal em seu art. 167.
- -4
Figura 1 - O crime de lesão corporal exige uma verdadeira alteração na condição física do indivíduo de forma 
prejudicial, diferenciando-se do mero “tapa” ou “empurrão” que configuram a contravenção de vias de fato.
Fonte: GlebSStock, Shutterstock, 2019.
Ainda sobre as características básicas do delito, é necessário afirmar que se admite a tentativa, desde que a
intenção de se lesionar a vítima tenha sido frustrada por circunstâncias alheias à vontade do agente. Dentro
desse contexto, Gonçalves (2018) distingue a tentativa do delito de lesões corporais da contravenção penal de
vias de fato (presente no art. 21, da Lei de contravenções penais). A contravenção se consuma com lesões
mínimas, como um tapa ou empurrão, mas desde que essa seja, desde início, a intenção do agente. No caso da
tentativa de lesão corporal, deve ficar clara a intenção do agente em lesionar outrem, o que apenas não foi
possível devido ao fato de alguma intervenção externa (como no caso de ter sido parado por policiais).
Conforme mencionado, trata-se de crime doloso, seja ele direto ou eventual. Por fim, a ação penal do delito de
lesões corporais leves passou a ser pública condicionada à representação do ofendido, nos termos da Lei 9.099
/95.
1.1.2 Lesões corporais graves
Estipula o §1º do art. 129 do Código Penal, a pena de reclusão de um a cinco anos nas hipóteses de seu inciso I:
“Se resulta incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta dias”. Trata-se, portanto, de lesão
corporal grave, mas que ainda torna possível a suspensão condicional do processo nos termos da Lei 9.099/95,
já que possui pena mínima prevista de um ano.
É preciso saber, para que o operador do direito possa atuar (seja em um julgamento, denúncia ou defesa), o que
se compreende como atividade habitual. Não se exige aqui, apenas as ações relacionadas ao ofício da vítima, mas
a qualquer ocupação de sua rotina (PRADO, 2015). Importante ainda dizer que, nos termos no art. 168, §3º, do
Código de Processo Penal, é possível que o exame complementar seja suprimido por prova testemunhal.
- -5
Sobre o tema dolo e culpa e sua relação com a lesão corporal grave, é preciso afirmar que não se exige o dolo
específico de causar a incapacidade temporária, de modo que pode decorrer tanto de conduta dolosa (o
indivíduo pretendia causar a incapacidade), como culposa (ESTEFAM, 2016).
O segundo inciso do primeiro parágrafo também considera lesão grave aquela que resulta “perigo de vida”, que
pode ser traduzida em uma real possibilidade de morte, que deve ser comprovada mediante perícia médica e
derivar da culpa do agente (dolo na lesão, mas culpa no risco causado – hipótese preterdolosa).
O terceiro inciso trata do resultado “debilidade permanente demembro, sentido ou função”. É importante que se
saiba que debilidade não é o mesmo que incapacidade total, mas apenas redução ou diminuição da capacidade de
utilização de um membro, sentido ou função (do contrário será considerada uma lesão gravíssima nos termos do
art. 129, §2º, III). Por meio de exame, será necessário demonstrar que a debilidade não pode ser revertida
(exemplo clássico é o do indivíduo que após sofrer uma lesão, passa a mancar de forma permanente).
O quarto inciso diz respeito à lesão que resulta aceleração do parto. Exige-se, nessa hipótese, que ocorra o
nascimento prematuro e que o produto da concepção venha a sobreviver (do contrário, será lesão gravíssima,
conforme art. 129, §2º, V, CP).
1.1.3 Lesões corporais gravíssimas e lesões seguidas de morte
Conforme Gonçalves (2018), pode-se falar em lesão gravíssima nos casos em que o resultado do delito não traz
uma consequência prejudicial temporária à vítima, mas danos de caráter permanente, como a amputação de um
membro.
O primeiro inciso do §2º, CP diz respeito ao resultado “incapacidade permanente para o trabalho”. Nota-se que
nesse caso, o legislador decidiu se referir diretamente ao termo trabalho, não às atividades habituais. Entretanto,
conforme menciona Gonçalves (2018), trata-se de qualquer tipo de trabalho (em contexto geral). Não é
necessário que a incapacidade seja para o trabalho da vítima, mas para qualquer forma de trabalho.
O segundo inciso do parágrafo estudado fala da enfermidade incurável como resultado da lesão. Por
enfermidade, trata-se da alteração permanente da saúde do indivíduo vitimado, de um modo que não existe,
reconhecidamente, uma cura.
CASO
Um exemplo claro para ilustrar a situação, pode ser o seguinte: um indivíduo está em um bar e
encontra alguém por quem nutria certo desafeto. Este alguém passa pela rua realizando algum
tipo de provocação. O primeiro indivíduo vai até seu desafeto e também profere provocações.
Ao ver que o outro buscava retirar-se do local, o primeiro investe contra ele e, após uma série
de golpes, vai embora deixando a vítima jogada no chão.
O indivíduo lesionado, ao tentar se defender, acabou por ter a perna quebrada. O exame feito
pelo legista confirma que ele ficará incapaz de realizar suas tarefas mundanas (como se
locomover) por mais de 30 dias. Caracteriza-se, assim, a lesão corporal de natureza grave.
- -6
O inciso III do parágrafo segundo, já trata da perda ou inutilização de membro, sentido ou função. Nesse ponto, é
importante diferenciar a perda da inutilização. Enquanto a perda pode ocorrer por amputação ou mutilação, a
inutilização ocorre quando o membro permanece (ainda que parcialmente) ligado ao corpo da vítima, mas
incapaz de realizar suas ações naturais (é o caso do indivíduo que perde o movimento das pernas).
Gonçalves (2018) bem menciona que a perda de um dedo se trata de lesão grave, exceto quando se tratar do
polegar (por impossibilitar o manejo correto de objetos). Da mesma forma, menciona que a cegueira em um só
olho ou a surdez em um só ouvido (decorrente, por exemplo, do disparo de uma arma de fogo) também
constituem lesão de natureza grave e não gravíssima.
Já o inciso IV trata da deformidade permanente e deve ter como requisito as seguintes características (PRADO,
2015):
• existência de dano estético;
• dano de proporção considerável;
• dano de cunho permanente;
• dano visível;
• dano capaz de provocar impressão vexatória na vítima.
O quinto e último inciso diz respeito à lesão que provoca o aborto, entretanto, é imprescindível que o aborto seja
causado por consequência unicamente dolosa do ato. Trata-se de hipótese exclusivamente preterdolosa, tendo
em vista que o agente pretende causar a lesão, mas possui culpa no resultado aborto. Se há dolo em relação ao
aborto, responderá o indivíduo pelo delito constante no art. 125, CP.
A lesão corporal seguida de morte está estipulada, por sua vez, no parágrafo terceiro do art. 129, do Código
Penal, que assim expõe: “Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem
assumiu o risco de produzi-lo: Pena – reclusão, de quatro a doze anos”.
Mais uma vez estamos diante de modalidade cabalmente preterdolosa, tendo em vista que a intenção do agente
era apenas a de lesionar a vítima, causando sua morte apenas de maneira culposa. Um claro e clássico exemplo,
ocorre quando um indivíduo golpeia outro na cabeça, causando grave dano cerebral que resulta em sua morte.
Menciona-se, com igual importância, o que a doutrina reconhece como lesão corporal privilegiada, que se trata
da hipótese do parágrafo quarto do art. 129. Verifica-se hipótese similar ao que é estipulado no delito de
homicídio (art. 121, §1º, CP) e que pode ser aplicada a , seja ela leve, grave,qualquer forma de lesão dolosa
gravíssima ou mesmo seguida de morte.
VOCÊ SABIA?
Discute-se, dentro desse contexto, a transmissão de AIDS, seja por relação sexual ou por
qualquer outra forma. Os primeiros julgamentos em torno da transmissão da doença eram no
sentido do crime de homicídio, mas o que foi se alterando com o avanço das pesquisas em
torno da doença. O Superior Tribunal de Justiça compreende que a transmissão da AIDS é
crime de lesão corporal gravíssima, podendo ocorrer por dolo direto ou eventual. Para Rogério
Greco (2017), é cabível a hipótese de tentativa de homicídio, a depender do elemento volitivo
do agente.
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1.1.4 Crimes contra o patrimônio e o delito de furto
Um delito muito cobrado em provas e que pode parecer simples em uma análise superficial, diz respeito ao furto
(art. 155). Contudo, diversas características do delito podem levar qualquer operador do direito a incorrer em
erros, os quais podem ser evitados por meio de uma leitura atenta na legislação e na doutrina.
No rol de delitos contra o patrimônio, não se pode deixar de mencionar o crime de roubo. Porém, os detalhes não
existem apenas na diferenciação entre furto e roubo, tendo em vista que cada um desses delitos possui suas
especificidades. Ressalta-se, também, que apesar da presente analise focar nesses dois delitos, os crimes contra o
patrimônio são constituídos pelos capítulos que você conhece clicando nas abas a seguir:
I – Furto.
II – Roubo e extorsão.
III – Usurpação.
IV – Do dano.
V – Da apropriação indébita.
VI – Estelionato e fraudes.
VII – Receptação.
O furto, por sua vez, divide-se em furto do art. 155, CP e furto de coisa comum (art. 156, CP). O art. 155 também
encontra subdivisões, podendo o delito ser classificado como:
1) simples;
2) noturno;
3) privilegiado;
4) qualificado.
O furto simples, nos termos do art. 155 (subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel), possui pena de
reclusão de um a quatro anos, além de multa, e ocorre com a subtração de um ou mais bens alheios. Tem como
objeto jurídico o patrimônio, assim como as demais modalidades.
Sobre os demais detalhes do delito, bem lembra Busato (2017) que a conduta típica consiste na subtração,
enquanto o objeto material é coisa móvel (e alheia). O elemento subjetivo do tipo é o fim de posse definitiva do
bem.
A subtração pode ocorrer de duas formas: 1) por meio do apoderamento da coisa alheia pelo agente, situação de
fácil descrição e visualização; 2) por meio da entrega do objeto ao agente. É preciso salientar que essa
modalidade pode ser facilmente confundida com a apropriação indébita. Dessa forma, conforme Prado (2015),
se a vítima entrega um objeto ao agente, mas não o permite que deixe o local com sua posse e ele assim o faz,
trata-se de furto ( ). Na hipótese de posse desvigiada (o dono do bem permite aposse ou detenção vigiada
saída), ocorrerá o crime de apropriação indébita quando o agente não restituir o bem (como no caso de alguém
que aluga um carro, mas não o restitui).
Nota-se que não há que se falar em furto no caso de subtração de coisa própria que se encontra em poder de
terceiro, mas esse fato pode ser tipificado, a depender das circunstâncias, no art. 346, CP, na conduta de tirar
coisa própria que se encontra em poder de terceiroem razão de contrato ou determinação judicial. Também
pode ser caso de exercício arbitrário das próprias razões, quando alguém acha que tem um direito recusado por
outra parte.
Conforme mencionado por Busato (2017), do mesmo modo é importante mencionar o caso em que alguém leva
embora coisa alheia, pensando em se tratar de bem que lhe pertence. Trata-se de claro erro de tipo.
Conheça ainda mais sobre o delito de furto clicando nas abas abaixo:
Consumação do furto
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É preciso ter em mente a que exige que a vítima perca a posse do bem enquanto oteoria da inversão da posse, 
agente a obtenha. Compreendem os tribunais superiores, com base nessa teoria, que o furto se consome no
momento em que cessa a clandestinidade por parte do agente (GONÇALVES, 2018).
Cessação da clandestinidade
A cessação da clandestinidade pode ser entendida quando o agente desloca o bem de seu local originário, ainda
que o indivíduo seja imediatamente perseguido e preso.
Tentativa
Quanto à tentativa, mostra-se possível em todas as modalidades do delito de furto.
Furto famélico
Dentro do contexto de furto simples, é aquele cometido por quem se encontra em estado de penúria, sem outra
maneira de obter alimento para si ou seus familiares. Trata-se de caso claro de excludente de ilicitude (estado de
necessidade própria ou de terceiro).
1.1.5 Furto noturno e furto qualificado
De acordo com o primeiro parágrafo do art. 155, a pena será aumentada (de um terço), nos casos em que o crime
de furto simples for praticado durante o repouso noturno. Trata-se de majorante, causa de aumento de pena e,
portanto, não de qualificação. Não basta que ocorra durante a noite, mas durante o momento em que certa
comunidade costuma se repousar. Também não é hipótese para crimes que ocorram, por exemplo, em veículos
parados durante a noite (GONÇALVES, 2015).
O furto qualificado, por sua vez, encontra-se previsto nos parágrafos 4º e 5º, do Código Penal. Será qualificado
(com pena de reclusão de dois a oito anos, além de multa) nos casos em que o crime for cometido: I – com
destruição ou rompimento de obstáculo; II – com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III – com emprego de chave falsa; IV – mediante concurso de duas ou mais pessoas.
Será a pena de reclusão de três a oito anos se a subtração for de veículo automotor que seja transportado para
outro estado da federação ou para o exterior.
Menciona-se ainda duas importantes e recentes legislações: A) A lei 13.330/16, que trouxe a pena de reclusão de
dois a cinco anos, quando a subtração for de semovente domesticável de produção no parágrafo quinto (ainda
que abatido); B) A lei 13.654/18, que inaugurou o §4º-A, com pena de quatro a dez anos e multa para casos em
que há emprego de explosivo ou artefato similar e o §7º, com a pena de reclusão de quatro a dez anos (e multa),
para subtração de substâncias explosivas ou de acessórios para produzi-las.
1.1.6 Furto privilegiado
O furto privilegiado diz respeito ao §2º em que, se o criminoso for primário, além de ser de pequeno valor a coisa
furtada, poderá (entende-se como um dever) substituir a pena de reclusão pela de detenção e diminuí-la de um a
dois terços, ou mesmo aplicar apenas a pena de multa.
Percebe-se que são requisitos para esse caso, a primariedade e o pequeno valor da coisa furtada. Será primária
toda pessoa que não for considerada reincidente (nos termos do art. 63, CP). Destaca-se que, conforme o art. 64,
CP, os indivíduos já condenados, mas que já cumpriram pena há mais de cinco anos, também são considerados
primários, bem como aqueles que praticaram contravenções penais.
O pequeno valor da coisa furtada diz respeito ao bem que não ultrapassa o valor de um salário mínimo (vigente à
época do crime).
Gonçalves (2018) menciona que prevalece o entendimento que de o privilégio não pode ser aplicado nas
- -9
Gonçalves (2018) menciona que prevalece o entendimento que de o privilégio não pode ser aplicado nas
hipóteses de furto qualificado, sendo afastadas, portanto, as figuras qualificadas descritas nos demais parágrafos
(4º, 5º e 6º).
Ressalta-se que o privilégio não é o mesmo que o princípio da insignificância, decorrente do princípio da
intervenção mínima. Nesse caso, não há qualquer lesão ao bem jurídico tutelado quando o bem furtado tiver
mínimo valor (BUSATO, 2017). Trata-se de casos considerados atípicos, sendo que, conforme o entendimento do
STF, são requisitos para a aplicação da insignificância: 1) mínima ofensividade da ação delituosa; 2) ausência de
periculosidade social da ação; 3) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; 4) lesão jurídica
inexpressiva. Menciona-se, inclusive, que o STJ entendeu ser de bagatela a subtração de bem que tenha valor de
até dez por cento do salário mínimo.
1.1.7 O delito de roubo
É imperativo que se compreenda que o capítulo referente ao delito de roubo no Código Penal (art. 157) também
prevê a extorsão (art. 158), que possui diferentes modalidades: a extorsão mediante sequestro (art. 159) e a
extorsão indireta (art. 160).
Em sua forma simples, conforme estipulado no art. 157, , trata-se da subtração de coisa móvel alheia, paracaput
o indivíduo ou outrem, mediante grave ameaça ou violência à pessoa, ou depois de havê-la reduzido à
impossibilidade de resistência por qualquer meio. Trata-se de delito apenado com reclusão de quatro a dez anos,
além de multa.
Importante mencionar que o bem jurídico tutelado não é apenas o patrimônio, mas também a incolumidade
física e liberdade individual (ESTEFAM, 2016). No que diz respeito ao tipo objetivo, o crime, para sua
configuração, requer a presença conjunta das seguintes elementares: 1) subtração (conduta típica); 2) coisa
alheia móvel (objeto material); 3) circunstância de a coisa ser necessariamente alheia (elemento normativo); 4)
a finalidade de posse definitiva, ainda que para outro (elemento subjetivo).
Diferencia-se do simples furto, devido ao fato de existir um domínio da vítima que pode ocorrer por violência (
), grave ameaça ( ) ou qualquer meio capaz de reduzir a impossibilidade de resistência.vis absoluta vis compulsiva
No que diz respeito ao sujeito ativo e passivo, trata-se de , uma vez que qualquer indivíduo podecrime comum
figurar nos polos (passivo e ativo) do crime. Inclusive, se admite o roubo no caso de pessoa jurídica
(GONÇALVES, 2018).
Quanto à consumação, da mesma forma que no furto, para a ocorrência do delito, basta o momento em que o
indivíduo se apossa do bem de terceiro, pouco importando se ele é ou não preso no local da ocorrência. No
mesmo sentido, o Superior Tribunal de Justiça inaugurou a Súmula n. 582, na qual consta: “consuma-se o crime
de roubo com a inversão da posse do bem, mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve
tempo e em seguida a perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a
posse mansa e pacifica ou desvigiada”.
- -10
O primeiro parágrafo do art. 157, diz respeito ao roubo impróprio, alegando que na mesma pena incorre quem,
logo após a subtração da coisa, emprega violência ou grave ameaça contra ela a fim de assegurar a impunidade
do crime ou a detenção do bem para si ou terceiro.
Diferencia-se do disposto no devido ao fato de que no roubo simples, a violência ou grave ameaçacaput, 
constituem meio para a subjugação da vítima. No roubo impróprio, ocorre a realização de um furto com
posterior utilização de ou . Também é importante mencionar que o roubo simplesvis absoluta vis compulsiva
admite o uso de qualquer outro meio para diminuir a resistência da vítima, o que não se encontra nos casos de
roubo impróprio. Nas hipóteses de roubo impróprio, também deve-se salientar o entendimento dos tribunais
superiores, no sentido de que não se admite a tentativa.
Destaca-se que o roubo impróprio possui a mesma pena que o roubo próprio. Apenas o parágrafo segundo do
art. 157 traz as causas de aumento (de um terço até metade), que podem ser aplicadas tanto ao roubo próprio
quanto impróprio.
Navegue no recursoabaixo e conheça as causas de aumento de pena:
Se há o concurso de duas ou mais pessoas.
Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
Se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua
fabricação, montagem ou emprego.
Nesses casos, ainda é preciso ressaltar a Súmula 443, do STF: “o aumento na terceira fase de aplicação da pena
no crime de roubo circunstanciado exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a
mera indicação do número de majorantes”. Conforme o entendimento sumulado, o juiz poderá aplicar o aumento
acima do mínimo, ainda que reconhece existir apenas uma das causas de aumento prevista, mas deve, para tanto,
apresentar argumentos justificantes.
Destaca-se ainda a existência do §2º-A, que traz também o aumento de pena, mas dessa vez no montante de dois
nas seguintes hipóteses:terços 
• se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;
• se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo 
que cause perigo comum.
Quanto a uma dessas causas de aumento de pena (o emprego da arma de fogo), após o cancelamento da súmula
referente à arma de brinquedo, diversas decisões no STJ rejeitaram o aumento por falta de potencialidade lesiva
da arma desmuniciada.
Quanto às modalidades qualificadas do delito, o parágrafo terceiro traz duas hipóteses, ao estipular que se da
ação houver os seguintes resultados (de maneira ou ):dolosa culposa
• lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa;
• morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa (é o que a doutrina chama de 
VOCÊ SABIA?
Discuta-se, na jurisprudência, como tese de defesa, a possibilidade de existência da figura do
roubo privilegiado. Ela é possível? Sabe-se que há previsão no Código Penal, ainda que a coisa
roubada seja de pequeno valor. Da mesma forma, atualmente, a doutrina e jurisprudência
negam a possibilidade de aplicação do princípio da insignificância ao delito, uma vez que não
se pode falar em insignificância aliada à violência e grave ameaça, que são requisitos para o
crime. (BUSATO, 2017)
•
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•
•
- -11
• morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa (é o que a doutrina chama de 
latrocínio).
Menciona-se ainda, conforme o art. 1º, II, da Lei 8.072/90 (lei de crimes hediondos), que o latrocínio, seja ele
consumado ou tentado, é crime hediondo, o que não vale para o roubo qualificado pela lesão grave.
Quanto à ação penal, trata-se de pública incondicionada (em qualquer hipótese do roubo), conforme Tourinho
Filho (2018), que ainda salienta não ser competência do tribunal do júri os casos de latrocínio, em consonância
com o entendimento sumulado (Súmula 603), do STF.
1.2 Críticas criminológicas aos dispositivos do Código 
Penal que evidenciam uma clara seletividade penal
O estudo do Direito Penal não pode ser desvinculado da criminologia. O ensino da dogmática deve sempre
caminhar ao lado do ensino crítico, motivo pelo qual não basta ao jurista compreender os delitos mencionados
pelo Código Penal, é preciso que compreenda também suas críticas e suas razões existenciais.
Um dos principais pontos a respeito dessas críticas diz respeito à seletividade penal, ou a forma como o sistema
de justiça criminal possui uma clara predileção por um grupo de indivíduos.
Segundo Batista (2011), a criminologia crítica, influenciada pelas teorias do etiquetamento que a precederam,
demonstra como o poder do sistema penal age de forma seletiva, escolhendo “candidatos” ao processo de
criminalização. É possível afirmar que a rotulação desses indivíduos como verdadeiros delinquentes, é feita em
função de sua própria pessoa, a partir de um estereótipo formado por um estigma social existente.
Compreende-se, a partir dessa afirmação, que a delinquência não é um resultado singular dos motivos do agente
ao cometer determinado crime, mas um resultado de critérios de agências de controle na hora da determinação
do que é ou não considerado crime. Fala-se, portanto, em criminalização primária.
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VOCÊ QUER VER?
O documentário da diretora Maria Ramos, filmado em 2004, demonstra a seletividadeJustiça,
por meio das salas de audiências do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, apontando os
servidores do Poder Judiciário e a relação existente entre eles, os réus e seus familiares. A obra
deixa evidente a existência de estruturas de poder, além de uma cabal criminalização da
pobreza. É possível, com o passar do documentário, perceber que para esses grupos
marginalizados, a única face do Poder Judiciário conhecida é aquela da
Desigualdade e do punitivismo. Clique no link < >ww.youtube.com/watch?v=qUWZHNWcj7U
que você vai curtir e saber mais sobre o assunto.
http://ww.youtube.com/watch?v=qUWZHNWcj7U
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Esse processo de seleção diz respeito ao momento inicial em que um indivíduo (ou grupo de indivíduos) passa a
ser objeto de uma opção legislativa que caracterizará os desviantes. De acordo com Batista (2011), trata-se de
uma verdadeira escolha de condutas de caráter considerado criminoso pelo legislador criminal.
Porém, é importante mencionar que essa escolha não é feita com base no dano social que essas ações provocam,
mas pela frequência com que elas são praticadas, além do estereótipo direcionado a seus praticantes.
Isso explica porque o Código Penal busca discorrer tão longamente acerca do roubo (art. 155, CP) ou furto (art.
157), tecendo inúmeras qualificadoras ou causas de aumento de pena (como o aumento de um terço nos casos
de concurso de pessoas estabelecido no §1º, do art. 157), atribuindo até mesmo penas mais graves do que
aquelas que são direcionadas a delitos de grande dano social, como os chamados crimes de colarinho branco.
É possível, portanto, retirar algumas simples conclusões dessas análises da criminologia crítica, no que diz
respeito à criminalização primária. Você vai conhecer essas conclusões clicando nas abas a seguir:
1) Escolha
legislativa
O fato de algo ser considerado crime não representa que ele necessariamente é algo
inaceitável na sociedade (como no caso do delito de violação de direito autoral, a comum
“pirataria”, prevista no art. 184, CP) ou que seja capaz de gerar grande dano social (como o
porte para utilização individual de drogas, previsto no art. 28, da Lei 11.343/06), trata-se,
portanto, de uma escolha legislativa voltada a prevalecer determinadas condutas em
detrimento de outras
2) Resultado
Com efeito, tais parâmetros de escolha não obedecem os necessários princípios da
razoabilidade e proporcionalidade, de modo que o resultado são duras leis penais contra
condutas de pessoas pertencentes a grupos menos favorecidos, quando raramente são
analisados ou criadas condutas típicas voltadas aos atos praticados pela classe social mais
elevada economicamente.
VOCÊ O CONHECE?
Nilo Batista, autor de “Introdução crítica ao direito penal brasileiro” (2011), é professor de
direito penal e foi governador do estado do Rio de Janeiro no ano de 1994 (substituindo Leonel
Brizola). Escreveu diversas obras e artigos sobre direito penal e criminologia, mantendo
sempre um caráter crítico em relação às políticas criminais do país, analisando a história do
nosso sistema punitivo e da atuação seletiva do Estado.
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Figura 2 - O sistema penal, por meio da criminalização primária (tipificação de condutas), elege grupos de 
indivíduos sobre os quais recairá o maior rigor do poder punitivo estatal.
Fonte: oneword, Shutterstock, 2019.
Certamente, é preciso afirmar que ao lado da criminalização primária existe a criminalização secundária, que diz
respeito não à ação prévia do poder legislativo, mas a repressão pelas agências de controle sobre os indivíduos
considerados delinquentes.Entra em discussão, nesse ponto, as políticas criminais.
Wacquant (2001), menciona que na década de 1980, nos Estados Unidos e no Reino Unido, nasceu um projeto
político de cunho neoliberal complexo, pautado em duas questões: 1) a exigência de menor ingerência do
governo no que diz respeito às prerrogativas do capital; 2) a exigência, concomitante, de maior ingerência
governamental para o mascaramento das consequências sociais nocivas decorrentes da deterioração da
proteção social.
Para o mesmo autor (2003), trata-se de uma clara atuação de um verdadeiro Estado disciplinar que atua
utilizando serviços sociais mínimos, mas como instrumentos de vigilância e controle, enquanto faz uso do
encarceramento e extermínio como forma de repressão. Apesar disso, esse tipo de política criminal acabou
sendo exportado para países periféricos, como o Brasil que, aliado à tradicional seletividade existente, acaba por
formar grandes mazelas, como é o encarceramento demasiado no país.
VOCÊ QUER LER?
O livro “Seletividade do Sistema Penal: o Caso Rafael Braga”, do autor Sergio Francisco Carlos
Graziano Sobrinho (2018), é uma boa leitura para você entender mais sobre o assunto que
estamos estudando. Trata de uma análise de um caso de grande repercussão e é uma obra cuja
base criminológica busca compreender o sistema criminal e como ele atua de maneira seletiva
em todo território nacional, não apenas em relação à atuação das polícias, mas também do
Ministério Público e da Magistratura.
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1.3 Análise das recentes legislações que alteraram 
dispositivos do Código, como a Lei 13.330/16 e a Lei 13.654
/18
O ordenamento jurídico encontra-se em constante mudança. Não basta compreender determinado conteúdo, é
preciso que se tenha em mente os diversos entendimentos a seu respeito, uma vez que não é raro que uma lei
seja alterada, de forma menos evidente ou até mesmo com mudanças mais complexas. O presente tópico tem
como objetivo analisar algumas alterações legais menores relacionadas aos delitos já estudados, bem como
discutir a Lei 13.344/16, que mudou completamente um delito contra a liberdade pessoal, qual seja: o tráfico de
pessoas. Continue lendo!
1.3.1 Lei 13.330/16 e Lei 13.654/18
A Lei 13.330/16 trouxe uma pequena inovação no delito de furto, acrescentando ao art. 155, o parágrafo sexto,
com os seguintes dizeres: “A pena é de reclusão de dois a cinco anos se a subtração for de semovente
domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração”.
Trata-se de uma qualificadora relacionada apenas à animais domesticáveis de produção (como boi, porco ou
galinha), pouco importando se ele é abatido no local da subtração. Com essa informação, é importante
compreender que não se trata de modalidade qualificada o furto de animais já abatidos, como aqueles que se
encontram em frigoríficos (GONÇALVES, 2018).
Menciona-se que na ocorrência concomitante de outras qualificadoras, como nos casos de rompimento de
obstáculo ou concurso de pessoas, prevalecerá a qualificadora em que a pena for maior. Também é preciso
mencionar que a modalidade em estudo não impede o reconhecimento de um furto famélico, como na hipótese
em que um indivíduo abate e furta uma galinha para saciar a própria fome ou de alguém de sua família.
Entenda melhor as inovações das Leis Lei 13.330/16 e 13.654/18 clicando a seguir:
• Lei 13.330/16: delito de furto
A Lei 13.330/16 não alterou apenas o delito de furto, sendo também responsável pelo art. 180-A, delito
de receptação de animal, que estipula em seu caput: “Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar,
ter em depósito ou vender, com a finalidade de produção ou de comercialização, semovente
domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de
crime”. A pena estipulada para o novo delito é a de reclusão de dois a cinco anos, além de multa.
• Lei 13.654/18: delito de furto
Por sua vez, a Lei 13.654/18 trouxe alterações não apenas no art. 155, mas também no art. 157, do
Código Penal.
O delito de furto (art. 155) passa a ter uma nova qualificadora, prevista no §4º-A, com pena de reclusão
de quatro a dez anos, além de multa, na ocorrência de emprego de explosivo ou qualquer outro artefato
que cause perigo comum. Com igual pena é a qualificadora do §7, que trata da subtração de substâncias
explosivas ou de acessórios que permitem sua fabricação, montagem ou emprego.
• Lei 13.654/18: delito de roubo
A maior alteração, entretanto, foi para o delito de roubo (art. 157) que não recebeu qualificadoras, mas
causa de aumento de pena (de um terço à metade), se a subtração ocorrida for de substância explosiva
ou acessório para sua fabricação, montagem ou emprego.
Destaca-se o que se alterou em relação ao uso de arma de fogo e do roubo com resultado morte ou lesão
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Destaca-se o que se alterou em relação ao uso de arma de fogo e do roubo com resultado morte ou lesão
grave. A nova lei trouxe novos montantes, com o §2º-A, que estipula o aumento da pena em 2/3 nos
casos de violência exercida com o emprego de arma de fogo ou com destruição ou rompimento de
obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato similar que cause perigo comum.
A qualificadora prevista no parágrafo 3º, agora trata da pena de reclusão de sete a dezoito anos, além de
multa para o caso de lesão grave resultante da violência do roubo (em seu primeiro inciso) e da pena de
vinte a trinta anos nas hipóteses em que da violência ocorre o resultado morte (inciso segundo).
1.3.2 A Lei 13.344/16 e o tráfico de pessoas
De modo a demonstrar uma legislação que alterou completamente as informações de um delito, menciona-se a
Lei 13.344/16, que trouxe nova roupagem ao crime de tráfico de pessoas, presente no art. 149-A (com pena de
reclusão de quatro a oito anos), do Código Penal, revogando, assim, o antigo delito de tráfico internacional de
pessoa para fim de exploração sexual (constante no art. 231, CP) e o delito de tráfico interno de pessoa para fim
de exploração sexual (constante no art. 123-A, do mesmo diploma).
Trata-se o novo delito com núcleo do tipo variado, com os verbos: agenciar, aliciar, recrutar, transportar,
transferir, comprar, alojar ou acolher. O objeto material do delito é qualquer indivíduo humano (seja homem ou
mulher, adulto ou criança). É imprescindível, como meio de execução, o uso de grave ameaça, violência, coação,
fraude ou abuso. Nesse caso, é certo que o objeto jurídico do delito é a liberdade pessoal da vítima.
Importa ressaltar que, muito embora a regra seja a prática comissiva, nada impede que o delito ocorre por meio
da omissão quando o resultado deveria ser impedido por um garante, nos termos do art. 13, §2º, CP.
É claro que o elemento subjetivo para este caso é o dolo, que se trata da vontade direcionada à prática de uma
das condutas previstas no tipo, além do elemento subjetivo específico de: 1) remoção de órgãos, tecidos ou
partes do corpo; 2) submissão à trabalho em condições análogas à de escravo; 3) submissão à servidão; 4)
adoção ilegal; ou 5) exploração sexual. Certamente não se pode falar em modalidade culposa para o delito, mas é
possível se falar em tentativa, muito embora para a consumação basta o emprego da grave ameaça, violência,
coação, fraude ou abuso para o agente aliciar, recrutar ou transportar (ou qualquer verbo do tipo) a vítima.
(BUSATO, 2017),
Figura 3 - O crime de tráfico de pessoas possui uma causa de aumento de pena de um terço até a metade nas 
hipóteses em que for praticado por funcionário público no exercício de suas funções.
Fonte: Ella Sarkisian, Shutterstock, 2019.
Destaca-se ainda a existência de causas de aumento de pena previstas no §1º, situações que merecem um maior
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Destaca-se ainda a existência de causas de aumento de pena previstas no §1º, situações que merecem um maior
rigor punitivo devido às relações existentes entre agente e vítima, que facilitaram a ocorrência do delito. São
elas: 1) o cometimento do delito por funcionário público no exercício de suasfunções ou a pretexto de exercê-
las; 2) o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência; 3) a prevalência,
pelo agente, de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, hospitalidade, dependência econômica,
autoridade ou mesmo de superioridade hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou função; ou 4) a
vítima for retirada do território nacional.
Por fim, não podemos esquecer da possibilidade de diminuição da pena (de um a dois terços) prevista no §2º,
relacionada ao fato de o agente ser primário e não integrar organização criminosa.
Síntese
Chegamos a mais um final da Unidade, na qual questões de extrema importância ao mundo jurídico foram
exploradas.
É importante mencionar que além de terem sido analisadas questões relacionadas a delitos comumente
estudados no ramo do Direito Penal (como lesões corporais, furto e roubo), a Unidade também foi decisiva para
que o aluno pudesse traçar um vínculo com a criminologia, onde o tema seletividade penal foi bem abordado.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• aprender os diferentes aspectos do delito de lesão corporal, tais como: modalidades culposas e 
preterdolosas;
• entender o delito de furto e a teoria da inversão da posse;
• analisar as principais características do furto qualificado e furto privilegiado;
• aprender os requisitos para o crime de roubo em suas diferentes modalidades;
• estudar aspectos criminológicos relacionados à seletividade penal e como ela se manifesta por meio da 
criminalização de certas condutas (como furto e roubo);
• pesquisar sobre a recente alteração na legislação a respeito do tráfico de pessoas.
Bibliografia
BATISTA, N. : 12. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2011. Introdução crítica ao direito penal brasileiro
BRASIL, . Disponível em: <Decreto-Lei nº, 2,848, de 07 de dezembro de 1940 http://www.planalto.gov.br
>. Acesso em: 07/07/2019./ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm
BUSATO, P. C. : Parte especial: 3. ed. São Paulo: Atlas, 2017.Direito Penal
ESTEFAM, A. [ .] Parte Especial do Código Penal: 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.et. al Direito Penal Aplicado:
GONÇALVES, V. E. R. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.Direito Penal Esquematizado:
GRAZIANO, S. O caso Rafael Braga. Rio de Janeiro: Revan, 2018.Seletividade do Sistema Penal: 
GRECO, R. parte especial. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.Curso de direito penal:
JUSTIÇA. Direção e produção de Maria Augusta Ramos. Documentário. Brasil. Produção independente, 2004.
Disponível em: < >. Acesso em: 07/07/2019.www.youtube.com/watch?v=qUWZHNWcj7U
LOPES, J. A. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2015.Direito processual penal:
PRADO, L. R. 14. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.Curso de direito penal brasileiro. 
TOURINHO, F. C. F. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.Manual de Processo Penal:
WACQUANT, L. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.As prisões da miséria. 
WACQUANT, L. a nova gestão da miséria nos Estados Unidos: 2. ed. Rio de Janeiro: Revan, Punir os pobres: 
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm
http://www.youtube.com/watch?v=qUWZHNWcj7U
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WACQUANT, L. a nova gestão da miséria nos Estados Unidos: 2. ed. Rio de Janeiro: Revan, Punir os pobres: 
2003.
	Introdução
	1.1 Principais características de delitos muito cobrados em concursos e OAB, como lesão corporal, furto e roubo
	1.1.1 Lesões corporais leves
	1.1.2 Lesões corporais graves
	1.1.3 Lesões corporais gravíssimas e lesões seguidas de morte
	1.1.4 Crimes contra o patrimônio e o delito de furto
	1.1.5 Furto noturno e furto qualificado
	1.1.6 Furto privilegiado
	1.1.7 O delito de roubo
	1.2 Críticas criminológicas aos dispositivos do Código Penal que evidenciam uma clara seletividade penal
	1.3 Análise das recentes legislações que alteraram dispositivos do Código, como a Lei 13.330/16 e a Lei 13.654/18
	1.3.1 Lei 13.330/16 e Lei 13.654/18
	Lei 13.330/16: delito de furto
	Lei 13.654/18: delito de furto
	Lei 13.654/18: delito de roubo
	1.3.2 A Lei 13.344/16 e o tráfico de pessoas
	Síntese
	Bibliografia

Outros materiais