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Princípio da insignificância

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Princípio da insignificância
Rogério Greco, capítulo 9
	O princípio da insignificância ou da bagatela está associado ao princípio da intervenção mínima, que limita o poder punitivo do Estado, levando a legislador a selecionar aqueles bens mais importantes que existem na sociedade para serem tutelados. É apenas essa pequena seleção que será contemplado pelo Direito Penal. O legislador teve a preocupação, por exemplo, com a integridade corporal das pessoas de forma mais abrangente possível, punindo inclusive condutas culposas.
	“O princípio da insignificância tem o sentido de excluir ou de afastar a própria tipicidade penal, ou seja, não considera o ato praticado como um crime, por isso, sua aplicação resulta na absolvição do réu e não apenas na diminuição e substituição da pena ou não sua não aplicação. Para ser utilizado, faz-se necessária a presença de certos requisitos, tais como: (a) a mínima ofensividade da conduta do agente, (b) a nenhuma periculosidade social da ação, (c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e (d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada (exemplo: o furto de algo de baixo valor). Sua aplicação decorre no sentido de que o direito penal não se deve ocupar de condutas que produzam resultado cujo desvalor – por não importar em lesão significativa a bens jurídicos relevantes – não represente, por isso mesmo, prejuízo importante, seja ao titular do bem jurídico tutelado, seja à integridade da própria ordem social”.
O QUE É O CRIME?
	A fim de configurar o crime, é preciso observar três características: tipicidade (fato típico), ilicitude e culpabilidade. Fora isso, necessita-se da presença de quatro elementos:
	
	a) Conduta (dolosa/culposa, comissiva/omissiva)
	b) Resultado
	c) Nexo de causalidade (entre conduta e resultado)
	d) Tipicidade (formal e conglobante)
	→ Exemplo: João está atrasado para um compromisso e tira o carro rapidamente da garagem, sem atentar para possíveis transeuntes e demais cuidados. Por conta disso, ao sair, encosta o veículo na perna de um pedestre, causando-lhe um pequeno ferimento (lesão corporal). Para saber se a conduta de João é típica, é preciso antes afirmar que houve uma conduta (no caso, culposa) e nexo de causalidade entre esta e o resultado. Concluída essa verificação, deve-se observar se há, enfim, a tipicidade. 
TIPICIDADE PENAL
	A tipicidade penal pode ser dividida em dois tipos. A tipicidade formal trata do encaixe perfeito da conduta praticada à situação prevista na lei. No exemplo, tem-se a tipicidade formal por conta da previsão do legislador com relação à lesões corporais culposas. Já para haver a tipicidade conglobante, é preciso checar dois aspectos: a) se a conduta é antinormativa e b) se o fato é materialmente típico. O princípio da insignificância está justamente na tipicidade material.
	Naturalmente, ao tutelar a integridade corporal, por exemplo, o legislador não teve a intenção de abarcar todas as lesões corporais possíveis. Visa apenas cuidar de danos que sejam verdadeiramente relevantes. Quaisquer outros fora das hipóteses previstas são inexpressivos. 
	No exemplo, está ausente a tipicidade material, fato que exclui a tipicidade conglobante e, em vista disso, a tipicidade penal. Não havendo tipicidade penal, não há fato típico. Consequentemente, não há crime. 
	OBS: TIPICIDADE PENAL = TIPICIDADE FORMAL + TIPICIDADE CONGLOBANTE, ou seja:
	TIPICIDADE PENAL = ANTINORMATIVIDADE + ATIVIDADES NÃO FOMENTADAS + TIPICIDADE MATERIAL
REJEIÇÃO AO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
	“Segundo o princípio da insignificância, que se revela por inteiro pela sua própria denominação, o direito penal, por sua natureza fragmentária, só vai aonde seja necessário para a proteção do bem jurídico. Não deve-se ocupar de bagatelas”. (ASSIS TOLEDO)
	O princípio da insignificância não pode, contudo, ser aplicado a todos os tipos penais, como, por exemplo, em casos de homicídio ou nos crimes praticados mediante grave ameaça ou violência. Nas situações aplicáveis, o princípio age como fator de descaracterização material da tipicidade penal, isto é, a exclui em perspectiva de seu caráter material. 
	“de minimis, non curat praetor. O sistema jurídico há de considerar a relevantíssima circunstância de que a privação da liberdade e a restrição de direitos do indivíduo somente se justificam quando estritamente necessárias à própria proteção das pessoas, da sociedade e de outros bens jurídicos que lhes sejam essenciais, notadamente naqueles casos em que os valores penalmente tutelados se exponham a dano, efetivo ou potencial, impregnado de significativa lesividade”.

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