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Livro Texto – Unidade II

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ELEMENTOS DE CLIMATOLOGIA; DOMÍNIOS E PAISAGENS VEGETAIS
Unidade II
5 EVENTOS ESPECIAIS
5.1 Efeito estufa
Segundo Mendonça e Danni‑Oliveira (2007, p. 183),
o efeito estufa é um fenômeno natural, cuja ocorrência remete à origem da 
atmosfera. Ele decorre da interação de componentes da Troposfera com a 
energia emitida pela superfície terrestre ao se resfriar, e é um dos principais 
responsáveis pelo aquecimento do ar nessa capa atmosférica.
No efeito estufa, ou aquecimento global, os oceanos absorvem a maior parte do calor da Terra. 
Assim, os mares liberarão nas próximas décadas boa parte do aquecimento global para a atmosfera.
Uma importante peça no quadro do aquecimento global ficou mais evidente com a confirmação 
científica de que os oceanos absorveram muito do calor nos últimos quarenta anos, adiando seu efeito 
completo na atmosfera e no clima.
Quando a Terra esquenta por causas naturais ou humanas (ou ambas), nem todo o calor extra vai 
de imediato para o ar, onde seu efeito sobre o clima é mais direto. Parte desse calor é absorvida pelos 
oceanos, que o armazenam por anos ou décadas.
Especialistas creem que cerca de 50% do efeito estufa produzidos até hoje ainda está nos oceanos e 
atingirão o ar nas próximas décadas. O novo estudo mostra que o aquecimento médio dos oceanos nos 
quarenta anos analisados foi de 0,05°C até 3,2 km de profundidade, e de mais de 0,5°C nos 300 m superiores, 
pois apenas parte do aquecimento da Terra ultrapassou a superfície. Logo, podemos afirmar que:
• as águas dos oceanos absorvem parte do calor irradiado pela Terra que deveria ir para a atmosfera, 
pois elas demoram para perder calor ou para se resfriar, ao contrário dos continentes;
• o aumento de temperatura global poderia ser bem maior atualmente, pois se acredita que 50% 
do efeito estufa ainda está nos oceanos e atingirá o ar nas próximas décadas, quando for liberado 
pelas massas líquidas.
A avaliação do secretário‑geral da ONU (Ban Ki‑Moon) acerca do grande fórum sobre o aquecimento 
global, realizado em setembro de 2007, alcançou seu objetivo de obter apoio para a reunião de Bali 
em dezembro. Os temas debatidos reafirmaram pontos interessantes sobre o aquecimento global e 
deveriam substituir o Protocolo de Kyoto para reduzir a emissão de gases estufa.
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Unidade II
I. Atividades Geradoras de 
Gases Estufa
II. Emissões Anuais de Dióxido de Carbono
(% do total mundial)
4%
8%
14%
57%
17%
Produção e 
consumo de energia
Indústria
Desmatamento
Agricultura
Emissão de CFC
8,0%
5,0%
Estados Unidos
China
Outros
Alemanha
Índia
Japão
Rússia
4,0%3,7%
41,1%
24,1%
14,1%
(A) (B)
Figura 21 
A Convenção do Clima (BRASIL, 1992) atribui aos países ricos a maior parcela de responsabilidade 
na luta contra as mudanças do clima e também a maior parte da conta a ser paga. Por isso, recomenda 
que esses países tomem a iniciativa, reduzindo suas emissões de “gases estufa”. Na mesma direção, a 
Convenção reconheceu que as nações mais pobres têm direito ao desenvolvimento econômico e são 
mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas.
Em poucos anos, ficou claro que o frágil compromisso de se tentar congelar as emissões não seria 
cumprido pela maior parte dos países desenvolvidos, especialmente os Estados Unidos. Além disso, 
ocorria significativo aumento das emissões por parte de países subdesenvolvidos, em particular a China. 
Esse pano de fundo condicionou as discussões da Conferência das Partes em Kyoto, no Japão, em 1997.
O presidente francês Nicolas Sarkozy pediu uma redução de 50% nas emissões de gases que aquecem 
a atmosfera, como o CO2, até 2050, e declarou que a convenção do clima da ONU é “o único arcabouço 
eficiente e legítimo” para atacar a crise.
Os cientistas do Painel Intergovernamental em Mudanças do Clima (IPCC), da ONU, afirmam que o 
século XX foi o mais quente dos últimos 500 anos, com aumento da temperatura média entre 0,3°C e 0,6°C. 
A responsabilidade para tal ocorrência é atribuída ao excesso de gás carbônico e outros gases liberados na 
atmosfera pelas atividades humanas, principalmente a queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e 
o gás natural); também são citados o metano e o óxido nitroso, gerados, sobretudo, pela decomposição do 
lixo, pela pecuária e pelo uso de fertilizantes. Outra grande vilã é a queimada de florestas, o desmatamento 
que contribui, principalmente no Brasil, para maior emissão de gases de efeito estufa.
Atualmente, pelo Protocolo de Kyoto, os países signatários devem reduzir suas emissões em 5%. A 
meta é chegar a 50% de redução nos próximos anos.
De uma coisa os cientistas do IPCC têm certeza: nosso planeta está ameaçado por causa da ação 
humana.
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ELEMENTOS DE CLIMATOLOGIA; DOMÍNIOS E PAISAGENS VEGETAIS
Sequestro de carbono 
Existem projetos de arborização para captura de neutralização de CO2 por espécies tropicais que 
esbarram em questão de metodologia e até nomenclatura; algumas empresas afirmam trabalhar com 
“compensação futura de carbono”. A pergunta é: quanto uma árvore consegue sequestrar de carbono 
enquanto ela está crescendo? A ideia é preservá‑la até crescer, antes de ser derrubada; aí, sim, poderá se 
afirmar que valeu a pena a atividade. 
O degelo no mundo 
Um dos efeitos mais temidos pelo aquecimento global é o degelo, que já vem ocorrendo em várias 
partes do mundo. A região ártica já encolheu 14%, segundo especialistas, e a Antártida sofreu um degelo 
de 3000 km2 somente no período posterior a 1997. As principais cordilheiras do mundo também estão 
perdendo a massa de gelo e neve. Segundo o World Watch Institute (WWI), desde 1850, as geleiras dos 
Alpes recuaram entre 30% e 40%. A geleira Quelccaya, nos Andes peruanos, tem encolhido em média 30 
metros por ano a partir de 1990. No Alasca, a redução foi de 13 mil metros na geleira Columbia.
Expansão do buraco na camada de ozônio 
Ozônio é a zona da atmosfera de 19 km a 48 km sobre a superfície da Terra. Nela se produzem 
concentrações de ozônio de até 10 partes por milhão. O ozônio forma‑se pela ação da luz solar sobre 
o oxigênio. No nível do solo, concentrações tão elevadas são perigosas para a saúde, mas como a 
camada alta protege a vida do planeta da radiação ultravioleta cancerígena, sua importância é 
inestimável. Por isso, na década de 1970, os cientistas preocuparam‑se ao descobrir que certos produtos 
químicos chamados clorofluorocarbonos, ou CFCs (compostos de flúor), usados durante muito tempo 
na refrigeração e como propelentes nos aerossóis, representavam uma possível ameaça à camada de 
ozônio. Isto levou ao desenvolvimento de várias estratégias para eliminar gradativamente os CFCs.
Clorofluorocarbonetos (CFCs) 
Gases não tóxicos, inventados em 1928, usados na fabricação de aparelhos de ar condicionado, 
refrigeradores e também em sprays de inseticidas, produtos de limpeza e desodorantes. Os 
clorofluorocarbonetos têm sido apontados entre os principais causadores da destruição da camada de ozônio. 
Este fato ocorre porque são capazes de alcançar a faixa da atmosfera onde se encontra o ozônio e, ao serem 
atingidos pelos raios ultravioleta, liberam monóxido de cloro, que reage com o ozônio (O3), decompondo‑o. 
Inúmeras medidas e providências têm sido tomadas para diminuir a produção e uso destes gases, objeto de 
estudos do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) desde 1977. O primeiro passo foi 
a Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio, realizada em1985, assinada por 28 países e 
ratificada posteriormente por 169 nações. O segundo e mais importante, porque estabeleceu prazos para 
a redução das emissões de CFC, foi o Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Afetam a Camada 
de Ozônio, de 1987, assinado por 48 e ratificado por 168 países. Esse documento recebeu emendas nas 
conferências de Londres (1990), Copenhague (1992) e novamente em Montreal (1997). A negociação dos 
prazos tem sido muito delicada, porque envolve limitações ao estabelecimento de várias indústrias e exige a 
adoção de tecnologias que muitas vezes não estão ao alcance dos países menos desenvolvidos.
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Unidade II
A poluição atmosférica é medida em PPMs (partes por milhão). Quando a concentração de gases 
poluentes está acima de 9 PPMs, a qualidade do ar fica comprometida, ou seja, é inadequada. Quando 
atinge 30 PPMs, é o caos, requerendo a decretação do estado de alerta.
A poluição pode ser causada por diferentes fatores e de várias maneiras.
O excesso de resíduos (sólidos, líquidos ou gasosos), por exemplo, é capaz de colocar em risco a biosfera.
A poluição do ar é causada por duas categorias de poluentes: os primários, liberados diretamente 
na atmosfera, e os secundários, formados por combinações físico‑químicas entre diferentes elementos 
na atmosfera. Os principais exemplos são: o dióxido de carbono, pela queima de combustíveis fósseis; 
o dióxido de enxofre (SO2); hidrocarbonetos (HC); partículas em suspensão (PS); o óxido de nitrogênio 
(NO). Um caso especial é o dos clorofluorocarbonetos, que provocam os “buracos” na camada de ozônio.
Chuvas ácidas 
Precipitação (também em forma de neve ou geada) em que o pH se apresenta abaixo de 5,0; trata‑se 
da associação da água da precipitação com elementos (principalmente enxofre) lançados na atmosfera 
por fábricas, refinarias, automóveis. Principais locais de ocorrência de chuvas ácidas: Milão (Itália), Seul 
(Coreia do Sul), Cubatão (São Paulo, Brasil), Cidade do México (México), Região dos Grandes Lagos (EUA/
Canadá). Também existem mais três categorias de agentes poluidores especiais: os eletromagnéticos, os 
sonoros e os visuais. Máquinas industriais e veículos de transporte e equipamentos de amplificação de 
som de alta potência são os principais agentes da poluição sonora.
Saúde
As doenças infecciosas transmissíveis podem aumentar com a intensificação da poluição 
atmosférica. 
De acordo com pesquisas realizadas por Ulisses Confalonieri, epidemiologista da Escola 
Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), os processos biológicos 
serão alterados pelo aumento da temperatura média da atmosfera. Ele menciona o exemplo 
de um mosquito vetor que pode reduzir o seu ciclo de vida, aumentando a sua população 
mais rapidamente. Quanto mais distante do Equador, o fator torna‑se mais crítico; o 
pesquisador afirma que o inverno é um fator determinante, sendo que na região sul do 
Brasil, o aumento da temperatura ampliará os dias propícios ao risco de doenças, como 
a dengue. Além de outras doenças citadas por ele, que se alterados os ambientes, como 
na Amazônia, permitirão uma redistribuição geográfica das doenças, como a malária, a 
meningite, a hantavirose, as diarreias infecciosas, a leptospirose e a leishmaniose, sensíveis 
ao clima (CONFALONIERI, 2003, p. 193‑204).
O que precisa ser feito? 
• sistemas de alerta;
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ELEMENTOS DE CLIMATOLOGIA; DOMÍNIOS E PAISAGENS VEGETAIS
• estudos sobre vulnerabilidade;
• planos de contingência;
• controle epidemiológico;
• controle de pragas e insetos;
• programas de vacinação para prevenção de doenças;
• controle da defesa civil nos casos de óbitos por desastres;
• desenvolvimento de programas integrados de pesquisa científica;
• identificação de problemas de saúde associados às mudanças climáticas e eventos 
climáticos extremos;
• implementar programas de monitoramento e prevenção de emissores de poluentes 
e inspeção veicular.
Grandes cidades 
As metrópoles constituem‑se em grande fonte de emissão de gases estufa e com as 
mudanças climáticas estarão cada vez mais sujeitas à ocorrência de enxurradas e deslizamentos.
Quem é o grande vilão? O transporte veicular que se constitui na principal fonte de 
gás carbônico, notadamente nas cidades brasileiras. As cidades do Brasil têm problemas de 
drenagem e serão cada vez mais afetadas pelos fenômenos climáticos intensos, expondo 
as pessoas aos riscos de enchentes e escorregamentos, pela ação das enxurradas, tal qual 
ocorreu em Niterói (RJ) no Morro do Bumba. 
O que precisa ser feito?
• implantar sistemas eficientes de transporte coletivo;
• estabelecer áreas restritas à circulação veicular;
• reduzir os limites de emissão, promover incentivo às ciclovias seguras, uso de 
combustíveis de transição e renováveis (biodiesel, gás);
• investir em drenagem urbana e tratamento de efluentes para reduzir os impactos 
das enxurradas;
• estabelecer sistemas de alerta aos riscos (GREENPEACE, 2007, p. 45).
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Unidade II
Cenários futuros
Os cenários futuros são alarmantes, exigindo da população e dos órgãos governamentais 
a adoção de padrões sustentáveis, a fim de que as condições de habitabilidade do planeta 
sejam mantidas. O aumento populacional e a intensificação das necessidades alimentares e 
produtivas exigiriam aumento do ritmo de produção, maior consumo de energia, aumento 
da emissão dos gases estufa, modificando ecossistemas e os padrões de vida na Terra.
5.2 Inversão térmica
O fenômeno da inversão térmica ocorre quando a concentração do ar frio junto ao solo impede a 
dispersão de poluentes eventualmente nele lançados.
O fenômeno funciona assim: normalmente, o ar próximo à superfície do solo 
está em constante movimento vertical em razão do processo convectivo 
(correntes de convecção). A radiação solar aquece a superfície do solo 
e este, por sua vez, aquece o ar que o circunda; esse ar quente é menos 
denso que o ar frio, assim, ele sobe (movimento vertical ascendente) e o 
ar frio, mais denso, desce (movimento vertical descen dente). O ar frio, ao 
tocar a superfície do solo, recebe seu calor, esquenta, fica menos denso e 
sobe, dando lugar a um novo movimento descendente de ar frio. E o ciclo 
se repete. O normal, portanto, é que se tenha ar quente em uma camada 
próxima ao solo, ar frio em uma camada logo acima dessa e ar ainda mais 
frio em camadas mais altas, porém, em constantes trocas por correntes de 
convecção (TORRES; MACHADO, 2011, p. 212).
A figura a seguir esquematiza o processo de inversão térmica:
Sem inversão
Poluentes
Al
tit
ud
e
Al
tit
ud
e
Temperatura
Temperatura
Camada de inversão térmica
Sem a inversão témica, a 
temperatura do ar diminui 
gradativamente com a 
altitude, e a fumaça de 
fábricas e veículos sobe e 
se dispersa, pois são mais 
quentes que o próprio ar
Com a inversão témica, 
a temperatura do ar 
aumenta abruptamente 
na chamada “camada de 
inversão”; essa camada 
“abafa” a fumaça e 
“sufoca” a cidade. 
causando problemas de 
saúde para os 
habitantes.
Com inversão
Figura 22 – Inversão térmica
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ELEMENTOS DE CLIMATOLOGIA; DOMÍNIOS E PAISAGENS VEGETAIS
Esse fenômeno ocorre no inverno em centros urbanos onde as condições descritas se apresentam. 
As principais áreas de ocorrência são as cidades de São Paulo e a do México.
5.3 Tempestades tropicaisA palavra tufão vem do árabe tufan, que significa inundação, dilúvio, em referência às consequências 
desse fenômeno. Ciclone vem do grego kyklos, que significa círculos, em uma alusão ao movimento. 
A palavra furacão tem origem no castelhano huracán, denominação dada, nas Antilhas, aos ciclones 
tropicais que provocam tempestades violentas. Hunrakén era o deus das tormentas para os índios do 
Caribe.
Segundo Torres e Machado (2011, p. 213), as tempestades tropicais são centros ciclônicos, quase 
circulares, com pressão extremamente baixa, em que os ventos giram em espiral.
Durante qualquer ano, 50 ou mais depressões tropicais se formam próximas da região equatorial da 
Terra. Cerca de metade ou um terço dessas depressões desenvolve‑se em ciclones tropicais completos. 
O diagrama a seguir apresenta os locais comuns de nascimento das tempestades e as trajetórias típicas 
que as tempestades tropicais e os ciclones seguem. Os números indicam a quantidade aproximada de 
tempestades tropicais que se desenvolvem naquela região ao longo do período de um ano (baseado em 
um diagrama de Dunn).
O fenômeno surge em área de água tropical quente. A temperatura do oceano deve estar acima de 
27°C ou 28°C, pois as tempestades são alimentadas pela umidade e pelo calor liberado pelo oceano.
Na América Central, a região caribenha e a Flórida têm sido atingidas por violentos e desastrosos 
furacões: Jeanne, Ivan, Charles, Frances e Katrina.
 
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Unidade II
Dinâmica dos ventos da 
pressão em um furacão
No centro da tempestade está 
o olho do furacão, isto é, as 
velocidades do vento caem 
a quase zero. Entretanto, a 
diferença de pressão que 
aciona o furacão permanece 
evidente, já que a pressão 
é normal ao nível do mar. 
Olhando para cima através 
do olho de um furacão, um 
observador veria um céu claro 
e sem nuvens.
Quando o ar rico em umidade 
atinge o nível de condensação, 
o vapor de água se condensa, 
liberando a energia latente 
que contribui para alimentar 
o sistema de tempestade. O 
vapor d’água toma a forma 
de uma enorme nuvem cirrus 
espiral. Devido à estrutura 
espiral do furacão, há em geral 
a formação de dois níveis 
de nuvens cirrus: o cirrus 
primário a grande altitude 
(cerca de 15 quilômetros) e 
o cirrus secundário a uma 
altitude menor (cerca de 12 
quilômetros).
O ar no interior da 
tempestade, ou olho, desce 
rapidamente. Uma vez que 
o ar consumiu quase toda 
a sua umidade no topo da 
estrutura da tempestade, 
o ar que desce é mais 
quente e mais seco que o ar 
descendente externamente 
ao núcleo. Isto dá origem 
ao nome ciclone de núcleo 
quente, usado por alguns 
meteorologistas ao se 
referirem aos furacões e 
outros ciclones tropicais.
À medida que o ar da 
superfície corre para a 
tempestade, fortes correntes 
convectivas o fazem subir, 
levando consigo a umidade 
da água circundante. Como 
o ar é mais quente no 
interior do núcleo, parte do 
vapor d’água da corrente 
ascendente se condensa na 
subida, criando a parede 
do olho, ou uma nuvem 
de estrutura cumulo 
nimbus circular que forma 
as paredes do olho da 
tempestade.
Uma depressão tropical sobre águas 
quentes do oceano pode eventualmente 
se desenvolver em um ciclone tropical, 
neste caso, um furacão. Com o aumento 
do tamanho da tempestade, cada vez 
mais ar converge para o sistema ao nível 
da superfície, fazendo com que ventos de 
aproximadamente 160 quilômetros por 
hora corram para o ciclone.
Pr
es
sã
o 
em
 M
B
1010
Pressão
Velocidade do vento
Ve
lo
ci
da
de
 d
o 
ve
nt
o 
km
/h
1000 600 200 0 200 600 1000
1000
990 150
0
980
970
960
950
O furacão em si não é 
a única fonte de danos. 
Na face de avanço da 
tempestade, temporais 
menores, tornados 
e outros elementos 
intempestuosos podem 
ser criados.Altitude
15 km
12 km
9 km
6 km
3 km
6
3
4
2
1
5
Figura 23 – Ciclones tropicais
5.4 El Niño e La Niña
São fenômenos climáticos que se manifestam de maneira alternada na região do Oceano Pacífico 
e causam mudanças profundas no clima terrestre, interferem nas variações de temperatura e no ritmo 
de chuvas.
No ano em que ele não se manifesta, os ventos alísios arrastam as águas quentes superficiais da 
costa da América do Sul em direção à Indonésia (Sudeste Asiático), provocando chuva.
Com isso, na costa sul‑americana ocorre o fenômeno de ressurgência: as águas mais profundas e 
frias – ricas em nutrientes – migram para a superfície, atraindo grande quantidade de peixes.
Quando o fenômeno El Niño atua, os ventos alísios enfraquecem e as águas quentes permanecem 
próximas da América do Sul, o que impede a ressurgência. O número de peixes diminui e as chuvas caem 
no Oceano Pacífico, não chegando à Indonésia.
O fenômeno começou a ser estudado no início do século XX; nos anos 90, registrou‑se um El Niño 
prolongado, de 1991 a 1995, e outro de grande intensidade, em 1997, o maior do século XX.
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ELEMENTOS DE CLIMATOLOGIA; DOMÍNIOS E PAISAGENS VEGETAIS
O fenômeno La Niña ocorre após o El Niño, com efeitos opostos. Os ventos alísios aumentam e 
levam as águas quentes superficiais para a Ásia, onde provocam fortes chuvas. As águas frias fazem o 
caminho contrário e atingem a superfície nas proximidades do litoral do Peru.
Sem El Niño 
1997
Com El Niño 
1998
Áreas sob alto 
risco de incêndio
Áreas com risco 
médio de incêndio
Áreas com risco 
médio de incêndio
Os mapas elaborados a partir de imagens de satélite mostram áreas sob risco de incêndio na 
Amazônia durante uma seca normal (em 1977) e na pior estiagem da década passada (em 1998). 
Segundo os pesquisadores, praticamente toda a região estaria ameaçada de devastação em três 
anos seguidos de seca intensa.
Figura 24 
Sob o efeito El Niño, uma massa de ar quente fica estagnada entre o Centro‑Norte e o Nordeste do 
Brasil, resultando em uma estiagem mais pronunciada nessa região.
No Centro‑Sul, o contato de uma massa de ar quente com outra fria (mPa) resulta numa frente 
fria oclusa que provoca aumento das chuvas frontais na região. Já o efeito contrário, La Niña, provoca 
muitas chuvas entre o Centro‑Norte e o Sertão do Nordeste, enquanto no Centro‑Sul ocorre estiagem 
mais acentuada.
Os efeitos do fenômeno El Niño no Brasil, segundo Oliveira (2001 apud TORRES; MACHADO, 2011, 
p. 220), são:
• Região Norte: diminuição da precipitação e das secas;
• Região Nordeste: seca severa;
• Região Centro‑Oeste: não há evidências de efeitos pronunciados de chuvas nessa região. Tendência 
de chuvas acima da média e temperaturas mais altas no sul do Mato Grosso do Sul;
• Região Sudeste: moderado aumento das temperaturas médias. Não há padrão característico de 
mudanças no regime de chuvas;
• Região Sul: precipitações abundantes notadamente na primavera e inverno. Aumento da 
temperatura média.
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Unidade II
Ainda segundo Oliveira (2001 apud TORRES; MACHADO, 2011, p. 220), os efeitos do fenômeno podem 
ser assim resumidos:
• Região Norte: aumento das precipitações;
• Região Nordeste: aumento das precipitações;
• Região Centro‑Oeste: área com baixa previsibilidade;
• Região Sudeste: área com baixa previsibilidade;
• Região Sul: secas severas.
As pesquisas desenvolvidas apontam para quatro possíveis origens do fenômeno El Niño, segundo 
Mendonça e Danni‑Oliveira (2007, p. 191):
• a tese dos oceanógrafos: a origem do El Niño é interna ao próprio Oceano Pacífico. Para os 
oceanógrafos,o fenômeno seria resultante do acúmulo de águas quentes na porção oeste desse 
oceano devido a uma intensificação prolongada dos ventos de leste nos meses que antecedem o El 
Niño, o que faz com que o nível do mar se eleve ali em alguns centímetros. Com o enfraquecimento 
dos alísios de sudeste, a água desliza para leste, bloqueando o caminho das águas frias provenientes 
do sul;
• a tese dos meteorologistas: a origem do fenômeno é externa ao Oceano Pacífico, pois o estudo 
da atmosfera tropical mostra uma propagação em direção leste das anomalias de pressão em 
altitude. Essa propagação estaria relacionada a um aumento das quedas térmicas sobre a Ásia 
Central, o que reduz a intensidade da monção de verão na Índia, resultando na formação de 
condições de baixas pressões mais expressivas sobre o Oceano Índico. Os ventos alísios do leste do 
Índico e do oeste do Pacífico tornam‑se, assim, menos ativos e criam condições para a formação 
do El Niño;
• a tese dos geólogos: o fenômeno El Niño resulta de erupções vulcânicas submarinas e/
ou continentais. Coincidentemente, os eventos ocorridos em 1982, 1985 e 1991 estiveram 
relacionados a erupções no México (El Chichón), na Colômbia (El Nevado Del Ruiz) e nas Filipinas 
(Pinatubo), respectivamente. A influência das erupções vulcânicas continentais sobre o El Niño 
estaria ligada, sobretudo, às cinzas vulcânicas injetadas na troposfera, o que gera alteração do 
balanço de radiação na superfície e perturba a circulação atmosférica;
• a tese dos astrônomos: o El Niño está ligado aos ciclos solares de 11 anos.
Essas teses, além de outras de menor difusão, revelam o estágio de elevada especulação em torno 
da origem do El Niño. Assim, pode‑se imaginar que todas essas origens sejam possíveis e apresentem 
uma interação.
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ELEMENTOS DE CLIMATOLOGIA; DOMÍNIOS E PAISAGENS VEGETAIS
 Saiba mais
Leia o artigo a seguir:
EL NIÑO e as plantações. Pesquisa Fapesp, ed. 220, jun. 2014. Disponível 
em: <http://revistapesquisa.fapesp.br/2014/06/16/el‑nino‑e‑plantacoes/>. 
Acesso em: 6 ago. 2014.
6 CLIMA LOCAL E MICROCLIMAS URBANOS: INTERFERÊNCIAS NAS 
CONDIÇÕES DE VIDA E DE SAÚDE DA POPULAÇÃO
6.1 A questão metodológica das escalas nos estudos do clima
O clima já foi considerado um elemento muito importante na definição da cultura e estilo de vida de 
um povo, conforme entendiam as teorias do Determinismo Geográfico e Climático, dado que as condições 
climáticas constituem um dos fatores que mais se impõe na relação do homem com a natureza. Exageros à parte, 
a própria história acabou por redimensionar a importância do fator climático mediante outros determinantes 
sociais da cultura humana. No entanto, atualmente, graças às rápidas mudanças que vêm ocorrendo nos 
padrões climáticos globais, o assunto volta a ocupar lugar de destaque nas discussões e conferências mundiais 
que problematizam as questões da qualidade de vida humana e da sobrevivência da espécie no planeta. 
O clima pode ser abordado em várias escalas. Aliás, o tipo de abordagem e aspectos a serem 
considerados dependem fundamentalmente da escala de estudo, pois os fatores que atuam numa 
escala podem ser totalmente desprezíveis em outra. Cada escala obedece a uma gênese e dinâmica 
de tipos de tempo. Estes conceitos, trazidos pelo francês Max Sorre em meados do século XX, foram 
desenvolvidos, no Brasil, por Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro, a partir dos anos 1970. Segundo 
Sant’Anna (1998), Monteiro (1976) foi o responsável por incorporar na análise geográfica do clima os 
conceitos de sucessão e ritmo, marcando as diferentes maneiras de o clima influenciar e condicionar 
o espaço conforme a escala de análise. Diz Sant’Anna (1998) que, quando se trata de áreas urbanas, o 
clima original é constantemente modificado pela construção do espaço urbano que altera o balanço 
de energia. Igualmente, o autor argumenta que o espaço rural, com as mudanças no uso do solo, e o 
desmatamento alteram o balanço hídrico e o albedo, modificando os tipos de clima locais.
As indústrias e os veículos automotores utilizam combustíveis fósseis e outros para mover seus 
motores. O início do aquecimento acelerado da atmosfera coincide com a industrialização no mundo 
e com a intensificação do uso de motores a combustão, ou seja, esse aquecimento coincide com o 
aumento da queima de combustíveis, tanto do carvão quanto dos combustíveis derivados do petróleo 
(gasolina e diesel), e mais recentemente do álcool (etanol).
Essa situação se acentua ainda com as queimadas, usadas para ampliar áreas agrícolas e pecuárias 
e produzir carvão para as residências e indústrias, lançando CO2 na atmosfera e comprometendo a 
qualidade do ar.
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O CO2 no ar produz o efeito estufa que, por sua vez, produz um aumento da temperatura da 
atmosfera, causando o criticado aquecimento global acentuado.
Esse aumento de temperatura faz com que mais água dos oceanos evapore. O aumento de vapor 
d’água na atmosfera amplia o efeito estufa.
Além disso, o aumento de temperatura da atmosfera derrete as calotas de gelo polares. Abaixo 
do gelo das terras da parte setentrional do planeta existem enormes quantidades de um outro gás: o 
metano fóssil. Esse metano, liberado pelo degelo, também amplia o efeito estufa, ou seja, tudo indica 
que nossas queimadas, assim como os motores a gasolina, diesel, álcool ou carvão, estão realmente 
elevando a temperatura da atmosfera. Essa elevação está ampliando a evaporação da água e do metano, 
que contribuem para a atmosfera aumentar a temperatura.
Logo, tudo indica que o CO2 produzido pela ação antrópica está funcionando como um elemento a 
mais no sentido de promover o aquecimento global.
Portanto, para Sant’Anna (1998, p. 122):
O papel do clima na organização do espaço deve ser visto, fundamentalmente, 
como gerador de tipos de tempo cujas características são absolutamente 
dinâmicas, complexas e muito sensíveis a qualquer alteração imposta, 
influenciando cada parte do planeta, em função da interação entre as 
diferentes esferas do globo e da ação do homem.
Desse modo, acredita‑se que as transformações ocorridas nos últimos 100 anos no uso do solo 
alteraram a composição e a dinâmica da atmosfera, alternando os tipos de clima e o regime hídrico das 
precipitações pluviais. Neste aspecto, parece não haver dificuldade em se admitir que estejam ocorrendo 
mudanças climáticas, contudo, ainda estamos bem longe de chegar a um consenso sobre os motivos 
que geram e geraram até hoje essas mudanças. Sem dúvida que o curto segmento temporal das séries 
históricas constituem uma dificuldade difícil de transpor. Em outras palavras, sabe‑se que a atmosfera, 
e o planeta como um todo, obedece a um padrão dinâmico de constante mudança. No entanto, o 
intervalo temporal destas mudanças se dá numa escala temporal muito superior à escala da história 
humana e dos processos de transformação do espaço terrestre, de modo que para muitos cientistas não 
é possível afirmar se as mudanças decorrem de processos que dependem da ação do homem. Tarifa 
(1994), professor da Universidade de São Paulo, argumenta neste sentido ao lembrar que o desafio 
de elucidação da gênese do clima fica prejudicado, uma vez que não dispomos de séries temporais 
suficientemente longas de comparação. Por isso, é muito difícil separar as oscilações naturais daquelas 
que têm sua origem, presumivelmente, em processos antropogênicos. 
Vejamos, por exemplo, a polêmica sobre o aumento em 10% dos níveis de dióxido de carbono (CO2) 
verificado no último século de urbanização e industrialização intensas. Enquanto alguns creem que 
necessitamos reduzir urgentemente as emissõesde gases poluentes na atmosfera a fim de evitar que 
os níveis continuem aumentando e, por consequência, haja um aumento nas temperaturas médias 
do planeta, outros estudiosos permanecem céticos quanto a este prognóstico, considerado por eles 
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alarmista. Estes analistas simplesmente defendem que não há motivo para alarde, uma vez que as 
transformações não se deram por conta da ação do homem na Terra, mas devido a outros ajustes na 
composição gasosa da atmosfera que se dariam com ou sem ação antrópica. Vejamos, para ilustrar a 
opinião da geógrafa professora de Climatologia do Departamento de Geografia da Universidade de 
Brasília − UNB, Ercília Torres Steinke. A autora sustenta que as hipóteses do aquecimento global, que são 
muito propaladas pela mídias e por setores internacionais da ONU, são hipóteses não comprovadas e que 
estão longe de representar uma unanimidade dentre os profissionais da área. Vejamos seus argumentos. 
Steinke (2012, p. 7) defende que a atmosfera terrestre é aquecida por baixo, isto é, pelo contato com a 
superfície, e nas camadas superiores da atmosfera, pelos raios solares. Pois bem, alguns cientistas que 
se alinham com Steinke admitem que o aquecimento do ar nos níveis inferiores teria apenas um papel 
secundário, portanto, a intensificação do efeito estufa, causado pela emissão de gases oriundos das 
atividades humanas, não tem fundamento sólido. A geógrafa completa afirmando:
[...] Se todo CO2 fosse retirado da atmosfera terrestre, a temperatura do ar 
próximo à superfície seria praticamente a mesma, já que a concentração de 
CO2 é de apenas 0,039% por volume, e sua contribuição, em termos de massa 
molecular, ínfima para o aquecimento do ar. Como foi dito, o clima global é 
controlado por fatores físicos internos e externos ao Planeta, e não pelo CO2, 
que, mesmo tendo sua concentração dobrada na atmosfera nos próximos 
80 a 100 anos, não teria capacidade de induzir mudanças climáticas globais 
[...] (STEINKE, 2012, p. 7). 
Polêmicas à parte, é fato que a análise geográfica do clima tem papel fundamental na compreensão 
do espaço e que, fundamentalmente, as condições de interferência das atividades humanas sobre o 
clima terrestre dependem e muito da escala de abordagem que se adota. Se, no que diz respeito às 
mudanças climáticas mundiais, é temerário afirmar que exista relação direta entre ação humana e 
mudança da temperatura média, no nível da escala local e do microclima esta hipótese é aceita por 
unanimidade. 
Em cada porção do território, as configurações espaciais determinadas pelas formas do relevo, 
tipo e cobertura do solo, rede de drenagem e escoamento hídrico, entre outros, interagem com os 
padrões climáticos. A intervenção das atividades econômicas e sociais numa determinada paisagem 
desencadeiam reações processuais. E uma das tarefas do geógrafo é, sem dúvida, identificar os 
processos de transformação dos territórios em curso em espaços muito ou pouco consolidados do 
ponto de vista da ocupação humana. Neste aspecto, todo o esforço de um autor como Monteiro 
(1978), por exemplo, foi o de mostrar que a escolha do intervalo de tempo de observação dos 
fenômenos e a delimitação dos problemas a se investigar deveriam estar estritamente associados 
à escala espacial de análise. 
Desta forma, na escala global seria natural considerar os padrões de circulação atmosférica e o 
sistema de ventos, pois esses fatores são os principais responsáveis pela definição das zonas climáticas 
e dinâmicas das grandes paisagens e biomas terrestres. Outros problemas, como aqueles observados em 
escala local dos ambientes urbanos, devem ser analisados segundo parâmetros diversos. 
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Figura 25 − São Paulo: panorâmica da poluição atmosférica – escala climática local
6.2 O ambiente urbano e clima local
Os problemas urbanos que saltam aos olhos do homem no século XXI têm data de nascimento 
antiga. Problemas ambientais somam‑se à precariedade das habitações e instalações urbanas nas 
metrópoles dos países pobres e em desenvolvimento. O uso intensivo do território urbano pela 
grande concentração de atividades como a industrialização, os transportes e os serviços urbanos 
essenciais (abastecimento de água e esgoto) provocaram alterações substanciais da atmosfera 
local, gerando grande quantidade de poluentes no ar, sem contar com a degradação do solo e 
poluição das águas. No que interessa às alterações climáticas é bom frisar que a substituição da 
vegetação pelo cimento, o asfalto e o concreto, caracterizando aquilo que se denomina processo 
de impermeabilização do solo, é um dos principais responsáveis pelo aumento da temperatura 
nas cidades. Se a mudança das temperaturas em nível global ainda é fato cuja gênese gera 
polêmicas, por outro lado, o aumento da temperatura das zonas altamente urbanizadas parece 
ser um consenso. 
No Brasil, o primeiro estudo sobre o assunto foi realizado pela professora da USP Magda Lombardo 
(1985). Na obra Ilha de Calor nas Metrópoles: o exemplo de São Paulo, a autora argumenta que a 
elevação das temperaturas nas áreas urbanas, gerando as tais ilhas de calor, ocorre em função de 
alguns fatores. O primeiro deles seria o padrão de crescimento das cidades, em geral pela multiplicação 
de arranha‑céus, que formam verdadeiros labirintos de reflexão da luz solar, o que colabora para 
aquecer o ar em seu entorno. Por outro lado, atualmente, edifícios feitos completamente de vidros 
espelhados em suas fachadas ajudam a minimizar os efeitos das ilhas de calor urbanas na medida em 
que refletem os raios solares, reduzindo a passagem de calor para o interior dos ambientes; isso 
colabora para reduzir o consumo de energia de aparelhos de ar‑condicionado, além de assegurar uma 
boa transmissão de luz direta ao interior do prédio, fato que economizaria também energia elétrica 
de iluminação dos interiores. 
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Figura 26 – Edifícios espelhados presentes nas cidades modernas
Paralelo a este padrão de crescimento vertical, ocorre um processo de impermeabilização horizontal, 
ou seja, ruas são asfaltadas, cimentadas, córregos e rios são canalizados, retirando‑se quase totalmente 
a cobertura vegetal das áreas, principalmente nas zonas mais carentes da cidade, cujo crescimento da 
população e das cidades se deu de forma vertiginosamente rápida nos países em desenvolvimento como 
o Brasil. A consequência brutal do processo é a diminuição drástica da evapotranspiração do solo, com 
consequências que vão desde o desconforto térmico ocasionado pelo aumento da amplitude térmica, 
até o favorecimento de enchentes arrasadoras ou simplesmente o “enfeiamento” da cidade. Somam‑se 
a este cálculo a produção de calor oriunda de processos industriais e de trânsito de veículos e tem‑se 
consolidado o fenômeno das “ilhas de calor” metropolitanas. 
Figura 27 − Poluição atmosférica e alteração do clima local na cidade industrial
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Sant’Anna (1998, p. 125) nos informa que as condições climáticas existentes nas grandes 
áreas densamente urbanizadas são totalmente diferentes das áreas rurais circunvizinhas. Em 
geral, diz o autor, a temperatura na cidade de São Paulo pode chegar a cerca de 10°C a mais 
do que nas áreas verdes localizadas fora da cidade. Além disso, a umidade relativa do ar tende 
a ser menor nas zonasde ocupação do solo mais consolidadas, o que acabaria por provocar a 
existência de névoa seca, fenômeno que, associado às elevadas taxas de poluição atmosférica, 
provocaria desconforto térmico.
Ocorre geralmente que, nos meses de inverno, uma camada de ar frio acaba por aprisionar 
outra camada de ar menos frio que se localiza abaixo desta e que não consegue se libertar devido 
ao peso da camada de ar mais frio. No entanto, o fenômeno, denominado inversão térmica, 
costuma ter efeito nefasto na saúde da população, pois a camada de ar mais quente que ali fica 
aprisionada é formada por poeira, poluição, gases tóxicos e material particulado proveniente das 
atividades humanas. 
Outro fenômeno frequente na escala do clima local é a ocorrência de enchentes. Elas se dão 
pelo aumento da pluviosidade gerado por dois fatores em especial: as altas temperaturas do 
verão causadas pelo acréscimo de calor das cidades que aumentam a evaporação e os núcleos de 
condensação, que provocam aumento do volume de chuvas. Essas chuvas torrenciais caem sobre 
uma área quase totalmente impermeabilizada, impedindo a infiltração natural da água pelo solo. 
O escoamento rápido de grande volume de água pelas redes pluviais, muitas vezes até obstruídas 
por excesso de lixo, ocasiona acúmulo de água nas áreas de fundo de vales cujos leitos dos rios, 
para piorar a situação, passaram pelo processo de canalização e eliminação da planície natural 
de inundação. Desse modo, a ocorrência das enchentes constitui praticamente um fato inevitável 
quando acontecem as chuvas torrenciais.
Logo, as “ilhas de calor” das metrópoles, que são alterações do clima numa escala local, compõem 
um caso emblemático do que a ação antrópica desprovida de um planejamento cuidadoso pode originar. 
As principais causas, as áreas construídas impermeabilizando um solo onde antes existia uma cobertura 
vegetal, aliadas à poluição do ar, alteraram a dinâmica atmosférica. 
Vê‑se que a gestão do espaço urbano requereria ações que aumentassem a área de solo cultivado, a 
quantidade de árvores, as áreas de inundações de rios e córregos, e de medidas que colocassem em ato 
práticas eficazes de diminuição de emissão de poluentes do ar. A figura a seguir mostra um exemplo de 
área urbana bem equilibrada do ponto de vista da saúde ambiental da cidade. 
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Figura 28 – Forma de urbanização ideal para diminuir a amplitude térmica e amenizar os extremos 
de temperatura do microclima local: ruas largas, arborização e presença de gramados 
As considerações até então versaram sobre alterações do clima na escala local, a escala da cidade. O 
tópico a seguir visa discutir a interferência do clima na qualidade de vida humana na escala micro, ou 
seja, a escala que corresponde a uma pequena porção do território, uma porção de um bairro, uma sala 
de aula, um determinado quarteirão ou localidade específica. 
6.3 Microclima e condições de vida e saúde
Para tratarmos da questão dos microclimas, apresentaremos como exemplo o interessante estudo 
que Ribeiro e Silva (2005) conduziram na favela paulistana de Paraisópolis, localizada nos distritos do 
Morumbi e Vila Andrade, na cidade de São Paulo. 
Entretanto, antes de entrarmos na questão do microclima da favela, exercitemos nosso olhar 
geográfico e observemos as características desse tipo de espaço tipicamente urbano. Há muito tempo a 
favela deixou de ser um local exclusivamente de barracos de madeira para dar lugar às casas de alvenaria 
com laje e cobertura de telhas de amianto, que são as mais econômicas, embora sejam as que ofereçam 
maior risco à saúde da população, tendo seu uso proibido inclusive em vários países do mundo. No entanto, 
é interessante notar que as construções de alvenaria acentuam o caráter definitivo das instalações, ao 
contrário dos barracos de madeira, que dão a impressão de um assentamento provisório. O fato em si é 
bastante preocupante porque, na prática, o que ocorre é que, na medida em que as pessoas vão ganhando 
o direito de ocupar o terreno onde estão os barracos, cada lote cedido terá sua área quase totalmente 
construída. Assim, ocorre a subtração da totalidade da vegetação e dos espaços livres e de lazer e a minimação 
do espaço destinado à circulação das pessoas. O problema é que nesse ínfimo espaço criado de arruamentos 
tortos e extremamente estreitos não devem circular só as pessoas, mas também ar e luz solar; desta forma 
ficam prejudicadas tanto a circulação e ventilação de ar quanto a insolação adequadas dos ambientes. Além 
disso, há dificuldades de escoamento da água nos locais onde ocorre a impermeabilização total dos lotes, 
sem falar nos perigos da falta de uma rede de esgotos e, muitas vezes, ausência de rede de água potável.
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No que interessa à qualidade de vida dos moradores e dos efeitos do microclima, é importante 
salientar algumas consequências desse tipo de ocupação. Quais os riscos que desencadeiam? Não há 
dúvida de que a alta incidência de doenças nessas áreas é decorrente, dentre outros fatores importantes, 
das próprias condições microclimáticas locais. O objetivo de Ribeiro e Silva (2005) foi tornar visível a 
existência desses microclimas. Os dois fenômenos que mais se destacam no sentido de formação de 
um microclima urbano são a formação das ilhas de calor locais e a presença acentuada da poluição 
atmosférica em outros locais. Neste caso, as autoras querem mostrar que as favelas apresentam‑se 
como “ilhas de calor”. 
 Observação
A questão das escalas climáticas foi tratada por vários autores. 
Sinteticamente, podemos dizer que a cidade, com relação à organização 
hierárquica das escalas, representa a escala local. A escala local insere‑se 
na escala climática sub‑regional; esta se insere na regional que, por sua vez, 
é uma subdivisão das zonas climáticas planetárias. É importante lembrar 
que cada escala exige um método de abordagem e escolha de variáveis 
distintas. As grandes zonas climáticas são definidas pelas áreas de alta e 
baixa pressão atmosférica e pela caracterização das condições de umidade 
e temperatura das massas de áreas de circulam naquela zona, por exemplo. 
Numa escala local, como é a da grande cidade, fatores como poluição do ar, 
percentagem de impermeabilização dos terrenos e as variações topográficas 
locais são fatores a se considerar. Na escala microclimática, como veremos, 
as amplitudes térmicas diárias e a percentagem de umidade relativa do 
ar são as variáveis que devem ser medidas. Autores consagrados, como 
Monteiro (1976), propõem as seguintes escalas utilizadas nos estudos de 
clima urbano: regional, local, meso e topoclima. 
Ribeiro e Silva (2005) dizem que a hipótese teórica deste trabalho recai sobre a necessidade de 
relacionar a ocorrência de microclimas em locais cuja organização espacial apresenta singularidades, 
como é o caso dos ambientes de favela que apresentam grande densidade de construções. Desta forma, 
foram escolhidos quatro pontos da favela e medidas suas temperaturas e quantidade de umidade relativa 
do ar com registradores digitais em miniabrigos desenvolvidos só para este fim por Azevedo e Tarifa 
(2005). Apoiando‑se nessas pesquisas, nossas autoras explicam como estes miniabrigos minimizavam a 
interferência de fatores externos eventuais:
Trata‑se de abrigos quase estanques à luz, com paredes que proporcionam 
isolamento térmico. Possuem restrito volume interno e o ar é continuamente 
aspirado, o que elimina a interferência direta das variações na intensidade e 
direção do vento no desempenho dos instrumentos (RIBEIRO; SILVA, 2005, p. 181).
Além da coletade dados no interior da favela, para efeito de controle, foram coletados dados em 
ruas próximas ao local numa rua larga localizada no seu entorno. Tal escolha não foi fortuita, mas 
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atende ao objetivo de verificar se o adensamento das construções constitui‑se, de fato, como agente 
de transformação das condições térmicas e de umidade nesta escala; daí considerar como “controle”, 
neste estudo, outra rua no mesmo bairro, porém mais larga e com menor índice de construção dos lotes. 
Para efeito de comparação com o clima local, ou seja, na escala da cidade, foram utilizados dados 
coletados de duas estações meteorológicas da cidade, uma localizada dentro da cidade universitária da 
Universidade de São Paulo, no distrito do Butantã, e outra localizada no Ipiranga, na Zona Sul da cidade. 
Segundo as autoras do estudo, o campus da USP constitui área intermediária em relação à ilha de calor 
por ser coberta por gramados, apresentar muita arborização e ter seu clima mais amenizado em relação 
a outras áreas da cidade de São Paulo. Igualmente, a região do Ipiranga, próximo ao Parque Estadual 
das Fontes do Ipiranga, também foi considerada uma área com as mesmas características do campus 
Butantã da USP, fato que já fora constato, segundo as autoras, por Lombardo (1985), ainda na década 
de 1980, quando se deu o primeiro estudo sobre as ilhas de calor metropolitanas na cidade de São Paulo. 
Ainda com relação ao método, convém informar que a escolha do local dentro da favela a ser 
pesquisado foi feita mediante exame de fotografias aéreas. Foram escolhidas áreas de fundo de vale 
dentro e fora da favela para eliminar fatores que interferissem na diferenciação microclimática do lugar, 
como explicam as autoras: “as vertentes sul, em nossa latitude, que geralmente, são mais frias do que 
as vertentes norte. Desta maneira, pretendeu‑se diminuir, ao máximo, esses fatores de interferência” 
(RIBEIRO; SILVA, p. 175). Observamos na imagem 6, a impressionante dimensão e densidade demográfica 
da favela Paraisópolis.
Figura 29 − Favela Paraisópolis 
 Lembrete
A densidade demográfica de uma área, cidade, região ou país é expressa 
pelo número médio de habitantes por km2. Segundo dados do censo de 
2010 do IBGE, a densidade demográfica brasileira é de 22,43 hab/km2 (em 
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2010). Na região sudeste foi de 86,92 hab./km2 enquanto no Estado de São 
Paulo, o segundo mais denso demograficamente, este número é de 166,25 
hab./km2. No entanto, no nível metropolitano, a densidade demográfica 
aumenta significativamente, chegando a 7387,69 hab./km2 no município de 
São Paulo. Dentro da metrópole, em geral, as favelas também correspondem 
a áreas de grande densidade populacional. 
Em relação à favela Paraisópolis, vale destacar que a densidade demográfica na favela é de 520 hab./
km2, segundo dados de 2002, porém foram encontradas densidades mais altas em alguns trechos, entre 
600 e 1000 hab./km2.. Os contrastes ficam claros ao comparar estes valores com as densidades demográficas 
do distrito de Vila Andrade (72,2 hab./km2) e Morumbi (30 hab./km2), distritos onde se localiza Paraisópolis.
Os resultados da pesquisa revelaram que havia variação entre os locais de mediação, evidenciando 
a existência de microclimas diferenciados na cidade de São Paulo. Houve maior contraste térmico 
nas temperaturas registradas nas áreas de medição das favelas. Os contrastes térmicos foram mais 
acentuados, principalmente nas estações mais frias, no outono e inverno. Houve maior aquecimento 
diurno e maior resfriamento noturno. As condições térmicas no posto fora da favelas foram atenuadas, 
o que se deve a vários fatores urbanísticos como a largura das ruas, o espaçamento entre as casas e a 
presença de áreas jardinadas e árvores. É importante notar que esses elementos são fatores de atenuação 
tanto em relação às temperaturas mais elevadas quanto às mais baixas. Em relação à variável umidade 
relativa do ar não foi verificada variação estatisticamente significativa entre as áreas de estudo. 
Um novo artigo, publicado em 2006 pelas mesmas autoras, revelou os resultados quantitativos mais 
detalhados. Definitivamente, as autoras concluíram que a ocupação do solo é fator diferenciador das 
temperaturas. Na favela, as temperaturas foram mais elevadas de dia (em até 3ºC) e mais baixas à noite 
(1ºC em média), ou seja, o ambiente da favela acentuou os extremos de temperatura, enquanto nas 
“áreas controle”, as temperaturas mantiveram‑se amenas. 
Durante o verão, foram registradas temperaturas horárias médias entre 18,5ºC e 29,5ºC, com atenuação 
de 2ºC a 3ºC fora da favela, nos horários mais quentes. Maiores amplitudes térmicas ocorreram na favela 
e menores fora dela. Temperaturas acima do limite máximo de conforto (24ºC) foram mais observadas na 
favela que fora dela. Ribeiro e Silva (2006) ponderam que este fator é agravante do desconforto porque 
em populações de baixa renda as condições econômicas não permitem o uso de ar‑condicionado ou 
aquecedores para regular as condições microclimáticas internas desfavoráveis. Além do mais, deve‑se 
considerar que os materiais e técnicas utilizados na construção das habitações dificultam o isolamento 
térmico, deixando essa população mais vulnerável às condições climáticas extremas. Nos meses do 
outono, as temperaturas médias situaram‑se entre 15,5ºC e 25,5ºC. O processo de resfriamento do ar 
começou às 16h, em todos os postos ocorreu maior resfriamento do que nos postos de Paraisópolis no 
período da madrugada, em relação ao Morumbi e à USP. Do mesmo modo, no inverno, as temperaturas 
médias situaram‑se entre 13,5ºC e 25,5ºC. Nos postos localizados na favela, A, B e C, ocorreram as 
menores temperaturas médias (entre 13,5ºC e 14,5ºC), às 7h. É importante notar que a temperatura do 
ar abaixo de 12 graus é fator de risco para idosos, doentes, e crianças. As autoras mostram que, embora 
as temperaturas abaixo de 12ºC não tenham ultrapassado 2,5% do total de horas observadas, as maiores 
frequências ocorreram nos postos de A, B e C. 
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ELEMENTOS DE CLIMATOLOGIA; DOMÍNIOS E PAISAGENS VEGETAIS
 Lembrete
Amplitude térmica é a diferença entre a maior e a menor temperatura 
de um determinado dia do ano. Exemplo: se a temperatura máxima foi 
de 40°C e a mínima de 15°C, a amplitude térmica desse dia será de 25°C, 
já que 40ºC – 15ºC = 25ºC. Neste caso, a amplitude térmica é altíssima 
e gera desconforto e dificuldade do organismo a se adaptar à mudança 
de temperatura. Quanto menor a amplitude térmica, mais facilidade de 
adaptação ao ambiente externo. Alguns ambientes, como os desertos, por 
exemplo, apresentam amplitudes térmicas tão altas que praticamente 
impossibilitam o uso destes locais para habitação humana. 
O Posto C ficava próximo ao Córrego do Brejo, junto às habitações de madeira que estavam localizadas 
em palafitas. Ali, a entrada de radiação solar é menor, ocasionando menores temperaturas médias 
diárias e horárias em relação ao posto B, localizado nas ruas estreitas de alvenaria da região central da 
favela. A amplitude térmica diária do posto C revelou forte contraste diário da temperatura; no outono 
e no inverno também apresentou um máximo de resfriamento entre 5h e 7h. Este lugar apresentou, 
ainda, alta umidade relativa do ar devido à sua localização sobre o córrego, encanamentos de água e 
esgoto aéreos, e por ser uma área de secagem de roupas. Para completar o quadro, o material utilizado 
nas casas (madeira) contribui tambémcom a retenção de água.
O posto D correspondia a uma viela de 1,2 m de largura, com casas de dois andares, o que transforma 
este local num corredor fechado. Ali foram observadas as temperaturas mais baixas registradas na favela 
devido à menor entrada de radiação solar na base das casas, durante o dia. O posto D então bem pode 
servir como parâmetro de comparação com o posto H, como mostraram as autoras, pois o posto H 
(área controle) localizava‑se numa rua de 12 metros de largura, era arborizada e apresentava grande 
espaçamento entre as casas, que por sua vez tinham jardins em seus lotes internos e nas calçadas. Foi 
neste local que se observou maior conforto térmico. As temperaturas médias horárias foram menores 
em até 3ºC no período diurno em relação à favela, e nos meses de outono e inverno, a atenuação foi 
de até 2ºC no período diurno, confirmando que áreas urbanas arborizadas amenizam as temperaturas, 
tanto as mais altas, como as mais baixas. As autoras, contudo, observaram que outro fator pode ter 
contribuído para a diferença entre as temperaturas dos dois postos. O posto H, exterior a Paraisópolis, 
estava numa posição topográfica 15 metros acima dos postos da favela, o que pode ter influenciado os 
resultados, uma vez que a tendência é de que o ar mais frio desça para os fundos de vale.
Note que é possível que um local (posto C) que apresente as menores temperaturas médias seja 
diferente daquele em que se observaram os menores picos de temperatura (posto D). Este fato não é 
contraditório se lembrarmos que as temperaturas médias são calculadas utilizando‑se uma sequência 
de temperaturas observadas. Ou seja, uma média baixa resulta baixa porque representa o valor médio de 
um conjunto de temperaturas que, no geral, são baixas. No entanto, não necessariamente constará desta 
sequência o menor valor de temperatura observado dentre todos os observados no estudo. Sobre esta 
questão, Max Sorre (1984), desde meados do século passado, já criticava a exagerada importância dada 
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à noção de temperatura média, apontando a necessidade de se considerar as séries de temperatura em 
sua sucessão habitual. Como vimos, os dois instrumentos são úteis para sinalizar fenômenos distintos. 
Na área C, a sucessão das temperaturas baixas (evidenciada numa média geral mais baixa) revelou 
o papel de uma menor exposição à radiação solar, mas também o papel atenuante da temperatura 
exercido pela maior umidade. Já a observação da sucessão das temperaturas do posto D, ao apontar a 
presença, nesta sequência, da menor temperatura observada na favela, revelou a total impossibilidade 
de entrada da luz solar naquelas construções durante o dia. 
Concluiu‑se que o padrão de arruamento, adensamento e tipo de material de construção 
utilizados são fatores diferenciadores microclimáticos. A favela mostrou ser um ambiente com as 
maiores e menores temperaturas. Com relação às interferências na área da saúde, Ribeiro e Silva 
(2006) citam dois estudos, Gouveia et al. (2003) e Pedroso (2002). O primeiro deles aponta que os picos 
de frio relacionam‑se com o aumento de mortalidade por doenças cardiovasculares e respiratórias, 
principalmente entre crianças e idosos. Assim, do ponto de vista da saúde, para Paraisópolis, os 
picos mais baixos de temperatura seriam mais agravantes do que os picos de temperatura alta. O 
segundo estudo, Comparação entre o perfil das internações hospitalares no Sistema Único de Saúde 
no Município de São Paulo e na favela de Paraisópolis (2001), revela que naquele ano a taxa de 
internação é 6,3% mais alta na favela (419/10.000) do que no Município de São Paulo (394/10.000). 
As três causas mais frequentes são as mesmas para ambos, porém as demais causas diferem de 
padrão, ou seja, há na favela mais internações por broncopneumonia em lactantes, assim como crise 
asmática e bronquiolite, doenças que se relacionam a fatores atmosféricos.
O tema da relação entre ambiente e saúde volta a ocupar a atenção de Ribeiro, desta vez 
em parceria com Sette, em artigo recente de 2011. Sabe‑se que existem efeitos específicos do 
clima sobre a saúde quando ocorre a ação direta de elementos meteorológicos (chuvas torrenciais, 
inundações, contaminação das águas e ar que aumentam populações de vírus) na dispersão 
de organismos patogênicos. Mas, neste texto, tivemos a intenção de chamar atenção a outros 
aspectos, a saber, aqueles que dependem mais diretamente das ações antrópicas, como a produção 
caótica do espaço urbano. Neste sentido, levando em consideração as ideias de Lecha (2009), Sette 
e Ribeiro (2011) afirmam que o corpo humano, naturalmente, é capaz de responder às mudanças 
climáticas incomuns e variações sazonais, mas esta reação exige o aumento atividade nervosa, das 
mudanças abruptas do sistema de termorregulação do balanço de calor do corpo e da atividade 
cardiovascular. Ou seja, conseguimos nos adaptar às variações das amplitudes térmicas e também 
das mudanças climáticas em geral, mas isso exige um esforço do corpo e uma boa condição de 
saúde. O bem‑estar e a capacidade de superação das doenças dependem também do conforto 
térmico por meio da relação temperatura e umidade, vento, pressão atmosférica e iluminação. 
Em outras palavras, os extremos térmicos acentuam a debilidade do organismo na sua capacidade 
de combater enfermidades, intensificando processos inflamatórios e criando condições favoráveis 
ao desenvolvimento de infecções, enquanto temperaturas mais amenas, umidade e radiação 
moderadas são coadjuvantes terapêuticos em direção ao corpo sadio.
Em relação ao Estado de São Paulo, Ferreira (2003 apud Sette e Ribeiro, 2011) destaca que as 
oscilações bruscas de temperatura diária, quando da aproximação e passagem de frentes frias, assim 
como a lenta dispersão dos poluentes atmosféricos, podem causar desconforto ou indisposição. Outros 
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climas locais podem desencadear outros fatores, por exemplo, a maior frequência de depressão e o 
suicídio nos países de altas latitudes, como a Suécia, durante o curto período de insolação do inverno. 
Pode‑se citar também o fenômeno do mal das alturas, quando a diminuição do teor de oxigênio do ar 
causam desequilíbrios orgânicos. 
Enfim, são inúmeros os exemplos que caminham na direção de mostrar que o pensamento geográfico, 
embora não esteja mais sobre a égide do Determinismo Geográfico e Climático a influenciar o destino 
da cultura e o desenvolvimento econômico e social dos povos, ainda é um pensamento que contempla 
questões como estas apresentadas pela bioclimatologia, que constituem um campo fértil para a pesquisa 
científica e a reflexão social.
7 CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA
Com base nos estudos de Mendonça e Danni‑Oliveira (2007), os esquemas de classificação climática 
procuram incluir o maior número possível de elementos, a fim de dividir os diferentes climas em grupos 
claramente definidos.
Entre esses esquemas de classificação climática, destacamos a classificação climática de Köppen e de 
Strahler, pois são as mais utilizadas no ensino de Geografia.
7.1 Classificação climática de Köppen
Wladimir Peter Köppen (São Petersburgo, Rússia, 25 de setembro de 1846 – Graz, Áustria, 22 de 
junho de 1940) foi um geógrafo, meteorólogo, climatólogo e botânico.
Considerado precursor da ciência meteorológica moderna, suas descobertas influenciaram 
profundamente os rumos das ciências da atmosfera.
Tornou‑se o primeiro pesquisador a mapear as regiões climáticas do mundo e suas variações ao 
longo dos meses do ano, levando em conta, simultaneamente, a temperatura e a precipitação, porém 
fixando limites ajustadosà distribuição dos tipos de vegetação. Sua classificação de 1918 é considerada 
a primeira classificação climática planetária com base científica, sendo ainda hoje a mais utilizada 
no Brasil e no mundo. Seu mapa climatológico, que abrangia desde o círculo polar até as latitudes 
tropicais, representou um progresso para a meteorologia da época com o mapeamento de todas as 
regiões climáticas do mundo.
O modelo de Köppen é simples e compreende um conjunto de letras maiúsculas e minúsculas para 
designar os grandes grupos climáticos, os subgrupos ou ainda as subdivisões que indicam características 
especiais sazonais. Os cinco grandes grupos climáticos principais são designados pelas letras maiúsculas A, 
B, C, D e E e correspondem às regiões fundamentais, do Equador aos Polos. Essas regiões são subdivididas 
em subgrupos, considerando a distribuição sazonal da precipitação acrescida das características da 
temperatura, totalizando 24 tipos climáticos apresentados a seguir:
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A Climas tropicais chuvosos
Af Clima tropical chuvoso de floresta
Aw Clima de savana
Am Clima tropical de monção
B Climas secos
BSh Clima quente de estepe
BSk Clima frio de estepe
BWh Clima quente de deserto
BWk Clima frio de deserto
C Climas temperados chuvosos e moderadamente quentes
Cfa Úmido em todas as estações, verão quente
Cfb Úmido em todas as estações, verão moderadamente quente
Cfc Úmido em todas as estações, verão moderadamente frio e curto
Cwa Chuva de verão, verão quente
Cwb Chuva de verão, verão moderadamente quente
Csa Chuva de inverno, verão quente
Csb Chuva de inverno, verão moderadamente quente
D Climas frios com neve-floresta
Dfa Úmido em todas as estações, verão quente
Dfb Úmido em todas as estações, verão frio
Dfc Úmido em todas as estações, verão moderadamente frio e curto
Dfd Úmido em todas as estações, inverno intenso
Dwa Chuva de verão, verão quente
Dwb Chuva de verão, verão moderadamente quente
Dwc Chuva de verão, verão moderadamente frio
Dwd Chuva de verão, inverno intenso
E Climas polares
ET Tundra
EF Neve e gelo perpétuos
Figura 30 
A esses tipos climáticos acrescenta‑se um grupo de climas de terras altas, não diferenciados e 
representados pelo símbolo H.
7.2 Classificação climática de Strahler
A classificação de Strahler é considerada muito simples e bastante eficaz. Ele propôs a classificação dos 
climas do mundo baseada nos controles climáticos (centros de ação, massas de ar e processos frontológicos) 
e nas características das precipitações sobre os lugares. Dessa maneira, seu esquema classificou os climas 
do planeta em três tipos principais: os climas das latitudes baixas, o clima das latitudes médias e o clima 
das latitudes altas. Essas três grandes divisões apresentam subdivisões, totalizando 14 tipos distintos de 
regiões climáticas. Além desses tipos, acrescenta‑se um particular, definido pela altitude do relevo como 
controlador da dinâmica atmosférica, que é o clima das terras altas.
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A seguir, temos a classificação de Strahler:
• Climas das latitudes baixas (controlados pelas massas de ar equatoriais e tropicais).
I. Equatorial úmido.
II. Litorâneo com ventos alísios.
III. Desértico tropical e de estepe.
IV. Desértico da costa ocidental.
V. Tropical seco‑úmido.
• Climas das latitudes médias (controlados pelas massas de ar tropicais e massas de ar polares).
I. Subtropical úmido.
II. Marítimo da costa ocidental.
III. Mediterrâneo.
IV. Desértico e de estepe de latitude média.
V. Continental úmido.
• Climas de latitudes altas (controlados pelas massas de ar polares).
I. Continental subártico.
II. Marítimo subártico.
III. Tundra.
IV. Calota de gelo.
V. Climas de terras altas (ocorrem nas principais terras altas do mundo, como altiplanos e cadeias 
de montanhas).
7.3 Classificação climática de Lysia Bernardes
Dentre as classificações climáticas, podemos citar a da geógrafa Lysia Maria C. Bernardes, que é uma 
adaptação no Brasil da classificação de Köppen. Segundo Lysia Bernardes, existem no Brasil cinco tipos 
climáticos:
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Equatorial – caracterizado por temperaturas elevadas e chuvas abundantes durante o ano todo 
(Amazônia).
Tropical – com temperaturas elevadas e a existência de duas estações bem definidas: verão chuvoso 
e estiagem de inverno; no Brasil Central, abrange grande parte do Centro‑Oeste, meio norte e áreas de 
Tocantins, Bahia, Minas Gerais e São Paulo.
Semiárido – com temperaturas elevadas, chuvas escassas e irregulares, com seca mais pronunciada 
durante o inverno, principalmente quando ocorre o fenômeno El Niño. As poucas chuvas ocorrem entre 
o verão e o outono. Abrange grande parte do Sertão do Nordeste, Vale Médio do São Francisco e 
norte de Minas Gerais.
Tropical de altitude – mesotérmico úmido, com chuvas concentradas no verão e estiagem de 
inverno. Ocorre principalmente nas terras altas do Sergipe e parte do Centro‑Oeste.
Subtropical – mesotérmico úmido, com maior amplitude térmica, chuvas regulares e bem distribuídas 
durante o ano, sem que haja estação seca. Abrange a quase totalidade da Região Sul, exceto o norte do 
Paraná e terras baixas do litoral.
Equatorial
Tropical
Semiárido
Tropical de altitude
Subtropical
Figura 31 – Classificação climática do Brasil segundo Lysia Bernardes
7.4 Zonas climáticas
7.4.1 Zonas polares
As áreas polares estão localizadas acima dos círculos polares Ártico ou Antártico, ou seja, em altas 
latitudes (mais de 66°32’30”). Existem duas zonas polares: a região Ártica e a Antártida.
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A região Ártica é formada pelo Mar Glacial Ártico, que ocupa a maior parte da área, e vários trechos 
de terras: o norte da Rússia, do Canadá, da Finlândia, da Suécia, do Alasca e da Groenlândia e muitas 
ilhas menores.
A Antártida representa um imenso continente gelado, onde uma camada de gelo, que às vezes chega 
até 4km de espessura, cobre o solo. O Continente Antártico é mais frio que as áreas polares do norte, 
pois apresenta maiores altitudes. Calcula‑se que a Antártida tenha aproximadamente 14 milhões de 
km2.
Polo NorteZona glacial 
Ártica
Zona temperada do Norte
Zona temperada do Sul
Zona Tropical
Zona glacial 
Antártica
Polo Sul
Figura 32 
O clima polar é caracterizado pela presença de duas estações do ano: o inverno rigoroso e o verão 
brando.
No inverno, em que nos dois polos (90° de latitude) chega‑se a ficar até seis meses sem sol, as 
temperaturas médias mensais ficam em torno de ‑30°C a ‑50°C. A menor temperatura mínima já 
registrada até hoje na Terra foi de ‑88,5°C, no Continente Antártico.
No verão, quando há cerca de seis meses de sol fraco a 90° de latitude, as temperaturas médias 
mensais não ultrapassam 10°C.
Na zona polar Ártica, o povoamento é caracterizado por povos como os esquimós e os lapões, 
além de pequenas cidades industriais surgidas a partir da descoberta de riquezas, como o petróleo no 
Alasca. Na Antártida não existe ocupação humana permanente, apenas bases científicas. Apesar da 
existência de petróleo, ouro, ferro, urânio e outros recursos, a consciência de que a Antártida é uma 
reserva ecológica, logo um patrimônio de toda a humanidade, vem ganhando cada vez mais adeptos. Aconcretização dessa consciência iniciou‑se quando, em 1961, foi assinado o Tratado da Antártida, que 
estabeleceu que até 1991 o continente não pertenceria a nenhum país, embora todos tivessem direitos 
de nele estabelecer bases científicas. No ano de 1991 (fim do prazo do Tratado da Antártida), mais um 
avanço: o prazo do tratado foi prorrogado por mais 50 anos, ou seja, até o ano de 2041 nenhuma nação 
teria a propriedade de terras nesse continente.
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7.4.2 Zonas temperadas
As zonas temperadas são aquelas localizadas entre os trópicos e os círculos polares, ou seja, as latitudes 
médias. No entanto, podem‑se encontrar desertos e zonas montanhosas dentro das regiões temperadas, 
bem como áreas subtropicais, que são faixas de transição entre as áreas tropicais e temperadas.
O clima temperado é caracterizado basicamente por uma elevada amplitude térmica anual, por 
quatro estações do ano bem definidas e pelo contato de massas de ar polares e tropicais. Nestas áreas, 
os rios geralmente congelam no inverno e degelam na primavera.
O clima temperado apresenta as seguintes variações:
• Temperado Continental – é encontrado principalmente nas planícies centrais da América 
do Norte, leste e centro da Europa e centro‑norte do continente Asiático. É caracterizado por 
apresentar verões quentes e secos e inverno com grandes nevadas (temperaturas médias, em 
janeiro, inferiores a 0°C).
• Temperado Oceânico – encontrado principalmente no litoral da América do Norte, litoral sul 
do Chile, porção oeste da Europa, da Ásia e Japão. Caracteriza‑se por chuvas regularmente 
distribuídas com verões não muito quentes e invernos não muito frios.
• Temperado Mediterrâneo – encontrado em regiões como o litoral da Califórnia (EUA) e sul da 
Europa, caracteriza‑se pelos verões quentes e secos e por invernos pouco frios (às vezes ocorrem 
ondas repentinas de frio) e chuvosos.
Nas regiões temperadas, encontra‑se a maioria dos países industrializados, como Estados Unidos, 
Canadá, Japão e países da Europa. É importante ressaltar que o desenvolvimento econômico destes 
países tem raízes históricas e não naturais, como foi cogitado por alguns estudiosos do passado, 
que afirmavam que as áreas temperadas seriam o melhor meio natural para a vida humana ou que 
permitiriam maior desenvolvimento econômico e sociocultural.
7.4.3 Zonas tropicais
As áreas tropicais são as localizadas entre os trópicos de Câncer e Capricórnio, ou seja, as baixas 
latitudes. Semelhante às áreas temperadas, aqui ocorrem regiões desérticas, montanhosas e subtropicais 
(transição entre as temperadas e tropicais).
O clima da região tropical caracteriza‑se basicamente por apresentar temperaturas iguais ou 
superiores a 18°C no mês mais frio. Podem‑se encontrar as seguintes variações climáticas:
• Equatorial – encontrado em toda faixa correspondente à linha do Equador. Apresenta sempre 
temperaturas elevadas (médias anuais superiores a 25°C), altos índices pluviométricos (acima de 
2.000 mm) e baixa amplitude térmica. Como exemplo do clima equatorial, podemos citar a região 
Amazônica;
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• Tropical Típico – também chamado de tropical semiúmido, é o clima predominante na região 
tropical. Pode ser encontrado em regiões como o Brasil Central e grande parte do Continente 
Africano. Sua característica mais marcante é a definição de duas estações do ano: verão mais 
quente e chuvoso e inverno menos quente e seco. As massas de ar da região tropical são dominadas 
por massas de ar equatoriais e tropicais (ora úmidas e ora secas) sempre quentes. Apenas no curto 
inverno ocorre o domínio de massas polares;
• Tropical de Altitude – como seu próprio nome diz, o clima tropical é suavizado pela altitude, no 
inverno (seco) as temperaturas são mais baixas. Pode ser encontrado nas regiões mais altas do 
sudeste brasileiro e algumas áreas da América do Sul;
• Tropical Monçônico – encontrado no sul e sudeste do Continente Asiático, fornecendo, 
inclusive, a denominação de Ásia de Monções para a região, apresenta um mecanismo de ventos 
(monçônicos) bastante peculiar: no verão, o Continente Asiático está mais quente que o Oceano 
Índico (forma‑se baixa pressão atmosférica no continente e alta pressão no oceano) e o continente 
recebe os ventos oceânicos, que, carregados de umidade, provocam chuvas intensas. Durante o 
inverno, a situação se inverte, caracterizando o período da estiagem no continente;
• Tropical Semiárido – geralmente definido como transição do tropical para o desértico, caso do 
Sahel africano; às vezes apresenta‑se isolado, como o Sertão Nordestino brasileiro. Caracteriza‑se 
pelo baixo índice pluviométrico (sempre abaixo de 1.000 mm), com chuvas mal distribuídas, 
temperaturas altas e baixa amplitude térmica anual.
Todos os países localizados na zona tropical são subdesenvolvidos, logo, economicamente 
dependentes dos países desenvolvidos. As razões desse subdesenvolvimento são históricas, pois esses 
países foram colônias de exploração das grandes nações europeias no passado.
7.4.4 Desertos
São áreas localizadas no interior dos continentes, tanto em baixas como em médias latitudes, onde 
predominam as altas pressões atmosféricas e as massas de ar secas. Os maiores desertos da Terra são:
• Saara – o mais extenso, com mais de 8.000.000 km2, situa‑se no norte da África;
• Grande Deserto Australiano – com 1.550.000 km2, situa‑se na Austrália;
• Deserto da Arábia – com cerca de 1.300.000 km2, localiza‑se na Península Arábica (Ásia);
• Deserto de Góbi – com cerca de 1.050.000 km2, localizado na China e na Mongólia;
• Kalahari – com 600.000 km2, localiza‑se no sudoeste da África.
Existem, ainda, desertos menores, como: Atacama (o mais seco de todos – Chile), Neguev (Israel), 
Colorado (EUA) etc. 
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Unidade II
Cerca de 800 milhões de pessoas, mais de cinco vezes a população do Brasil, vivem nos desertos do planeta. 
Eles são encontrados em todos os continentes e cobrem aproximadamente um terço da superfície terrestre.
América 
do Norte
América 
do Sul
África
Ásia
Europa
Oceania
Cânions e montanhas Oásis Dunas e quedas Rochas erodidas
1 Mohave 4 Atacama 7 Namib 10 Karakum 13 Taklimakam 16 Dasht‑e‑Lut 19 Grande deserto de Vitória
2 Sonora 5 Patagônia 8 Saara 11 Qizilkum 14 Daht‑a‑Kavir 17 Rub al‑Khail 20 Simpson
3 Chihuahua 6 Kalahari 9 Arábico 12 Gobi 15 Thar 18 An‑Nafud 21 Grande Deserto de Areia
Figura 33 
O clima desértico caracteriza‑se pelo baixo índice pluviométrico (menos de 250 mm/ano), elevada 
amplitude térmica diária (geralmente superior a 40°C) e ventos fortes e permanentes.
7.4.5 Altas montanhas
São os dobramentos modernos, como: Alpes, Apeninos, Pirineus, Cárpatos, Bálcãs e Cáucaso, 
na Europa; Cordilheira dos Andes e Montanhas Rochosas, na América; Himalaia e Hindukush, 
na Ásia; Cadeia do Atlas na região do Magreb, a noroeste da África, além de outros menos 
conhecidos.
As montanhas jovens caracterizam‑se pela presença de climas com variação associada aos diferentes 
degraus de altitudes, pois a temperatura do ar diminui à medida que aumenta a altitude. É comum a 
existência de neves eternas nos topos das montanhas, onde a queda de neve é superior ao degelo, 
formando assim as geleiras alpinas ou montanhosas.
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ELEMENTOS DE CLIMATOLOGIA; DOMÍNIOS E PAISAGENS VEGETAIS
7.5 Grandes domínios

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