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Gestão de Pessoas e Competências A GUARNIÇÃO DE REMO DO EXÉRCITO

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
MBA EM ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA
Fichamento de Estudo de Caso
Cleber de Freitas Oliveira
Trabalho da disciplina Gestão de Pessoas e Competências,
 Tutor: Prof. Norma Cristina Cardoso Brandão
Vila Velha
2018
Estudo de Caso de Harvard: Gestão de Pessoas e Competências
Referência: SNOOK, Scott; POLZER, Jefrey T, A Guarnição de Remo do Exército, Harvard Business School, Rev: 30 de Março de 2004.
 
Texto do Fichamento: A GUARNIÇÃO DE REMO DO EXÉRCITO
Resumo: O texto trata de um treinador de remo que escala duas equipes uma com os competidores de elite e outra equipe JR, durante o treinamento ele observa que a equipe Jr se destaca contrariando todas suas expectativas desafiando a entender e resolver a situação inusitada.
Os fatores de sucesso
Ser bem-sucedido em guarnições de remo exigia uma combinação única de habilidades pessoais e coordenação em equipe. Na tentativa de aprender mais sobre esses fatores, o Comitê Olímpico Norte americano patrocinou um projeto de pesquisa no qual dezenas de técnicos de guarnições de remo indicaram os fatores que eles consideravam mais significativos para se obter o máximo desempenho. A pesquisa solicitava que os técnicos indicassem a importância de mais de duzentas variáveis que estavam direta ou indiretamente relacionadas com o remo “simples”, no qual cada membro da guarnição utiliza apenas um remo. A amostra incluía treinadores de vários níveis, desde iniciantes com 1 a 2 anos de experiência, intermediários com 3 a 4 anos de experiência até os treinadores mestres com mais de 4 anos de experiência. As respostas dos técnicos revelaram que as duzentas variáveis poderiam ser subdivididas em quatro categorias distintas relativas a questões de 1) força e condicionamento; 2) técnica de remar; 3) fatores psicológicos; e 4) organização de um programa. O mais interessante é que a importância atribuída a essas categorias variou de acordo com o nível de experiência dos treinadores. Uma tendência padrão dos técnicos mais novos e intermediários foi considerar um grande número de variáveis (chegando às vezes até cem) como sendo altamente importantes, ao passo que os técnicos mais experientes se concentraram em um número menor de variáveis, entre 11 e 20. Além disso, a tendência dos técnicos iniciantes era focar na técnica, ao passo que os técnicos intermediários se concentraram no condicionamento; os técnicos mestres aqueles mais experientes e mais bem-sucedidos tenderam a destacar variáveis psicológicas como os ingredientes mais importantes para o sucesso de uma guarnição.
Força e resistência individual. Os oito atletas individuais em cada barco precisavam de extrema força e resistência para poder ter alguma esperança de se sair razoavelmente bem. Os treinadores utilizavam um processo relativamente fácil e objetivo para medir a resistência e o condicionamento individual dos atletas. O “ergômetro” de remar (ou na forma abreviada “erg”) media objetivamente o trabalho realizado em uma determinada distância ou período para cada remador individual.
Esse equipamento estável e baseado em terra, semelhante às “máquinas de remar” encontradas na maioria dos ginásios, simulava a técnica geral de remar necessária para competir na água, porém eliminava a instabilidade de remar em um barco de competição e isolava cada membro de uma guarnição dos outros remadores em um barco. Os remadores treinavam no “erg” para obter resistência e técnica e eram testados periodicamente ao longo do ano uns contra os outros e contra seus próprios resultados anteriores. Os resultados eram comparáveis entre maquinas e anos, facilitando a comparação do tempo médio do ano atual com o do ano anterior, ou comparar uma equipe de Boston com uma equipe de uma outra máquina em Seattle, tudo isso com a precisão de um décimo de segundo em um teste de 2.000 metros.
Os exercícios de levantamento de peso complementavam o treinamento no erg. Os registros do número de repetições e a quantidade de peso levantado em vários exercícios, incluindo banco de supino e exercícios para pernas, supino rosca e agachamentos, forneciam ao técnico medições objetivas da força e do progresso dos indivíduos ao longo do tempo. Tanto os resultados do erg como os registros de levantamento de peso forneciam medidas objetivas e comparáveis da capacidade de força e resistência para auxiliar o técnico a avaliar as habilidades individuais dos membros da guarnição.
Trabalho em equipe. Embora as habilidades individuais fossem extremamente importantes, era crucial para os oito atletas sincronizarem suas remadas. A guarnição de remo é um dos poucos esportes no qual não há recompensa para o desempenho individual, como o caso do MVP no jogo de basquete – “o jogador mais valioso”. De fato, se um membro de uma guarnição tentasse superar de repente o desempenho de seus colegas de equipe em uma regata, o barco poderia na verdade reduzir seu ritmo porque os remadores perderiam o sincronismo. Além disso, uma consideração fundamental era a atitude mental dos membros da guarnição, que tinham que estar perfeitamente sintonizados uns com os outros, numa só mente e com a meta comum de cruzar a linha de chegada à frente das outras guarnições.
John Smith, um técnico de remo escrevendo no final do século XIX, observou que “remar tem tudo a ver com minúcias”3 e as equipes desde então têm continuado a lutar para dominar os detalhes do remo. Ao observar uma boa guarnição, todas as mãos dos oito remadores, seus braços, costas e pernas parecem que se movem como se estivessem unidos por barras de aço. O sincronismo de cada remo entrando e saindo da água tem que ocorrer dentro de centésimos de segundo em relação aos outros remos, o que por sua vez exige que cada remador mantenha suas mãos precisamente na mesma altura. Adicionalmente, para que a entrada e a saída d’água estejam perfeitamente sincronizadas, todos os remadores têm de puxar seus remos na água com um ritmo idêntico. Durante a fase de recuperação do ciclo da remada, todos os remos têm que se mover em uníssono enquanto permanecem acima da água, caso contrário bateriam na água e retardariam o barco. Se qualquer parte desse movimento da remada, ou a pá do remo, estiver defasada, o barco poderá perder seu centro de equilíbrio e desacelerar. Como o centro de gravidade do barco fica acima da linha d´água, um remador que simplesmente sacudisse a cabeça para tirar os cabelos dos olhos durante a fase de recuperação de uma remada poderia fazer o barco adernar para um lado e seu remo poderia bater na água. Embora de modo geral seja difícil que um membro da equipe possa atribuir uma falha na técnica ou nível de esforço de outro membro, durante o dia da regata, a qualquer indivíduo em particular, os outros remadores poderiam sentir a falha imediatamente.
Um remador veterano descreveu a dificuldade de permanecer sincronizado:
Eu adoro o desafio físico, mental e mesmo técnico, em termos de posicionamento do corpo, sincronismo, quando as partes do corpo se movem, mantendo o barco ajustado, determinando quando a pá entra e sai da água, qual a altura sobre a água, onde suas mãos devem estar, como você parlamenta o remo com uma mão e prepara com a outra. E depois que você faz a pegada, depois que você dá a puxada com toda a sua energia, você tem que mudar para um ritmo suave e sem esforço na recuperação.
Pense nisso dessa maneira – é o equivalente a oito caras todos tentando fazer um swing de golfe perfeito ao mesmo tempo, todos juntos, 200 vezes em seguida. Como cada movimento de cada remada de uma regata com 200 remadas (2.000 metros) deve estar em perfeita sincronia, uma guarnição de oito se confronta com 1.600 oportunidades (8 pessoas x 200 remadas) de perturbar o equilíbrio do barco. Naturalmente, é praticamente impossível cada pessoa dar 200 remadas perfeitas. Muitas vezes, portanto, o que distinguia os melhoresbarcos era a maneira como os remadores se adaptavam bem às remadas imperfeitas dos outros remadores. Se um remador cometesse um erro, era muito importante que os outros remadores – que sentiam o resultado daquele erro – evitassem ajustar sua técnica para compensá-lo, porque essa reação poderia desencadear um movimento progressivo de remadas dessincronizadas e instáveis. Em vez disso, a melhor atitude a tomar era confiar que quem quer que tivesse feito o erro corrigisse sua próxima remada, permitindo que o barco recuperasse o equilíbrio e a velocidade máxima.
A confiança necessária entre os membros da equipe relacionava-se com a psicologia da equipe como um todo. Como cada membro contribuía com o esforço de equipe em remar, uma guarnição de remo seria tão forte quanto seu elo mais fraco. Quando um membro se desviava do ritmo do grupo isso frequentemente tinha um efeito cascata que desequilibrava os movimentos dos outros remadores. Esta máxima do “elo mais fraco” se aplica não somente à técnica de remar, mas também ao limite de um indivíduo para o colapso físico. Em algum momento, os remadores são confrontados com a exaustão de participar em uma longa regata, o que poderia fazê-los sentir que seria impossível manter o ritmo implacável da equipe. Se um membro atingisse seu limite e tentasse descansar mesmo que fosse por uma puxada, o momentum da equipe seria quebrado. A perda da energia de um remador por apenas uma puxada produziria uma carga maior nos remos dos outros sete remadores. Se um dos sete restantes estivesse próximo de seu limite de fadiga física, mesmo um aumento mínimo na carga em seu remo aumentaria substancialmente suas chances de falha. Consequentemente, se um remador abrandasse o ritmo próximo do final de uma regata, isso poderia ter um efeito dominó no desempenho dos outros remadores. Ganhar uma regata a remo, portanto, exige que os remadores lutem para não atingir seu limite físico e, ao mesmo tempo, que cometam o menor número possível de erros técnicos em cada remada.
Na realidade, a sincronia em geral era imperfeita. O Treinador P. explica:
Qualquer pequena mudança no barco da regata afeta o barco inteiro. Em geral, quando uma pessoa muda, as outras sete tentam reagir de diversas maneiras. O importante é não reagir. Em vez disso, os participantes precisam confiar uns nos outros; confiar que a pessoa fora de ritmo se corrigirá. Você precisa confiar que ninguém da equipe será o elo mais fraco daquela guarnição, e sim que o elo mais fraco estará no barco do concorrente. Em uma guarnição de remo com coordenação perfeita, remar poderia parecer quase como algo sem esforço devido à sinergia entre os oito remadores. Na verdade, o Treinador P. de vez em quando exercitava os membros da equipe em treinos pedindo que remassem com seus olhos fechados, para ajudar a equipe a aprender a “sentir” essa coordenação, chamada de “swing”. Ele explicou: “o exercício os ajudava a se sentirem parte integrante da equipe como um todo, em vez de um grupo de indivíduos. O swing é algo assim como o êxtase de um corredor ou estar “em alfa” onde cada puxada parece uma atividade sem esforço depois de outra – o paraíso para um remador.
 O que fazer?
Trocar os barcos Varsity e Varsity Junior. A opção mais radical considerada pelo Treinador era reconhecer que o barco Varsity Junior tinha um desempenho melhor do que o Varsity e simplesmente mudar seus nomes. No entanto, ele relutava em fazer isso. Afinal de contas, todas as informações coletadas antes e depois da designação dos barcos indicavam que o Varsity tinha os remadores mais fortes. Por outro lado, havia um precedente de troca de barcos. Em meados da década de 90, passando por uma situação similar, o treinador de Cornell fez a troca, e tanto o barco Varsity como o VJ venceram Campeonatos Regionais naquele ano.
Alternar remadores. Uma outra opção que o Treinador P. continuava a considerar era alternar alguns remadores entre os dois barcos. Talvez ele ainda não tivesse achado a combinação correta para o barco Varsity, apesar de todos os seus esforços. A viabilidade desta opção era um tanto limitada devido à preferência dos membros da equipe do Varsity Junior de permanecer nele. Alguns tinham até expressado seu desagrado em relação a esta troca de barcos. 
Intervir para melhorar o desempenho do barco Varsity. Considerando que o Varsity tinha os remadores mais fortes, o Treinador P. começou a pensar em como ele podia intervir para melhorar seu desempenho. Visando isso, ele decidiu começar a semana final de treino da equipe com uma reunião com os membros da equipe do Varsity para discutir seu desempenho.
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