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Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 3., n.7, jul/dez de 2012 209 ORÇAMENTO NA CONSTRUÇÃO CIVIL COMO INSTRUMENTO PARA PARTICIPAÇÃO EM PROCESSO LICITATÓRIO BUDGET IN CIVIL CONSTRUCTION AS A TOOL FOR PARTICIPATION BIDDING PROCESS Ana Paula Santana dos Santos – santana_paul@hotmail.com Nilmara Delfina da Silva – nilmara.delfina@bol.com.br Vera Maria de Oliveira – vera.jmph@gmail.com Graduando no Unisalesiano Profª. Ma. Heloisa H. R. da Silva – heloisa@unisalesiano.edu.br Prof. Me. Ricardo Yoshio Horita – Unisalesiano - ricardohorita@uol.com.br RESUMO Com a evolução da engenharia civil, surgiu a necessidade de mensurar os itens monetários envolvidos na construção civil para estimar os custos com materiais, mão de obra, custos diretos e custos indiretos relacionados em cada empreendimento. O orçamento da construção tem por objetivo efetuar um estudo criterioso dos preços de todos os insumos integrantes da obra de modo a reduzir o grau de incerteza na tomada de decisão, analisando a viabilidade econômica do empreendimento e o retorno do investimento. Para uma construtora prestar serviço para o poder público é necessário a participação em licitação, devendo analisar os critérios exigidos para a apresentação de sua proposta. Ressalta-se que o preço proposto não deve ser tão baixo a ponto de não permitir lucro e nem tão alto a ponto de não ser competitivo na disputa com os demais proponentes. É essencial a avaliação do edital de publicação do objeto a ser licitado de modo a auxiliar no planejamento orçamentário para atingir as metas necessárias, garantindo a empresa maiores chances de vencer a concorrência. Palavras-chave: Planejamento Orçamentário. Licitação. Construção Civil. ABSTRACT With the civil engineering evolution, the need arose to measure monetary items involved in construction growth, to estimate the costs of materials, labor, direct and indirect costs related for each project. The building budget aims to make a careful study of the prices of all inputs members work to reduce the degree of uncertainty in decision making, analyzing the economic feasibility of the project and return on investment. To participate in a bidding process, the company must analyze for the submission of its proposal. It’s noteworthy that the proposed price should not be so low to the point of not allowing profit and not so high that it will not be competitive in the race with the other bidders. It is essential evaluate the edict of publication of the object to be bidding to aid in budget planning necessary to achieve the goals, ensuring the company a better chance of winning the competition. Keywords: Budget Planning. Bidding. Building. Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 3., n.7, jul/dez de 2012 210 INTRODUÇÃO O orçamento, sendo um instrumento de planejamento empresarial, contém informações de receitas previstas e estimativa de despesas com o objetivo de controlar as atividades necessárias para os serviços prestados pela empresa voltada à construção civil. Sua elaboração começa antes do inicio da obra e a preparação deve estabelecer critérios rigorosos na composição do custo para que não haja considerações incertas que afetem a decisão eficiente da administração. O planejamento orçamentário visa à alocação de estratégias a serem adotadas para controle das despesas e das receitas a fim de identificar o resultado total do empreendimento. Os objetivos do presente trabalho foram abordar a importância do orçamento utilizado no ramo da construção civil, no que tange aos custos com materiais, mão de obra e a forma de retorno de tais custos, analisando os critérios utilizados para atendimento da prestação de serviços ao órgão público com a contratação por processo de licitação. Para atingir o objetivo proposto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica e um estudo de caso. 1 EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA CIVIL A evolução histórica da engenharia civil iniciou-se desde os tempos das cavernas, quando os povos começaram a desenvolver as primeiras ferramentas e a pensar em uma moradia mais segura e confortável para se abrigarem. (RIBARD, 1964). Segundo Valle et al. (2007), o desenvolvimento histórico da engenharia motivou os aspectos relacionados à garantia de determinado padrão de qualidade, surgindo normas de execução para a realização de obras. Em 1858, através da Escola Central ocorreu a abrangência do curso de engenharia civil com as técnicas de construção de estradas, pontes e edifícios, ministrados pelos engenheiros civis. Em 1874, a Escola Central passou a ser Escola Politécnica criando especialidades de engenharia. (UFRJ, 2012) A partir do século XX, com desenvolvimento industrial, o Brasil passou Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 3., n.7, jul/dez de 2012 211 por diversas mudanças, como a construção de ferrovias e prédios que contribuíram com o crescimento das obras. 2 ORÇAMENTO NA CONSTRUÇÃO CIVIL “Orçamento é o calculo dos custos para executar uma obra ou um empreendimento, quanto mais detalhado, mais se aproximará do custo real.” (SAMPAIO, 1989, p. 17). Segundo Cardoso (2009), orçamento é um documento valioso em qualquer estudo preliminar ou de viabilidade. O orçamento, parte integrante dos contratos, é o documento por meio do qual o auditor acessa as mais variadas informações dos projetos de arquitetura e de engenharia, podendo ainda efetuar diversas confrontações com os documentos e relatórios de prestação de contas. (CARDOSO, 2009, p. 15) Tisaka (2011) afirma que o orçamento ao ser elaborado, deverá conter todos os serviços a serem executados na obra, compreendendo o levantamento dos quantitativos físicos do projeto e da composição dos custos unitários de cada serviço, das leis sociais e encargos complementares, apresentados em planilha. 2.1 Planejamento orçamentário A elaboração de um orçamento, segundo Cordeiro (2007), necessita de planejamento que compreende as possibilidades e limitações técnicas, além do cálculo dos custos de uma série de tarefas sucessivas e ordenadas, através de informações obtidas que direciona o desenvolvimento do orçamento. De acordo com Cardoso (2009), o orçamento é um documento que necessita de absoluta credibilidade e o seu planejamento aborda a elaboração de um roteiro de ações para atingir determinado fim. O Instituto de Engenharia (2011) caracteriza o planejamento como elaboração de condições para a execução dos serviços, como os métodos a serem utilizado, volume ou porte do serviço, prazos de execução, equipamentos necessários, jornada de trabalho e todos os fatores envolvidos para a realização do empreendimento. Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 3., n.7, jul/dez de 2012 212 2.2 Escopo do orçamento O orçamento tem por objetivo efetuar o levantamento dos custos que serão utilizados a obra, demonstrando os processos necessários para a execução do empreendimento. Isto exige pesquisa dos preços dos insumos, caracterizando a composição dos custos, conforme descreve Mattos (2006). O escopo do orçamento envolve desde o estudo do projeto que direciona os serviços a serem executados até a composição dos custos e o fechamento do orçamento. Os estudos estabelecem as metas que auxiliam a elaboração do planejamento, onde a junção dessas funções determinam os resultados do empreendimento que deseja alcançar. 2.3 Tipos de orçamentos Segundo o Instituto de Engenharia (2011), de acordo com a Norma Técnica nº 01/2011 para elaboração de orçamento de obrasde construção civil, os tipos de orçamento podem ser por estimativa de custo, orçamento preliminar, orçamento analítico ou detalhado e orçamento sintético ou orçamento resumido. 2.3.1 Estimativa de custo O Instituto de Engenharia (2011) especifica que a estimativa de custo corresponde à avaliação de custo obtida através da pesquisa de preço no mercado após examinar os dados preliminares de uma idéia de projeto em relação à área a ser construída, quantidade de materiais e serviços envolvidos. Com essa pesquisa é possível se aproximar ao máximo do valor real do projeto. Mattos (2006) afirma que a representação do custo da construção por m² realizada pelo Custo Unitário Básico da Construção (CUB) é um dos maiores indicadores mais utilizados para estimativa de custos. Onde: Custo Total = Área de Construção x CUB Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 3., n.7, jul/dez de 2012 213 Os responsáveis pela divulgação mensal dos custos unitários de construção a serem adotados é de obrigatoriedade dos sindicatos estaduais da indústria da construção civil. 2.3.2 Orçamento preliminar Segundo Sampaio (1989), o orçamento preliminar corresponde a avaliação de custo obtida através de levantamento e estimativa de quantidades de materiais e de serviços e pesquisa de preços médios, efetuada na etapa do anteprojeto. Tisaka (2011), esclarece que o orçamento preliminar , para não ser apenas custo, deve incluir o Benefício e Despesas Indiretas (BDI) que caracteriza a margem adicionada para determinar o valor do orçamento. 2.3.3 Orçamento analítico ou detalhado Valentini (2009) define orçamento analítico como detalhamento de todas as etapas do empreendimento, resultando na confiabilidade do preço apresentado, considerando todos os recursos e variáveis mensurados por custo direto, custos indiretos acrescidos de BDI, formando assim o preço de venda. 2.3.4 Orçamento sintético ou resumido Compreende o resumo do orçamento analítico expresso através das etapas com valores parciais ou grupos de serviços, com seus respectivos totais e o preço do orçamento da obra, conforme descreve o Tisaka (2011). 2.4 Tabela de composição de preço para orçamento A Tabela de Composição de Preços para Orçamento (TCPO) norteia o orçamento de construção, planejamento e controle de obras. De acordo com Tisaka (2011) é na TCPO que se encontram os parâmetros de quantitativos, produtividade e de consumo necessárias para a composição dos principais serviços utilizados na construção civil. Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 3., n.7, jul/dez de 2012 214 Para melhor entendimento, segue exemplo prático do orçamento de uma parede de blocos de concreto 14x19x19 cm, com 5 metros de comprimento e 3 metros de altura, correspondente a 15 m², de acordo com Tognetti (2011) com base na TCPO. Quadro 3: Composição de preço para orçamento Insumos Consumo (C) Unidade Preço (P) Subtotal (CxP) Pedreiro 0,92 H R$ 4,65 R$ 4,28 Servente 1,10 H R$ 3,81 R$ 4,19 Areia 0,023 m² R$ 79,20 R$ 1,82 Cal Hidratada 4,14 Kg R$ 0,34 R$ 1,41 Cimento 3,24 Kg R$ 0,37 R$ 1,20 Bloco de concreto 14x19x19 cm 13 Um R$ 1,92 R$ 24,96 Leis Sociais 120% R$ 10,16 Benefícios e Despesas Indiretas 20% R$ 12,00 TOTAL (por m²) R$ 60,02 Parede com 15m² (3x5m) R$ 900,37 Fonte: Tognetti, 2011. Além da TCPO, de acordo com Tognetti (2011) existem outras fontes de tabela para orçamentos disponibilizados por órgãos governamentais, como Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) e o Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI) disponibilizado pela Caixa Econômica Federal, que fornecem os preços dos insumos sem a composição, porém auxiliam na ideia da grandeza dos custos dos serviços. 2.5 Etapas do orçamento Para a elaboração do orçamento é necessário obter informações que expressem os custos para a realização do empreendimento, com o objetivo de absolver informações exatas com relação aos valores que serão estabelecidos. Segundo Mattos (2006), o orçamento engloba três etapas de trabalho: estudo das condicionantes, composição de custos e determinação do preço. 2.5.1 Estudo das condicionantes É o estudo das condicionantes quem norteia o orçamentista conforme afirma Mattos (2006), auxiliando na identificação das condições da obra através Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 3., n.7, jul/dez de 2012 215 da leitura e interpretação do projeto composto por: plantas baixas, cortes, vistas, notas esclarecedoras entre outras. Além da interpretação do projeto, o orçamentista necessita avaliar as especificações técnicas que, segundo Mattos (2006), são documentos de texto de natureza mais qualitativa do que quantitativa, como: descrição qualitativa dos materiais, padrão de acabamento, tolerâncias dimensionais dos elementos estruturais e tubulações e outros. Após a compreensão do projeto, o orçamentista avalia o edital e realiza a visita técnica no local da obra, para complementar o estudo das condicionantes, conforme Mattos (2006). 2.5.2 Composição dos custos A composição de custos são peças básicas na elaboração do orçamento, onde segundo Cordeiro (2007) está composição de custo exige o conhecimento dos materiais, mão de obra, encargos sociais e o BDI. A composição de custo compreende em primeiro plano a identificação dos serviços integrantes da obra. Cada serviço precisa ser quantificado. De acordo com Mattos (2006) este levantamento de quantitativo é a principal tarefa do orçamentista. A composição de custo, auxilia e contribui para analise da lucratividade sobre o empreendimento, assim como estabelece o preço de venda e o BDI aplicado uniformemente sobre todos os serviços a fim de garantir o retorno do investimento. 2.5.2.1 Encargos sociais e trabalhistas Segundo Mattos (2006), os encargos sociais e trabalhistas são definidos pelo percentual a ser aplicado na mão de obra. Envolve impostos que incidem sobre a hora trabalhada e os benefícios que tem direito os trabalhadores e que são pagos pelo empregador. 2.5.2.2 Composição e cálculo do BDI O cálculo do BDI é definido pela própria empresa, efetuando a relação Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 3., n.7, jul/dez de 2012 216 entre as despesas operacionais e o faturamento alcançado. O cálculo do BDI de acordo com a TCPO é após a apuração dos custos diretos. Segundo o Instituto de Engenharia (2011), o BDI refere-se à taxa adicionada ao custo direto de uma obra ou serviço. Quando a empresa estabelece a taxa de BDI a cada um dos componentes, deve justificar a origem das mesmas e analisar a qualificação e quantificação de estrutura mínima das empresas que participam de uma licitação. Enquanto o Custo Direto representa todos os valores constantes da planilha, o BDI é a margem que se adiciona ao Custo Direto para determinar o valor do orçamento. Tisaka (2006) representa, figurativamente, o BDI da seguinte maneira: PV = CD x 1 + ou PV = CD (1+b) Onde: PV = Preço de Venda ou Orçamento CD = Custo Direto BDI = Benefício e Despesa Indireta expresso em percentual b = Benefício e Despesa Indireta expresso em número decimal 2.5.3 Fechamento do orçamento O fechamento do orçamento é estabelecido com a definição do lucro baseado no levantamento dos custos do empreendimento. O fechamento do orçamento é demonstrado em planilha que formaliza a discriminação de cada item do empreendimento, preço unitário de material, preço unitáriode mão de obra, preço total dos materiais e mão de obra, incluindo os custos diretos, custos indiretos, preço de venda e BDI. Para Mattos (2006), no fechamento do orçamento, o construtor define a lucratividade que deseja obter na obra, considerando os fatores de concorrência e risco do empreendimento. 3 LICITAÇÃO De acordo com Mattos (2006) licitação é o procedimento utilizado pelo BDI (%) 100 Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 3., n.7, jul/dez de 2012 217 governo federal, estadual e municipal, para realizar compra de bens e serviços ou venda de bens. A licitação é a regra padrão para qualquer aquisição ou venda por parte do Poder Público. Segundo a Constituição Federal, obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes. (MATTOS, 2006, p. 264). Para TCU (2010) licitação é a regra utilizada para a compra de bens ou contratação de obras e serviços pela Administração Pública. Ocorre por meio de convocação através da divulgação das condições, onde empresas interessadas apresentam suas propostas para disponibilizar seus bens e serviços. Para regulamentar o artigo 37, inciso XXI da Constituição Federal brasileira, foi instituída pela presidência da república, a partir de 1993, a Lei das Licitações instituída pela Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993, estabelecendo normas gerais sobre licitações e contratos no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 3.1 Modalidade da licitação Mattos (2006) afirma que a Lei 8.666/93 estabelece algumas modalidades de licitação, onde cada uma obtém uma forma diferente de procedimento administrativo de acordo com o tipo de bem a ser licitado e o valor de aquisição pretendida pelo poder público. Essas modalidades são: Concorrência, Tomada de Preço, Convite, Concurso e Leilão. Em qualquer modalidade licitatória, não podem ser modificados os termos da proposta ou dos documentos, em qualquer hipótese, salvo quanto a erros ou falhas materiais que possam ser sanados ou corrigidos, por meio de despacho fundamentado, registrado em ata e acessível a todos, atribuindo-lhes validade e eficácia jurídica para fins de classificação das propostas e habilitação dos licitantes. Possíveis correções devem constar do ato convocatório. (TCU, 2010, p. 474). 3.2 Tipo de licitação De acordo com Cardoso (2009), os tipos de licitação tratam do julgamento da proposta dos proponentes, com o que determina a lei para cada situação licitada. Constituem tipos de licitação: Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 3., n.7, jul/dez de 2012 218 a) a de menor preço: determinando que o vencedor do certame será o que apresentar proposta mais vantajosa para a administração; b) a de melhor técnica: denominado para serviços de natureza predominantemente intelectual; c) a de técnica e preço: refere-se a junção dos itens a e b, onde além de requisitos intelectuais, avalia-se a proposta mais vantajosa. 4 AQUISIÇÃO DO EDITAL A aquisição do edital é necessária para a empresa avaliar os requisitos exigidos para a participação da licitação. A aquisição do edital é necessária para a empresa avaliar os requisitos exigidos para a participação da licitação. Estes requisitos esclarecem para a empresa o objeto licitado, modalidade de licitação, tipo de licitação, regime de execução, prazos, local, data e horário da realização da abertura dos envelopes de documentação e proposta, condições de participação e habitação, critérios de julgamento das proponentes, dotação orçamentária, condições de medições e pagamentos e orçamento estimado. Analisados todos os procedimentos exigidos e constando que no edital todas as informações precisas e os anexos para a empresa na avaliação do empreendimento, o próximo procedimento é a realização da visita técnica e os demais procedimentos. 4.1 Visita in loco A visita técnica é o conhecimento do local onde será realizado o empreendimento. O engenheiro da empresa realiza a visita para analisar in loco a viabilidade dos padrões do terreno, com relação ao nível e as necessidades iniciais para o início da execução da obra como: terraplanagem, remoção de vegetação ou entulhos, demolições se houver algum tipo de construção no terreno que não possa ser reformada. A administração pública elabora o atestado de visita técnica comprovando que a empresa possui conhecimento do local onde será executada a obra. Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 3., n.7, jul/dez de 2012 219 4.2 Avaliação do projeto A avaliação do projeto norteia os valores que irão compor a planilha orçamentária e os itens relacionados para a execução da construção. O engenheiro analisa área a ser construída e quais as especificações contidas no projeto. 4.3 Estudo da planilha orçamentária A empresa elabora este estudo efetuando, com seus fornecedores, a cotação de preços dos materiais a serem utilizados na obra, buscando o melhor preço de mercado, o prazo de entrega, para que possa atender as exigências da execução da obra, comparando com os valores fornecidos na planilha contida no edital. A planilha orçamentária disponibilizada junto aos anexos do edital é a etapa na qual a empresa, após a visita técnica e avaliação do projeto, avalia cada item composto na planilha, conforme exemplo abaixo: Quadro 6: Planilha orçamentária CÓDIGO D E S C R I Ç Ã O UNID. QUANT. 1 Serviços preliminares 1.1 Limpeza e raspagem da área com remoção de vegetação espessura 15 cm m² 1.379,15 1.2 Ligação provisória de água para obra e instalação sanitária provisória unid. 1,00 2 Terraplenagem 2.1 Corte e compensação m³ 415,00 3 Infra-estrutura 3.1 Estaca moldada in loco Ø 25 cm profundidade 10,00 metros m 540,00 3.2 Forma de madeira para infra estrutura m² 101,40 Fonte: Adaptado de Prefeitura Municipal de Lins, 2012. 4.4 Orçamento e elaboração da proposta A elaboração da proposta da empresa é objetiva, seguindo as exigências que compõem o edital. Tem por característica a apresentação em papel timbrado e dados de identificação da empresa, valores unitários e total de cada item, valor global da proposta expressos em moeda corrente nacional, Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 3., n.7, jul/dez de 2012 220 prazo de execução da obra, prazo de validade da proposta, garantia da obra e identificação da modalidade da licitação. 4.5 Julgamento das proponentes Com todos os proponentes e comissão de licitação presentes, inicia-se a lavratura em ata referente à abertura dos envelopes contendo os documentos de habilitação. Caso ocorram divergências nas documentações, a comissão de licitação justifica a inabilitação da proponente. Após este procedimento, a comissão de licitação inicia a abertura dos envelopes contendo as propostas de preço das empresas habilitadas. É avaliada cada proposta apresentada. A comissão de licitação analisa as conformidades de acordo com o edital e a empresa que apresentar a proposta mais vantajosa torna-se vencedora. 4.6 Contratação da empresa vencedora A empresa, após a homologação, assinará o contrato de prestação de serviços emitido pela prefeitura em duas vias de igual teor, permanecendo uma via com a empresa e outra com o órgão público, estando estas devidamente rubricadas em todas as folhas e assinadas pelo responsável competente da prefeitura e pelo sócio administradorda empresa. Já com o contrato em mãos, a empresa anexa todos os documentos referente a este contrato como a garantia de cumprimento, matrícula de Cadastro Específico do INSS (CEI), ordem de serviço emitido pela prefeitura, Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), assim como o próprio edital, a planilha de proposta da empresa, cronograma, memorial descritivo e outros documentos relacionados à obra. 4.7 Acervo técnico Após a execução do empreendimento, a empresa solicita ao órgão público o atestado de conclusão de obra, para posterior emissão do acervo técnico junto ao CREA. Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 3., n.7, jul/dez de 2012 221 O acervo técnico é o documento que comprova que a empresa e o seu engenheiro responsável tem capacidade técnica competente para participar em futuras licitações. Em concorrências públicas para execução de obras, o acervo técnico é um documento essencial para a empresa ser qualificada e habilitada para a realização do empreendimento, pois o mesmo comprova a capacidade de execução de obras futuras. 4.8 Estudo de caso Para entendimento deste trabalho faz-se necessário uma abordagem sobre a empresa e o processo de licitação com base na Lei Federal nº 8.666/93, de modo a compreender os critérios que são abordados para participação em concorrência pública. Com a realização da pesquisa, pode-se constatar a importância do orçamento para o planejamento de execução de obra e instrumento necessário para participação em licitação pública. O orçamentista pode realizar a composição de custos com o auxilio da TCPO e outros como tabela SINAPI e comparando preços com seus fornecedores. A pesquisa esclarece que a empresa, interessada em participar de processo licitatório, tenha chances para vencer é necessário obter todas as informações para demonstrar a capacidade de realização da obra. Além de dados que compõe o orçamento, o processo de licitação é esclarecido pela lei de licitação instituída pela Lei Federal 8.666 de 21 de junho de 1993 e suas posteriores alterações, é o manual de consulta obrigatória a todos os interessados em concorrências publicas para ciência de suas obrigações e direitos. CONCLUSÃO Após a pesquisa elaborada, conclui-se que o orçamento é uma parte fundamental da construção civil em qualquer processo de licitação de acordo com a Lei 8.666/93, no qual o orçamento é realizado antes do inicio da obra a fim de mensurar os resultados ao fim de sua conclusão, contribuindo assim Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 3., n.7, jul/dez de 2012 222 para a tomada de decisão. Ressalta-se que um bom orçamento não é obtido sem a elaboração de um planejamento, calcular os custos através de informações apresentadas no edital e na visita técnica no local onde será executada a obra. O resultado dessa pesquisa demonstra como o orçamento elaborado de forma adequada pode ser um instrumento determinante para ter sucesso na concorrência de um processo licitatório, pois apresenta os custos, tanto de matérias como de mão de obra e a forma de retorno de tais custos. REFERÊNCIAS BRASIL, Decreto Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8666cons.htm>. Acesso em 17 mar. 2012. CARDOSO, R. S. Orçamento de obras em foco: um novo olhar sobre a engenharia de custos. São Paulo: Pini, 2009. CORDEIRO, F. R. F. S. Orçamento e controle de custos na construção civil. 2007. Monografia (Especialização em Construção Civil) – Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. Disponível em :<http://www.cecc.eng.ufmg.br/> Acesso em 02 ago. 2012. INSTITUTO DE ENGENHARIA, Norma técnica para elaboração de orçamento de obras de construção civil, [s.l.] 2011 Disponível em: <http://www.sinaenco.com.br/downloads/Norma.pdf>. Acesso em 19 jul. 2012. MATTOS, A. D. Como preparar orçamento de obras. São Paulo: Pini, 2006 RIBARD, A. A prodigiosa história da humanidade. Tradução Darcy Damasceno e Iracilda M. Damasceno. 1. Vol. Rio de Janeiro: Zahar, 1964. SAMPAIO, F. M. Orçamento e custo da construção. Brasília: Hemus, 1989. TCU. Licitações e contratos: orientações e jurisprudência do Tribunal de Contas da União. 4. ed. Brasília : TCU, Secretaria Geral da Presidência, Senado Federal, Secretaria Especial de Editoração e Publicações, 2010. TISAKA, M. Orçamento na construção civil: consultoria, projeto e execução. 2. ed. São Paulo: Pini, 2011. TOGNETTI, G. C. Estimando custos de construção: entendendo o orçamento. São Paulo, 7 abr. 2011. Disponível em: <http://construa.wordpress.com/tag/orcamento-construcao/>Acesso em: 29 ago. 2012. Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 3., n.7, jul/dez de 2012 223 UFRJ escola politécnica, História da escola politécnica, Rio de Janeiro,[s.d.]. Disponível em: <http://www.poli.ufrj.br/politecnica_historia.php>. Acesso em: 12 jun. 2012. VALENTINI, J. Metodologia para elaboração de orçamento de obras civis. 2009. Monografia (Especialização em Construção Civil) – Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. Disponível em: <http://www.cecc.eng.ufmg.br/trabalhos/pg1/Monografia%20Joel.pdf> Acesso em 01 ago. 2012. VALLE, A. B. et al. Fundamentos do gerenciamento de projetos. Rio de Janeiro: FGV, 2007.
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