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Excitação Rítmica do Coração – CAPÍTULO 10 - Guyton Hyana Morato 1 O Sistema Excitatório e Condutor Especializado do Coração A figura mostro sistema especializado condutor e excitatorio do coração que controla as contrações. A figura mostra o nodo sinusal( também chamado de nodo sinoatrial ou nodo S-A), no qual é gerado impulso rítmico normal. As vias intermodais que conduzem o impulso do nodo sinusal ao nodo atrioventricular ( nodo A-V); o próprio nodo A-V , no qual os impulso, vindo dos átrios, é retardado antes de passar para os ventrículos. O feixe A-V, que conduz o impulso dos átrios ate os ventrículos e ramos direito e esquerdo do feixe de fibras de Purkinje, que conduzem o impulso cardíaco para todas as partes dos ventrículos. Nodo Sinusal (Sinoatrial) O nodo sinusal é uma faixa pequena, achatada e elipsóide, de músculo cardíaco especializado, com aproximadamente 3 milímetros de largura por 15 milímetros de comprimento e 1 milímetro de espessura. Esta situado na parede póstero-lateral superior do átrio direito e abaixo, e pouco lateral a abertura da veia cava superior. As fibras do nodo sinusal se conectam, diretamente, as fibras musculares atriais, de modo que qualquer potencial de ação que se inicie no nodo sinusal se difunde para a parede do músculo atrial. Ritmicidade Elétrica Automática das Fibras Sinusais Algumas fibras cardíacas têm capacidade de auto-excitação, processo que pode causar descarga automática rítmica e conseqüentemente, contrações rítmicas. Por essa razão, o nodo sinusal controla, normalmente, a freqüência dos batimentos de todo o coração. Mecanismo da Ritmicidade do Nodo Sinusal A figura 10-2 mostra potenciais de ação, registrados no interior de uma fibra do nodo sinusal, de três batimentos cardíacos e, como comparação, apenas um potencial de ação de fibra muscular ventricular. Note que entre as descargas, o “potencial de repouso da membrana” da fibra sinusal tem negatividade de aproximadamente -55 a -60 milivolts, comparada com -85 a -90 milivolts da fibra muscular ventricular. A explicação para essa menor negatividade é que as membranas celulares das fibras sinusais são por natureza mais permeáveis ao Excitação Rítmica do Coração – CAPÍTULO 10 - Guyton Hyana Morato 2 cálcio e ao sódio , e as cargas positivas desses íons que cruzam a membrana neutralizam boa parte da negatividade intracelular. O miocárdio apresenta três tipos de canais iônicos nas suas membranas que desempenham papéis importantes para deflagrar as variações das voltagens do potencial de ação. Eles são: 1. Canais rápidos de sódio 2. Canais lentos de sódio-cálcio 3. Canais de potássio A abertura dos canais rápidos de sódio, já é responsável pelo potencial em ponta rápido do potencial de ação observado no músculo ventricular, por causa da entrada rápida de íons de sódio positivos para o interior da fibra. Em seguida, o “platô” do potencial de ação ventricular é originado, pela abertura mais vagarosa dos canais de sódio-cálcio lentos. Por fim, a abertura dos canais de potássio permite a difusão de grandes quantidades de íons positivos de potássio para o exterior da fibra muscular, trazendo o potencial de membrana de volta a seu nível de repouso. Existe uma diferença no funcionamento desses canais nas fibras do nodo sinusal, pois o seu valor “de repouso” é bem menos negativo. Auto-excitação das Fibras do Nodo Sinusal Em virtude da alta concentração de íons sódio no líquido extracelular, por fora da fibra nodal, alem do número de canais de sódio já abertos, os íons positivos de sódio tendem a vazar para o interior dessas células. É por isso que, entre o batimentos cardíacos , o influxo de sódio positivamente carregado, provoca lento aumento do potencial da membrana de repouso, em direção aos valores positivos. Basicamente, é o vazamento inerente das fibras do nodo sinusal que causa a auto- excitação. As Vias Internodais e a Transmissão do Impulso Cardíaco pelos Átrios Excitação Rítmica do Coração – CAPÍTULO 10 - Guyton Hyana Morato 3 As extremidades das fibras do nodo sinusal conectam-se diretamente ao tecido muscular atrial. Por tanto, potenciais de ação, originados no nodo sinusal, se propagam para diante por essas fibras musculares atrais. O potencial de ação se espalha por toda a massa muscular atrail até o nodo A-V. A banda interatrial anterior, cursa pela paredes anteriores dos átrios, alcançando o átrio esquerdo. Três outras pequenas bandas teciduais se curvam pelas paredes anterior, lateral, e posterior dos átrios, terminando no nodo A-V. elas são denominadas vias internodais anterior, media e posterior. A causa da maior velocidade de condução, nessas faixas, é a presença de fibras condutoras especializadas, essas fibras se assemelham as fibras de purkinje ventriculares, de condução mais rápida. O Nodo Atrioventricular e o Retardo da Condução do Impulso dos Átrios para os Ventrículos Os responsáveis pelo retardo da transmissão para os ventrículos são principalmente, o nodo A-V e suas fibras condutoras adjacentes. O nodo A-V está situado na parede posterior do átrio direito, atrás da valva tricúspide. A figura 10-3 mostra um diagrama das diversas porções desse nodo, alem das suas conexões com as fibras das vias internodais atriais aferentes e para a saída dele, o feixe A-V. Causa da Condução Lenta A condução lenta, nas fibras transicionais, nodias e do feixe penetrante A-V, é explicada pelo reduzido numero de junções comunicantes (gap junctions) entre as sucessivas células das vias de condução, de modo que existe grande resistência para a passagem de íons excitatórios de uma fibra condutora para a próxima. Cada célula é mais lenta em sua ativação. Transmissão Rápida no Sistema de Purkinje Ventricular A condução do nodo A-V, pelo feixe A-V, para os ventrículos é feita pelas fibras de Purkinje especializadas. Exceto em sua porção inicial, onde atravessam a barreira Excitação Rítmica do Coração – CAPÍTULO 10 - Guyton Hyana Morato 4 fibrosa A-V, elas têm características funcionais que são opostas as das fibras do nodo A-V. São fibras muito calibrosas, mesmo maiores que as fibras musculares nordais do ventrículo, e conduzem potenciais de ação na velocidade de 1,5 a 4,0 m/s. Isso permite que a transmissão do impulso cardíaco por todo restante do músculo ventricular. A transmissão rápida dos potenciais de ação pelas fibras de Purkinje é creditada à permeabilidade muito alta das junções comunicantes dos discos intercalados, entre as sucessivas células que constituem as fibras de Purkinje. Os íons são facilmente transmitidos de uma célula à próxima, aumentando a velocidade de transmissão. As fibras de Purkinje também contém poucas miofibrilas, o que significa que elas pouco ou nada se contraem durante a transmissão do impulso. Transmissão Unidirecional pelo Feixe A-V Uma característica do feixe A-V é a incapacidade, exceto em estados anormais, dos potenciais de ação de serem conduzidos retrogradamente para os átrios, a partir dos ventrículos. Isso impede a reentrada de impulsos cardíacos por essa via, dos ventrículos para os átrios, permitindo apenas condução dos átrios para os ventrículos. Exceto pelas fibras do feixe A-V, os átrios e ventrículos são completamente separados por uma barreira fibrosa continua. Essa barreira funciona como isolante para evitar a passagem do impulso dos átrios para os ventrículos, por qualquer via que não é anterógrada ( se move para frente), pelo própriofeixe A-V. A Distribuição das Fibras de Purkinje nos Ventrículos – Os ramos direito e esquerdo Após atravessar o tecido fibroso entre os átrios e os ventrículos, a porção distal do feixe A-V se prolonga para baixo, pelo septo intrerventricular, em direção ao ápice cardíaco. Nesse ponto o feixe se divide nos ramos direito e esquerdo do feixe que cursam pelo endocárdio, nos dois lados do septo ventricular. Cada ramo se divide para o ápice cardíaco, dividindo – se em ramos cada vez menores, esses ramos se dispersa, em torno de cada câmera ventricular e retornam em direção a base do coração. As extremidades finais das fibras de Purkinje penetram o miocárdio por cerca de um terço da sua espessura, e por fim ficam continuas com as fibras musculares do coração. Transmissão do Impulso Cardíaco pelo Músculo Ventricular Uma vez tendo atingido a extremidade final das fibras de Purkinje, o impulso é transmitido para toda a massa muscular ventricular pelas próprias fibras musculares. O tempo total da transmissão do impulso cardíaco, desde o início dos ramos ventriculares até a última fibra miocárdica, no coração normal é de aproximadamente 0,06 segundos. Resumo da Dispersão do Impulso Cardíaco ao Longo do Coração Excitação Rítmica do Coração – CAPÍTULO 10 - Guyton Hyana Morato 5 A figura 10-4 mostra a transmissão do impulso cardíaco no coração humano. Os números da figura representam os intervalos de tempo , entre a origem do estimulo, no nodo sinusal e sua chegada em cada ponto respectivo do coração. Note que o impulso se espalha com velocidade moderada pelos átrios, mas tem retardo de mais de 0,1 segundo na região do nodo A-V antes de atingir o feixe A-V no septo. Uma vez atingido esse ponto, ele se espalha por meio das fibras de Purkinje, para toda a superfície endocárdica dos ventrículos. Em seguida o impulso se espalha, com menor rapidez pelo músculo ventricular até as superfícies epicárdicas. Controle de Excitação e d Condução no Coração O Nodo Sinusal como Marca-passo Cardíaco Porque o nodo sinusal controla a ritmicidade cardíaca e não o nodo A-V ou as fibras de Purkinje? A resposta baseia-se no fato de que a descarga do nodo sinusal é mais rápida que a auto-excitação natural do nodo A-V e das fibras de Purkinje. A cada descarga sinusal seu impulso é conduzido para o nodo A-V e para as fibras de Purkinje, causando a descarga de suas membranas excitáveis. Assim, o nodo sinusal controla o batimento cardíaco porque a sua freqüência de descargas rítmicas do que qualquer outra porção do coração. Portanto, o nodo sinusal é o marca passo do coração normal. O Papel das Fibras de Purkinje na Sincronia da Contração do Músculo Ventricular O bombeamento eficaz de ambos os ventrículos depende de contração de tipo sincrônico. Se o impulso cardíaco tiver de ser conduzido lentamente pelos ventrículos, boa parte da massa muscular irá se contrair antes da massa restante. Nesse caso o efeito global do bombeamento ficara bastante prejudicado. Excitação Rítmica do Coração – CAPÍTULO 10 - Guyton Hyana Morato 6 Controle da Ritmicidade Cardíaca e Condução de Impulsos Pelos Nervos Cardíacos: os Nervos Simpáticos e Parassimpáticos O coração recebe inervação tanto por nervos simpáticos quanto por parassimpáticos. Os nervos parassimpáticos (vagos) distribuem- se para os nodos S-A e A-V, pouco menos para a musculatura atrial e muito pouco para o músculo ventricular. Os nervos simpáticos distribuem-se por todas as porções do coração, com forte representação mo músculo ventricular. A Estimulação Parassimpática (vagal) Pode Reduzir ou Mesmo Bloquear o Ritmo e a Condução – o “ Escape Ventricular” A estimulação da inervação parassimpática do coração (nervos vagos) provoca liberação do hormônio acetilcolina pelas terminações vagais. Esse hormônio tem dois efeitos principais sobre o coração: 1. Ele diminui o ritmo do nodo sinusal 2. Ele reduz a excitabilidade das fibras juncionais A-V, entre a musculatura atrial e o nodo A-V, lentificando assim a transmissão do impulso cardíaco para os ventrículos. A estimulação vagal, leve e moderada, reduz a freqüência cardíaca, ate cerca da metade do valor normal. E a estimulação intensa dos vasos pode interromper a excitação rítmica do nodo sinusal ou pode bloquear a transmissão do impulso cardíaco dos átrios para os ventrículos pelo nodo A-V. Mecanismo dos Efeitos Vagais A liberação de acetilcolina pelas terminações vagais aumenta muito a permeabilidade da membrana aos íons potássio, permitindo o rápido vazamento desse íon para fora das fibras condutoras. Isso provoca aumento da negatividade no interior das células, efeito conhecido como hiperpolarização, que torna esses tecidos excitáveis muito menos excitáveis. No nodo sinusal o estado de hiperpolarização baixa o potencial “ de repouso” da membrana das fibras sinusais até um nível consideravelmente mais negativo que a usual, entre -65 e -75 milivolts, em lugar de -55 a -60 milivolts normais. No nodo A-V, o estado de hiperpolarizção provocado pela estimulação vagal faz com que fique mais difícil para as pequenas fibras atriais que chegam ao nodo gerarem eletricidade suficiente para excitar as fibras nodais. Portanto, o fator de segurança para a transmissão do impulso cardíaco pelas fibras transicionais, para as fibras do nodo A-V. Efeito de Estimulação Simpática sobre o Ritmo Cardíaco e a Condução Causa efeitos opostos no coração comparado ao parassimpático. 1. Aumentando a freqüência de descargas do nodo sinusal 2. Aumentando a velocidade da condução, bem como a excitabilidade, em todas as porções do coração Excitação Rítmica do Coração – CAPÍTULO 10 - Guyton Hyana Morato 7 3. Aumentando muito a força de contração de toda a musculatura cardíaca, tanto atrial como ventricular. Mecanismo do Efeito Simpático A estimulação simpática leva à liberação do hormônio norepinefrina pelas terminações nervosas. O mecanismo de ação preciso desse hormônio sobre o miocárdio ainda não esta totalmente claro, mas acredita-se que aumente a permeabilidade das fibras aos íons sódio e cálcio. No nodo sinusal, o aumento da permeabilidade sódio-cálcio torna o potencial de repouso mais positivo, provocando aumento da inclinação da elevação do potencial de membrana durante a diástole, em direção ao nível limiar de auto-excitação, acelerando esse processo e aumentando a freqüência cardíaca. O aumento da permeabilidade aos íons cálcio é parcialmente responsável pelo aumento da força de contração do miocárdio, sob a influencia de estímulo simpático, já que o cálcio desempenha potente papel na excitação e nos processos contráteis das miofibrilas.