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Processo Civil I Competência - A jurisdição é una. Porém, é exercida por órgãos distintos, distribuídos conforme suas atribuições. Todo juiz tem jurisdição, mas nem todo juiz tem competência. - A competência é o poder de exercer a jurisdição nos limites estabelecidos pela lei, é a “medida da jurisdição”. - Normas sobre competência: artigo 44 do CPC. Além disso, pode haver previsão no regimento interno dos Tribunais e pela autonomia da vontade (ex: eleição de foro). - Competências implícitas: para o Supremo Tribunal Federal (STF) não há vácuo de competência. Sempre haverá um juízo competente para processar e julgar determinada demanda. - Kompetenz-kompetenz (competência-competência): todo juízo tem competência para decidir sobre sua própria competência. Competência Internacional - Concorrente: a sentença proferida no estrangeiro pode ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. Hipóteses: artigos 21 e 22 do CPC. - Exclusiva: a sentença proferida no estrangeiro NÃO será homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. Hipóteses: artigo 23 do CPC. - Litispendência internacional: o instituto se caracteriza pela existência de demanda no Brasil e no exterior com as mesmas partes, mesma causa de pedir e mesmo pedido. O Brasil não reconhece a litispendência internacional, conforme disposto no artigo 24 do CPC. Competência Nacional - Regras: - Onde houver mais de um juiz abstratamente previsto como competente, os processos devem ser distribuídos (art. 284). As regras de distribuição são cogentes e evitam que a parte escolha o juízo de sua preferência. - A competência é fixada, pelo registro ou pela distribuição, no momento do ajuizamento da ação. A partir daí, tem-se a regra da perpetuatio jurisdictionis: a competência perpetua-se até a prolação da decisão, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo se houver: a) a supressão de órgão judiciário e b) a alteração de competência absoluta. - Classificação: 1) Competência de foro e do juízo : Foro é a unidade territorial sobre a qual se exerce o poder jurisdicional. Primeiro, verifica-se qual é o foro competente, de acordo com as regras do CPC. Após a verificação do foro competente, o próximo passo é verificar qual é o juízo competente 2) Competência originária e derivada: A primeira pode ser atribuída ao juízo singular como regra. Excepcionalmente é atribuída a um tribunal (como nos casos de ação rescisória, mandado de segurança contra ato judicial etc). A segunda normalmente é atribuída ao Tribunal, para apreciação de recursos. 3) Competência absoluta e relativa Competência absoluta Competência relativa Fixada para atender ao interesse público. Atende ao interesse particular. Pode ser alegada a qualquer tempo ou grau de jurisdição. Após o trânsito em julgado, pode ser alegada no prazo da ação rescisória (art. 966, II, CPC). Deve ser arguida pelo réu, sob pena de preclusão e prorrogação do juízo (art. 65). Pode ser alegada pelo Ministério Público nas causas de sua atuação (art. 65, parágrafo único). Pode ser alegada pelas partes (em preliminar de contestação ou conhecida de ofício (art. 64, §1º). Alegada pelo réu em preliminar de contestação. Não pode ser conhecida de ofício. Vide Súmula 33 do STJ. Não pode ser modificada. Pode ser modificada. Critérios: em razão da matéria, em razão da pessoa e funcional. Critérios: territorial e valor da causa. - Regras sobre competência: - Atenção às regras de competência previstas na Constituição de 1988 (CRFB/1988), especialmente em se tratando de competência das Justiças Especializadas (Justiça Militar, Justiça do Trabalho e Justiça Eleitoral) e Justiça Comum (Federal e Estadual). - Principais regras de competência previstas no CPC: - Demandas pessoais ou reais imobiliárias: regra: domicílio do réu – artigo 46 do CPC. Caso o réu tenha mais de um domicílio – qualquer um deles (§1º) Caso o domicílio seja incerto ou desconhecido – onde for encontrado ou domicílio do autor (§2º) Réu não residente ou domiciliado no Brasil – domicílio do autor (§3º). Caso o autor também não resida no Brasil: qualquer foro (§3º) Réus com domicílios distintos – domicílio de qualquer um deles, à escolha do autor (§4º) Execução fiscal – domicílio do réu ou onde for encontrado (§5º) - Direito real sobre imóveis: foro da situação da coisa (art. 47 do CPC) Se o litígio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova, o autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição (§1º). A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta (§2º). - Sucessão: domicílio do autor da herança, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro (art. 48 CPC). Caso o autor da herança não tenha domicílio certo: foro da situação dos bens imóveis. Caso não haja bens imóveis: local dos bens do espólio. - Ações contra o ausente: último domicílio do ausente (art. 49 CPC). - Ações contra o incapaz: domicílio do representante ou do assistente (art. 50 CPC). - Ações em que sejam autores União, Estados ou DF: domicílio do réu (art. 51 CPC). - Ações em que sejam réus União, Estados ou DF: domicílio do autor (art. 52 CPC). - Outras regras: artigo 53 do CPC. Atenção para a leitura do artigo, pois ela é relevante! Modificação da competência - ATENÇÃO: Apenas a competência relativa pode ser modificada. A absoluta não. Vide artigos 62 e 63 do CPC. - Causas de modificação da competência: a) conexão; b) continência; c) inércia; d) cláusula de eleição de foro. 1) Conexão: artigo 55 CPC. - Requisitos: mesma causa de pedir ou pedido. - Casos que o CPC exemplifica para a conexão: a) A execução de título extrajudicial e a ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico (art. 55, §2º, I); b) execuções fundadas no mesmo título executivo (art. 55, §2º, II). - Havendo conexão, os processos serão reunidos no que se denomina de juízo prevento, conforme artigo 58 do CPC, sendo esse juízo o do registro ou da distribuição da petição inicial (art. 59 CPC). - ATENÇÃO: a reunião de processos não acontecerá se um deles já tiver sido sentenciado (art. 55, §1º). - Art. 55, §3º: serão reunidos para julgamento conjunto processos que possam gerar risco de prolação de decisões contraditórias, mesmo sem conexão entre eles (art. 55, §3º). Duas hipóteses: a) a mesma relação jurídica está sendo discutida nas duas ações. Ex.: ação de despejo por falta de pagamento e ação de consignação em pagamento dos mencionados alugueres; b) Diversas relações jurídicas estão sendo discutidas, mas entre elas há um vínculo de prejudicialidade. Ex.: a investigação de paternidade e a ação de alimentos. 2) Continência: artigo 56 CPC. - Requisitos: mesmas partes e causa de pedir, mas o pedido de uma ação é mais amplo do que o pedido da outra. - Conceitos: ação continente –ação mais ampla, com mais pedidos; ação contida – ação mais restrita, com menos pedidos. - O artigo 57 do CPC disciplina duas situações: 1) Ação continente proposta antes da ação contida - será proferida sentença extinguindo o segundo processo sem resolução do mérito; 2) Ação contida proposta antes da ação continente - as ações serão reunidas. Observação: não confundir os institutos! Havendo 2 (duas) ou mais demandas: Partes Pedido(s) Causa de pedir Instituto as mesmas os mesmos a mesma Litispendência (art. 337, §3º CPC) as mesmas os mesmos distinta Conexão (art. 55 CPC) as mesmas distintos a mesma Conexão (art. 55 CPC) as mesmas pedido de uma émais amplo do que o pedido da outra a mesma Continência (art. 56 CPC) 3) Inércia - Não se tratando das matérias dispostas no art. 63 do CPC, aquele juízo que inicialmente não era competente, caso a incompetência relativa não seja alegada pelo réu em preliminar de contestação, passará a processar e julgar a causa. 4) Cláusula de eleição de foro – Art. 63 CPC - As partes contratantes podem eleger um foro competente. - Antes da citação do réu, a abusividade da cláusula de foro pode ser reconhecida de ofício. Após a citação, depende de provocação do réu na contestação. - A abusividade pode ser reconhecida em qualquer contrato (de adesão ou não). Conflito de competência (art. 66 CPC) - Súmula 59 do STJ: não há conflito de competência se já existe sentença com trânsito em julgado, proferida por um dos Juízos conflitantes. - Não há conflito se houver hierarquia, pois prevalece o juízo superior. - Quando há conflito: a) 2 (dois) ou mais juízos se acham competentes (conflito positivo); b) 2 (dois) ou mais juízos se acham incompetentes (conflito negativo); c) controvérsia acerca da reunião ou da separação de processos.
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