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NATAL / RN
AULAS DE 01 A 08
AULA 1 Profa. Dra. Lenice S. Moreira de Moura 
 
Disciplina: DIREITO PROCESSUAL CIVIL I Semestre: 2018.1 
 
TEMA: COMPETÊNCIA E JURISDIÇÃO INTERNACIONAL 
 
I – OBJETIVOS: 
 
- Compreender o conceito de competência e a sua natureza jurídica. 
- Identificar a Jurisdição Internacional exclusiva e a concorrente. 
- Reconhecer a Competência Internacional e a Cooperação Internacional. 
 
II - CONTEÚDO 
 
COMPETÊNCIA: CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA 
 
JURISDIÇÃO (una): manifestação da função jurisdicional. Todo magistrado possui 
jurisdição em todo o território nacional, mas nem sempre possui competência 
(divisível) 
Trata-se de um dos institutos fundamentais do processo civil e se caracteriza por ser 
una, na medida em que é a manifestação da função jurisdicional do Estado, a qual 
emana do Poder Soberano, que também é uno. Logo, a jurisdição é indivisível. Todo 
magistrado, regularmente investido na sua função jurisdicional, possui jurisdição em 
todo o território nacional (art. 16, NCPC), entretanto, nem sempre possuirá 
competência. 
 
COMPETÊNCIA: medida da jurisdição 
É a medida da jurisdição, conforme conceito clássico (LIEBMAN, 1984), 
modernamente entendido como “especialização de setores da jurisdição” (DIDIER, 
2017) ou “divisão de trabalho” (FREITAS CÂMARA, 2008). Trata-se, portanto, do 
“limite dentro do qual o órgão judiciário exerce legitimamente a jurisdição” (LOURENÇO, 
2017). Assim, a competência jurisdicional é distribuída entre numerosos órgãos 
judiciários. Cada um desses órgãos exerce jurisdição sobre determinados assuntos, ou 
sobre determinados territórios. Há órgãos judiciários que têm jurisdição sobre todo o 
território nacional, como o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça. 
Há outros que exercem a sua jurisdição dentro de certos limites. A competência 
quantificará a “parcela de exercício de jurisdição atribuída a determinado órgão, em 
relação às pessoas, à matéria ou ao território” (RIOS GONÇALVES, 2017) 
NATUREZA JURÍDICA: requisito processual de validade 
A competência é tratada, majoritariamente, como requisito processual de validade. 
Segundo art. 485, IV, do NCPC, a falta de tais requisitos resulta na extinção do 
processo sem julgamento de mérito. Nesse caso, em face de eventual incompetência 
do juízo, não teremos a extinção do processo como regra, mas a remessa ao juízo 
competente para sanar o vício. art. 64,& 2º e 3º, do NCPC 
 
Exceções. Incompetência resultará em “extinção do processo” 
a) Juizado Especial Cível (art. 51, III, L. 9.099/95) 
b) Ações de competência originário do STF 
c) Hipóteses de competência Internacional (Princípio da 
Unilateridade\Soberania) 
d) Ação Rescisória (conforme posição do STJ/Divergência Doutrinária) 
 
 
JURISDIÇÃO INTERNACIONAL (JURISDIÇÃO DE OUTROS ESTADOS) 
Aplicada para resolução de conflitos que não podem ser examinadas pela justiça 
brasileira, já que a jurisdição brasileira encontra óbice na soberania de outros países. 
Ademais, o Brasil não pode usar meios de coerção para impor o cumprimento de 
suas decisões fora do território nacional. Como não há um organismo multinacional, 
que distinga o que cada país pode julgar, cumpre à legislação de cada país estabelecer 
a extensão da sua jurisdição. 
 
■ Sentença estrangeira 
Considerando que a jurisdição é manifestação de poder, as sentenças estrangeiras 
são emanações de um poder soberano externo. Logo, elas não podem ter força 
coativa internamente, salvo depois que houver manifestação da autoridade judiciária 
brasileira (homologação) em observância à soberania nacional. 
 
Homologação de sentença estrangeira: Outorga de eficácia à sentença estrangeira. 
 Mecanismo pelo qual a autoridade brasileira outorga eficácia à sentença 
estrangeira (STJ) 
 Competência do Superior Tribunal de Justiça, desde a edição da Emenda 
Constitucional n. 45/2004 (art. 105, I, i, da Constituição Federal). 
 Natureza jurídica de ação. 
 Disciplina Legal: arts. 960 e ss. do NCPC; Resolução n. 9, do STJ. 
 
Requisitos para Homologação da Sentença Estrangeira (art. 963 NCPC) 
 Sentença proferida pela autoridade competente segundo legislação do país 
de origem. Ex.: o art. 23 do CPC estabelece quais são as causas de 
competência exclusiva da justiça brasileira. Se for levada à homologação uma 
sentença estrangeira versando sobre questão de competência nacional 
exclusiva, será indeferida a pretensão. Da mesma forma se ela tiver sido 
prolatada por tribunal de exceção, dada a vedação constitucional. 
 Respeito ao contraditório no processo estrangeiro onde foi prolatada a 
sentença. Observância se as partes foram citadas; e, em caso de revelia, a 
mesma tenha sido legalmente caracterizada. 
 Eficácia da sentença estrangeira no país em que foi proferida. O CPC não 
exige, como faziam o Regimento Interno do STJ e a Resolução n. 9, que tenha 
transitado em julgado. A mesma exigência era feita pela a Súmula 420 do STJ, 
editada na vigência da lei anterior e que estabelece. Atualmente, o CPC não 
exige o trânsito em julgado, mas a eficácia da sentença. É possível que a 
sentença estrangeira não tenha transitado em julgado, mas já seja eficaz, nos 
casos em que contra ela pende apenas recurso sem eficácia suspensiva, 
admitindo-se a execução provisória. Assim, o STJ poderá homologar sentença 
estrangeira ainda que não transitada em julgado. 
 Respeito à Coisa Julgada Brasileira, pois não se homologa sentença 
estrangeira se já houver sentença transitada em julgado proferida pela justiça 
brasileira, em processo envolvendo as mesmas partes, o mesmo pedido e a 
mesma causa de pedir. 
 Tradução da sentença estrangeira por tradutor oficial, salvo dispensa prevista 
em tratado. 
 A sentença não pode conter manifesta ofensa à ordem pública. 
 
Para fixação e aprendizagem: 
Dentre as assertivas a seguir, a marque, a seguir, aquela que NÃO se constitui 
requisito para homologação de sentença estrangeira no Brasil: 
 
a) ( ) A sentença estrangeira deve respeitar a coisa julgada brasileira. 
b) ( ) Sentença proferida pela autoridade competente segundo legislação do país de 
origem. 
c) ( ) Eficácia da sentença estrangeira no país em que foi proferida. 
d) ( ) Trânsito em Julgado da sentença estrangeira no país em que foi proferida. 
e) ( ) Respeito ao contraditório no processo estrangeiro onde foi prolatada a sentença, 
bem como observância à ordem pública interna. 
 
Procedimento de Homologação da Sentença Estrangeira 
 Apresentação do pedido ao Presidente do Superior Tribunal de Justiça 
 Citação dos interessados, por carta de ordem, quando domiciliados no Brasil; 
carta rogatória, quando no exterior; ou por edital, quando em local ignorado 
ou inacessível. 
 Impugnação/Contestação do Pedido no prazo de 15 dias que pode versar 
apenas sobre a autenticidade do documento ou preenchimento dos 
requisitos para o acolhimento do pedido, não podendo rediscutir o mérito da 
questão. 
 O Ministério Público será ouvido no prazo de 10 dias. 
 Se houver impugnação, o Presidente encaminhará o julgamento à Corte 
Especial, cabendo ao relator instruir o pedido como for necessário. 
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 Se não houver, o Presidente examinará o pedido, cabendo agravo regimental 
de sua decisão para a Corte Especial. (STJ) 
Efeitos da Homologação 
A sentença estrangeira se tornará eficaz, passível de execução no Brasil, perante à 
Justiça Federal gerando os efeitos da litispendência e da coisa julgada. A sentença 
homologada é título executivo judicial (art. 515, VIII, do CPC) e deverá ser executada 
não perante o Superior Tribunal de Justiça, mas perante o juízo federal competente. 
 
Para fixação e aprendizagem: 
Sobre o procedimento e os efeitos da homologação da sentença estrangeirano Brasil, 
marque a alternativa INCORRETA: 
 
a) ( ) A sentença estrangeira se tornará eficaz, passível de execução no Brasil, perante 
à Justiça Federal gerando os efeitos da litispendência e da coisa julgada. 
b) ( ) A parte interessada poderá Impugnar o Pedido de Homologação de Sentença 
estrangeira no prazo de 15 dias, que pode versar apenas sobre a autenticidade do 
documento, preenchimento dos requisitos para o acolhimento do pedido, ou sobre o 
mérito da questão. 
c) ( ) Se não houver apresentação de impugnação à homologação da sentença 
estrangeira, o Presidente do STJ examinará o pedido, cabendo agravo regimental de 
sua decisão para a Corte Especial. (STJ) 
d) ( ) No procedimento de homologação de sentença estrangeira, o Ministério Público 
ouvido no prazo de 10 dias. 
 
Jurisdição Internacional Concorrente (arts. 21 e 22 do NCPC) 
Trata-se da hipótese em que a matéria pode ser objeto de ação tanto na jurisdição 
nacional quanto na internacional. Na hipótese de Jurisdição Internacional 
Concorrente, se as respectivas ações forem propostas no Brasil, serão conhecidas e 
julgadas perante a jurisdição nacional. Por outro lado, se forem propostas perante a 
justiça estrangeira, estarão sujeitas à homologação junto ao STJ. 
Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em 
que: 
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; 
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; 
III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. 
Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil 
a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal. 
 
Art. 22. Compete, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações: 
 
I - de alimentos, quando: 
 
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a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; 
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, 
recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos; 
 
II - decorrentes de relações de consumo, quando o N tiver domicílio ou residência 
no Brasil; 
 
III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição 
nacional. 
Jurisdição Nacional Exclusiva 
Nas hipóteses de Jurisdição Nacional Exclusiva, uma sentença estrangeira que 
verse sobre qualquer delas estará fadada a ser permanentemente ineficaz no Brasil, 
já que nunca poderá ser homologada. 
Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: 
I - conhecer de ações relativas a *imóveis situados no Brasil; 
II - em matéria de *sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento 
particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor 
da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território 
nacional; 
III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à *partilha 
de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou 
tenha domicílio fora do território nacional. 
Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta 
a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, 
ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor 
no Brasil. Parágrafo único. A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a 
homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil. 
Não serão examinadas pela justiça brasileira: Por exclusão, aquelas hipóteses que não estão 
enumeradas nos artigos 21, 22 e 23, não poderão ser examinadas pela justiça brasileira. Nesse 
caso, propostas ação que verse sobre assuntos não elencados nos referidos dispositivos, o 
processo será extinto sem resolução do mérito. (RIOS GONÇALVES, 2017, p. 108) 
Sobre Jurisdição Nacional Exclusiva, marque a alternativa INCORRETA: 
a) ( ) Compete exclusivamente à autoridade judiciária brasileira conhecer as ações 
que versam sobre bens imóveis situados no Brasil. 
b) ( ) É hipótese de Jurisdição Nacional Exclusiva proceder à confirmação de 
testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que 
o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território 
nacional. 
c) ( ) Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra 
proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade 
estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. 
d) ( ) Nas hipóteses de Jurisdição Nacional Exclusiva, uma sentença estrangeira que 
verse sobre qualquer delas poderá tornar-se eficaz no Brasil se for homologada pelo 
STJ. 
 
Cliente BSM
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Jurisdição Internacional Exclusiva 
Art. 25. Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o 
julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro 
em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação. 
§ 1o Não se aplica o disposto no caput às hipóteses de competência internacional 
exclusiva previstas neste Capítulo. 
§ 2o Aplica-se à hipótese do caput o art. 63, §§ 1o a 4o. (Foro de Eleição) 
Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo 
foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações. 
§ 1o A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir 
expressamente a determinado negócio jurídico. 
§ 2o O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes. 
§ 3o Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de 
ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu. 
§ 4o Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na contestação, 
sob pena de preclusão. 
 
Sobre Jurisdição Internacional, marque a alternativa CORRETA: 
 
a) ( ) Na hipótese de Jurisdição Internacional Concorrente, se as respectivas ações 
forem propostas no Brasil, serão conhecidas e julgadas perante a jurisdição nacional; 
mas se forem propostas perante a justiça estrangeira, estarão sujeitas à homologação 
junto ao STJ. 
b) ( ) Como exemplo de jurisdição internacional concorrente podemos citar a hipótese 
em que há cláusula de eleição de foro estrangeiro em contrato internacional, arguida 
pelo réu na contestação. 
c) ( ) Compete, à autoridade judiciária estrangeira processar e julgar as ações de 
alimentos, quando o credor tiver domicílio ou residência no Brasil. 
d) ( ) A ação proposta perante tribunal estrangeiro induz litispendência e obsta a que a 
autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas. 
e) ( ) Na hipótese de jurisdição internacional exclusiva, admite-se que a causa possa 
ser julgada pela autoridade judiciária brasileira. 
COOPERAÇÃO INTERNACIONAL 
Com a globalização dos interesses econômicos e a facilidade de comunicação e de 
mobilização das pessoas, têm sido cada vez mais frequentes as situações em que um 
Estado necessita da cooperação do outro para a melhor aplicação da justiça, bem 
como para fazer valer as decisões por ele proferidas. Daí a necessidade de uma 
regulação específica do tema, conforme estabelecidos nos arts. 26 e 27 do NCPC. 
(RIOS GONÇALVES, 2017, p. 109) 
 
 
Art. 26. A cooperação jurídica internacional será regida por tratado de que o Brasil faz parte 
e observará: 
I - o respeito às garantias do devido processo legal no Estado requerente; 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art63§1
Cliente BSM
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II - a igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros, residentes ou não no Brasil, em 
relação ao acesso à justiça e à tramitação dos processos, assegurando-se assistência judiciária 
aos necessitados; 
III - a publicidade processual,exceto nas hipóteses de sigilo previstas na legislação brasileira 
ou na do Estado requerente; 
IV - a existência de autoridade central para recepção e transmissão dos pedidos de 
cooperação; 
V - a espontaneidade na transmissão de informações a autoridades estrangeiras. 
 
§ 1o Na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacional poderá realizar-se com base 
em reciprocidade, manifestada por via diplomática. 
§ 2o Não se exigirá a reciprocidade referida no § 1o para homologação de sentença 
estrangeira. 
§ 3o Na cooperação jurídica internacional não será admitida a prática de atos que contrariem 
ou que produzam resultados incompatíveis com as normas fundamentais que regem o Estado 
brasileiro. 
§ 4o O Ministério da Justiça exercerá as funções de autoridade central na ausência de 
designação específica. 
 
 
Art. 27. A cooperação jurídica internacional terá por objeto: 
 citação, intimação e notificação judicial e extrajudicial; 
 colheita de provas e obtenção de informações; 
 homologação e cumprimento de decisão; 
 concessão de medida judicial de urgência; 
 assistência jurídica internacional; 
 qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira. 
Para fixação e aprendizagem: 
A cooperação jurídica internacional trata-se de medida judicial ou extrajudicial que tem 
como escopo viabilizar o intercâmbio de informações e procedimentos jurídicos entre países, 
tendo como objeto medidas referentes à citação, intimação, colheita de provas, homologação e 
cumprimento de decisão, concessão de medida judicial de urgência, etc... Nesse contexto, sobre 
cooperação jurídica internacional é CORRETO afirmar: 
a) ( ) Tal cooperação opera-se, exclusivamente, no âmbito judicial. 
b) ( ) A cooperação jurídica internacional será regida por tratado de que o Brasil faz parte, 
sendo irrelevante a presença de autoridade central para recepção e transmissão dos pedidos de 
cooperação. 
c) ( ) Na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacional poderá realizar-se com base 
em reciprocidade, manifestada por via diplomática. 
d) ( ) Na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacional poderá realizar-se com base 
em reciprocidade, manifestada por via diplomática, sendo que tal reciprocidade será exigida na 
hipótese homologação de sentença estrangeira. 
e) ( ) O Ministério da Justiça exercerá as funções de autoridade central mesmo que haja, na 
legislação brasileira, designação específica a respeito de que autoridade brasileira exercerá tal 
função. 
Auxílio Direto 
No auxílio direito, não há necessidade de intermediação dos órgãos jurisdicionais, 
já que ele será solicitado e realizado diretamente. 
Art. 28. Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer diretamente de decisão de 
autoridade jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de delibação no Brasil. 
Cliente BSM
Realce
Art. 29. A solicitação de auxílio direto será encaminhada pelo órgão estrangeiro interessado à 
autoridade central, cabendo ao Estado requerente assegurar a autenticidade e a clareza do 
pedido. 
Art. 30. Além dos casos previstos em tratados de que o Brasil faz parte, o auxílio direto terá 
os seguintes objetos: 
 obtenção e prestação de informações sobre o ordenamento jurídico e sobre 
processos administrativos ou jurisdicionais findos ou em curso; 
 colheita de provas, salvo se a medida for adotada em processo, em curso no 
estrangeiro, de competência exclusiva de autoridade judiciária brasileira; 
 qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira. 
Art. 33. Recebido o pedido de auxílio direto passivo, a autoridade central o encaminhará à 
Advocacia-Geral da União, que requererá em juízo a medida solicitada. 
Parágrafo único. O Ministério Público requererá em juízo a medida solicitada quando for 
autoridade central. 
Art. 34. Compete ao juízo federal do lugar em que deva ser executada a medida apreciar 
pedido de auxílio direto passivo que demande prestação de atividade jurisdicional. 
Carta Rogatória 
A carta rogatória é um instrumento jurídico de cooperação entre dois países. É 
similar à carta precatória, mas se diferencia deste por ter caráter internacional. Trata-
se de requisição feita à Justiça de outro país para a prática de uma diligência 
judicial. A carta rogatória obedecerá, quanto à sua admissibilidade e modo de seu 
cumprimento, ao disposto na convenção internacional; à falta desta, será remetida à 
autoridade judiciária estrangeira, por via diplomática, depois de traduzida para a língua 
do país em que há de praticar-se o ato. A carta rogatória será redigida no idioma do 
Estado deprecante e será acompanhada de uma tradução feita no idioma do Estado 
deprecado. Nos termos do art. 36 do NCPC, é procedimento de jurisdição 
contenciosa, em que se deve assegurar às partes as garantias do devido processo 
legal. 
Art. 36. O procedimento da carta rogatória perante o Superior Tribunal de Justiça é de 
jurisdição contenciosa e deve assegurar às partes as garantias do devido processo legal. 
§ 1o A defesa restringir-se-á à discussão quanto ao atendimento dos requisitos para que o 
pronunciamento judicial estrangeiro produza efeitos no Brasil. 
§ 2o Em qualquer hipótese, é vedada a revisão do mérito do pronunciamento judicial 
estrangeiro pela autoridade judiciária brasileira. 
Disposições Comuns 
Art. 37. O pedido de cooperação jurídica internacional oriundo de autoridade brasileira 
competente será encaminhado à autoridade central para posterior envio ao Estado requerido 
para lhe dar andamento. 
Art. 38. O pedido de cooperação oriundo de autoridade brasileira competente e os documentos 
anexos que o instruem serão encaminhados à autoridade central, acompanhados de tradução 
para a língua oficial do Estado requerido. 
Art. 39. O pedido passivo de cooperação jurídica internacional será recusado se configurar 
manifesta ofensa à ordem pública. (Encaminhado ao Brasil) 
Art. 40. A cooperação jurídica internacional para execução de decisão estrangeira dar-se-á por 
meio de carta rogatória ou de ação de homologação de sentença estrangeira, de acordo 
com o art. 960. 
Art. 41. Considera-se autêntico o documento que instruir pedido de cooperação jurídica 
internacional, inclusive tradução para a língua portuguesa, quando encaminhado ao Estado 
brasileiro por meio de autoridade central ou por via diplomática, dispensando-se a 
juramentação, autenticação ou qualquer procedimento de legalização. 
Parágrafo único. O disposto no caput não impede, quando necessária, a aplicação pelo Estado 
brasileiro do princípio da reciprocidade de tratamento. 
REFERÊNCIAS 
 
BUENO, Cassio Scarpinella Bueno. Novo Código de Processo Civil Anotado. São Paulo: Saraiva, 
2015. 
 
DONIZETTI, Elpídio. Curso Didático de Direito Processual Civil. 11 ed. São Paulo:Atlas, 2016. 
 
GOLÇALVES, Marcus Vinicius Rios Golçalves. Novo Curso de Direito processual Civil. São 
Paulo: Saraiva, 2017. 
 
___ Direito Processual Civil Esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2017. 
 
LOURENÇO, Haroldo. Processo Civil Sistematizado. São Paulo: Método, 2017. 
 
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil: volume único. 7 ed. 
São Paulo: Método, 2015. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art960
AULA 2 Profa. Dra. Lenice S. Moreira de Moura 
 
Disciplina: DIREITO PROCESSUAL CIVIL I Semestre: 2019.1 
 
TEMA: COMPETÊNCIA INTERNA 
 
I – OBJETIVOS: 
 
• Identificar os limites de atuação do Poder Judiciário pelas regras constitucionais 
e infraconstitucionais de competência dos órgãos do art. 92 da C.F. de 1988. 
• Reconhecer a competência no nível interno. 
• Reconhecer que a competência das Justiças Especiais (trabalho, eleitoral e 
militar) estão disciplinas na CRFB. 
• Reconhecer que a competência da Justiça Comum Federal estádisciplinada na 
CRFB, tanto de primeiro como de segundo grau de jurisdição e que a 
competência da Justiça dos Estados não se encontra na CRFB e, sim, no CPC 
e Código de Organização Judiciária, bem como nos Regimentos Internos dos 
Tribunais locais. 
• Compreender a fixação da competência pelo *critério territorial (foro) 
encontrada no CPC e pelo *critério objetivo, em razão da matéria, pessoa e 
valor, bem como a competência funcional, critério hierárquico. 
 
II – CONTEÚDO 
 
Competência Interna: Competência da Justiça comum e especial. Critérios para a determinação 
da Competência. Competência em razão do valor e da matéria. Competência territorial e em 
razão da pessoa. Competência. Funcional Tema Competência Interna: Competência da Justiça 
comum e especial. Critérios para a determinação da Competência. Competência em razão do 
valor e da matéria. Competência territorial e em razão da pessoa. Competência funcional. 
Palavras-chave Competência. Justiça Comum Especializada. Critérios para a determinação da 
Competência. Modalidades. 
 
COMPETÊNCIA 
É a medida da jurisdição, conforme conceito clássico (LIEBMAN, 1984), 
modernamente entendido como “especialização de setores da jurisdição” (DIDIER, 
2017) ou “divisão de trabalho” (FREITAS CÂMARA, 2008). Trata-se, portanto, do 
“limite dentro do qual o órgão judiciário exerce legitimamente a jurisdição” (LOURENÇO, 
2017). Assim, a competência jurisdicional é distribuída entre numerosos órgãos 
judiciários. Cada um desses órgãos exerce jurisdição sobre determinados assuntos, ou 
sobre determinados territórios. A competência quantificará a “parcela de exercício de 
jurisdição atribuída a determinado órgão, em relação às pessoas, à matéria ou ao 
território” (RIOS GONÇALVES, 2017) 
 
Estrutura do Poder Judiciário: Breve Análise 
 
A CF/88 trata do Poder Judiciário nos arts. 92 a 126, estabelecendo os órgãos que o 
integram, a forma de composição e investidura de cada um deles, suas 
competências, garantias e prerrogativas, bem como as restrições impostas aos seus 
membros. O Poder Judiciário exerce a função jurisdicional, sendo composto juízos e 
tribunais (órgãos). A CF, ao formular a estrutura do Judiciário, estabelece a distinção 
entre a justiça comum e justiça especial. 
 
Competência interna: justiça comum e especial 
A competência interna divide a função jurisdicional entre os vários órgãos da justiça 
Nacional. 
É a natureza da relação jurídica substancial que determina a distribuição de competência 
entre os diversos órgãos jurisdicionais no sistema judiciário nacional. 
A competência da justiça Civil é residual: excluídas as matérias atribuídas as *Justiças 
Especiais (Trabalhista, Militar e Eleitoral), bem como os temas de *Direito Penal, o resíduo 
forma o que se convencionou chamar de objeto da Jurisdição Civil, que é exercida pela 
*Justiça Comum Federal e *Justiça Comum Estadual. 
A justiça ordinária (comum), à que se filia a Justiça Federal, ao lado das justiças Estaduais, é, 
em conclusão, a que exerce a jurisdição residual em todos os campos do direito material não 
atribuído às Justiças Especiais (Trabalhista, Militar e Eleitoral). 
 
Competência da Justiça Especial e Justiça Comum 
• Justiça especial é estabelecida em razão da matéria (ratione materiae). 
• Justiça comun é supletiva, residual abrangendo todas as causas que não forem de 
competência das especiais. 
 
Justiça Especial 
• Justiça Trabalhista (art. 111); 
• Justiça Eleitoral (art. 118); 
• Justiça Militar (art. 122) 
 
Justiça do Trabalho 
• Tribunal Superior do Trabalho (TST), 
• Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) 
• Juízes do trabalho. 
 
Justiça Eleitoral 
• Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 
• Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) 
• Juízes Eleitorais e Juntas Eleitorais. 
 
Justiça Militar da União 
• Superior Tribunal Militar (STM) 
• Conselhos de Justiça com sede nas Auditorias Militares 
 
Justiça Militar dos Estados (Distrito Federal e Territórios) 
• Tribunal de Justiça Militar (TJM), nos Estados em que o efetivo for igual ou superior a 
20 mil integrantes. 
• Juízes Auditores e Conselhos de Justiça, com sede nas Auditorias Militares. 
 
 
Justiça Comum 
• Federal: Competência em razão da pessoa (ratione personae), pela participação, no 
processo, como parte ou interveniente, das pessoas jurídicas de direito público 
federais e empresas públicas federais (art. 109, I, da CF) ou em razão da matéria 
(ratione materiae). 
• Estadual: O que não for de competência das justiças especiais, nem da Justiça Federal, 
será atribuído, supletivamente, à Justiça Estadual. Cabe aos Estados organizar sua 
respectiva justiça, respeitados os dispositivos da CF: em cada qual haverá os juízos e 
tribunais estaduais, cuja competência é dada em conformidade com as 
Constituições Estaduais e leis de organização judiciária. 
 
Obs.: Tanto a Justiça Federal quanto a estadual terão ainda os seus respectivos juizados 
especiais e colégios recursais. Sobre os órgãos de primeiro e segundo graus de jurisdição, 
tanto estaduais como federais, há o Superior Tribunal de Justiça, criado pela CF de 1988 (arts. 
104 e ss.), cuja função precípua é resguardar a lei federal infraconstitucional. E, sobre todos, 
o Supremo Tribunal Federal, guardião máximo da Constituição Federal, cuja competência 
é estabelecida no seu art. 102. 
 
 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na 
condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho 
e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; 
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada 
ou residente no País; 
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo 
internacional; 
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da 
União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a 
competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; 
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o 
resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; 
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 45, de 2004) 
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema 
financeiro e a ordem econômico-financeira; 
VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de 
autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição; 
VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os 
casos de competência dos tribunais federais; 
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar; 
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o 
"exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, 
inclusive a respectiva opção, e à naturalização; 
XI - a disputa sobre direitos indígenas. 
§ 1º As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a 
outra parte. 
§ 2º As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for 
domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde 
esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal. 
 
Critérios para Atribuição da Competência Interna 
• Critério objetivo: que se funda no *valor da causa, na *matéria ou qualidade 
das *partes; 
• Critério funcional: por este critério determina-se qual o juiz de primeiro grau, 
como também qual otribunal que em grau de recurso haverá de funcionar no 
feito, o qual leva em consideração o melhor funcionamento da atividade 
jurisdicional. O critério funcional extrai-se da natureza especial e das exigências 
especiais das funções que o magistrado irá exercer num processo...Ex.: art. 676. Os 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1
embargos de terceiro devem ser distribuídos por dependência para o juízo 
que ordenou a apreensão de bens. 
• Critério territorial: relaciona-se com a circunscrição territorial designada à 
atividade de cada órgão jurisdicional e decorre da necessidade de definir, dentre 
os vários juízes do país, de igual competência em razão da matéria ou do valor, 
qual poderá conhecer determinada causa. Ex.: No CPC, dois exemplos de utilização 
do critério territorial são os arts. 46 e 47. O primeiro determina que a competência para 
o julgamento das ações pessoais e reais sobre bens móveis é a do foro de domicílio do 
réu; e o segundo, que o competente para o julgamento das ações reais sobre bens 
imóveis é foro de situação da coisa. 
 
Giuseppe Chiovenda, ao formular os critérios que deveriam ser utilizados pelo legislador para 
apuração de competência, agrupou-os dessa forma: 1º Critério objetivo; 2º Critério funcional; 
3º Critério territorial. Os arts. 62 e 63 mostram que o CPC ainda se valeu dos critérios de 
Chiovenda, para a fixação de competência e para a identificação dos casos em que ela é 
absoluta ou relativa. 
Art. 62. A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função é 
inderrogável por convenção das partes. 
 
Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo 
foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações. 
 
§ 1o A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir 
expressamente a determinado negócio jurídico. 
§ 2o O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes. 
§ 3o Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de 
ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu. 
§ 4o Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na 
contestação, sob pena de preclusão. 
 
Modalidades de Competência Interna 
• Absoluta é a competência insuscetível de sofrer modificação, seja pela 
vontade das partes, seja pelos motivos legais de prorrogação (conexão ou 
continência). 
• Relativa, ao contrário, é a competência passível de modificação por vontade 
das partes ou por prorrogação oriunda de conexão ou continência de causas, 
porque atende principalmente ao interesse particular. 
 
 
 
Competência absoluta (ordem pública) e relativa (interesse das partes) 
 
Há normas de competência que são de ordem pública; e há as que não o são, sendo instituídas 
tão somente no interesse das partes. Disso resultam diversas consequências, de grande 
relevância, que tornam fundamental identificar se uma norma se enquadra em uma ou em outra 
categoria. 
 
Competência Absoluta e Competência Relativa: Critérios de Identificação 
 
Conforme visto anteriormente, para saber em que juízo uma demanda deve ser 
proposta, é indispensável consultar a seguinte legislação: a *Constituição Federal, as 
*Leis Federais, as Leis de *Organização Judiciária e eventualmente a *Constituição 
dos Estados. A Constituição estabelece se a ação é de competência de alguma das 
Justiças Especiais (Militar, Eleitoral, Trabalhista), da Justiça Comum Federal, da 
Justiça Estadual; ou se é de competência originária dos Tribunais Superiores. 
 
Hipóteses de Competência Absoluta 
• Regras fundadas na Constituição Federal, seja qual for o critério utilizado. 
• Normas do CPC fundadas no Critério Funcional (ex.: art. 676. Os embargos de 
terceiro devem ser distribuídos por dependência para o juízo que ordenou a 
apreensão de bens.) 
• Normas fundadas na situação do imóvel (art. 47 do CPC). “Ações reais 
imobiliárias”. Exceção à regra de que o critério territorial é de competência relativa. 
• Regras fundadas no critério funcional (CPC ou de leis federais especiais). 
Competência Absoluta 
1. Atender o interesse público; 
2. Pode ser alegada a qualquer 
tempo, podendo ser reconhecida 
ex officio. 
3. Não pode ser alterada pela 
vontade das partes; 
4. Não se admite negócio 
processual que altere a 
competência absoluta. 
Competência Relativa 
1. Atender o interesse precípuo das 
partes; 
2. Somente pode ser arguida pelo 
réu em contestação; 
3. O MP poderá arguir nas causas 
em que atuar como fiscal da lei. 
Suscetível de alteração; 
4. As partes podem modificar a 
regra da competência relativa. 
• Ações envolvendo registro de imóveis (em razão da matéria) devem correr pela 
Vara de Registros Públicos e as que versem sobre interesses da municipalidade 
devem correr pela Vara de Fazenda Pública (em razão da pessoa). Lei de 
Organização Judiciária dos Estados. 
• Por uma questão de “racionalização da atividade judiciaria”, prevalece, o 
entendimento de que a competência de juízo é sempre absoluta, seja quando a 
fundada no critério *material ou em *razão da pessoa, seja ainda quando fundada 
no *valor da causa. Quanto ao valor da causa, há controvérsia se é absoluta ou 
relativa. Para Cândido Dinamarco, seria relativa a competência em razão do valor 
da causa. Segundo art. 63, ao que parece, o NCPC, considera o critério do valor, 
uma hipótese de competência relativa, já que afirma ser passível de modificação por 
convenção das partes. 
 
Hipóteses de Competência Relativa 
• Quando o CPC se vale do critério territorial, salvo as exceções previstas no 
art. 47, baseadas na situação do imóvel. 
• Para parte da doutrina, nas hipóteses de competência definida pelo critério do 
valor da causa, com fundamento no art. 63 do NCPC 
• As regras do CPC fundadas no domicílio dos litigantes, do autor da herança, 
no local de exercício da atividade principal, no local do ato, do dano ou do 
acidente. 
 
Consequências fundamentais decorrentes da classificação entre absoluta ou relativa 
 
■ Somente a competência relativa está sujeita à modificação pelas partes. A competência 
absoluta não pode ser modificada. 
■ Somente a incompetência absoluta pode ser reconhecida pelo juiz de ofício. A relativa não 
pode (Súmula 33, do Superior Tribunal de Justiça), ressalvada a hipótese do art. 63, § 3º, do 
CPC (Art. 63. § 3º. Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser 
reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de 
domicílio do réu), pois trata-se de matéria de ordem pública. Embora o art. 337, II, do CPC 
determine que deva ser alegada pelo réu como preliminar em contestação, nada impede que 
o seja por qualquer das partes, a qualquer tempo, já que não sujeita a preclusão. Obs.: Não 
se pode mais alega-la em recurso especial ou extraordinário, não que, nesse caso, tenha 
havido preclusão, mas por que tais recursos exigem prequestionamento. Reconhecida a 
incompetência absoluta, o juiz deve remeter os autos ao juízo competente. Nesse caso, salvo 
decisão judicial em contrário, serão conservados os efeitos da decisão proferida pelo juízo 
incompetente (aproveitamento dos atos processuais) até que outra seja proferida, se for o caso, 
pelo juízo competente (art. 64, § 4º, do CPC). Se a sentença proferida pelo juízo incompetente 
transitar em julgado, caberá ação rescisória. 
■ A incompetência relativa também deve ser arguida como preliminar em contestação (art. 
337, II), mas sob pena de preclusão. Não sendo matéria de ordem pública, o juízo não pode 
reconhecê-la de ofício. O Ministério Público, nas causas em que atuar, também está 
legitimado a arguir a incompetência relativa (art. 65, parágrafo único). A incompetênciarelativa NÃO gerará nulidade da sentença, nem ação rescisória, já que, NÃO invocada no 
momento oportuno, haverá a prorrogação de competência. 
Competência em razão do valor: A toda causa será atribuído um valor certo, ainda 
que não tenha conteúdo econômico imediatamente aferível (art. 292, CPC). Esse valor 
contará da petição inicial ou da reconvenção. Com base no valor dado à causa, podem, 
as normas de organização judiciária, atribuí-la à competência de um ou outro órgão 
judicante. Para maior parte da doutrina, trata-se de modalidade de competência 
absoluta, salvo para Cândido Rangel Dinamarco que a considera relativa. Ex.: 
competência dos juizados especiais, lei 9.099/95 causas com valor de até 40 salários 
mínimos. 
Competência em razão da matéria: Em nosso sistema judiciário, a matéria em litígio 
(isto é, a natureza do direito material controvertido) pode servir, inicialmente, para 
determinar a competência civil, atribuindo a causa ou a justiça Federal ou à Estadual. 
Ex.: Causas sobre questão indígena o art. 109 CF. Trata-se de modalidade de 
competência absoluta. 
Competência territorial: Atribuída aos diversos órgãos jurisdicionais levando em conta 
a divisão do território nacional em circunscrições judiciárias. Por meio da 
competência territorial se determina qual o foro competente para a demanda, o que 
significa dizer qual a circunscrição territorial judiciária competente. Regulada pelos 
artigos art. 46 e ss.do NCPC, é chamada também de “competência de foro”. A 
distribuição interna dessa competência, é matéria reservada às organizações 
judiciárias locais. Ex.: Domicílio do réu como “foro geral”. Trata-se de modalidade de 
competência relativa. 
Competência em razão da pessoa: A competência em razão da pessoa é espécie que 
não vem regulada expressamente pelo CPC, trata-se de modalidade de competência 
absoluta, estabelecida pela Constituição Federal, Constituição Estadual e leis de 
organização judiciária. Ex.: Causas envolvendo a União, suas autarquias e empresas 
públicas são de competência da Justiça Federal (art. 109 da CF) 
Competência Funcional: Modalidade de competência absoluta, relativa à repartição 
das atividades jurisdicionais entre os diversos órgãos que devam atuar dentro de 
um mesmo processo. Classifica-se pelas fases do procedimento; pelo grau de 
jurisdição; pelo objeto do juízo. Na primeira espécie de competência funcional, a 
competência se fixa por fases do processo, ou seja, o juízo que praticou determinado 
ato processual torna-se absolutamente competente para praticar outro ato processual 
previamente estabelecido. Ex.: o Juízo que determinou a busca e apreensão de bens 
para penhora é o mesmo juízo que julgará embargos de terceiro (art. 676). A segunda 
espécie de competência funcional configura-se na competência por graus de jurisdição, 
que poderá ser recursal ou originária. Por fim, a terceira hipótese, a competência é 
determinada pelo objeto do juízo, verificada quando numa mesma decisão participam 
dois diferentes órgãos. 
 
Art. 42. As causas cíveis serão processadas e decididas pelo juiz nos limites de sua 
competência, ressalvado às partes o direito de instituir juízo arbitral, na forma da lei. 
(“Desjudicialização” da demanda) 
Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição 
inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas 
posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência 
absoluta. 
Art. 45. Tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão remetidos ao juízo 
federal competente se nele intervier a União, suas empresas públicas, entidades autárquicas 
e fundações, ou conselho de fiscalização de atividade profissional, na qualidade de parte ou 
de terceiro interveniente, exceto as ações: (não se aplica à Sociedade de Economia Mista) 
 
I - de recuperação judicial, falência, insolvência civil e acidente de trabalho; 
II - sujeitas à justiça eleitoral e à justiça do trabalho. 
Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta, 
em regra, no foro de domicílio do réu. 
§ 1o Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles. 
§ 2o Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser demandado onde for 
encontrado ou no foro de domicílio do autor. 
§ 3o Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será proposta no foro de 
domicílio do autor, e, se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer 
foro. 
§ 4o Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios, serão demandados no foro de 
qualquer deles, à escolha do autor. 
Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de 
situação da coisa. 
§ 1o O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair 
sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras. 
§ 2o A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem 
competência absoluta. 
Art. 49. A ação em que o ausente for réu será proposta no foro de seu último domicílio, 
também competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de 
disposições testamentárias. 
Art. 50. A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de seu 
representante ou assistente. 
Art. 51. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autora a União. 
Parágrafo único. Se a União for a demandada, a ação poderá ser proposta no foro de 
domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação 
da coisa ou no Distrito Federal. 
Art. 52. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autor Estado 
ou o Distrito Federal. 
Parágrafo único. Se Estado ou o Distrito Federal for o demandado, a ação poderá ser 
proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a 
demanda, no de situação da coisa ou na capital do respectivo ente federado. 
Art. 53. É competente o foro: 
 
I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução 
de união estável: 
a) de domicílio do guardião de filho incapaz; 
b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz; 
c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal; 
 
II - de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos; 
 
III - do lugar: 
a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica; 
b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa jurídica contraiu; 
c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade ou associação sem 
personalidade jurídica; 
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o cumprimento; 
e) de residência do idoso, para a causa que verse sobre direito previsto no respectivo estatuto; 
f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de reparação de dano por ato 
praticado em razão do ofício; 
 
IV - do lugar do ato ou fato para a ação: 
a) de reparação de dano; 
b) em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios; 
 
V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano sofrido em 
razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves. 
 
 
Regras gerais para a apuração de competência passo a passo: Um exemplo 
 
Imagine que um determinado cidadão, revoltado com o aumento dos combustíveis no Brasil, 
resolva ajuizar uma ação, especificamente uma Ação Anulatória com pedido de Restituição dos 
valores pagos indevidade, questionando a legalidade\constitucionalidade do aumento das 
alíquotas do COFINS e do PIS sobre os combustíveis, as quais foram estabelecidas pelo 
Governo Federal por Decreto. No que tange ao Direito Material, os contribuintes consideram que 
houve violação aos Princípiosda Legalidade e da Não Surpresa, concernente à inobservância à 
anterioridade nonagesimal (art. 150 da CF). O governo Federal alega que tal medida é urgente 
e indispensável para que seja observado o Princípio do Equilíbrio Orçamentário (arts 164 à 169 
da CF). 
 
1º) Verificar se a ação trata de competência internacional ou interna, ou seja, se pode ou não 
ser proposta perante a justiça brasileira, ( arts. 21 a 23 do CPC): Competência Interna. Questão 
de “Soberania Fiscal” 
 
2º) Sendo da justiça brasileira, observar se não se trata de competência originária do STF ou 
do STJ, o que exige consulta aos arts. 102, I, e 105, I, da Constituição Federal: Por exclusão, 
não é caso de competência originária dos tribunais. 
 
3º) Verificar se a competência não é de alguma das justiças especiais, conforme arts. 114, 121 
e 124 da Constituição Federal: Não se trata de matéria trabalhista, eleitoral e militar. Portanto, é 
competência da Justiça Comum. 
 
4º) Não sendo de competência das justiças especiais, verificar se a competência é da justiça 
comum federal ou estadual (art. 109 da CF): Como a COFINS e PIS são tributos da modalidade 
de Contribuição Social de competência da União, segundo arts. 149 e 195 da CF, o Mandado de 
Segurança deve ser impetrado perante a Justiça Comum Federal. 
 
5º) Analisar qual o foro e juízo competente o que exige consulta ao CPC ou a lei federal 
especial: Juiz Federal da Comarca de Natal, pois o autor da ação tem domicílio em Natal 
(Quando a União for a demandada, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, 
no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou no 
Distrito Federal, art. 51, parágrafo único) 
 
Outro exemplo: 
 
Segundo Rios Gonçalves (2017, p. 140) imaginemos uma ação de cobrança de valores 
referentes a um empréstimo, concedido por um particular a outro, não quitado na ocasião 
oportuna. Para verificar onde propô-la: 
1º) Afasta-se, de acordo com a CF, a competência das justiças especiais, já que a matéria não 
é militar, eleitoral ou trabalhista; nem da justiça comum federal, já que não estão presentes as 
hipóteses do art. 109 da CF. A competência será da justiça comum estadual. 
2º) Apura-se em que foro (comarca) o processo correrá. Para tanto, é preciso consultar o CPC 
e verificar qual a regra cabível. O art. 46, caput, estabelece que, nas ações pessoais, a comarca 
competente é a do domicílio do réu. A lei valeu-se do critério territorial. Se ele estiver 
domiciliado em São Paulo, será essa a comarca competente. No entanto, conforme visto, as 
regras de competência de foro fundadas no critério territorial são relativas. Por isso, se a 
demanda for proposta em outra comarca (no Rio de Janeiro, por exemplo), a incompetência daí 
resultante será relativa e não poderá ser conhecida de ofício pelo juízo, havendo prorrogação 
caso o réu não alegue a incompetência como preliminar de contestação. 
 
 
A perpetuação de competência 
A competência é determinada no momento da propositura da ação, ou seja, no 
momento em que a petição inicial é registrada ou distribuída. 
Adota nosso Código, portanto, o princípio da perpetuatio iurisdictionis, que é norma 
determinadora da inalterabilidade da competência objetiva, a qual, uma vez firmada, 
deve prevalecer durante todo o curso do processo. 
É possível, por exemplo, que as partes mudem o seu domicílio, ou que o bem que é 
disputado venha a ter o seu valor consideravelmente modificado. Ora, às vezes, a 
competência é dada pelo domicílio das partes, ou pelo valor da causa. Segundo art. 43, 
a “competência é determinada no momento do registro ou distribuição da petição 
inicial, sendo irrelevantes as alterações posteriores do estado de fato ou de direito, 
salvo se suprimirem o órgão jurisdicional ou alterarem a competência 
absoluta”.(Ex.: Ações de Indenização por Acidente de Trabalho eram de competência 
da Justiça Comum Estadual, até EC 45, que tornou tais ações de competência da 
Justiça do Trabalho) 
 
Para fixação e aprendizagem: 
 
1. (Juiz de Direito — TJ/SP 181º) Como é sabido, a jurisdição é o poder de dizer o direito objetivo, 
função do Estado, desempenhada por meio do processo, na busca da solução do conflito que 
envolve as partes, para a realização daquele e a pacificação social. Sobre o assunto em questão, 
assinale a resposta correta. 
 
a) O exercício espontâneo da jurisdição, na condição de regra geral, implicaria em possível 
prejuízo da imparcialidade do juiz na solução da lide. 
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b) Quando em causa direitos indisponíveis, mais se reforça o entendimento de que os órgãos 
jurisdicionais não hão de ficar inertes no que se refere à iniciativa de instauração do processo, 
não devendo eles ficarem à espera de provocação de algum interessado para a atuação da 
vontade concreta da lei. 
c) No exercício da jurisdição não contenciosa (voluntária), tal e qual se passa na jurisdição 
contenciosa, o juiz busca a pacificação social. Então, as duas jurisdições se confundem, sem 
consequências práticas. 
d) O juiz não conta com impedimento para conceder ao autor tutela jurisdicional diversa da 
postulada, contanto que se mostre qualitativa e quantitativamente superior. 
 
 
2. (Juiz de Direito — TJ/PR) O foro competente do inventário é: 
 
a) O do lugar do óbito do autor da herança. 
b) O da situação de qualquer bem imóvel. 
c) O da situação de bem imóvel de maior valor. 
d) O do domicílio do autor da herança, no Brasil. 
 
3. (Magistratura/SP) Em matéria de competência, é correto afirmar que: 
 
a) ainda que se verifique a identidade de partes, causa de pedir e pedidos, não haverá 
litispendência entre a ação intentada perante tribunal estrangeiro e aquela submetida à 
autoridade judiciária brasileira. 
b) a incompetência relativa se verifica quando há violação de critérios territoriais, de valor da 
causa ou funcionais. 
c) na ação em que o réu for incapaz e tiver domicílio distinto do seu representante, prevalecerá 
o foro do domicílio do incapaz. 
d) sendo o autor da ação domiciliado no Brasil e o réu domiciliado e residente exclusivamente 
no exterior, poderá ela ser ajuizada em qualquer foro. 
 
4. (Procurador — Prefeitura de Campinas — FCC — 2016) No que tange à incompetência 
absoluta e à incompetência relativa, é correto afirmar: 
a) A competência determinada em razão de matéria, da pessoa ou da função é derrogável por 
convenção das partes. 
b) Prorrogar-se-ão as competências relativa e absoluta se o réu não alegar a incompetência em 
preliminar de contestação. 
c) A incompetência absoluta será alegada como preliminar de contestação, enquanto a relativa 
será arguida por meio de exceção. 
d) Caso a alegação de incompetência seja acolhida, o processo será extinto, sem resolução de 
mérito. 
e) A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição e deve 
ser declarada de ofício. 
 
5. (Analista de Gestão — Advogado — FGV — Compesa — 2016) A respeito das disposições 
sobre Função Jurisdicional, assinale a afirmativa INCORRETA. 
a) A continência entre duas ou mais ações ocorre quando há identidade quanto às partes e à 
causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais. 
b) Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já 
houver sido sentenciado. 
c) A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função é inderrogável por 
convenção das partes. 
d) As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro 
onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações, mas a cláusula de eleição de foro não 
vincula os herdeiros e sucessores. e) A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como 
questão preliminar de contestação. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
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BUENO, Cassio Scarpinella Bueno. Novo Código de Processo Civil Anotado. São Paulo: Saraiva, 
2015. 
 
DONIZETTI, Elpídio.Curso Didático de Direito Processual Civil. 11 ed. São Paulo:Atlas, 2016. 
 
GOLÇALVES, Marcus Vinicius Rios Golçalves. Novo Curso de Direito processual Civil. São 
Paulo: Saraiva, 2017. 
 
___ Direito Processual Civil Esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2017. 
 
LOURENÇO, Haroldo. Processo Civil Sistematizado. São Paulo: Método, 2017. 
 
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil: volume único. 7 ed. 
São Paulo: Método, 2015. 
 
AULA 3 Profa. Dra. Lenice S. Moreira de Moura 
 
Disciplina: DIREITO PROCESSUAL CIVIL I Semestre: 2019.1 
Critérios para modificação de competência – Conexão e Continência – Inércia e Cláusula de 
eleição de foro – Incompetência relativa e absoluta – Conflito de competência. 
Critérios para modificação de competência 
O código institui regras de modificação de competência, que se aplicam a processos sujeitos 
apenas a critérios de competência relativa, permitindo falar-se a seu respeito em prevenção, 
prorrogação e derrogação. 
Fenômenos relacionados à modificação da competência: 
 Conexão 
 Continência 
 Prevenção 
 Prorrogação 
 Derrogação 
 
* Importante: Contextualizando o assunto para melhor compreensão... 
O CPC estabelece regras de (a) Competência Absoluta e de (b) Competência Relativa. A 
competência absoluta não admite modificação ou prorrogação. Uma vez violadas as regras de 
Competência Absoluta, haverá nulidade processual, devendo o processo ser remetido ao juízo 
competente para julgamento, ou extinto sem resolução de mérito (como na hipótese de 
violação da competência dos juizados especiais civis). 
Por outro lado, na hipótese de Competência Relativa, cabe Modificação e Prorrogação da 
Competência. Nessa hipótese, havendo para uma determinada situação uma regra 
modificadora da competência, o órgão jurisdicional que era abstratamente incompetente 
poderá no caso concreto se tornar competente, enquanto aquele apontado como competente 
pela regra determinadora tornar-se-á concretamente incompetente. 
A modificação e prorrogação da competência relativa pode se dar por convenção entre as 
partes: (A) Modificação Convencional da Competência (ex.: Cláusula contratual de eleição de 
foro); ou de forma legal: (B) Modificação Legal da Competência, que se concretizará nas 
hipóteses de (B1) Conexão e (B2) Continência, as quais visam a *harmonia entre os julgados e 
a *Economia Processual, evitando Julgados Contraditórios e Conflitantes. 
Conexão e Continência Formas mais comuns de modificação ou prorrogação legal de 
competência relativa, que tem como objetivo *evitar decisões conflitantes e favorecer a 
*economia processual. 
Conexão Reputam-se conexas duas causas ou mais ações quando lhes for comum o *pedido ou 
a *causa de pedir (Obs.: Na conexão, as partes são diferentes - art. 55. CPC). Reunião de duas 
ou mais ações com nexo de semelhança entre causa de pedir e\ou pedido. Ex.: Propositura de 
diversas Ações de Indenização por pescadores para ressarcimento dos danos causados pelo 
vazamento de petróleo no mar. Ações são distribuídas em diferentes varas. *Importante: Na 
conexão as partes são diferentes #. 
Continência Já a continência é uma conexão de maior amplitude, porque envolve todos os 
elementos das duas ações – *partes (identidade), *causa de pedir (identidade), *pedido (mais 
amplo) – mas o pedido é mais amplo numa delas, art.56, CPC. No caso da continência há 
identidade das partes e da causa de pedir, sendo que o pedido mais amplo (Ação Continente) 
engloba o pedido menos amplo (Ação Contida) Ex.1: 1ª Ação: Tatiana pede Anulação de um 
Contrato de Prestação de Serviços que fez com Tânia (Ação Continente). 2ª Ação: Sem saber, 
Tania entra com Ação de Anulação de uma Cláusula do mesmo contrato (Ação Contida). Ação 
1 contém a Ação 2. 
*Importante: 
a) Quando a ação contida (menos ampla) for proposta antes da Ação Continente (mais ampla), 
elas serão reunidas para julgamento em conjunto. 
b) Quando a ação contida (menos ampla) for proposta depois da Ação Continente (mais ampla), 
a ação contida será extinta. (Novidade do NCPC) 
 
Atenção: Tanto a Conexão, quanto a Continência são realizadas através da Prevenção. Após a 
reunião das demandas, as mesmas serão julgadas pelo Juízo Prevento. O Juízo Prevento é 
aquele que 1º tenha procedido o registro ou distribuição da inicial, atraindo para si a 
competência pelo julgamento da causa, concretamente, seja em razão da conexão ou da 
continência. 
Art. 59. O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo. 
 
Exemplo de conexão: Mesma relação jurídica, discutida em dois processos distintos: Ação de 
despejo por falta de pagamento e Ação de Consignação em Pagamento dos mencionados 
alugueis (discute-se a mesma relação jurídica locatícia); 
 
Exemplo de continência: Diversas relações jurídicas, que estão ligadas, mesmas partes, mesma 
causa de pedir, mas um pedido é mais amplo que o outro: Investigação de Paternidade e 
Alimentos (relação jurídica de filiação e relação jurídica de alimentos, embora distintas, 
umbilicalmente ligadas). 
 
 
Observações importantes sobre Conexão (partes são diferentes.Ex.: Execução e Embargos) e 
Continência (partes e causa de pedir= idênticas; pedido mais amplo): 
1) Conforme dispõe o artigo 286, I, do NCPC, as ações que se relacionam com outra por conexão 
ou continência devem ser distribuídas por dependência. Ex.: Embargos à execução que deve ser 
distribuído por dependência à Ação de Execução. 
2) Caso não sejam distribuídas por dependência por falta de informações a respeito da existência 
de outra ação relacionada por conexão ou continência, realiza-se a reunião das ações por 
prevenção, com observância do disposto no artigo 59 do NCPC: “O registro ou a distribuição da 
petição inicial torna prevento o juízo.“ 
3) A conexão é matéria de ordem pública e pode ser conhecida de ofício a qualquer tempo, 
desde que seja antes da sentença, conforme art. 55, &1º. Nesse caso, o MP pode requerer a 
reunião dos processos. 
O art. 55, § 1º, do NCPC : “Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, 
salvo se um deles já tiver sido sentenciado”. Pela mesma razão, também o Ministério Público 
pode requerer a reunião. 
Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de 
pedir. 
§ 1o Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver 
sido sentenciado. 
§ 2o Aplica-se o disposto no caput: 
I - à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico (ex.: 
Embargos à execução); 
II - às execuções fundadas no mesmo título executivo. 
§ 3o Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de prolação de 
decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles. 
Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às partes e 
à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais. 
Art. 57. Quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta anteriormente, no processo 
relativo à ação contida será proferida sentença sem resolução de mérito, caso contrário, as ações serão 
necessariamente reunidas. 
Art. 58. A reunião das ações propostas em separado far-se-á no juízo prevento, onde serão decididas 
simultaneamente. 
Art. 59. O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo. 
Art. 60. Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado, comarca, seção ou subseção judiciária, a 
competência territorial do juízo prevento estender-se-á sobre a totalidade do imóvel. 
Art. 61. A ação acessória será proposta no juízo competente para a ação principal. 
Art. 62. A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da funçãoé inderrogável por 
convenção das partes. (absoluta) 
Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde 
será proposta ação oriunda de direitos e obrigações. 
§ 1o A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir expressamente a 
determinado negócio jurídico. 
§ 2o O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes. 
§ 3o “Antes da citação”, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício 
pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu. 
§ 4o Citado (“depois da citação”) incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na 
contestação, sob pena de preclusão (perda do prazo processual para alegação de tal abusividade) 
 
Inércia e cláusula de eleição de foro: prorrogação da competência 
As partes podem no caso concreto afastar a aplicação da regra de competência relativa por 
meio da celebração de um acordo, escolhendo um foro determinado (não aquele previsto em 
lei, pois aí o acordo seria inútil) para futuras e possíveis demandas. Trata-se da conhecida 
cláusula de eleição de foro. 
Não o fazendo – e desde que o juiz não decline da competência de ofício, na hipótese 
excepcional do art. 63, § 3º, do CPC/2015 (hipótese de abusividade da cláusula de eleição de 
foro) –, o juízo torna-se competente pela inércia do réu, ocorrendo o aludido fenômeno 
processual da prorrogação da competência. Dessa forma, o art. 65 deve ser entendido em 
consonância com o art. 63, caput, do CPC/2015, visto que o fenômeno da prorrogação somente 
é admitido em caso de competência relativa. 
Em consonância com o art. 65 do CPC/2015, proposta ação perante juízo relativamente 
incompetente, por exemplo, em foro diverso do domicílio do réu (regra geral de acordo com o 
art. 46 do CPC/2015), e não sendo hipótese de foro especial (art. 53 do CPC/2015), o réu deve 
arguir a incompetência como preliminar de sua contestação (art. 64 do CPC/2015). 
 
Prorrogação de Competência 
Ocorre pelo fato de que a incompetência relativa não pode ser conhecida de ofício (Súmula 33, 
do STJ). Nesse caso, o réu deve alegá-la como preliminar de contestação, sob pena de haver 
preclusão. Se o réu não se manifestar, aquele foro que era originariamente incompetente (mas 
de incompetência relativa) tornar-se-á plenamente competente, não sendo mais possível a 
qualquer dos litigantes ou ao juiz (preclusão pro judicato) tornar ao assunto. A esse fenômeno 
dá-se o nome de prorrogação de competência. Logo, prorrogar a competência é tornar um 
órgão, até então relativamente incompetente, competente. 
 
Para fixação e aprendizagem: 
Sobre conexão e continência, marque a alternativa INCORRETA: 
a) Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um 
deles já houver sido sentenciado ( ) 
b) Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum as partes ou a 
causa de pedir ( ) 
c) Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto 
às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das 
demais. ( ) 
d) Quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta anteriormente, no 
processo relativo à ação contida será proferida sentença sem resolução de mérito, caso 
contrário, as ações serão necessariamente reunidas.( ) 
e) A reunião das ações propostas em separado far-se-á no juízo prevento, onde serão 
decididas simultaneamente. ( ) 
 
Derrogação da Competência: Hipótese de eleição de foro 
Ocorre na hipótese de eleição de foro, isto é, quando, por força de acordo de vontades 
(contrato), duas ou mais pessoas escolhem qual será o foro competente para processar e julgar 
futuras demandas, relativas ao contrato celebrado. O CPC, no art. 63, explicita que a eleição de 
foro só cabe em ações oriundas de direitos e obrigações, ou seja, fundadas no direito das 
obrigações. O § 1º determina que a cláusula deve constar de contrato escrito e aludir 
expressamente a determinado negócio jurídico. Não se permite a eleição de foro nos casos de 
competência absoluta, como os que envolvem competência funcional, ou de juízo (material e 
pessoal) ou nas ações reais sobre bens imóveis. As regras de eleição de foro não prevalecem 
sobre as da conexão: isto é, a existência de foro de eleição não impedirá a reunião de ações 
conexas, para julgamento conjunto. O foro de eleição obriga não apenas os contratantes, mas 
seus sucessores, por ato inter vivos ou mortis causa (herança). 
 
Aplicação: articulação teoria e prática 
1ª) Joana e Marcos viviam em união estável há 10 anos, na cidade de Curitiba. Nunca fizeram 
uma declaração em cartório. Durante esse período construíram por esforço mútuo um 
patrimônio considerável. Entretanto, Marcos saiu de casa há aproximadamente dois meses e 
vem dilapidando o patrimônio do casal. Joana contratou um advogado para ajuizar ação de 
reconhecimento de união estável cumulada com a partilha de bens. O advogado contratado 
por Joana distribuiu a ação de reconhecimento de união estável c/c partilha bens para uma das 
Varas Cíveis da Comarca de Curitiba/PR. O advogado de Marcos ao apresentar a sua contestação 
alegou a incompetência absoluta do juízo. Indaga-se. A) Está correto o critério de competência 
adotado pelo advogado de Joana? Fundamente e explique a sua resposta. B) Como deverá agir 
o magistrado diante da incompetência absoluta suscitada pelos réus? 
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2ª Questão. Sobre a competência relativa é correto afirmar: 
a) Todos os critérios de competência de natureza territorial consagrados no CPC são 
considerados de competência relativa. (não: foro da situação do imóvel é competência 
absoluta) 
b) A competência relativa poderá modificar-se pela conexão ou pela continência. 
c) A competência relativa somente se modificará pela conexão. 
d) A competência relativa somente se modificará pela continência. 
 
3ª Questão. Marque a alternativa correta. De acordo com o CPC, não há que se falar em conflito 
de competência quando: 
I- 2 (dois) ou mais juízes se declaram competentes. 
II- 2 (dois) ou mais juízes se consideram incompetentes, atribuindo um ao outro a 
competência. 
III- Verificada a incompetência absoluta do juízo 
 
A – somente a resposta I está correta 
B- somente a resposta II está correta 
C- somente a reposta III está correta 
D- as repostas I e II estão corretas 
E- as respostas I e III estão corretas 
 
Incompetência relativa e absoluta 
As causas cíveis serão processadas e decididas pelo juiz nos limites de sua competência. 
A competência, dessa forma, é pressuposto da regularidade do processo e da admissibilidade 
da tutela jurisdicional. O primeiro dever do juiz, quando recebe a inicial de uma ação, é verificar 
se é ou não o competente para tomar conhecimento da causa. 
Espécies de reconhecimento da competência pelo próprio juiz: a *espontânea (que 
ordinariamente é de forma tácita); e a *provocada (que deve ser expressa). 
Incidentes para solução das controvérsias sobre Incompetência do juízo: 
 Alegação de incompetência, absoluta ou relativa, em preliminar de contestação. 
 Declaração de incompetência absoluta: declarada ex officio pelo juiz e pode ser 
provocada, a qualquer momento, pelas partes. Com a declaração, os autos são 
remetidos ao juízo competente e serão dados como nulos os atos decisórios praticados 
pelo juízo absolutamente incapaz (sendo válidos os demais atos). 
 Declaração de incompetência relativa: precisa de provocação da parte (no prazo da 
contestação). Com a declaração, os autos são remetidos ao juízo competente e todos 
os atos praticados pelo juiz anteriormente serão dados como válidos. 
Conflito de competência 
Tecnicamente, a cada causa corresponde a competência de um juiz ou tribunal. Entretanto, é 
inadmissível que, simultaneamente, mais de um órgão judiciário seja igualmente competentepara processar e julgar a mesma causa. Acontece, na prática, que às vezes, diversos juízes se dão 
por competentes para um mesmo processo ou todos se recusam a funcionar no feito, dando 
origem a um conflito, que o Código soluciona por meio do incidente denominado “conflito de 
competência”. 
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Art. 115. Há conflito de competência: 
 quando dois ou mais juízes se declaram competentes; 
 quando dois ou mais juízes se consideram incompetentes; 
 quando entre dois ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião ou separação de 
processos. 
Procedimento para Resolução do Conflito de Competência: O incidente processual do conflito 
de competência, consoante se depreende da redação do art. 115 do NCPC, surge da 
divergência entre dois ou mais juízes no tocante à legitimidade para o exercício do poder 
jurisdicional, com o escopo de se assegurar a observância do princípio do juiz natural no caso 
concreto. Ex.: Conflito de competência entre a justiça do trabalho e a justiça civil, diante de 
contrato de trabalho que tenha características semelhantes à prestação de serviço de natureza 
civil. 
Art. 951. O conflito de competência pode ser suscitado por qualquer das partes, pelo Ministério 
Público ou pelo juiz. 
Parágrafo único. O Ministério Público somente será ouvido nos conflitos de competência 
relativos aos processos previstos no art. 178, mas terá qualidade de parte nos conflitos que 
suscitar. 
Art. 952. Não pode suscitar conflito a parte que, no processo, arguiu incompetência relativa. 
Parágrafo único. O conflito de competência não obsta, porém, a que a parte que não o arguiu 
suscite a incompetência. 
Logo, a parte que arguiu incompetência absoluta não pode suscitar o conflito de competência. 
Por outro lado, a parte que não suscitou o conflito de competência, mesmo estando presente 
tal conflito, pode arguir incompetência. Tal vedação se justifica porque a arguição de 
incompetência é incompatível, logicamente, com a arguição de conflito de competência, já que 
o incidente de conflito de competência dá-se em situações em que há dúvidas, controvérsias, 
sobre o juízo competente no caso concreto. 
 
Art. 953. O conflito será suscitado ao tribunal: 
I - pelo juiz, por ofício; 
II - pela parte e pelo Ministério Público, por petição. 
Parágrafo único. O ofício e a petição serão instruídos com os documentos necessários à prova 
do conflito. 
 
Art. 954. Após a distribuição, o relator determinará a oitiva dos juízes em conflito ou, se um 
deles for suscitante, apenas do suscitado. 
Parágrafo único. No prazo designado pelo relator, incumbirá ao juiz ou aos juízes prestar as 
informações. 
Art. 955. O relator poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, determinar, 
quando o conflito for positivo, o sobrestamento do processo e, nesse caso, bem como no de 
conflito negativo, designará um dos juízes para resolver, em caráter provisório, as medidas 
urgentes. 
Parágrafo único. O relator poderá julgar de plano o conflito de competência quando sua 
decisão se fundar em: 
I - Súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; 
II - tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de 
competência. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art178
Art. 956. Decorrido o prazo designado pelo relator, será ouvido o Ministério Público, no prazo 
de 5 (cinco) dias, ainda que as informações não tenham sido prestadas, e, em seguida, o 
conflito irá a julgamento. 
Art. 957. Ao decidir o conflito, o tribunal declarará qual o juízo competente, pronunciando-se 
também sobre a validade dos atos do juízo incompetente. (Na incompetência absoluta, apenas 
os atos decisórios são anulados. Na incompetência relativa, todos os atos do juiz anterior são 
validados.) Parágrafo único. Os autos do processo em que se manifestou o conflito serão 
remetidos ao juiz declarado competente. 
Art. 958. No conflito que envolva órgãos fracionários dos tribunais, desembargadores e juízes 
em exercício no tribunal, observar-se-á o que dispuser o regimento interno do tribunal. 
Art. 959. O regimento interno do tribunal regulará o processo e o julgamento do conflito de 
atribuições entre autoridade judiciária e autoridade administrativa. 
 
O conflito suscitado pelas partes ou pelo Ministério Público pressupõe a efetiva discordância 
entre os juízes envolvidos, que se acham todos competentes, ou todos incompetentes. A parte 
que tiver arguido incompetência relativa não poderá suscitar o conflito, em face da vedação do 
art. 952 do CPC. 
É fundamental a identificação do órgão que deverá promover o julgamento do conflito. Como 
envolve dois ou mais juízes, será necessário que as decisões proferidas por tal órgão sejam 
aptas a vincular todos os juízes. 
Se os juízes estaduais ---------- TJ 
Se juízes federais ------------- TRF 
Juízes federais X estaduais, entre eles X juízes do trabalho, juízes estaduais de diferentes 
Estados, ou federais de diferentes regiões --------------- STJ. 
 
Superior Tribunal de Justiça X quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes 
e qualquer outro tribunal ------------- STF 
 
Conflito Positivo ------------ o relator pode determinar a suspensão do processo. 
Conflito Negativo ----------- não há necessidade do relator suspender o processo, pois os juízes 
consideram-se incompetentes, logo não estarão atuando no feito. 
Conflito Positivo e Conflito Negativo ---------- Designação de um dos juízes para resolver as 
questões de urgência. 
 
Havendo súmula do STF, do STJ, do próprio tribunal ou tese firmada em julgamento de recursos 
repetitivos ou em incidente de assunção de competência, o conflito pode ser decidido de plano 
pelo relator, cabendo agravo interno no prazo de quinze dias para o órgão incumbido do 
julgamento. 
O tribunal, ao decidir o conflito, declarará qual o juízo competente, pronunciando-se sobre a 
validade dos atos praticados pelo incompetente. O conflito de competência só é cabível se 
ainda não existir sentença transitada em julgado proferida por um dos juízes conflitantes 
(Súmula 59, do STJ). 
 
Referências 
JÚNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual Civil. Rio de Janeiro: Gen e Forense, 2018. 
NEVES. Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. Salvador: JusPodivm, 2018. 
DIDIER JR. Fred. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: JusPodivm, 2017. 
 
Direito Processual Civil I 
Profa. Dra. Lenice S. Moreira de Moura 
Aula 4 
 
Sujeitos do processo I – Partes e Procuradores – Capacidade processual – Legitimidade 
das partes – Sucessão das partes e dos procuradores – Atos, ônus e poderes. 
Habilitação. 
 
Sujeitos do processo – Partes e procuradores 
 
O processo só se estabelece plenamente com a participação de três sujeitos principais: 
Estado, autor e réu. Gera o processo uma relação jurídica trilateral que vincula os sujeitos 
da lide e o juiz, todos a procura de uma solução para o conflito de interesses estabelecido 
em torno da pretensão de direito material de um dos litigantes e da resistência do outro. 
 
“Parte Processual é aquele que está na relação jurídica processual, faz parte do 
contraditório, assumindo qualquer das situações jurídicas processuais, atuando com 
parcialidade e podendo sofrer alguma consequência com a decisão final”. (DIDIER, 2017, 
p.243) 
 
 
Parte é quem pede a tutela jurisdicional e em face de quem ela é postulada. Em síntese, 
o autor — aquele que pede; e o réu — em face de quem o pedido é formulado. Não tem 
qualidade de parte aqueles que funcionam como representantes legais. Por exemplo, um 
menor absolutamente incapaz que vá a juízo para postular alimentos terá de ser representado. 
Parte será o incapaz, não o representante. Nos processos de jurisdição voluntária, as partes 
são denominadas “interessados”. Mas, no fundo, não deixam de

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