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1 www.g7juridico.com.br INTENSIVO I Fernando Gajardoni Direito Processual Civil Aula 1 ROTEIRO DE AULA Tema: Normas Fundamentais de Direito Processual 1. Constitucionalização do processo civil (1º CPC) (arts 8º CPC e 5º, LINDB) À luz das correntes doutrinárias brasileiras dos últimos 50 anos, houve a positivação, dentro do texto processual civil, de vários princípios que antes só estavam previstos na CF/1988. Todas as correntes doutrinárias (instrumentalismo, neoprocessualismo e cooperativismo) defendem que deve haver uma correspondência entre o que está na CF e o que está no CPC. Assim, os artigos 1º e 8º do CPC são de fundamental importância nesse aspecto. CPC, art. 1º: “O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil , observando-se as disposições deste Código.” CPC, art. 8º: “Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.” a) Impacto nos Tribunais Superiores (RE e Resp) (súmula 636 STF) A partir do momento que o CPC traz a positivação de princípios e regras constitucionais, se essas normas forem violadas, haverá também violação infraconstitucional e, portanto, haverá ampliação do alcance recursal. Tal fato pode gerar um impacto nos tribunais superiores. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 2 www.g7juridico.com.br A súmula 636 do STF, entretanto, pode ajudar a restringir a dupla recorribilidade. Isso porque, conforme essa súmula, haverá apenas o cabimento de recurso especial toda a vez que se entender que, para atingir a CF/1988, houver violação à norma infraconstitucional. Súmula 636, STF: “Não cabe recurso extraordinário por contrariedade ao princípio constitucional da legalidade, quando a sua verificação pressuponha rever a interpretação dada a normas infraconstitucionais pela decisão recorrida.” 2. Normas (jurídicas) princípios e normas regras. I - Norma jurídica é o fruto da interpretação. Quando há a extração do sentido do texto legal, a norma legal passa a ser norma jurídica. ✓ Norma jurídica não é o texto legal. II – A norma jurídica pode ser de duas espécies: • Norma princípio. • Norma regra. III - Observações: ✓ A norma princípio é abstrata e facilmente adaptável ao caso concreto. Entretanto, essa flexibilização causa insegurança jurídica. ✓ Inicialmente, não há como ter conflito entre normas princípios, porque os princípios se aplicam conjuntamente com base em um juízo de ponderação. ✓ Exemplo de normas princípios no âmbito processual: contraditório, ampla defesa, juiz natural, vedação da prova ilícita, princípio da cooperação etc. ✓ No caso das normas regras, elas impõem, permitem ou proíbem algo. Exemplo: apresentação de contestação no prazo de 15 dias. 3 www.g7juridico.com.br ✓ A vantagem da norma regra é que ela aumenta a segurança jurídica, pois tem menor amplitude interpretativa. A desvantagem da norma regra é que a legislação precisa mudar constantemente, pois ela não permite a flexibilização. ✓ Em caso de conflito de normas regras, não é possível fazer a combinação. Neste caso, deve-se excluir uma das normas e aplicar a outra, nos termos definidos na LINDB. ✓ Regra geral, as normas fundamentais são normas princípios. Assim sendo, elas são abstratas, podem ser ponderadas e podem estar implícitas. 3.Dimensões dos princípios (normas princípios) A doutrina cita a existência de dimensões dos princípios (normas princípios). São elas: a) Objetiva: nesta dimensão, o princípio serve de vetor legislativo e de vetor interpretativo. i) Vetor legislativo – o legislador é atingido pelas normas princípios e constrói normas que obedecem aos princípios existentes no sistema. ✓ Exemplo: os artigos 9º e 10 do CPC dão concretude ao contraditório constitucional. ii) Vetor interpretativo – o intérprete utiliza o princípio para interpretar os dispositivos legais. ✓ Exemplo: a Lei 10.259/2001 e a Lei 12.153/2009 não trazem a previsão de contraditório na fase de cumprimento de sentença. Entretanto, os juízes do juizado interpretam o sistema e facultam ao Estado a possibilidade de contestar o cálculo do autor. Os princípios possuem papel integrativo, pois ajudam a suprir as lacunas das normas jurídicas. b) Subjetiva (função normativa dos princípios) O princípio possui dimensão subjetiva, pois também é válido para as partes do processo. Os princípios afirmam uma posição jurídica de vantagem para quem dele é beneficiado. Exemplo: a vedação à prova ilícita é válida para o legislador, para o intérprete e para as partes do processo. 4. Classificação dos princípios processuais (02 categorias) Existem dois grandes grupos de princípios processuais. São eles: a) Princípios informativos ou formativos (axiomas jurídicos) – Esses princípios são verdadeiros axiomas jurídicos, pois têm validade universal, ou seja, todos os ordenamentos jurídicos do mundo adotam tais princípios. Esses princípios são imunes à carga política e ideológica. i) Lógico: estabelece a necessidade de uma ordem estrutural de todo e qualquer processo. ii) Econômico: traduz o vetor operacional de todos os processos. Todos os sistemas querem um processo com o maior resultado e com o menor sacrifício de direitos e de dinheiro. 4 www.g7juridico.com.br iii) Jurídico: é aquele que estabelece que o processo deriva de um determinado ordenamento jurídico. Isso não significa que em todos os países as regras processuais devem ser escritas (exemplo: países que adotam a common law). iv) Político: é aquele que estabelece que o processo serve também para afirmar a vontade do Estado. b) Princípios gerais/genéricos ou fundamentais (explícitos/implícitos) – Os princípios gerais/genéricos ou fundamentais são frutos de opção político-ideológica de cada país. Estes princípios podem ser explícitos ou implícitos (exemplo: non reformatio in pejus). i) Constitucionais - Os princípios gerais/genéricos ou fundamentais podem estar previstos na Constituição Federal. ii) Infraconstitucionais (CPC – 1º a 12 e outros) (alguns com previsão também na CF) - Os princípios gerais/genéricos ou fundamentais podem estar previstos em normas infraconstitucionais. Exemplos: princípio da demanda, princípio da inércia, princípio da eventualidade, princípio da non reformatio in pejus etc. Em alguns casos, os princípios gerais/genéricos ou fundamentais estão previstos na CF e em normas infraconstitucionais. Exemplo: princípio do contraditório. ATENÇÃO: nem todas as normas ditas fundamentais do CPC são (normas) princípios. Há (normas) regras. O professor afirma que há pelo menos um dispositivo entre os artigos 1 a 12 do CPC que constitui norma regra (e não norma princípio). É o caso do art. 12 do CPC: CPC, art. 12: “ Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão. (...)” Os princípios gerais/genéricos ou fundamentais estão em outros dispositivos espalhados pelo CPC. Exemplo: art. 489, §1º do CPC1. 1 CPC, art. 489, §1º: “Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelojulgador; V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.” 5 www.g7juridico.com.br 5. Princípios gerais/genéricos ou fundamentais no CPC 5.1. Demanda/inércia/dispositivo e impulso oficial (2º, CPC) (Princípios explícitos e infraconstitucionais) De acordo com a regra do princípio da demanda/inércia/dispositivo, o juiz não age de ofício. Entretanto, após o início do processo, este tramita por impulso oficial. CPC, art. 2º: “O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.” a) Concretude do princípio da demanda – arts.141 e 492 CPC (Ex. danos sociais – Recl. 13.200) I - Existem dois princípios que dão concretude à regra de que o juiz não age de ofício. São eles os abaixo relacionados: CPC, art. 141: “O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.” CPC, art. 492: “É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica condicional.” ✓ A decisão judicial não pode ser citra petita (não pode deixar de apreciar o pedido), extra petita (fora do pedido) ou ultra petita (além do pedido). II - A Reclamação 13.200 trata do dano social. ✓ Dano social é uma construção dos civilistas para poder inserir no ordenamento jurídico brasileiro a ideia do punitive damage. Trata-se do fato de poder condenar alguém não pelo dano causado, mas pela conduta exemplarmente negativa. ✓ O STJ tem admitido a figura do dano social. Todavia, o STJ na Reclamação nº 13.200 entendeu duas coisas importantes: • 1ª) A legitimidade para pedir o dano social é apenas daqueles que têm legitimidade para ingressar com a ação coletiva (art. 5º, Lei 7.347/19852). • 2ª) Precisa ter pedido de condenação em dano social na ação. 2 LACP, art. 5º: “Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: I - o Ministério Público; II - a Defensoria Pública; III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; V - a associação que, concomitantemente: a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. (...)” 6 www.g7juridico.com.br b) Mitigação pelo 322, § 2º, CPC (interpretação dos pedidos) O princípio da demanda/inércia/dispositivo sofre uma profunda mitigação pelo art. 322, §2º do CPC: CPC, art. 322, §2º: “A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e observará o princípio da boa-fé.” ✓ O art. 322, §2º do CPC traz a abertura para os pedidos implícitos. ✓ Exemplo: ação com o pedido de dano moral por negativação no SPC sem haver débito. Entretanto, se a parte esquece de pedir a declaração da inexistência do débito, o juiz pode entender que tal pedido é implícito e pode conceder a declaração da inexistência do débito antes de conceder o dano moral. c) Mitigação pelos poderes instrutórios do juiz (370 CPC) O princípio da demanda/inércia/dispositivo sofre uma certa mitigação pelos poderes instrutórios do juiz do art. 370 do CPC: CPC, art. 370: “Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito. Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as diligências inúteis ou meramente protelatórias.” ✓ A rigor, as partes devem pedir as provas que desejam produzir. Entretanto, o art. 370 do CPC estabelece que, ainda que as partes não peçam determinadas provas, o juiz poderia determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito. ✓ Para alguns autores, por conta da regra do art. 370 do CPC, não se aplica o princípio da demanda/inércia/dispositivo à matéria referente às provas. Para estes autores, nessa matéria, haveria o princípio inquisitivo. b) Exceções: 322, § 1º, 323, 536, 712, 730, 738, CPC (etc) Em algumas hipóteses, a lei autoriza que, ainda que não haja pedido das partes, o juiz possa agir de ofício. São exemplos dessas hipóteses os seguintes dispositivos legais: CPC, art. 322, §1º: “Compreendem-se no principal os juros legais, a correção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios.” CPC, art. 323: “Na ação que tiver por objeto cumprimento de obrigação em prestações sucessivas, essas serão consideradas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor, e serão incluídas na condenação, enquanto durar a obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las.” 7 www.g7juridico.com.br CPC, art. 536: “No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente. § 1º Para atender ao disposto no caput , o juiz poderá determinar, entre outras medidas, a imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de força policial. § 2º O mandado de busca e apreensão de pessoas e coisas será cumprido por 2 (dois) oficiais de justiça, observando-se o disposto no art. 846, §§ 1º a 4º , se houver necessidade de arrombamento. § 3º O executado incidirá nas penas de litigância de má-fé quando injustificadamente descumprir a ordem judicial, sem prejuízo de sua responsabilização por crime de desobediência. § 4º No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, aplica-se o art. 525 , no que couber. § 5º O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cumprimento de sentença que reconheça deveres de fazer e de não fazer de natureza não obrigacional.” CPC, art. 712: “Verificado o desaparecimento dos autos, eletrônicos ou não, pode o juiz, de ofício, qualquer das partes ou o Ministério Público, se for o caso, promover-lhes a restauração. Parágrafo único. Havendo autos suplementares, nesses prosseguirá o processo.” CPC, art. 730: “Nos casos expressos em lei, não havendo acordo entre os interessados sobre o modo como se deve realizar a alienação do bem, o juiz, de ofício ou a requerimento dos interessados ou do depositário, mandará aliená-lo em leilão, observando-se o disposto na Seção I deste Capítulo e, no que couber, o disposto nos arts. 879 a 903 .” CPC, art. 738: “Nos casos em que a lei considere jacente a herança, o juiz em cuja comarca tiver domicílio o falecido procederá imediatamente à arrecadação dos respectivos bens.” 5.2. Ação/inafastabilidade controle judicial (3º CPC e 5º XXXV CF) (princípio expresso com previsão na CF e no CPC). A ideia do princípio da ação/inafastabilidade do controle judicial é que tudo é controlado pela jurisdição. Nem a lei nem o ato administrativo podem suprimir o direito do jurisdicionado de acessar o sistema de justiça. a) 03 mudanças práticas na legislação infraconstitucional CF, art. 5º, XXXV: “a lei não excluiráda apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;” CPC, art. 3º: “Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.” 1ª) Enquanto a CF/1988, no art. 5º, XXXV, fala que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito, o CPC retira a expressão “a lei” do dispositivo legal. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art846%C2%A71 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art525 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art525 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art879 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art903 8 www.g7juridico.com.br 2ª) A CF/1988, no art. 5º, XXXV, cita o “poder judiciário”. Por outro lado, o art. 3º do CPC cita “apreciação jurisdicional”. Assim, o CPC reconhece que a jurisdição não é exercida apenas pelo Poder Judiciário. ✓ A arbitragem, por exemplo, é jurisdição. 3ª) A CF/1988, no art. 5º, XXXV, cita que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Por outro lado, o art. 3º do CPC inverteu a ordem e citou que não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. Assim sendo, o CPC deu preferência à tutela preventiva em relação à tutela reparatória. b) Exceções constitucionais (142, § 2º e 217, § º, CF) As exceções ao princípio da ação/inafastabilidade do controle judicial estão previstas no art. 142, § 2º e no art. 217,§1º da CF. CF, art. 142, §2º: “Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares.” CF, art. 217§ 1º: “O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem- se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.” c) Requerimento administrativo (STF RE 631.240) (STJ Resp 1.349.453) I - O tema requerimento administrativo passou por um overrulling a partir do RE 631.240. II - Durante muito tempo, os tribunais superiores entendiam que o prévio requerimento administrativo não era condição para o exercício da ação. III – O julgamento do RE 631.240 constituiu verdadeira superação de entendimento jurisprudencial. O STF, nessa ação, entendeu que o prévio requerimento administrativo nas ações previdenciárias, como regra, é condição da ação relativa ao interesse processual para o exercício do pedido perante o Poder Judiciário. IV – Posteriormente, o STJ, no Resp 1.349.453, aplicou o mesmo entendimento do STF no caso de ações do INSS para as exibições de contratos bancários. Assim, o prévio requerimento administrativo é condição para ingresso de ação para as exibições de contratos bancários. V – Atualmente, há uma releitura do princípio da ação. Isso porque superou-se o entendimento do passado e entende-se que o prévio requerimento administrativo não viola o princípio da ação ou da inafastabilidade do controle jurisdicional, mas racionaliza tal princípio. d) Omissão (legislativa e probatória): solução dos arts. 140 e 373 CPC http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=3966199 9 www.g7juridico.com.br Caso, no momento do julgamento, faltem leis ou provas que possibilitem a decisão judicial, o intérprete precisará recorrer aos instrumentos legais previstos nas hipóteses de omissão: • Em caso de omissão legislativa, a solução encontra-se no art. 140 do CPC. Os mecanismos a serem utilizados pelo julgador em caso de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico estão previstos nos artigos 4º e 5º da LINDB. • Em caso de omissão probatória, a solução encontra-se no art. 373 do CPC. Ao chegar ao fim do processo, se o juiz não tiver provas do caso concreto para determinar qual das partes possui razão, ele aplicará as regras deste dispositivo. CPC, art. 140: “O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico. Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.” LINDB, art. 4º: “ Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.” LINDB, art. 5º: “ Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. CPC, art. 373: “O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. § 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. § 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil. § 3º A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das partes, salvo quando: I - recair sobre direito indisponível da parte; II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito. § 4º A convenção de que trata o § 3º pode ser celebrada antes ou durante o processo.” e) Liminares e Poder Público (Leis 9.494/97 e 8.437/92) (1.059 CPC) (ADC4) I - Existem duas grandes normas que tratam das liminares contra o Poder Público: Lei 9.494/97 e Lei 8.437/92. Ambas as leis afirmam que não cabe liminar contra o Poder Público nos termos do art. 7º, §2º da Lei 12.016/2009. Lei 12.016/09, art. 7º, §2º: “Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza.” 10 www.g7juridico.com.br II – O STF, no julgamento da ADC 4, estabeleceu que as limitações à concessão da liminar são constitucionais. Assim sendo, a lei pode limitar o poder de cautela do juiz e vedar que haja a concessão de liminares nas hipóteses legais. ✓ Na ADC 4, o Ministro Sepúlveda Pertence afirmou que as limitações à concessão da liminar são constitucionais. Entretanto, na opinião do ministro, no caso concreto, o juiz, ao verificar as particularidades do caso, pode afastar a limitação à concessão de liminar. f) Reconhecimento da importância de outros métodos de solução dos conflitos: arbitragem (189, IV, 237, IV, 337, § 6º, 485, VII, 515, VII, 960, § 3º) e da mediação/ conciliação (154, VI, 165/174 – “Dos Conciliadores e Mediadores Judiciais” - , 334 e 695, 381, II) A arbitragem assumiu grande importância no CPC/2015. Seguem abaixo os dispositivos legais relevantes nessa temática e que devem ser lidos: CPC, art. 189, IV: “Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos: (...) IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo.” CPC, art. 237, IV: “Será expedida carta: (...) IV - arbitral, para que órgão do Poder Judiciário pratique ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato objeto de pedido de cooperação judiciária formulado por juízo arbitral, inclusive os que importem efetivação de tutela provisória.” CPC, art. 337, §6º: “A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo, implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral.” CPC, art. 485, VII: “O juiz não resolverá o mérito quando: (...) VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragemou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência;” CPC, art. 515, VII: “São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título: (...) VII - a sentença arbitral;” 11 www.g7juridico.com.br CPC, art. 960, §3º: “A homologação de decisão arbitral estrangeira obedecerá ao disposto em tratado e em lei, aplicando- se, subsidiariamente, as disposições deste Capítulo.” CPC, art. 154, VI: “Incumbe ao oficial de justiça: (...) VI - certificar, em mandado, proposta de autocomposição apresentada por qualquer das partes, na ocasião de realização de ato de comunicação que lhe couber.” CPC, art. 165 a 174: “Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição. § 1º A composição e a organização dos centros serão definidas pelo respectivo tribunal, observadas as normas do Conselho Nacional de Justiça. § 2º O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem. § 3º O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos. Art. 166. A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios da independência, da imparcialidade, da autonomia da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão informada. § 1º A confidencialidade estende-se a todas as informações produzidas no curso do procedimento, cujo teor não poderá ser utilizado para fim diverso daquele previsto por expressa deliberação das partes. § 2º Em razão do dever de sigilo, inerente às suas funções, o conciliador e o mediador, assim como os membros de suas equipes, não poderão divulgar ou depor acerca de fatos ou elementos oriundos da conciliação ou da mediação. § 3º Admite-se a aplicação de técnicas negociais, com o objetivo de proporcionar ambiente favorável à autocomposição. § 4º A mediação e a conciliação serão regidas conforme a livre autonomia dos interessados, inclusive no que diz respeito à definição das regras procedimentais. Art. 167. Os conciliadores, os mediadores e as câmaras privadas de conciliação e mediação serão inscritos em cadastro nacional e em cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal, que manterá registro de profissionais habilitados, com indicação de sua área profissional. § 1º Preenchendo o requisito da capacitação mínima, por meio de curso realizado por entidade credenciada, conforme parâmetro curricular definido pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça, o conciliador ou o mediador, com o respectivo certificado, poderá requerer sua inscrição no cadastro nacional e no cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal. 12 www.g7juridico.com.br § 2º Efetivado o registro, que poderá ser precedido de concurso público, o tribunal remeterá ao diretor do foro da comarca, seção ou subseção judiciária onde atuará o conciliador ou o mediador os dados necessários para que seu nome passe a constar da respectiva lista, a ser observada na distribuição alternada e aleatória, respeitado o princípio da igualdade dentro da mesma área de atuação profissional. § 3º Do credenciamento das câmaras e do cadastro de conciliadores e mediadores constarão todos os dados relevantes para a sua atuação, tais como o número de processos de que participou, o sucesso ou insucesso da atividade, a matéria sobre a qual versou a controvérsia, bem como outros dados que o tribunal julgar relevantes. § 4º Os dados colhidos na forma do § 3º serão classificados sistematicamente pelo tribunal, que os publicará, ao menos anualmente, para conhecimento da população e para fins estatísticos e de avaliação da conciliação, da mediação, das câmaras privadas de conciliação e de mediação, dos conciliadores e dos mediadores. § 5º Os conciliadores e mediadores judiciais cadastrados na forma do caput , se advogados, estarão impedidos de exercer a advocacia nos juízos em que desempenhem suas funções. § 6º O tribunal poderá optar pela criação de quadro próprio de conciliadores e mediadores, a ser preenchido por concurso público de provas e títulos, observadas as disposições deste Capítulo. Art. 168. As partes podem escolher, de comum acordo, o conciliador, o mediador ou a câmara privada de conciliação e de mediação. § 1º O conciliador ou mediador escolhido pelas partes poderá ou não estar cadastrado no tribunal. § 2º Inexistindo acordo quanto à escolha do mediador ou conciliador, haverá distribuição entre aqueles cadastrados no registro do tribunal, observada a respectiva formação. § 3º Sempre que recomendável, haverá a designação de mais de um mediador ou conciliador. Art. 169. Ressalvada a hipótese do art. 167, § 6º , o conciliador e o mediador receberão pelo seu trabalho remuneração prevista em tabela fixada pelo tribunal, conforme parâmetros estabelecidos pelo Conselho Nacional de Justiça. § 1º A mediação e a conciliação podem ser realizadas como trabalho voluntário, observada a legislação pertinente e a regulamentação do tribunal. § 2º Os tribunais determinarão o percentual de audiências não remuneradas que deverão ser suportadas pelas câmaras privadas de conciliação e mediação, com o fim de atender aos processos em que deferida gratuidade da justiça, como contrapartida de seu credenciamento. Art. 170. No caso de impedimento, o conciliador ou mediador o comunicará imediatamente, de preferência por meio eletrônico, e devolverá os autos ao juiz do processo ou ao coordenador do centro judiciário de solução de conflitos, devendo este realizar nova distribuição. Parágrafo único. Se a causa de impedimento for apurada quando já iniciado o procedimento, a atividade será interrompida, lavrando-se ata com relatório do ocorrido e solicitação de distribuição para novo conciliador ou mediador. Art. 171. No caso de impossibilidade temporária do exercício da função, o conciliador ou mediador informará o fato ao centro, preferencialmente por meio eletrônico, para que, durante o período em que perdurar a impossibilidade, não haja novas distribuições Art. 172. O conciliador e o mediador ficam impedidos, pelo prazo de 1 (um) ano, contado do término da última audiência em que atuaram, de assessorar, representar ou patrocinar qualquer das partes. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art167%C2%A76 13 www.g7juridico.com.br Art. 173. Será excluído do cadastro de conciliadores e mediadores aquele que: I - agir com dolo ou culpa na condução da conciliação ou da mediação sob sua responsabilidade ou violar qualquer dos deveres decorrentes do art. 166, §§ 1º e 2º ; II - atuar em procedimento de mediação ou conciliação, apesar de impedido ou suspeito. § 1º Os casos previstos neste artigo serão apurados em processo administrativo. § 2º O juiz do processo ou o juiz coordenador do centro de conciliação e mediação, se houver, verificando atuação inadequada do mediador ou conciliador, poderá afastá-lo de suas atividades por até 180 (cento e oitenta) dias, por decisão fundamentada, informando o fato imediatamente ao tribunal para instauração do respectivo processo administrativo. Art. 174. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão câmaras de mediação e conciliação, com atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito administrativo,tais como: I - dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública; II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da administração pública; III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta. Art. 175. As disposições desta Seção não excluem outras formas de conciliação e mediação extrajudiciais vinculadas a órgãos institucionais ou realizadas por intermédio de profissionais independentes, que poderão ser regulamentadas por lei específica. Parágrafo único. Os dispositivos desta Seção aplicam-se, no que couber, às câmaras privadas de conciliação e mediação” CPC, art. 334: “Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência. § 1º O conciliador ou mediador, onde houver, atuará necessariamente na audiência de conciliação ou de mediação, observando o disposto neste Código, bem como as disposições da lei de organização judiciária. § 2º Poderá haver mais de uma sessão destinada à conciliação e à mediação, não podendo exceder a 2 (dois) meses da data de realização da primeira sessão, desde que necessárias à composição das partes. § 3º A intimação do autor para a audiência será feita na pessoa de seu advogado. § 4º A audiência não será realizada: I - se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual; II - quando não se admitir a autocomposição. § 5º O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na autocomposição, e o réu deverá fazê-lo, por petição, apresentada com 10 (dez) dias de antecedência, contados da data da audiência. § 6º Havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência deve ser manifestado por todos os litisconsortes. § 7º A audiência de conciliação ou de mediação pode realizar-se por meio eletrônico, nos termos da lei. § 8º O não comparecimento injustificado do autor ou do réu à audiência de conciliação é considerado ato atentatório à dignidade da justiça e será sancionado com multa de até dois por cento da vantagem econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art166%C2%A71 14 www.g7juridico.com.br § 9º As partes devem estar acompanhadas por seus advogados ou defensores públicos. § 10. A parte poderá constituir representante, por meio de procuração específica, com poderes para negociar e transigir. § 11. A autocomposição obtida será reduzida a termo e homologada por sentença. § 12. A pauta das audiências de conciliação ou de mediação será organizada de modo a respeitar o intervalo mínimo de 20 (vinte) minutos entre o início de uma e o início da seguinte.” CPC, art. 695: “Recebida a petição inicial e, se for o caso, tomadas as providências referentes à tutela provisória, o juiz ordenará a citação do réu para comparecer à audiência de mediação e conciliação, observado o disposto no art. 694. § 1º O mandado de citação conterá apenas os dados necessários à audiência e deverá estar desacompanhado de cópia da petição inicial, assegurado ao réu o direito de examinar seu conteúdo a qualquer tempo. § 2º A citação ocorrerá com antecedência mínima de 15 (quinze) dias da data designada para a audiência. § 3º A citação será feita na pessoa do réu. § 4º Na audiência, as partes deverão estar acompanhadas de seus advogados ou de defensores públicos.” CPC, art. 381, I: “A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que: I - haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação;” 5.3. Razoabilidade temporal (4º CPC e 5º, LXXVIII, CF) (Princípio expresso – Possui dupla positivação: CF e CPC) Os processos devem demorar apenas o tempo necessário que propicie o julgamento justo. a) Distinção com direito à celeridade (garantias processuais) CF, art. 5º, LXXVIII: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.” CPC, art. 4º: “As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.” ✓ A CF/1988 utiliza, no art. 5º, LXXVIII, a palavra “celeridade”. De outro modo, o CPC, no art. 4º, não coloca a celeridade como um valor maior do que as garantias processuais. De acordo com a doutrina, o CPC preferiu prever um processo garantista a prever um processo mais rápido. ✓ Exemplo: art. 10 do CPC3 e o art. 219 do CPC4. 3 CPC, art. 10: “O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.” 4 CPC, art. 219: “Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais.” 15 www.g7juridico.com.br b) Técnicas de aceleração da prestação jurisdicional: arts. 311 (tutela de evidência), 332 (improcedência liminar do pedido), 356 do CPC (julgamento antecipado do pedido). CPC, art. 311: “A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando: I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte; II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante; III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa; IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável. Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente.” CPC, art. 332: “Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça; II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local. § 1º O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição. § 2º Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença, nos termos do art. 241 . § 3º Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias. § 4º Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a citação do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias” CPC, art. 356: “O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou parcela deles: I - mostrar-se incontroverso; II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355 . § 1º A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá reconhecer a existência de obrigação líquida ou ilíquida. § 2º A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a obrigação reconhecida na decisão que julgar parcialmente o mérito, independentemente de caução, aindaque haja recurso contra essa interposto. § 3º Na hipótese do § 2º, se houver trânsito em julgado da decisão, a execução será definitiva. § 4º A liquidação e o cumprimento da decisão que julgar parcialmente o mérito poderão ser processados em autos suplementares, a requerimento da parte ou a critério do juiz. § 5º A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo de instrumento.” http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art241 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art355 16 www.g7juridico.com.br c) Medidas para combate à violação (internas e externas) I - No âmbito interno do processo, existe uma disciplina normativa nos artigos 233 a 236 do CPC sobre prazos para a prática de atos processuais e sobre mecanismos de controle para o excesso de prazo. CPC, art. 233: “Incumbe ao juiz verificar se o serventuário excedeu, sem motivo legítimo, os prazos estabelecidos em lei. § 1º Constatada a falta, o juiz ordenará a instauração de processo administrativo, na forma da lei. § 2º Qualquer das partes, o Ministério Público ou a Defensoria Pública poderá representar ao juiz contra o serventuário que injustificadamente exceder os prazos previstos em lei.” CPC, art. 235: “Qualquer parte, o Ministério Público ou a Defensoria Pública poderá representar ao corregedor do tribunal ou ao Conselho Nacional de Justiça contra juiz ou relator que injustificadamente exceder os prazos previstos em lei, regulamento ou regimento interno. § 1º Distribuída a representação ao órgão competente e ouvido previamente o juiz, não sendo caso de arquivamento liminar, será instaurado procedimento para apuração da responsabilidade, com intimação do representado por meio eletrônico para, querendo, apresentar justificativa no prazo de 15 (quinze) dias. § 2º Sem prejuízo das sanções administrativas cabíveis, em até 48 (quarenta e oito) horas após a apresentação ou não da justificativa de que trata o § 1º, se for o caso, o corregedor do tribunal ou o relator no Conselho Nacional de Justiça determinará a intimação do representado por meio eletrônico para que, em 10 (dez) dias, pratique o ato. § 3º Mantida a inércia, os autos serão remetidos ao substituto legal do juiz ou do relator contra o qual se representou para decisão em 10 (dez) dias.” II - No âmbito externo, tem-se admitido o mandado de segurança contra a omissão nos casos em que há ato ilegal ou abusivo de poder praticado pelo Poder Judiciário. III - A razoabilidade temporal consta na Convenção Interamericana de Direitos Humanos. Como o Brasil se submete à jurisdição da Corte Interamericana de Direitos Humanos, há a possibilidade de o jurisdicionado recorrer a tal Corte caso o assunto não seja resolvido no país. d) Princípio da efetivação (processo de resultados) (139, IV, CPC) O princípio da efetivação (art. 4º do CPC) é derivado do princípio da razoabilidade temporal. CPC, art. 4º: “As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.” CPC, art. 139, IV: “O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: (...) 17 www.g7juridico.com.br IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária;” 5.4. Boa-fé (5º CPC) (422 CC) (elevação a princípio) (Previsão expressa – Princípio infraconstitucional). I - O princípio da boa-fé é, geral, abstrato e é adaptável no tempo e no espaço. II – Alguns autores sustentam que a boa-fé já existia no CPC/1973 (art. 14). Todavia, esses autores sustentam que este princípio ganhou um novo status no CPC de 2015. III - O princípio da boa-fé do processo civil foi inspirado diretamente da legislação civil (art. 422 do CC). CPC, art. 5º: “Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé.” CC, art. 422: “Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.” a) Dispensa do elemento anímico (boa-fé objetiva) (ENUNCIADO 01 CFJ) A ideia de boa-fé remonta à boa-fé objetiva, ou seja, o comportamento que deve ser sancionado pelo Poder Judiciário deve ser praticado ainda que não haja dolo. A boa-fé, para ser violada pela parte, não depende da intenção de prejudicar a outra pare (independe de elemento anímico). Enunciado 1, I Jornada de Direito Processual Civil: “A verificação da violação à boa-fé objetiva dispensa a comprovação do animus do sujeito processual.” b)Preservação de 02 valores: previsibilidade/confiança (partes/juiz) I - A boa-fé é um comportamento que comporta dois grandes valores: previsibilidade de ações e confiança sistêmica. II - O princípio da boa-fé deve ser obedecido pelas partes e pelo juiz. Exemplo de quebra de boa-fé pelo juiz: preclusão pro judicato é a preclusão para o juiz. Tal preclusão é fruto da violação da boa-fé pelo juiz. Imagine que o juiz deferiu, em determinado caso, a prova pericial. As partes, portanto, confiam que haverá a produção de prova pericial. Imagine que outro juiz assuma o caso e decida que não há necessidade de perícia e julga o caso. Neste caso, as partes são surpreendidas pela publicação da sentença em diário oficial. Nesta situação, houve a quebra de boa- fé pelo juiz. Esta sentença deve ser anulada, pois o comportamento do julgador quebrou a previsibilidade e confiança no sistema. 18 www.g7juridico.com.br c) Institutos derivados: (venire contra factum proprio) (surrectio/supressio) (duty to mitigate the loss) (comportamentos processualmente contraditórios) (adimplemento substancial). I - Os exemplos de quebra de boa-fé pelas partes são traduzidos nos institutos da venire contra factum próprio, surrectio/supressio, (duty to mitigate the loss, comportamentos processualmente contraditórios. ✓ Todos estes institutos apregoam que o comportamento da parte que viola a previsibilidade de ações e a confiança sistêmica não pode gerar efeitos. II – Exemplo: nulidade de algibeira. Trata-se da situação em que o indivíduo silencia em relação a um vício existente no processo e faz uso dele apenas no momento que melhor lhe convier. d) Aplicações práticas no CPC: 79/80, 322, § 2º, 489, § 3º, etc. O professor cita a necessidade de o aluno analisar os dispositivos elencados a seguir: CPC, art. 79: “Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como autor, réu ou interveniente.” CPC, art. 80: “Considera-se litigante de má-fé aquele que: I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; II - alterar a verdade dos fatos; III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal; IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo; V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo; VI - provocar incidente manifestamente infundado; VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.” ✓ Nos casos de litigância de má-fé, a violação da boa-fé é feita com o elemento anímico. CPC, art. 322, §2º: “A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e observará o princípio da boa-fé.” CPC, art. 489, §3º: “ A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conjugação de todos os seus elementos e em conformidade com o princípio da boa-fé.” 5.5. Cooperação (6º, CPC) (Princípio expresso e infraconstitucional) CPC, art. 6º: “Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.” a) Democratização do processo – processo dialógico (Juiz assimétrico no decidir. Juiz isonômico no conduzir) I - A ideia do princípio da cooperação, na verdade, refere-se à democratizaçãodo processo. Trata-se de um modo de se ver o contraditório de um modo mais efetivo. 19 www.g7juridico.com.br II - O princípio da cooperação remete à ideia de que o processo deve ser conduzido de modo dialógico, fazendo com que o processo alcance um resultado de mérito justo e efetivo. O diálogo deve se dar no momento da condução do processo. Nesse aspecto, o juiz deve ser isonômico ao conduzir o processo, trabalhando juntamente com as partes. Entretanto, dentro do processo cooperativo, o juiz deve ser assimétrico no momento de decidir. b) Cooperação do juiz com as partes: deveres de esclarecimento (dúvidas – 139, VIII), consulta (oitiva prévia - 10), prevenção (advertência – 77, § 1º) e auxílio (321) I - O principal destinatário do princípio da cooperação é o juiz. Assim, sem dúvida nenhuma, o juiz deve cooperar com as partes. Ainda que a cooperação do juiz venha a beneficiar uma parte que tenha um advogado menos preparado, o juiz deve ajudar a remover os óbices para que se alcance decisão de mérito justa e efetiva. II – A doutrina portuguesa, de onde deriva tal princípio, cita quatro deveres derivados da cooperação: • Deveres de esclarecimento (dúvidas – art. 139, VIII) – Toda a vez que o juiz tiver dúvida sobre os fatos, ele deve convocar as partes para esclarecê-las. • Consulta (oitiva prévia – art. 10) – O juiz não pode tomar nenhuma decisão sem previamente dar às partes oportunidade de se manifestar. • Prevenção (advertência – art. 77, § 1º) – Compete ao juiz avisar às partes se ele verificar que o comportamento delas afronta a boa-fé. • Auxílio (art. 321) - O juiz tem o papel de remover os obstáculos que impeçam a parte de obter uma tutela razoável. CPC, art. 139, VIII: “O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: (...) VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso;” CPC, art. 10: “O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.” CPC, art. 77, § 1º: “Nas hipóteses dos incisos IV e VI, o juiz advertirá qualquer das pessoas mencionadas no caput de que sua conduta poderá ser punida como ato atentatório à dignidade da justiça.” CPC, art. 321: “O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.” http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art319 20 www.g7juridico.com.br d) Cooperação de partes com o juiz (191 e 357, § 2º, CPC) I – O professor afirma que o entendimento sobre o dever de cooperação das partes para com o juiz não é pacífico. Entretanto, ele entende que esse dever deve ser expresso (positivado) no ordenamento. Assim, segundo o professor, deve haver disciplina legal prevendo que o juiz pode exigir das partes determinados comportamentos cooperativos. II – Em suma: existe dever de cooperação das partes para com o juiz. Contudo, somente existirá esse dever se houver determinação legal específica. Exemplos: arts. 191 e 357, § 2º, CPC. CPC, art. 191: “De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática dos atos processuais, quando for o caso. § 1º O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele previstos somente serão modificados em casos excepcionais, devidamente justificados. § 2º Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a realização de audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário.” CPC, art. 357, §2º: “As partes podem apresentar ao juiz, para homologação, delimitação consensual das questões de fato e de direito a que se referem os incisos II e IV, a qual, se homologada, vincula as partes e o juiz.” e) Cooperação de parte com a outra parte ? ? ? (art. 338/339 CPC) I – O professor afirma que o dever de cooperação de parte com a outra parte é, na verdade, uma utopia do legislador. II – Os arts. 338 e 339 do CPC, segundo o professor, apesar de serem apontados como exemplos do dever de cooperação de parte com a outra parte, são, na verdade, instrumentos de que uma das partes se utiliza para sair da relação processual. CPC, art. 338: “Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu. Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas e pagará os honorários ao procurador do réu excluído, que serão fixados entre três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo este irrisório, nos termos do art. 85, § 8º .” CPC, art. 339: “Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação. § 1º O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição inicial para a substituição do réu, observando-se, ainda, o parágrafo único do art. 338 . § 2º No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição inicial para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu.” http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art85%C2%A78 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art85%C2%A78 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art338 21 www.g7juridico.com.br 5.6. Isonomia (7º, CPC e 5º, caput, e I, CF) A isonomia é princípio expresso, com previsão na CF/1988 e no CPC/2015. CPC, art. 7º: “É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.” CF, art. 5º, caput e I: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;” a) Garantia de igualdade formal e material No âmbito do processo civil, a isonomia é garantia de igualdade formal e material. • A igualdade formal não considera particularidades pessoais para que o tratamento seja igualitário. • A igualdade material considera particularidades pessoais para que o tratamento seja igualitário (“Tratar os desiguais na medida de suas desigualdades”) b) Regras em prol da igualdade formal (926/927 CPC) e material (art. 53, I, 63, § 3º, 180/183/186, 373, § 1º, 1.048, CPC) Exemplos de igualdade formal no âmbito do processo civil: arts. 926 e 927 CPC. Os dispositivos referem-se à valorização dos precedentes. CPC, art. 926: “Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente. § 1º Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento interno, os tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes a sua jurisprudência dominante. § 2º Ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem ater-se às circunstâncias fáticas dos precedentes que motivaram sua criação.” CPC, art. 927: “Os juízes e ostribunais observarão: I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; II - os enunciados de súmula vinculante; III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados. (...).” 22 www.g7juridico.com.br Exemplos de igualdade material no âmbito do processo civil: art. 53, I; art. 63, § 3º; arts. 180/183/186 (prazo em dobro); art. 373, § 1º (distribuição dinâmica do ônus da prova); e art. 1.048, CPC. CPC, art. 53, I: “É competente o foro: I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável: a) de domicílio do guardião de filho incapaz; b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz; c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal; d) de domicílio da vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha); (Incluída pela Lei nº 13.894, de 2019)” CPC, art. 63, §3º: “Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu.” CPC, art. 180: “O Ministério Público gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos autos, que terá início a partir de sua intimação pessoal, nos termos do art. 183, § 1º . § 1º Findo o prazo para manifestação do Ministério Público sem o oferecimento de parecer, o juiz requisitará os autos e dará andamento ao processo. § 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o Ministério Público.” CPC, art. 183: “A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal. § 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico. § 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o ente público.” CPC, art. 186: “A Defensoria Pública gozará de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais. § 1º O prazo tem início com a intimação pessoal do defensor público, nos termos do art. 183, § 1º . § 2º A requerimento da Defensoria Pública, o juiz determinará a intimação pessoal da parte patrocinada quando o ato processual depender de providência ou informação que somente por ela possa ser realizada ou prestada. § 3º O disposto no caput aplica-se aos escritórios de prática jurídica das faculdades de Direito reconhecidas na forma da lei e às entidades que prestam assistência jurídica gratuita em razão de convênios firmados com a Defensoria Pública. § 4º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para a Defensoria Pública.” http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13894.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art183%C2%A71 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art183%C2%A71 23 www.g7juridico.com.br CPC, art. 373, §1º: “Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.” CPC, art. 1048: “Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os procedimentos judiciais: I - em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou portadora de doença grave, assim compreendida qualquer das enumeradas no art. 6º, inciso XIV, da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988 ; II - regulados pela Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) . III - em que figure como parte a vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha). (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019) § 1º A pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando prova de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade judiciária competente para decidir o feito, que determinará ao cartório do juízo as providências a serem cumpridas. § 2º Deferida a prioridade, os autos receberão identificação própria que evidencie o regime de tramitação prioritária. § 3º Concedida a prioridade, essa não cessará com a morte do beneficiado, estendendo-se em favor do cônjuge supérstite ou do companheiro em união estável. § 4º A tramitação prioritária independe de deferimento pelo órgão jurisdicional e deverá ser imediatamente concedida diante da prova da condição de beneficiário.” c) Regras de duvidosa constitucionalidade: arts. 53, III, “f” e 98, § 8º, CPC. Algumas regras do CPC são de duvidosa constitucionalidade, pois beneficiam setores/órgãos específicos, como é o caso dos artigos 53, III, “f” e 98, § 8º, CPC, os quais beneficiam as serventias judiciais. CPC, art. 53, III, “f”: “É competente o foro: (...) III - do lugar: (...) f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de reparação de dano por ato praticado em razão do ofício;” CPC, art. 98, §8º: “Na hipótese do § 1º, inciso IX, havendo dúvida fundada quanto ao preenchimento atual dos pressupostos para a concessão de gratuidade, o notário ou registrador, após praticar o ato, pode requerer, ao juízo competente para decidir questões notariais ou registrais, a revogação total ou parcial do benefício ou a sua substituição pelo parcelamento de que trata o § 6º deste artigo, caso em que o beneficiário será citado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se sobre esse requerimento.” http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7713.htm#art6xiv. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7713.htm#art6xiv. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13894.htm#art2 24 www.g7juridico.com.br 5.7. Contraditório (9º e 10, CPC) (art. 5º LIV e LV da CF) O contraditório é princípio expresso, com previsão na CF/1988 e no CPC/2015. CPC, art. 9º: “Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica: I - à tutela provisória de urgência; II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III ; III - à decisão prevista no art. 701 .” CPC, art. 10: “O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.” CF, art. 5º, LIV: “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;” CF, art. 5º, LV: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;” a) Conceito(tripé): i) conhecer (236/275 CPC) – Só haverá a observância do contraditório se as partes tiverem conhecimento do que ocorre no processo. ii) participar (9º, CPC) (oportunidade – diferente do crime) – A participação no processo ocorre por meio da oportunidade que a parte tem de ser manifestar e de produzir provas. ✓ O contraditório do processo civil não é obrigatório como no processo penal. No processo civil, há a oportunidade de exercer o contraditório, sendo mera faculdade da parte. iii) influir (139, VI, 10 e 489, § 1º, CPC) – A manifestação da parte deve ter a capacidade de influenciar o órgão julgador. O juiz, ao julgar, deve considerar todos os argumentos das partes e isso pode ser verificado na fundamentação da decisão judicial. Existem alguns dispositivos do CPC que são bastante importantes nessa temática: art. 139, VI, 10 e 489, § 1º, CPC. CPC, art. 139, VI: “O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: (...) IV - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito;” CPC, art. 10: “O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.” http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art311ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art701 25 www.g7juridico.com.br CPC, art. 489, §1º: “Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.” b) Exceções (9º CPC) (contraditório diferido/postecipado) As exceções ao contraditório prévio estão no art. 9º do CPC. Tal artigo denota que nenhuma decisão será tomada contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. Todavia, é possível o contraditório postecipado (diferido) nos casos de tutela provisória de urgência, em alguns casos de tutela provisória de evidência e na tutela monitória. CPC, art. 9º: “Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica: I - à tutela provisória de urgência; II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III ; III - à decisão prevista no art. 701 .” c) Implicações práticas do 10 CPC (485, § 3º e 332) (exceção: 487, §) I - O art. 10 do CPC afirma que o juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. Exemplo: imagine que a parte ingresse com inicial em que possa ser feito o julgamento liminar de improcedência (art. 332, CPC). Entretanto, antes de julgar improcedente o pedido, o juiz aplica o art. 10 do CPC. CPC, art. 485, §3º: “O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.” CPC, art. 332: “Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art311ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art701 26 www.g7juridico.com.br II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local. § 1º O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição. § 2º Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença, nos termos do art. 241 . § 3º Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias. § 4º Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a citação do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias.” II – Exceção: na hipótese do art. 487, § único do CPC, há a dispensa da aplicação do art. 10 do CPC. CPC, art. 487, § único: “Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1º do art. 332 , a prescrição e a decadência não serão reconhecidas sem que antes seja dada às partes oportunidade de manifestar-se.” d) enunciados ENFAM ENUNCIADOS ENFAM 1) Entende-se por “fundamento” referido no art. 10 do CPC/2015 o substrato fático que orienta o pedido, e não o enquadramento jurídico atribuído pelas partes. 2) Não ofende a regra do contraditório do art. 10 do CPC/2015, o pronunciamento jurisdicional que invoca princípio, quando a regra jurídica aplicada já debatida no curso do processo é emanação daquele princípio. 3) É desnecessário ouvir as partes quando a manifestação não puder influenciar na solução da causa. 4) Na declaração de incompetência absoluta não se aplica o disposto no art. 10, parte final, do CPC/2015. 5) Não viola o art. 10 do CPC/2015 a decisão com base em elementos de fato documentados nos autos sob o contraditório. 6) Não constitui julgamento surpresa o lastreado em fundamentos jurídicos, ainda que diversos dos apresentados pelas partes, desde que embasados em provas submetidas ao contraditório. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art241 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art332%C2%A71 1 www.g7juridico.com.br INTENSIVO I Fernando Gajardoni Direito Processual Civil Aula 02 ROTEIRO DE AULA Tema 1: Princípios (continuação) Tema 2: Jurisdição e competência I 5.8. Publicidade e motivação (11, CPC e 5º, LX e 93, IX, CF) (explícitos) I - Os artigos 11 do CPC e 5º, LX e 93, IX da CF disciplinam os princípios da publicidade e da motivação. ✓ Tais princípios são de dupla positivação, pois estão previstos na CF e na legislação infraconstitucional. II – A regra da publicidade é uma conquista civilizatória do processo civil brasileiro, pois, por meio desse princípio, qualquer pessoa do povo pode ter acesso aos dados e atos administrativos dos poderes público. ✓ Frase do Ministro Ayres Brito: “O melhor detergente é a luz do sol”. CPC, art. 11: “Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade. Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público.” CF, art. 5º, LX: “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuaisquando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;” CF, art. 93, IX: “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou 2 www.g7juridico.com.br somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)” a) Exceções à publicidade (189 CPC) I -O art. 93 da CF e o art. 11 do CPC citam que a publicidade é a regra, mas, excepcionalmente, a lei pode restringi-la. II - As exceções estão previstas no art. 189 do CPC: • Exigência do interesse público ou social. Exemplo: discussão na justiça federal sobre os gastos no cartão de crédito corporativo de uma alta autoridade do governo federal. Entretanto, divulgar os gastos da autoridade pode colocar em risco a própria segurança nacional. Questões de direito de família (casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes) são assuntos que somente interessam aos envolvidos. • Dados protegidos pelo direito constitucional. Exemplo: vídeo íntimo divulgado na internet por uma das partes do relacionamento. • Processos envolvendo a arbitragem, desde que ela seja confidencial. A arbitragem tem previsão no art. 3º, §1º do CPC e na Lei 9.307/1996. Ela, como regra, não é confidencial. Todavia, por conta do princípio da autonomia da vontade, é possível que as partes estabeleçam a confidencialidade da arbitragem. ✓ Tal confidencialidade será respeitada em uma eventual intervenção do Poder Judiciário. CPC, art. 189: “Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos: I - em que o exija o interesse público ou social; II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes; III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade; IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo. § 1º O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores. § 2º O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação.” III - Observações: 1ª) Nas hipóteses das questões de família e nas hipóteses de arbitragem com cláusula de confidencialidade, o segredo de justiça é automático (ex vi legis). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1 3 www.g7juridico.com.br Nos casos de interesse público ou social e de dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade, quem decreta o segredo de justiça, por decisão fundamentada, é o juiz do caso concreto (ex vi iudex). 2ª) A rigor, terceiros não podem ter acesso a processo que está em segredo de justiça. Entretanto, há casos em que o terceiro possui interesse neste processo. Neste caso, o art. 189, §2º, CPC, estabelece que tal pessoa deve submeter ao juiz do caso o pedido e demonstrar o seu interesse jurídico. Caso o pedido seja deferido, o juiz determinará a expedição de uma certidão do dispositivo da sentença. b) Exceção às exceções do art. 189: interesse público no conhecimento da informação (art. 93, IX, CF, in fine) I - A exceção às exceções do art. 189 do CPC está positivada na própria Constituição Federal: CF, art. 93, IX: “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)” II - A CF/1988, na parte final do art. 93, IX, autoriza o juiz a quebrar o segredo de justiça toda vez que houver interesse público no conhecimento da informação. Assim, ainda que eventualmente a hipótese se encaixe nos casos previstos no art. 189, CPC, o juiz pode dar publicidade ao processo. Exemplo: uma alta autoridade do Estado está se divorciando, mas o processo traz informações importantes sobre os bastidores do poder público. c) Motivação substancial (art. 489, § 1º, CPC – conceito por negação) I – A motivação ou a fundamentação dos pronunciamentos judiciais é uma condição de legitimação constitucional e democrática do Poder Judiciário. II – O art. 93, IX da CF não traz a definição da motivação/fundamentação. Contudo, o legislador infraconstitucional, em seu art. 489, §1º, CPC, informa o que não é uma decisão fundamentada. CPC, art. 489, §1º: “Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1 4 www.g7juridico.com.br IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.” d) Compatibilização do 489, § 1º, IV, com o 4º CPC (celeridade) O grande desafio é conseguir compatibilizar o art. 489, §1º, IV, com o art. 4º, ambos do CPC. CPC, art. 489, §1º, IV: “Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: (...) IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;” Tema: Jurisdição e competência I 1. Generalidades 1.1. Jurisdição (conceito, características e observações) I - Conceito: Jurisdição é o atributo ou a capacidade de, genericamente, dizer o direito de modo definitivo. Toda órgão que tem tal capacidade detém a jurisdição. ✓ O poder é uno, mas o Estado o exerce por meio das três funções: função legislativa, função executiva e função jurisdicional. II - Características da jurisdição São cinco características: • Indelegabilidade: a jurisdição não pode ser exercida por outros que não sejam os juízes. • Inércia: como regra, o Poder Judiciário só age quando é acionado. 5 www.g7juridico.com.br • Inafastabilidade: nem lei, nem a CF, nem portaria e nem regulamento poderiam definir que a jurisdição não apreciasse determinadas questões. CPC, art. 3o “Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. § 1o É permitida a arbitragem, na forma da lei. (...)” • Imparcialidade: a jurisdição pressupõe um julgamento imparcial. • Definitividade: somente órgãos detentores de jurisdição podem dizer o direito de modo definitivo. A definitividade está intimamente ligada à coisa julgada do art. 502 e seguintes do CPC, dispositivos que estabelecem que os pronunciamentos
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