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História do Brasil Império - Livro-Texto Unidade II

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Unidade II
Unidade II
Nesta unidade vamos abordar as dificuldades políticas enfrentadas na construção da ordem imperial, 
abalada com a abdicação de Pedro I, e de que maneira as elites articularam‑se num contexto marcado 
pela explosão de diversas revoltas que, no limite, destruiriam o Império. Começaremos pela estrutura 
das Regências, vamos apresentar o Ato Adicional e, depois, as revoltas mais conhecidas e presentes na 
maioria dos grandes manuais, assim como as menos abordadas, mas igualmente relevantes.
REGÊNCIAS
A saída de Pedro I do poder em 7 de abril de 1831 foi marcada pelo envolvimento de diversos setores da 
sociedade brasileira, mas ao final do processo, as demandas atendidas não foram as de todos os envolvidos. Pelo 
contrário, as estruturas sociais que beneficiavam os setores mais elitizados convergiram para que o Império fosse 
mantido integralmente, não sem conflitos, não sem guerras e não sem ameaças muito diretas à manutenção da 
ordem imperial. Por fim, ao menos para a geração que conseguiu livrar‑se de Pedro I, seus principais interesses 
foram assegurados enquanto classe e enquanto grupo dominante político e economicamente.
5 REGÊNCIAS, ORGANIZAÇÃO POLÍTICA
As sessões de debates políticos no Senado do Império que se seguiram à partida do primeiro imperador 
ajudam‑nos a ter, em parte, a medida da temperatura política e das possibilidades de acomodações ou 
enfrentamentos presentes na sociedade brasileira.
Em 1831 Pedro de Alcântara era ainda uma criança, conforme a iconografia de época buscou salientar.
Figura 19 – Pedro de Alcântara, ainda criança, o herdeiro do trono brasileiro
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HISTÓRIA DO BRASIL IMPÉRIO
Assim, o problema aberto com a menoridade do herdeiro traz à tona a opinião dos políticos da época 
sobre o que fazer em tão inusitada realidade da jovem nação.
‘A abdicação é perfeita’, dizia Almeida e Albuquerque. ‘Agora o primeiro 
passo que devemos dar é nomear uma Regência, e na mesma opinião 
cumpre proceder conforme a Constituição, compondo essa Regência de três 
conselheiros de Estado e dois Ministros de Estado; mas todavia, se quiserem, 
seja Regência de três membros, em vez de cinco (BRASIL, 1831d, p.10).
Quando ocorre uma crise política dessa magnitude pode surgir a indagação a respeito de como 
fica o poder e quem deve ser o chefe do poder executivo. Você já parou para pensar como é a 
linha de sucessão nos diversos poderes existentes na República do Brasil nos dias atuais? Quem 
fica na presidência no caso da vacância do cargo? E se o vice não puder assumir, como se garante a 
ordem institucional? Essas questões que aparentemente nos são tão distantes, pois aqui se trata do 
Império, um momento que já foi encerrado, devem fazer‑nos observar como é organizado o mundo 
em que vivemos. Para conseguirmos entender essa organização, a referência fundamental que deve 
ser considerada é a que está prevista na Constituição, portanto, atualmente temos uma determinada 
linha sucessória, mas como estava previsto isso em 1831?
A Constituição outorgada pelo Imperador em 1824 trazia, no tocante à sucessão do trono, as 
seguintes determinações:
Artigo 121 – O imperador é menor até a idade de dezoito anos completos.
Artigo 122 – Durante sua menoridade, o Império será governado por uma 
regência, a qual pertencerá ao parente mais chegado do imperador, segundo 
a ordem de sucessão, e que seja maior de 25 anos.
Artigo 123 – Se o imperador não tiver parente algum, que reúna estas 
qualidades, será o Império governado por uma regência permanente, 
nomeada pela Assembleia Geral, composta por três membros, dos quais o 
mais velho em idade será o presidente.
Artigo 124 – Enquanto esta regência não se eleger, governará o Império 
uma regência provisional, composta dos ministros de Estado do Império, 
e da Justiça; e dos dois conselheiros de Estado mais antigos em exercício, 
presidida pela imperatriz viúva, e na sua falta, pelo mais antigo conselheiro 
de Estado (FAZOLI, 1990, p. 16).
O segundo problema enfrentado não era apenas saber o que fazer, ou como o poder deve ser exercido, 
a questão fundamental era: por quem? Naqueles dias, setores políticos divergentes articulavam‑se 
ainda mais e o espectro político tornava‑se mais amplo e complexo. Apesar de majoritariamente 
elitistas, era preciso conter os interesses e os ânimos daqueles que poderiam representar ameaças à 
ordem social estabelecida.
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ModeradosExaltados
Progressistas
Restauradores
Regressistas
Figura 20 – Organização dos grupos políticos no início das Regências e seu desenvolvimento
De um lado, havia os considerados “exaltados”, aqueles que faziam a oposição mais agressiva aos 
setores apoiadores do imperador que acabara de abdicar. Alguns chegam mesmo a denominá‑los liberais 
exaltados, sendo, por todo o Império, vistos como opositores ao Poder Moderador, ao Senado vitalício 
e ao Conselho de Estado, todos amplamente favoráveis à concessão de maiores poderes às províncias 
do Império, em um claro movimento de descentralização política que deveria reduzir as ingerências 
do poder central sobre as realidades locais. Havia, entre esses liberais, os ainda mais exaltados que 
chegavam mesmo a falar em república federalista.
 Saiba mais
Procure verbetes específicos como constituição, abdicação ou mesmo 
regências. Procure também outros termos que lhe despertem interesse no 
período e amplie seus conhecimentos e capacidade de discutir e aprofundar 
as discussões sobre o Império. Para tanto, indicamos:
VAINFAS, R. Dicionário do Brasil Imperial 1822‑1889. Rio de Janeiro: 
Objetiva, 2002.
Aos liberais mais moderados havia também a oposição por parte daqueles que sonhavam ainda com 
o retorno de Pedro I ao trono do Brasil, sendo estes vistos como Restauradores, ou Caramurus – o que 
lhes dava como característica fundamental um centralismo político nos moldes da Constituição de 1824. 
Tal grupo era uma ameaça aos defensores de mudanças mais significativas em termos de participação 
política, mas com a morte de Pedro IV de Portugal, o grupo perdeu a razão de ser. Esses conservadores 
agrupavam‑se em torno da chamada Sociedade Conservadora, sendo originários da burocracia imperial 
e dos comerciantes de grosso trato, até mesmo do tráfico negreiro.
 Lembrete
Vale lembrar que recorrer aos dicionários, tanto aqueles mais especializados, 
quanto os mais gerais, deve ser uma prática recorrente na preparação de aulas, 
de apresentações e mesmo para a fundamentação de discussões teóricas.
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HISTÓRIA DO BRASIL IMPÉRIO
Exemplo de aplicação
Você consegue explicar a diferença entre os papéis políticos permitidos para a participação popular 
no Período Regencial do Império do Brasil e depois, no final do século XX, em 1993, quando realizado o 
plebiscito que poderia definir o retorno da monarquia ao Brasil?
 Saiba mais
Sobre o Plebiscito de 1993 pode‑se consultar o site do TSE:
PLEBISCITO DE 1993. Tribunal superior eleitoral, Brasília, 2014. 
Disponível em: <http://www.tse.jus.br/eleicoes/plebiscitos‑e‑referendos/
plebiscito‑de‑1993>. Acesso em: 4 fev. 2015.
Retomando o cenário político, havia três grupos principais que representavam as tendências em 
conflito em 1831: os liberais exaltados (considerados radicais), os liberais moderados e os regressistas 
(favoráveis ao retorno de Pedro I ao trono). Deste modo, existam muitasdisputas envolvendo setores 
elitistas – alguns mais conservadores, outros mais liberais; alguns relacionados à grande propriedade 
rural escravista cafeicultora no Sudeste, outros, grupos fronteiriços que desde a Guerra da Cisplatina 
reclamavam de impostos e intromissões do poder imperial em sua realidade local, e ainda outros, 
representando a decadente açucarocracia nortista.
O quadro político era cada vez mais complexo, pois nas cidades, havia setores sociais começando 
a entrar em cena – tal como havia ocorrido por ocasião dos embates e assassinato de Líbero Badaró. E 
ainda, como não poderia deixar de ser, havia os setores que representavam a esmagadora maioria da 
população do Brasil, ou seja, a população rural.
Fazer um mapa dessa população tão diversificada em termos de interesses, distribuição geográfica, 
ocupação e realidade material é extremante problemático, uma vez que o primeiro censo realizado no 
Império data, apenas, de 1872.
 Saiba mais
Para aprofundar seus conhecimentos sobre o censo realizado em 1872, 
no II Reinado, consulte o verbete Censo, no já referido:
VAINFAS, R. Dicionário do Brasil Imperial 1822‑1889. Rio de Janeiro: 
Objetiva, 2002.
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5.1 Regência Trina Provisória
O Parlamento precisou realizar uma sessão extraordinária para debater e dar algum encaminhamento 
para a crise, e assim as discussões levaram à escolha de três nomes para compor o governo provisional 
enquanto não se elegesse o poder permanente.
Em nome do Imperador menino, ainda não coroado, governava Francisco de Lima e Silva – militar 
experiente e que já dera provas de sua lealdade ao Império quando da repressão à Confederação do 
Equador, em 1824. Considerando a instável situação do Império, um militar seria caução da ordem e 
integridade territorial, além, é claro, de ser habilitado para conter possíveis revoltas e manifestações que 
desde meados da década de 1820 já grassavam no Império. Era uma escolha pela estabilidade em um 
momento de incertezas.
Outro nome foi o do político José Joaquim Carneiro de Campos, o Marquês de Caravelas. Político 
conservador dos círculos mais próximos ao antigo imperador, representava também, uma opção pela ordem 
e manutenção das instituições do Império, tal como uma garantia de que não haveria risco de surpresas ou 
mesmo de mudanças mais radicais. No quadro político das escolhas para a Regência, o povo ficava de fora.
O terceiro nome escolhido foi o do político liberal Nicolau de Campos Vergueiro, agradando aos 
grupos emergentes de cafeicultores do sudeste, ele mesmo um importante proprietário radicado no 
interior de São Paulo, sobre o qual ainda falaremos devido sua experiência com os imigrantes.
Regência 
Trina Provisória
Carneiro de 
Campos –
conservador
Brigadeiro
Lima e Silva ‑ 
militar
Senador
Vergueiro –
liberal
Figura 21 – Organização da Regência Trina Provisória – note‑se 
que os três nomes representam três forças distintas
A ordem imperial aparentemente estava preservada com o movimento de convergência entre as 
elites, mas a realidade histórica era mais complexa do que um jogo entre alguns setores sociais. No 
momento da posse do governo, foi proferido o seguinte juramento pelos três regentes:
Juro manter a religião católica apostólica romana, a integridade e 
indivisibilidade do Império, observar, e fazer observar a Constituição política 
da nação brasileira, e mais leis do Império, e prover ao bem geral do Brasil, 
quanto em mim couber. Juro fidelidade ao Imperador o senhor D. Pedro II, 
e entregar o governo à Regência Permanente, logo que for nomeada pela 
Assembleia Geral (BRASIL, 1914, p. 8).
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Com a necessidade de regulamentar poderes e esclarecer atribuições, em 14 de junho de 1831, o 
Parlamento aprovava a Lei de Regência e escolhemos trazer aqui diversos artigos, a saber:
Sobre a fórma da eleição da Regencia permanente, e suas attribuições.
A Regencia Provisoria, em Nome do Imperador, faz saber a todos os subditos 
do Imperio, que a Assemblea Geral Decretou a Lei seguinte:
— Art 1º Durante a minoridade do Senhor D. Pedro II, o Imperio será 
governado por uma Regencia permanente, nomeada pela Assemblea 
Geral, composta de tres membros, dos quaes o mais velho em idade 
será o Presidente como determina o titulo 5º capitulo 5º art. 123 da 
Constituição.
— Art 2º Esta nomeação se fará em Assemblea Geral, reunidas as duas 
Camaras a pluralidade absoluta de votos dados em escrutinio secreto
— Art 4º Recolhidas e contadas as cedulas, far‑se‑ha a apuração, e 
os tres que mais votos obtiverem tendo pluralidade absoluta serão 
declarados membros da Regencia.
— Art 10. A Regencia nomeada exercerá, com a referenda do Ministro 
competente, todas as attribuições, que pela Constituição do Imperio 
competem ao Poder Moderador, e ao chefe do Poder Executivo, com 
as limitações e excepções seguintes.
— Art 18. A attribuição de nomear Bispos, Magsitrados, Commandantes 
da Força de Terra e Mar, Presidentes das Provincias, Embaixadores 
e mais Agentes Diplomaticos e Commerciaes, e membros da 
Administração da Fazenda Nacional na Corte, e nas Provincias os 
membros das Juntas de Fazenda, ou as autoridades, que por Lei, as 
houverem de substituir, será exercida pela Regencia.
— Art 19. A Regencia não poderá:
1° Dissolver a Camara dos Deputados
2° Perdoar aos Ministros e Conselheiros de Estado, salvo a pena de morte, 
que será commutada na immediata, nos crimes de responsabilidade.
3° Conceder amnistia em caso urgente, que fica competindo a Assemblea 
Geral, com Sancção da Regencia dada nos termos dos artigos antecedentes.
4° Conceder Titulos, Honras, Ordens Militares, e Distincções.
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5° Nomear Conselheiros de Estado, salvo no caso em que fiquem menos de 
tres, quantos bastem para se preencher este numero .
6° Dispensar as formalidades, que garantem a liberdade individual.
— Art 20. A Regencia não poderá, sem preceder approvação da Assemblea 
Geral :
1° Ratificar Tratados, e Convenções de Governo a Governo.
2° Declarar a guerra.
— Art 21. A Regencia, estando reunida, terá a mesma continencia militar, 
que compete ao Imperador : os requerimentos, representações, 
petições, memorias, e officios que lhe foram dirigidos, serão feitos 
como ao Imperador. (BRASIL, 1831a)
A escolha de trazer alguns dos artigos ocorreu deixando vários outros de fora e os aqui apresentado 
são os mais relevantes para que possamos observar a estrutura política do Império centrada no poder 
executivo. A grafia não foi atualizada porque acreditamos ser plenamente viável a leitura na forma da 
época e mais, como uma maneira de perceber as mudanças.
No dia 17 de junho, pouco após a aprovação da Lei de Regência, foi votada a Regência Trina 
Permanente. É importante assinalar que Pedro I abdicou em 7 de abril de 1831 e em junho já era trocado 
o governo!
5.2 Regência Trina Permanente
A escolha do parlamento recaiu sobre o deputado José da Costa Carvalho (o marquês de Monte 
Alegre), representante político do sul do Império – o que atualmente corresponderia ao Sudeste –, João 
Bráulio Muniz, representando o norte, e o Brigadeiro Francisco de Lima e Silva, membro da Regência 
Provisória e representante militar no esforço pela manutenção da ordem no Império.
Regência 
Trina Permanente
João Bráulio 
Moniz
Brigadeiro
Lima e Silva ‑ 
militar
José Costa 
Carvalho
Figura 22 – Organização da Regência Trina Permanente – note‑se a mudançana organização, 
sendo mantido o militar, “Chico Regência” e agora escolhido Bráulio Moniz, do norte, e Costa Carvalho, do sul
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Apesar dos três nomes citados, de fato, o governo ficava a cargo do então ministro da Justiça, padre 
Diogo Antonio Feijó, representante dos setores liberais paulistas, liberais sim, mas não populares. Do 
círculo político de Feijó, fazia parte o também muito influente Evaristo da Veiga, com o qual partilhava 
da ideia de um Poder Executivo fortalecido.
A pressão dos liberais teve como um dos seus principais resultados o afastamento do histórico líder 
conservador José Bonifácio de Andrada e Silva da importante função de tutor do imperador menino, 
sendo substituído pelo Visconde de Itanhaém, Inácio de Andrade Souto Maior. Apesar da função não 
ter papel político, no sentido de que não dava atribuições governamentais a quem a exercia, influenciar 
Pedro de Alcântara em sua formação política tinha sua importância.
A questão da escravidão ainda era um sério problema a ser debatido na sociedade e nas instâncias políticas 
e, quiçá, por muitos e muitos anos continuou sendo umas das mais relevantes e problemáticas discussões 
realizadas no Brasil. Lembremos, ainda, que havia pressões externas para que o Império, ao menos, suspendesse 
o tráfico negreiro, pois assim o prometera desde as tratativas pelo reconhecimento da Independência com a 
Inglaterra, e então a Regência Trina Permanente aprovou uma lei contra o tráfico externo:
Lei de 7 de Novembro de 1831
Declara livres todos os escravos vindos de fôra do Imperio, e impõe penas 
aos importadores dos mesmos escravos.
A Regencia, em Nome do Imperador o Senhor D. Pedro II, Faz saber a todos 
os Subditos do Imperio, que a Assembléa Geral Decretou, e Ella Sanccionou 
a Lei seguinte:
Art. 1º Todos os escravos, que entrarem no territorio ou portos do Brazil, 
vindos de fóra, ficam livres. Exceptuam‑se:
1º Os escravos matriculados no serviço de embarcações pertencentes a 
paiz, onde a escravidão é permittida, emquanto empregados no serviço das 
mesmas embarcações.
2º Os que fugirem do territorio, ou embarcação estrangeira, os quaes serão 
entregues aos senhores que os reclamarem, e reexportados para fóra do 
Brazil (BRASIL, 1831c).
Os liberais articulavam‑se buscando algum fortalecimento, e em fins de julho de 1832 Feijó tentou 
uma manobra política que diminuiria o papel político do Senado, concentrando ainda mais poderes nos 
regentes, no entanto, os setores mais conservadores perceberam a gravidade da situação e o político 
nortista Honório Hermeto Carneiro Leão conseguiria a própria substituição de Feijó no comando da pasta 
da Justiça. No entanto, os liberais não se davam por vencidos e continuavam a investir seus esforços no 
sentido de promulgar algumas reformas constitucionais que atendessem aos anseios descentralizadores 
dos liberais tidos por moderados.
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Um dos mecanismos criados nessa época para assegurar o poder dos senhores locais foi a criação 
da Guarda Nacional, em agosto de 1831, sendo ela responsável por garantir a ordem local. Na prática, 
acabava por assegurar aos grandes senhores um enorme poder sobre as populações.
Leia a seguir alguns trechos da lei de criação da Guarda Nacional:
Lei de 18 de Agosto de 1831
Crêa as Guardas Nacionaes e extingue os corpos de milicias, guardas 
municipaes e ordenanças.
[...] Art 1° As Guardas Nacionaes são creadas para defender a Constituição, 
a liberdade, Independencia, e Integridade do Imperio; para manter a 
obediencia e a tranquilidade publica; e auxiliar o Exercito de Linha na defesa 
das fronteiras e costas.
[...] Art. 10 Serão alistados para o serviço das Guardas Nacionaes nas cidades 
do Rio de Janeiro, Bahia, e Recife, Maranhão, e seus respectivos termos:
1° Todos os cidadãos brazileiros, que podem ser Eleitores, comtanto que 
tenham menos de 60 annos de idade, e mais de 21.
2° Os cidadãos filhos familias de pessoas, que tem a renda necesaria para 
serem Eleitores, com tanto que tenham 21 annos de idade para cima.
Em todos os outros Municipios do Imperio serão alistados:
1° Os cidadãos que tem voto nas eleições primarias, uma vez que tenham 21 
annos de idade até 60.
2° Os cidadãos filhos familias de pessoas, que tem a renda necessaria para 
poderem votar nas eleições primarias, com tanto que tenham acima de 21 
annos de idade para cima.
O serviço das Guardas Nacionaes é obrigatório, e pessoal, salvas as excepções 
adiante declaradas (BRASIL, 1831b).
O que estava em jogo entre 1833 e 1834 não era um processo revolucionário entre os 
membros das elites que disputavam os postos de comando no Rio de Janeiro, antes disso, eram 
disputas absolutamente reformistas e as medidas resultantes desse processo buscavam conduzir 
o Império para uma situação mais moderada e que evitasse o que na época era visto como 
radicalismo e anarquia.
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5.3 Ato Adicional de 1834
A predominância dos liberais moderados foi sentida no Parlamento e as falas dos Restauradores 
e dos Liberais Exaltados foram confrontadas por propostas que convergiram para a aprovação do Ato 
Adicional à Constituição do Império, em 1834.
Lei nº 16, de 12 de Agosto de 1834
Faz algumas alterações e adições à Constituição Política do Império, nos 
termos da Lei de 12 de outubro de 1832.
A Regência permanente, [...], decretou as seguintes mudanças e adições à 
mesma Constituição.
Art. 1º O direito, reconhecido e garantido pelo art. 71 da Constituição, será 
exercido pelas Câmaras dos Distritos e pelas Assembléias, que, substituindo 
os Conselhos Gerais, se estabelecerão em todas as províncias, com o titulo 
de: Assembléias Legislativas Provinciais.
[...] Art. 2º Cada uma das Assembléias Legislativas provinciais constará de 36 
membros nas Províncias de Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, Minas e São 
Paulo; de 28 nas do Pará, Maranhão, Ceará, Paraíba, Alagoas e Rio Grande do 
Sul; e de 20 em todas as outras. Este número é alterável por lei geral.
[...] Art. 26. Se o Imperador não tiver parente algum que reúna as qualidades 
exigidas no art. 122 da Constituição, será o Império governado, durante a 
sua menoridade, por um Regente eletivo e temporário, cujo cargo durará 
quatro anos, renovando‑se para esse fim a eleição de quatro em quatro 
anos.
Art. 27. Esta eleição será feita pelos eleitores da respectiva Legislatura, os 
quais reunidos nos seus Colégios, votarão por escrutínio secreto em dois 
cidadãos brasileiros, dos quais um não será nascido na Província a que 
pertencem os Colégios, e nenhum deles será cidadão naturalizado.
[...] Art. 32. Fica suprimido o Conselho de Estado de que trata o Título 5º, 
Capitulo 7º da Constituição (BRASIL, 1834).
O teor geral é de descentralização política, ataque às bases do poder dos Conservadores e atendimento 
às demandas das elites locais – o que parece distanciar a estrutura política das formas que foram 
adotadas com a Lei da Regência original. Além disso, ocorreu uma mudança fundamental na estrutura 
do comando político, e, contrariando a própria Constituição de 1824, a Regência que deveria ser Trina, 
tornou‑se Una, e ainda por cima deveria ser escolhida por eleição direta.
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Unidade II
O redator da lei do Ato Adicional de 1834, anos mais tarde, falaria sobre o momento crítico do Império 
e revelariaas mudanças políticas com as quais os líderes da nação tinham que lidar constantemente. 
Dizia Bernardo Pereira de Vasconcelos:
Fui liberal, então a liberdade era nova no país, estava nas aspirações de 
todos, mas não nas leis, não nas ideias práticas; o poder era tudo; [...] 
os princípios democráticos tudo ganharam e muito comprometeram; 
a sociedade que até então corria risco pelo poder, corre agora risco 
pela desorganização e pela anarquia [...] e por isso sou regressista 
(SILVA, 2011, p. 2).
E para melhor esclarecer como tantas mudanças eram percebidas na sociedade brasileira o autor 
indicado remete‑se a uma figura mitológica, carregada de simbologias e que serve perfeitamente para 
nos situar naquele momento de tantos embates:
Vasconcelos carregou o epíteto de Proteu – personagem mitológico grego, 
que mudava de forma quando desejava – pespegado pelos adversários, 
pelos periódicos Aurora Fluminense e pelos mineiros O Universal e Astro de 
Minas, ao longo de 1836, na irônica crítica a sua “versatilidade” (CARVALHO, 
1999: 24, e NABUCO, 1997: v. II, 103). Um caminho proteiforme que remete 
à própria história do país, no serpenteado político de suas primeiras décadas 
(SILVA, 2011, p. 2).
5.4 Regência Una – Feijó
O candidato a Regente Uno do Império seria o próprio antigo ministro da Justiça, Padre 
Diogo Antonio Feijó, apoiado por Evaristo da Veiga, com seu importante jornal Aurora 
Fluminense. Em 6 de abril de 1835, véspera da eleição geral no Império para o Regente, a 
Aurora Fluminense trazia:
Ao menos os Moderados trabalham em favor de um candidato 
[Feijó] que é seu desde 1831, não mudarão de opinião à vontade das 
potências dominadoras, nem apresentarão um caráter de instabilidade 
vergonhosa qual a do seu adversário (FAZOLI, 1990, p. 31).
Em 7 de abril transcorreram as eleições e o candidato Holanda Cavalcanti foi derrotado por Feijó, 
sendo a contagem realizada entre 5 e 9 de outubro. A posse ocorreu no dia 12 de outubro de 1835 e 
momentos de grande instabilidade social ainda sacudiriam o Império, de norte a sul. O quadro geral da 
votação ficou assim:
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HISTÓRIA DO BRASIL IMPÉRIO
Quadro 3 
Colocação Candidato Número de votos
1º Feijó 2826
2º Holanda Cavalcanti 2251
3º Costa Carvalho 847
4º Araújo Lima 760
5º Lima e Silva 629
6º Pais de Andrade 605
7º Bernardo Vasconcelos 595
Fonte: Fazoli (1990, p. 32).
Somando os votos dos sete nomes apresentados chegamos ao expressivo número de 8513.
Regência 
Una
Feijó – liberal
Figura 23 – Regência Una: Feijó. Note o desaparecimento dos diversos 
outros núcleos de poder e a concentração em um único, liberal
Ainda nas palavras de Fazoli, como cada votante indicava dois nomes, foram quase doze mil votos, 
muitos tributados a candidatos que não possuíam qualquer visibilidade. Os eleitores, poucos e da elite, 
puderam, sem dúvida, indicar o nome que bem entenderam para ocupar o maior posto do Executivo.
Entre os principais concorrentes é possível perceber a divisão que havia entre as classes dirigentes. 
Feijó destacou‑se em um cenário bastante fragmentado. Vale ressaltar que a forma de escolha do 
regente, bem como a recente descentralização política que atribuía um importante papel às Assembleias 
Provinciais, eram percebidas como uma condição excepcional e estranha, algo como uma “experiência 
republicana”, o que causava sérias preocupações entre os mais conservadores que perderam espaço com 
o recente avanço liberal.
O governo de Feijó foi bastante atribulado, marcado por disputas entre o Executivo, que buscava 
se fortalecer, e o Parlamento, que tentava manter sua importância na divisão de poderes do Império. 
Quando levantes rebentaram em diversas províncias, houve quem acusasse Feijó de muito moderado 
– como no caso da Cabanagem e da Farroupilha, movimentos que trataremos mais adiante. A própria 
fuga de Bento Gonçalves, um dos chefes farroupilhas, da prisão em Salvador, contou contra o regente.
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Figura 24 – O Regente Feijó
No momento em que buscava apoio para fazer frente às ameaças internas ao Império, a Câmara 
aliou‑se principalmente ao núcleo político de Carneiro Leão e Bernardo Pereira de Vasconcelos – que 
mudara de lado no espectro político, passando a ser um dos nomes mais respeitados da ala Conservadora. 
Nas palavras de Fazoli (1990, p. 35), estavam nascendo, assim, dois grupos: Progressistas e Regressistas, 
que seriam os embriões dos dois grandes partidos do II Reinado: Liberais e Conservadores. Agora, 
ninguém mais se identificava como Moderado.
Os Progressistas buscavam manter a descentralização, evitando que as províncias perdessem espaço 
para o centro político do Império. Era, nas províncias, que havia ricos proprietários defendendo seu 
poder local. Os Regressistas, ao contrário, intitulavam‑se como o partido da ordem, em razão de sua 
clara adesão ao centro político do Império. Pode‑se afirmar, inclusive, que constituíam uma espécie de 
burocracia estatal.
O governo de Feijó foi um período de atritos entre o Executivo e o Legislativo, desgastando 
profundamente o regente liberal. Apesar do risco constante de ruptura institucional, em 31 de outubro 
de 1836, o Regente, no momento da “Fala do Trono”, afirmou: “Seis meses de sessão não bastaram 
para descobrir remédios adequados aos males públicos: eles, infelizmente, vão em progresso; oxalá que 
na futura sessão o patriotismo e a sabedoria da Assembléia Geral possam satisfazer as urgentíssimas 
necessidades de Estado! Está fechada a sessão” (BRASIL, 1978, p. 333).
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5.5 Regência Una – Araújo Lima
As constantes substituições de ministros deixavam descontentes até mesmo os liberais mais próximos 
a Feijó, o que ficava patente com a ruptura entre ele e Evaristo da Veiga em 1837. A falta de apoio 
ao governo era tamanha que mesmo quando Feijó procurou quem o sucedesse, muitos recusaram o 
encargo, como ocorreu com Aureliano Coutinho, Costa Ferreira, Limpo de Abreu e Antônio Francisco de 
Paula Sousa, sendo que apenas o presidente da Câmara, o conservador Pedro de Araújo Lima, aceitaria 
o desafio de conduzir o governo em momentos tão conturbados. Logo, Pedro de Araújo Lima foi feito 
senador e ministro muito rapidamente, entre 5 e 18 de setembro.
Em 19 de setembro, Feijó deixava o governo e o ministro precisava convocar eleições. A percepção no 
momento foi de que a crise foi causada pela intransigência do Executivo progressista, mas autoritário. 
Cabia ao Parlamento resolver como ficaria a condução do governo.
A Assembleia Geral aceitava bem Bernardo Pereira de Vasconcelos como ministro da Justiça, sendo 
ele um dos maiores articuladores dos Regressistas e, assim, partidário da centralização política.
Regência 
Una
Araújo Lima –
conservador
Figura 25 – Esquema da Regência Una de Araújo Lima, conservador
 Observação
Regresso era o termo usado para designar a atuação da corrente mais 
conservadora da elite, que desejava regressar ao sistema de centralização 
política, reforçando a autoridade central. Esta corrente, que se opunha à 
política do regente Feijó, acabou vitoriosa com a subida ao poder de Pedro 
de Araújo Lima, futuro marquês de Olinda (CARVALHO, 1999, p. 225).
E em sua fala, Bernardo Pereira de Vasconcelos admitia:
Para que as nossas instituições liberais produzam os esperados frutos, [...] 
hei de mister que o governo tenha a necessária força [...]. Esta força pensa 
o governo encontrá‑la na sua própria organização, sujeitando‑se osseus 
membros a uma recíproca responsabilidade por seus atos governativos, [...] 
se tranquilizem os empregados públicos: o governo não indagará qual o 
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partido que seguiam e quais as opiniões que professavam [...]. Não intenta 
o governo dominar as opiniões, mas não as verá com indiferenças quando 
hostis aos princípios vitais da administração (FAZOLI, 1990, p. 41).
A consagração desses princípios ocorrera quando da eleição em abril de 1838, dando a vitória a 
Araujo Lima sobre Holanda Cavalcanti, por 4308 a 1981 votos. Bem diferente era, agora, a situação em 
relação à eleição de Feijó.
Figura 26 – Araújo Lima, Regente Uno e conservador
No governo de Araujo Lima foi criado o Arquivo Público, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro 
e o Imperial Colégio D. Pedro II. Construíam‑se mecanismos de efetivação da burocracia do Estado 
Imperial, bem como mecanismos de difusão de sua ideologia centralista e laudatória da casa dos 
Bragança, como ocorreria com o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro no decorrer do século XIX.
Os Regressistas, no entanto, para consolidar seus esforços de estabilização do Império, tinham um 
desafio à altura da própria manutenção da unidade do Brasil e das suas instituições, a saber, atacar a 
descentralização representada pelo Ato Adicional de 1834, e isso somente seria possível como uma nova 
lei, a Lei Interpretativa do Ato Adicional, originada no projeto de Paulino de Souza, em 12 de maio de 1840.
O contra‑ataque liberal viria com a proposta de um conselho da Coroa, algo parecido com o extinto 
Conselho de Estado e também com projeto de imediata maioridade do Imperador, proposta derrotada 
por dois votos. Pedro II somente deveria assumir o poder em 2 de dezembro de 1843, mas as crises 
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em torno de revoltas que estouravam por todo o Império indicavam que novos rumos precisavam ser 
tomados para superar a difícil situação. Alijados do poder com o Regresso Conservador, a bandeira da 
maioridade parecia aos liberais o caminho mais curto de retorno ao poder imperial.
Antonio Carlos de Andrada e Holanda Cavalcanti, em abril de 1840, fundavam a Sociedade Promotora 
da Maioridade, ou o Clube da Maioridade e a eles se juntariam nomes como Limpo de Abreu, Teófilo 
Otoni, o Brigadeiro Francisco de Lima e Silva e Aureliano Coutinho. Adversários deixavam de lado suas 
diferenças congregando‑se em torno da causa da Maioridade, sendo esta vista como uma maneira de 
pacificar o Império. Até mesmo o líder regressista histórico, que era Bernardo Pereira de Vasconcelos, 
admitia a hipótese de antecipação da maioridade.
Antonio Carlos de Andrada, em 21 de julho, apresentava à Câmara o projeto de Maioridade e Araujo 
Lima dirige‑se a Pedro para lhe comunicar a decisão de antecipar a coroação para seus 15 anos, mas os 
Liberais adiantaram‑se nas medidas e ao consultar Pedro sobre a maioridade imediata, teriam obtido 
seu aceite.
Em 23 de julho, às dez horas da manhã, o marquês de Paranaguá proclamava:
‘Eu, como órgão da representação nacional, em Assembleia Geral, declaro 
desde já maior S. M. I., o senhor D. Pedro II, no pleno exercício de seus 
direitos constitucionais’. No mesmo dia, às três da tarde, D. Pedro prestava 
juramento constitucional (FAZOLI, 1990, p. 46).
O início do II Reinado, com a formação de seu primeiro gabinete ministerial composto por dois 
irmãos Andrada, dois irmãos Holanda Cavalcanti e, ainda, Limpo de Abreu e Aureliano Coutinho, fora 
apelidado de Gabinete dos Irmãos, ou da Maioridade, conforme apresenta Fazoli (1990, p. 47), dizendo 
ainda que a vitória foi dos liberais, pois, para os “maioristas”:
Queremos Pedro Segundo
Embora não tenha idade
A nação dispensa a lei
E viva a maioridade!
Apesar da manobra entre as elites políticas, o povo, mesmo mantido fora das decisões, não se iludia 
tão facilmente. Dizia‑se, no norte do Império, conforme Fazoli (1990, p. 47):
Por subir Pedrinho ao trono
Não fique o povo contente
Não pode ser boa coisa
Servindo com a mesma gente.
Vencida a fase das disputas políticas mais acirradas entre os principais grupos que se enfrentavam 
durante o Período Regencial (1831‑1840) – liberais moderados e regressistas – a sobrevivência do 
Império ainda não estava assegurada.
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Quando olhamos um mapa do Brasil contemporâneo ou tomamos contato com narrativas que 
enfatizam a unidade do país, nossa História é apresentada quase como que a realização de uma obra 
da natureza que se estenderia do Amazonas até o Sul, quase no Prata. Logo, ficamos com o olhar 
contaminado e tendemos a considerar que essa unidade é um produto inevitável e até mesmo sua 
realização estava posta desde os primórdios da colonização, ou, para não ir tão longe assim, pelo menos 
desde o 7 de setembro de 1822. Nada mais teleológico e anacrônico.
Durante todo esse período histórico que estamos apresentando aqui, a ordem imperial era ameaçada 
constantemente, e mesmo após o término das regências, com a proclamação da Maioridade, não se 
conseguiu acabar com as revoltas e rebeliões em andamento no Império.
O Império estava mudando, e muitos aspectos das vidas das pessoas estavam envolvidos nisso. 
O próprio centro de gravidade da economia estava se movimentando rumo a São Paulo vindo 
da Baixada Fluminense e direcionando‑se ao oeste paulista, com o café. A economia mudava, e 
ficavam cada vez mais distantes aqueles dias de grave instabilidade de fins do I Reinado e início 
das Regências.
Exemplo de aplicação
Para obter as definições de alguns termos é fundamental consultar dicionários. Como exercício de 
compreensão do item, busque a definição de teleológico e a de anacrônico.
 Saiba mais
Para encontrar o significado de termos de forma prática, podemos 
consultar dicionários eletrônicos, como:
<http://www.aulete.com.br/index.php>.
A tabela a seguir apresenta algumas mudanças econômicas no Império entre 1821 e 1840:
Tabela 2 – Pauta de exportações
Produto 1821‑30 1831‑40
Açúcar 30% 24%
Algodão 21% 11%
Café 18% 44%
Outros 31% 21%
Fonte: Fazoli (1990, p. 51).
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6 REVOLTAS OU REBELIÕES REGENCIAIS
No decorrer de todas as regências, quer fosse Trina ou Una, Provisória ou Permanente, em algum 
lugar do Império, alguma revolta mais ou menos grave sacudia o povo, escravos ou mesmo as elites 
locais. Nada mais distante da história do Brasil no século XIX do que a ideia de que a monarquia era a 
estabilidade e segurança nos Trópicos das Américas. Variados em intensidade, motivos, duração, região 
e extensão, em diversas ocasiões o esforço do Império para evitar seu desmembramento custou grandes 
perdas humanas e elevadas somas materiais. A seguir apresentaremos os nomes de algumas revoltas e 
seus locais, com a finalidade de demonstrar como eram concretas as ameaças à unidade e segurança 
do Império.
No Ceará, em 1831, no Cariri, irrompiam os movimentos de Pinto Madeira e do Benze‑Cacetes; 
em Pernambuco, a Setembrada e a Novembrada de 1831 e a Abrilada de 1832; entre 1832 e 1835, nas 
matas do sul de Pernambuco e ao norte de Alagoas, desenrolava‑se a Cabanada, também chamada de 
movimento d’Os Guerrilheiros do Imperador; em 1834‑5, em Recife, Pernambuco, as Carneiradas; em 
Minas Gerais, em 1833, a Sedição de Ouro Preto, também chamada de Revolta do Ano da Fumaça; no 
Pará, a Cabanagem,ao longo de quase toda a década de 1830; na Bahia, em 1835, a Revolta dos Malês 
e a sombra do haitianismo; entre 1838 e 1841, no Maranhão e no Piauí, a Balaiada e os Bem‑te‑vis; em 
Salvador, Bahia, a Sabinada, em 1837‑8; e a Farroupilha, entre 1835‑45, no Rio Grande do Sul e Santa 
Catarina também.
Figura 27 – Principais regiões convulsionadas pelas revoltas no Período Regencial
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A historiadora Maria de Lourdes Viana Lyra, em seu livro O império em Construção: o Primeiro 
Reinado e Regências, nomeia o capítulo que trata das revoltas regenciais como “O tempo das 
incertezas”.
O quadro político de disputas intraoligárquicas, e mesmo entre as elites e o imperador, que acabou 
provocando sua abdicação, extrapolou essa esfera, e a crise envolveu os mais diversos grupos da sociedade 
brasileira. Em quase todo seu território e por boa parte do período regencial, revoltas contestavam o 
Império da maneira mais direta e conflituosa possível.
Nessa perspectiva, o próprio Estado Nacional brasileiro ainda lutava para sobreviver à crise, às 
forças centrífugas e às contradições da sociedade brasileira. Senhores versus escravos, proprietários 
versus populações ribeirinhas, restauradores versus governo central, elites estancieiras versus 
poder regencial.
Muitas foram as forças mobilizadas e as reivindicações. Houve excessiva centralização, opressão do 
poder local, injustiças cometidas pelos latifundiários, retorno de Pedro I ao trono do Brasil, cobranças 
de impostos. Nos mais variados aspectos, o Império era contestado e, mais do que isso, literalmente 
confrontado e combatido.
6.1 Guerra dos Farrapos ou Farroupilha
No sul do Brasil, onde atualmente encontram‑se os estados do Rio Grande do Sul e de Santa 
Catarina, durante a Regência, ocorreu uma grande revolta que, por sua extensão, duração (setembro 
de 1835 a fevereiro de 1845), reivindicações e grupos sociais envolvidos, contestava profundamente a 
manutenção do Império a partir do Rio de Janeiro.
A então província de São Pedro do Rio Grande do Sul tinha algo em torno de 150.000 habitantes, 
estando apenas um décimo dessa população na Capital, Porto Alegre. As elites locais, principalmente 
ricos proprietários de fazendas de gado (para a produção de carne e couros), localmente conhecidos 
como estancieiros, insurgiram‑se alegando que os impostos estabelecidos pelo centro eram excessivos e 
os prejudicava na concorrência com outros produtores platinos.
O governo do Rio de Janeiro tinha a prerrogativa de indicar os presidentes das províncias 
e, conforme já vimos que ocorreu na Confederação do Equador, quando isso acontecia em 
discordância com os poderes locais, certamente haveria indisposição e conflito. Os liberais no Rio 
Grande do Sul, em 1835, reagiram à nomeação de Fernandes Braga e aos impostos demandados 
pelo Rio de Janeiro.
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Figura 28 – República Rio Grandense, de Antonio Parreiros
Entre os principais líderes estavam Bento Gonçalves, Davi Canabarro, Bento Mariano 
(que posteriormente se bandeou para as hostes do Império, traindo o movimento) e também 
Giuseppe Garibaldi, líder republicano italiano que entraria para a história como o “Herói dos 
Dois Mundos”.
 Saiba mais
Sobre o período histórico que estamos trabalhando existe significativa 
produção de filme e literatura. Recomendamos o filme brasileiro que discute 
a figura histórica do general que proclamou a Farroupilhas:
NETTO perde sua alma. Dir. Beto Souza; Tabajara Ruas. Brasil: Piedra Sola 
Produções, 2001. 100 min.
Indicamos ainda a minissérie:
A CASA das Sete Mulheres. Dir. Teresa Lampreia. Brasil: Rede Globo de 
Televisão, 2003, 45 min. (52 episódios).
E ainda:
ANAHY de las misiones. Dir. Sérgio Silva. Brasil; Argentina: M. Schmiedt 
Produções, 1997. 107 min.
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Unidade II
Figura 29 – Farroupilhas
Os principais debates históricos e historiográficos acerca do movimento têm discutido sobre o 
caráter separatista da revolta, e não se pode esquecer que a interpretação local dá conta de que a 
luta era contra um governo incompetente e centralizador, assim, seria uma luta pelo Império que não 
atendia a suas repetidas reivindicações.
Segundo Lyra (2000, p. 99) alegavam que a política imperial havia esmagado a produção local, 
“vexando‑a ainda mais”, pela concorrência dos produtos platinos. “A carne, o couro, o sebo, a graxa, 
além de pagarem nas alfândegas do país o duplo dízimo de que se propuseram aliviar‑nos, exigem mais 
quinze por cento em qualquer porto”, acrescentando que “os imprudentes legisladores nos puseram na 
linha dos povos estrangeiros, desnacionalizaram a nossa província e, de fato, a separaram da comunhão 
brasileira”.
A duração, a dinâmica do movimento e o Império dão uma importante dimensão de sua complexidade:
1° – setembro de 1835 a setembro de 1836, isto é, da deposição de Fernandes 
Braga à proclamação da República Rio‑Grandense;
2° – setembro de 1836 a maio de 1840, isto é, da proclamação da República 
Rio‑Grandense à campanha da maioridade de Dom Pedro II;
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3° – maio de 1840 a fevereiro de 1845, isto é, da maioridade à pacificação 
do Rio Grande do Sul (PICCOLO, 1986/1987, p. 43).
É possível considerar a ideia inicial de que buscavam criar um Estado que mantivesse a monarquia 
e então se ligasse ao Rio de Janeiro por federação, cabendo aqui ressaltar que o próprio líder Bento 
Gonçalves era monarquista. Vale apontar que entre os revoltosos, o federalismo era bastante difundido, 
ficando a ideia de que não era necessariamente para romper com o Brasil, antes, seriam federalistas. 
As tropas dele derrotaram os imperiais e no dia 20 de setembro de 1835 a capital do Rio Grande do 
Sul foi invadida, restando ao presidente Braga fugir para a Vila do Rio Grande, e os Liberais dão posse 
ao vice‑presidente, Marciano Pereira. Na tentativa de apaziguar os ânimos locais tão exaltados, Feijó 
nomeou presidente da província Araújo Ribeiro e em meio à crise, estabeleceu a capital na Vila de Rio 
Grande.
Os conflitos entre as forças imperiais e os revoltosos intensificaram‑se e caíram nas mãos 
dos Farrapos, Pelotas, Faxinal, Viamão e Mostarda. Considerando as conquistas, o movimento 
se fortalece, apesar de perderem Porto Alegre em 10 de setembro de 1836. Com essa perda, no 
dia seguinte, 11 de setembro, em outra cidade, Piratini, foi proclamada pelo coronel, Antônio de 
Souza Neto, a República Rio‑Grandense. Nesse momento, o líder Bento Gonçalves estava preso na 
Bahia, após fugir e retornar ao Rio Grande, quando assume a função de Presidente da República 
Rio‑Grandense.
Protestando contra o centralismo, em seu manifesto, os farroupilhas alegavam que:
Esses males, nós os temos suportado em comum com as outras 
províncias da União Brasileira; amargamente os deplorávamos em 
silêncio, sem, contudo, sentirmos abalada a nossa constância, o nosso 
espírito de moderação e de ordem. Para que lançássemos mão das 
armas foi preciso a concorrência de outras causas, outros males que 
nos dizem respeito particularmente a nós, e que nos trouxeram íntima 
convicção da impossibilidade de avançarmos na carreira da civilização 
e prosperidade, sujeitos a um governo que há formado o projeto 
iníquo de nos submeter à mais abjeta escravidão, ao despotismo mais 
abominável (ALENCAR, 1996, p. 148).
O próximo passo da revolta foi unir‑seaos descontentes de Santa Catarina, onde Garibaldi e 
Canabarro também se levantavam contra o governo do Rio de Janeiro. No dia 24 de julho de 1839, em 
Laguna, era proclamada a República Catarinense, ou Juliana, mas sua existência foi efêmera, pois ainda 
em 1839 o Brigadeiro Soares d’Andrea derrotou as forças catarinenses.
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Unidade II
Figura 30 – Símbolos Farroupilhas
Vale notar que foi o mesmo militar que derrotou a Cabanagem no Pará. As lutas farroupilhas, no 
entanto, prosseguiam e mesmo com a Maioridade, o movimento rebelde não aderiu ao Rio de Janeiro, o 
que não faria sem obter as devidas garantias. Em 1842 foi convocada uma Assembleia Constituinte da 
República, contando com 36 membros eleitos por voto censitário.
A notícia alarmou ainda mais o Rio de Janeiro e Caxias foi enviado 
para derrotar o movimento. Chegando ao Sul e percebendo a força 
dos cavalarianos tratou de conseguir organizar suas tropas da mesma 
forma e além dos combates encarniçados, negociou com os rebeldes 
conseguindo, em 1º de maio de 1845 a paz nos seguintes termos:[...] 
Artigo 2º. – a dívida nacional (da República) é paga pelo governo 
imperial.
Artigo 3º. – Os oficiais da República, que pelo nosso comandante‑em‑chefe 
forem indicados, passarão a servir o exército do Brasil nos mesmos postos 
e os que quiserem sua demissão, ou não quiserem pertencer ao referido 
exército, não serão jamais obrigados a servir, tanto em Guarda Nacional, 
como em primeira linha.
Artigo 4º. – São livres, e como tal reconhecidos, todos os cativos que serviram 
na Revolução (FAZOLI, 1990, p. 68).
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HISTÓRIA DO BRASIL IMPÉRIO
 Saiba mais
Para saber mais sobre a atuação de Caxias na repressão ao movimento, 
recomendamos o trabalho:
MENDES, J. dos S. O barão de Caxias na guerra contra farrapos. 2011. 
Dissertação (Mestrado em História). Universidade de Passo Fundo, Passo 
Fundo, 2011. Disponível em: <https://secure.upf.br/pdf/2011JefersonMendes.
pdf>. Acesso em: 5 jan. 2015.
Lembrando que um dos pontos mais importantes das discussões que provocaram o rompimento 
eram as aduanas, o charque estrangeiro foi taxado em 25%, reduzindo as pressões de que tanto 
reclamavam os farroupilhas e que sendo anistiados, incorporados ao exército com suas patentes da 
época da República, viram‑se atendidos em suas demandas e incorporaram‑se ao Império, encerrando 
a mais longa revolta regencial. Mas não o ciclo de revoltas, pois o II Reinado foi bastante profícuo nelas.
 Saiba mais
A literatura também tem importante participação na construção da 
memória sobre os eventos envolvendo os sulistas. A saga O Tempo e o 
Vento, de Érico Veríssimo, foi transformada no filme:
UM CERTO capitão Rodrigo. Dir. Anselmo Duarte. Brasil: Companhia 
Cinematográfica Vera Cruz, 1971. 106 min.
E também no filme:
O TEMPO e o vento. Dir. Jaime Monjardim. Brasil: Nexus Cinema e Vídeo, 
2013. 127 min.
6.2 Revolta de Pinto Bandeira e do Benze‑Cacetes
Em 1831, no Ceará, a crise econômica atingia o gado e a produção algodoeira em razão da seca; 
logo, a fome aumentava. A notícia da abdicação somente chegou em 13 de maio de 1831 e encontrou 
uma província tensa e dividida. No interior, alguns grupos que foram identificados como Restauradores, 
partidários do retorno de Pedro I ao trono, levantaram‑se e tomaram o Cariri sob as lideranças do 
coronel Joaquim Pinto Madeira, daí seus seguidores serem denominados de Pintistas. Pinto Madeira fora 
comandante de Armas no Ceará e aliado da centralização promovida por Pedro I, conhecido também 
pela extrema violência com a qual combatia, principalmente, os liberais. Era membro da Sociedade 
Coluna do Trono e do Altar, de Recife, e levou os mesmos ideais para o Ceará.
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Unidade II
Havia também um padre, tal como em diversas outras revoltas ocorridas desde a presença da Corte 
de D. João VI, chamado Antonio Manuel de Sousa e apelidado de Benze‑Cacetes. O movimento rebentou 
em dezembro de 1831, conquistou, no interior, o Crato, importante cidade, e, contando com cerca 
de dois mil homens, investiu contra a capital. O Rio de Janeiro havia despachado Pedro Labatut para 
dar combate aos revoltosos que ameaçavam Fortaleza, e após alguns enfrentamentos e tentativas de 
negociação, sob a garantia da preservação de suas vidas, depuseram as armas em 12 de outubro, sendo 
presos e enviados a Recife, para a Fortaleza do Brum e depois remetidos para julgamento na Corte.
A prisão durou dois anos, quando Pinto Madeira foi remetido de volta ao Ceará, seguiu de Fortaleza 
preso para o Crato, onde tinha diversos desafetos desde antes da revolta. Em outubro de 1834 foi 
julgado, não como rebelde, mas como assassino de Joaquim Pinto Cidade, pois como muito bem 
notou Vainfas (2002, p. 415), tal artimanha foi adotada, pois o Código Criminal determinava pena 
de morte em caso de homicídio e de liderança em revoltas de escravos. Madeira foi condenado por 
unanimidade e executado com um tiro em 28 de novembro de 1834, encerrando, assim, a revolta de 
caráter restaurador.
6.3 Guerra dos Cabanos, ou Os “Guerrilheiros do Imperador”
Em Pernambuco e Alagoas, entre 1832 e 1836, ocorreu uma revolta que também teve caráter 
restaurador. Sua liderança foi Domingos Lourenço Torres Galindo, que conseguiu grande adesão entre 
as camadas populares devido ao discurso restaurador, como foi o caso da adesão de Vicente Ferreira 
de Paula. Militar, Vicente viu sua condição piorar com a abdicação de Pedro I e percebia como inimigos 
aqueles que forçaram o 7 de abril de 1831.
Nos movimentos políticos e nas revoltas não havia apenas membros das elites, pelo contrário, o povo 
participava bastante ativamente, e em razão de seu potencial de subversão da ordem, sempre que isso 
ocorria, a repressão intensificava‑se.
Vicente Ferreira de Paula assumiu a liderança dos grupos mais populares depois que Antonio 
Timóteo morreu em novembro de 1832. Com o título de Capitão de Todas as Matas, general das Forças 
Realistas ou mesmo de Comandante‑Geral das Forças Restauradoras, articulava as populações das 
matas pernambucanas e alagoanas, apelando para a defesa da fé católica e para a restauração, contra 
os liberais maçons, sendo Jacuípe um foco muito importante para a revolta.
O movimento contou, inclusive, com a adesão de escravos fugidos, conhecidos também como 
“papaméis”. Nas palavras de Vainfas (2002, p. 713), a repressão ao movimento foi dificílima, pois 
continuou por cerca de 15 anos, atacando senhores de engenho e libertando escravos.
 Observação
Não deixa de merecer nota que a repressão foi levada a cabo por Manuel 
de Carvalho Pais de Andrade, presidente derrotado da Confederação do 
Equador que escapou em um navio inglês. Isso demonstra o potencial 
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extraordinário que o Império tinha de absorver e acomodar em seu interior 
demandas moderadas, cooptando diversas lideranças locais e articulando‑se 
contra revoltas populares.
No entanto, ao internar‑se nas matas, o movimento mantinha‑se vivo e foi só por ocasião da 
repressão à Revolta Praieira, liberal, que o presidente da província de Pernambuco, Honório Hermeto 
Carneiro Leão, propôs uma aliança com o antiliberal cabano Vicente de Paula e, ao atraí‑lo, prendeu‑o e 
o remeteu ao presídio de Fernando de Noronha, onde ficou até 1861, sendo libertado e indo viver com 
a família em Marvano, onde morreu em 1868.
 Saibamais
Para aprofundar seus conhecimentos sobre o assunto, indicamos o livro:
FREITAS, D. Os guerrilheiros do Imperador. Rio de Janeiro: Graal, 1978.
6.4 Os Restauradores do Ano da Fumaça
Em 1833, em Ouro Preto, o presidente da província Manuel Inácio de Melo e Souza foi deposto por 
um movimento percebido como restaurador, em oposição aos liberais da província.
 Saiba mais
Recomendamos a leitura de:
MAGALHÃES, A. A. “Os Guerrilheiros do Liberalismo”: o juiz de paz e 
suas práticas no Termo de São João del‑Rei, Comarca do Rio das Mortes 
(1827‑1842). 2011. Dissertação (Mestrado em História). Universidade Federal 
de São João del‑Rei, São João del‑Rei, 2011. Disponível em: <http://www.
ufsj.edu.br/portal2‑repositorio/File/pghis/Dissertacao_Adriano_Aparecido_
Magalhaes.pdf>. Acesso em: 5 jan. 2015.
Conforme salientou Fazoli (1990, p. 54), o governo derrubado em Ouro Preto foi rearticulado 
em São João d’El Rey, e o governo do Rio de Janeiro mobilizou‑se rapidamente para conter o 
movimento, pois era perto demais da capital do Império. José Maria Pinto Peixoto, comandando 
cerca de 3000 homens da Guarda Nacional, atacou Ouro Preto, e o governo foi entregue a 
Bernardo Pereira de Vasconcelos, que saíra rapidamente da capital para conter os movimentos 
em Minas Gerais.
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Unidade II
 Lembrete
Salientamos aqui a necessidade de se buscar dissertações e artigos 
científicos como forma de aproximar‑se da produção contemporânea e 
de ter contato com os debates historiográficos mais relevantes que vão 
além do nível informativo, chegando, inclusive, ao propositivo, pois suas 
discussões podem acrescentar muito nos debates em sala de aula.
 Saiba mais
Indicamos ainda a resenha:
HORNER, E. Um império de galinhas e baratas. Estudos Avançados, São 
Paulo, v. 20, n. 56, abr. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0103‑40142006000100025&lng=en&nrm
=iso>. Acesso em: 5 jan. 2015.
6.5 Cabanagem
Na província do Pará, então Norte do Império, os lavradores pobres e ribeirinhos que habitavam 
cabanas ou mesmo palafitas – e daí serem cabanos, como se denominavam as populações que também 
viviam nas cabanas das matas Pernambucanas e Alagoanas – levantavam‑se contra a elite privilegiada 
economicamente e eram favoráveis ao centralismo imperial. Vale ressaltar que a população mais pobre e 
em geral mestiça tornava‑se constantemente foco de tensões sempre que as condições materiais pioravam.
 Lembrete
É importante ressaltar que a Cabanagem ocorreu no Pará e foi um 
movimento bastante diferente da Cabanada, que ocorreu em Pernambuco 
e em Alagoas. É preciso cuidado em função da semelhança dos nomes.
O Pará não era das províncias mais tranquilas do Império e desde a época da Independência, e 
depois, da Abdicação, movimentos políticos e sociais eram sangrentamente reprimidos. Internamente 
havia uma forte tensão, pois comerciantes, funcionários do governo e militares tinham uma realidade 
material muito distante da população que vivia do extrativismo dos produtos da floresta.
O movimento estourou em janeiro de 1835, quando a população do interior reagiu contrariamente à 
nomeação de um presidente de província pelo poder central, Bernardo Lobo de Souza. Vale lembrar que 
isso era algo recorrente nas difíceis relações entre o Rio de Janeiro e as províncias, pois esse também foi 
um aspecto presente na Confederação do Equador, em 1824, e na Farroupilha, entre 1835‑45. Os atritos 
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entre liberais e conservadores produziam seus efeitos também no Pará e as massas populares eram um 
importante aspecto desse difícil jogo de poderes.
Os grupos mais liberais mobilizaram o povo contra o centralismo, mas o movimento escapou ao 
controle dos setores mais privilegiados, ganhando, com Batista Campos, um aspecto muito mais agressivo, 
espalhando‑se por boa parte da província. A dura repressão que o governo provincial desencadeou sobre 
as primeiras manifestações populares agravou a crise, e como já era esperada a intolerância e o massacre 
aos opositores, pouco restava ao povo senão a revolta buscando mudança social. O presidente Lobo de 
Souza, desde sua posse, lutou contra os cabanos e seus jornais, sendo o mais expressivo o Sentinela 
Maranhense na Guarita do Pará, de Vicente Ferreira Lavor Papagaio, próximo a Batista Campos.
Em dezembro de 1833, o governo na capital foi restabelecido por Lobo de Sousa e a repressão 
contava com prisões, deportações e massacres. O povo agitava‑se ainda mais e isso fez surgir novas 
lideranças, como os irmãos Vinagre, provavelmente ligados à lavoura, e, depois, Angelim, ligado ao 
extrativismo da borracha, importante indústria regional.
A Cabanagem apresentava como características principais: ser um movimento predominantemente 
popular; e ter suas lideranças substituídas constantemente. Em 1835, Belém caiu nas mãos dos cabanos, 
que fuzilaram as principais autoridades, dentre as quais o próprio presidente da província Bernardo 
Lobo de Sousa. Um fazendeiro, chamado Félix Antonio Clemente Malcher assumiu o poder buscando 
contemporizar, representando setores mais moderados, e aproximou‑se da Regência, afirmando que 
ficaria no poder até a maioridade do imperador ser declarada. Como também buscou parar o movimento, 
visto por muitos como excessivamente popular, entrou em confronto justamente com os setores mais 
populares e acabou sendo deposto e executado, apenas um mês depois de entrar no governo dos 
cabanos. Morria assim aquele que foi considerado o primeiro presidente dos cabanos. Logo, o movimento 
demonstrava profundas divisões internas.
Francisco Pedro Vinagre, um dos irmãos Vinagre, assume nesse conturbado momento e também 
busca tranquilizar a população, entrando em negociações com as tropas imperiais sob as ordens do 
almirante Taylor. Notam‑se aqui os constantes enfrentamentos, conquistas e perdas da capital, já que o 
clima de instabilidade não melhorava. Os cabanos oriundos do interior atacam a capital e o governador 
foge para a ilha de Tatuoca, sede do governo ligado ao Rio de Janeiro, enquanto em Belém, um novo 
poder se instalava sob a liderança de Eduardo Nogueira Angelim, que proclamou‑a uma república e 
rompeu os laços de subordinação do Pará ao Império.
A capacidade de mobilização de tropas a partir do Rio de Janeiro era potencialmente maior e muito 
mais sistematizada, apesar da credibilidade da regência de Feijó ter sido profundamente abalada pela 
incapacidade de encerrar o movimento.
O jornal O Democrata, em 30 de janeiro de 1836, publicava: “Ela [a região do Pará] tem 
proclamado o governo republicano como o mais capaz de refrear o arbítrio e o despotismo, o 
mais econômico e nacional, o único que convém às nações da América. Eis o que o Pará tem feito” 
(FAZOLI, 1990, p. 57).
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Buscando conter o que era visto como “anarquia que ameaça devorar o Império (LYRA, 2000, p. 
101), nas palavras do próprio Regente Feijó, foi despachada uma esquadra para o Norte do Império. 
Após intensos combates, em 1836, os cabanos perdiam a capital Belém pela última vez. Angelim estava 
preso e, nas palavras do comandante da esquadra “[...] a insurreição foi geral. Por toda parte onde houve 
um homem branco ou rico a quem matar e alguma coisa que roubar aparecia logo quem se quisesse 
encarregar desse serviço” (LYRA, 2000, p. 101).
O avanço das tropas do brigadeiro Soares D’Andrea, futuro Marquês de Caçapava, provocou uma 
repressão com uma escala dificilmente comparávela outros movimentos no período, ou mesmo 
posteriores, recebendo apoio da esquadra de Frederico Mariath.
A destruição gerada no esforço para retomar a província também foi considerável, uma vez que as 
tropas governamentais queimavam as habitações dos cabanos, destruíam tudo que podiam e matavam 
opositores sem ao menos julgá‑los para dar‑lhes uma pena legal. 
Milhares foram assassinados e a estimativa é de que foram mortas cerca de 40 mil pessoas em uma 
população de cerca de 100 mil. E com tal saldo, o Pará seria também pacificado e retornaria ao Império, 
mas “[...] por muito tempo estará a agricultura nesta província quase em abandono porque todos fogem 
do campo e os rebeldes que vão sendo destroçados ficam espalhados e ainda matando e incendiando 
sem que seja possível encontrá‑los” (LYRA, 2000, p. 101).
 Saiba mais
Para saber mais sobre este e vários outros momentos da História do 
Brasil, recomendamos:
REBELDES BRASILEIROS. São Paulo: Casa Amarela, [s.d.]. (Coleções Caros 
Amigos).
A coleção conta com a coordenação pedagógica do prof. Dr. István 
Jancsó e é formada por biografias modernas de personagens relevantes 
que se envolveram em movimentos históricos em diversas épocas.
6.6 Sabinada
Na Bahia, o Período Regencial foi particularmente conturbado pelas discussões acerca da 
manutenção de uma maior autonomia provincial frente ao esforço regressista e conservador da 
Regência de Araújo Lima.
Vale lembrar que foi na Bahia que estivera preso o líder farroupilha Bento Gonçalves, e em Salvador 
era corrente a imprensa manifestar simpatia e admiração pelos movimentos que irromperam no Rio 
Grande do Sul e também no Pará.
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A política, uma vez mais, ganhava as ruas e setores liberais de tendências republicanas, os 
chamados exaltados, reverberavam suas vozes com o jornal Novo Diário da Bahia, denunciando 
o pagamento de impostos com a transferência de rendas para o Rio de Janeiro (uma das 
reclamações mais constantes na época em diversos movimentos), além das perdas de liberdades 
provinciais.
Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira, médico, jornalista e professor da Escola de Medicina 
de Salvador – a primeira criada no Brasil, fundada quando da passagem de D. João a caminho da 
capital Rio de Janeiro em sua fuga do ataque napoleônico, em 1808 – emprestou seu nome ao 
movimento, daí Sabinada.
Diferentemente da Cabanagem, por exemplo, que foi intensamente popular, a Sabinada 
mobilizou setores urbanos médios de funcionários públicos, profissionais liberais, militares e 
mesmo comerciantes e artesãos da capital que se posicionaram contrariamente ao alinhamento 
de setores provinciais tradicionalistas, representados pelos proprietários rurais do interior e do 
Recôncavo Baiano.
Assim como em outros movimentos da época, o presidente designado pelo Rio de Janeiro foi expulso 
em nome de um movimento de caráter federalista que deveria ser mantido separado do Rio de Janeiro 
até a maioridade de Pedro II. Assim como no movimento Farroupilha, no Rio Grande do Sul, a separação 
era condicionada à menoridade, sendo que ao final da Regência, retornariam ao Império, segundo 
alegavam. A capital foi tomada pelo movimento e seus opositores foram perseguidos.
A repressão não demorou a se articular e forças saídas do Rio de Janeiro uniram‑se às 
tropas dos ricos proprietários centralistas do Recôncavo. Após quatro meses, a capital foi 
retomada para a causa imperial, não sem grande derramamento de sangue, pois ao final de 
março de 1838, a estimativa era de mais de 1.200 mortos com quase 3 mil feridos.
Enfurecidos pela bravura com que se debatia o adversário, os soldados 
do Império assemelhavam‑se a uma horda de bárbaros lançada sobre 
a cidade. A passagem de cada pelotão assinalava‑se por atos de 
crueldade. Nas grandes fogueiras das casas incendiadas, lançavam 
pessoas vivas, indefesos prisioneiros. Dos chefes rebeldes, a nenhum 
dos que caíram prisioneiros, no ardor do embate, foi poupada a vida 
(ALENCAR, 1996, p. 146).
Lideranças, como Francisco Sabino, foram presas, julgadas e condenadas à morte, mas escaparam da 
execução da pena capital, pois quando da Maioridade, em 1840, foi concedida uma anistia que agraciou 
diversos revoltosos.
Exemplo de aplicação
A pesquisa em jornais pode ser muito interessante e profícua, constituindo‑se uma ferramenta 
importante para o professor de história. Por meio da Hemeroteca da Biblioteca Nacional, que pode ser 
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Unidade II
acessada pelo site <http://bndigital.bn.br/>, é possível encontrar jornais de diversas épocas, inclusive 
do período sobre o qual tratamos aqui.
Experimente imprimir algumas dessas folhas e levar aos alunos. Pode ser muito produtivo um 
exercício com documentos históricos e de comparação com a realidade contemporânea.
6.7 Balaiada
Em 1838, no período Regressista de Araújo Lima, no Maranhão e no Piauí irrompeu um movimento 
que seria mais conhecido posteriormente por Balaiada, mas em função de sua abrangência e diversidade, 
é preferível referir‑se a ele no plural, como as Balaiadas, mesmo que se considerem as revoltas como 
um movimento de conjunto. Balaiada veio de Balaio, apelido de Manuel Francisco dos Anjos, pequeno 
proprietário rural que produzia balaios.
A divisão entre liberais e conservadores fez com que a oposição entre os grupos ficasse mais intensa: 
os primeiros sendo favoráveis à maior autonomia local e os segundos, partidários do Rio de Janeiro.
Os liberais, enquanto grupo proprietário, estavam relacionados às fazendas de gado e de algodão, 
que no século XVIII haviam prosperado bastante na região. Na Assembleia Provincial, palco de embates 
entre setores mais elitizados da sociedade, eram minoria e mais conhecidos como Bem‑te‑vis, opositores 
de conservadores.
Os ânimos se exaltaram quando a Assembleia Provincial passou a indicar prefeitos, interferindo em 
assuntos locais e desagradando liberais. Quanto ao povo, o recrutamento para a Guarda Nacional era 
particularmente ameaçador e penoso, afetando vaqueiros, boiadeiros, feitores, capatazes, artesãos e 
libertos, que eram parte da população mais numerosa, mas também mais despossuída da região.
Em 1838, na Vila da Manga, por ordem de um fazendeiro influente no sertão, a cadeia foi assaltada por 
Raimundo Gomes Vieira, apelidado de Cara Preta, para libertar outros empregados, também boiadeiros. 
Os membros da Guarda Nacional que deveriam reprimir o movimento não o fizeram, talvez em função 
das origens sociais tão próximas, e a ação transformou‑se em revolta aberta que tomou a vila.
O evento que começou como uma disputa, até certo ponto, já comum em diversas regiões do 
Império, ganhou ares de revolta aberta devido à proclamação de um manifesto que exigia garantia de 
direitos, à troca do presidente provincial e a algo que se repetia em diversos lugares e que ocorreria em 
movimentos posteriores, a expulsão dos portugueses, muitas vezes associados à exploração comercial 
ou pelo fato de ocuparem importantes cargos na administração e nas carreiras militares, entravando a 
ascensão de alguns setores liberais.
A adesão popular foi significativa no sul do Maranhão, em direção ao Piauí, e o movimento 
transformou‑se numa grande revolta popular, na verdade, em diversos focos de revoltas que foram 
explodindo pelo interior. Grupos de rebeldes eram compostos por sertanejos, mestiços, indígenas, 
homens livres brancos e pobres e também negros. Um líder importante, logo no início das revoltas, foi 
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HISTÓRIADO BRASIL IMPÉRIO
Manuel Francisco dos Anjos, o Balaio. No Piauí, as tensões dos embates políticos e sociais também eram 
grandes e a oposição ao presidente da província mobilizava descontentes.
Lívio Lopes Castelo Branco e Silva, uma liderança panfletária liberal, mobilizou mais de 500 
homens contra o governo, e João da Matta Castelo Branco surge como liderança Bem‑te‑vi no Piauí, 
convocando “todos os brasileiros pobres, que forem amantes de sua pátria e do nosso imperador 
a participarem da luta em defesa do Partido Bem‑te‑vi, que defende a religião católica romana, a 
coroa de nosso imperador Pedro II, a Constituição, nossa pátria, nossas famílias, e a nós mesmos” 
(LYRA, 2000, p.104‑5).
Assim, o movimento de caráter também social escapou ao controle dos grupos partidários 
transformando‑se, ainda mais, num risco para a ordem estabelecida, e quando tomaram Caxias, nas 
ruas se dizia:
O Balaio chegou!
O Balaio chegou!
Cadê branco!
Não há mais branco!
Não há mais sinhô! (ALENCAR, 1996, p. 145).
Vale ressaltar que a necessidade de se pensar não em uma Balaiada, mas em diversos movimentos, 
pois se revoltavam também quase 3.000 escravos e libertos, sob a liderança de Cosme Bento das 
Chagas, o Negro Cosme, foragido da prisão de São Luis do Maranhão e que, segundo Lyra (2000, p. 105), 
intitulava‑se D. Cosme Bento das Chagas, imperador, tutor e defensor das liberdades Bem‑te‑vis.
As forças governamentais foram despachadas e derrotadas pelos revoltosos; assim, para o centro 
político do Império, bem‑te‑vis e balaios agiam em concordância. Para conter tão perigoso movimento, 
foi designado para a missão Luis Alves de Lima e Silva, filho do ex‑regente Francisco de Lima e Silva, 
que, nesse momento, daria início a uma das carreiras militares mais significativas do Império e que, pelo 
menos em termos de titulação nobiliárquica, foi a melhor recompensada.
Os rebeldes tomaram Caxias, a segunda mais importante cidade do Maranhão, e abriram negociações 
com o governo em São Luis, com a finalidade de deporem as armas, mas em condições inaceitáveis, pois 
combatiam o poder das Assembleias Provinciais sobre os municípios e também a forma de recrutamento 
para a Guarda Nacional, além de perseguirem os portugueses – assuntos dificilmente negociáveis 
naquela conjuntura. Lima e Silva, sendo designado pelo Rio de Janeiro para combater o movimento e 
com poderes militares sobre Maranhão, Piauí e Ceará, rumou para o Maranhão. Em fevereiro de 1840, 
fez uma proclamação segundo a qual afirmava a “necessidade e as vantagens da paz, condição da 
riqueza e da prosperidade dos povos (LYRA, 2000, p.; 105)”.
Os Bem‑te‑vis, acatando o apelo do Rio de Janeiro, aderiram ao comando de Lima e Silva, abandonando 
as facções mais populares do movimento, sendo que foi necessário mais de um ano para o movimento 
ser derrotado, nos dizeres do próprio comandante militar:
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Unidade II
Não existe hoje um só grupo de rebeldes armados, todos os chefes foram 
mortos, presos ou enviados para fora da província; restabeleceu‑se a ordem, 
fui sempre respeitado e obedecido (LYRA, 2000, p. 106).
A carreira de Lima e Silva seria ainda longa e repleta de sucessos para a causa do Império. Era, 
portanto, um dos alicerces do poder conservador do II Reinado. Como retribuição ao importante 
serviço de vencer os rebeldes no Maranhão e no Piauí, tornou‑se Barão de Caxias, prática 
comum no Império do Brasil, em que os títulos vinham geralmente como retribuição aos serviços 
prestados ao governo central e não eram hereditários. Caxias, como passaria a ser chamado Lima 
e Silva, alcançou o título de duque, o único de todo o Império, e ficou também conhecido como 
O Pacificador.
Desde a crise do Antigo Regime e do Antigo Sistema Colonial, as revoltas constantes de escravos 
assombravam o imaginário das elites coloniais e, naquele momento, também das metrópoles. O 
exemplo mais contundente foi o caso da ex‑colônia francesa de Saint Domingue, transformada em 
Haiti, justamente pela população negra escrava e liberta, sob a liderança de homens como Toussaint 
Louverture e também Jacques Dessalines. As notícias circulavam pelas Américas e chegavam ao Brasil, 
naquilo que anteriormente já foi referido aqui como um profundo medo de haitianização, também 
chamado de haitismo ou febre haitiana. Como bem indica Fazoli, (1990, p. 58‑9) havia, em diversas 
regiões do Brasil, enorme receio de revoltas de escravos que acabassem no processo de haitianização, 
isto é, com a completa subversão da ordem por meio de uma revolta de escravos.
Figura 31 – Toussaint Louverture, líder da independência do Haiti
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HISTÓRIA DO BRASIL IMPÉRIO
 Saiba mais
Sobre a condição dos escravos no Caribe e as constantes revoltas com 
o quadro geral de grande tensão entre senhores e escravos no contexto da 
Crise do Antigo Sistema Colonial, recomendamos o filme:
A ÚLTIMA ceia. Dir. Tomás Gutiérrez Alea. Cuba: Instituto Cubano del 
Arte e Industrias Cinematográficos (Icaic), 1976. 120 min.
Durante o Período Regencial, em São Paulo, no Vale do Paraíba, com a intensificação do plantio 
de café, muita mão de obra escrava estava presente. Conforme indica Fazoli (1990 p. 58), na região de 
Bragança e Atibaia, em 12 de outubro de 1833, foi noticiada a prisão de 26 escravos que feriram Ignácio 
Franco de Camargo, e os jornais alertavam para o risco iminente de um levante de escravos.
6.8 Revolta dos Malês
O caso que mais notoriedade ganhou no Brasil, ao menos na historiografia contemporânea, foi o 
dos escravos muçulmanos em Salvador, em 1835, chamada de Revolta dos Malês. Estimativas apontam 
que a capital baiana tinha uma população em torno de mais de 100 mil pessoas na ocasião; no entanto, 
menos de 30% seria de população branca.
Aos escravos juntava‑se a população de libertos – alforriados – que, apesar de livres, ainda enfrentavam 
enormes dificuldades em uma sociedade ainda escravista. As origens das populações escravas na Bahia 
eram diversificadas, evitando, assim, a grande concentração de uma única etnia que poderia se unir e 
se revoltar. Os escravos eram originários da Guiné, de Angola, do Congo e da Costa da Mina Benin e 
também havia muitos hausas, que eram muçulmanos.
A ameaça de levante que havia em Salvador preocupava, inclusive, as autoridades do Rio de Janeiro, 
sendo que entre janeiro e fevereiro de 1835 chegavam notícias de eventos aterrorizantes em Salvador, 
conforme dá notícia a carta de um particular, publicada no jornal que circulava na capital do Império, 
chamado Pão de D’Assucar:
No dia 25 do corrente apparaceo nesta huma insurreição de pretos, que 
felizmente falhou. Conheceo‑se então os Nagôs trabalhavão à muito tempo 
nella, pois se achou huma caza de reunnião, onde apprehendeo‑se grande 
quantidade de livros, e outros papeis escriptos por elles com caracteres 
Arabicos, dos quaes por falta de traductor ignora‑se o contheudo. Segundo 
o que se pôde colher, a insurreição deveria arrebentar pelas 4 horas da 
manhã, tempo em que aqui sahem os escravos para o serviço, a fim de 
podem todos reunniram se. Por‑se‑hia fogo à Cidade baixa, logo que o 
Povo, como he de costume, para lá concorresse, romperia o massacre sobre 
a gente inerme e, desappercebida.[...] Vinhão elles vestidos uniformemente 
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Unidade II
de cabeças rapadas, alguns com insignias, certos papeis que se supõe 
Proclamações, patuás trazendo todos por diviza hum argolão de prata no 
dedo polegar da mão esquerda, e tendo como armas espadas.[...] Entretanto 
apezar do

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