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Metodologia da educação - Capitulo 9

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Século XVIII: o Século das Luzes 
 
O homem elaborou novas concepções para o seu modo de ver o mundo no século XVIII, o 
século das luzes, ou também conhecido como período do Iluminismo. 
O Iluminismo foi definido pelo filósofo Kant como aquilo que permite ao homem pensar por 
si mesmo e repensar as decisões dos outros, e tem dimensões literárias, artísticas e 
política. No plano político, defendeu as liberdades e o abuso do poder. 
 
O Enciclopedismo e os enciclopedistas 
 
 A Enciclopédia é talvez a obra fundamental do Século das Luzes, ela é reconhecida como 
“máquina de guerra posta a serviço das doutrinas filosóficas”. Seu “discurso preliminar” é 
considerado a mais “admirável síntese do conhecimento humano”. O verdadeiro 
 
objetivo de uma enciclopédia é o de reunir os conhecimentos dispersos sobre a superfície 
da Terra, expor o seu sistema geral aos homens com os quais vivemos, para que os nossos 
descendentes, tornando-se mais instruídos, tornem-se, ao mesmo tempo, mais virtuosos e 
felizes. 
 
Mesmo no Século das Luzes a Enciclopédia teve inúmeras dificuldades de circulação: 
recebeu o rótulo de teísta e herética, com manifesta tendência antigovernamental, 
antieclesiática e anticristã. 
 
Lavoisier e a química moderna 
 
A química quando chega ao século XVIII é ainda marcada pela alquimia e ocorre uma 
outra evolução, conhecida como Revolução Química. Com estabelecimento de um novo 
paradigma, celebra-se a definitiva transição da alquimia à química: o mágico cede lugar ao 
científico. 
As contribuições de Boyle na era pré-lavoisieriana, considerada pelos ingleses como o 
“Pai da Química” foram decisivas, quase um século depois, para os trabalhos de Lavoisier. 
 Antoine Laurent de Lavoisier (1743-1794) é, na história da ciência, e particularmente na 
história da química, um nome ímpar. Seu livro publicado em 1789, é considerado por alguns 
a certidão de nascimento da química moderna e Lavoisier, também é conhecido como “Pai 
da Química”. 
Lavoisier pertencia à nobreza, graças a um título adquirido por seu pai. Sendo um dos 
principais liberais e racionalistas do Iluminismo, dedicou-se a uma variedade de serviços 
sociais e científicos. Quando temos presente o lugar que Lavoisier ocupa na história da 
química e dos químicos, encantamo-nos com a maneira como estabeleceu os princípios da 
química moderna e o modo que fez sua formação química, até por tê-la praticado como 
uma forma acessória a suas outras atividades. Lavoisier era completamente diferente de um 
químico “profissional” como outros da mesma geração ou da geração anterior. Seus 
estudos iniciais foram jurídicos, depois iniciou-se na pesquisa científica. Lavoisier debateu a 
teoria do flogisto, estabelecida pelo médico alemão Stahl (1660-1734), onde procurou outra 
explicação, que encontrou em diversas etapas: análise do ar atmosférico e experiências 
programadas sobre a combustão de substâncias bem conhecidas (metais, enxofre, fósforo, 
carbono, etc.), pesando com precisão o material antes de depois da reação. Lavoisier 
persuadiu-se de que em toda a combustão há união da substância com o ar vital, daí 
deduziu que a hipótese flogística era inútil, e portanto, rejeitável. Entre 1775 e 1777, 
Lavoisier estudou os ácidos, num trabalho que lhe permitiu coletar mais dados para sua 
batalha contra o flogístico. Mostrou que a transformação dos metais em seus óxidos básicos 
e a dos não-metais em seus ácidos ocorre por efeito de uma combinação do corpo 
queimado com o oxigênio, e não como explicavam os flogisticistas, dizendo que os metais 
perdiam o flogisto para se converter em derivados dos metais. O que hoje entendemos 
como oxidação de um metal (ou de um não-metal), com a sua combinação com o oxigênio, 
resultando na formação do respectivo óxido, era explicado como a perda do flogisto. A 
nova teoria foi criticada pelos tradicionalistas, o desprezo pelas hipóteses lavoisierianas, 
mostra, contudo, a atitude retrógrada de muitos químicos do século XVIII. 
Lavoisier mostrou-se sempre muito preocupado com a educação, particularmente, com o 
ensino da química. Há um texto seu intitulado “​Sobre a maneira de ensinar a química​”, em 
que faz interessantes observações sobre como transmitir essa ciência, relatando 
principalmente as suas experiências no aprendizado da química. Mesmo sem ter lecionado, 
como a maioria de seus colegas químicos, Lavoisier fez do seu principal livro “​Traité​” uma 
obra didática. 
Extensivamente, preocupava-se também com a escola, o professor não era reconhecido 
e dificilmente poderia viver só da profissão, pois não tinha salário fixo e era mal 
remunerado, daí surgirem os professores ou pequenos proprietários. 
A vida de Lavoisier se encerrou abruptamente. Com sua profissão de cobrador de 
impostos ele tinha amealhado inimigos. A partir de 1793, no entanto, as academia 
cientificas e sociedades cultuais, que serviram ao regime monárquico, começaram a ruir 
uma após outra. Em novembro desse ano, Lavoisier foi preso e intimado a prestar contas da 
atividade de sua empresa. Diante do tribunal revolucionário do Terror, em 1794, aceitou o 
veredicto inevitavel da morte, mas pediu uma ou duas semanas para terminar alguns 
experimentos. O Juiz que selou o seu destino negou-lhe o pedido, e teria dito “A republica 
não precisa de sábios”. Julgado e condenado por peculato e traição, Lavoisier foi 
guilhotinado em 8 de maio de 1794.

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