Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIDADE DIDÁTICA II O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL 1 S U M Á R I O 1. Aspectos Históricos do Fenômeno da Tributação 2. O Sistema Jurídico-Tributário Brasileiro 3. O Direito Tributário como ramo do Direito Público 4. Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária 5. Conceito de Tributo 6. Espécies Tributárias 7. Classificações Doutrinárias 2 UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias a. O Estado como disciplinador das relações sociais. b. A CF é a Lei Maior que regula a vida em sociedade. c. Soberania do Estado x Liberdades Individuais. d. Ordenamento jurídico como limitador da ação estatal. e. Estados Unitários X Estados Federados. f. Federalismo Fiscal repartição da competência tributária entre os diversos entes da Federação. 1. Aspectos Históricos do Fenômeno da Tributação 3 UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias g. A atividade financeira desenvolvida pelo Estado por intermédio de sua atuação no campo econômico. 1) Exploração de seu patrimônio 2) Intervenção no setor privado da economia em defesa da coletividade. 3) Instituição de tributos. h. A crescente busca de recursos financeiros para fazer frente as despesas públicas. 1. Aspectos Históricos do Fenômeno da Tributação 4 UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias i. A tributação como principal instrumento de captação de recursos públicos e como garantia de uma economia livre. j. Espanha Em 1188, as cortes de Leão estabeleceram o princípio de que os impostos deveriam ser votados pelos delegados representantes do povo. k. Portugal Em 1413, as cortes de Lamengo foram convocadas para se obter os impostos necessários. 1. Aspectos Históricos do Fenômeno da Tributação 5 UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias l. Na França, desde o início do Sec. XVI, representantes da nobreza, do clero e do povo reuniam-se em Etats Généraux e nos “Estados Provinciais” para discutir a obtenção de tributos. m. Na Inglaterra “João sem Terra” em sua luta contra os barões da nobreza culminou com o advento da Carta Magna de 1215, na qual ficou consignado que nenhum tributo poderia ser cobrado sem o consentimento do conselho do reino. n. Revolução Francesa, Independência das 13 Colônias Americanas e Inconfidência Mineira. 1. Aspectos Históricos do Fenômeno da Tributação 6 UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias Os sistemas tributários podem ser rígidos ou flexíveis, dependendo da distribuição dos tributos ser exaustiva ou não. O sistema tributário brasileiro é RÍGIDO, porque a CF relaciona todos os impostos e contribuições que os entes políticos podem instituir, segundo a competência estabelecida. Ele também é UNO, por estar inserido dentro de um único sistema jurídico e COMPLEXO, pela infinidade de princípios, regras e normas que necessitam ser interpretadas e aplicadas nos casos concretos. 2. O Sistema Jurídico-Tributário Brasileiro 7 UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias 2. O Sistema Jurídico-Tributário Brasileiro 8 Constituição Federal (Princípios Jurídicos) Código Tributário (Normas Gerais) Lei Ordinária (Normas Ordinárias) Decretos (Atos Legais Executórios) Portarias Instruções Normativas Ordens de Serviço UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias 3. O DIREITO TRIBUTÁRIO COMO RAMO DO DIREITO PÚBLICO Direito Tributário é um ramo do Direito Público. Na relação de Direito Público o Estado figura representando o Poder Público, ou seja, atua com supremacia, gerando um desequilíbrio jurídico, por sua posição juridicamente superior em relação à outra parte. Nesse caso o Estado representa ou defende interesses da sociedade (interesse público) que deve prevalecer sobre os interesses particulares, caracterizando, assim, o PRINCÍPIO DA SUPRAMACIA DO INTERESSE PÚBLICO. 9 UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias 3. O DIREITO TRIBUTÁRIO COMO RAMO DO DIREITO PÚBLICO Na relação do Direito Privado (direito civil e comercial), as relações não têm a mesma característica, pois os sujeitos não se encontram em situação de desigualdade jurídica. Os princípios mais importantes do Direito Privado são o da AUTONOMIA DA VONTADE e o da LIBERDADE NEGOCIAL. Direito Tributário é o ramo do direito público que regula as relações jurídicas concernentes à instituição e exigência de tributos e outras obrigações relacionadas, com o fim de assegurar ao Estado a obtenção compulsória de recursos necessários à consecução dos fins que o ordenamento jurídico lhe impõe. 10 UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias 4. ESTRUTURA E ELEMENTOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA As relações jurídicas são classificadas em relações de direito real e relações de direito pessoal. As relações de direito real vinculam-se ao direito de propriedade e têm no polo passivo um número indeterminado de indivíduos (oponível erga omnes). As relações de direito pessoal dividem-se em direitos personalíssimos, sem cunho patrimonial objetivo, como direito à honra, à imagem, à liberdade, e direitos obrigacionais, que têm caráter patrimonial definido. O sujeito ativo e o sujeito passivo estão vinculados entre si em razão de um objeto da relação jurídica, traduzido por uma prestação de dar, fazer e não fazer. Todas as relações de Direito Tributário são relações situadas no âmbito do direito pessoal. 11 UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias 4. ESTRUTURA E ELEMENTOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA No Direito Tributário as prestações de dar relacionam-se à entrega de quantia certa em dinheiro obrigação principal. As prestações de fazer e não fazer abrangem qualquer coisa que não envolva entrega de dinheiro, tais como a entrega de declarações, a emissão de notas fiscais, a escrituração de livros contábeis, a abstenção de embaraçar o trabalho da fiscalização obrigações acessórias. No Direito Tributário é possível ter obrigações acessórias sem que haja obrigação principal. 12 UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias 5. CONCEITO DE TRIBUTO O CTN, em seu art. 3º, conceitua tributo nos seguintes termos: Tributo é toda prestação pecuniária compulsória,em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituí-da em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. a. Tributo é Prestação Pecuniária Compulsória As obrigações tributárias de dar (dar dinheiro) são as chamadas obrigações principais do Direito Tributário. As penalidades pecuniárias (multas tributárias) também são obrigações principais e não são tributos. Por força o princípio da supremacia do interesse público, é possível a imposição unilateral de obrigações, mediante lei. 13 UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias 5. CONCEITO DE TRIBUTO b. Tributo é uma prestação em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir Alguns autores entendem que a expressão “ou cujo valor nela se possa exprimir” seria uma autorização geral para quitação de tributos mediante entrega de bens (dação em pagamento). Em 2001, a LC 104 (art. 156, XI) instituiu a possibilidade teórica de se quitar um tributo mediante a “dação em pagamento de bens imóveis” Outros autores entendem que tal expressão significa apenas autorização para utilização de indexadores para expressar valor de tributos, como anteriormente se fazia em época de inflação alta, assegurando a manutenção do valor real do tributo a pagar. 14 UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias 5. CONCEITO DE TRIBUTO b. Tributo é uma prestação em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir Por fim, outra interpretação relativa a esta expressão implica em autorização para pagamento de tributo com títulos da dívida pública, desde que haja autorização legal específica. De fato, há somente um único tributo federal em que se pode aplicar tal interpretação. É o caso do pagamento de 50% do imposto territorial rural (ITR) com títulos da dívida agrária (TDA). 15 UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias 5. CONCEITO DE TRIBUTO c. Tributo não é sanção de ato ilícito Esse é o elemento fundamental que permite distinguir um tributo de uma multa tributária, que também é uma obrigação tributária principal. Todos os elementos das definições de tributo e multa tributária coincidem. Multa tributária é uma prestação pecuniária compulsória, instituída em lei, que constitui sanção de ato ilícito, cobrada mediante atividade vinculada. A hipótese de incidência de um tributo nunca é um ato ilícito. Isto não significa que os atos ilícitos não possam gerar obrigações de pagar tributo – “tributo non olet”. 16 UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias 5. CONCEITO DE TRIBUTO d. Tributo é prestação instituída em lei Decorre do fato do tributo ser compulsório, ou seja, somente lei poderá obrigar alguém a alguma coisa. Como o tributo é uma obrigação, somente a lei poderá criar um tributo (também será possível a criação de um tributo por meio de medida provisória). Nunca será admissível a criação de um tributo por ato infralegal (atos administrativos). Esta regra não admite qualquer tipo de exceção. 17 UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias 5. CONCEITO DE TRIBUTO e. Tributo é cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada A lei não permite qualquer margem de liberdade (discricionariedade) ao agente da administração tributária, no que diz respeito à cobrança de tributos. Não cabe ao agente da administração agir discricionariamente, decidindo se é oportuno e conveniente cobrar ou dispensar a exigência do tributo, por qualquer motivo que não esteja expressamente previsto na lei. O tributo é coisa pública, pertence ao povo, não ao agente público. Em decorrência ao princípio da indisponibilidade do interesse público, nada resta ao agente público a não ser exigir o tributo devido. 18 UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias 6. ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS O art. 5º do CTN afirma: “os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria”. Esse texto refletia o predomínio da escola tricotômica que asseverava que não importava o nome adotado pela lei, tampouco o destino dado à receita arrecadada, o que permitia decidir qual a espécie tributária examinada era exclusivamente o seu fato gerador, de acordo com o disposto no art. 4º do CTN. Qualquer que seja o nome adotado pela lei, deve-se verificar a hipótese de incidência. 19 UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias 6. ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS Se a hipótese de incidência não for uma atividade do Estado, diz- se que o tributo é um imposto. Se a hipótese de incidência for uma atividade estatal específica, diz-se que é uma taxa ou uma contribuição de melhoria. Nesse último caso, é necessário verificar qual a atividade estatal. Se for exercício do poder de polícia ou prestação de serviço público específico e divisível caracteriza-se a TAXA. Se for realização de obra pública que acarrete valorização do imóvel é o caso de CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA. 20 UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias 6. ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS Com a promulgação da CF/88 e o posicionamento do STF que firmou orientação no sentido de que seriam cinco as espécies tributárias e não somente as três estabelecidas pelo CTN, passou a vigorar a classificação quinquipartida, que define os tributos em: - Impostos; - Taxas; - Contribuições de Melhoria; - Empréstimos Compulsórios; e - Contribuições. 21 UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias 6. ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS 22 IMPOSTOS DA UNIÃO (Art. 153 da CF) II Imposto sobre Importação IE Imposto sobre Exportação IPI Imposto sobre Produtos Industrializados IOF Imposto sobre Operações Financeiras IR Imposto de Renda IGF Imposto sobre Grandes Fortunas Impostos Residuais IEG Imposto Extraordinários de Guerra ITR Imposto Territorial Rural UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias 6. ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS 23 IMPOSTOS ESTADUAIS (Art. 155 da CF) I C M S Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços I P V A Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores I T C M D Imposto sobre Transmissão por Causa Mortis e Doação de quaisquer natureza UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias 6. ESPÉCIESTRIBUTÁRIAS 24 IMPOSTOS MUNICIPAIS I S S Imposto Sobre Serviços I P T U Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana I T B I Imposto sobre Transmissão inter vivos, por ato oneroso de bens Imóveis e de direitos reais sobre imóveis UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias 6. ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS 25 T A X A S Art. 145, II, da CF TAXAS DE SERVIÇOTAXAS DE POLÍCIA CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA Art. 145, III da CF UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias 6. ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS 26 EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS (Art. 148 da CF) Por Investimento Público Urgente e de Relevância Nacional (Art. 148, II da CF) Por Calamidade ou Guerra Externa (Art. 148, I da CF) UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias 6. ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS 27 CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS OU PARAFISCAIS DE INTERESSE DAS CATEGORIAS PROFISSIONAIS OU ECONÔMICAS (Art. 8º, IV e Art. 149 da CF) SOCIAIS Seguridade Social – Art. 195 e 239 da CF Sociais Gerais – Art. 212, § 5º e Art. 240 da CF DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO CIDE Combustíveis – Art. 177, § 4º da CF Outras CIDE – Art. 149 da CF PARA O CUSTEIO DO SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA Art. 149 – A da CF UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias 7. CLASSIFICAÇÕES DOUTRINÁRIAS A doutrina elaborou algumas classificações para os tributos que auxiliam na compreensão de sua natureza jurídica. A 1ª classificação diz respeito a natureza do fato gerador, dividindo as espécies tributárias em tributos vinculados e não-vinculados. Nos tributos vinculados o fato gerador é uma atividade contra- prestacional do Estado relativa ao contribuinte. O contribuinte pagará o tributo em razão da existência de uma atividade estatal específica a ele direcionada. São exemplos as taxas e contribuições de melhoria. 28 UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias 7. CLASSIFICAÇÕES DOUTRINÁRIAS Tributos não-vinculados são aqueles cujo fato gerador não é nenhuma atividade específica do Estado direcionada ao contribuinte. É o caso dos impostos, como o IPVA, IPTU e IR. A hipótese de incidência dos tributos não-vinculados descreve algum fato econômico relevante pertinente ao sujeito passivo: a propriedade de um bem, a transmissão de um imóvel, a obtenção de renda. A cobrança do imposto baseia-se na manifestação de capacidade econômica do contribuinte e não na realização ou disponibilização de uma atividade estatal específica a ele direcionada. 29 UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias 7. CLASSIFICAÇÕES DOUTRINÁRIAS Uma segunda classificação doutrinária dos tributos considera o destino dado à receita da arrecadação tributária. Tributos de arrecadação vinculada são aqueles cuja receita de arrecadação está previamente destinada, ou seja, afetada a determinado órgão, fundo ou pensão. Os empréstimos compulsórios, por força de determinação constitucional, tem a aplicação do produto de sua arrecadação vinculada à despesa que fundamentou sua instituição (CF, art. 148, § único). 30 UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias 7. CLASSIFICAÇÕES DOUTRINÁRIAS Tributos de arrecadação não vinculada são aqueles em que não existe previsão constitucional de vinculação do produto de sua arrecadação a um fundo, órgão ou despesa específica. No Brasil, a maioria das espécies tributárias possui natureza de arrecadação não vinculada, com é o caso dos impostos, das taxas e das contribuições de melhoria. No caso dos impostos, existe proibição constitucional expressa de que a lei estabeleça destinações específicas ao produto de sua arrecadação (CF, art. 167, IV). 31 UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias 7. CLASSIFICAÇÕES DOUTRINÁRIAS Para as demais espécies tributárias, que não sejam os impostos, não é vedado que a lei estabeleça destinação específica ao produto de sua arrecadação a algum fundo, órgão ou a uma despesa pública específica. Para que a lei estabeleça destinação específica ao produto da arrecadação de um tributo vinculado, essa destinação deverá guardar relação com a atividade estatal que constitua o fato gerador. Por fim, o STF entende que é totalmente ilegítima a vinculação legal do produto de arrecadação de taxas a entidades privadas, ou com personalidade jurídica de direito privado. 32 UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias 7. CLASSIFICAÇÕES DOUTRINÁRIAS A terceira classificação doutrinária divide os tributos de acordo com a finalidade preponderante, em fiscais e extrafiscais. Os tributos de natureza fiscal são aqueles que têm por finalidade preponderante arrecadar dinheiro, assegurando o ingresso de recursos aos cofres públicos, como o IR, IPTU e IPVA. Os tributos de natureza extrafiscal são os que têm finalidade principal diversa da simples obtenção de recursos. São exemplos o imposto de importação e o imposto de exportação. 33 UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias 7. CLASSIFICAÇÕES DOUTRINÁRIAS A quarta classificação doutrinária distingue tributos diretos de tributos indiretos, conforme o sujeito que suporta o ônus financeiro imposto pela lei tributária. Nos tributos diretos, o contribuinte eleito pela lei tributária é aquele que efetivamente suporta o ônus financeiro do tributo, não há repasse para outrem do ônus financeiro imposto pela lei tributária. São exemplos o IPVA, o ITR, o IPU e o IR. Nos tributos indiretos, o contribuinte eleito pela lei tributária (contribuinte de direito) é o que tem a obrigação de efetuar o pagamento do tributo, porém não é ele quem, efetivamente, suporta o ônus financeiro. É o que ocorre com o IPI e o ICMS. 34 UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias 7. CLASSIFICAÇÕES DOUTRINÁRIAS A quinta classificação doutrinária é a que divide os tributos em reais e pessoais. Os tributos reais são aqueles em que a lei tributária valoriza, objetivamente, a operação ou o bem envolvidos na relação jurídica tributária, desconsiderando as características pessoais do contribuinte. É o que ocorre com o IPVA, em que a lei tributária considera relevante para a imposição do tributo as características do bem (veículo automotor, ano, modelo),e não as condições pessoais do proprietário (se tem ou não renda disponível, qual o seu patrimônio total, etc). 35 UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias 7. CLASSIFICAÇÕES DOUTRINÁRIAS Os tributos pessoais são aqueles em que a lei tributária valoriza as características pessoais (individuais) do contribuinte, para o fim de determinar o alcance da imposição tributária. É o caso do imposto sobre grandes fortunas e do imposto de renda (IR) em que as características pessoais do contribuinte são levadas em conta para a determinação do imposto devido (como o número de dependentes do mesmo, como as despesas médicas realizadas, as despesas efetuadas com instrução própria ou de seus dependentes, etc). 36 UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias 7. CLASSIFICAÇÕES DOUTRINÁRIAS Finalmente a sexta classificação dos tributos, que não é especificamente doutrinária é a determinada pelo CTN, sendo aplicável aos impostos, tendo em vista a sua base econômica de incidência: - Impostos sobre o Comércio Exterior: II e IE; - Impostos sobre o Patrimônio e a Renda: IR, ITR, IGF, IPVA, IPTU e ITCMD; - Impostos sobre a Produção e Circulação: IPI, ICMS, IOF e ISS; - Impostos Especiais: IEG 37 UD II – O SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL Direito Tributário como ramo do Direito Público – Conceito de Tributo Estrutura e elementos da relação Jurídica Tributária – Espécies Tributárias
Compartilhar