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Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário
SEMINÁRIO IV - REALIZAÇÃO DA DÍVIDA ATIVA: EXECUÇÃO FISCAL, MEDIDA CAUTELAR FISCAL E OS MEIOS DE DEFESA DO CONTRIBUINTE
Aluno: Luiz Fernando de Abreu Rodrigues.
Questões
1.	Qual a natureza jurídica da execução fiscal e da medida cautelar fiscal? Identificar o fundamento e os requisitos legais da medida cautelar fiscal, bem como apontar qual o momento oportuno para a sua propositura. (Vide anexos I e II)
R: Em ambos os casos, as duas possuem natureza jurídica de ação exacional, já que garante a quem for executado a ampla defesa e contraditório, podendo argumentar questões de fato e de direito, não apenas de ordem pública.
		Na execução fiscal, o Fisco pode constituir a obrigação tributária, alegando inclusive o inadimplemento do contribuinte através de provas constituídas, como a Certidão de Dívida Ativa e encontra-se na Lei 6.830/80 (LEF).
		A medida cautelar, como o nome aduz, possui maior natureza acautelatória, mas continua sendo exacional, encontrando respaldo na Lei .8.397/92, possui como base o direito do Fisco em bloquear bens para a garantia de direitos referentes a tributos, em sentido de garantir a execução de possíveis fraudes aos credores.
		Por sua vez, a medida cautelar possui, como principal fundamento, incluído requisitos, no Art. 2º e seus incisos, da supra lei que a respalda, sendo assim:
 Art. 2º A medida cautelar fiscal poderá ser requerida contra o sujeito passivo de crédito tributário ou não tributário, quando o devedor: 
I - sem domicílio certo, intenta ausentar-se ou alienar bens que possui ou deixa de pagar a obrigação no prazo fixado;
II - tendo domicílio certo, ausenta-se ou tenta se ausentar, visando a elidir o adimplemento da obrigação;
III - caindo em insolvência, aliena ou tenta alienar bens; 
IV - contrai ou tenta contrair dívidas que comprometam a liquidez do seu patrimônio; 
V - notificado pela Fazenda Pública para que proceda ao recolhimento do crédito fiscal: 
a) deixa de pagá-lo no prazo legal, salvo se suspensa sua exigibilidade; 
b) põe ou tenta por seus bens em nome de terceiros; VI - possui débitos, inscritos ou não em Dívida Ativa, que somados ultrapassem trinta por cento do seu patrimônio conhecido; 
VII - aliena bens ou direitos sem proceder à devida comunicação ao órgão da Fazenda Pública competente, quando exigível em virtude de lei; 
VIII - tem sua inscrição no cadastro de contribuintes declarada inapta, pelo órgão fazendário; 
IX - pratica outros atos que dificultem ou impeçam a satisfação do crédito. 
		Percebe-se que, diante dos 9 incisos apresentados pelo Art.2º, em resumo, é perceptível trata-se de apresentar o periculum in mora e o fumus boni iuris, ou seja, para que seja aceita tal medida é de suma importância que seja demonstrado que o contribuinte possa agir em prol de atrasar e/ou de não querer garantir a execução fiscal, desde simplesmente livrar-se de bens que poderiam ser executados, como por exemplo em bens envolvidos com IPTU ou IPVA, ou de não possuir o endereço reconhecido (inciso I).
		Ademais, o Art. 4º da mesma lei, contribui para demonstrar em qual momento é o correto para apresentar a medida cautelar, sendo ela, conforme transcrito abaixo:
Art. 4° A decretação da medida cautelar fiscal produzirá, de imediato, a indisponibilidade dos bens do requerido, até o limite da satisfação da obrigação.
	Ou seja, logo após a constituição do crédito tributário seria o momento oportuno para a formulação da medida cautelar em prol de garantir o adimplemento da execução fiscal.
2.	Ao responder justifique suas respostas. Quanto à exceção de pré-executividade, pergunta-se:
(a) Em que consiste a exceção de pré-executividade? É uma ação ou meio de defesa?
R: É a forma de Defesa por parte do Executado, que consiste na defesa contra provas materiais e fatos processuais, onde não ocorre a apresentação de provas por parte do Executado e não possuem custas processuais, já que não possuem natureza de Embargos à Execução Fiscal, além de não possuir capacidade de suspensão apenas pela sua apresentação, sendo utilizada principalmente para casos em que há a decadência, prescrição, ilegitimidade entre outros.
(b) Qual seu fundamento legal?
R: Possui como um dos seus fundamentos a Súmula 393 do STJ “A exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal relativamente às matérias conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória.” além de ser supostamente apresentada pelo CPC em seu Art.525 e seus parágrafos, mas em regra, não possui definitivamente uma lei que a constitua.
(c) Há limite temporal para o seu oferecimento no processo executivo?
R: Não, por conta do seu principal fator, o de ser um meio de defesa que contra argumenta provas apresentadas e como bem compreendido, existem inúmeras hipóteses de que as novas provas podem ser constituídas, incluindo para o Fisco.
(d) Há limite lógico-processual para o seu oferecimento?
R: Por não possuir limite temporal, o único “limite” lógico que a pré-executividade possui é que não cabe em recurso, ou seja, apenas é até a sentença de primeiro grau, logo, entende-se que o limite posto é que seja até o final do processo de primeira instância, podendo ser apresentado a qualquer instante neste meio tempo.
(e) Quais matérias são passíveis de arguição?
R: Conforme apresentado no REsp 827.883/RS, são as matérias de ordem pública, as que constituem em fatos modificativos ou extintivos do direito do Exequente, comprovados de plano e que principalmente não necessitam de dilação probatória, ou seja, como apresentado acima, o que envolve a decadência, prescrição (incluindo intercorrente), ilegitimidade, quitação do crédito etc.
(f) A oposição de exceção de pré-executividade tem o condão de suspender o trâmite do processo de execução?
R: Não, pois, além de não se encaixar no que está previsto no rol do Art. 151 do CTN, o principal argumento para a utilização deste meio de defesa é justamente não ser necessário a dilação probatória, que apresentaria por exemplo em um embargos.
(g) A oposição de exceção de pré-executividade impede o ajuizamento de embargos à execução fiscal?
R: Não, pois em cada caso são defesas diferentes, como bem apresentado anteriormente, a pré-executividade é utilizada para defesas que não demande de dilação probatória, contrariamente o que apresenta-se em embargos, que inclusive pode apresentar efeito suspensivo (caso correspondam aos casos apresentados que possibilitam tal hipótese), o que principalmente difere desse, que não pode ter efeito suspensivo em nenhuma hipótese.
3.	Considerando as alterações relativas ao processo de execução trazidas pelo CPC/15, pergunta-se:
	(a) Aplicam-se os arts. 914 (admite a oposição de embargos à execução sem garantia da execução), 915 (fixa prazo para oposição de embargos à execução – 15 dias) e 919 (estabelece que os embargos à execução não são dotados de efeito suspensivo), todos do CPC/15 nos processos de execução fiscal? (Vide anexo III)
R: Vai depender se o embargante quer ou não que sejam efetuados os efeitos suspensivos aos embargos, como bem apresentado pelo Anexo III, REsp n. 1.272.827/PE
5. Desse modo, tanto a Lei n. 6.830/80 – LEF quanto o art. 53, §4º da Lei n. 8.212/91 não fizeram a opção por um ou outro regime, isto é, são compatíveis com a atribuição de efeito suspensivo ou não aos embargos do devedor. Por essa razão, não se incompatibilizam com o art. 739-A do CPC/73 (introduzido pela Lei 11.382/2006) que condiciona a atribuição de efeitos suspensivos aos embargos do devedor ao cumprimento de três requisitos: apresentação de garantia; verificação pelo juiz da relevância da fundamentação (fumus boni juris) e perigo de dano irreparável ou de difícil reparação (periculum in mora). 
	Sendo assim, caso queira utilizar do possível efeito suspensivo, é necessário que cumpra com3 requisitos, sendo dois deles contrários aos Artigos apresentados na questão, que sejam eles, a apresentação da garantia, contrário ao Art. 914, e que caso cumpram com o outros dois, fumus boni juris e periculum in mora, concretizam o efeito suspensivo, logo, contrário ao art. 919.
	Ou seja, o único Artigo que possa ser utilizado conjuntamente no processo de execução fiscal é o Art. 915, sem maiores problemas sendo:
Art. 915. Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contado, conforme o caso, na forma do art. 231.
Logo, é necessário compreender qual dos possíveis artigos seriam vantajosos ao embargante
	(b) Na execução fiscal, ao executado ainda persiste o direito de, no prazo de 5 dias da sua citação, “garantir a execução”? Justifique sua resposta.
R: Sim, como bem salienta na LEF (lei 6.830) em seu Art. 8º, vide incisos:
Art. 8º - O executado será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, pagar a dívida com os juros e multa de mora e encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa, ou garantir a execução, observadas as seguintes normas:
	Logo, é persistente o direito do executado em realizar o pagamento, inclusive, caso opte, pode entrar com acordo, a depender do tributo, via judicialmente ou via os órgãos responsáveis, como por exemplo em São José-SC, o CARF, podendo parcelar tributos municipais em até 50 vezes, acrescidos de juros e mora, incluindo honorários aos procuradores, não obstante, podendo, também, pedir a suspensão da presente execução fiscal, dentro desses mesmo 5 dias.
4.	Com relação ao instrumento constritivo do patrimônio do contribuinte-devedor previsto no art. 185-A do CTN (conhecido como penhora “on-line”). Pergunta-se: 
(a) Qual sua natureza jurídica? Trata-se de espécie de penhora ou de medida cautelar? 
R: Como bem apresentado pelo supra Art. 185-A do CTN, será indisponibilizado via meios digitais bens e direitos, neste caso, por falta de apresentação do próprio contribuinte, sendo assim, será, como bem apresentado na pergunta 4, penhora on-line, mesmo sendo nesta modalidade, continua sendo de todo modo uma penhora, logo deve-se prevalecer sobre os mesmos moldes da penhora física, conforme Art.831 e seguintes do CPC, inclusive, prevalecendo o dinheiro sobre outros tipos de bens e direitos (Art. 835 CPC).
(b) A decretação da indisponibilidade a que se refere o art. 185-A do CTN é fato jurídico suficiente à abertura de prazo para apresentação de embargos? 
R: Não, pois somente poderá iniciar quando houver sido transferidos os valores que sofreram com a indisponibilidade à uma conta judicial, devendo, inclusive, possuir a lavratura do termo de penhora incluso.
(c) Quais seus pressupostos e limites legais? É necessária demonstração por parte da Fazenda de que inexistem outros bens capazes de garantir a dívida? Ou aplica-se o art. 854 do CPC/15 (admite a constrição de ativos financeiros sem a prévia ciência do executado)? (Vide anexo IV e V)
R: Para a penhora on-line, seus pressupostos são justamente quando houver a citação do contribuinte, devendo este não apresentar bens para penhora e nem ter realizado o pagamento, conforme extrai-se do caput, do Art. 185-A do CTN, outrossim, os limites legais apresentados serão o de apenas para satisfazer a obrigação do crédito tributário devido, conforme aduz o §1º do mesmo artigo de lei.
	Ademais, conforme REsp n. 1.377.507 – SP, acerca da necessidade de demonstração de inexistência de bens para garantir a dividade:
[...]firma-se compreensão no sentido de que a indisponibilidade de bens e direitos autorizada pelo art. 185-A do CTN depende da observância dos seguintes requisitos: (i) citação do devedor tributário; (ii) inexistência de pagamento ou apresentação de bens à penhora no prazo legal; e (iii) a não localização de bens penhoráveis após esgotamento das diligências realizadas pela Fazenda, caracterizado quando houver nos autos (a) pedido de acionamento do Bacen Jud e consequente determinação pelo magistrado e (b) a expedição de ofícios aos registros públicos do domicílio do executado e ao Departamento Nacional ou Estadual de Trânsito – DENATRAN ou DETRAN.(GRIFO NOSSO)
	Entretanto, em outro julgado, REsp n. 1.184.765/PA, é possível perceber que há divergência acerca de tal fato:
12. Assim, a interpretação sistemática dos artigos 185-A, do CTN, com os artigos 11, da Lei 6.830/80 e 655 e 655-A, do CPC, autoriza a penhora eletrônica de depósitos ou aplicações financeiras independentemente do exaurimento de diligências extrajudiciais por parte do exequente.
	Ao ver, por tratar-se de penhora on-line, e possuir características de penhora em dinheiro, em inúmeros casos, é perceptível que o contribuinte não está querendo contribuir com o andamento processual, gerando morosidade ou até mesmo fraude a credores, logo, agindo de forma antecipatória em fazer garantir o crédito tributário, não é visto ser necessário provar que foram esgotados todos os tipos de diligências, já que o bloqueio pode evitar inúmeros problemas futuros, como por exemplo prescrições intercorrentes.
5.	Na execução fiscal o devedor-executado é citado para pagar ou indicar bem(ns) em garantia em cinco dias. Na hipótese de oferecimento de seguro-garantia, terá o devedor-executado que acrescentar 30% do valor do débito executado ao seguro para que essa modalidade de garantia seja aceita? Considere em sua resposta o teor do art. 7º, II da Lei n. 6.830/80 e o § 2º do art. 835 do CPC/15.
R:	Por equiparar-se ao dinheiro e em prol de substituir a penhora, esta modalidade necessita de ocorrer um acréscimo destes 30% sobre o débito em questão, como bem salienta o Art. 835 §2º do CPC.
Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:
§ 2º Para fins de substituição da penhora, equiparam-se a dinheiro a fiança bancária e o seguro garantia judicial, desde que em valor não inferior ao do débito constante da inicial, acrescido de trinta por cento.
	Assim como visto no Art. 7º, II da Lei n.º6.830/80, que confirma a equiparação quando aduz que não há nível hierárquico entre seguro-garantia, depósito ou fiança, sendo em todos os casos pode-se equiparar ao dinheiro 
	Logo, para poder usufruir do seguro-garantia em condições normais, é de suma importância que seja feito o pagamento acrescentado de 30% sobre a dívida, entretanto, é importante frisar que existe a possibilidade sim, da desnecessidade deste acréscimo, e como salientado abaixo:
“Lado outro, se no prazo de 05 (cinco) dias do art. 8º da LEF, o executado se adiantar à penhora e oferecer ao juízo fiança bancária ou apólice de seguro em garantia ao débito, não há que se falar no acréscimo de 30% previsto nos art. 835, § 2º e art. 848, parágrafo único, do NCPC (ou art. 656, § 2º do CPC/73). Isso, pois, a uma, não se está diante de substituição da penhora, como expressamente previsto nos referidos dispositivos; e, a duas, a LEF não traz essa exigência em momento algum, não sendo legítimo exigi-la sem amparo legal.”[footnoteRef:0] [0: Os Impactos do Novo CPC sobre o Processo Judicial Tributário, HENRIQUES, Guilherme de Almeida et al. Disponível em: <https://sachacalmon.com.br/wp-content/uploads/2018/08/antunes-p-h-n-apolice-fianca-seguro-ncpc.pdf> acesso em: 15 de setembro de 2022] 
	Portanto, não sendo o caso acima apresentado, o de em até 5 dias o executado oferecer a fiança ou apólice de seguro em garantia, é necessário o acréscimo de 30% para poder utilizar do seguro-garantia como forma de satisfazer o débito.
6.	Qual o termo inicial para consideração da fraude à execução fiscal? Há alguma divergência entre o art. 185 do CTN e o art. 792 do CPC/15? (Vide anexo VI)
R: Como bem salienta o Art. 185 do CTN, c/c com o REsp n. 1.141.990/PR, o termo inicial para a fraude à execução fiscal é o momento em que ocorre a alienação do bem, devendo, para tanto, ser após a citação do executado, não configurando fraude a alienação anterior à citação.
“Ocorrida a alienação do bem antes da citação do devedor, incabível falar em fraude à execução no regime anterior à nova redação do art. 185 do CTN pela LC118/2005”. (AgRg no Ag 1.048.510/SP, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 19/08/2008, DJe 06/10/2008).
A jurisprudência do STJ, interpretando o art. 185 do CTN, até o advento da LC 118/2005, pacificou-se, por entendimento da Primeira Seção (EREsp 40.224/SP), no sentido de só ser possível presumir-se em fraude à execução a alienação de bem de devedor já citado em execução fiscal”
Necessário destacar que, com o advento da LC 118/2005, é preciso analisar dois pontos:
1º Sendo a dívida anterior à vigência da lei, exige que tenha havido prévia citação no processo judicial para caracterizar a fraude de execução; 
2º Se o ato translativo foi praticado a partir da vigência, basta a efetivação da inscrição em dívida ativa para a configuração da figura da fraude.
Em questão sobre a divergência entre o Art. 185 do CTN e Art. 792 do CPC, percebe-se que o artigo do CPC, na questão do início da ocorrência da fraude, é importante frisar que a existência da persona da desconsideração da personalidade jurídica, nota-se que, no §3º a fraude à execução verifica-se a partir da citação da parte cuja personalidade se pretende desconsiderar. Sendo assim, mesmo com a citação da empresa, somente ocorre a fraude a partir da desconsideração da personalidade jurídica desta.
7.	A Fazenda Nacional ajuizou, no ano de 2016, execução fiscal contra a empresa XPTO, requerendo, na petição inicial, o redirecionamento fiscal para seu sócio Luis Antônio, com lastro no art. 135, III, do CTN, tendo por fundamento fático o encerramento irregular da sociedade. Considerando a vigência do CPC/15, pergunta-se:
	a) é necessária, no caso relatado, a instauração do incidente de desconsideração da personalidade jurídica (IDPJ)? Sendo negativa ou positiva a resposta, justifique? Se for negativa em que hipóteses o IDPJ seria cabível?.
R:		Não, pois como bem salienta os Art. 134 e 135 e seus incisos do CTN, há situações em que respondem solidariamente o sócio (Art. 134, VII CTN) no cumprimento das obrigações tributárias, além de que, assim como créditos derivados de ações ilícitas, as obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos(Art. 135, I CTN) é de responsabilidade do(s) sócio(s), não sendo necessário IDPJ, visto que a própria lei atribui responsabilidades solidárias/subsidiárias.
Assim julga o REsp 1.786.311/PR :
[...]V - Evidenciadas as situações previstas nos arts. 124, 133 e 135, todos do CTN, não se apresenta impositiva a instauração do incidente de desconsideração da personalidade jurídica, podendo o julgador determinar diretamente o redirecionamento da execução fiscal para responsabilizar a sociedade na sucessão empresarial. Seria contraditório afastar a instauração do incidente para atingir os sócios-administradores (art. 135, III, do CTN), mas exigi-la para mirar pessoas jurídicas que constituem grupos econômicos para blindar o patrimônio em comum, sendo que nas duas hipóteses há responsabilidade por atuação irregular, em descumprimento das obrigações tributárias, não havendo que se falar em desconsideração da personalidade jurídica, mas sim de imputação de responsabilidade tributária pessoal e direta pelo ilícito.(GRIFO NOSSO)
 
		Sendo assim, desnecessário o IDPJ, haja vista que tal incidente é cabível apenas em situações em que ocorram a confusão patrimonial entre sócio(s) e pessoa jurídica ou também pelo abuso de personalidade, entre outros casos apresentados pelo Art. 50 do CC e seus §§1º e 2º:
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. 
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza.
§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios, caracterizada por: 
I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa; 
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e 
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial.
	Portanto, feito o redirecionamento ao sócio administrador, é desnecessário o IDPJ, quando não houver situações que caracterizam abuso à imagem de pessoa jurídica, justamente para colaborar com a celeridade processual.
 
	b) uma vez instaurado o IDPJ, a defesa apresentada pelo sócio ou pessoal jurídica que se pretende atribuir responsabilidade pela obrigação tributária pode versar sobre o mérito da cobrança (inexigibilidade do crédito tributário), ou apenas sobre a ilegitimidade de sua responsabilização patrimonial pela dívida objeto da execução fiscal? 
R:	Há certa divergência acerca dos limites de defesa do sócio/pessoa jurídica que irá responder após a instauração do incidente, muitos alegam que apenas é possível na defesa matéria processual, ou seja, apenas fundamentos contra a IDPJ.
Entretanto, ao ver, é contrário aos princípios do contraditório e ampla defesa, sendo assim, o mais correto, e que grande parte acredita, é que, quando instaurado o IDPJ, aquele que apresentará a defesa tem o direito tanto de argumentar contra a ilegitimidade de sua responsabilização patrimonial quanto da questão material do direito, sobre a inexistência do crédito tributário etc.
Conforme visto no Art. 336 do CPC:
“Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir.”
	Novamente, por ser instaurado o incidente e sendo julgado procedente, o “novo” executado encontraria o processo “como está”, sendo assim, já houveram as apresentações de todos os tipos de provas e que este executado não seriam abertos novas vistas e novas defesas, por isso, deve-se alegar todos as matérias possíveis quando for feita a defesa contra o incidente, já que posteriormente não o poderá, neste ponto destaca-se que, após a entrada deste sócio/pessoa jurídica, aí sim não irá ferir o contraditório nem ampla defesa, já que basicamente foram abertas as possibilidades de inclusive alegar inexistência de débito.
8.	Em sua opinião, para que a execução fiscal seja proposta já com o sócio no pólo passivo (seu nome consta na certidão de dívida ativa) é necessário que tenha participado do processo administrativo para apuração de sua responsabilidade? Justifique sua resposta indicando o dispositivo normativo processual (CPC/2015 ou lei de execução fiscal) que confirma ou infirma a legitimidade passiva do sócio na execução fiscal.
R: 	Não, pois quando consta o sócio no pólo passivo da CDA, mesmo não tendo ocorrido um processo administrativo que verifique a responsabilidade, não significa que há definitivamente a responsabilização deste pela CDA, é, portanto, de responsabilidade do sócio apurar a sua não participação na execução fiscal, como bem salienta no Recurso Especial 1.604.672/ES, já que é presumida sua responsabilização, conforme Art. 202 do CTN:
 Art. 202. O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela autoridade competente, indicará obrigatoriamente:
 	I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsáveis, bem como, sempre que possível, o domicílio ou a residência de um e de outros;
		Sendo assim, mesmo não ocorrendo a Processo Administrativo, indo direito à Execução Fiscal com a CDA incluindo o nome do sócio, é de responsabilidade do mesmo argumentar que não merece estar no polo passivo.
Conjuntamente com o supra artigo, a LEF (Lei 6.830) em seu Artigo 2º, §5º, I confirma que o mesmo que apresentado acima:Art. 2º - Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida como tributária ou não tributária na Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, com as alterações posteriores, que estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.
§ 5º - O Termo de Inscrição de Dívida Ativa deverá conter:
I - o nome do devedor, dos co-responsáveis e, sempre que conhecido, o domicílio ou residência de um e de outros;
Já que compreende-se que os sócios possuem responsabilidade presumida, aliás, conforme entendimento da Ministra Regina Helena Costa, “ a CDA simplesmente arrolou os nomes dos sócios da sociedade empresária executada, não tendo havido, assim, a explicitação da condição de co-devedores ou corresponsáveis”, portanto, “ a sua inscrição se deu como meros sócios, e não como corresponsáveis”.
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