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P6. Transpiração 32 PRÁTICA 6. TRANSPIRAÇÃO: MODELOS FÍSICO E VIVO DA TEORIA DE ASCENSÃO DE ÁGUA NAS PLANTAS (TEORIA DE DIXON). EFEITO DA LUZ NA TRANSPIRAÇÃO. 1. INTRODUÇÃO Transpiração e fluxo de água na planta A teoria mais aceita para explicar a ascensão da água através das plantas é conhecida como teoria da tensão-coesão ou teoria de Dixon (1914). De acordo com a teoria de Dixon, a força motriz que movimenta a água no xilema origina-se da evaporação da água das paredes do mesófilo foliar e da tensão ou pressão negativa que se estabelece como conseqüência desta evaporação. As paredes celulares das células do mesófilo são cobertas por um filme d’água que adere à celulose. À medida que a água evapora deste filme aquoso, a interface ar-líquido se retrai ocupando espaços (poros) cada vez menores entre as microfibrilas de celulose e entre as junções angulares de células adjacentes. Os meniscos tornam-se cada vez menores à medida que a água evapora. Isto merece destaque porque à medida que o raio dos meniscos decresce, a tensão superficial na interface ar-líquido gera pressões negativas cada vez mais acentuadas, diminuindo progressivamente a energia livre da água. Como a coluna d’água é contínua, esta pressão negativa ou tensão se transmite através da coluna até o cilindro central das raízes gerando diferenças de potencial hídrico entre as raízes e a solução do solo. As taxas de transpiração (T) são diretamente proporcionais ao gradiente de pressão de vapor (e) entre o interior do mesófilo foliar (ef) e a atmosfera (ea) e inversamente proporcionais às resistências ao fluxo do vapor d’água na atmosfera (ra) e no mesófilo foliar (rf) , conforme equação abaixo: P6. Transpiração 33 Todos os fatores que interferem nas temperaturas foliares e do ar e na umidade relativa do ar influenciam o e. A resistência do ar é dada pela camada limite e a resistência foliar é composta pela resistência cuticular e pela resistência estomática, principal responsável pelo controle da transpiração nos vegetais. Os objetivos desta aula são: i) observar o funcionamento do modelo físico e do modelo vivo da teoria da tensão-coesão; ii) discutir os princípios físicos da teoria da tensão-coesão utilizando os modelos observados; iii) discutir os fatores que alteram o gradiente de pressão de vapor entre a folha e a atmosfera (e = ef – eat); iv) calcular o e a partir de tabelas de pressão de vapor; v) observar e discutir o efeito da luz sobre a transpiração das plantas; vi) discutir os mecanismos de controle do tugor das células guarda e sua relação com as taxas transpiratórias; 2. TEORIA DE DIXON. MONTAGEM DE POTÔMETRO 2.1. Materiais kitasato bacia grande com água rolha de borracha perfurada no centro fita veda-rosca suporte de metal vela de filtro liga de soro (garrote de látex) mercúrio ramos destacados de tamarindo ou similar f r a r a e f e T P6. Transpiração 34 2.2. Procedimentos para montagem do modelo físico (evaporação na vela de filtro) Saturar a vela de filtro porosa com água e conectá-lo à liga de soro de forma a eliminar o ar do sistema e garantir o contínuo hídrico. Esta operação deve ser feita sob a água (utilizar uma bacia grande com água) Conectar uma vareta de vidro plena de água na outra extremidade da liga de soro, sob a água Para evitar saída de água, segurar com o dedo, a extremidade do tubo e colocá-lo no bécher em contato com o mercúrio (Figura 5.1) Observar a ascensão natural da coluna de água à medida que a água evapora das superfícies porosas do filtro Pode-se acelerar o processo de evaporação utilizando um secador de cabelo, aplicando o fluxo de ar quente diretamente sobre o filtro poroso Uma vez que a coluna de mercúrio tenha subido de modo expressivo, pode-se reumidecer o filtro com um tecido de algodão molhado. A água entrará no filtro e a coluna de mercúrio descerá 2.3. Procedimentos para montagem de modelo vivo (transpiração) Coletar ramos de tamarindo ou de outras espécies lenhosas no momento da montagem e colocá-los imediatamente com a extremidade cortada na água Encaixar a extremidade cortada do ramo em uma rolha de borracha perfurada de tal forma a evitar qualquer passagem de ar (utilizar P6. Transpiração 35 fita veda-rosca para envolver a região do ramo que ficará em contato com a rolha). Executar todo o processo com o ramo debaixo d’água. Encaixar a rolha de borracha com o ramo em um kitasato, sob a água (utilizar uma bacia grande com água), evitando a entrada de ar no sistema Observar a ascensão da coluna de mercúrio (Figura 5.1) Figura 5.1 – Potômetro – modelos vivo e físico Questões propostas: i) As paredes dos vasos do xilema têm características especiais. Quais são e qual a importância destas adaptações morfológicas para o fluxo transpiratório da água na planta? P6. Transpiração 36 ii) Pressão negativa, raio dos meniscos, potencial matricial absorção de água do solo, perda de água por transpiração, parede celular e espaços intercelulares, filmes de água no apoplasto dos tecidos foliares. Utilizando os termos mencionados, explique o modelo de ascensão de água na planta segundo a teoria de Dixon. 3. EFEITO DA LUZ SOBRE TRANSPIRAÇÃO 3.1. Materiais sacos plásticos transparentes barbante e fita crepe um rolo de papel alumínio planta de Hibiscus ou outro arbusto ou mesmo plantas ramificadas envasadas 3.2. Procedimentos para montagem da prática Encapsular as extremidades de ramos de Hibiscus com sacos plásticos transparentes 48 a 72 horas antes da aula prática (dependendo das condições atmosféricas), lacrando-os com barbante para reduzir as trocas gasosas, mas sem danifica-los Cobrir alguns ramos encapsulados em sacos plásticos com papel alumínio procurando retirar ao máximo a luz incidente, tanto direta quanto indiretamente (difusa) No momento da aula, observar as diferenças no conteúdo de água acumulada nos sacos plásticos de ramos iluminados e mantidos no escuro (envoltos em papel alumínio) P6. Transpiração 37 Questões propostas: i) Discuta o efeito da luz sobre a transpiração dos ramos encapsuladas das plantas de Hibiscus. ii) A luz influencia o turgor das células guarda de modo direto e indireto. Discuta os efeitos direto e indireto da luz sobre o mecanismo de regulação do turgor das células guarda. iii) Discuta o efeito do CO2 sobre a transpiração dos ramos de Hibiscus encapsulados com sacos plásticos transparentes e cobertos com papel alumínio? iv) Utilizando os dados da Tabela 1, compare e classifique, em ordem decrescente, as cinco plantas quanto às suas taxas de transpiração. Para isso você deve calcular o valor de e utilizando os valores da Tabela 2. Tabela 1. Temperaturas foliares e condições atmosféricas (UR% e temperatura do ar) a que estão submetidas cinco plantas da mesma idade, genótipo e com solo na capacidade de campo. A UR da atmosfera intrafoliar é de aproximadamente 100%. Planta Temperatura foliar (oC) Atmosfera UR% e Temperatura e (ef – eat) A 20 50% e 10 ºC B 20 50% e 20 ºC C 30 20% e 30 ºC D 30 100% e 30 ºC E 30 100% e 20 oC F 30 80% e 30 ºC P6. Transpiração 38 Tabela 2. Pressão de vapor da água (K Pa) em função da temperatura e da umidade relativa do ar (Hopkins, 1999) Umidade relativa(UR) Temperatura 100% 80% 50% 20% 10% 30 4,24 3,40 2,12 0,85 0,42 20 2,34 1,87 1,17 0,47 0,23 10 1,23 0,98 0,61 0,24 0,12 iii) Existe alguma planta que não esteja transpirando dentre as cinco analisadas na tabela 1? Indique e explique! Tabela 3. De que forma os fatores abaixo influenciam a transpiração ? Fatores (+) ou (-) Grau de abertura estomática Escuridão Luz Baixa conc. de CO2 Alta conc. de CO2 Estresse hídrico Baixa conc. de ABA Alta conc. de ABA
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