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BIOQUÍMICA APLICADA NOME: __________________________________________________ TABELA PERIODICA DOS ELEMENTOS Maria Perpétua Oliveira Ramos perpetor@unipam.edu.br Ementa: A lógica molecular dos organismos vivos. Água. Ácidos e bases. Ligações químicas. Noções de bioenergética e compostos fosfatados de alta energia. Biomoléculas: aminoácidos e proteínas - química e metabolismo. Enzimas. Carboidratos: química e metabolismo. Lipídeos: química e oxidações biológicas. Metabolismo Intermediário. Objetivos gerais Promover noções adequadas sobre os fenômenos bioquímicos e sua interação com organismo; Proporcionar aos alunos o conhecimento básico dos princípios da Bioquímica, bem como da estrutura e função das principais macromoléculas biológicas. Proporcionar aos alunos o conhecimento básico das vias metabólicas celulares, e posteriormente, uma visão integrada das mesmas Bioquímica é, sem dúvida, uma das ciências mais fascinantes porque desmonta o ser vivo em seus componentes básicos e tenta explicar o funcionamento ordenado das reações químicas que tornam possível a vida, frequentemente adjetivada como milagre ou fenômeno. Entretanto, o processo químico muito bem organizado que estabelece toda a existência da vida em nosso planeta, tem sido desvendado, continuamente, por cientistas do mundo inteiro. 1 Sumário 1 INTRODUÇÃO A BIOQUÍMICA APLICADA .................................................................................... 2 ATIVIDADE 01 - INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA ................................................................................ 10 2 ÁGUA E SUAS PROPRIEDADES ....................................................................................................... 11 ATIVIDADE 02 - ÁGUA ........................................................................................................................... 17 3 ÁCIDOS E BASES NOS ORGANISMOS BIOLÓGICOS ........................................................ 19 ATIVIDADE 03 – ÁCIDOS E BASES NOS ORGANISMO BIOLÓGICOS ............................................ 30 4 AMINOÁCIDOS E PROTEÍNAS ......................................................................................................... 32 Proteínas .........................................................................................................................................35 APS 04 AMINOÁCIDOS E PROTEÍNAS ................................................................................................ 44 5 ENZIMAS ............................................................................................................................................... 47 Inibidores Enzimáticos: ...................................................................................................................54 ATIVIDADE 05 - ENZIMAS ..................................................................................................................... 56 6 ESTRUTURA E FUNÇÃO DE CARBOIDRATOS ............................................................................ 59 ATIVIDADE 06: CARBOIDRATOS ......................................................................................................... 74 7 ESTRUTURA, PROPRIEDADE E FUNÇÃO DE LIPÍDIOS ............................................................ 76 7.3 Principais Lipídeos Plasmáticos .............................................................................................80 7.6 Lipoproteínas ............................................................................................................................85 ATIVIDADES LIPIDEOS .......................................................................................................................... 87 8 BIOENERGÉTICA E METABOLISMO ............................................................................................. 90 8.1 Transformação de Energia .........................................................................................................90 APS 08 BIOENERGÉTICA ........................................................................................................................ 93 9 METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS ........................................................................................ 95 ATIVIDADE 9: METABOLISMO DE CARBOIDRATOS................................................................ 114 10. METABOLISMO DOS AMINOÁCIDOS GRUPO AMINO DOS COMPOSTOS NITROGENADOS .................................................................................................................................. 117 ATIVIDADE 10: METABOLISMO DE AMINOÁCIDOS ...................................................................... 121 11 METABOLISMO DOS LIPÍDEOS .................................................................................................. 123 ATIVIDADE 11: METABOLISMO DE LIPIDEOS ................................................................................ 129 12 METABOLISMO DO GLICOGÊNIO ............................................................................................. 131 ATIVIDADE 12: METABOLISMO DO GLICOGÊNIO ........................................................................ 133 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................................... 134 2 1 INTRODUÇÃO A BIOQUÍMICA APLICADA 1.1 Surgimento do Universo A teoria mais aceita para tentar explicar a origem das coisas, é a teoria do Big-Bang. Onde uma grande explosão ocorrida em um evento onde ainda não existia espaço / tempo. As partículas fundamentais começam a se combinar de diferentes formas formando outras partículas que dão continuidade ao processo graças às altas temperaturas. Calor → H2 e He • Até elementos mais complexos Microrganismos simples → biomoléculas complexas 1.2 Átomo e Célula → BIOQUÍMICA Figura 1 – Temas principais em bioquímica Figura 2 - Hierarquia estrutural na organização molecular das células Nível 4: A célula e suas organelas Nível 3: Complexos Supramoleculares Nível 2: Macromolécula Nível 1: Unidades Monoméricas 3 Figura 3 - Elementos químicos essenciais para a manutenção da vida Dos elementos químicos encontrados na natureza, quatro são encontrados com maior frequência na composição química dos seres vivos. Esses elementos são o carbono (C) o oxigênio (O), o nitrogênio (N) e o hidrogênio (H). Além desses quatro elementos, outros são biologicamente importantes como o sódio (Na), potássio (K), cálcio (Ca), fósforo (P), enxofre (S), entre outros. Figura 4 - Elementos químicos encontrados na natureza 1.2 Elementos químicos essenciais para a manutenção da vida Os macroelementos (sombreados em laranja) são componentes estruturais das células e dos tecidos. Os microelementos (sombreados em amarelo) são necessários para algumas formas de vida. 4 Ligação covalente Ligação química onde os átomos compartilham os elétrons entre si, de forma que ambos se tornam estáveis, e não há a transferência de elétron(s) de um átomo para o outro. Geralmente a ligação covalente ocorre nos elementos químicos que possuem de 4 a 7 elétrons em sua camada de valência, sendo mais comum ocorrer este tipo de ligação entre elementos não metálicos. Há casos em que há a ligação covalente entre metais e entre metais e ametais, mas esse tipo de fenômeno ocorre com menor frequência. Existem alguns tipos diferentes de ligações covalentes, utilizando-se a representação eletrônica de Lewis para facilitar o entendimento: Figura5 - Ligação covalente simples Figura 6 - Ligação covalente dupla Figura 7 - Ligação covalente tripla Figura 8 - Ligação covalente coordenada ou dativa 5 Nossos sentidos — visão, paladar, olfato, audição e tato — permitem-nos experimentar o mundo. Alegramo-nos com a maciez de um gatinho e com o barulho de seu miado através do tato e da audição. De modo notável, essas agradáveis sensações dependem de ligações químicas fracas e reversíveis. 1.4 Grupos funcionais comuns em biomoléculas Uma das evidências da evolução biológica e da ancestralidade comum dos seres vivos é que todas as formas de vida possuem composição química semelhante. Na composição química das células dos seres vivos, estudamos dois grandes grupos de substâncias: as substâncias inorgânicas e as substâncias orgânicas. São classificadas como substâncias inorgânicas a água e os sais minerais. São substâncias orgânicas os hidratos de carbono, lipídios, proteínas e ácidos nucléicos. As substâncias orgânicas são formadas por cadeias carbônicas com diferentes funções orgânicas. As propriedades especiais de ligação do carbono permitem a formação de grande variedade de moléculas com funções distintas. Os átomos de carbono unidos entre si podem formar cadeias lineares, ramificadas ou estruturas cíclicas, constituindo estruturas altamente estáveis. Outros grupos de átomos, chamados de Grupos Funcionais, são adicionados a esses esqueletos carbônicos, conferindo propriedades químicas específicas à molécula, assim formada, e dando origem a uma diversidade ilimitada de biomoléculas. Aldeídos Aldeídos de odor agradável: • Formol: produto usado na conservação de tecidos animais • Benzaldeído (presente em amêndoas) • Cinamaldeído ou aldeído cinâmico (odor da canela) • Citral (uma das fragrâncias do limão) Cetonas • Propanona: solvente de esmalte de unhas • Hálito cetônico (odor adocicado): jejum prolongado, dieta com muita gordura e pouco açúcar. Formol : Benzaldeído Cinamaldeído Citral 6 Álcoois • Etanol: presente em diferentes concentrações em bebidas como vinho, cerveja, aguardente e uísque; • Solvente em perfumes, loções, desodorantes e medicamentos; • Antisséptico (álcool em gel), combustível; • Metanol: é incolor e apresenta odor e sabor semelhantes ao do etanol, sendo imperceptível a sua presença nas bebidas. Tóxico pode levar a cegueira e a morte. Ácidos carboxílicos • Ácido etanóico: sabor azedo do vinagre; • Ácido butanóico : odor característico da manteiga rançosa; • Ácido pentanóico: aroma de alguns queijos; • Ácido metanóico: em formigas. Éteres • Inalantes prejudiciais à saúde; • Princípios ativos de algumas plantas tóxicas. Ésteres • Flavorizantes artificiais (conferem aroma e sabor) em balas e doces; • Acetato de etila, acetato de butila e acetato de pentila: solventes de esmaltes de unha. 7 Aminas • Trimetilamina: odor de peixe (principalmente deteriorado); • Anilina: matéria-prima para corantes utilizados na indústria de cosméticos. Amidas • Estrutura das Proteínas • Ureia: substância nitrogenada componente de fertilizantes, matéria-prima para plásticos, suplemento alimentar para gado, matéria-prima para a indústria farmacêutica. Figura 9 - Grupos Funcionais em Biomoléculas Epinefrina (Adrenalina)= hormônio secretado pelas supra-renais. Histidina: aminoácido 1.5 Estrutura Tridimensional dos Compostos Orgânicos Embora as ligações covalentes e os grupos funcionais das biomoléculas tenham importância central para a função destas, o arranjo espacial em 3 dimensões dos átomos de cada biomolécula – sua estereoquímica – é crucialmente importante. Figura 10 - Representação estrutural da alanina a) Fórmula estrutural b) Modelo bola e bastão c) Modelo espaço-cheio 8 Configuração É o arranjo espacial de uma molécula orgânica, que lhe é conferido: 1) Pela presença de duplas ligações ao redor das quais não existe liberdade de rotação, ou 2) Por centros quirais, ao redor dos quais os grupos substituintes estão arranjados em uma sequência específica. A) isomeria cis-trans Os isômeros como os ácidos maléico e fumárico não podem ser interconvertidos sem a quebra de ligação covalente, o que requer fornecimento de uma grande quantidade de energia. Isômeros são compostos de mesma fórmula molecular que apresentam propriedades diferentes por apresentarem fórmulas estruturais diferentes. O maleico é tóxico, já o fumárico participa da produção celular de energia, é produzido pela pele humana durante a exposição de luz solar. B) Enantiômeros Enantiômeros só ocorrem com compostos cujas moléculas são QUIRAIS Molécula quiral: Apresenta lado esquerdo e lado direito. É uma molécula que é idêntica a sua imagem no espelho. A molécula quiral e sua imagem são enantiômeros e NÃO são superponíveis. Apresenta pelo menos um centro quiral (Carbono com 4 ligantes diferentes) ➢ Importância biológica da quiralidade Figura 10 - O corpo humano é estruturalmente quiral. molécula quiral → Sítio de recepção quiral → Direção correta → resposta fisiológica natural (aminoácido) (enzimas) (impulso neural, catálise da reação) Configuração Absoluta O arranjo espacial dos substituintes ao redor do centro quiral é a sua configuração absoluta. Nem o sinal, nem a magnitude da rotação nos falam sobre a configuração absoluta de uma substância. Utiliza-se as letras 9 R ou S antes do nome químico do composto e, assim, pode-se saber de qual dos enantiômeros se está falando. Figura 11 - Configuração absoluta de uma substância Conversão de Fischer-Rosanoff: D/L As designações D e L são usadas para descrever as configurações de carboidratos e aminoácidos e são semelhantes às designações R e S, uma vez que elas não estão necessariamente relacionadas às rotações ópticas dos açúcares. Nas projeções de Fischer de monossacarídeos, o grupo carbonila é sempre colocado no topo (no caso de aldoses) ou mais próximo do topo possível (no caso das cetoses). As designações D e L indicam a configuração do carbono assimétrico mais distante da carbonila. As notaçõs D e L são dadas em função do carbono que é o segundo de baixo para cima, assim se o grupo hidroxila (OH) ligado ao carbono assimétrico estiver à direita, a substância é um açúcar da série D. Se o grupo OH estiver à esquerda, então a substância é um açúcar da série L. Figura 12 - Projeções de Fischer de monossacarídeos 10 ATIVIDADE 01 - INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA NOME: __________________________________________TURMA _______ 1) Enumere a segunda coluna de acordo com a primeira: (A) Carbono ( ) São componentes estruturais das células e dos tecidos e são elementos químicos. (B) Grupos funcionais ( ) Arranjo espacial que informa a posição e os ângulos que os átomos ocupam. (C) Isômeros ( ) Grupo a que pertencem flavorizantes artificiais que conferem aroma e sabor a balas e doces (D) Macroelementos ( ) Grupos de átomos, adicionados ao esqueleto carbônico, dando origem a uma diversidade ilimitada de biomoléculas. (E) Modelo bola bastão ( ) São compostos de mesma fórmula molecular que apresentam propriedades biológicas diferentes. (F) Ésteres ( ) Principal componente das biomoléculas presente em50 a 60% na composição destas. 2) Sobre um átomo assimétrico ou quiral é correto afirmar: a) Possui três grupos químicos diferentes ligados a um mesmo átomo de carbono. b) A molécula se superpõe à sua imagem especular quando girada no sentido anti- horário. c) Possui quatro grupos químicos diferentes ligados a um mesmo átomo de carbono. d) Apenas uma configuração espacial é possível. 3) Consultando o livro: LEHNINGER, Albert l.; NELSON, David L.; COX, Michael M. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 1298 p., resolva os problema, 1 (página 41), problemas 7 e 12 (página 42 e problema 14 (página 43). 11 2 ÁGUA E SUAS PROPRIEDADES A água é a substancia mais abundante nos sistemas vivos, perfazendo até 70% ou mais de peso da maioria dos organismos. Nos animais domésticos adultos chega a 60% e nos neonatos a 75%. A vida na Terra começou na água e, ainda hoje, a ela se associa. Só há vida onde há água. A água é o solvente da vida. Humanos são 65% de água, tomates são 90% e uma célula típica é aproximadamente 70%. De fato, a maioria dos organismos é água, se são bactérias, cactos, baleias ou elefantes. Muitas das moléculas orgânicas necessárias para a Bioquímica de sistemas vivos se dissolvem em água. As propriedades da água que a tornam fundamental para os seres vivos relacionam-se com sua estrutura molecular que é constituída por dois átomos de hidrogênio ligados a um átomo de oxigênio por ligações covalentes. 2.1 Polaridade da água Embora a molécula como um todo seja eletricamente neutra, a distribuição do par eletrônico em cada ligação covalente é assimétrica, deslocada para perto do átomo de oxigênio. Assim, a molécula tem um lado com predomínio de cargas positivas e outro com predomínio de cargas negativas. Moléculas assim são chamadas polares. Figura 1 – Distribuição eletrônica na molécula de água Todas as reações químicas do organismo são realizadas em meio aquoso, e o equilíbrio de tais reações depende da concentração dos produtos de ionização da água, isto é, dos íons H+ e OH-. As forças de atração entre as moléculas da água e a leve tendência da água em ionizar são de grande importância para a estrutura e função das biomoléculas. 2.2 Ligação de hidrogênio Essa ligação garante a coesão entre as moléculas, o que mantém a água fluida e estável nas condições habituais de temperatura e pressão. Algumas das mais importantes propriedades da água relacionam-se com as ligações de hidrogênio. A formação de ligações de hidrogênio em moléculas de água é altamente favorecida por essa estrutura. Figura 2 - Ligação de hidrogênio na molécula de água 12 As ligações de hidrogênio são mais longas e mais fracas que as ligações covalentes. No gelo a molécula de água forma o máximo de quatro ligações de hidrogênio, criando uma treliça cristalina regular. Figura 3 - Ligações de hidrogênio entre outras moléculas Ligações Fracas Permitem Repetidas Interações Uma característica importante das ligações fracas é que podem facilmente se romperem. O DNA fornece um excelente exemplo do motivo pelo qual o rompimento das ligações fracas é essencial. As ligações de hidrogênio entre as bases estabilizam a dupla hélice e guardam a informação codificante, a sequência de bases dentro da hélice longe de reações potencialmente prejudiciais sendo que a informação é para ser sempre útil, ela deve ser acessível. Consequentemente, a dupla hélice pode ser aberta, os filamentos (fitas) separados de modo que o DNA possa ser replicado ou de outra maneira os genes no DNA possam ser expressos. As interações fracas são bastante fortes para estabilizar e proteger o DNA, mas fracas o suficiente para permitir o acesso à informação das sequências de base em circunstâncias apropriadas. Moléculas Hidrófobas Agrupam-se A existência da vida sobre a Terra depende de modo crítico da capacidade de a água dissolver moléculas polares ou carregadas. Tais moléculas são chamadas de moléculas apolares ou hidrófobas, graças a essas moléculas simplesmente não interagirem com a água. Moléculas de solutos apolares são orientadas juntas na água não basicamente porque têm uma alta afinidade umas pelas outras, mas porque, quando se associam, liberam as moléculas de água. Esta associação dirigida pela entropia é chamada de efeito hidrófobo e as interações resultantes de interações hidrófobas. As interações hidrófobas formam-se espontaneamente, a entrada de energia não é necessária pois, quando se formam, aumenta a entropia da água. Moléculas Anfipáticas Podem Formar Compartimentos na Presença de Água A estrutura do fosfolipídeo revela duas propriedades químicas diferentes. O topo da molécula, chamado de grupamento da cabeça, é hidrófilo, consistindo em espécies polares e carregadas. Contudo, o restante da molécula, consistindo em duas grandes cadeias hidrocarbonadas, não pode interagir com a água. Tal molécula, com duas personalidades químicas diferentes, é denominada molécula anfipática. Quando expostas à água, as moléculas, elas próprias, orientam-se, de tal modo que os grupamentos hidrófilos da cabeça interagem com o meio aquoso, enquanto as caudas hidrófobas são segregadas para longe da água, interagindo apenas com as outras. Nessas condições apropriadas, elas podem formar mem- branas. Os lipídeos formam uma bicamada fechada contígua, com o exterior hidrófilo e o interior hidrófobo, que se estabiliza por interações de van der Waals entre as caudas hidrófobas. 13 Membranas determinam o interior e o exterior da célula, assim como separam os componentes das células eucarióticas em compartimentos bioquímicos diferentes. 2.3 Propriedades Macroscópicas da água: água como veículo 1) Tensão superficial: coesão entre as moléculas da superfície, formando uma "rede". É mais alta de todos os líquidos:(7,2 x 109 N.m-1). Sendo importante na fisiologia das células; controla certos fenômenos de superfície (Tensão superficial é a força que existe na superfície de líquidos em repouso). Figura 4 - Insetos sobre a superfície da água 2) Calor específico elevado: a água tem calor específico muito alto (1 cal/grama por grau Célsius). Impede variações bruscas na temperatura ambiente; tende a manter a temperatura do organismo constante. As moléculas de água podem absorver grande quantidade de calor sem que sua temperatura fique elevada, pois parte desta energia é utilizada no enfraquecimento das ligações de hidrogênio. Isso explica o papel termorregulador da água por meio da transpiração que mantém a temperatura em valores compatíveis com a manutenção da vida das diferentes espécies. ❖ Os seres vivos só podem existir em uma estreita faixa de temperatura. 3) Densidade: a densidade do gelo é menor que da água 4) Viscosidade: A viscosidade de um fluido é basicamente uma medida de quanto ela gruda. A água é um fluido com pequena viscosidade. 2.4 Propriedades Microscópicas da água: água como solvente 1) Capacidade solvente: a polaridade da molécula de água explica a eficácia em separar partículas entre si, pois o caráter polar da água tende a diminuir as forças de atração dos íons encontrados em sais e em outros compostos iônicos, favorecendo a dissociação dos mesmos. Os dipolos da água envolvem os cátions e ânions (solvatação)impedindo a união entre essas partículascarregadas eletricamente. 14 Figura 5 - O fenômeno da solvatação iônica ➢ A constante dielétrica alta: mantém os íons afastados em solução. ➢ Soluções: há um componente dispersor chamado solvente e um disperso chamado soluto Figura 6 - NaCl (soluto) + água (solvente) = Solução Os solutos afetam as propriedades coligativas das soluções aquosas Figura 7- Relação entre pressão de vapor e concentração das soluções aquosas 2)Substâncias Covalentes: solúveis e insolúveis a) Na água pura, cada molécula na superfície é H2O e todas contribuem para a pressão de vapor. Cada uma das moléculas na solução é H2O e podem contribuir para a formação dos cristais de gelo. b) Nessa solução, a concentração efetiva da H2O é reduzida; apenas 3 de cada 4 moléculas na superfície e na face aquosa são água. A pressão de vapor da água e a tendência da água líquida para entrar o cristal são reduzidas proporcionalmente. 15 3)Substâncias Anfipáticas São moléculas que apresentam a característica de possuírem uma região hidrofílica (solúvel em meio aquoso), e uma região hidrofóbica (insolúvel em água, porém solúvel em lipídios e solventes orgânicos). Figura 8 - Interação anfipática de moléculas de ácido graxo e formação de micelas 2.5 Água, o solvente das reações bioquímicas Osmose e a medida da pressão osmótica Osmose é o fenômeno espontâneo da passagem do solvente puro para uma solução que está dele separada por uma membrana semipermeável, isto é, por uma membrana permeável ao solvente, mas não ao soluto. Figura 9 - Osmose e a medida da pressão osmótica Para a manutenção de suas funções vitais, uma célula necessita de substâncias existentes no meio externo, como é o caso dos nutrientes. Transporte ativo A bomba de sódio e potássio é um exemplo de transporte ativo. Fora das células existe uma alta concentração de sódio e uma baixa concentração de potássio. Hemácias A osmose pode provocar alterações na forma das células. 16 Figura 10 - Efeito da osmolaridade extracelular na movimentação da água através de uma membrana plasmática: Funções da água • TRANSPORTE DE SUBSTÂNCIAS • FACILITA REAÇÕES QUÍMICAS • TERMORREGULAÇÃO • LUBRIFICANTE • REAÇÕES DE HIDRÓLISE • EQUILÍBRIO OSMÓTICO • EQUILÍBRIO ÁCIDO BASE 17 ATIVIDADE 02 - ÁGUA NOME: __________________________________________TURMA _______ 01. A água é o solvente biológico ideal por ser capaz de solubilizar íons, açúcares e muitos aminoácidos. Entretanto é incapaz de dissolver substâncias como lipídeos e alguns aminoácidos o que permite a formação de estruturas supramoleculares em numerosos processos bioquímicos. Sobre as propriedades da água e sua interação com as biomoléculas pode-se afirmar que I. a água apresenta baixos valores de calor específico, evitando variações bruscas na temperatura dos organismos. II. um grande número de biomoléculas, denominadas anfipáticas, quando misturadas à água, se agrega formando estruturas estáveis chamadas micelas. III. as propriedades da água são especialmente importantes para a existência dos seres vivos devido o alto calor específico, o alto poder de dissolução e a alta tensão superficial. IV. muitos compostos denominados hidrofóbicos são solúveis em água, como por exemplo, o etanol), sais e açúcares. Estão corretos apenas os itens A) I e III. B) I e II. C) II e IV. D) II e III. 02. A água é a substância mais abundante dos seres vivos compondo 60 a 75% do peso corporal. Nos animais domésticos adultos, este valor está próximo a 60% enquanto que nos neonatos é de 75%. A água participa nos fenômenos de: I. Manutenção da temperatura corpórea. II. Participação em reações metabólicas III. Transporte de substâncias IV. Transporte de energia Podem completar corretamente o enunciado A) I, II e IV. C) I, II e III. B) II e III. D) II e IV. 03. O estudo da bioquímica começa com o estudo da água e suas propriedades. A água é o composto químico mais abundante presente nos organismos vivos e perfaz cerca de 60 a 95% do peso total das diferentes células, tecidos e organismos vivos. As propriedades da água e de seus produtos de ionização, os íons H+ e OH-, influenciam profundamente as propriedades de muitos componentes importantes das células, tais como as enzimas, as proteínas, os ácidos nucléicos e os lipídeos. Analise as frases abaixo de acordo com suas características I– a água é uma molécula polar, pois apresenta distribuição não equivalente (desigual) de elétrons entre seus átomos, já que o oxigênio é mais eletronegativo que o hidrogênio. II – a água tem uma carga negativa junto ao átomo de oxigênio por causa dos pares de elétrons não compartilhados e tem cargas positivas junto aos átomos de hidrogênio, o que lhe confere a característica de dipolar. III – a água tem uma estrutura molecular simples. Ela é composta de um átomo de oxigênio e dois átomos de hidrogênio. Cada átomo de hidrogênio liga-se covalentemente ao átomo de oxigênio por isso ela tem dificuldade de dissociação ou ionização. IV – muitos compostos são solúveis em água, como por exemplo, o etanol (não iônico), sais e açúcares (iônicos) e, portanto são denominados hidrofóbicos. V– a grande variedade de pontes de hidrogênio confere à água outras características como: altos pontos de fusão e ebulição, calor específico, baixa viscosidade e tensão superficial. É CORRETO apenas o que se afirma em A) I e II. B) II e IV. C) III e IV. D) I, III e V. E) I, IV e V. 04. Todas as interações fracas podem ser basicamente interações eletrostáticas. Quais são essas interações? Explique. 18 05. A água será o bem mais precioso neste século por ser essencial aos seres vivos. Na galinha, por exemplo, a água total do corpo (TBW) atinge cerca de 85% do peso na primeira semana de vida. Na quarta semana, esse valor cai para 70%, para 55 a 60% na idade de maturidade sexual e para 53% na maturidade. Sobre esse líquido, assinale a alternativa CORRETA. A) Os seres terrestres não dependem da água para sua reprodução, respiração e metabolismo. B) A quantidade de água encontrada nos organismos é invariável de espécie para espécie. C) A atividade metabólica de uma célula está diretamente relacionada à condição de hidratação desta célula. D) A natureza apolar e a capacidade de formar ligações de hidrogênio tornam a água uma molécula com grande poder de interação. E) A água tem baixo calor específico e, por isso, não consegue absorver o excesso de calor produzido no corpo, provocando produção de suor. 19 3 ÁCIDOS E BASES NOS ORGANISMOS BIOLÓGICOS Você deve ter percebido que algumas substâncias ácidas tem um gosto meio azedo e que algumas substâncias básicas, como sabão e hipoclorito, tendem a ser escorregadias. Mas o que realmente significa algo ser ácido ou ser básico? Para simplificar: • Uma solução ácida tem uma alta concentração de íons de hidrogênio (H+), maior do que a da água pura. • Soluções básicas tem uma concentração de H+ menor do que a da água pura. 3.1 Autoionização da água Íons de hidrogênio são gerados espontaneamente na água pura pormeio da dissociação (ionização) de uma pequena porcentagem de moléculas de água. Este processo é chamado de autoionização da água: 3.2 Ácidos e bases propriedades Ácido: acidus(latim) = azedo Álcali: alkali(árabe) = cinzas de uma planta Arrhenius–1884 → eletrólitos Ácido → produz H+ em solução aquosa Base → produz OH- em solução aquosa • só para soluções aquosas • ignora espécies diferentes de H+ e OH- As propriedades ácidas das soluções estão relacionadas à presença de íons H+ As propriedades básicas estão relacionadas à presença de íons OH- Ácido-base Lowry-Bronsted (L-B) Transferência de H+ H+ aq + :OH2 → H3O+ Íon hidrônio ou hidroxônio HCl (aq) → H + (aq) + Cl - (aq) ácido NaOH(aq) → Na + (aq) + OH - (aq) base 20 As soluções são classificadas como ácidas ou básicas de acordo com suas concentrações de íons hidrogênio em relação à água pura. Soluções ácidas têm concentração de H+ mais alta do que a água (mais que 1 × 10-7 mol/L), enquanto soluções básicas (alcalinas) têm uma concentração mais baixa de H+ (menos que 1 × 10-7 mol/L). Normalmente, a concentração de íons de hidrogênio de uma solução é expressa em termos de pH. O pH é calculado como o logaritmo negativo da concentração de íons de hidrogênio de uma solução: pH =−log10H+ Em soluções neutras [H+] = [OH-] Em soluções ácidas Em soluções neutras [H+] > [OH-] Em soluções básicas Em soluções neutras [H+] < [OH-] Como as soluções que empregamos são diluídas, sua concentração de íons de H+ é muito baixa. Portanto, é mais adequado expressar a [H+] em potências negativas de 10 21 Tabela 1 – Valores de pH de alguns líquidos biológicos A concentração do íon hidrogênio, [H+], afeta a maioria dos processos nos sistemas biológicos, quando um ácido fraco, como o ácido acético, é dissolvido em água, obtém-se uma ionização parcial, estabelecendo um equilíbrio entre o ácido, o acetato e o íon hidrogênio (próton): Tabela 2 – Alguns pares ácido-base conjugados de importância nos sistemas biológicos 22 ➢ A tendência de um ácido conjugado em dissociar é especificada pelo valor de Ka. ➢ As constantes de dissociação são mais facilmente expressas em termos de pKa, que é definido como: ➢ A relação entre pKa e Ka é inversa; o menor valor de Ka fornece o maior pKa. Os valores de Ka e pKa de alguns ácidos são mostrados na Tabela 3 Tabela 3 - Constantes de dissociação e pKa de alguns ácidos fracos importantes em bioquímica (25° C) Figura 11 - Fontes de H+ decorrentes dos processos metabólicos 3.3 A regulação do pH nos líquidos biológicos é atividade essencial dos organismos vivos • Mesmo pequenas mudanças na concentração do íon hidrogênio podem afetar grandemente as estruturas e as funções das biomoléculas. pKa = –log Ka 23 • A concentração do H+ é mantida relativamente constante por meio de soluções-tampões que resistem a alterações bruscas de pH quando adicionadas quantidades relativamente pequenas de ácido (H+) ou base (OH−). 3.4 Efeito tampão nos organismos biológicos Os sistemas tampão reduzem as variações no pH de soluções nas quais ocorrem mudanças na concentração de ácidos ou de bases. As soluções tampão, ou simplesmente tampões, são encontrados em todos os fluidos corporais (sangue, saliva, lágrimas, urina, etc.) e são responsáveis pela manutenção do pH apropriado desses fluidos. O sistema ácido fraco/base conjugada (HA/A−) atua como tampão para evitar mudanças bruscas do pH quando são adicionados ácidos ou bases a solução. Figura 12 – Regulação do pH em sistemas biológicos. Sistema ácido fraco/base conjugada (HA/A−) • A resistência a mudanças no pH de um tampão depende de dois fatores: (a) a concentração molar do ácido fraco e sua base conjugada e (b) a relação entre suas concentrações. • A capacidade tamponante máxima de um ácido é quando o pH = pKa do ácido fraco, ou seja, quando a as concentrações molares do ácido fraco (HA) e sua base conjugada (H−) são iguais. 24 IMPORTANTE • O pKa de qualquer ácido é igual ao pH no qual metade das moléculas estão dissociadas e metade são neutras (não dissociadas). • É possível calcular o grau de dissociação se pH e pka forem conhecidos. • É possível calcular o pKa do ácido se pH e concentrações do ácido fraco e sua base conjugada forem conhecidos. 25 Figura 13 - Curva de titulação do ácido acético por uma base (OH−) Ácidos fracos com mais de um grupo ionizável Algumas moléculas contêm mais de um grupo ionizável. 26 Figura 14 - Curva de titulação do ácido fosfórico (poliprótico) A eficiência de um tampão é proporcional à sua concentração e é máxima no pH igual ao pKa 27 Figura 15 - pH e Tampões 3.5 Os Sistemas Tampões do Organismo Os principais sistemas tampões presentes no organismo, que permitem a manutenção da homeostasia, são: ❖ sistema bicarbonato ❖ sistema fosfato ❖ proteínas ❖ sistema da amônia Alguns dos principais tampões encontrados em animais superiores acham-se associados ao sistema sanguíneo e ao sistema renal: Sistema Bicarbonato: sua principal função no plasma é exatamente impedir que o aumento de concentração de CO2, proveniente do catabolismo (degradação) celular, resulte em modificação do pH. (64%) Sistema Fosfato: responsável pelo tamponamento dos ácidos e constitui o tampão de maior importância em nível renal. (1%) Sistema Tampão Proteínas: Nas hemácias a hemoglobina é um tampão importante. Além das concentrações elevadas de proteínas nas células um outro fator que contribui para seu poder de tamponamento é o fato de os pHs de muitos desses sistemas de proteínas serem bem próximos de 7,4. (35%) O Tampão Amônia: é um tampão do fluido tubular. Consiste na quebra da glutamina para promover a produção de novo bicarbonato. Ácidos ou bases fracas tamponam células e tecidos contra mudanças no pH 28 Exemplo: Uma solução de ácido acético (0,1 mol/L) e acetato de sódio (0,1mol/L) tem pH = 4,8 (é um tampão ácido). Em H3C-COOH e H3C-COONa há o íon comum: H3C-COO- . Na solução tampão formam-se dois equilíbrios: 1o) ionização do ácido fraco (pequena): H3C-COOH + H2O H3O+ + H3C-COO- 2o) dissociação do sal (grande): H3C-COONa + H2O Na+ + H3C-COO- A adição de pequenas quantidades de HCℓ (ácido forte) ou NaOH (base forte) só altera lentamente o pH da solução tampão. 3.5 - Equilíbrio Ácido-base no Sangue • pH x homeostasia Homeostasia é a constância do meio interno ➢ equilíbrio entre a entrada ou produção de íons hidrogênio e a livre remoção desses íons do organismo. o organismo dispõe de mecanismos para manter a [H+] e, consequentemente o pH sanguíneo, dentro da normalidade, ou seja, manter a homeostasia. Acidoses • Ocorre acidose quando a concentração de íons hidrogênio livres nos líquidos do organismo está elevada; • Emconsequência, o pH, medido no sangue arterial, está abaixo de 7,35. • As acidoses podem ser do tipo acidose respiratória e acidose metabólica. ➢ Acidose Respiratória • A acidose respiratória ocorre em consequência da redução da eliminação do dióxido de carbono nos alvéolos pulmonares. • A retenção do CO2 no sangue que atravessa os capilares pulmonares, produz aumento da quantidade de ácido carbônico no sangue, com consequente redução do pH, caracterizando a acidose de origem respiratória. • Asfixia causando acúmulo de CO2 no pulmão e no sangue. Broncopneumonia e outras doenças obstrutivas com prejuízo das trocas gasosas. • pH do Sangue Arterial 29 No sangue ocorre a reação: ACIDOSE: [CO2] SINTOMAS: Falta de ar, diminuição da respiração, desorientação, coma. CAUSAS: Ingestão de drogas, enfisema, pneumonia, bronquite, asma, alterações no sistema nervoso central. ➢ Acidose Metabólica A acidose metabólica ocorre em consequência do aumento da quantidade de ácidos fixos, não voláteis, no sangue, como o ácido lático, corpos cetônicos ou outros. • O pH do sangue se reduz, devido ao acúmulo de íons hidrogênio livres. • Não há interferência respiratória na produção do distúrbio. • Doença renal com excreção prejudicada de H + pelos rins. Como consequência de uma diabetes, onde ocorre produção excessiva de moléculas ácidas chamadas corpos cetônicos. Alcaloses Ocorre alcalose quando a concentração de íons hidrogênio livres, nos líquidos do organismo está reduzida. Em consequência, o pH medido no sangue arterial está acima de 7,45. As alcaloses também podem ser de dois tipos, alcalose respiratória e alcalose metabólica. ➢ Alcalose Respiratória A alcalose respiratória ocorre em consequência do aumento da eliminação de dióxido de carbono nos alvéolos pulmonares. • A eliminação excessiva do CO2 do sangue que atravessa os capilares pulmonares, produz redução da quantidade de ácido carbônico no sangue, com consequente elevação do pH, caracterizando a alcalose de origem respiratória. • Aumento da frequência respiratória durante um ataque histérico.Aumento da frequência respiratória em localidades com altitudes elevadas. No sangue ocorre a reação: ALCALOSE: [CO2] CO 2 + H 2 O H 2 CO 3 H + + HCO 3 - SINTOMAS: respiração ofegante, entorpecimento, rigidez muscular, convulsões. CAUSAS: Ingestão de drogas, cirrose, exercícios físicos excessivos, overdose de aspirina, doenças pulmonares. ➢ Alcalose Metabólica A alcalose metabólica ocorre em consequência do aumento da quantidade de bases no sangue. • O pH do sangue se eleva, devido à redução de íons hidrogênio livres. • Não há interferência respiratória na produção do distúrbio. • Perda de H+ no suco gástrico durante o vômito Ingestão excessiva de antiácidos. 30 O rim pode controlar a quantidade de prótons e de bicarbonato do sangue para compensar um distúrbio respiratório. O pulmão pode controlar a quantidade de gás carbônico no sangue através do controle da frequência respiratória para reverter um distúrbio metabólico. Porém, a resposta do sistema respiratório é sempre mais rápida do que a resposta renal. Essas respostas compensatórias são estudadas na fisiologia. ATIVIDADE 03 – ÁCIDOS E BASES NOS ORGANISMO BIOLÓGICOS 01. Consultando o livro: LEHNINGER, Albert l.; NELSON, David L.; COX, Michael M. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 1298 p., resolva os problema, 11, 14 e 18 (página 72). 02. O que representa o pKa de um ácido fraco? A) Corresponde ao pH da solução em que o ácido está totalmente ionizado. B) Corresponde ao pH da solução em que o ácido ainda não foi ionizado. C) Corresponde ao pH da solução em que o ácido está totalmente neutralizado. D) Corresponde ao pH da solução em que o ácido está metade ionizado. 03. Quais são os principais responsáveis pela manutenção do pH plasmático? 04. As soluções tampão, ou simplesmente tampões, são encontrados em todos os fluidos corporais (sangue, saliva, lágrimas, urina, etc.) e são responsáveis pela manutenção do pH apropriado desses fluidos. Faça uma pesquisa na literatura e apresente uma tabela que relacione o pH dos fluidos corporais em diferentes animais Animal Fluido pH Ex.:Cão Sangue arterial 7,4 31 05. Os estados clínicos a seguir podem afetar o equilíbrio ácido-base. Pesquise na literatura e complete o quadro em alcalose metabólica, alcalose respiratória, acidose metabólica e acidose respiratória segundo os estados clínicos apresentados. Embolia pulmonar Cirrose hepática Sepse Gravidez Doença pulmonar obstrutiva crônica Vômitos e usos de cateter nasogástrico. Uso de diuréticos. Hipotensão e choque hipovolêmico. Insuficiência renal Sepse. 32 4 AMINOÁCIDOS E PROTEÍNAS As proteínas são as biomoléculas mais abundantes nos seres vivos e exercem funções fundamentais em todos os processos biológicos. São polímeros formados por unidades monoméricas chamadas α- aminoácidos, unidos entre si por ligações peptídicas. As proteínas são constituídas de 20 aminoácidos-padrão diferentes reunidos em combinações praticamente infinitas, possibilitando a formação de milhões de estruturas diversas. • Proteína vem do grego protos = primeiro 4.1 Aminoácido Os α-aminoácidos possuem um átomo de carbono central (α) onde estão ligados covalentemente um grupo amino primário (−NH2), um grupo carboxílico (−COOH), um átomo de hidrogênio e uma cadeia lateral (R) diferente para cada aminoácido. Estrutura química geral dos aminoácidos • Existem duas exceções, a prolina e hidroxiprolina, que são α-iminoácidos. • Os α−aminoácidos ocorrem em pH neutro na forma de íons dipolares (“zwitterions”) eletricamente neutros. Estrutura de α−aminoácidos (“zwitterions”) • Com exceção da glicina, todos os aminoácidos são opticamente ativos. • Os α−aminoácidos que constituem as proteínas têm a configuração estereoquímica L. 4.1.1 Classificação dos aminoácidos de acordo com o grupo R (cadeia lateral) Os α-aminoácidos são classificados em classes, com base na natureza das cadeias laterais (grupo R). • Aminoácidos Apolares Apresentam radicais de hidrocarbonetos apolares ou hidrocarbonetos modificados, exceto a glicina. São radicais hidrofóbicos. Alanina , valina, leucina e isoleucina tendem a se agrupar no interior das proteínas, estabilizando sua esrutura por meio de interações hidrofóbicas. Prolina: tem uma cadeia alifática ciclica na sua cadeia lateral. Sua amina secundária (imino) confere rigidez à região do polipeptídeo onde está presente. Glicina: É o que tem a estrutura mais simples. Embora esteja classificada como apolar, sua cadeia lateral é muito pequena para contribuir com as interações hidrofóbicas Metionina possui um grupamento tioéter apolar (contendo enxofre) na sua cadeia lateral 33 • Aminoácidos polares sem carga • Aminoácidos polares com carga + (básicos) • Aminoácidos polares com carga - (ácidos) São mais hidrofílicos que os aminoácidos apolares porque contém grupamentos funcionais capazesde fazer pontes de hidrogênio com a água. A polaridade as serina e da treonina é devida ao seus grupamentos hidroxila (–OH). A polaridade da cisteína é devida ao seu grupamentoa sulfidrila (-SH). Os grupamentos amida conferem polaridade às cadeias laterais da asparagina e da glutamina Asparagina e glutamina são amidas de outros dois aminoácidos também encontrados em proteínas: aspartato e glutamato Apresentam carga elétrica positiva em pH fisiológico Lisina contem uma amina primária Arginina contém um grupamento guanidino Histidina contém um grupamento imidazol Apresentam radicais com grupo carboxílico. São hidrófilos, possuem grupos carboxila em suas cadeias laterais, além daquele presente em todos os aminoácidos. Aspartato Presente em grandes quantidades no aspargo. É uma fonte de energia de rápida atuação. Glutamato Presente em grandes quantidades no trigo e soja. É uma fonte de energia de rápida atuação. 34 Classificação dos aminoácidos de acordo com o grupo R (cadeia lateral) 4.1.2 Os aminoácidos podem se comportar como ácidos e como bases Os aminoácidos podem agir como ácidos e bases quando dissolvido em água. Aminoácidos com esta característica são denominados de anfótero. Doador de H+ Aceptor de H+ Substância anfotérica, ou anfólito, ou anfiprótico Este comportamento acontece devido a presença dos dois grupos substituintes, carboxila e amina, sendo doadores e receptores de elétrons em uma mesma estrutura. Por apresentar, então, estes momentos dipolos, os aminoácidos apresentam uma curva de titulação característica. A curva de titulação caracteriza- se pela adição ou remoção gradual de prótons. Ela fornece várias informações importantes como: • Fornece uma medida quantitativa do pK de cada um dos dois grupos ionizáveis. • A curva de titulação pode mostras regiões de poder tamponante. • As curvas de titulação predizem a carga elétrica dos aminoácidos: Representado pelo pI= ponto isoelétrico ou pH isoeletivo. • Este valor para cada aminoácido determinará o movimento de cargas pelos eletrodos. 35 O aminoácido glicina, quando titulado com uma base forte, o hidróxido de sódio (NaOH) produz uma curva característica de onde podem ser extraídas informações valiosas sobre o comportamento químico deste aminoácido. 4.1.3 Os polipeptídeos e a formação de ligação peptídica Os polipeptídeos são polímeros lineares compostos de aminoácidos ligados covalentemente entre si por ligações amida do grupo α−COOH de um aminoácido com o grupo α−NH2 de outro, com a remoção da água (reação de condensação) para formar ligações peptídicas. Formação da ligação peptídica Após incorporação a peptídeos, os aminoácidos individuais são denominados resíduos de aminoácidos. A estrutura que contém dois resíduos de aminoácidos é chamada dipeptídeo; com três aminoácidos tripeptídeo, etc. Quando um grande número de aminoácidos está unidos dessa forma, o produto é denominado polipeptídeo. Proteínas As proteínas podem conter centenas ou milhares de resíduos de aminoácidos. Os polipeptídeos são geralmente representados com o grupo amino livre chamado aminoterminal ou N−terminal à esquerda e o grupo carboxílico livre denominado carbóxi−terminal ou C−terminal à direita. Cadeia Polipeptídica As proteínas são componentes essenciais à matéria viva. Atuam como catalizadores (enzimas), transportadores (oxigênio, vitaminas, fármacos, lipídeos, ferro, cobre, etc.), armazenamento (caseína do leite), proteção imune (anticorpos), reguladores (insulina, glucagon), movimento (actina e miosina), estruturais (colágeno), transmissão dos impulsos nervosos (neurotransmissores) e o controle do crescimento e diferenciação celular (fatores de crescimento). 36 4.2.1 Funções de grande importância fisiológica das proteínas: Juntamente com os glicídios e os lipídeos, as proteínas constituem a alimentação básica dos animais. No entanto, podemos dizer que as proteínas são ainda mais importantes, pois são fundamentais na estrutura, funcionamento e reprodução de todas as células vivas. Devido ao número incrivelmente elevado de diferentes moléculas proteicas que podem ser fabricadas pelos organismos, cujas propriedades serão reflexo direto da sequência de aminoácidos na cadeia polipeptídica, a natureza, aproveitando-se desta particularidade, atribui inúmeras funções para as proteínas. 1. De acordo com a sua natureza química; 2. De acordo com seu papel biológico; 3. De acordo com seu valor nutritivo. Assim podemos identificar, classes de proteínas de acordo com suas funções biológicas: De acordo com a sua natureza química • Simples→ consistem somente de cadeias polipeptídicas → homoproteínas ou holoproteínas São as que por hidrólise, fornecem exclusivamente os aa. Estas proteínas de acordo com a solubilidade, as condições de coagulação, o comportamento frente a um aquecimento, as precipitações com sais, etc, são agrupadas em: ❖ Protoaminas: são proteínas de caráter básico, solúveis em água e incoaguláveis pelo calor. Salmina (esperma de salmão), Chupeína (esperma de arenque), Estorina (esperma de esturjão). ❖ Histonas: proteínas solúveis em água e insolúveis em solução de amônia e coaguláveis pelo calor. Hemoglobina (sangue), escombrina (esperma de cavalo). ❖ Albuminas: são proteínas solúveis na água, solúveis em soluções diluídas de sais e coaguláveis pelo calor. Ovoalbumina (clara de ovo), lactoglobulina (leite), soroalbumina (soro sanguíneo). ❖ Globulinas: são proteínas insolúveis em água, solúveis em solução de sais e coaguláveis pelo calor Ovoglobulina (ovo), lactoglobulina (leite), soroblobulina (soro sanguíneo), amandina (amêndoas). ❖ Glutelinas: são proteínas insolúveis em água, solúveis em soluções de ácidos ou bases e, coaguláveis pelo calor. Glutenina (trigo). ❖ Prolaminas ou gliadinas: são proteínas insolúveis em água, em soluções de sais, soluções de ácidos e soluções de bases. Zeína (milho), gliadina (trigo), linina (malte). ❖ Albuminóides: são proteínas que apresentam função de suporte ou proteção; são insolúveis em água, soluções de sais e soluções de bases. Queratina (cabelo, cascos, unhas, chifres), fibroína (seda), elastina (tendões). • Proteínas conjugadas, complexas ou heteroproteínas→ além das cadeias polipeptídicas, possuem componentes orgânicos e inorgânicos. A porção não-peptídica é denominada grupo prostético. As mais importantes proteínas conjugadas são: nucleoproteínas, lipoproteínas, fosfoproteínas, metaloproteínas, glicoproteínas, hemoproteínas e flavoproteínas. ❖ Glicoproteínas: grupo prostético = glicídeo. Mucina (saliva), osseomucóide (ossos), gonadotrofina coriônica (ovário), tendomucóide (tendões). ❖ Fosfoproteínas: grupo prostético = ácido fosfórico. Caseina (leite), vitelina (gema do ovo). ❖ Cromoproteínas: grupo prostético = pigmento (substância colorida). Hemoglobina (sangue dos vertebrados), clorofila (vegetais verdes), hemocianina (sangue dos invertebrados). ❖ Nucleoproteínas: grupo prostético = ácido nucleico (RNA ou ARN = ácido ribonucleico e DNA ou ADN = ácido desoxirribonucleico). Citoglobulinas (citoplasma), nucleoplasma (núcleos celulares). ❖ Metaloproteínas: grupo prostético = metal. Hemoglobina (sangue). ❖ Lipoproteínas: grupo prostético = ácidos graxos ❖ Lecitoproteínas: grupo prostético = lecitina 37 • Proteínas derivadas → São as derivadas da hidrólise parcial de proteínasnaturais. Essas proteínas são produzidas durante a digestão das proteínas naturais do organismo. Proteanas, metaproteínas, proteínas coaguladas, proteosas, peptonas, polipeptídeos. Seu papel biológico • Proteínas Estruturais ou de Construção→ são as responsáveis pela construção dos tecidos. Colágeno (ossos, cartilagem, tendões e pele); Queratina (pelos, cabelo, unha); Miosina (músculos responsáveis pela contração); Albumina (plasma sanguíneo); Hemoglobina (hemáceas – transporta gases). • Proteínas Reguladoras → são as que controlam e regulam as funções orgânicas. Enzimas (são catalisadoras das reações do metabolismo: amilase, maltase, pepsina, etc); Hormônios (regulam as funções orgânicas: insulina, gastrina ACTH e etc). • Proteínas Protetoras ou de Defesa→ são os anticorpos que defendem o organismo e são produzidos por células específicas do sistema imunológico, chamadas linfócitos. Antitoxinas: neutralizam as toxinas dos agentes de infecção, como as bactérias; Aglutininas: aglutinam certos agentes de infecção; Opsoninas: tornam os agentes de infecção mais facilmente atacados pelos fagócitos; Lisinas: dissolvem certos agentes de infecção. Valor Nutritivo • Proteínas Completas → são as que provêm e mantêm o ser vivo. Caseína (leite); Ovoalbuminas e ovovitelinas (ovo); Glicinina (soja); Edestina e glutenina (cereais); Lactoalbuminas (leite e queijo); Albumina e miosina (carne); Excelsina (castanha do Pará) • Proteínas semi-completas → são as que provêm, mas não mantêm o ser vivo. Gliadina (trigo); Legunina (ervilha); Faseolina (feijão); Legumelina (soja). • Proteínas incompletas ou não completas→ são as proteínas incapazes de prover e manter a vida. Zeína (milho – falta triptofano e tirosina); Gelatina (falta triptofano e tirosina). Importâncias fisiológica das proteínas 38 4.2.2 Propriedades Físicas As proteínas são substâncias sólidas, incolores, insolúveis em solventes orgânicos, e algumas solúveis em água, enquanto outras solúveis em soluções de sais, ácidos ou bases, produzindo coloides. As proteínas variam amplamente em suas massas moleculares. Proteínas e suas massas molares Exemplos: ➢ Gliadina: 28.000 Da ➢ Ovoalbunina: 45.000 Da ➢ Soroglobulina: 180.000Da ➢ Caseína: 375.000 Da ➢ Fribrinogênio: 450.000 Da ➢ Tiroglobulina: 630.000 Da ➢ Hemocianina: 2.800.000 Da ➢ Vírus: 250.000.000 Da As proteínas contêm vários grupos funcionais. • As proteínas podem interagir entre si ou com outras macromoléculas para formar associações complexas. • Algumas proteínas são bastante rígidas, enquanto outras apresentam flexibilidade limitada. • As propriedades fundamentais das proteínas permitem que elas participem de ampla variedade de funções. • As proteínas podem interagir entre si ou com outras macromoléculas para formar associações complexas. • Algumas proteínas são bastante rígidas, enquanto outras apresentam flexibilidade limitada. • Contém sempre: ➢ elementos organógenos: C, H, O, N ➢ menor prorporção: S, P, I, Br São muitas as fontes, e o número de proteínas existentes na Natureza é praticamente infinito, embora o número de aminoácidos que as constituem seja bastante reduzido, em torno de 20. Isto ocorre porque o número de associações dos aminoácidos (aa) se dá: • 3 aa diferentes: A, B e C→ 6 tripeptídeos: ABC, ACB, BAC, BCA, CAB e CBA. • 4 aa diferentes: A, B, C e D→ 24 tetrapeptídeos (4! = 4 x 3 x 2 x 1 = 24) • 10 aa diferentes → conduzem a 3.628.800 de decapeptídeos, (10! = 10 x 9 x 8 x 7 x 6 x ...) 39 4.2.3 Estrutura das proteínas A estrutura das proteínas é extraordinariamente complexa e seu estudo requer o conhecimento dos vários níveis de organização. A distinção dos níveis de organização é realizada em termos de natureza das interações necessárias para a sua manutenção. Destingem-se quatro níveis de organização existentes nas proteínas. Os conceitos a seguir destinam-se fundamentalmente a melhor compreensão das estruturas proteicas, pois existem casos de sobreposição entre os diferentes níveis de organização. • Primária → número, espécie e a sequência dos aminoácidos unidos por ligações peptídicas e pontes dissulfeto. É especificada por informação genética. É o nível estrutural mais simples e importante, pois o arranjo espacial da molécula deriva desse sequenciamento. A estrutura primária pode variar em três aspectos: número, sequência e natureza dos aminoácidos. A função de uma proteína depende de sua sequência de aminoácidos. Uma simples troca na sequência pode resultar em uma doença genética. A hidrólise de peptídeos e proteínas com ácidos dá origem a uma mistura de alfa-aminoácidos. • Secundária → arranjos regulares e recorrentes da cadeia polipeptídica (α−hélice e folha β pregueada). A estrutura secundária, refere-se às estruturas dobradas sobre si mesmas que se formam em um polipeptídeo, devido às interações entre os átomos da espinha dorsal. (A espinha dorsal refere-se apenas à cadeia polipeptídica que não é dos grupos R, logo, o que queremos dizer é que a estrutura secundária não envolve átomos do grupo R). Os tipos mais comuns de estruturas secundárias são a α-hélice e a folha-β pregueada. As formas de ambas as estruturas são mantidas por ligações de hidrogênio, que se formam entre o O da carbonila de um aminoácido e o H do grupo amino de outro. Folha β pregueada α−hélice Numa α-hélice, a carbonila (C=O) de um aminoácido tem hidrogênio H ligado ao grupo (N-H) de outro aminoácido que está quatro posições depois na cadeia. (Por ex., a carbonila do aminoácido 1 formaria uma ligação de hidrogênio com o N-H do aminoácido 5). Este padrão de ligação leva a cadeia polipeptídica a uma estrutura helicoidal que se assemelha a uma fita enrolada, sendo que cada volta da hélice contém 3,6 aminoácidos. Os grupos R dos aminoácidos se fixam na parte externa da α-hélice, onde eles estão livres para interagir. 40 Numa folha-β pregueada, dois ou mais segmentos de uma cadeia polipeptídica se alinham uns próximos aos outros, formando uma estrutura parecida com uma folha dobrada, mantida por ligações de hidrogênio. As ligações de hidrogênio se formam entre os grupos carbonila e amino da espinha dorsal, enquanto os grupos R se estendem acima e abaixo do plano da folha. As fitas de uma folha-β pregueada podem ser paralelas, apontando para a mesma direção (o que significa que seus terminais N- e C- são correspondentes), ou antiparalelas, apontando para direções opostas (ou seja, o terminal N- de uma fita fica próximo ao terminal C- da outra). Muitas proteínas contêm tanto as hélices alfa quanto as folhas β pregueadas, embora algumas contenham apenas um tipo de estrutura secundária. • Terciária → pregueamento não periódico da cadeia polipeptídica, formando uma estrutura tridimensional estável. A estrutura geral tridimensional de um polipeptídeo é chamada de sua estrutura terciária. A estrutura terciária é principalmente resultante das interações entre os grupos R dos aminoácidos que compõem a proteína. Descreve a conformação específica da cadeia polipeptídica secundária que resulta numa estrutura mais compacta onde os átomos ocupam posições específicas. O dobramento protéico é um processo no qual uma molécula não organizada, nascente (recentemente sintetizada) adquire uma estrutura altamente organizada como consequência de interações entre as cadeias laterais presentes na sua estrutura primária. A estrutura terciária apresenta váriascaracterísticas importantes: • Muitos polipeptídeos dobram de modo que os resíduos de aminoácidos que estão distantes um do outro na estrutura primária podem estar próximos na estrutura terciária. • Devido ao empacotamento eficiente pelo dobramento da cadeia polipeptídica, as proteínas globulares são compactas. Durante o processo, a maioria das moléculas de água são excluídas do interior da proteína tornando possível interações entre grupos polares e não−polares. • Algumas cadeias polipeptídicas dobram-se em duas ou mais regiões compactas conectadas por um segmento flexível de cadeia polipeptídica. Essas unidades globulares compactas, chamadas domínios, são formadas por 30 a 400 resíduos de aminoácidos. A estrutura terciária tridimensional das proteínas é estabilizada por interações entre as cadeias laterais: Ligação de Hidrogênio: formada pela interação ou atração entre: - oxigênio da carboxila de um aa e hidrogênio do grupo amino de outro/ - oxigênio da carboxila de um aa e hidrogênio do grupo carboxila de outro. Ligação Iônica: formada pela atração entre as cadeias laterais dos aa ácidos e aa básicos. Ligação hidrófobica ou apolar: formada pela interação de radicais apolares como: metil, etil, metileno, etc; dos aa constituintes da molécula. Ligação ou ponte dissulfeto: formada pela união de grupos –SH dos aa chamados de cisteína. são muito mais fortes que os outros tipos de ligações que contribuem para a estrutura terciária. Elas atuam como "pinos moleculares de segurança", mantendo partes específicas do polipeptídeo firmemente presas uma à outra. 41 • Quaternária → arranjo espacial de duas ou mais cadeias polipeptídicas (ou subunidades proteicas) com a formação de complexos tridimensionais. Muitas proteínas são constituídas por uma cadeia única de polipeptídeos e têm apenas três níveis de estrutura. No entanto, algumas proteínas são constituídas por várias cadeias polipeptídicas, também conhecidas como subunidades. Quando estas subunidades se juntam, dão à proteína sua estrutura quaternária. Já encontramos um exemplo de uma proteína com estrutura quaternária: a hemoglobina. Como mencionado anteriormente, a hemoglobina transporta o oxigênio no sangue e é composta por quatro subunidades, duas de cada um dos tipos α e β. Outro exemplo é a DNA polimerase, uma enzima que sintetiza novas cadeias de DNA e é composta por dez subunidades. Em geral, os mesmos tipos de interações que contribuem para a estrutura terciária (principalmente interações fracas, como ligações de hidrogênio e forças de dispersão de London) também mantêm as subunidades juntas para formar a estrutura quaternária. Estruturas das proteínas 42 4.2.4 Desnaturação Cada proteína tem sua própria forma. Se a temperatura ou o pH do ambiente de uma proteína são alterados, ou se ela é exposta a substâncias químicas, essas interações podem ser interrompidas, fazendo com que a proteína perca sua estrutura tridimensional e torne-se uma sequência de caracteres não-estruturada de aminoácidos. Quando uma proteína perde sua estrutura de ordem superior, mas não sua sequência primária, é chamada de desnaturada. As proteínas desnaturadas são geralmente não-funcionais. • A desnaturação de uma proteína é a desorganização das estruturas quaternárias, terciárias e secundárias. • Agentes desnaturantes são os que provocam a desorganização. São eles: - agentes físicos (calor, radiações UV, alta pressão e ultra som) - agentes químicos (ácidos fortes, bases fortes, metais pesados e uréia) Em algumas proteínas, a desnaturação pode ser revertida. Contanto que a estrutura primária do polipeptídeo ainda esteja intacta, ela pode ser capaz de redobrar-se em sua forma funcional se for devolvida ao seu ambiente normal. Outras vezes, no entanto, a desnaturação é permanente. Um exemplo de desnaturação irreversível de proteína é quando um ovo é frito. A proteína albumina da clara do ovo torna-se opaca e sólida pela desnaturação provocada pelo calor do fogão e não retornará ao seu estado original de ovo cru, mesmo quando esfriar. Pesquisadores descobriram que algumas proteínas podem reenovelar após a desnaturação, mesmo quando estão isoladas num tubo de ensaio. Uma vez que essas proteínas podem, por si mesmas, ir de não- estruturadas a reenoveladas, suas sequências de aminoácidos devem conter toda a informação necessária para o seu reenovelamento. No entanto, nem todas as proteínas são capazes desse truque, e parece ser mais complicado entender o modo como as proteínas se enovelam normalmente numa célula. Muitas proteínas não se enovelam sozinhas, mas precisam da assistência de uma proteína chaperone (chaperoninas). A proteína desnaturada apresenta as seguintes alterações: a) Físicas: aumento da viscosidade; não podem ser cristalizadas ou autoorganizadas. b) Químicas: maior reatividade: devido a exposição de grupos químicos que estavam encobertos por estruturas; diminuição da solubilidade do PHi e, conseqüente precipitação. c) Biológicas: perda de suas propriedades enzimáticas, antigênicas e hormonais; facilmente digeridas por enzimas hidrolíticas. Floculação: é um processo reversível de precipitação, porque pode-se solubilizar a proteína pela adição de base ou ácido. Coagulação: é a desnaturação drástica, ou seja, é um processo irreversível de precipitação, porque não se pode mais solubilizar a proteína. 43 4.2.5 Chaperonas e chaperoninas Chaperonas Constituem uma família de muitas proteínas diferentes com função semelhante: elas usam energia da hidrólise de ATP para desnovelar proteínas, possibilitando novo enovelamento, dessa vez na forma correta ou no lugar correto. Propriedades: 1) Interações com proteínas desdobradas ou parcialmente dobradas. Por exemplo, as correntes ribossomos emergentes nascentes, ou cadeias estendidas que estão sendo translocadas para através de membranas subcelulares; 2) Estabilizar conformações não nativas e facilitar o correto dobramento de proteínas; 3) Eles não interagem com proteínas no estado nativo, nem fazem parte da estrutura final; 4) Alguns acompanhantes não são específicos e interagem com uma ampla variedade de proteínas. Outros, no entanto, são específicos para seus alvos. 5) Eles frequentemente acoplam a fixação de ATP/hidrólise no processo de dobragem. 6) Eles são essenciais para a viabilidade, e sua expressão é frequentemente induzida pelo estresse celular. Função: Evitar associações ou agregações inadequadas de resíduos hidrofóbicos expostos na superfície e direcionar seus substratos para o correto dobramento, transporte ou degradação. Enovelamento por chaperonas Chaperoninas São proteínas que evitam ou revertem a associação inapropriada entre subunidades e domínios de proteicos durante seu processo de dobramento. São também chamadas proteínas de choque térmico devido à elevação da sua taxa de síntese em temperaturas altas. As chaperoninas são encontradas tanto em organismos procariotos quanto eucariotos. Durante o processo de dobramento de uma proteína, as chaperoninas ligam-se a mesma através de interações hidrofóbicas. Por um mecanismo dependente de ATP, as chaperoninas promovem o dobramento da proteína e a protegem da associação inadequada com outras proteínas não dobradas. 44 APS 04 AMINOÁCIDOS E PROTEÍNAS NOME: __________________________________________ 01. Consultando o livro: LEHNINGER, Albert l.; NELSON, David L.; COX, Michael M. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 1298 p., resolvao problema, 15(página 155). 02. Qual é a composição básica de todos os aminoácidos? Construa a estrutura. 03.Podemos dizer que a prolina e a glicina, são exceções quando se conceitua aminoácidos. Por quê? Explique. 04. Como podem ser classificados os aminoácidos? Cite 01 exemplo de cada tipo de aminoácido. 45 05. O que é e como ocorre a ligação peptídica? Escreva a equação de formação da ligação peptídica. 06. Defina estrutura primária de proteínas. 07. Quais são os dois tipos de arranjos possíveis em uma estrutura secundária? Diferencie. 08. Em uma estrutura terciária de uma proteína, forma-se uma estrutura em forma de “cotovelo” devido à interrupção de dois segmentos em alfa-hélice e estabilizado por ligações não-covalentes. Que ligações são estas possíveis de ocorrer na estrutura terciária? 09. Fale sobre a estrutura quaternária de proteínas. 10. Quais as funções das chaperonas? E das chaperoninas? 46 11. Definir pI de um aminoácido. 12. De que resulta a carga elétrica total da molécula de aminoácido? 13.O que é conformação nativa de proteínas? Definir desnaturação. 14. O que garante o enovelamento correto da maioria das proteínas? 15. O que acontece com uma proteína que não foi enovelada corretamente? 16. Qual é o agente infeccioso da doença popularmente conhecida como “doença da vaca louca” 17. A Doença de Alzheimer é uma enfermidade incurável que se agrava ao longo do tempo, se apresenta como demência, ou perda de funções cognitivas, causada pela morte de células cerebrais. Quando diagnosticada no início, é possível retardar seu avanço e ter mais controle sobre os sintomas. Descreva a alteração que ocorre nos neurônios. 47 5 ENZIMAS A vida depende de uma bem orquestrada série de reações químicas. Muitas delas, entretanto, ocorrem muito lentamente para manter os processos vitais. Para resolver esse problema, a natureza planejou um modo de acelerar a velocidade das reações químicas por meio da catálise. As ações catalíticas são executadas por enzimas que facilitam os processos vitais em todas as suas formas, desde os vírus até os mamíferos superiores. As enzimas são proteínas com a função específica de acelerar reações químicas nas células. A maioria das enzimas é proteína globular, excetuando-se as ribozimas, que são enzimas de ribonucleotídeos, as unidades do RNA 5.1 Características • Catalisam reações nas condições do ambiente celular. ✓ As enzimas são capazes de acelerar velocidades de reações nas condições do ambiente celular, ou seja, a uma temperatura de 37o C e pH de 7,4 (valor do pH do plasma sanguíneo). ✓ Os catalisadores químicos (como platina e níquel) atuam apenas sob temperatura muito elevada, pressão alta e valores de pH ácido ou básico. Se as enzimas atuassem em condições tão extremas como os catalisadores químicos, a vida de animais (como os mamíferos) não seria possível, pois essas condições levariam inevitavelmente à destruição da célula. • Apresentam especificidade por seu substrato. ✓ Os catalisadores químicos que não demonstram especificidade por seus substratos. ✓ As enzimas são específicas por seus substratos. As ações catalíticas das enzimas não levam à formação de contaminantes. • Apresentam alto poder catalítico As enzimas podem acelerar velocidade de reações químicas multiplicando-a por fatores de 1017. Na ausência de enzimas, a maioria das reações biológicas seria tão lenta, que essas reações não ocorreriam nas condições de temperatura e pH das células • Apresentam regulação de sua atividade catalítica. As enzimas reguladoras (alostéricas e as enzimas reguladas covalentemente) têm suas ações catalíticas reguladas de acordo com as necessidades metabólicas das células. As moléculas que se ligam à estrutura proteica da enzima alostéricas, regulando a sua atividade catalítica são denominados moduladores, efetores ou reguladores. Os moduladores podem ser tanto ativadores quanto inibidores da atividade catalítica. 5.2 Propriedades das enzimas • Apresentar extraordinária eficiência catalítica. • Demonstrar alto grau de especificidade em relação a seus substratos (reagentes) e aos seus produtos. • Acelerar a velocidade das reações em 106 a 1012 vezes mais do que as reações correspondentes não- catalisadas. • Não ser consumida ou alterada ao participar da catálise. • Não alterar o equilíbrio químico das reações. • Ter sua atividade regulada geneticamente ou pelas condições metabólicas. 48 Velocidade de reações não-catalisadas e catalisadas por enzimas 5.3 Nomenclatura e classificação enzimática Existem 3 métodos para nomenclatura enzimática: Nome Recomendado: Mais curto e utilizado no dia a dia de quem trabalha com enzimas; Utiliza o sufixo "ase" para caracterizar a enzima. Exs: Urease, Hexoquinase, Peptidase, etc. Nome Sistemático: Mais complexo, nos dá informações precisas sobre a função metabólica da enzima. Ex: ATP-Glicose-Fosfo-Transferase Nome Usual: Consagrados pelo uso; Exs. Tripsina, Pepsina, Ptialina. Na classificação internacional sistemática, as enzimas são divididas em seis grupos de acordo com o tipo de reação catalisada Exemplo: A hidrólise enzimática: hidrolase • Celulase: classe de enzimas que são produzidas essencialmente por fungos, bactérias e protozoários, que catalisam a hidrólise da celulose. Quebra a estrutura da celulose na presença da água – formação de várias glicoses no processo. As celulases podem ser encontradas: No intestino de vacas, onde existem bactérias que digerem a celulose do capim; comunidades microbianas da água de bromélias; Microrganismos do intestino de cupins que digerem a celulose da madeira da qual eles se alimentam; 5.4 Aplicações As amilases são empregadas para degradar o amido em certos removedores de papel de parede para Classificação Tipo de reação que catalisa Exemplos Modo de atuação Oxirredutases Reações de óxido-redução Desidrogenase Oxidase Remove átomos de hidrogênio Adiciona átomos de oxigênio Transferases Transferências de grupos funcionais Metiltransferase Transfere grupos metil (-CH3) Hidrolases Reações de hidrólise Lipases Proteases Quebra lipídios Quebra proteínas Liases Quebra de ligações duplas Descarboxilase Remoce CO2 Isomerases Isomerizações Cis-trans isomerase Converte formas cis e trans Ligases Formação de ligações Sintetase Combina dois grupos 49 facilitar a sua retirada. Com o intuito de melhorar ainda mais a produção agropecuária, tem-se utilizado cada vez mais as diversas possibilidades da biotecnologia, como uma poderosa ferramenta de incremento à produção; e, nesse contexto, a introdução de enzimas na alimentação animal vem ganhando muitos adeptos. Essa utilização é feita de forma direta, com a introdução das xilanases, amilases, fitases, glucanases, entre outras, diretamente à ração do rebanho. Essas proteínas produzidas e introduzidas na alimentação dos animais, têm a função de aumentar a quantidade de enzimas endógenas produzidas por esses seres vivos, potencializando-as, ou suprir o seu organismo daquela que ele não consegue produzir. A capacidade catalítica das enzimas
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