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Resumo aula - Ponto 2-b

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UniRitter – Laureate International Universities
Curso: Direito (Canoas)
Disciplina: Direitos Fundamentais - Turma: 2015/1
Professor: Waldir Alves
2. Os Direitos Fundamentais na Constituição Federal de 1988
b) Princípios e Regras Penais e Processuais Penais no Art. 5º da
Constituição Federal
- O estudo dos princípios e das regras Penais e Processuais Penais coloca a
compreensão do Estado (Estado Democrático de Direito), da Constituição
(constitucionalismo) e do Direito Penal e Processual Penal.
- Os princípios veiculados na Constituição são normas constitucionais de
natureza Penal e Processual Penal de direito fundamental.
- São assegurados para todas as pessoas, inclusive para o estrangeiro, até
mesmo para aqueles que estiverem ilegalmente no território brasileiro e para o
apátrida.
- Os princípios podem ser estendidos ao Direito Penal Administrativo, ao
Direito Disciplinar, ao Direito Penal das Profissões, sendo de extrema valia o
princípio da proporcionalidade.
- Pelo fato de esses princípios se encontrarem na Constituição, sua violação
não será apenas uma ilegalidade, porém também uma inconstitucionalidade.
Constituição:
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou
degradante;
Supremo Tribunal Federal
Súmula Vinculante nº 11: “Só é lícito o uso de algemas em casos de
resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física
própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a
excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar,
civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato
processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do
Estado.”
“Tenho para mim, desse modo, que o policial militar que, a pretexto de
exercer atividade de repressão criminal em nome do Estado, inflige,
mediante desempenho funcional abusivo, danos físicos a menor
momentaneamente sujeito ao seu poder de coerção, valendo-se desse meio
executivo para intimidá-lo e coagi-lo à confissão de determinado delito,
pratica, inequivocamente, o crime de tortura, tal como tipificado pelo art.
233 do Estatuto da Criança e do Adolescente, expondo-se, em função desse
comportamento arbitrário, a todas as consequências jurídicas que decorrem da
Lei 8.072/1990 (art. 2º), editada com fundamento no art. 5º, XLIII, da
Constituição.” (STF, HC 70.389, voto do Rel. Min. Celso de Mello,
julgamento em 23.6.1994, Plenário, DJE 10.8.2001)
Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069, de 1990)
Art. 233. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou 
vigilância a tortura: 
Pena - reclusão de um a cinco anos. 
§ 1º Se resultar lesão corporal grave: 
Pena - reclusão de dois a oito anos. 
§ 2º Se resultar lesão corporal gravíssima: 
Pena - reclusão de quatro a doze anos.
§ 3º Se resultar morte: 
Pena - reclusão de quinze a trinta anos. (Revogado pela Lei 9.455, de 7.4.1997)
Tortura (Lei nº 9.455/1997)
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe
sofrimento físico ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira
pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência
ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar
castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de
segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não
previsto em lei ou não resultante de medida legal.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las
ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão
de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
I - se o crime é cometido por agente público;
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência,
adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de
2003)
III - se o crime é cometido mediante seqüestro.
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a
interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o
cumprimento da pena em regime fechado.
Constituição:
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
Código de Processo Penal
Art. 293. Se o executor do mandado verificar, com segurança, que o réu entrou ou se
encontra em alguma casa, o morador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de
prisão. Se não for obedecido imediatamente, o executor convocará duas testemunhas
e, sendo dia, entrará à força na casa, arrombando as portas, se preciso; sendo noite, o
executor, depois da intimação ao morador, se não for atendido, fará guardar
todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e, logo que amanheça,
arrombará as portas e efetuará a prisão.
“A prisão poderá ser feita em qualquer dia e qualquer hora, respeitadas as restrições
atinentes à regra da inviolabilidade do domicílio (art. 283, §2º), que reproduz
determinação constitucional prevista no art. 5º, XI, da CF, que garante ser
inviolável o domicílio, nele somente podendo adentrar, de dia, por ordem
escrita da autoridade judiciária competente, ou, à noite, em caso de flagrante
delito ou com o consentimento do morador.
Com isso:
a) a prisão, por e com mandado judicial, somente poderá ser realizada de
dia, isto é, até as 18 horas (quando se pode considerar, como regra, o final do
expediente de trabalho e, assim, o horário noturno, reservado ao descanso e
sossego do morador);
b) à noite, se não o consentir o morador, a prisão somente poderá ser realizada
em situação de flagrante delito em curso, naquele momento, no interior da
residência. Do contrário, se à noite, não sendo a hipótese de flagrante e, sim,
de prisão por mandado judicial, o executor do mandado deverá guardar todas
as saídas do local, e, tão logo amanheça o dia, o que se pode considerar a
partir das 6 horas, arrombar as portas da casa, na presença de duas
testemunhas, se, intimado o morador (seja ele ou não a pessoa a ser
aprisionada), este não autorizar o seu ingresso (art. 293, CPP)”. (OLIVEIRA,
Eugênio Pacelli de. FISCHER, Douglas. Curso de Processo Penal. 14ª ed.
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p. 23)
Código de Processo Civil
Art. 172. Os atos processuais realizar-se-ão em dias úteis, das 6 (seis) às 20
(vinte) horas. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)
§ 1º Serão, todavia, concluídos depois das 20 (vinte) horas os atos iniciados
antes, quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave dano.
(Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)
§ 2º A citação e a penhora poderão, em casos excepcionais, e mediante
autorização expressa do juiz, realizar-se em domingos e feriados, ou nos dias
úteis, fora do horário estabelecido neste artigo, observado o disposto no art.
5o, inciso Xl, da Constituição Federal. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de
1994)
§ 3º Quando o ato tiver que ser praticado em determinado prazo, por meio de
petição, esta deverá serapresentada no protocolo, dentro do horário de
expediente, nos termos da lei de organização judiciária local. (Incluído pela
Lei nº 8.952, de 1994)
Supremo Tribunal Federal:
“A Constituição Federal autoriza a prisão em flagrante como exceção à
inviolabilidade domiciliar, prescindindo de mandado judicial, qualquer
que seja sua natureza.” (STF, RHC 91.189, Rel. Min. Cezar Peluso,
julgamento em 9-3-2010, Segunda Turma, DJE 23.4.2010)
“Domicílio – Inviolabilidade noturna – Crime de resistência – Ausência de
configuração. A garantia constitucional do inciso XI do art. 5º da Carta da
República, a preservar a inviolabilidade do domicílio durante o período
noturno, alcança também ordem judicial, não cabendo cogitar de crime
de resistência.” (STF, RE 460.880, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em
25.9.2007, 1ª Turma, DJE 29.2.2008)
"Para os fins da proteção jurídica a que se refere o art. 5º, XI, da CF, o
conceito normativo de ‘casa’ revela-se abrangente e, por estender-se a
qualquer aposento de habitação coletiva, desde que ocupado (CP, art.
150, § 4º, II), compreende, observada essa específica limitação espacial, os
quartos de hotel. Doutrina. Precedentes. Sem que ocorra qualquer das
1
situações excepcionais taxativamente previstas no texto constitucional (art. 5º,
XI), nenhum agente público poderá, contra a vontade de quem de direito
(invito domino), ingressar, durante o dia, sem mandado judicial, em aposento
ocupado de habitação coletiva, sob pena de a prova resultante dessa diligência
de busca e apreensão reputar-se inadmissível, porque impregnada de ilicitude
originária. Doutrina. Precedentes (STF)." (STF, RHC 90.376, Rel. Min. Celso
de Mello, j. 3.4.2007, 2ª Turma, DJE 18.5.2007)
"Escuta ambiental e exploração de local. Captação de sinais óticos e
acústicos. Escritório de advocacia. Ingresso da autoridade policial, no
período noturno, para instalação de equipamento. Medidas autorizadas
por decisão judicial. Invasão de domicílio. Não caracterização. (...)
Inteligência do art. 5º, X e XI, da CF; art. 150, § 4º, III, do CP; e art. 7º,
II, da Lei 8.906/1994. (...) Não opera a inviolabilidade do escritório de
advocacia, quando o próprio advogado seja suspeito da prática de crime,
sobretudo concebido e consumado no âmbito desse local de trabalho, sob
pretexto de exercício da profissão." (STF, Inq 2.424, Rel. Min. Cezar
Peluso, julgamento em 26-11-2008, Plenário, DJE 26-3-2010)
“De que vale declarar a Constituição que ‘a casa é asilo inviolável do
indivíduo’ (art. 5º, XI) se moradias são invadidas por policiais munidos
de mandados que consubstanciem verdadeiras cartas brancas, mandados
com poderes de a tudo devassar, só porque o habitante é suspeito de um
crime? (...) Esses mandados ordinariamente autorizam a apreensão de
computadores, nos quais fica indelevelmente gravado tudo quanto
respeite à intimidade das pessoas e possa vir a ser, quando e se oportuno,
no futuro, usado contra quem se pretenda atingir. De que vale a
Constituição dizer que ‘é inviolável o sigilo da correspondência’ (art. 5º,
XII) se ela, mesmo eliminada ou ‘deletada’, é neles encontrada? E a
apreensão de toda a sorte de coisas, o que eventualmente privará a
família do acusado da posse de bens que poderiam ser convertidos em
recursos financeiros com os quais seriam eventualmente enfrentados os
tempos amargos que se seguem a sua prisão. A garantia constitucional da
pessoalidade da pena (art. 5º, XLV) para nada vale quando esses excessos
tornam-se rotineiros” (STF, HC 95.009, Plenário, Rel. Min. Eros Grau, j.
6.11.2008, DJE 19.12.2008)
“Três são as questões de direito tratadas neste writ, consoante as teses
expostas pelos impetrantes na petição inicial: a) invalidade do processo em
razão das provas ilícitas (buscas domiciliares ilegais); b) nulidade da fixação
da pena-base pelo crime de porte ilegal de armas em três anos de reclusão; c)
indispensabilidade da fixação do regime aberto para início de cumprimento da
pena pelo crime de porte ilegal de armas. A representação de busca
domiciliar se baseou em fundadas razões que autorizavam a apreensão de
armas e munições, instrumentos utilizados para a prática de crime ou
destinados a fim delituoso, a apreensão de documentos considerados
elementos de convicção (CPP, art. 240, § 1°, d e h). Não houve medida de
busca e apreensão provocada tão somente por ‘denúncia anônima’,
diversamente do que sustentam os impetrantes, mas baseada em
elementos de convicção colhidos durante inquérito policial instaurado
pela autoridade policial. Legitimidade, legalidade e regularidade das buscas
domiciliares levadas a efeito no caso, baseadas em elementos de convicção
suficientes a ensejar a aplicação do art. 240 do CPP. O juiz de direito
encampou totalmente os motivos apontados pelo delegado de polícia para
fundamentar a decisão deferitória da busca. Contudo, ainda que não fosse por
tal motivo – e eventualmente admitindo-se possível omissão de formalidade que
constitua elemento essencial do ato nas buscas domiciliares (CPP, art. 564, IV), não
houve arguição da alegada nulidade em tempo oportuno (CPP, arts. 571, II, e 572, I),
ocasionando a preclusão.” (STF, HC 91.350, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em
10.6.2008, 2ª Turma, DJE 29.8.2008)
Obs.: Cuidado com a “denúncia anônima” em razão da impossibilidade da
responsabilidade penal (denunciação caluniosa) e cível (danos morais) no caso de
denúncia falsa.
"Fiscalização tributária. Apreensão de livros contábeis e documentos fiscais
realizada, em escritório de contabilidade, por agentes fazendários e policiais
federais, sem mandado judicial. Inadmissibilidade. Espaço privado, não aberto
ao público, sujeito à proteção constitucional da inviolabilidade domiciliar (CF,
art. 5º, XI). Subsunção ao conceito normativo de ‘casa’. Necessidade de ordem
judicial. Administração pública e fiscalização tributária. Dever de observância,
por parte de seus órgãos e agentes, dos limites jurídicos impostos pela
constituição e pelas leis da República. Impossibilidade de utilização, pelo
Ministério Público, de prova obtida com transgressão à garantia de
inviolabilidade domiciliar. Prova ilícita. Inidoneidade jurídica (...) Administração
tributária. Fiscalização. Poderes. Necessário respeito aos direitos e garantias
individuais dos contribuintes e terceiros. Aos direitos e garantias individuais dos
contribuintes e de terceiros. Não são absolutos os poderes de que se acham investidos
os órgãos e agentes da administração tributária, pois o Estado, em tema de tributação,
inclusive em matéria de fiscalização tributária, está sujeito à observância de um
complexo de direitos e prerrogativas que assistem, constitucionalmente, aos
contribuintes e aos cidadãos em geral. Na realidade, os poderes do Estado encontram,
nos direitos e garantias individuais, limites intransponíveis, cujo desrespeito pode
caracterizar ilícito constitucional. A administração tributária, por isso mesmo, embora
podendo muito, não pode tudo. É que, ao Estado, é somente lícito atuar, ‘ respeitados
os direitos individuais e nos termos da lei’ (CF, art. 145, § 1º), consideradas,
sobretudo, e para esse específico efeito, as limitações jurídicas decorrentes do próprio
sistema instituído pela Lei Fundamental, cuja eficácia – que prepondera sobre todos
os órgãos e agentes fazendários – restringe-lhes o alcance do poder de que se acham
investidos, especialmente quando exercido em face do contribuinte e dos cidadãos da
República, que são titulares de garantias impregnadas de estatura constitucional e
que, por tal razão, não podem ser transgredidas por aqueles que exercem aautoridade
em nome do Estado. A garantia da inviolabilidade domiciliar como limitação
constitucional ao poder do Estado em tema de fiscalização tributária. Conceito de
‘casa’ para efeito de proteção constitucional. Amplitude dessa noção conceitual, que
também compreendem os espaços privados não abertos ao público, onde alguém
exerce atividade profissional: necessidade, em tal hipótese, de mandado judicial (CF,
art. 5º, XI). Para os fins da proteção jurídica a que se refere o art. 5º, XI, da CR, o
conceito normativo de ‘casa’ revela-se abrangente e, por estender-se a qualquer
compartimento privado não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou
atividade (CP, art. 150, § 4º, III), compreende, observada essa específica limitação
espacial (área interna não acessível ao público), os escritórios profissionais, inclusive
os de contabilidade, ‘embora sem conexão com a casa de moradia propriamente dita’
(Nelson Hungria). Doutrina. Precedentes. Sem que ocorra qualquer das situações
excepcionais taxativamente previstas no texto constitucional (art. 5º, XI), nenhum
agente público, ainda que vinculado à administração tributária do Estado, poderá,
contra a vontade de quem de direito (‘invito domino’), ingressar, durante o dia, sem
mandado judicial, em espaço privado não aberto ao público, onde alguém exerce sua
atividade profissional, sob pena de a prova resultante da diligência de busca e
apreensão assim executada reputar-se inadmissível, porque impregnada de ilicitude
material. Doutrina. Precedentes específicos, em tema de fiscalização
tributária, a propósito de escritórios de contabilidade (STF). O atributo da
autoexecutoriedade dos atos administrativos, que traduz expressão
concretizadora do ‘privilège du preálable’, não prevalece sobre a garantia
constitucional da inviolabilidade domiciliar, ainda que se cuide de atividade
exercida pelo Poder Público em sede de fiscalização tributária. Doutrina.
Precedentes.” (STF, HC 93.050, Rel. Min. Celso de Mello, j. 10.6.2008, 2ª
Turma, DJE 1º.8.2008)
Constituição:
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça a direito;
- Poder Judiciário: é o Poder com atribuição para aplicar e fazer cumprir a
Constituição e as normas infraconstitucionais, conforme previsão expressa do
Art. 2º da Constituição: São Poderes da União, independentes e harmônicos
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Supremo Tribunal Federal
Súmula Vinculante nº 28: “É inconstitucional a exigência de depósito
prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se
pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.”
Súmula nº 667: “Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a
taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa.”
Constituição:
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a
coisa julgada;
- Direito adquirido: é aquele que se incorporou definitivamente ao
patrimônio de seu titular, que nem a lei e nem algum fato posterior possa
alterar essa situação jurídica. Trata-se de direito concreto e acabado, e não
mera expectativa de direito. Exemplo: implementação das condições para a
concessão de benefício previdenciário.
- Ato jurídico perfeito: é aquele já consumado, segundo a norma vigente no
tempo em que se completou o ato, daí produzindo efeitos jurídicos, havendo
sido exercido o direito previsto na norma então vigente. Exemplo: contrato
celebrado segundo as normas vigen tes à época da sua conclusão.
- Coisa julgada: é a situação jurídica que se forma no momento em que a
sentença se converte de instável em estável, o que identifica a “autoridade da
coisa julgada”, na qual a imutabilidade consequente ao trânsito em julgado
reveste o conteúdo da sentença. A impossibilidade de discussão da questão no
mesmo processo está condicionada à conclusão dos recursos admissíveis,
gerando a segurança jurídica aos litigantes. Obs.: eficácia da sentença:
conteúdo interno; efeitos da sentença: conteúdo externo.
Supremo Tribunal Federal
“... o Plenário, por maioria, proveu recurso extraordinário em que discutida a
possibilidade, ou não, de superação da coisa julgada em ação de
investigação de paternidade (...). Decretou-se a extinção do processo
original sem julgamento do mérito e permitiu-se o trâmite da atual ação de
2
investigação de paternidade” (STF, RE nº 363.889, Plenário, Rel. Min. Dias
Toffoli, j. 2.6.2011, Informativo STF nº 629, com repercussão geral). “(...) Na
situação dos autos, a genitora do autor não possuía, à época, condições
financeiras para custear exame de DNA. Reconheceu-se a repercussão
geral da questão discutida, haja vista o conflito entre o princípio da
segurança jurídica, consubstanciado na coisa julgada (CF, art. 5º,
XXXVI), de um lado; e a dignidade humana, concretizada no direito à
assistência jurídica gratuita (CF, art. 5º, LXXIV) e no dever de
paternidade responsável (CF, art. 226, § 7º), de outro. O Min. Luiz Fux
salientou o aspecto de carência material da parte – para produção da prova
extraída a partir do exame de DNA – como intrínseco à repercussão geral da
matéria, tendo em vista a possibilidade, em determinados casos, de o
proponente optar por não satisfazer o ônus da prova, independentemente de
sua condição sócio-econômica, considerado entendimento jurisprudencial no
sentido de se presumir a paternidade do réu nas hipóteses de não realização da
prova pericial. (...) Em seguida, o Min. Dias Toffoli, Relator, proveu o recurso
para decretar a extinção do processo original sem julgamento do mérito e
permitir o trâmite da atual ação de investigação de paternidade. Inicialmente,
discorreu sobre o retrospecto histórico que culminara na norma contida no
art. 226, § 7º, da CF (...), dispositivo que teria consagrado a igualdade
entre as diversas categorias de filhos, outrora existentes, de modo a vedar
qualquer designação discriminatória que fizesse menção à sua origem. A
seguir, destacou a paternidade responsável como elemento a pautar a
tomada de decisões em matérias envolvendo relações familiares. Nesse
sentido, salientou o caráter personalíssimo, indisponível e imprescritível
do reconhecimento do estado de filiação, considerada a preeminência do
direito geral da personalidade. Aduziu existir um paralelo entre esse direito
e o direito fundamental à informação genética, garantido por meio do exame
de DNA. No ponto, asseverou haver precedentes da Corte no sentido de caber
ao Estado providenciar aos necessitados acesso a esse meio de prova, em
ações de investigação de paternidade. Reputou necessária a superação da
coisa julgada em casos tais, cuja decisão (...) se dera por insuficiência de
provas. Entendeu que, a rigor, a demanda deveria ter sido extinta nos
termos do art. 267, IV, do CPC (...), porque se teria mostrado impossível
a formação de um juízo de certeza sobre o fato. Aduziu, assim, que se
deveria possibilitar a repropositura da ação, de modo a concluir-se sobre a
suposta relação de paternidade discutida. Afirmou que o princípio da
segurança jurídica não seria, portanto, absoluto, e que não poderia
prevalecer em detrimento da dignidade da pessoa humana, sob o prisma
do acesso à informação genética e da personalidade do indivíduo.
Assinalou não se poder mais tolerar a prevalência, em relações de vínculo
paterno-filial, do fictício critério da verdade legal, calcado em presunção
absoluta, tampouco a negativa de respostas acerca da origem biológica do
ser humano, uma vez constatada a evolução nos meios de prova voltados
para esse fim” (STF, RE 363.889, Plenário, Rel. Min. Dias Toffoli, j.
2.6.2011, Informativo STF 629, com repercussão geral)“A recente jurisprudência consolidada do STF passou a se manifestar no
sentido de exigir que o TCU assegure a ampla defesa e o contraditório
nos casos em que o controle externo de legalidade exercido pela Corte de
Contas, para registro de aposentadorias e pensões, ultrapassar o prazo de
cinco anos, sob pena de ofensa ao princípio da confiança – face subjetiva do
princípio da segurança jurídica. Precedentes” (STF, MS 24.781, Plenário, Rel.
p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, j. 2.3.2011, DJE 9.6.2011)
Constituição:
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
- Juízo ou tribunal de exceção: o juiz ou tribunal “ad hoc” consiste num juízo ou
tribunal que não esteja previsto na estrutura do Judiciário estabelecida na
Constituição. Também pode ocorrer se prevista a possibilidade de organização de um
juízo ou tribunal pela via legislativa (art. 125 da Constituição), quando não forem
garantidos os direitos fundamentais penais previstos na Constituição, como o direito
ao contraditório, à ampla defesa e os recursos a ela inerentes.
Supremo Tribunal Federal
"Princípio do juiz natural. Relator substituído por Juiz convocado sem observância de
nova distribuição. Precedentes da Corte. O princípio do juiz natural não apenas
veda a instituição de tribunais e juízos de exceção, como também impõe que as
causas sejam processadas e julgadas pelo órgão jurisdicional previamente
determinado a partir de critérios constitucionais de repartição taxativa de
competência, excluída qualquer alternativa à discricionariedade. A convocação
de Juízes de 1º grau de jurisdição para substituir Desembargadores não malfere o
princípio constitucional do juiz natural, autorizado no âmbito da Justiça Federal pela
Lei 9.788/1999. O fato de o processo ter sido relatado por um Juiz convocado
para auxiliar o Tribunal no julgamento dos feitos e não pelo Desembargador
Federal a quem originariamente distribuído tampouco afronta o princípio do
juiz natural. Nos órgãos colegiados, a distribuição dos feitos entre relatores
constitui, em favor do jurisdicionado, imperativo de impessoalidade que, na
hipótese vertente, foi alcançada com o primeiro sorteio. Demais disso, não se
vislumbra, no ato de designação do Juiz convocado, nenhum traço de
discricionariedade capaz de comprometer a imparcialidade da decisão que veio a ser
exarada pelo órgão colegiado competente" (STF, HC 86.889, 1ª Turma, Rel. Min.
Menezes Direito, j. 20.11.2007, DJE 15.2.2008.) No mesmo sentido: STF, RE
597.133, Plenário, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 17.11.2010, DJE 6.4.2011,
com repercussão geral.
Constituição:
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei,
assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; 
- Tribunal do júri: é da competência do tribunal do júri (cujo corpo de jurados é
composto de cidadãos civis) julgar os crimes dolosos consumados ou tentados
contra a vida.
Código de Processo Penal
Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de
organização judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri.
§ 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos arts. 121, §§
1º e 2º, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal,
consumados ou tentados. (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
Casos: Art. 121, §§ 1º e 2º (homicídio simples e qualificado, exceto o culposo), art.
122 (induzimento, instigação ou auxílio a suicídio), art. 123 (Infanticídio), art. 124
(aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento), art. 125 (aborto
provocado por terceiro sem o consentimento da gestante), art. 126 (aborto
provocado por terceiro com o consentimento da gestante) e art. 127 (aborto
provocado por terceiro de forma qualificada: se a gestante sofre lesão corporal
de natureza grave ou lhe sobrevém a morte).
Supremo Tribunal Federal
Súmula nº 713: “O efeito devolutivo da apelação contra decisões do júri é
adstrito aos fundamentos da sua interposição.”
Súmula nº 162: “É absoluta a nulidade do julgamento pelo júri, quando os
quesitos da defesa não precedem aos das circunstâncias agravantes.”
Súmula nº 156: “É absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri, por falta
de quesito obrigatório.”
Constituição:
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal;
- Anterioridade da lei: não pode haver crime sem lei. É a afirmação do
princípio da legalidade: “nullum crimen, nulla poena sine lege” (não há
crime nem pena sem lei).
- A lei que define um crime precisa ser uma lei precisa: “nullum crimen nula
poena sine lege certa”;
- É proibida a retroactividade da lei penal: “nullum crimen nulla poena sine
lege previa”;
- Está proibida a interpretação extensiva das normas penais incriminadoras:
“nullum crime nulla poena sine lege stricta”.
Código Penal
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal.
Supremo Tribunal Federal
“A tipicidade penal não pode ser percebida como o trivial exercício de
adequação do fato concreto à norma abstrata. Além da correspondência
formal, para a configuração da tipicidade, é necessária uma análise
materialmente valorativa das circunstâncias do caso concreto, no sentido
de se verificar a ocorrência de alguma lesão grave, contundente e
penalmente relevante do bem jurídico tutelado” (STF, HC 97.772, 1ª
Turma, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 3.11.2009, DJE 20.11.2009). Vide: STF,
HC 92.411, 1ª Turma, Rel. Min. Ayres Britto, j. 12.2.2008, DJE 9.5.2008.
Constituição:
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
- Proibição da retroação mais gravosa: além da proibição da retroação da
lei mais gravosa, é impositiva a retroatividade das leis penais mais favoráveis,
sendo, igualmente, proibida a integração de lacunas por analogia.
- Lei temporária: a lei temporária, ou lei temporária em sentido estrito, é
uma norma que traz um tempo de vigência prefixado.
- Lei excepcional: a lei excepcional ou lei temporária em sentido amplo, por
sua vez, consiste numa norma que visa a atender necessidades estatais
3
transitórias, tais como guerra ou calamidade, perdurando por todo o período
considerado excepcional. Por essa razão irradiarem efeitos mesmo após a sua
vigência.
Código Penal
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da
sentença condenatória. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente,
aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória
transitada em julgado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua
duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato
praticado durante sua vigência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
§
Supremo Tribunal Federal
Súmula nº 711: “A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao
crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou
da permanência.”
Súmula nº 611: “Transitada em julgado a sentença condenatória, compete
ao juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna.”
Constituição:
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e
liberdades fundamentais;
Discriminação ou preconceito (Lei 7.716/1989)
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ouprocedência
nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Art. 2º (Vetado).
Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente habilitado, a
qualquer cargo da Administração Direta ou Indireta, bem como das
concessionárias de serviços públicos.
Pena: reclusão de dois a cinco anos.
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada.
Pena: reclusão de dois a cinco anos.
Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-
se a servir, atender ou receber cliente ou comprador.
Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de aluno em
estabelecimento de ensino público ou privado de qualquer grau.
Pena: reclusão de três a cinco anos.
Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor de dezoito anos a
pena é agravada de 1/3 (um terço).
Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem,
ou qualquer estabelecimento similar.
Pena: reclusão de três a cinco anos.
Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em restaurantes, bares,
confeitarias, ou locais semelhantes abertos ao público.
Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em estabelecimentos
esportivos, casas de diversões, ou clubes sociais abertos ao público.
Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em salões de cabelereiros,
barbearias, termas ou casas de massagem ou estabelecimento com as mesmas
finalidades.
Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais
e elevadores ou escada de acesso aos mesmos.
Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públicos, como aviões, navios barcas,
barcos, ônibus, trens, metrô ou qualquer outro meio de transporte concedido.
Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em qualquer ramo das
Forças Armadas.
Pena: reclusão de dois a quatro anos.
Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casamento ou
convivência familiar e social.
Pena: reclusão de dois a quatro anos.
Art. 15. (Vetado).
Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou função pública, para
o servidor público, e a suspensão do funcionamento do estabelecimento
particular por prazo não superior a três meses.
Art. 17. (Vetado)
Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta Lei não são automáticos,
devendo ser motivadamente declarados na sentença.
Art. 19. (Vetado).
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia,
religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de um a três anos e multa.
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos,
distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de
divulgação do nazismo. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios
de comunicação social ou publicação de qualquer natureza: (Redação dada pela Lei
nº 9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério
Público ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de
desobediência: (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do material
respectivo;
II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas ou televisivas.
III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas de informação na rede
mundial de computadores. (Incluído pela Lei nº 12.228, de 2010)
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, após o trânsito em julgado
da decisão, a destruição do material apreendido. (Incluído pela Lei nº 9.459, de
15/05/97)
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. (Renumerado pela Lei nº
8.081, de 21.9.1990)
Art. 22. Revogam-se as disposições em contrário. (Renumerado pela Lei nº 8.081, de
21.9.1990)
Discriminação dos portadores de HIV - Vírus da Imunodeficiência
Humana e doentes de Aids (Lei nº 12.984/2014)
Art. 1º Constitui crime punível com reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa, as seguintes condutas discriminatórias contra o portador do HIV e o
doente de aids, em razão da sua condição de portador ou de doente:
I - recusar, procrastinar, cancelar ou segregar a inscrição ou impedir que
permaneça como aluno em creche ou estabelecimento de ensino de qualquer
curso ou grau, público ou privado;
II - negar emprego ou trabalho;
III - exonerar ou demitir de seu cargo ou emprego;
IV - segregar no ambiente de trabalho ou escolar;
V - divulgar a condição do portador do HIV ou de doente de aids, com intuito
de ofender-lhe a dignidade;
VI - recusar ou retardar atendimento de saúde.
Supremo Tribunal Federal
“Habeas corpus. Publicação de livros: antissemitismo. Racismo. Crime
imprescritível. Conceituação. Abrangência constitucional. Liberdade de
expressão. Limites. Ordem denegada. Escrever, editar, divulgar e
comerciar livros ‘fazendo apologia de ideias preconceituosas e
discriminatórias’ contra a comunidade judaica (Lei 7.716/1989, art. 20, na
redação dada pela Lei 8.081/1990) constitui crime de racismo sujeito às
cláusulas de inafiançabilidade e imprescritibilidade (CF, art. 5º, XLII).”
(STF, HC nº 82.424, Plenário, Rel. p/ o ac. Min. Maurício Corrêa, j.
17.9.2003, DJE 19.3.2004)
Constituição:
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível,
sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
Código de Processo Penal
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir
advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional,
podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas
urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no
art. 312. (Redação dada pela Lei nº 9,271, de 17.4.1996)
Supremo Tribunal Federal
"Conforme assentou o STF, no julgamento da Ext 1.042, 19-12-2006,
Pertence, a CF não proíbe a suspensão da prescrição, por prazo
indeterminado, na hipótese do art. 366 do CPP. A indeterminação do
prazo da suspensão não constitui, a rigor, hipótese de imprescritibilidade:
não impede a retomada do curso da prescrição, apenas a condiciona a um
evento futuro e incerto, situação substancialmente diversa da
imprescritibilidade. Ademais, a CF se limita, no art. 5º, XLII e XLIV, a
excluir os crimes que enumera da incidência material das regras da prescrição,
sem proibir, em tese, que a legislação ordinária criasse outras hipóteses. Não
cabe, nem mesmo sujeitar o período de suspensão de que trata o art. 366 do
CPP ao tempo da prescrição em abstrato, pois, ‘do contrário, o que se teria,
nessa hipótese, seria uma causa de interrupção, e não de suspensão.’ Recurso
extraordinário provido, para excluir o limite temporal imposto à suspensão do
curso da prescrição" (STF, RE 460.971, 1ª Turma, Rel. Min. Sepúlveda
Pertence, j. 13.2.2007, DJU, Seção 1, de 30.3.200)
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“Escrever, editar, divulgar e comerciar livros ‘fazendo apologia de ideias
preconceituosas e discriminatórias’ contra a comunidade judaica (Lei
7.716/1989, art. 20, na redação dada pela Lei 8.081/1990) constitui crime
de racismo sujeito às cláusulas de inafiançabilidade e imprescritibilidade
(CF, art. 5º, XLII). Aplicação do princípio da prescritibilidade geral dos
crimes: se os judeus não são uma raça, segue-se que contra eles não pode
haver discriminação capaz de ensejara exceção constitucional de
imprescritibilidade. Inconsistência da premissa.” (STF, HC 82.424, Plenário,
Rel. p/ o acórdão Min. Maurício Corrêa, j. 17.9.2003, DJU, Seção 1, de
19.3.2004)
Constituição:
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou
anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se
omitirem; 
- Graça: é forma de extinção da punibilidade (art.107, inc. II, do Código
Penal), que se destina à pessoa determinada, não relativamente a um fato,
que só pode ser concedida pelo Presidente da Republica (art. 84, inc. XII,
da Constituição), o qual pode delegar essa atribuição a Ministro de Estado ou
a outras autoridades (art. 84, parágrafo único, da Constituição). A graça, se
considerada como que um indulto individual, pode ser total se abranger todas
as sanções impostas ao condenado, ou parcial se houver a redução ou
substituição da sanção, que possui por objeto os crimes comuns. Exemplo:
ato patriótico de salvar o Presidente da República de ação de grupo
terrorista.
- Anistia: é forma de extinção da punibilidade (art.107, inc. II, do Código
Penal), que ocorre quando o Estado renuncia o ius puniendi, perdoando a
prática de fatos (infrações penais) que, na maioria das vezes, têm cunho
político. É da competência da União conceder anistia (atribuição do
Congresso Nacional). Ela pode ser concedida antes ou após a sentença penal
condenatória, sempre retroagindo para beneficiar seus autores. Exemplo:
anistia política.
- Indulto: é uma medida de caráter coletivo, que só pode ser concedidas pelo
Presidente da Republica (art. 84, inc. XII, da Constituição), o qual pode
delegar essa atribuição a Ministro de Estado ou a outras autoridades (art.
84, parágrafo único, da Constituição). Exemplo: indulto natalino.
Tortura (Lei 9.455/1997)
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-
lhe sofrimento físico ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou
de terceira pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
I - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de
violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como
forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de
segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não
previsto em lei ou não resultante de medida legal.
Tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins (Lei 11.343/2006)
Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas -
Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção
social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à
produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes.
Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as substâncias ou
os produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou
relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da
União.
(...)
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo,
para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
§ 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia,
cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância
ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica.
§ 2º Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à
natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se
desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos
antecedentes do agente.
§ 3º As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo
prazo máximo de 5 (cinco) meses.
§ 4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste
artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses.
§ 5º A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas
comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos
congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem,
preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e
dependentes de drogas. 
§ 6º Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput,
nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz
submetê-lo, sucessivamente a:
I - admoestação verbal;
II - multa.
§ 7º O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator,
gratuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para
tratamento especializado.
Art. 29. Na imposição da medida educativa a que se refere o inciso II do § 6º do art.
28, o juiz, atendendo à reprovabilidade da conduta, fixará o número de dias-multa, em
quantidade nunca inferior a 40 (quarenta) nem superior a 100 (cem), atribuindo
depois a cada um, segundo a capacidade econômica do agente, o valor de um trinta
avos até 3 (três) vezes o valor do maior salário mínimo.
Parágrafo único. Os valores decorrentes da imposição da multa a que se refere o § 6º
do art. 28 serão creditados à conta do Fundo Nacional Antidrogas.
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir,
vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo,
guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda
que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500
(quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda,
oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda
que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à
preparação de drogas;
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-
prima para a preparação de drogas;
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade,
posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se
utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.
Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o
efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da
ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
de acordo com esse entendimento. 
Terrorismo (Lei de Segurança Nacional - Lei 7.170/1983)
Art. 1º - Esta Lei prevê os crimes que lesam ou expõem a perigo de lesão:
I - a integridade territorial e a soberania nacional;
Il - o regime representativo e democrático, a Federaçãoe o Estado de
Direito;
Ill - a pessoa dos chefes dos Poderes da União.
Crimes hediondos (Lei 8.072/1990)
Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados
ou tentados: (Redação dada pela Lei nº 8.930, de 1994)
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de
extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado
(art. 121, § 2o, I, II, III, IV e V); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
II - latrocínio (art. 157, § 3º, in fine); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de
1994)
III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2º); (Inciso incluído pela
Lei nº 8.930, de 1994)
IV - extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e
§§ lº, 2º e 3º); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º); (Redação dada pela Lei nº 12.015,
de 2009)
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º); (Redação
dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º). (Inciso incluído pela
Lei nº 8.930, de 1994)
VII-A – (VETADO) (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 1998)
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto
destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e
§ 1º-B, com a redação dada pela Lei nº 9.677, de 2 de julho de 1998). (Inciso
incluído pela Lei nº 9.695, de 1998)
5
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração
sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§
1º e 2º). (Incluído pela Lei nº 12.978, de 2014)
Parágrafo único. Considera-se também hediondo o crime de genocídio
previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei no 2.889, de 1º de outubro de 1956,
tentado ou consumado. (Parágrafo incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
Supremo Tribunal Federal
Súmula Vinculante nº 26: “Para efeito de progressão de regime no
cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da
execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 8.072, de 25
de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou
não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo
determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame
criminológico.”
Lei 8.072/1990
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:
I - anistia, graça e indulto;
II - fiança e liberdade provisória.
II – fiança. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)
§ 1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida integralmente em
regime fechado.
§ 1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente
em regime fechado. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)
Decisão: “O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator,
declarou, incidenter tantum, a inconstitucionalidade da expressão 'e
liberdade provisória', constante do caput do artigo 44 da Lei nº
11.343/2006, vencidos os Senhores Ministros Luiz Fux, Joaquim Barbosa e
Marco Aurélio. Em seguida, o Tribunal, por maioria, concedeu parcialmente a
ordem para que sejam apreciados os requisitos previstos no artigo 312 do
Código de Processo Penal para, se for o caso, manter a segregação cautelar do
paciente, vencidos os Senhores Ministros Luiz Fux, que denegava a ordem;
Joaquim Barbosa, que concedia a ordem por entender deficiente a motivação
da manutenção da prisão do paciente, e Marco Aurélio, que concedia a ordem
por excesso de prazo. O Tribunal deliberou autorizar os Senhores Ministros a
decidirem monocraticamente os habeas corpus quando o único fundamento da
impetração for o artigo 44 da mencionada lei, vencido o Senhor Ministro
Marco Aurélio. Votou o Presidente, Ministro Ayres Britto. Falou pelo
Ministério Público Federal o Dr. Roberto Monteiro Gurgel Santos,
Procurador-Geral da República. Ausente, justificadamente, a Senhora
Ministra Cármen Lúcia. Plenário, 10.05.2012” (STF, HC nº 104339, Plenário,
Rel. Min. Gilmar Mendes, v.m., j. 10.5.2012, pendente de publicação)
Constituição:
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos
armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático;
Supremo Tribunal Federal
Voto: “Certo, a Constituição reservou a determinados crimes particular
severidade repressiva (art. 5º, XLIII e XLIV). Mas, como observa Magalhães
Gomes Filho, por sua natureza, as restrições que estabelecem são taxativas: delas, não
se podem inferir, portanto, exceções a garantia constitucional – qual, a da vedação da
prova ilícita –, estabelecida sem limitações em função da gravidade do crime
investigado.” ,(HC nº 80.949, voto do Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em
30-10-2001, 1ª Turma, DJ de 14-12-2001.)
Constituição:
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de
reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
patrimônio transferido;
Responsabilidade penal pessoal: é a afirmação do princípio da pessoalidade da
pena, responsabilizando pessoalmente aquele que tenha cometido a infração penal,
salvo quanto à responsabilidade pela reparação pelos dados causados. Esse
princípio traduz a intranscendência da sanção, cuja pena não pode superar a
dimensão estritamente pessoal do autor do fato ilícito, vedando que outra pessoa seja
responsabilizada por ato que não tenha cometido, bem como a intransmissibilidade da
pena, cujo cumprimento não pode ser substituído por terceiro estranho ao fato
delituoso, devendo a pena ser cumprida por aquele que efetivamente tenha cometido
o ilícito.
Supremo Tribunal Federal
“De que vale declarar a Constituição que ‘a casa é asilo inviolável do indivíduo’
(art. 5º, XI) se moradias são invadidas por policiais munidos de mandados que
consubstanciem verdadeiras cartas brancas, mandados com poderes de a tudo
devassar, só porque o habitante é suspeito de um crime? (...) Esses mandados
ordinariamente autorizam a apreensão de computadores, nos quais fica
indelevelmente gravado tudo quanto respeite à intimidade das pessoas e possa
vir a ser, quando e se oportuno, no futuro, usado contra quem se pretenda
atingir. De que vale a Constituição dizer que ‘é inviolável o sigilo da
correspondência’ (art. 5º, XII) se ela, mesmo eliminada ou ‘deletada’, é neles
encontrada? E a apreensão de toda a sorte de coisas, o que eventualmente
privará a família do acusado da posse de bens que poderiam ser convertidos em
recursos financeiros com os quais seriam eventualmente enfrentados os tempos
amargos que se seguem a sua prisão. A garantia constitucional da pessoalidade
da pena (art. 5º, XLV) para nada vale quando esses excessos tornam-se
rotineiros” (STF, HC 95.009, Plenário, Rel. Min. Eros Grau, j. 6.11.2008, DJE
19.12.2008)
"O postulado da intranscendência impede que sanções e restrições de ordem
jurídica superem a dimensão estritamente pessoal do infrator. Em virtude desse
princípio, as limitações jurídicas que derivam da inscrição, no CAUC, das autarquias,
das empresas governamentais ou das entidades paraestatais não podem atingir os
Estados-membros ou o Distrito Federal, projetando, sobre estes, consequências
jurídicas desfavoráveis e gravosas, pois o inadimplemento obrigacional – por revelar-
se unicamente imputável aos entes menores integrantes da administração
descentralizada – só a estes pode afetar. Os Estados-membros e o Distrito Federal,
em consequência,não podem sofrer limitações em sua esfera jurídica motivadas
pelo só fato de se acharem administrativamente vinculadas, a eles, as autarquias,
as entidades paraestatais, as sociedades sujeitas a seu poder de controle e as
empresas governamentais alegadamente inadimplentes e que, por tal
motivo, hajam sido incluídas em cadastros federais (CAUC, SIAFI,
CADIN, v.g.)" (STF, AC 1.033-AgR-QO, Plenário, Rel. Min. Celso de Mello,
j. 25.5.2006, DJ 16.6.2006). No mesmo sentido: STF, ACO 970-Tutela
Antecipada, Plenário, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 17.5.2007, DJ 19.12.2007.
“A intransmissibilidade da pena traduz postulado de ordem constitucional. A
sanção penal não passará da pessoa do delinquente. Vulnera o princípio da
incontagiabilidade da pena a decisão judicial que permite ao condenado
fazer-se substituir, por terceiro absolutamente estranho ao ilícito penal,
na prestação de serviços à comunidade” (STF, HC 68.309, 1ª Turma, Rel.
Min. Celso de Mello, j. 27.11.1990, DJ 8-3-1991)
Constituição:
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as
seguintes: 
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
Código de Processo Penal:
Art. 32 - As penas são: (Redação dada pela Lei 7.209, de 11.7.1984)
I - privativas de liberdade;
II - restritivas de direitos;
III - de multa.
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-
aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo
necessidade de transferência a regime fechado. (Redação dada pela Lei
7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - Considera-se: (Redação dada pela Lei 7.209, de 11.7.1984)
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança
máxima ou média;
b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou
estabelecimento similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou
estabelecimento adequado.
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma
progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes
critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais
rigoroso: (Redação dada pela Lei 7.209, de 11.7.1984)
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-
la em regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos
e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime
semi-aberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4
(quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.
§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com
observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código.(Redação dada
pela Lei 7.209, de 11.7.1984)
§ 4 - O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão
de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que
6
causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos
legais. (Incluído pela Lei 10.763, de 12.11.2003)
Supremo Tribunal Federal
Súmula Vinculante nº 26: “Para efeito de progressão de regime no
cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da
execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 8.072, de 25
de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou
não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo
determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame
criminológico.”
Súmula nº 716: "Admite-se a progressão de regime de cumprimento da
pena ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determinada,
antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.."
Constituição:
XLVII - não haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
Supremo Tribunal Federal
“O ordenamento positivo brasileiro, nas hipóteses em que se delineia a
possibilidade de imposição do supplicium extremum, impede a entrega do
extraditando ao Estado requerente, a menos que este, previamente,
assuma o compromisso formal de comutar, em pena privativa de
liberdade, a pena de morte, ressalvadas, quanto a esta, as situações em
que a lei brasileira – fundada na CF (art. 5º, XLVII, a) – permitir a sua
aplicação, caso em que se tornará dispensável a exigência de comutação”
(STF, Ext 633, Plenário, Rel. Min. Celso de Mello, j. 28.8.1996, DJ de 6-4-
2001.) No mesmo sentido: STF, Ext 1.201, Plenário, Rel. Min. Celso de
Mello, j. 17.2.2011, DJE de 15.3.2011.
Nota: Houve revisão duas vezes da jurisprudência da Corte quanto à
obrigatoriedade de o Estado requerente assumir compromisso de
comutar pena de prisão perpétua em pena não superior à duração
máxima admitida na lei penal do Brasil. Inicialmente reputava-se
necessário o compromisso, passou a ser desnecessário e voltou a ser
exigido a partir do julgamento da Extradição nº 855:
"Extradição e prisão perpétua: necessidade de prévia comutação, em
pena temporária (máximo de 30 anos), da pena de prisão perpétua –
Revisão da jurisprudência do STF, em obediência à Declaração Constitucional
de Direitos (CF, art. 5º, XLVII, b). A extradição somente será deferida pelo
STF, tratando-se de fatos delituosos puníveis com prisão perpétua, se o Estado
requerente assumir, formalmente, quanto a ela, perante o Governo brasileiro,
o compromisso de comutá-la em pena não superior à duração máxima
admitida na lei penal do Brasil (CP, art. 75), eis que os pedidos extradicionais
– considerado o que dispõe o art. 5º, XLVII, b, da CF, que veda as sanções
penais de caráter perpétuo – estão necessariamente sujeitos à autoridade
hierárquico-normativa da Lei Fundamental brasileira. Doutrina. Novo
entendimento derivado da revisão, pelo STF, de sua jurisprudência em tema
de extradição passiva." (STF, Ext 855, Plenário, Rel. Min. Celso de Mello, j.
26.8.2004, DJ de 1º.7.2005) No mesmo sentido: STF, Ext 1.201, Plenário, Rel. Min.
Celso de Mello, j. 17.2.2011, DJE de 15.3.2011.
"Pondero, entretanto, que tem lugar, no caso, a aplicação da mesma jurisprudência
que dispensou a comutação da pena de prisão perpétua. Esta, como a de
trabalhos forçados, é inscrita entre as vedadas pelo art. 5º, XLVII, da
Constituição. Mas, tanto para uma como para outra, deve a vedação ser entendida,
no âmbito do direito interno brasileiro, pois a Lei 6.815/1980 (art. 90, III), só
contempla comutação da pena de morte." (STF, Ext 486, Plenário, voto do Rel.
Min. Octavio Gallotti, j. 7.3.1990, DJ de 3.8.1990)
Constituição:
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a
natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; 
Supremo Tribunal Federal
“O art. 86, caput, da LEP permite o cumprimento da pena corporal em local
diverso daquele em que houve a perpetração e consumação do crime. Entretanto,
o exame minucioso de cada caso concreto pode afastar o comando legal
supramencionado, desde que comprovadas as assertivas de falta de segurança do
presídio destinatário da remoção, participação do preso em facção criminosa e
outras circunstâncias relevantes à administração da Justiça. Ônus do Parquet. No
caso sob exame, não ficou demonstrado o perigo na transferência, tampouco a
periculosidade, ao contrário, porquanto são prisões aptas ao cumprimento de pena em
regime fechado, além do que o vínculo familiar, a boa conduta carcerária e a
respectiva vaga foram documentalmente demonstrados pelo paciente. A
ressocialização do preso e a proximidade da família devem ser prestigiadassempre
que ausentes elementos concretos e objetivos ameaçadores da segurança pública”
(STF, HC 100.087, 2ª Turma, Rel. Ellen Gracie, j. 16.3.2010, DJE de 9.4.2010)
Constituição:
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
Supremo Tribunal Federal
Súmula Vinculante nº 11: “Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de
fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por
parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob
pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e
de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da
responsabilidade civil do Estado.”
Constituição:
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com
seus filhos durante o período de amamentação;
Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/1984)
Art. 82. Os estabelecimentos penais destinam-se ao condenado, ao submetido à
medida de segurança, ao preso provisório e ao egresso.
(...)
§ 2º Os estabelecimentos penais destinados a mulheres serão dotados de berçário,
onde as condenadas possam cuidar de seus filhos, inclusive amamentá-los, no
mínimo, até 6 (seis) meses de idade. (Redação dada pela Lei nº 11.942, de
2009)
§ 3º Os estabelecimentos de que trata o § 2º deste artigo deverão possuir,
exclusivamente, agentes do sexo feminino na segurança de suas
dependências internas. (Incluído pela Lei nº 12.121, de 2009)
Art. 89. Além dos requisitos referidos no art. 88, a penitenciária de mulheres
será dotada de seção para gestante e parturiente e de creche para abrigar
crianças maiores de 6 (seis) meses e menores de 7 (sete) anos, com a
finalidade de assistir a criança desamparada cuja responsável estiver
presa. (Redação dada pela Lei nº 11.942, de 2009)
Parágrafo único. São requisitos básicos da seção e da creche referidas neste
artigo: (Incluído pela Lei nº 11.942, de 2009)
I – atendimento por pessoal qualificado, de acordo com as diretrizes adotadas
pela legislação educacional e em unidades autônomas; e (Incluído pela Lei nº
11.942, de 2009)
II – horário de funcionamento que garanta a melhor assistência à criança e à
sua responsável. (Incluído pela Lei nº 11.942, de 2009)
Art. 90. A penitenciária de homens será construída, em local afastado do
centro urbano, à distância que não restrinja a visitação.
Constituição:
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de
crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado
envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da
lei;
- Extradição: meio pelo qual um Estado soberano entrega o estrangeiro, ou
do brasileiro naturalizado (se praticar crime comum antes da naturalização ou
no caso de tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, se comprovado o
envolvimento, não importando o momento da prática do crime), que se
encontra em seu território, a outro país para que lá seja seja julgado ou receba
a imposição de uma pena já aplicada (art. 76 da Lei nº 6.815/1980).
- Expulsão: aplicável ao estrangeiro que de qualquer forma atentar contra a
segurança nacional, a ordem política ou social, a tranquilidade ou moralidade
pública e a economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à
conveniência e aos interesses nacionais (art. 65 da Lei nº 6.815/1980),
também aplicável ao estrangeiro que praticar fraude para obter sua entrada ou
permanência no Brasil (parágrafo único).
- Deportação: meio pelo qual se devolve o estrangeiro ao exterior no caso de
entrada ou estada irregular no País, para o país de origem ou outro que
consinta seu recebimento, caso ele não se retire voluntariamente do território
nacional no prazo fixado (art. 57 da Lei nº 6.815/1980).
- Naturalização: é ato pelo qual o cidadão estrangeiro renuncia à sua
condição de cidadão de seu país e adota a nacionalidade de outro país, que é
concedida pelo governo de um Estado ao estrangeiro nele domiciliado, que o
requer, satisfazendo os requisitos legais.
Estatuto do Estrangeiro (Lei nº 6.815/1980)
Obs.: Alteração introduzida pela Lei nº 12.877, de 4.11.2013 9 (Estabelece
nova disciplina à prisão cautelar para fins de extradição)
Art. 80. A extradição será requerida por via diplomática ou, quando
previsto em tratado, diretamente ao Ministério da Justiça, devendo o
7
pedido ser instruído com a cópia autêntica ou a certidão da sentença
condenatória ou decisão penal proferida por juiz ou autoridade competente.
§ 1ºO pedido deverá ser instruído com indicações precisas sobre o local, a
data, a natureza e as circunstâncias do fato criminoso, a identidade do
extraditando e, ainda, cópia dos textos legais sobre o crime, a competência, a
pena e sua prescrição. 
§ 2º O encaminhamento do pedido pelo Ministério da Justiça ou por via
diplomática confere autenticidade aos documentos. 
§ 3º Os documentos indicados neste artigo serão acompanhados de versão
feita oficialmente para o idioma português. (NR) 
Art. 81. O pedido, após exame da presença dos pressupostos formais de
admissibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, será encaminhado pelo
Ministério da Justiça ao Supremo Tribunal Federal.
Parágrafo único. Não preenchidos os pressupostos de que trata o caput, o
pedido será arquivado mediante decisão fundamentada do Ministro de Estado
da Justiça, sem prejuízo de renovação do pedido, devidamente instruído, uma
vez superado o óbice apontado. (NR)
Art. 82. O Estado interessado na extradição poderá, em caso de urgência
e antes da formalização do pedido de extradição, ou conjuntamente com
este, requerer a prisão cautelar do extraditando por via diplomática ou,
quando previsto em tratado, ao Ministério da Justiça, que, após exame da
presença dos pressupostos formais de admissibilidade exigidos nesta Lei ou
em tratado, representará ao Supremo Tribunal Federal.
§ 1º O pedido de prisão cautelar noticiará o crime cometido e deverá ser
fundamentado, podendo ser apresentado por correio, fax, mensagem
eletrônica ou qualquer outro meio que assegure a comunicação por escrito. 
§ 2º O pedido de prisão cautelar poderá ser apresentado ao Ministério da
Justiça por meio da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol),
devidamente instruído com a documentação comprobatória da existência de
ordem de prisão proferida por Estado estrangeiro. 
§ 3º O Estado estrangeiro deverá, no prazo de 90 (noventa) dias contado da
data em que tiver sido cientificado da prisão do extraditando, formalizar o
pedido de extradição. 
§ 4º Caso o pedido não seja formalizado no prazo previsto no § 3º, o
extraditando deverá ser posto em liberdade, não se admitindo novo pedido de
prisão cautelar pelo mesmo fato sem que a extradição haja sido devidamente
requerida. (NR) 
Supremo Tribunal Federal
Súmula nº 421: “Não impede a extradição a circunstância de ser o
extraditando casado com brasileira ou ter filho brasileiro.”
“A existência de relações familiares, a comprovação de vínculo conjugal e/ou
a convivência more uxorio do extraditando com pessoa de nacionalidade
brasileira constituem fatos destituídos de relevância jurídica para efeitos
extradicionais, não impedindo, em consequência, a efetivação da extradição.
(...) Não obsta a extradição o fato de o súdito estrangeiro ser casado ou
viver em união estável com pessoa de nacionalidade brasileira, ainda que,
com esta, possua filho brasileiro. A Súmula 421/STF revela-se compatível
com a vigente Constituição da República, pois, em tema de cooperação
internacional na repressão a atos de criminalidade comum, a existência
de vínculos conjugais e/ou familiares com pessoas de nacionalidade
brasileira não se qualificacomo causa obstativa da extradição” (STF, Ext
1.201, Plenário, Rel. Min. Celso de Mello, j. 17.2.2011, DJE 15.3.2011.) No
mesmo sentido: STF, Ext 1.196, Plenário, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 16.6.2011, DJE
26.9.2011.
Constituição:
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;
- Crime político: trata-se de crime que atinge os interesses políticos da nação, a
segurança externa e interna, mas que em determinados casos podem se confundir
com os interesses da ordem econômica e social do Estado.
- Crime de opinião: trata-se de abuso de liberdade do pensamento, seja pela palavra,
imprensa ou qualquer meio de transmissão. Exemplo: injúria, calúnia e difamação.
Lei nº 6.815, de 19 de agosto de 1980 (Estatuto do Estrangeiro)
Art. 75. Não se procederá à expulsão: (Renumerado e alterado pela Lei nº 6.964, de
9/12/81)
I - se implicar extradição inadmitida pela lei brasileira; ou
II - quando o estrangeiro tiver: 
a) cônjuge brasileiro do qual não esteja divorciado ou separado, de fato ou de
direito, e desde que o casamento tenha sido celebrado há mais de 5 (cinco) anos ;
ou 
b) filho brasileiro que, comprovadamente, esteja sob sua guarda e dele dependa
economicamente. 
§ 1º. não constituem impedimento à expulsão a adoção ou o reconhecimento de filho
brasileiro supervenientes ao fato que o motivar. 
§ 2º. Verificados o abandono do filho, o divórcio ou a separação, de fato ou de
direito, a expulsão poderá efetivar-se a qualquer tempo. 
Supremo Tribunal Federal
“A presente extradição (...) reveste-se de caráter instrutório, eis que o ora extraditando
ainda não sofreu condenação penal definitiva pela suposta prática do crime de
conduzir veículo, sob influência de bebida alcoólica e com velocidade excessiva,
em contexto de que resultou a morte de sua passageira (...). A infração penal
atribuída ao extraditando acha-se desvestida de caráter político. Constitui delito
comum, insuscetível de julgamento perante órgãos judiciário ou tribunais de
exceção no estado requerente” (STF, Ext 1.203, Plenário, voto do Rel. Min. Celso
de Mello, j. 2.12.2010, DJE 25.2.2011)
"Não configura crime político, para fim de obstar o acolhimento de pedido de
extradição, homicídio praticado por membro de organização revolucionária
clandestina, em plena normalidade institucional de Estado Democrático de
Direito, sem nenhum propósito político imediato ou conotação de reação legítima
a regime opressivo. (...) Não caracteriza a hipótese legal de concessão de refúgio,
consistente em fundado receio de perseguição política, o pedido de extradição para
regular execução de sentenças definitivas de condenação por crimes comuns,
proferidas com observância do devido processo legal, quando não há prova de
nenhum fato capaz de justificar receio atual de desrespeito às garantias
constitucionais do condenado." (STF, Ext 1.085, Plenário, Rel. Min. Cezar Peluso, j.
16.12.2009, DJE 16.4.2010)
“Extradição executória de penas. Crimes de roubo qualificado e de furto de uso de
veículo. 1. Tendo sido o extraditando processado, julgado e condenado, pela Justiça
portuguesa, a revelia, por se encontrar "ausente em parte incerta", não se caracterizou
hipótese de falta de defesa, podendo, ademais, apresentá-la, se requerer novo
julgamento, segundo a legislação do Estado requerente, mais favorável, no ponto, que
a brasileira. 2. O fato de o Governo português, após a condenação, haver
descoberto o endereço do extraditando, no Brasil, não afeta a anterior
decretação da revelia. 3. Não compete a Justiça brasileira, no processo de
extradição, decidir sobre o acerto ou desacerto da Justiça portuguesa, na
interpretação e aplicação de sua legislação. 4. "Ao se pronunciar sobre o
pedido de extradição, não cabe ao S.T.F. examinar o mérito da condenação ou
emitir juízo a respeito de vícios que porventura tenham maculado o processo
no estado requerente". 5. Quanto ao fato de ter o extraditando filha
portuguesa e filho brasileiro, em sua companhia, ambos menores de idade
e seus dependentes, não e empecilho a extradição (Súmula 421). 6. A
objeção pode obstar decreto de expulsão, se ocorrer a circunstancia
referida na alínea "b" do inc. II do art. 75 da mesma lei. Mas não a
extradição. Precedentes. 7. Havendo ocorrido, no caso, quanto ao delito de
furto de uso de automóvel, segundo o direito brasileiro (aplicável a espécie,
em face do disposto no art. 77, inc. VI, da Lei n. 6.815, de 19.08.1980,
alterada pela Lei n. 6.964, de 09.12.1981), a extinção da punibilidade pela
prescrição da pretensão punitiva, em face da pena concretizada na sentença
condenatória (arts. 109, inc. V, e 110, 1., do C. Penal brasileiro), e de se
rejeitar o pedido de extradição, quanto a esse delito. 8. Estando preenchidos,
na hipótese, quanto ao delito de roubo qualificado, todos os requisitos para o
pedido de extradição executória da pena (artigos 80, 81, 82, 83, 84 e 85 da Lei
n. 6.815, de 19.08.1980, alterada pela Lei n. 6.815, de 19.08.1980) e não se
caracterizando qualquer das vedações previstas no art. 75 do mesmo diploma,
e de se deferir, em parte, a extradição, ou seja, apenas para tal fim. 9. Pedido
de extradição deferido, em parte, nesses termos. Votação unânime” (STF, Ext
565, Plenário, Rel. Min. Sydney Sanches, v.u., j. 26.10.1994, DJU, Seção 1,
de 16.12.1994, p. 34.885)
“'HABEAS CORPUS'. EXTRADITANDO COM ESPOSA E FILHO
BRASILEIROS. SÚMULA 421 DO STF. EXTRADIÇÃO. 'HABEAS
CORPUS' OBJETIVANDO A APLICAÇÃO ANALOGICA DA NORMA
QUE VEDA A EXPULSAO DE ESTRANGEIRO QUE TENHA FAMILIA
BRASILEIRA. PERTINENCIA DO ENUNCIADO 421 DA SÚMULA DO
STF. PEDIDO INDEFERIDO” (STF, HC nº 67309, Tribunal Pleno, Rel.
Min. Francisco Rezek, v.u., j. 1º.3.989, DJU, Seção 1, de 7.4.1989, p. 4.910)
Constituição:
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
competente;
- Autoridade competente: é aquela que exerce a jurisdição nos limites da
Constituição e da respectiva lei de organização judiciária.
Supremo Tribunal Federal
Súmula nº 704: "Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e
do devido processo legal a atração por continência ou conexão do
processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos
denunciados."
“O Supremo Tribunal Federal exerce com exclusividade constitucional o
papel de juiz natural do processo de extradição, sendo irrelevante, para
efeitos de declaração de nulidade, a eventual delegação de atribuição
para o processamento e cumprimento de cartas de ordem nas instâncias
8
ordinárias.” (STF, Ext nº 1.162, Plenário, Rel. Min. Cármen Lúcia, j.
17.3.2011, DJE 5.4.2011)
Constituição:
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal; 
Supremo Tribunal Federal
Súmula Vinculante nº 24: “Não se tipifica crime material contra a ordem
tributária, previsto no art. 1º, I a IV, da Lei 8.137/1990, antes do
lançamento definitivo do tributo.”
Súmula Vinculante nº 14: "É direito do defensor, no interesse do
representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito
de defesa.”
Súmula nº 704: “Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e
do devido processo legal a atração por continência ou conexão do
processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos
denunciados.”
Súmula nº 323: “É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio
coercitivo para pagamento de tributos .”
Súmula nº 70: “É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio
coercitivo para cobrança de tributo.” 
Constituição:

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