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Resenha Brasil IV A1 - Tio Sam no Brasil

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MOURA, Gerson. Tio Sam chega ao Brasil: a penetração cultural americana. Ed. 5. São Paulo: Editora Brasiliense, 1988.
O livro do autor Gerson Moura, aborda a influência dos Estados Unidos sobre o Brasil. Fato que segundo ele, começa a se desenvolver com menos força na década de 40 e ganha força na década de 50. Mantendo seu poder até os dias atuais. 
Porém, esta resenha irá se concentrar no segundo capítulo do livro, chamado: Tio Sam imagina um remédio para a dor de cabeça chamado América Latina. Esse capítulo é dividido em três tópicos, contando com a introdução. 
Na introdução o autor explica a situação dos Estados Unidos e do mundo no período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial. A depressão econômica e caos estavam estabelecidos. Governos enfraquecidos faziam com que se almejasse um governo mais forte. Nesse contexto, há o surgimento de diversos regimes ditatoriais ao redor do mundo. Regimes que visavam “a restauração da ordem”. 
Quando o partido nazista toma a frente do governo alemão, a Alemanha retorna as relações internacionais. No âmbito comercial, a América Latina era de extrema importância para a Alemanha, devido aos diversos produtos que poderiam ser exportados daqui para lá. Além disso, a América Latina também era um terreno fértil para as ideias políticas alemãs. Segundo Moura, a ideologia política alemã, estava presente no continente sul americano de diversas maneiras. Esse fato preocupava o governo americano. 
Devido ao fato de terem mudado o tipo de política intervencionista (big stick e Doutrina Monroe) que utilizavam na América Latina, o governo americano necessitava de um novo método para agir no continente sul americano. É nesse contexto que, Franklin Roosevelt é elegido como presidente e declara uma nova política em relação aos vizinhos sul americanos: a política da boa vizinhança.
Segundo Gerson Moura (1988, p. 18):
Os métodos mudaram, mas os objetivos permaneceram os mesmos: minimizar a influência europeia na América Latina, manter a liderança norte-americana e encorajar a estabilidade política do continente.
Afinal, a presença alemã no continente, ameaçava a estabilidade americana. A partir desse período, os Estados Unidos começa a combater o comércio alemão com a América Latina, além de utilizar de outros meios para construir uma boa relação com os vizinhos sul americanos. Mesmo assim, após o início da guerra, a América Latina ainda era um terreno indeciso, que ainda recebia influências da Alemanha nazista.
No segundo tópico, chamado: Tio Sam monta um laboratório. O autor mostra a situação norte-americana durante o início da Segunda Guerra Mundial. O Eixo estava ganhando território e influência. Já era notável que as Américas Latina e Central faziam parte dos planos nazistas de exploração territorial. Além disso, este mesmo território era importante para os Estados Unidos, no momento da guerra e além. Nesse contexto, o governo dos Estados Unidos cria um projeto para conquistar a influência do território latino. De acordo com Moura (1988, p. 20):
O governo Roosevelt criou no dia 16 de agosto de 1940 um Birô destinado a coordenar os esforços dos Estados Unidos no plano das relações econômicas e culturais com a América Latina. Chefiada pelo jovem Nelson Rockefeller, essa superagência chamou-se a princípio Office for Coordination of Commercial and Cultural Relations between the Americans Republics. Um ano mais tarde, o nome foi simplificado para Office of the Coordinator of Inter-America affairs, pelo qual ficou conhecido até o fim da guerra.
Esse projeto tinha dois objetivos diferentes, o que era apresentado para os demais países que consistia em: promover uma boa relação entre as nações americanas e uma solidariedade hemisférica; e o real objetivo que era basicamente: extinguir a influência do Eixo na América Latina, derrotar o Eixo e estabelecer os Estados Unidos como potência. 
O Birô, como é chamado pelo autor do livro, ficou encarregado de promover a estabilização das economias latino americanas e estabelecer um forte programa educacional, de relações culturais, de informação e de propagandas (MOURA, 1988, p.21). 
Além disso, o Birô fazia parte do programa de segurança nacional dos Estados Unidos e dos preparativos para a guerra. Usaram-se muitos recursos e mobilizaram muitas pessoas para o funcionamento do Birô. Esse projeto possuía quatro divisões (comunicação, relações culturais, saúde, comercial/financeira). Cada uma agindo sob seu âmbito para mobilizar a população latina.
No terceiro e último tópico, Moura apresenta o dilema que o governo americano lidava. Para conquistar as massas latino americanas, o Birô estava pronto para vender a ideia de democracia, que não era bem aceita para o alto escalão e os governos dessas mesmas sociedades, afinal, a maioria deles tratavam-se de ditaduras. 
Após pesquisas, especialistas deixaram claro que o melhor a se fazer era lidar com temas que fossem comuns para norte e sul americanos. A dificuldade do Birô de encontrar um tema em comum, levou-o a basear-se na filosofia do panamericanismo. Que segundo Gerson Moura, tratava-se de (1988, p. 24):
Uma realidade fundada em ideais comuns de organização republicana, na aceitação da democracia como um ideal, na defesa da liberdade e da dignidade do indivíduo, na crença da solução pacífica das disputas e na adesão aos princípios de soberania nacional – e cuja a manifestação concreta seriam os programas de solidariedade hemisférica.
E assim foi feito. Os programas de solidariedade intercontinental já estavam prontos e a filosofia pan-americanista justificava tais programas. Porém, havia um problema, um abismo de diferença entre a prática e a realidade na aplicação da filosofia pan-americanista. O que não significava que ela não era importante, afinal, ela apresentava um modelo de civilização a ser aplicado e seguido. O qual, os Estados Unidos era o resultado final. 
Assim como diversos outros autores, Gernson Moura fala sobre o controle e a indução das massas através da propaganda e dos meios de comunicação. Meio que foi utilizado pelos Estados Unidos na passagem do Birô pela América Latina. Assim como dito por Maria Helena Capelo (1999, p. 177):
A análise da utilização dos meios de comunicação como propaganda política permite constatar que, apesar da enorme importância desses veículos para divulgação das mensagens políticas, não se pode exagerar sua importância no que se refere ao controle das consciências.
O controle das mentes era de fácil realização com o uso dos meios de comunicação. Outros autores como Maria Luiza Tucci Carneiro, no seu texto chamado Estado Novo, o Dops e a ideologia de segurança nacional, falam sobre como os meios de comunicação são facilitadores da ordem e da influência. Deixando vestígios desse controle ao longo dos anos. 
Gerson Moura foi professor e um dos fundadores do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio. Cursou na IUPERJ e na University College of London, obtendo mestrado e doutorado. Escreveu os livros “Autonomia na Dependência: a política externa brasileira de 1935 a 1942” e “A Campanha do Petróleo”. Também recebeu vários prémios.
Bibliografia
CARNEIRO, M. L. T. O Estado Novo, o Dops e a ideologia da segurança nacional. In D. Pandolfi (Ed), Repensando o Estado Novo. Rio de Janeiro: FGV, 1999. p. 327-340.
CAPELATO, Maria H. R. “Propaganda política e controle dos meios de comunicação” In: Dulce Pandolfi. (Org.). Repensando o Estado Novo. Rio de Janeiro: FGV, 1999, v. , p. 167-178.