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Resumo DPC I - P2

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Petição Inicial
O processo nasce com a propositura da demanda, sendo a data do protocolo da petição inicial a data de início do processo. A partir dessa data, surge a litispendência: o processo existe e, para o autor, todos os efeitos daí decorrentes se produzem. 
A relação entre petição inicial é demanda é a mesma que se estabelece entre a forma e o seu conteúdo. A petição inicial é a forma da demanda, o seu instrumento; a demanda é o conteúdo da petição inicial.
A petição inicial contém aquilo que o demandante almeja ser o conteúdo da decisão que vier a acolher o seu pedido, uma vez que a demanda tem a função de limitar a atividade jurisdicional, que não pode extrapolar os seus limites (decidindo além, aquém ou fora do que foi pedido). 
Assim, conclui-se que a petição inicial é a primeira peça dos autos, que tem extrema importância, pois delimita o que pretende o autor, isto é, o autor diz o que quer, contra o que quer e os limites do que quer – é definido o objeto litigioso e se delimita sobre o que pode decidir o juízo. A inicial identifica quem são as partes, o pedido do autor, o porquê do pedido (razões de fato e de direito, teoria da substanciação da causa de pedir).
Requisitos da petição inicial
Art. 319. A petição inicial indicará:
I - o juízo a que é dirigida;
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.
§ 1o Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção.
§ 2o A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu.
§ 3o A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça.
Forma
A petição inicial deve ser escrita, datada e assinada. Nos JECs, admite-se a postulação oral.
Assinatura de quem possua capacidade postulatória
Indicação do juízo a que é dirigida a demanda
Se o autor remete a petição inicial a um juízo incompetente, este convalidará o ato, ao remeter a peça ao juiz competente.
Qualificação das partes
Quando forem desconhecidos os dados do réu, pode o autor declinar isso em sua petição inicial, a fim de que sejam realizadas buscas através do Judiciário (art. 319, II, CPC). Assim, é possível demanda contra pessoa incerta, quando se deve proceder a um esboço de sua identificação, bem como será requerida a citação editalícia. Exemplo: demanda possessória, demanda contra vizinho traficante-nada-amigável. 
Causa de pedir: o fato e o fundamento jurídico do pedido
Além do pedido e dos sujeitos, deve a petição inicial conter a exposição dos fatos e dos fundamentos que formam a causa de pedir (art. 319, III, CPC). Compõem a causa de pedir o fato (causa remota) e o fundamento jurídico (causa próxima), isto é, a causa de pedir é o fato ou o conjunto de fatos jurídicos (fato da vida judicializado pela incidência da hipótese normativa) e a relação jurídica, efeito daquele fato jurídico, trazidos pelo demandante como fundamento do seu pedido. Assim, o autor, em sua petição inicial, tem de expor todo o quadro fático necessário à obtenção do efeito jurídico perseguido, bem como demonstrar como os fatos narrados autorizam a produção desse mesmo efeito (deverá o autor demonstrar a incidência da hipótese normativa no suporte fático concreto). 
O CPC adota a teoria da substancialização da causa de pedir, que impõe ao demandante o ônus de indicar, na petição inicial, qual o fato jurídico e qual a relação jurídica dele decorrente que dão suporte ao seu pedido. Não basta a indicação da relação jurídica sem que se indique qual o fato que lhe deu causa.
Por vezes, a causa de pedir é composta, o que se dá nas hipóteses em que corresponde a uma pluralidade de fatos de uma única pretensão. Nesses casos, se um dos elementos do suporte fático não estiver presente na narrativa do autor (in statu assertionis), a causa de pedir não se completa e, portanto, a petição não pode ser admitida. Exemplo: em casos de responsabilidade civil subjetiva, só terá direito à indenização aquele que conseguir demonstrar a conduta, a culpa, o nexo de causalidade e o dano.
Não se deve confundir fundamento jurídico com fundamento legal, sendo este inclusive dispensável. Em sua decisão, o magistrado está limitado aos fatos jurídicos alegados e ao pedido formulado – não o está, porém, ao dispositivo legal invocado pelo demandante, pois é a sua tarefa verificar se houve subsunção do fato à norma. O juiz pode decidir com base em norma distinta, preservados o direito afirmado e o pedido formulado. 
Fatos constitutivos –> causa de pedir remota ativa.
Fatos ofensivos ao direito –> causa de pedir remota passiva.
Fundamentos jurídicos –> causa de pedir passiva.
Pedido
Toda petição inicial deve conter ao menos um pedido, com suas especificações (art. 318, IV, CPC). O pedido é imprescindível, pois determina qual tutela jurisdicional se quer para alcançar o bem da vida. Petição sem pedido é petição inepta, a ensejar o seu indeferimento.
Pedido imediato é a providência jurisdicional que se pretende (a condenação, a expedição de ordem, a constituição de nova situação jurídica, etc.). Pedido mediato é o bem da vida, o resultado prático que o demandante espera conseguir com a tomada daquela providência. 
Requisitos:
- O pedido deve ser certo (art. 322, caput, CPC), isto é, não pode ser condicionado. A importância disso se evidencia no fato de determinar que a sentença seja igualmente certa (art. 492, parágrafo único, CPC).
- O pedido deve ser determinado: o autor não deve realizar pedidos genéricos, ressalvadas as hipóteses do §1º do art. 324. Pedido determinado é o que especifica qual a sua pretensão (ex.: requer 100 mil); pedido genérico não especifica exatamente qual a sua pretensão, não sendo possível preestabelecer-se o resultado final da causa (ex.: requer que seja pago o devido, sem especificar o que é devido). O pedido genérico costuma ser feito quando não se sabe ainda a extensão do dano (ex.: um acidente de trânsito em que a vítima teve lesões graves e terá que ser submetida a cirurgias, não se sabendo ainda quais as sequelas que resultarão do ocorrido). 
- O pedido tem de ser, também claro, inteligível.
- Ainda, o pedido há de ser coerente, ou seja, deve ser consequência jurídica prevista para a causa de pedir aduzida (art. 330, §1º, IV, CPC).
Cumulação de pedidos:
- Cumulação própria de pedidos
Há cumulação própria de pedidos quando se formulam vários pedidos, pretendendo-se o acolhimento simultâneo de todos eles. 
Cumulação simples: quando as pretensões não têm entre si relação de precedência lógica (pedido prejudicial ou preliminar), podendo ser analisadas uma independentemente da outra.
Cumulação sucessiva: quando os exames dos pedidos guardam entre si um vínculo de precedência lógica: o acolhimento de um pedido pressupõe o acolhimento do anterior. Diferentemente do que ocorre na cumulação subsidiária, o segundo pedido só será apreciado se o primeiro for acolhido. O acolhimento do primeiro pedido não implica necessariamente o acolhimento do segundo.
- Cumulação imprópria de pedidos
Ocorre quando são formulados vários pedidos ao mesmo tempo, de modo que apenas um deles seja atendido. O acolhimento de um implica a impossibilidade de acolhimento do outro. 
Cumulação de pedidos subsidiários: o demandante estabelece uma hierarquia/preferência entre os pedidos formulados. Acolhido o pedido principal, está o magistrado dispensadode examinar o pedido subsidiário. 
Cumulação de pedidos alternativos: consiste na formulação, pelo autor, de mais de uma pretensão, para que uma ou outra seja acolhida, sem expressar, com isso, qualquer preferência. O valor da causa será o do pedido de maior valor.
Interpretação do pedido
Pelo CPC/73, o pedido deveria ser interpretado restritivamente. Já pelo CPC/15, o pedido passa a dever ser interpretado conforme o conjunto da fundamentação. 
Exemplo: peça embasada na necessidade da concessão de alimentos que não explicita este pedido no dispositivo –> pelo CPC/73, o pedido não poderia ser considerado; pelo CPC/15, pode-se considerar o pedido, mesmo que ele não conste explicitamente no dispositivo, desde que se possa presumir que a parte o está requerendo com base na fundamentação da petição.
Pedidos implícitos: de acordo com o CPC/15, poderão ser considerados certos pedidos mesmo que não o sejam formulados expressamente (como no exemplo anterior).
Cumulação de pedidos (art. 327): os pedidos podem ser cumulados mesmo que não tenham conexão entre si. Critérios: mesma competência e rito adequado. 
Provas a produzir
Protestos genéricos pela produção da prova são permitidos, porque não se sabe quais provas serão necessárias até se ter conhecimento do que será alegado pelo réu em contestação (art. 319, VI).
Valor da causa
É o valor referência para custas no processo. É determinante, também, para calcular multas processuais (litigância de má-fé), eventuais depósitos necessários e como um dos critérios para valorar honorários de sucumbência. Ainda, o valor da causa pode servir como um dos critérios para definir a competência (até 40 salários mínimos, a competência é do JEC). 
Para estabelecer o valor da causa com conteúdo econômico definido, deve-se observar o disposto no art. 292 do CPC. 
Para ações sem conteúdo econômico definido, na Justiça Estadual, há o chamado valor de alçada, que corresponde às unidades monetárias que são divulgadas no site de TJ. O valor de alçada não é considerado para a soma de pedidos cumulados. Na Justiça Federal, não existe valor de alçada, portanto se designa um valor arbitrariamente na inicial, para fins fiscais. Esse valor pode ser impugnado na contestação.
 - Pedido cumulado: os valores também o serão (art. 292, I).
- Pedido sucessivo: o valor da causa é o valor do pedido principal (art. 292, II e VIII).
- Pedido alternativo: conta-se o pedido de maior valor (art. 292, VII).
Ação de alimentos: valor da causa = 12 parcelas pretendidas pelo autor (um ano de pretensão alimentar).
- Ação de divisão (ex.: cotitularidade a respeito de uma barra de chocolate – coisa móvel –, em que as partes não concordam com uma divisão posta), demarcação (ex.: colocar uma cerca entre os terrenos de duas pessoas), reivindicação (busca de um bem que está em posse de outro pelo seu titular): avaliação da área ou do bem objeto do pedido.
- Demandas de regulação de visita, guarda, interdição: não há forma econômica de valor da causa, que será, na justiça estadual, o valor de alçada (valor fixo, estabelecido mensalmente, que refere o montante que vale uma causa sem repercussão econômica determinada). Na justiça federal, tal valor não existe, mas é colocado para fins fiscais.
- Prestações vincendas: prestações que vencem no decurso do processo. Art. 292, §§1º e 2º: “O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo indeterminado ou por tempo superior a 1 (um) ano, e, se por tempo inferior, será igual à soma das prestações.”
Documentos indispensáveis (art. 320)
Não são questões probatórias. A comprovação das alegações não é documento indispensável para a propositura da ação (na execução é diferente, pois deve existir um título executivo). Os indispensáveis são os documentos que revertem em uma situação garantida, buscam suprir requisitos e pressupostos processuais – aqueles que garantem a capacidade postulatória, por exemplo. Art. 434, 435: prova documental.
Admissibilidade
Ao receber a petição inicial, o juiz analisa:
i) Preenchimento dos requisitos do art. 319 (é hipótese de inépcia da inicial?);
ii) Presença dos pressupostos processuais (documentos indispensáveis);
iii) Adequação do valor da causa + legitimidade da parte + interesse de agir + litispendência ou coisa julgada.
Se não está adequada, o juiz pode indeferir a petição inicial ou requerer a sua emenda (se esta não ocorre após seu requerimento, o juiz a indefere). O indeferimento é uma forma de extinção sem resolução de mérito. Se está adequada, o juiz analisa o pedido liminar (se este existir) e prossegue à citação.
Estabilização da demanda
Salvo nos casos em que se permite pedido implícito, incumbe ao autor formular na petição inicial todos os pedidos que puder contra o réu. Se a petição estiver irregular, por lhe faltar algum de seus requisitos, deve o magistrado intimar o autor para corrigi-la, emendando-a ou complementando-a. Sempre que o defeito for sanável, deve o magistrado determinar a emenda; não lhe é permitido indeferir a inicial sem que se conceda ao autor a possibilidade de correção. Não é sanável, por exemplo, a falta de interesse de agir. Por outro lado, é sanável a ausência de juntada de tradução de um documento em língua estrangeira, mesmo que o art. 192 do CPC a exija expressamente.
Até a citação do réu, que é um marco de estabilidade do processo, a modificação é ampla. As modificações continuam possíveis, até o saneamento, desde que com a concordância do réu (modificação restrita). Após o saneamento, a modificação é vetada. 
Indeferimento da petição inicial
O indeferimento da petição inicial somente corre no início do processo; só há indeferimento liminar antes da oitiva do réu. Após a citação, o juiz não mais poderá indeferir a petição inicial, de resto já admitida, devendo, se vier a acolher alguma alegação do réu, extinguir o feito por outro motivo. A inépcia, por exemplo, pode ser reconhecida a qualquer tempo, mesmo após a contestação, mas, nesse caso, não implicará indeferimento da petição, e sim extinção do processo sem análise de mérito (art. 485, IV, CPC).
A petição inicial indeferida produz julgamento sem resolução de mérito (art. 485, I), ou seja, não produz coisa julgada. O único impedimento para a introdução e nova petição inicial contendo os mesmos pedidos é o devido pagamento das custas e honorários do primeiro processo, que foi extinto (art. 486, §2º).
Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:
I - for inepta;
II - a parte for manifestamente ilegítima;
III - o autor carecer de interesse processual;
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321.
§ 1º Considera-se inepta a petição inicial quando:
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico;
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.
§ 2º Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito.
§ 3º Na hipótese do § 2º, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e modo contratados.
O recurso do indeferimento da inicial é uma apelação, pois o juiz emite uma sentença. Com o CPC/15, o juiz recebe a apelação e intima o réu para contrarrazões, sem analisar sua admissibilidade, que fica a cargo apenas do Tribunal. O art. 331 expõe a possibilidade diferenciada para a apelação originária da sentença de indeferimento da inicial, antes da citação do réu: surge a oportunidade de retratação do juízo. Se ele não se retrata, passa para as contrarrazões do apelado. Se a sentença é reformada (é dado provimento à apelação), o prazo para a contestação começa a correr da intimação do retorno dos autos ao juízo de origem. Contudo,a rigor, o prazo para contestação (15 dias) começa a partir da audiência de mediação ou conciliação. Assim, devolvidos os autos ao juiz de 1º grau, o prazo é de 15 dias a partir da intimação de retorno dos autos, mas ainda será designada uma audiência, ou seja, deve-se contestar antes da audiência preliminar.
Se não houve recurso da decisão de indeferimento da inicial, há intimação do réu acerca da existência deste processo, para que ele saiba da existência de juízo prevento.
Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se.
§ 1º Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder ao recurso.
§ 2º Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a contestação começará a correr da intimação do retorno dos autos, observado o disposto no art. 334.
§ 3º Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença.
Hipóteses de indeferimento
Inépcia
A inépcia gira em torno de defeitos vinculados à causa de pedir e ao pedido; são defeitos que não apenas dificultam, mas impedem o julgamento do mérito da causa. 
São algumas das hipóteses de inépcia:
Ausência de pedido ou de causa de pedir: sem pedido ou causa de pedir, será impossível ao órgão jurisdicional saber os limites da demanda e, por consequência, os limites da sua atuação. 
Pedido indeterminado (ressalvadas as exceções do art. 324, §1º, incisos I a III).
Quando da narração dos fatos não decorrer logicamente o pedido.
Cumulação de pedidos incompatíveis entre si: quando um pedido aniquila o outro.
Ilegitimidade da parte
Falta de interesse processual
Não atendimento ao disposto nos arts. 106 e 321
Improcedência liminar
Hipóteses: quando do recebimento da petição inicial, o juiz pode proferir sentença de improcedência do pedido, sem citação do réu, em casos de decadência ou prescrição ou de teses jurídicas do autor contrárias a precedente judicial (art. 332). Tal decisão de improcedência liminar tem cognição exauriente e é passível de fazer coisa julgada. Não é possível uma procedência liminar sem citação.
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
§ 1º O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição.
Quando: somente pode ser aplicada a decisão quando não for necessária a produção de provas, pois esta torna dependente de um evento futuro a constatação do direito do autor. Em casos de julgamento de improcedência liminar baseada em precedentes, a prova é indiferente.
Recurso: não havendo recurso, o réu é intimado da sentença, somente para saber da existência dela, pois existe coisa julgada a seu favor. Havendo retratação por parte do juiz, o processo segue normalmente; contudo, não havendo retratação, o réu é intimado para apresentar contrarrazões à apelação. Atenção para a diferença entre indeferimento liminar e improcedência liminar no trâmite recursal relativo ao prazo de contestação.
§ 2º Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença, nos termos do art. 241.
§ 3º Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias.
§ 4º Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a citação do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias.
Audiência preliminar
Noções gerais: com a intenção de autorregular a relação litigiosa, o Código introduziu uma audiência preliminar obrigatória, embora existam casos em que ela possa ser dispensada. Às vezes, não há um âmbito de litígio propriamente estabelecido – há uma possibilidade de acordo, em que um advogado chama o outro visando à composição (mediação e conciliação). Quando o réu já foi citado mas ainda não apresentou contestação, há a audiência preliminar obrigatória, a partir da qual é feita a contagem do prazo de contestação.
Dispensa: na petição inicial, o autor deve indicar se quer ou não a audiência preliminar; no caso de ele ser omisso, entende-se que quer (querer é a regra geral). A audiência somente não ocorrerá quando ambas as partes optarem pela sua não realização, o que deve ocorrer expressamente. Neste caso, do protocolo da peça do réu que afirma que ele não quer uma audiência começa a contar o prazo para a contestação.
Art. 334, §6º Havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência deve ser manifestado por todos os litisconsortes.
Comparecimento, ausência: o comparecimento é obrigatório para todas as partes; o não comparecimento é considerado ato atentatório à dignidade da justiça e sujeita a parte a uma multa de até 2% do valor econômico (na justiça estadual). Pode haver o comparecimento sem advogado. No JEC, deverá a pessoa comparecer; se o autor não comparecer, extingue-se o processo; se o réu não comparecer, há revelia.
§ 8º O não comparecimento injustificado do autor ou do réu à audiência de conciliação é considerado ato atentatório à dignidade da justiça e será sancionado com multa de até dois por cento da vantagem econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado.
§ 9º As partes devem estar acompanhadas por seus advogados ou defensores públicos.
§ 10. A parte poderá constituir representante, por meio de procuração específica, com poderes para negociar e transigir.
Contestação
A contestação está para o réu assim como a petição inicial está para o autor. Trata-se do instrumento do exercício do direito de defesa, assim como a petição inicial é o instrumento do exercício do direito de ação. 
No procedimento comum, a contestação é escrita e deve ser assinada por quem tenha capacidade postulatória – advogado, membro do MP ou Defensor Público. 
O prazo para a apresentação da contestação é de 15 dias (art. 335, caput, CPC). 
Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a data:
I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não houver autocomposição;
II - do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou de mediação apresentado pelo réu, quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4o, inciso I;
III - prevista no art. 231, de acordo com o modo como foi feita a citação, nos demais casos.
§ 1º No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo a hipótese do art. 334, § 6o, o termo inicial previsto no inciso II será, para cada um dos réus, a data de apresentação de seu respectivo pedido de cancelamento da audiência.
§ 2º Quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4o, inciso II, havendo litisconsórcio passivo e o autor desistir da ação em relação a réu ainda não citado, o prazo para resposta correrá da data de intimação da decisão que homologar a desistência.
Defesas de admissibilidade – preliminares
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:
I - inexistência ou nulidade da citação;
II - incompetência absoluta e relativa;
III - incorreção do valor da causa;
IV - inépcia da petição inicial;
V - perempção;
VI - litispendência;
VII - coisa julgada;
VIII - conexão;
IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;
X - convenção de arbitragem;
XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual;
XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar;
XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.Ilegitimidade passiva: se o réu alega ser parte ilegítima, pode indicar quem é a parte legítima e possibilitar o autor a realizar um ajuste na composição subjetiva do processo. No CPC/73, esta hipótese dava ensejo à intervenção de terceiro – nomeação à autoria (em que o réu ilegítimo nomeava o réu legítimo, sendo depois ouvido o autor e, por fim, intimado o réu, que deveria concordar). No CPC/15, o réu ilegítimo indica quem é o réu legítimo, sendo depois ouvido o autor, que decide contra quem seguirá o processo, podendo transformá-lo inclusive em litisconsórcio passivo.
Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu.
Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas e pagará os honorários ao procurador do réu excluído, que serão fixados entre três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo este irrisório, nos termos do art. 85, § 8o.
Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação.
§ 1º O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição inicial para a substituição do réu, observando-se, ainda, o parágrafo único do art. 338.
§ 2º No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição inicial para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu.
Defesas de mérito
2.1 – Fatos 
As defesas meritórias dizem respeito aos fatos e fundamentos jurídicos sustentados pelo autor na inicial. Na contestação, a defesa de mérito do réu deve obedecer aos seguintes princípios:
Princípio da eventualidade
Cabe ao réu formular toda a sua defesa na contestação (art. 336, CPC). Ele tem o ônus de alegar tudo quando puder, pois, caso contrário, poderá perder a oportunidade de fazê-lo. 
Da mesma forma que o autor pode cumular pedidos, própria ou impropriamente, pode o réu cumular defesas, própria ou impropriamente. A regra da eventualidade autoriza que o réu deduza defesas logicamente incompatíveis, dentro dos limites da boa-fé processual, a fim de concentrar a sua defesa e prevenir-se, acaso não haja mais a oportunidade de apresentar as suas alegações (ex.: no saneamento, o juiz pode entender que as provas e argumentações já constantes dos autos são suficientes para produzir uma decisão de mérito). 
Ônus da impugnação específica
Em regra, não se admite a formulação de defesa genérica. O réu não pode apresentar a sua defesa com a negativa geral das alegações de fato apresentadas pelo autor (art. 341, CPC); cabe ao réu impugná-las especificadamente, sob pena de a alegação não impugnada ser havida como verdadeira. 
Exceções:
Curador especial
Esse ônus não se aplica quando a defesa tiver sido apresentada por defensor público, advogado dativo ou curador especial (parágrafo único do art. 341). Isso porque são representantes que assumem suas funções em situação que não lhes permite, no mais das vezes, ter acesso imediato ao réu, de quem poderiam extrair informações indispensáveis para a elaboração de uma defesa específica.
Prova substancial
A presunção de veracidade das alegações do autor através da ausência de impugnação do réu não se aplica em casos que o fato só pode ser provado o fato de uma forma determinada, ou seja, quando a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substância do ato (ex.: necessidade de certidão de casamento, escritura pública na compra e venda de um imóvel). Quando a prova que o direito material exige não é apresentada na inicial, a falta de impugnação não implica confissão.
Direito indisponível
Se o direito é indisponível, não é possível que o sujeito o renuncie. Não se permite que se estabeleça sanção de confissão em relação a direitos indisponíveis.
Contradição com a defesa
Não é necessário impugnar especificamente os fatos quando eles estiverem em contradição com a defesa considerada em seu conjunto. Exemplo: Reinaldo diz que estava na China quando houve o acidente narrado por Ariovaldo, portanto não precisa contestar as demais circunstâncias do fato (estava na contramão, bêbado, havia fumaça de maconha).
– Direito
Existe na tradição dos tribunais a máxima “iura novit curia”, bastante questionável, significando que o direito não depende de alegação específica. O juiz conhece o direito, independente da alegação das partes. É relacionada às objeções materiais e não é aplicada às exceções, questões que dependem da alegação da parte. As exceções materiais precisam ser alegadas pelo réu em defesa, mas as objeções materiais não (o juiz pode trabalhar com elas de ofício). Ex. o juiz reconhece que o contrato que funda a ação de cobrança é nulo; o réu não disse nada sobre a validade do contrato em sua defesa, mas mesmo assim o juiz anula, pois o contrato era de compra e venda de cocaína.
Embora o juiz conheça os dispositivos legais, é importante que o réu explicite os fundamentos de sua defesa, a fim de que o magistrado aprecie especificamente os pontos que o réu entendeu como pertinentes à sua defesa. 
Revelia
A revelia é um ato-fato processual, consistente na não apresentação tempestiva de contestação (art. 344, CPC). Há revelia quando o réu, citado, não aparece em juízo, apresentando a sua resposta, ou, comparecendo ao processo, também não apresenta a sua resposta tempestivamente. 
3.1 – Efeitos
Da revelia, podem derivar alguns efeitos, sendo o mais comum a presunção de veracidade dos fatos narrados pelo autor, que deriva do ônus de impugnação específica – se nada foi impugnado, tudo é verdadeiro.
Outro efeito diz respeito à possibilidade de prosseguimento do processo. O réu continuará sendo normalmente intimado. Isso se dá porque o processo deve permitir uma continuidade. 
Mesmo revel, o réu pode se apresentar ao processo a qualquer momento (parágrafo único do art. 346). Isso não faz o processo retroagir; o réu assume a causa no momento em que se encontra (o que se aplica, também, a prazos, à (im)possibilidade de produzir provas).
Em suma:
Efeito material: presunção de veracidade das alegações de fato feitas pelo demandante (art. 344, CPC).
Os prazos contra o réu revel que não tenha advogado fluem a partir da publicação da decisão (art. 346, CPC).
Preclusão em desfavor do réu de poder alegar algumas matérias de defesa (efeito processual, ressalvadas as hipóteses do art. 342 do CPC).
Possibilidade de julgamento antecipado do mérito da causa, caso se produza o efeito material da revelia (art. 355, II, CPC).
– Mitigações à eficácia da revelia
Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se:
I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere indispensável à prova do ato;
IV - as alegações de fato formuladas pelo autor forem inverossímeis ou estiverem em contradição com prova constante dos autos.
Ademais, há matérias que podem ser deduzidas pelo réu após o prazo de apresentação de sua resposta:
Art. 342. Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas alegações quando:
I - relativas a direito ou a fato superveniente;
II - competir ao juiz conhecer delas de ofício;
III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição. 
Reconvenção
A reconvenção é demanda do réu contra o autor no mesmo processo em que está sendo demandado. É o contra-ataque que enseja o processamento simultâneo da ação principal e da ação reconvencional, a fim de que o juiz resolva as duas lides na mesma sentença. Chama-se reconvinte o réu-demandante e reconvindo o autor-demandado. 
A intimação para a resposta (contestação) à reconvenção pode ser feitana pessoa do próprio advogado do autor, que recebe da lei esse poder, e o prazo é de 15 dias (art. 343, §1º, CPC). A resposta à reconvenção é ampla, podendo o reconvindo, inclusive, denunciar a lide ou proceder ao chamamento ao processo. Cogita-se até mesmo, embora mais no plano teórico, reconvenção da reconvenção, que não é vedada. 
A reconvenção e a ação principal hão de ser julgadas na mesma sentença, embora sejam autônomas. As regras sobre a petição inicial e o pedido aplicam-se à reconvenção.
Prescindibilidade: o réu pode optar por demandar contra o autor na reconvenção (contestação) ou em causa própria, ou seja, o não exercício do direito de agir na reconvenção não impede o direito de agir posterior (desde que em outro processo, visto que a reconvenção somente pode ocorrer na contestação).
Limites objetivos: a pretensão do réu deve ser conexa com a ação ou com o fundamento de defesa.
Limites subjetivos (§§3º e 4º): contra quem se pode propor reconvenção – o autor (necessário) e terceiros (facultativo). Há legitimação extraordinária derivada em razão de reconvenção (§5º), o que acaba por permitir ação coletiva passiva (pois uma coletividade pode ser representada em juízo por uma associação, e pode existir uma reconvenção contra este autor). Admite-se que o legitimado extraordinário para representar em juízo como autor também é o legitimado para atuar como réu.
OBS: Ao se manifestar, pode o réu efetuar o reconhecimento da procedência do pedido. Significa que ele concorda com o autor (“devo, não nego”). Não pode o juiz desdizer atos de manifestação de vontade da parte em relação a direito material; cabe ao juiz aplicar o direito em razão de litígio, mas, se as partes compuserem, não cabe ao juiz julgar o negócio. O juiz apenas opta por não homologar um acordo se uma das partes for incapaz sem representação.
Providências Preliminares, Julgamento Conforme o Estado do Processo e Decisão de Saneamento
Apresentada ou não a resposta do réu, após o escoamento do prazo de contestação, inicia-se uma fase do procedimento comum que se denomina fase de saneamento ou fase de ordenamento do processo. Durante esse período, o magistrado, se for o caso, deve tomar providências que deixem o processo apto para que nele seja proferida uma decisão, chama de julgamento conforme o estado do processo (art. 347 do CPC).
Os primeiros atos da fase de saneamento são as providências preliminares (arts. 348-353):
Tendo sido apresentada defesa indireta, deve o juiz intimar o autor para apresentar a sua réplica, em quinze dias (arts. 350-351), que consiste na manifestação do demandante sobre os fatos novos deduzidos pelo réu em sua defesa. Igualmente, se o réu apresentar defesa direta, mas trouxer documentos, o magistrado deve intimar o autor para manifestar-se sobre eles, no prazo de quinze dias.
Se há defeitos processuais que possam ser corrigidos, inclusive a respeito dos requisitos de admissibilidade do procedimento, deve o juiz providenciar a sua correção.
Se, apesar da revelia, a presunção da veracidade dos fatos afirmados pelo autor não correr, o magistrado deve intimar o autor para especificar as provas que pretende produzir em audiência (art. 348, CPC).
Se a revelia decorrer de citação ficta ou se o réu estiver preso, deve o magistrado designar o curador especial (art. 72, II, CPC).
Se o réu promover uma denunciação da lide ou chamamento ao processo, o juiz tomará as providências inerentes a essas intervenções.
Outrossim, se for caso de intervenção do Ministério Público, da CVM ou de qualquer órgão/entidade cuja presença no processo seja obrigatória por força de lei, este é o momento da verificação pelo magistrado. 
Depois de cumpridas as providências preliminares, ou não havendo necessidade delas (art. 353, CPC), o juiz examinará o processo para que tome uma dessas decisões:
Extingue-o sem resolução de mérito (art. 485, c/c art. 354 do CPC);
Extingue-o com resolução de mérito, em razão de autocomposição total (art. 487, III, c/c o art. 354 do CPC);
Extingue-o com resolução de mérito pela verificação da ocorrência da decadência ou da prescrição (art. 487, II, c/c o art. 354 do CPC);
Julga antecipadamente o mérito da causa (art. 355 c/c art. 487, I, do CPC);
Profere decisão de saneamento ou organização do processo, com ou sem audiência para produzi-la em cooperação com as partes.
Extinção do processo
Art. 354. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 485 e 487, incisos II e III, o juiz proferirá sentença.
Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput pode dizer respeito a apenas parcela do processo, caso em que será impugnável por agravo de instrumento.
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
I - indeferir a petição inicial;
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência;
VIII - homologar a desistência da ação;
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e
X - nos demais casos prescritos neste Código.
Julgamento antecipado do mérito
O julgamento antecipado é uma decisão de mérito, fundada em cognição exauriente, proferida após as providências preliminares (ou quando não houver a sua necessidade), em que o magistrado reconhece a desnecessidade de produção de mais provas em audiência de instrução e julgamento.
O juiz, no caso, entende ser possível proferir decisão de mérito apenas com base na prova já constante nos autos. 
Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de mérito, quando:
I - não houver necessidade de produção de outras provas;
II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento de prova, na forma do art. 349.
Há algumas considerações a serem feitas.
- Em primeiro lugar, o magistrado deve comunicar às partes a intenção de abreviar o procedimento, julgando antecipadamente o mérito, tanto visando a evitar uma decisão-surpresa, quanto para registrar o seu inconformismo, para fins de alegação de cerceamento de defesa em apelação.
- O inciso I do art. 355 autoriza o julgamento antecipado quando for necessária a produção de provas em audiência, bem como perícias etc, ou seja, quando a prova exclusivamente documental for bastante para a prolação de uma decisão de mérito.
- Cabe julgamento antecipado se houver revelia. Para que isso aconteça, é preciso que a revelia tenha implicado a presunção de veracidade dos fatos afirmados pelo autor e que o revel não tenha intervindo no processo, solicitando a produção de provas, nos termos do art. 349 do CPC.
- Não se permite que o juiz, no julgamento antecipado do mérito da causa, conclua pela improcedência, sob o fundamento de que o autor não provou o alegado. Ora, se o julgamento de mérito se deu antecipadamente, não havia mais necessidade de produção de provas, portanto concluir pela improcedência do pedido por insuficiência probatória seria um comportamento contraditório. 
- Admite-se o julgamento antecipado parcial, que é impugnável por agravo de instrumento.
Decisão de saneamento e organização do processo
Se não for caso de extinção do processo sem resolução de mérito, nem de extinção do processo com resolução de mérito (prescrição/decadência, autocomposição ou julgamento antecipado do mérito da causa), deverá o magistrado proferir uma decisão de saneamento e organização do processo (art. 357, CPC).
Isso se dá nos casos em que ainda não há elementos probatórios nos autos que permitam ao órgão jurisdicional resolver o objeto litigioso – terá,pois, de preparar o processo para a atividade instrutória. 
Nesta decisão, o juiz:
Resolverá as questões processuais pendentes, se houver (art. 357, I, CPC).
Delimitará as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória, especificando os meios de prova admitidos (art. 357, II, CPC).
Definirá a distribuição do ônus da prova, observando o art. 373.
Delimitará as questões de direito relevantes para a decisão do mérito, que não se limitam àquelas suscitadas pelas partes.
Designará, se necessário, audiência de instrução e julgamento, a depender dos meios de prova que serão produzidos. 
Poderá designar audiência de saneamento e organização em cooperação com as partes, se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou de direito.
Homologar a organização consensual dos processos efetuada pelas partes (negócio saneador).
 
Teoria Geral da Prova
Conceito de prova
A prova pode ser entendida como meio de obtenção de determinada constatação, ou como resultado de uma atividade, materialidade da coisa (prova testemunhal como resultado do relato da testemunha). Prova também pode ser pensada como a constatação do juiz a respeito daquele tema. 
O CPC, no art. 369, define prova como aquilo que serve para provar a verdade dos fatos, para demonstrar como eles ocorreram e para influir no convencimento do juízo.
Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz.
A prova é o fato como ele é, ao mesmo tempo em que serve para fazer com que o juiz se convença de que o fato ocorreu dessa ou daquela maneira. 
A prova é demonstração e é argumento.
Entre os dois extremos (prova como fato em si – demonstração – e prova como interpretação do sujeito), deve-se responder qual o papel do sujeito com a verdade. Como o juiz interfere nisso para auferir a verdade e seu significado?
O âmbito da argumentação compõe a verdade. Assim, o subjetivismo também é uma demonstração da verdade – as coisas são como o homem as entende –, o que abre espaço a arbitrariedades. 
Não se deve ficar restrito aos extremos. Há campos do conhecimento que pressupõem opinião, debate, ponderação e, portanto, há espaço para a retórica. 
Demonstrações
Premissas apodíticas: são inquestionáveis, estão fora do debate.
Há uma ordem adequada de relação do raciocínio – ordem rígida, longas cadeias de razão. 
Tudo é igualmente relevante.
Não há nada extra, não existe uma premissa que não foi apresentada.
Assim, é possível a completude do raciocínio.
Esse raciocínio não é contingente – as conclusões são idênticas, mesmo que se parta de perspectivas diferentes.
Argumentações
Alguns conhecimentos são sujeitos à dúvida e há divergência a respeito dos valores a serem defendidos. São casos em que é necessário realizar escolhas práticas, nas quais não há uma opção completamente certa ou errada.
Exemplo: legalização da maconha.
As premissas são postas em questão.
A ordem pela qual os argumentos são apresentados são variáveis conforme a contingência. Portanto, a ordem não é fixa.
A força dos argumentos é diferente.
Existem argumentos que são excluídos do raciocínio, por ignorância ou opção.
O raciocínio é aberto.
O raciocínio é contingente.
Objeto da prova
A prova recai sobre alegações de fatos pertinentes e relevantes ao julgamento. Eventualmente, é preciso também fazer prova sobre o direito. 
Não são objeto de prova (art. 374): fatos incontroversos; notórios e aqueles sobre os quais há presunção legal. 
Meios de prova
São as técnicas pelas quais são produzidas as provas (testemunhas, perícias, documentos, confissão e meios não previstos em lei). 
Fontes de prova
De onde vem a prova? Em um contrato, é o pedaço de papel; em uma gravação, é a fita magnética.
Ônus da prova
Quem tem o dever de produzir a prova, sob pena de uma sanção. 
Quem é o destinatário da prova?
Tradicionalmente, considerava-se que era o juiz, em razão de uma dogmática que centrava a atividade do processo no juiz. 
A prova não diz respeito apenas a uma avaliação do juiz; trata-se também de uma avaliação das partes. 
Eventualmente, a prova pode também servir a terceiros (ex.: assinaturas no contrato do tríplex do Lula). 
Admissibilidade
Na admissibilidade, faz-se um exame de validade do objeto da prova e da licitude da prova. 
Critérios: devem dizer respeito ao objeto da prova (fatos controvertidos), devem ser possíveis (mesmo que minimamente) e devem ser lícitas, utilizando-se dos meios típicos ou atípicos, mas moralmente legítimos. 
A licitude da prova diz respeito aos meios pelos quais ela é obtida. Há meios típicos e atípicos (moralmente legítimos). Nem tudo que é legítimo encerra os meios de prova, pois é possível, também, obter provas por meios não previstos, mas moralmente legítimos, que não chegam a ir contra ao ordenamento jurídico. 
Não se admite a produção de prova sobre fato impossível. Por outro lado, é possível produzir prova de fatos inverossímeis, diante da possibilidade (mesmo que pequena) de sua ocorrência, a fim de não excluir o acesso a justiça. 
Após a produção das provas, parte-se para a valoração.
As etapas não podem ser misturadas (ex.: o fato não aconteceu e por isso eu não posso produzir a prova – primeiro se produz, se tiver sido verificada a admissibilidade da prova, e somente depois se valora, dizendo que não aconteceu). A confusão entre os planos da admissibilidade e da valoração fere o devido processo legal.
As partes têm direito de levar todas as provas pertinentes e relevantes à causa para o convencimento do juiz. Por essa razão, não pode o juiz valorar antecipadamente as provas, negando a possibilidade de produzi-las, afirmando que não mais há controvérsia – assim, ele estaria rejeitando elementos que incrementariam o esclarecimento sobre os fatos.
Valoração
Ao longo da história, vários critérios de valoração da prova foram estabelecidos, tendo sido fixadas fases para exercer essa atividade:
Fase dos ordálios: julgamento religioso/místico.
Tarifas legais: a lei pré-estabelecia o peso das provas (quanto vale uma testemunha, um documento). 
Livre convencimento: compete ao juiz avaliar a situação de fato como narrada e avaliar, conforme a sua convicção, decidir a causa. O juiz não está amarrado às determinações do legislativo, mas aos fatos narrados no caso concreto, cabendo a ele decidir conforme o seu livre convencimento. No sistema do livre convencimento puro, poderia haver um juiz que nem sequer precisaria fundamentar suas decisões – é o caso do Tribunal do Júri. 
Persuasão racional: cabe ao juiz justificar a sua decisão racionalmente, de acordo com as provas dos autos (e apenas com base nelas). Deve explicitar os motivos que o levaram a optar por determinada verdade, demonstrando os argumentos favoráveis e contrários. O juiz não pode fazer pescaria dos fatos que lhe interessam, deve argumentar sobre as posições contrárias. 
Máximas da experiência
São juízos hipotéticos de conteúdo geral, extraídas por indução e aplicadas por dedução, são relativas e admitem provas em contrário. São desvinculados do caso particular, mas é possível presumir que fatos futuros obedecerão a mesma regra.
“Quem bate atrás não tem razão”. Diante de uma enorme gama de acidentes de trânsito, passou-se a presumir que quem bate atrás não tem razão.
São conhecimentos de senso comum, formados por diversos casos, dos quais se extrai uma regra geral. 
Gestação de 9 meses, água fervendo a 100°C, carro popular vale menos que esportivo, vende-se mais ovos de páscoa na época da páscoa. 
O juiz leva em conta as máximas da experiência para avaliar a prova.
Máxima de experiência comum: senso comum.
Máxima de experiência técnica: regras gerais que exigem um conhecimento técnico. Exemplo: nº de leucócitos induzem a conclusão de que há uma inflamação.

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