Buscar

Consumação e Tentativa

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ – PUCPR 
CURSO DE DIREITO 
CÂMPUS TOLEDO 
 
 
 
 
 
 
ANA CAROLINA MÜLLER CREMONESE 
 
 
 
 
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
 
 
 
 
 
JOSÉ ROBERTO MOREIRA 
 
 
 
 
 
TOLEDO 
2015 
 
 
Crime Consumado e Crime Tentativo 
 
1. Crime consumado 
 
 Crime consumado determina o momento consumativo do crime é 
operação que tem extra relevância, pois se reflete no termo inicial da 
prescrição e na competência territorial. Consuma-se o crime quando o a 
gente realiza todos os elementos que compõem a descrição do tipo legal. 
 Segundo Damásio de Jesus, ´´expressa a total conformidade do fato 
praticado pelo agente com a hipótese abstrata descrita pela norma penal 
incriminadora. 
 Na afirmação de Aníbal Bruno “a consumação é a fase última do atuar 
criminoso. É o momento em que o agente realiza em todos os seus 
termos o tipo legal da figura delituosa, e em que o bem jurídico 
penalmente protegido sofre a lesão efetiva ou a ameaça que se exprime 
no núcleo do tipo” 
 Nos crimes materiais, a consumação ocorre com a produção do 
resultado de dano ou de perigo descrito no tipo penal. Nos crimes formais 
(para quem admite essa classificação) e de mera conduta comissivos a 
consumação ocorre com a própria ação, já que não se exige resultado 
material. 
 No s crimes omissivos próprios (de mera conduta omissiva), a 
consumação ocorre no local e no momento em que o sujeito ativo deveria 
agir e não o fez. 
 Tratando-se de crime omissivo impróprio, como a omissão é forma ou 
meio de se alcançar um resultado, pelo não impedimento, a consumação 
ocorre com o resultado de dano ou perigo e não com a simples 
inatividade do agente, como nos delitos omissivos puros ou próprios. 
 
2. Tentativa 
 
2.1 Conceito 
 A tentativa é a realização incompleta do tipo penal, do modelo descrito 
na lei. Na tentativa há prática de ato de execução, mas o sujeito não 
chega à consumação por circunstâncias independentes de sua vontade. A 
relevância típica da tentativa é determinada expressamente pelo 
legislador através de uma norma de extensão, contida na Parte Geral do 
Código Penal. 
2.2 Natureza Jurídica 
 Trata-se de norma de extensão temporal da figura típica, causadora da 
adequação típica mediata ou indireta. Exemplos de normas de extensão 
são os artigos 29 e 13, §2º ambos do Código Penal. 
 
2.3 Teorias fundamentadoras da punição da tentativa 
2.3.1 Teoria Subjetiva 
 Sobre a punibilidade da tentativa, existem quatro teorias, a começar 
pela Teoria Subjetiva, Voluntarística ou Monista que ocupa-se 
privativamente com a vontade criminosa, que pode aparecer tanto na fase 
dos atos preparatórios, como também durante a execução. Essa teoria é 
adotada pelo Código Penal, nos casos dos crimes de atentado ou de 
empreendimento, artigo 352 do Código Penal. 
2.3.2 Teoria Objetiva 
 A teoria é a Objetiva, Realística ou Dualista, em que a tentativa é punida 
em face do perigo proporcionado ao bem jurídico tutelado pela lei penal. A 
regra é o artigo 14 parágrafo único do Código Penal. 
2.3.3 Teoria Subjetivo-objetiva 
 A teoria da Impressão ou Objetivo-subjetiva, teoria esta mencionada 
pelo Zaffaroni que entende que a punibilidade da tentativa só é admissível 
quando a atuação da vontade ilícita do agente seja adequada para 
comover a confiança na vigência do ordenamento normativo e o 
sentimento de segurança jurídica dos que tenham conhecimento da 
conduta criminosa. 
2.3.4 Teoria Sintomática 
 A teoria Sintomática, essa teoria estende a possibilidade de aplicação de 
pena para a tentativa, pois possibilita a punição dos atos preparatórios, 
porque a mera manifestação de periculosidade já pode ser considerada 
como tentativa, em consonância com a finalidade preventiva da pena. 
 
Dolo e culpa de tentativa 
 
2.4 Conceito e divisão de ´´inter criminis´ 
 Como em todo ato humano voluntário, no crime a ideia antecede a ação. 
É no pensamento do homem que se inicia o movimento delituoso, e a sua 
primeira fase é a ideação e a resolução criminosa. Há um caminho que o 
crime percorre, desde o momento em que germina, como 
ideia, no espírito do agente, até aquele em que se consuma no ato final. A 
esse itinerário percorrido pelo crime, desde o momento da concepção até 
aquele em que ocorre a consumação, chama-se iter criminis e compõe-se 
de uma fase interna (cogitação) e de uma fase externa (atos 
preparatórios, executórios e consumação), ficando fora dele o 
exaurimento, quando se apresenta destacado da consumação. Mas nem 
todas as fases dessa evolução interessam ao Direito Penal, como é o 
caso da fase interna (cogitativo). E a questão é determinar exatamente 
em que ponto o agente penetra propriamente no campo da ilicitude, 
porque é a partir daí que o seu atuar constitui um perigo de violação ou 
violação efetiva de um bem jurídico e que começa a realizar-se a figura 
típica do crime. 
2.5 Critérios para a diferenciação entre atos preparatórios e atos 
executórios 
 A doutrina andou insistentemente em busca de regras gerais que 
distinguissem atos preparatórios e executórios com alguma precisão. 
Vários foram os critérios propostos para a diferenciação. O critério válido 
de delimitação entre atos preparatórios e atos executórios (início da 
execução) será aquele que permita identificar a tentativa como “início da 
execução da conduta típica”. Por outro lado, considerando que a Parte 
Especial é composta por uma multiplicidade de tipos de injusto, 
estruturalmente distintos (crimes de resultado, de mera conduta, 
comissivos, omissivos etc.), o critério de delimitação entre atos 
preparatórios e atos executórios (início da execução punível) deve ser 
capaz de abranger todas essas formas de manifestação do fenômeno 
criminoso. 
 
2.5.1 Teoria Objetiva 
 A teoria subjetiva tem como fundamento a previsibilidade da punição 
pela tentativa, pelo “tentar” do agente em conseguir um objetivo, que não 
o realiza, por circunstâncias alheias à sua vontade. Apesar desse 
fundamento, procura citada teoria defender que, tanto na tentativa como 
na consumação do crime, as penas devem ser as mesmas, pois deve ser 
punida a vontade do agente. 
 Zaffaroni e Pierangeli, assim discorrem sobre essa teoria “Denomina-
se teoria subjetiva a que fundamenta a punição da tentativa na vontade 
do autor contrária ou inimiga do Direito, ou seja, o legislador, com a 
fórmula da tentativa, almejou combater a vontade criminosa”. 
 
2.5.2 Teoria Objetivo formal 
 No critério objetivo formal, o começo da execução é marcado pelo 
início da realização do tipo, ou seja, quando se inicia a realização da 
conduta núcleo do tipo: matar, ofender, subtrair etc. 
É por demais conclusiva a lição do saudoso Aníbal Bruno, que 
pontificava: “Na realidade, o ataque ao bem jurídico para constituir 
movimento executivo de um crime tem de dirigir-se no sentido da 
realização de um tipo penal. O problema da determinação do início da 
fase executiva há de resolver-se em relação a cada tipo de crime, 
tomando-se em consideração sobretudo a expressão que a lei emprega 
para designar a ação típica. É em referência ao tipo penal considerado 
que se pode decidir se estamos diante da simples preparação ou já 
da execução iniciada. Para isso é preciso tomar em consideração o fim 
realmente visado pelo agente´´. 
 Há entendimento de que a teoria objetivo-formal necessita de 
complementação, pois, apesar de tê-la adotado e de o Código afirmar que 
o crime se diz tentado “quando, iniciada a execução, não se consuma...”, 
existem atos tão próximos e quase indissociáveis do início do tipo que 
merecem ser tipificados, como, por exemplo, alguém que é surpreendidodentro de um apartamento, mesmo antes de ter subtraído qualquer coisa; 
poder-se-á imputar-lhe a tentativa de subtração? ? Mas pode-se afirmar 
que ele ria iniciado a subtração de coisa alheia? Por isso, tem se aceito a 
complementação proposta por Frank, que inclui na tentativa as ações 
que, por sua vinculação necessária com a ação típica, aparecem, como 
parte Integrante dela, segundo uma concepção natural, como é o caso do 
exemplo supra referido. 
 Por último, pode acontecer que em determinados casos (nas hipóteses 
de conflito aparente de normas, especialmente nos casos de crimes 
complexos de resultado) nos deparemos com a dificuldade de distinguir 
entre a prática de um crime consumado menos grave e o início da 
execução de um crime mais grave, que pode ser punido na sua forma 
tentada. Para uma adequada valoração dos fatos, é necessário analisar a 
tentativa sob uma perspectiva global, levando em consideração o plano 
do autor e o contexto em que ele se desenvolve. O plano do autor deverá 
ser entendido no sentido do dolo, como decisão de realizar determinada 
conduta típica, e demonstrado, na prática, através de indicadores 
externos, relacionados com o contexto em que a conduta se desenvolve, 
para que, finalmente, se defina como deve ser valorada a conduta 
realizada. 
 
2.5.3 Teoria Objetiva material 
 O critério material vê o elemento diferencial no ataque direto ao objeto 
da proteção jurídica, ou seja, no momento em que o bem juridicamente 
protegido é posto realmente em perigo pelo atuar do agente. Assim, o 
crime define-se, materialmente, como lesão ou ameaça a um bem jurídico 
tutelado pela lei penal. O ato que não constitui ameaça ou ataque 
direto ao objeto da proteção legal é simples ato preparatório. 
 
2.5.4 Teoria Objetiva Individual 
 A teoria objetivo-individual permite maior aproximação do diferenciação 
da fase preparatória e da fase de execução. De acordo com essa teoria, 
para estabelecer a diferença deve-se considerar o plano concreto do 
autor, o seu querer em relação ao bem atingido ou a atingir. Por essa 
teoria não se pode diferenciar o ato de execução do ato preparatório, sem 
levar-se em conta o plano do agente. 
 Para essa teoria segundo Damásio Evangelista de Jesus em sua 
obra que é defendida por Welzel e Zaffaroni os atos de cogitação e 
preparação imediatamente anteriores ao início da execução de uma 
conduta típica devem ser considerados também como atos executórios, 
se assim não fosse, não poderia haver punição para a tentativa. 
 
 
2.6 Tentativa e dolo eventual 
 ROBERTO DELMANTO, ROBERTO DELMANTO JUNIOR e FÁBIO M. 
DE ALMEIDA DELMANTO, são mais diretos quando afirma que “é 
inadmissível se ter como tentativa de homicídio o evento não desejado” . 
Defendendo o mesmo posicionamento, MIRABETE, colaciona casos 
semelhantes ao do denunciado, explicando sobre a incompatibilidade 
entre tentativa de homicídio e dolo eventual. 
 Há hipóteses evidentes de impossibilidade da tentativa com dolo 
eventual nos crimes de homicídio e de lesões, pois quem põe em perigo a 
integridade corporal de alguém voluntariamente, sem desejar causar a 
lesão, pratica fato típico especial (art. 132); quem põe em risco a vida de 
alguém, causando-lhe lesão e não querendo sua morte, pratica o crime de 
lesão corporal de natureza grave (art. 129, §1º, II). Deve-se entender que, 
diante do texto legal, se punirá pelo crime menos grave quando o agente 
“assume o risco” de um resultado de lesão ou morte, respectivamente, 
que ao final não vem a ocorrer". 
 
2.7 Tentativa e crime de ímpeto 
 Tentativa de crime é a execução do conjunto de atos necessários para 
constituí-lo que, embora suficientes, não produzam o resultado esperado 
por motivos alheios à vontade do agente. Ou seja: é a execução, não 
intencionalmente falha, de todos os atos suficientes ao cometimento do 
crime. Segundo o código penal brasileiro, em seu artigo 14, diz-se do 
crime:"II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por 
circunstâncias alheias à vontade do agente." 
 Crimes de ímpeto acontecem sem premediação, como decorrência de 
reação emocional repentina. Existem teorias no sentido de que o ímpeto 
do agente afasta a viabilidade de análise do iter criminis, porque a sua 
atuação repentina impossibilita o fracionamento dos atos executórios. 
 Veja-se o exemplo do homem que, ao chegar em casa, encontra sua 
esposa mantendo relações sexuais com terceira pessoa. Revoltado, saca 
uma arma de fogo e efetua disparos contra a adúltera, não a acertando, 
embora desejasse matá-la. Para aqueles que não aceitam a tentativa nos 
crimes de ímpeto, seria impossível estabelecer, no plano concreto, se o 
traído não matou sua mulher por erro na pontaria ou pelo fato de não 
desejar alvejá-la efetivamente. 
Existem posições pela inadmissibilidade da tentativa nos crimes com dolo 
eventual, com fundamento na redação do artigo 14, II do Código Penal: se 
o legislador definiu o crime tentado como aquele em que, iniciada a 
execução, não se consuma por circunstâncias alheias a vontade do 
agente, limitou o instituto ao dolo direto, para o qual adotou a teoria da 
vontade (artigo 18, I, 1° parte do Código Penal), excluindo-a do alcance 
do dolo eventual, em que se acolheu a teoria do consentimento ou do 
assentimento. 
 
 
2.8 Crimes que não admitem tentativas 
 Os crimes que não admitem tentativas são: 
 Contravenções penais (art. 4º, da LCP) – que estabelece não ser punível 
a tentativa. 
 Crimes culposos – nos tipos culposos, existe uma conduta negligente, 
mas não uma vontade finalisticamente dirigida ao resultado incriminado 
na lei. Não se pode tentar aquilo que não se tem vontade livre e 
consciente, ou seja, sem que haja dolo. 
 Crimes habituais – são aqueles que exigem uma reiteração de condutas 
para que o crime seja consumado. Cada conduta isolada é um indiferente 
para o Direito Penal. 
 Crimes omissivos próprios – o crime estará consumado no exato 
momento da omissão. Não se pode admitir um meio termo, ou seja, o 
sujeito se omite ou não se omite, mas não há como tentar omitir-se. No 
momento em que ele devia agir e não age, o crime estará consumado. 
 Crimes uni subsistentes – são aqueles em que não se pode fracionar a 
conduta. Ou ela não é praticada ou é praticada em sua totalidade. Deve-
se ter um grande cuidado para não confundir esses crimes com os 
formais e de mera conduta, os quais podem ou não admitir a tentativa, o 
que fará com que se afirme uma coisa ou outra é saber se eles são ou 
não uni subsistentes. 
 Crimes preter dolosos – são aqueles em que há dolo no antecedente e 
culpa no consequente. Ex. lesão corporal seguida de morte. Havendo 
culpa no resultado mais grave, o crime não admite tentativa. 
 Crimes de atentado – são aqueles em que a própria tentativa já é punida 
com a pena do crime consumado, pois ela está descrita no tipo penal. Ex. 
art. 352 do CP – “evadir-se ou tentar evadir-se”. 
 
 
2.9 Critério para a diminuição da pena na tentativa 
 As causas de aumento e diminuição podem tanto estar previstas na 
Parte Geral do Código Penal (ex.: a tentativa, prevista no artigo 14, inciso 
II, que poderá diminuir a pena de um a dois terços) quanto na Parte 
Especial (ex.: no crime de aborto a pena será aplicada em dobro se 
ocorrer a morte da gestante - artigo 127). Elas são causas que permitem 
ao magistrado diminuir aquém do mínimo legal bem como aumentar além 
do máximo legal. 
 O parágrafo único do artigo 68, do CP, dispõe que se ocorrer o concurso 
de causas de diminuição e de aumento previstas na parte especial, 
deverá o juiz limitar-se a uma só diminuição e a um só aumento, 
prevalecendo a que mais aumente ou diminua, porém se ocorrer uma 
causa de aumento na parte especial e outra na parte geral, poderá o 
magistrado aplicar ambas,posto que a lei se refere somente ao concurso 
das causas previstas na parte especial do CP. 
 Com relação a qualificadora é possível que o juiz reconheça duas ou 
mais em um mesmo crime e, segundo a doutrina, a primeira deverá servir 
como qualificadora e as demais como agravantes genéricas, senão 
vejamos: um indivíduo pratica homicídio qualificado mediante promessa 
de recompensa com o emprego de veneno - o juiz irá considerar a 
promessa de recompensa como qualificadora (artigo 121, § 2°, I do CP) e 
o emprego de veneno como agravante genérica (artigo 61, II, "d" do CP) 
ou vice-versa. 
 Entretanto pode acontecer que em determinados casos a outra 
qualificadora não seja considerada como circunstância agravante, 
devendo então o magistrado aplicá-la como circunstância do crime (artigo 
59, do CP - circunstâncias judiciais), como no caso de um furto qualificado 
praticado mediante escalada e rompimento de obstáculo, o juiz poderá 
qualificar o crime pela escalada (artigo 155, § 4°, II do CP) e, como o 
rompimento de obstáculo não é considerado como agravante, deverá 
considerá-lo na 1ª fase, como circunstância do crime. 
 
 
2.10 Distinção: tentativa perfeita e imperfeita 
 Na tentativa imperfeita - o agente não termina a execução por motivos 
alheios a sua vontade, por exemplo: alguém desarmar o agente. 
 Já a tentativa perfeita - o agente termina a execução e mesmo assim o 
crime não se consuma por motivos alheios a sua vontade. Não foi perfeita 
porque deu certo, afinal o crime não se consumou, mas foi perfeita porque 
se perfez todo o caminho, todos os atos de execução dos quais o agente 
dispunha foram realizados. Ex: tinha seis tiros, deu os seis tiros, mas a 
vítima foi socorrida, ou os seis tiros pegaram na parede. 
 Na tentativa perfeita a consumação não ocorre por circunstâncias 
alheias à vontade do agente. Se o agente acredita, por exemplo, que para 
matar seu desafeto são necessários apenas dois tiros e efetua os dois 
disparos, será o caso de tentativa perfeita, acabada ou crime falho. Note 
que de acordo com o plano do autor, todo o caminho de execução para o 
crime foi realizado. Situação diversa ocorre quando o agente acredita que 
para matar seu inimigo é preciso cinco tiros. Disposto a realizar tal 
empreitada, é interrompido quando executa o terceiro tiro. Trata-se de um 
exemplo de tentativa imperfeita ou inacabada. 
 Na tentativa imperfeita ou inacabada o agente não consegue realizar 
todo o seu plano executório, pois é interrompido no desenrolar da ação. A 
relevância na distinção entre as duas formas de tentativa reside no 
momento de aplicação da pena. Quanto mais próximo de atingir o bem 
jurídico, maior será a pena a ser aplicada pelo magistrado. Escrevemos 
sobre o tema o seguinte ¹: “para efeito de pena, fundamental será não só 
constatar que o bem jurídico entrou no raio de ação da conduta perigosa, 
senão também qual foi o nível de perturbação ou turbação do bem jurídico 
(nível de perigo criado). Quanto mais a conduta perigosa do agente se 
aproximar da consumação, maior a pena (leia-se: menos a diminuição em 
razão da tentativa). 
 
2.11 Distinção: Crime falho e tentativa falha 
 O Crime falho é sinônimo de tentativa perfeita ou acabada. É uma forma 
de tentativa na qual o agente esgota todo o caminho executório para o 
crime, de acordo com seu planejamento, mas não ocorre a consumação. 
O sujeito realiza uma conduta que objetivamente poderia causar um 
resultado lesivo, ou seja, uma ação com efetiva potencialidade lesiva. 
 A tentativa falha é a interrupção dos atos executórios por falha interna do 
agente, que acredita não poder prosseguir, quando, em verdade, poderia. 
Ex.: o autor da subtração, ouvindo o barulho da sirene de uma 
ambulância, acredita tratar-se da polícia, largando o furto em andamento. 
 
3. Desistência voluntária e Arrependimento 
eficaz; 
 
São espécies de tentativa abandonada ou qualificada, ou seja, havia uma 
tentativa que foi abandonada, onde o agente pretendia produzir o 
resultado consumativo, mas acabou por mudar de ideia, vindo a ser 
impedido pela sua própria vontade. Sendo assim, a tentativa não se 
consumou por vontade do agente, ao contrário da tentativa, que não se 
consuma por fatores alheios à vontade do agente. 
 
3.1 Desistência voluntária 
3.1.1 Introdução; 
“Art. 14 - Diz-se o crime [...] 
II - Tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por 
circunstâncias alheias à vontade do agente. ” 
Na desistência voluntária o agente interrompe voluntariamente a 
execução do crime, impedindo desse modo a consumação. Dá início à 
execução, porém o agente muda de ideia quanto ao resultado por 
vontade própria, evitando-o. 
 
3.1.2. Desistência voluntária e política criminal; 
 
Com a desistência voluntária, o agente só responde pelos atos já 
praticados, ficando afastada sua punição pela tentativa da infração penal 
por ele pretendida inicialmente. 
Por razões de política criminal, prefere-se punir a desistência voluntária 
de forma menos gravosa que a tentativa, numa forma de incentivar o 
agente a desistir dos atos executórios já tomados a efeito. 
 
 
 3.1.3. A desistência deve ser voluntária, e não espontânea; 
 
Estes dois institutos não precisam ser instantâneos, bastando que sejam 
voluntários. Se o agente desiste ou se arrepende por sugestão de terceiro 
não é caracterizado como desistência voluntária e arrependimento eficaz. 
 
 3.1.4. Fórmula de Frank; 
 
Em consonância com o doutrinador alemão Hans Frank, na tentativa o 
agente quer praticar o crime, mas não pode, e, na desistência voluntária, 
o agente pode praticar o crime, mas não quer praticá-lo. 
 
 3.1.5. Responsabilidade do agente somente pelos atos já 
praticados; 
No art. 15 do CP está tipificado que “O agente que, voluntariamente, 
desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se 
produza, só responde pelos atos já praticados. ” 
Se o sujeito interrompe a execução do tipo ou, já exaurida a atividade 
executiva, evita a produção de resultado, inexiste crime tentado. Se 
denominando tentativa abandonada, assim quando se tem o resultado 
evitado, não há consumação nem tentativa propriamente dita, logo o 
agente responde apenas pelos atos que cometeu até o momento. 
Verifica-se, após a cessação dos atos executórios, quais infrações penais 
o agente cometeu até o momento da desistência. O obejtivo do Instituto é 
impedir que o agente responda pela tentativa. 
 
 3.1.6. Agente que possui um único projétil em seu revólver; 
 
Se o agente que, possuindo um único projétil em sua arma, dispara-o, 
agindo com dolo de matar, e atinge o desafeto em região não letal. No 
caso, poderia ele sustentar a desistência voluntária para se eximir da 
pena de tentativa? 
Não. O agente, ao efetuar os disparos, exauriu todos os meios dos quais 
dispunha para causar o resultado morte. Tendo deixado a fase dos atos 
executórios, não mais se pode falar em desistência voluntária, devendo o 
agente responder, portanto, por tentativa de homicídio, e não por lesões 
corporais. 
 
 
 3.2. Arrependimento eficaz; 
 
O agente, após encerrar a execução do crime, impede a produção do 
resultado. A execução vai até o fim, mas o agente arrepende-se e impede 
o resultado. Ex: o autor descarrega sua arma contra a vítima e depois da 
fase de execução estar concluída, se arrepende e presta socorro à vítima. 
 
 3.3. Natureza jurídica da desistência voluntária e do arrependimento 
eficaz; 
Para Fernando Capez trata-se de uma causa geradora de atipicidade, 
provocada por uma adequação típica indireta, fazendo com que o autor 
não responda pela tentativa, mas sim pelos crimes praticados até então, 
salvo os que não configuramfato típico. O fato não deixa de ser um crime 
tentado: somente desaparece a possibilidade de aplicação de pena. 
Entretendo para Nelson Hungría, trata-se de causa de extinção de 
punibilidade, ou seja, circunstancias que sobrevindo a tentativa do crime, 
anulam a punibilidade do fato a esse título. 
 
 3.4. Diferença entre desistência voluntária e arrependimento eficaz; 
Na desistência voluntária, o agente interrompe a execução, e no 
arrependimento eficaz é realizada inteiramente e após o resultado é 
impedido. A desistência é equivalente à tentativa inacabada, uma vez que 
a execução não chegou ao fim. Enquanto o arrependimento eficaz é 
sucedâneo da tentativa perfeita ou crime falho, pois encerra-se em 
atividade executória. A diferença é que o resultado não se produz em 
razão da vontade do próprio agente. 
 
 3.5. Não impedimento da produção do resultado; 
 
Se, ainda que com a desistência voluntária ou com o arrependimento 
eficaz o resultado lesivo antes pretendido ocorrer, o agente não será 
beneficiado com os institutos, respondendo, portanto pelo crime 
consumado. 
4. Arrependimento posterior 
 
4.1 Disposição legal 
 
 O arrependimento posterior, inovação trazida pela reforma na Parte 
Geral do Código Penal, vem previsto no artigo 16. 
 
4.2 Natureza Jurídica 
 O arrependimento posterior é considerado uma causa geral de 
diminuição de pena. Mas como chegar a essa conclusão? A resposta é 
simples. Toda vez que o legislador nos fornece em frações as diminuições 
ou os aumentos a serem aplicados, estaremos, respectivamente, diante 
de caudas de diminuição ou de aumento de pena. Se essas causas se 
encontrarem na Parte Geral do Código Penal, receberão a denominação 
de causas gerais de diminuição ou aumento de pena, ao contrário, se 
residirem na parte especial do Código Penal, serão conhecidas como a 
causas especiais de aumento ou diminuição de pena. 
 
4.3 Política criminal 
 Lembrou-se aqui o agente de elaborar um artigo que entendesse mais 
as necessidades da vítima que propriamente os anseios do indicado, pois 
uma vez reparado o dano ou restituída a coisa até o recebimento da 
denúncia por ato voluntário, do a gente, sua pena sofrerá uma redução de 
um a dois terços, amenizando, desta maneira, para a vítima, as 
consequências da infração penal. 
 
4.4 Momentos para a reparação do dano ou restituição da coisa; 
a) Quando a reparação do dano ou a restituição da coisa é feita ainda 
na fase extrajudicial, isto é, enquanto estiverem em curso as 
investigações policiais 
b) Mesmo depois de encerrado o inquérito policial, com a sua 
consequente remessa a justiça, pode o a gente, ainda valer-se do 
arrependimento posterior, desde que restitua a coisa ou repare o 
dano por ele causado a vítima até o recebimento da denúncia. 
 
4.5 Infrações penais que possibilitam a aplicação do arrependimento 
posterior; 
 O arrependimento posterior só terá cabimento quando o agente praticar 
uma infração penal cujo o tipo não preveja com seus elementos a 
violência ou a grave ameaça. 
 No furto por exemplo, é perfeitamente viável a aplicação do 
arrependimento posterior, mesmo que tenha sido ele qualificado pela 
destruição ou rompimento de obstáculos uma vez que a violência repelida 
pelo artigo 16 é aquela dirigida contra a pessoa, e não contra coisa. 
 
4.6 Ato voluntário do agente; 
 Contentou-se o artigo 16 do Código Penal em reprimir a aplicação de 
causa de diminuição de pena por ele prevista quando o arrependimento 
posterior for voluntário, não se exigindo, aqui, o requisito da 
espontaneidade. 
 
4.7 Reparação ou restituição total, não parcial; 
 Entende-se que a reparação do dano ou a restituição da coisa devam 
ser totais, e não somente parciais. Suponhamos que Joao tenha subtraído 
da residência de Antônio televisor e um vídeo cassete. Logo após 
praticado crime, João se desfaz do televisar, vendendo-o a um 
caminhoneiro. Ainda na fase policial, e logo depois de ser descoberta a 
autoria do furto, João resolve, voluntariamente, devolver o vídeo cassete 
que havia guardado para venda futura. Nessa hipótese, por não ter sido 
total a restituição da coisa, entendemos que seria aplicável a redação de 
pena prevista para o arrependimento posterior. 
 
4.8 Diferença de arrependimento posterior e arrependimento eficaz; 
 A diferença entre o arrependimento posterior e arrependimento eficaz ré 
que no fato de que naquele o resultado já foi produzido e neste último o 
agente impede a sua produção. 
 
4.9 Reparação do dano após o recebimento da denúncia 
 Se a reparação do dano ou a restituição da coisa é feita por ato 
voluntário do agente, até o recebimento da denúncia ou da queixa, nos 
crimes cometidos sem violência ou grave ameaça, aplica-se a causa geral 
de redução e pena do artigo 16 do Código Penal, se a reparação ou 
restituição da coisa é feita antes do julgamento, mas depois do 
recebimento da denúncia ou de queixa, embora não se posso falar na 
aplicação da causa de redução de pena prevista no artigo 16 do Código 
Penal, ao agente será aplicada a circunstância atenuante elencada a 
alínea do inciso III do artigo 66 do diploma repressivo. 
 
4.10 Reparação do dano e a Lei n. 9.099/95; 
 A reparação dos danos recebeu um tratamento muito especial pela lei 
n. 9099/95, na parte referente ao Juizado Especial Criminal. 
Diferentemente do que ocorreu no artigo 16 do Código Penal, que permite 
seja aplicada uma redução de pena ao agente que, nos crimes como tidos 
sem violência ou grave ameaça, repare o dano ou restitua a coisa até o 
recebimento da denúncia, nos crimes de competência do Juizado 
Especial Criminal, composição dos danos, nos crimes sem que ação 
penal seja de iniciativa privada ou publica condicionada a representação 
um efeito muito superior. Isso porque diz o parágrafo único do artigo 17 
da Lei no 9.9099/95. 
 
4.11 Arrependimento posterior e crime culposo; 
 Merece ser observado, ainda, que, embora a lei penal proíba o 
reconhecimento do arrependimento posterior nos crimes tidos como 
violência ou grave ameaça a pessoa, isso não impede aplicação da 
mencionada causa geral de redução de pena quando estivermos diante 
de delitos de natureza culposa, a exemplo do que ocorre com as lesões 
corporais. 
 
 5. Crime impossível; 
 
 5.1. Dispositivo legal; 
 
Previsto no art. 17, que diz: “Não se pune a tentativa quando, por 
ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é 
impossível consumar-se o crime.” 
 
Não se trata de causa de isenção de pena, mas causa geradora de 
atipicidade, no crime impossível a consumação jamais ocorrera, logo, a 
ação não se configura como crime pois o fato típico jamais ocorrerá. 
 
 
 
 5.2. Introdução; 
 
É o crime que por ineficácia total do meio empregado ou impropriedade 
absoluta do objeto material, é impossível de se consumar. 
 
5.3. Teorias sobre o crime impossível; 
 
a) Sintomática: deve ser punido o agente que demonstrar 
periculosidade; 
b) Subjetiva: o agente que revelar vontade de delinquir, deve ser 
punido; 
c) Objetiva: o agente não deve ser punido uma vez que não houve 
um perigo para a coletividade. Pode ser objetiva pura ou 
temperada: 
d) Objetiva pura: se caracteriza crime impossível quando a ineficácia 
e a impropriedade sejam absolutas ou relativas; 
e) Objetiva temperada: Adotada pelo CP – só é crime impossível 
quando forem absolutas, quando são relativas se caracteriza como 
tentativa. 
 
 
 5.4. Absoluta ineficácia do meio; 
 
Quando o meio empregado ou o objeto utilizado jamais levarão a 
consumação. Ex: tentar realizarcom homicídio com um palito de dente. 
 
 5.5. Meio relativamente ineficaz; 
 
Está, leva à tentativa e não ao crime impossível. Ex: Palito de dente é 
ineficaz para matar um adulto; mas é possível matar um bebe. 
 
 5.6. Absoluta impropriedade do objeto; 
 
A vítima, pessoa ou até mesmo a coisa, é totalmente idônea para a 
produção de algum resultado lesivo. Ex: matar um cadáver. 
 
 5.7. Objeto relativamente impróprio; 
 
A impropriedade quanto ao objeto não pode ser relativa, pois nesse caso 
se caracterizaria a tentativa. 
 
5.8. Diferença entre crime impossível e crime putativo. 
 
O crime putativo acontece quando o agente acredita que a conduta por 
ele praticada constitui crime, porém, na verdade, é um fato atípico, não 
havendo qualquer consequência jurídica. Como exemplo pode-se citar a 
mulher que pratica o aborto sem estar grávida.

Outros materiais