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Unidade II COMUNICAÇÃO E TREINAMENTO Prof. Marcelo Mello Introdução Durante muito tempo, o principal fator utilizado para esclarecer um acidente ocupacional foi a “falha humana”. Ainda hoje, várias mídias usam esse tipo de interpelação como o único argumento válido. De fato, atualmente, já é de conhecimento e aceitação geral que a ocorrência ocupacional é produto da combinação de várias circunstâncias. Falhas humanas É preciso conscientização de que a falha humana não ocorre aleatoriamente. Entender os erros provocados pelo homem e os diferentes fatores sistêmicos envolvidos ajudam no desenvolvimento de prevenção eficaz. Há dois tipos de falhas humanas: as violações e os erros. Violações e erros Violação: desobediência a uma regra clara ou procedimento. Erro: ação não conforme o planejado ou pretendido. O erro pode ocorrer por desvio ou lapso. Erro: exemplo – fazer a leitura equivocada de uma medida. Lapso: exemplo – esquecer-se de realizar uma das etapas do processo. Violações e erros A maioria dos erros acontece em tarefas em que o trabalhador está habituado a realizar. Por exemplo: incumbências rotineiras. Ex.: o cidadão atravessa a rua fora da faixa de pedestres e caminha em cima do canteiro gramado. É de conhecimento comum que não devemos fazer essas coisas e que inclusive poderíamos colocar nossa vida em risco por atravessar em local inapropriado. Violações e erros Esse tipo de comportamento pode ocorrer por distração, preocupação, por desvalorização da regra ou falta de sinalização adequada. A ideia central é refletir sobre os erros que acontecem na maioria das vezes com funcionários treinados em ações que não exigem alto grau de concentração para serem feitas. Violações e erros Os erros também acontecem por engano de julgamento, que levam a tomada de decisão equivocada, ou seja, o indivíduo acredita estar fazendo a coisa certa, mas de fato está fazendo errado. Isso acontece com maior frequência durante eventos em que a pessoa desconhece o procedimento correto a ser aplicado, porque não foi previamente treinada ou pelo menos avisada. Violações e erros A violação difere do erro no que diz respeito à intencionalidade da ação. Está relacionada à evasão, aos atalhos, aos contornos e o indivíduo não segue o procedimento deliberadamente. Raramente, o trabalhador é malicioso, ou seja, faz a ação de sabotagem. Geralmente, o indivíduo tem a intenção prévia de ser mais eficiente. Violações e erros Esclarecer as razões pelas quais as violações estão acontecendo pode levar ao conhecimento necessário para que práticas mais eficazes possam ser incorporadas. Existem várias abordagens para o gerenciamento das violações: compreender suas concepções; implantar medidas e instrumentos de detecção; garantir a valorização do procedimento; melhorar a compreensão das regras. Interatividade Os erros também acontecem em situações que levam a tomada de decisão equivocada, ou seja, o indivíduo acredita estar fazendo a coisa certa, mas de fato está fazendo errado. Isso acontece com maior frequência durante eventos em que a pessoa desconhece o procedimento correto a ser aplicado. Denominamos isso de: a) Engano de ação. b) Engano de julgamento. c) Equívoco de pensamento. d) Ignorância de atitude. e) Sintomas de esquecimento. Razões das violações Nem sempre você será capaz de identificar e classificar um erro humano. Categorizar pode significar um erro em si próprio. Isso significa que pode haver mais de uma causa que exigiria mais de uma medida preventiva. Relação – falha humana e elementos Há uma relação direta entre a falha humana e um número mensurável de elementos que influem no desempenho, como: distração; pressão; tempo de trabalho na mesma tarefa; carga de trabalho; competência; sistemas de comunicação, entre outros. Limites cognitivos Uma crítica que deve ser considerada é que a análise dos acidentes parte da hipótese de recursos cognitivos infinitos. O indivíduo é incapaz de mobilizar cem por cento do seu conhecimento para avaliar um fenômeno em tempo real. Se assim fosse, seria muito provável que ele identificaria antecipadamente a chance daquela circunstância terminar em um acidente. Limites cognitivos Tratar de uma situação desafiadora sobre a integridade do indivíduo significa ter a capacidade de atuar mentalmente em múltiplas esferas e traduzir esses pensamentos em ações que correspondam ao impedimento do resultado negativo. O trabalhador deve: conhecer e analisar as histórias de eventos paralelos ou similares; estar atento ao ritmo do fenômeno em andamento; recorrer às memórias de conhecimentos anteriores; observar a profundidade da análise que está em fluxo e tomar a decisão. Recursos simbólicos Como os recursos simbólicos e tecnológicos podem ser utilizados pela empresa na comunicação interna, a propagação da informação no ambiente organizacional engloba a eficiência e a eficácia corporativa e tem papel essencial durante o processo. Recursos simbólicos e tecnológicos Para isso, algumas decisões precisam ser tomadas, como: O que informar? Como informar? Quando informar? Qual mídia deve ser usada para disseminar a informação? Qual a linguagem deve ser empregada? Comunicações e os profissionais As comunicações destinadas à saúde e à segurança do trabalho não podem ser elaboradas exclusivamente por profissionais da comunicação. Eles precisam trabalhar em sintonia com profissionais especializados e estar atentos às diretrizes legalmente estabelecidas para atender o mérito dessa demanda. Interatividade Como os recursos simbólicos e tecnológicos podem ser utilizados pela empresa na comunicação interna, a propagação da informação no ambiente organizacional engloba a eficiência e a eficácia corporativa e tem papel essencial durante o processo. Para isso, algumas decisões precisam ser tomadas, como (escolha a alternativa incorreta): a) O que informar? b) Como informar? c) Quando informar? d) Qual mídia deve ser usada para disseminar a informação? e) Para quem informar? Gestão do risco A gestão do risco é uma atividade complexa e a comunicação de risco é uma das etapas desse processo, que colabora com o fluxo de informações relevantes para os envolvidos (todos os trabalhadores, assim como a comunidade afetada direta ou indiretamente) a fim de que: compreendam as iniciativas tomadas na gestão de risco; conheçam o processo e o conjunto de decisões; acompanhem a implantação das ações; façam as ações corretivas necessárias; contribuam com feedback. Gestão do risco Todo esforço dedicado à comunicação de risco deve ser empreendido, pois, desde seu surgimento, inúmeras lacunas foram detectadas entre a prática da gestão de risco e o que foi comunicado. A insuficiente transparência atrapalha a fluidez do processo comunicacional. Se não houver clareza de o que, quando e como comunicar, a mensagem será deturpada durante o processo: emissão, transmissão, recepção e, finalmente, feedback – consequentemente, somam-se os desafios de interação por ramificação dos poderes e dos interesses dos envolvidos. Gestão do risco De fato, as empresas se voltaram às iniciativas de gestão de risco, entretanto são vários os desafios que chamam a atenção atualmente. A gestão de risco não pode se restringir à área tecnológica, é necessário ampliar a visão e entender qual é o risco corporativo. O riscocorporativo engloba: Risco estratégico – clareza sobre a missão e a visão futura da empresa (para qual direção a organização deve ir). Risco financeiro – estudos de viabilidade dos projetos e efetivo retorno deles (quanto custa e qual o retorno do investimento). Risco operacional – observância das práticas tecnológicas e ambientais (quem faz, o que faz e como faz). Gestão e gerenciamento Outro ponto de vista que deve ser discutido é o uso do termo gestão. Esse termo tem sido empregado em várias áreas do mundo corporativo (gestão financeira, gestão de marketing, gestão de recursos humanos, gestão operacional etc.). Apesar dos termos: gestão e gerenciamento serem sinônimos na língua portuguesa, eles têm aplicação técnica específica: Gestão – refere-se ao uso de determinados modelos. Gerenciamento – refere-se às etapas ou às fases da gestão. Gestão do risco Portanto, o gerenciamento de risco é um conjunto de ações de revisão do processo produtivo em busca de harmonização e comprometimento das partes. Esperar-se que um bom planejamento resulte nos seguintes benefícios: Gestão do risco Maior controle sobre os eventos. Identificar as variações entre o planejado e o realizado. Minimizar efeitos danosos. Maximizar os resultados. Eficiência econômica e técnica. Melhoria das relações com os stakeholders. Melhoria do clima organizacional. Manter a produção operando de acordo com os padrões de segurança toleráveis durante a vida útil. Gestão do risco A sugestão é que toda corporação tenha um Plano de Gerenciamento de Risco (PGR) – documento por meio do qual se estabelece a política, as diretrizes e o tipo de monitoramento a ser realizado pela gestão como ação preventiva em atividades perigosas. Gestão do risco O compartilhamento de visão e senso comum acerca do gerenciamento de risco são ações que devem estar incorporadas na empresa em busca dos seguintes objetivos: Fornecer informação. Superar oposições sobre decisões que precisam de colaboração. Destinar responsabilidades para a empresa e para o público. Criar alternativas para melhorar as políticas institucionais. Gestão do risco O desenvolvimento dos trabalhadores para o gerenciamento de riscos alinhado à cultura organizacional depende diretamente da comunicação e do treinamento. São esses mecanismos que possibilitam o comprometimento da mão de obra, consolidando a relação de confiança para agir e controlar o risco. Portanto, concluímos que a gestão de risco é a ação feita pela empresa, enquanto que a comunicação de risco é o que a organização diz a respeito do que está sendo feito. Gestão do risco Segundo Leiss (1992, p. 90), a comunicação de risco é o ato de disponibilizar ou transmitir informações entre as partes interessadas sobre: Níveis de risco que afetem a saúde ou o meio ambiente. O significado ou entendimento sobre riscos ambientais ou em saúde. Decisões, ações ou políticas que objetivem o gerenciamento. O controle dos riscos em saúde e meio ambiente. Gestão do risco Conhecer as características dos riscos objetivos e dos subjetivos melhora a compreensão sobre como a mensagem deve ser concebida, ou seja, o que se quer comunicar e como tratar desse conteúdo informacional. A mensagem na comunicação de risco é formada pela informação que compõe o próprio risco e seus possíveis impactos. Isso significa que não basta conhecer o risco, também precisamos ter ciência de quais são as expectativas e anseios do público. Interatividade A gestão do risco é uma atividade complexa e a comunicação de risco é uma das etapas desse processo, que colabora com o fluxo de informações relevantes para os envolvidos (todos os trabalhadores, assim como a comunidade afetada direta ou indiretamente) a fim de que (escolha a alternativa incorreta): a) Compreendam as iniciativas tomadas na gestão de risco. b) Conheçam o processo e o conjunto de decisões. c) Acompanhem a implantação das ações. d) Façam as ações corretivas necessárias. e) Contribuam com o planejamento estratégico. Visões do público x especialistas Sabe-se que o público e os especialistas têm visões antagônicas sobre a análise do mesmo risco. Essas interpretações diferentes complicam o processo de comunicação sobre o risco, fato que pode comprometer as decisões para ações preventivas apropriadas. Gestão do risco Uma das formas para conseguir a comunicação efetiva sobre o risco é criar um relacionamento confiável entre a empresa (gestores e trabalhadores) e o público. Há casos em que uma tática é a simplificação da linguagem e, outros casos, decide-se por prezar a linguagem técnica. Seja qual for a escolha da linguagem (popular ou técnica), ele deve atender a necessidade do público-alvo, por isso, para cumprir sua finalidade, deve ser clara e objetiva. Gestão do risco Outra chave de sucesso é a comunicação estabelecida com a mídia. Seja qual for o meio de comunicação (especializado ou de massa) e o tipo de mídia (impressa, televisiva, radiofônica, cibernética, online, off-line, abertas, fechadas etc.), a maioria dos profissionais da comunicação desconhecem termos técnicos e isso pode se tornar um impedimento na fluidez da comunicação. Assim, alguns quesitos precisam ser observados: Gestão do risco O conteúdo comunicacional nunca deve presumir conhecimento total. Se o material midiático for preparado por meio de entrevista, preferencialmente, ela deve ser conduzida pelo entrevistado e não pelo entrevistador. Evite os jargões, a comunicação deve ser clara, simples e objetiva. Antecipe-se a fazer referências de fatos do passado para ter chance de explicá-lo e fazer enlaces com o novo paradigma apresentado. Esteja preparado para oferecer informações por escrito. Observe se houve compreensão do exposto. Faça uma verificação das informações expostas. Sugira fontes de informações além das que foram disponibilizadas. Gestão do risco Uma tendência na área de pesquisas sobre o tema é de que a confiança leva à aceitação e à melhoria na comunicação do risco. A confiança pode ser estabelecida em dois aspectos: Sociais: credibilidade das autoridades, governo, especialistas e organizações. Intelectuais: conhecimento técnico. Gestão do risco Por outro lado, há fatores que diminuem a confiança, um deles pode ser qualquer desentendimento gerado pelos gestores durante o processo de análise de riscos. Para apoiar as empresas a entenderem as múltiplas percepções dos interessados, há várias técnicas que podem ser empregadas: pesquisas, grupos de apoio, palestras, workshops, focus group etc. Recomendamos que alguns aspectos sejam examinados: Gestão do risco Credibilidade: os interessados devem confiar na instituição. Contexto: reconhecer e aceitar a realidade. Conteúdo: o significado da mensagem deve ser compreensível. Clareza: a linguagem deve se objetiva. Continuidade: a comunicação deve ser um processo contínuo. Consistência: a comunicação deve ser coerente e bem fundamentada. Meios de comunicação: a forma de comunicação tem que ser avaliada. Comunicação do risco A comunicação de risco ainda sofre interferência de outros fatores, a saber: Fatores políticos internos da empresa. Fatores políticos externos à empresa. Ética organizacional aplicada à comunicação de risco. Fatores tecnológicos. Fatores sociais. Ampliação social do risco. Fatores econômicos. Fatores legais. Acesso público às informações. O pressuposto da transparência.Comunicação de risco A comunicação de risco é multidisciplinar – para ser bem- feita, deve ter representações das áreas que compõem o negócio da empresa (por exemplo: engenharia, controle da qualidade, produção, marketing, gestores, psicólogos ocupacionais etc.) A comunicação deve abordar os aspectos intuitivos e cognitivos voltados à compreensão do público. Interatividade Uma tendência na área de pesquisas sobre o tema risco é de que a confiança leva à aceitação e à melhoria na comunicação do risco. A confiança pode ser estabelecida em dois aspectos (escolha a alternativa correta): a) Sociais e intelectuais. b) Sociais e políticos. c) Intelectuais e decisoriais. d) Sociais e cognitivos. e) Sociais e empresariais. ATÉ A PRÓXIMA!