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Unidade III AGRICULTURA INTERNACIONAL E O MEIO AMBIENTE Prof. Adilson Camacho Agricultura internacional e o meio ambiente Para início de conversa, no bloco 1: Nossos objetivos gerais são compreender a agricultura mundial em sua relação com o meio ambiente, os conhecimentos necessários sobre logística no agronegócio, funcionamento do comércio exterior e o papel do Brasil. Do quê estamos falando? Agropecuária convencional e sustentável. Mercado. Por que? Para mantermos a qualidade dos produtos, das relações de trabalho, modernizarmos os setores agroindustriais e ganharmos terreno no mercado internacional. Como? Conhecendo as condições atuais de produção para incrementá-las. Agricultura internacional e o meio ambiente Nosso roteiro do conteúdo da unidade III O material de referência é o livro-texto da disciplina: GORNI, F. “Agricultura internacional e o meio ambiente”. São Paulo: Sol, 2016. 1. Questão ambiental e desenvolvimento: algumas reflexões: comércio internacional, ambiente e agroindústrias. 2. Comércio internacional: impactos, legislação e políticas ambientais, gestão e instrumentos. Organização Mundial do Comércio – OMC. 3. Agroexportação brasileira e suas interfaces com o ambiente: agrotóxicos e impactos ambientais. Brasil e o aparato institucional do comércio exterior. Gestores, anuentes e autoridades em comércio exterior: órgãos gestores, órgãos anuentes e de logística. 4. Barreiras ao comércio internacional: barreiras técnicas, comerciais tarifárias e comerciais não tarifárias. Agricultura internacional e o meio ambiente 1. Questão ambiental e desenvolvimento: algumas reflexões: comércio internacional, ambiente e agroindústrias. Comércio internacional e meio ambiente. A diferença entre desenvolvimento e desenvolvimentos. Dados internacionais: Food and Agriculture Organization of the United Nations – FAO. Dados que temos no Brasil, principalmente: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, seja de Ministérios, ou de Sindicatos e Associações. Discrepâncias. Agricultura internacional e o meio ambiente O que seriam alimentos ecossistêmicos e alimentos importados? “Imperialismo ecológico”, de Alfred W. Crosby. Os extremos e o “bom senso”. Fonte: Standage, 2010, C.1.e-book no Adobe Digital Editions, p. 19). Os centros de origem do milho, do trigo e do arroz domesticados Agricultura internacional e o meio ambiente Crescimento da população mundial e elevação da produção agrícola, nos seus principais produtos. O Brasil é um país que apresenta boas vantagens dentro do cenário mundial para alcançar um grande crescimento: mercado interno extenso; e as vantagens aumentam quando consideramos que o nosso país possui um sistema financeiro robusto – embora conservador; expectativa de crescimento no longo prazo; instituições democráticas; estabilidade macroeconômica; além de certa segurança para os negócios e investimentos. Agricultura internacional e o meio ambiente Sabendo que o crescimento é um fator essencial para reduzir a pobreza e melhorar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) estabelecido pelo PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, torna-se fundamental que a população tenha também acesso à educação. A dos principais produtos agrícolas, podemos verificar nos vários gráficos a seguir: soja, arroz, trigo, cana de açúcar; feijão, milho, cevada; carnes: bovina, suína, frango e aves em geral. Agricultura internacional e o meio ambiente Agroindústrias. Mercado concentrado. Poucas empresas. Controle da produção e do consumo! Processamento e semiprocessamento de alimentos. A concentração do controle do setor pelas agroindústrias multinacionais e pelas grandes redes varejistas ocorreu, no Brasil, a partir dos anos 90, em um processo de concentração do setor exportador nas mãos de um pequeno número de grandes agroindústrias inseridas no mercado mundial. A agroindústria é um dos principais segmentos da economia brasileira, com importância tanto no abastecimento interno como no desempenho exportador do Brasil. Distribuição do Faturamento da Agroindústria – Brasil 2014. O Brasil é um país que apresenta boas vantagens dentro do cenário mundial para alcançar um grande crescimento: 27% 13% 9%13% 11% 7% 6% 7% 3% 3% 1% Derivados de Carne Beneficia/o de Café, Chá e Cereais Açúcares Laticínios Óleos e Gorduras Derivados de Trigo Derivados de Frutas e Vegetais Diversos (salgados, sorvetes, outros.) Chocolate, Cacau e Balas Agricultura internacional e o meio ambiente Fonte: Associação Brasileira da Indústria de Alimentos - ABIA, Principais Indicadores Econômicos - Faturamento 2014, disponível em http://www.abia.org.br/vst/fa turamento.pdf, acesso em 05.Jun.2015. Elaborado pelo autor Agricultura internacional e o meio ambiente As agroindústrias passaram a interferir fortemente nas estratégias de desenvolvimento da agricultura brasileira, já que possuem capacidade de investimento e podem definir os preços dos produtos agrícolas, em virtude de sua importância no controle do mercado interno e externo. A Agroindústria se articula para a frente com a indústria de embalagens e com o processamento agroindustrial (cada vez mais sofisticado) e, para trás, com a indústria de insumos (pesticidas, fertilizantes, rações, insumos veterinários) e de equipamentos para a agricultura. Agricultura internacional e o meio ambiente Inclui desde setores de processamento básico (adicionando valor na secagem, no beneficiamento e na embalagem) até segmentos que envolvem o processamento de matéria-prima agrícola, mas que são costumeiramente identificados como tipicamente industriais: setor têxtil, de calçados e de papel e celulose. Estes possuem características estruturais distintas dos demais, devendo ser tratados, cada um, como cadeias próprias e com considerável grau de autonomia. Agricultura internacional e o meio ambiente A Agroindústria inclui ainda a produção de energia a partir da biomassa, área em que o Brasil é líder mundial. Estima-se que, na conceituação ampliada, a agroindústria represente mais de 30% da economia brasileira. E, certamente, está nela a maior parte dos setores econômicos em que o Brasil detém competitividade internacional. Há um conjunto amplo de segmentos, com diferentes estruturas e formas de organização de mercados, que contam com a participação – e, por vezes, com a competição – de multinacionais e pequenas empresas. Variedade e segmentação que podem ser identificadas na forma de inserção do Brasil no mercado internacional, onde o País tem significativa participação, com produtos semiprocessados, identificados como Agroindústria Processadora. Agricultura internacional e o meio ambiente Processamento de alimentos: vantagens para a indústria, devido à sua produtividade e redução de custos; desvantagens para a pluralidade e para a saúde. Caráter político, econômico e ético da autodeterminação da alimentação. Ler o “Subterrâneo dos hambúrgueres”, de Eric Schlosser. Assistir “Nação fast food”, baseado em livro do mesmo autor e “A dieta do palhaço”, de Morgan Spurlock. Interatividade Assinale a alternativa com os maiores problemas gerados pela concentração de capital no setor agroindustrial: a) Determinações do que plantar, em que área, interferência na produção e no consumo, em detrimento da história e das práticas sociais vigentes nos lugares. b) Benefícios aos consumidores, em razão da produção emlarga escala ser a única maneira de atender o crescimento do consumo mundial. c) A concentração de poucas e imensas empresas no setor produtivo somente traz benefícios às cadeias produtivas. d) Concentração de capital acarreta qualidade que pequenos produtores são incapazes de alcançar. e) O processamento de alimentos procura agregação de valor baseado na tecnologia química (artificial), visando tanto ao melhoramento da saúde quanto ao alcance democrático da população. Agricultura internacional e o meio ambiente 2. Comércio Internacional: impactos, legislação e políticas ambientais, gestão e instrumentos. Organização Mundial do Comércio – OMC. A racionalidade econômica e racionalidade ambiental, de Enrique Leff. Agricultura, meio ambiente e comércio, no mundo e no Brasil, em particular: emprego de métodos e processos produtivos com elevado potencial degradante ao meio ambiente, como a devastação de florestas para a implantação de produção agropecuária. Prática incorre em barreiras, cuja retórica se legitima... Desempenho da economia global e comércio de alimentos. Década de 1970: modelo de desenvolvimento, cooperação liberal e comércio internacional pautado pela sustentabilidade ambiental, com estrutura de governança, não sem problemas. Agricultura internacional e o meio ambiente Impactos ambientais do comércio internacional. Defensores do livre comércio na década dos 1990: a redução das barreiras comerciais resultaria em ganhos de bem-estar para todos os participantes, considerando que o livre comércio não é somente uma oportunidade econômica, é um imperativo moral. Mas o processo de liberalização comercial não incorporava o ambiente em suas análises. Isto é, desenvolvimento e gestão ambiental sem ambiente: leis e aparato de governança, no limite, com níveis muito altos de tolerância das práticas e agentes impactantes! Brasil na Conferência de Estocolmo, na Suécia, preocupou-se em captar negócios como a promessa de certa permissividade na área de emissões. Agricultura internacional e o meio ambiente Políticas ambientais, comércio e competitividade no setor agrícola. O agropecuarista escolhe uma tecnologia e um conjunto de insumos visando maximizar lucro. No processo de produção, resíduos ou amenidades costumam surgir como um subproduto, sendo classificados como externalidades ambientais quando afetam o bem-estar dos indivíduos e seu gerador não paga ou recebe compensação pelos custos ou benefícios gerados. Agricultura internacional e o meio ambiente As praticas agrícolas podem gerar externalidades positivas e negativas. Os agricultores não assumem todos os custos associados à produção, tais como erosão do solo, diminuição das fontes de água, poluição da superfície e do lençol freático, desmatamento, perdas de biodiversidade e abuso de agroquímicos. Por outro lado, não colhem os benefícios de amenidades que podem ter produzido. Pouco incentivo para aderir a tecnologias mais limpas. Políticas sob a forma de regulações (padrões, proibições e restrições) ou mecanismos de incentivo (taxas, subsídios e licenças de comercialização). Agricultura internacional e o meio ambiente As políticas ambientais acabam por afetar também a produção, o comércio, o investimento, as mudanças tecnológicas e os padrões de consumo; a cadeia ou as cadeias produtivas. Seleção da política ambiental e seus instrumentos. Para prover o setor privado de incentivos ao abatimento ambiental, os formuladores de políticas governamentais devem estar atentos a duas importantes questões: quanto da poluição deve ser reduzido? que tipo de política é mais eficaz para atingir a meta estipulada? Importante! A questão ambiental somente avançará quando se der em outros patamares filosóficos e fora do pragmatismo contábil e financista das equações de investimentos, custos e despesas. Há alguma variação desses cuidados entre os países mais ou menos ricos. Agricultura internacional e o meio ambiente Política ambiental, comércio e bem-estar. Na perspectiva liberal, a política ambiental de taxação, por exemplo, afeta a produção, o comércio e os preços, tanto no caso de: um país poluidor que não é capaz de influenciar os preços mundiais (as empresas terão maiores ônus); quanto de um país grande o suficiente para influenciar o preço mundial do bem em questão (com aumento no custo de produção deslocada para o exterior e aos consumidores domésticos, os produtores domésticos e consumidores locais e estrangeiros pagam o custo da redução da poluição doméstica). Agricultura internacional e o meio ambiente Observação: há uma série de frentes políticas e científicas que contrariam essa fórmula conservadora viabilizada pelo mercado convencional, inercial. Principalmente, no que diz respeito aos orgânicos e hidropônicos, de acordo com as condições dos países. Regras rígidas demais para a produção deveriam acompanhar, para serem coerentes, a flexibilidade das finanças, dos sistemas de gestão e posicionamento mercadológicos! Agricultura internacional e o meio ambiente Políticas ambientais e seus efeitos à competitividade. A atividade agrícola cumpre um papel fundamental para a erradicação da fome e está associada à demanda insustentável pelos recursos naturais. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), a produção agropecuária é a principal fonte de gases responsáveis pelo “efeito estufa” e contribui de forma significativa para outros tipos de contaminação do ar e da água. Os métodos agrícolas, florestais e pesqueiros causam perda de biodiversidade no mundo. Agricultura internacional e o meio ambiente A degradação ambiental no setor agrícola está associada, principalmente, à expansão da fronteira produtiva, à utilização de defensivos químicos artificiais e demais insumos. A necessidade de contínuos ganhos de produtividade visando à transposição das barreiras protecionistas no mercado internacional é tida como incompatível com padrões ecologicamente sustentáveis de produção. Falso problema: ecologia x economia? Há um debate entre protecionistas e liberais sobre impactos ambientais. Agricultura internacional e o meio ambiente Consumo mundial de agroquímicos (fertilizantes nutrientes fosfatados e nitrogenados) na década de 2010 evidenciam o efeito ambíguo da conjuntura e revelam outra dicotomia entre as regiões. Enquanto as legislações ambientais nacionais dos países ricos eram orientadas no sentido de criar incentivos ao abandono a práticas potencialmente agressivas à paisagem rural e mantinham a política de subsídios ao setor, nos países pobres a utilização em larga escala dos insumos “modernos” era proclamada como medida fundamental para resguardar a competitividade de seus produtos agrícolas no exterior. Tendência dos países ricos de procurarem intensificar a aplicação extraterritorial de normas e padrões ambientais, fitossanitários e zoossanitários dentro de um contexto de combinação dos próprios: os países pobres são confrontados com medidas restritivas no comércio agrícola, principalmente, se as legislações ambientais destes últimos não forem interpretadas como congruentes com os padrões produtivos e ambientais daqueles países. Interatividade Aponte a solução técnica menos conservadora e que exige grande engajamento político da população como um todo: a) Deveria constituir-se num falso problema a oposição entre economia e ecologia, principalmente em virtude dos parâmetros ecológicos serem os mesmos que zelariam pela nossa saúde, como bem mostram importantesmovimentos sociais pelo mundo. Falso problema, então, considerando-se a estagnação das concepções e práticas das atividades agrárias industriais, ditas modernas. Interatividade b) Sempre podemos resolver problemas de impactos ambientais nocivos pela tecnologia. c) Os países pobres são os mais bem preparados. d) Há uma dinâmica inercial na economia e nas relações de comércio internacional, mais ocupada com a manutenção dos custos e despesas que em investimentos para melhoria da qualidade de vida. e) A racionalidade econômica é superior à racionalidade ambiental, acarretando a melhoria da qualidade de vida, pelas leis de mercado. Agricultura internacional e o meio ambiente 3. Agroexportação brasileira e suas interfaces com o ambiente: Agrotóxicos e impactos ambientais. Brasil e o aparato institucional do comércio exterior. Gestores, anuentes e autoridades em comércio exterior: órgãos gestores, órgãos anuentes e de logística. Agricultura internacional e o meio ambiente O setor agroexportador brasileiro e suas interfaces com o ambiente. Características marcantes da agricultura brasileira: completamente diferentes das verificadas até o início da década de 1950. A partir do final da Segunda Guerra Mundial, os antigos modelos de plantações e de subsistência foram, gradualmente, cedendo espaço à chamada “agricultura moderna”, caracterizada pela crescente especialização, elevada produtividade e integração aos demais sistemas produtivos. Anos 1980 e anos 1990: abertura e maiores conexões comerciais. Redes. Segundo dados da Companhia Nacional do Abastecimento (CONAB, 2015), entre as safras 1993/1994 e 2013/2014, a produção brasileira de grãos saltou de 76,04 para 193,6 milhões de toneladas (mais de 200%), explicada pelos ganhos de produtividade; a variação da fronteira agrícola foi de 39.094 mil hectares para 57.060 mil hectares, um crescimento de apenas 60%. Agricultura internacional e o meio ambiente A consideração dos impactos da expansão da safra agrícola em termos de sustentabilidade ambiental envolve avaliação de diversos fatores. Se, por um lado, o melhor aproveitamento da terra permitiu a conservação de áreas ainda inexploradas, passíveis de aproveitamento pela agricultura, por outro, a expansão das monoculturas de exportação transformou a paisagem natural e intensificou o uso de insumos considerados degradantes ao meio ambiente. Agricultura internacional e o meio ambiente As principais categorias de impactos ambientais relacionados ao cultivo agrícola são: os efeitos para a saúde humana, causados por fertilizantes, defensivos agrícolas e metais pesados, por meio da contaminação da água e de produtos alimentícios, além dos depósitos ácidos causados por emissões de amoníaco dos fertilizantes; a erosão do solo e a conseguinte sedimentação das águas costeiras e superficiais que causam danos à infraestrutura e à propriedade; Agricultura internacional e o meio ambiente perdas na fauna e flora silvestres e de diversidade biológica, bem como danos ao equilíbrio e resistência dos ecossistemas como resultado da degradação do solo; contaminação de águas costeiras, superficiais e freáticas, causada por fertilizantes e agrotóxicos. A condição brasileira é preocupante. Apesar dos altos níveis de produção e de produtividade para o mercado, sua expansão tem gerado impactos ambientais que comprometem a sustentabilidade dos ecossistemas agrícolas. Agricultura internacional e o meio ambiente Os agrotóxicos Esse tipo de produto é um composto químico cujo princípio ativo acaba com diversos tipos de “pestes” (não há peste para o biólogo!), que prejudicam a produtividade agrícola de uma cultura. Essas “pestes” podem ser insetos, ervas daninhas, fungos, vermes, roedores e muitas outras pragas. Quando se analisa a evolução do consumo de defensivos agrícolas, o fenômeno é considerado inverso: eles é que nos causam dano! Os agrotóxicos estão entre os principais instrumentos do atual modelo de desenvolvimento da agricultura brasileira, e seu uso intensivo está associado a agravos à saúde da população, tanto dos consumidores quanto dos trabalhadores que lidam diretamente com os produtos, à contaminação de alimentos e à degradação do meio ambiente. Os agrotóxicos Tabela: Amostras por cultura contaminação por agrotóxicos. Produto Nº de amostras analisadas Amostras insatisfatórias Alface 134 58 Arroz 162 26 Cenoura 152 102 Feijão 217 13 Mamão 191 38 Pepino 200 88 Pimentão 213 190 Tomate 151 18 Uva 208 56 TOTAL 1.628 589 Agricultura internacional e o meio ambiente Fonte: Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos – PARA, disponível em http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/con nect/d480f50041ebb7a09db8bd3e2b7e7e 4d/Relat%C3%B3rio%2BPARA%2B2011- 12%2B- %2B30_10_13_1.pdf?MOD=AJPERES, acesso em 11.Jul.2015. Agricultura internacional e o meio ambiente A estrutura brasileira para o comércio exterior. Existem diversas organizações, governamentais ou não, que atuam na elaboração das políticas e procedimentos do comércio exterior brasileiro, de forma direta ou indiretamente. A Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior – FUNCEX é exemplo de entidade não governamental com o objetivo de desenvolver pesquisas e formação de pessoal, no campo de comércio exterior. A estrutura brasileira para o comércio exterior está registrada pelos dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, da Secretaria de Comércio Exterior – SECEX, do Departamento de Planejamento e Desenvolvimento do Comércio Exterior – DEPLA, do Banco do Brasil, e de todos os demais órgãos, e que intervêm no comércio exterior, seja para importação, seja para exportação. Agricultura internacional e o meio ambiente Gestores e anuentes e autoridades em comércio exterior. Órgãos gestores. Em janeiro de 1993 foi implantado o Módulo Exportação do Sistema Integrado de Comércio Exterior – Siscomex, com o objetivo de conferir maior agilidade às operações de comércio exterior, reduzindo-se as exigências por meio de um sistema informatizado de informações, com tratamento padronizado. Em 1996, foi implantado o Módulo Importação do Siscomex. Os órgãos governamentais gestores do comércio exterior no Brasil são: a SECEX/MDIC, a SRF/MF e o Bacen. Atuam de forma integrada por meio do SISCOMEX. A Secex é responsável pelos controles de natureza comercial; a SRF controla procedimentos aduaneiros e fiscais; e o Bacen efetua o controle cambial das operações. Agricultura internacional e o meio ambiente Órgãos anuentes Para as mercadorias sujeitas ao licenciamento não automático, o importador deverá solicitar a anuência prévia ao embarque da mercadoria no exterior. Os Órgãos Anuentes, responsáveis pelo deferimento da Licença de Importação, e os produtos sujeitos ao licenciamento não automático, relacionados no Tratamento Administrativo do Siscomex (Sistema Integrado de Comércio Exterior), estão descritos a seguir. Os órgãos anuentes são todos aqueles que efetuam análise de uma operação de exportação ou importação, dentro de sua área de competência, estabelecendo normas específicas (exigências) para fins de desembaraço da mercadoria ou licenciamento da operação. Autoridades na área de transportes: transportes aquaviários, terrestres e aeroviários. Interatividade Aponte a alternativa correta: a) A qualidade da agricultura envolve fatores benéficos, como expansão das monoculturas de exportação,do uso de insumos “corretivos” dos solos, além do uso necessário de “defensivos agrícolas”. b) As principais categorias de impactos ambientais relacionados ao cultivo agrícola são: 1) os efeitos para a saúde humana, causados por fertilizantes, defensivos agrícolas e metais pesados; 2) a erosão do solo e a conseguinte sedimentação das águas; 3) perdas na biodiversidade; contaminação de águas, causada por fertilizantes e agrotóxicos. Interatividade c) Analisando o comportamento dos agentes produtivos, percebe-se que a condição brasileira de preservação ecológica é muito boa. d) A produção e a produtividade agropecuárias atendem às exigências do mercado, e sua expansão segue padrões de qualidade que favorecem a sustentabilidade dos ecossistemas agrícolas. e) Há tendência à ampliação da venda e emprego de fertilizantes na produção agrícola brasileira, embora sua utilização venha acompanhando as recomendações de ambientalistas. Agricultura internacional e o meio ambiente 4. Barreiras ao comércio internacional: barreiras técnicas, comerciais tarifárias e comerciais não tarifárias. Qualquer lei, regulamento, política, medida ou prática governamental que imponha restrições ao comércio exterior. Todos os países que comercializam com outros países são afetados por diversas barreiras, tais como a região geográfica, o idioma, a moeda, sistema de pesos e medidas, alfabeto e as legislações, tanto internacional como as internas. Apesar da formação de blocos econômicos, criados com a finalidade de facilitar o comércio de bens e serviços entre os países-membros, com a adoção da redução ou isenção de impostos ou de tarifas alfandegárias diferenciadas e buscando soluções em comum, existem muitos empecilhos ao comércio exterior, como as chamadas barreiras comerciais e as barreiras técnicas. Agricultura internacional e o meio ambiente Barreiras Técnicas, segundo a OMC e o INMETRO. Barreiras Técnicas às Exportações são barreiras comerciais derivadas da utilização de normas ou regulamentos técnicos não transparentes ou que não se baseiam em normas internacionalmente aceitas ou, ainda, decorrentes da adoção de procedimentos de avaliação da conformidade não transparentes e/ou demasiadamente dispendiosos, bem como de inspeções excessivamente rigorosas. Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – INMETRO, disponível no site http://www.inmetro.gov.br/barreirastecnicas/barreirastecnicas.asp Agricultura internacional e o meio ambiente Temos como exemplos de barreiras técnicas: Requisitos relativos às características dos produtos; à embalagem, à rotulagem; à informações sobre o produto (conteúdo alimentar ou proteico); à inspeção, ensaios e quarentena; à inspeção física e análise nas alfândegas ou a procedimentos de quarentena. Agricultura internacional e o meio ambiente Já nas barreiras comerciais, temos duas categorias mais comuns de barreiras comerciais: barreiras comerciais tarifárias: que tratam de tarifas de importações, taxas diversas cobradas de importadores ou exportadores e valoração aduaneira; barreiras comerciais não tarifárias: que tratam de restrições quantitativas, licenciamento de importação, procedimentos alfandegários, Medidas Antidumping, Medidas Compensatórias, Subsídios, Medidas de Salvaguarda e medidas sanitárias e fitossanitárias. Dentre estas últimas encontram-se as barreiras técnicas, que também são mecanismos utilizados com fins protecionistas. Agricultura internacional e o meio ambiente Barreiras comerciais tarifárias Barreiras que são estipuladas em decorrência de uma tarifa. Essas tarifas podem ser impostos de importação ou taxas sobre taxas como, por exemplo, um percentual sobre o valor FOB (free on board, posto livre a bordo) ou EXW (ex-works, na fábrica) das mercadorias, ou ainda sobre o valor internado da mercadoria (CIF mais impostos). O objetivo dessas taxas é elevar o valor do produto importado, a fim de tornar a mercadoria nacional mais competitiva, já que, com o aumento do valor do produto importado, a demanda por ele é bem reduzida. Agricultura internacional e o meio ambiente Barreiras por dumping: tipos de barreira alfandegária. Dumping, de uma forma geral, é a comercialização de produtos a preços abaixo do custo de produção, para eliminar a concorrência e conquistar uma fatia maior de mercado. Tipos de dumping : o estratégico, o estatal, o intencional, o não intencional e o ocasional: dumping estratégico; dumping estatal; dumping intencional; dumping não intencional; dumping ocasional. Agricultura internacional e o meio ambiente Barreiras comerciais não tarifárias As barreiras comerciais não tarifárias também limitam as importações, contudo, isso ocorre muitas vezes de uma maneira não tão clara, pois os tipos de barreiras comerciais não tarifárias são inúmeros e estas podem ou não ser temporárias. A seguir, algumas dessas barreiras: Barreiras para determinadas origens Esse tipo de restrição é aplicado às importações de determinados produtos ou de determinados países. Agricultura internacional e o meio ambiente Barreiras técnicas e de certificação de qualidade As diferenças de padrões entre um país e outro, muitas vezes, impede que o produto fabricado seja exportado da forma como ele é comercializado no mercado interno. Barreiras por certificação de origem Países integrantes da União Europeia, por exemplo, têm tarifas reduzidas e, para muitos produtos, a tarifa de circulação entre esses países é zero. Agricultura internacional e o meio ambiente Barreiras por composição química O importador restringe a entrada de certos produtos em seu território, tais como determinados tipos de medicamentos, alimentos, bebidas alcoólicas, etc. Barreiras por tradições religiosas Antes de exportar um produto, é preciso conhecer os costumes e as tradições do mercado de destino das mercadorias. Agricultura internacional e o meio ambiente Barreiras por proibição Essas barreiras são feitas por decreto-lei, com o intuito de impedir a importação de produtos não essenciais. Controles sanitários e fitossanitários. São normas sanitárias e fitossanitárias exigidas na importação de produtos de origem animal e vegetal. Podem ser classificadas como barreiras sanitárias e barreiras fitossanitárias. Agricultura internacional e o meio ambiente Barreiras por quota São aplicadas limitações de importações pela fixação de quotas para determinados produtos. As barreiras por quota são impostas pelos governos, na importação, com o objetivo de limitar a quantidade de determinado produto que entra no país. Barreira por exigência de bandeira nacional Alguns países fazem exigência de uso de navios ou aviões de bandeira nacional para o transporte das importações. Medidas de salvaguarda Medidas de salvaguarda têm como objetivo proteger a indústria doméstica que esteja sofrendo prejuízo grave, ou ameaça de prejuízo grave, em virtude do aumento das importações, para que ela tenha tempo de se adequar à competição externa. Agricultura internacional e o meio ambiente Pedido de licenciamento Quando a importação estiver sujeita a licenciamento e anuência prévia, o importador deverá prestar informações no Siscomex. Interatividade Assinale a alternativa correta quanto às barreiras ao comércio exterior: a) Barreiras técnicas são as mais fáceis de contestar, apesar de estarem apoiadas em intenções não declaradas, como ganhar uma “batalha comercial”, por exemplo. b) Muitas das barreiras técnicas são relativamente maisfáceis de contestar do que as barreiras não tarifárias. c) Barreiras não tarifárias de cunho religioso não são importantes nos dias de hoje. d) O dumping é uma prática comercial que visa ao equilíbrio entre os agentes econômicos. e) As barreiras fitossanitárias têm como alvo evitar a proliferação de pestes e doenças nas plantas e nos vegetais. ATÉ A PRÓXIMA!