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1. Noção de obrigação (no direito tributário: dar, fazer, não fazer) Se destaca pelo objeto, sempre uma prestação de natureza tributária, como: pagar ao sujeito ativo (obrigação de dar); emitir nota fiscal, apresentar declaração de rendimentos (obrigação de fazer); não embaraçar a fiscalização (obrigação de não fazer). O Credor é sempre o Estado: o administrador fiscal não é titular da obrigação, portanto não tem disponibilidade sobre o crédito exigido, ou seja: o prefeito, por exemplo, não pode abrir mão do recebimento do tributo. Não adianta ir lá encher o saco dele para que ele não cobre seu IPTU. Paga logo essa p**rra e cala a boca. Outra coisa: obrigações tributárias são sempre ex lege: sempre nascerão e serão exigíveis em razão de lei. 2. Obrigação principal e acessória O CTN define no art. 113: Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. Traduzindo: obrigação principal é a que tem como objeto uma prestação pecuniária (obrigação de pagar). Acessória é a forma, o instrumento: a definição de como será a guia de recolhimento, em que bancos podem ser pagos, etc. O Tributo em si é obrigação principal; a guia que recolhe esse imposto, também definida em lei, é considerada obrigação acessória. Você não pode pagar o IR depositando o valor na conta da Receita, por exemplo. 3. Obrigação e fato gerador Artigo 114, CTN: Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. Ou seja: Fato gerador é um fato, legalmente definido, que enseja a ocorrência da obrigação principal (o tributo devido pela situação juridicamente prevista), que deverá ser recolhido observando-se o disposto quanto às obrigações acessórias. Exemplo: ganhar mais de XXX reais por mês gera obrigação de pagar imposto de renda. Nesse caso, o fato gerador é o valor que você recebe de salário. A obrigação principal é pagar esse imposto. As obrigações acessórias incluem (segundo algumas doutrinas) fazer a declaração, emitir as guias, recolher nos bancos certos.... Divisão do fato gerador: tributos e penalidades Aprendemos que o fato gerador se divide em: Fato gerador do tributo: situação, juridicamente prevista, cuja ocorrência faz nascer a obrigação de pagar o tributo – exemplo do salário de xxx reais, acima; Fato gerador da penalidade: situação, também obviamente prevista em lei, cuja ocorrência (descumprimento, quase sempre), vai gerar uma penalidade – entregar a declaração de IR fora do prazo sujeita o contribuinte a multa. Fato gerador de obrigações instrumentais positivas ou negativas: A ocorrência de uma situação, juridicamente prevista, faz surgir a obrigação de fazer ou não fazer algo, no interesse da arrecadação ou da fiscalização. Ficou difícil entender? Vamos lá: você ganhou xxx reais por mês, acima do limite da isenção. Fato gerador do tributo: seu salário. Fato gerador da obrigação instrumental: você deve usar o programa próprio da Receita para declarar seus rendimentos, gerar a guia certa para pagar o imposto, etc. Fato gerador da penalidade: se você não entregar a declaração no prazo (bobão), vai pagar uma multa, prevista em lei para casos como o de bocós como você. Elementos do fato gerador Já vimos que o fato gerador do tributo é uma situação material, descrita pelo legislador (se fosse direito penal, seria o mesmo de tipificar o fato). No exemplo que usamos, o salário de XXX reais é o fato gerador do imposto de renda. Assim, adquirir renda é o fato gerador do IR. Podemos entender o fato gerador definindo-o como referência a uma ação ou situação. Ação é, por exemplo, o receber salário de XXX reais: faz de você um sujeito passivo quanto à obrigação tributária de declarar e pagar IR. Situação é, por exemplo, o fato de ser você o proprietário de um imóvel: terá de pagar IPTU, ao passo que quem não tem imóvel, CLARO, não vai pagar. Você não toma nenhuma medida para pagar ou não pagar IPTU: a sua situação de proprietário é o bastante para torna-lo sujeito passivo dessa obrigação. O fato gerador, independente do seu núcleo material (aquele que está definido na matéria, no objeto), só pode existir, claro, se houver a figura de quem recebe e de quem paga. A isso se denomina elemento subjetivo. E presta atenção nesse nome porque vai fazer diferença. O SUJEITO ATIVO da obrigação tributária, como já falamos lá em cima, é a pessoa (estatal ou não – daqui a pouco eu explico) credora da obrigação. E o SUJEITO PASSIVO, claro, é o oposto – o devedor dessa obrigação. Mais formal, define o CTN, no art. 119: “Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o seu cumprimento”. Os nomes variam: Fisco, Tesouro, Erário, o próprio nome de “Estado”. Fazenda Pública, quando usado sem “sobrenome” – da União, do Estado, dos Municípios, abrange todos estes. 4. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA Tá, e como sabemos quem é quem? Ora, analisando o aspecto material (quem cuida da matéria, grosso modo). Quem pode cobrar o Imposto de Renda? A União. Então, no caso do IR, o sujeito ativo é a União e você, que tem a obrigação de pagar, que é o devedor desse imposto, é o sujeito passivo. E no caso do ICMS? Quem pode cobrar é o Estado (unidade da Federação). Então, o sujeito ativo é o Estado e o passivo é você, que fez circular mercadorias e serviços. E o IPTU e o ISSQN? São tributos de competência municipal, então quem cobra é o município. Assim, o sujeito ativo é o município e o passivo... adivinha???? SIM! Você, que tem imóvel na cidade, ou exerce alguma das profissões passíveis de tributação pelo Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza. Mas atenção, ô orelhudo: não confunda competência tributária – o poder de instituir o tributo, com capacidade tributária – que é a aptidão para ser titular do polo ativo da obrigação: poder de ser credor, na relação tributária. A competência é, e sempre será, do Poder Público: a União tem competência para instituir imposto sobre a renda, o Estado tem competência para instituir o ICMS e IPVA, o Município institui o IPTU e ISSQN... Já a capacidade tributária, de estar no polo ativo, é o “titular da competência para exigir o seu cumprimento”. Ou seja: é o que pode COBRAR o pagamento desse tributo. Um caso clássico é a bendita anuidade da OAB. Quem instituiu foi a União. Quem cobra, nossos amiguinhos da Ordem. A OAB, pra continuar usando o exemplo, tem capacidade tributária ativa. Não competência, CAPACIDADE, entendeu? O sujeito passivo, como já vimos, está previsto no art. 121: “é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade tributária”. Aqui começa uma lambança que convém prestar atenção: Esse sujeito passivo descrito no art. 121 é o sujeito passivo da obrigação tributária principal. Já vimos isso antes: a obrigação principal é definida pelo conteúdo pecuniário. Money, dindim, grana. Já o art. 122 define o sujeito passivo da obrigação acessória, que também já vimos. Diz assim:“é a pessoa obrigada às prestações que constituam o seu objeto”. Se o objeto da obrigação acessória, como sabemos, é uma prestação positiva ou negativa não pecuniária (obrigação de fazer ou não fazer alguma coisa, que não envolva pagamentos em dinheiro), o devedor (sujeito passivo) dessa obrigação é a pessoa que estiver obrigada a efetuar essa prestação. A lambança continua. Atenção!!!!!! O CTN classifica o sujeito passivo da obrigação principal (gênero) em 2 “espécies”: contribuinte e responsável. O contribuinte é a pessoa a quem, numa pertinência lógica, caiba a realização do fato gerador da obrigação tributária principal. É o sujeito passivo direto, “principal”, sendo que os demais sujeitos passivos só se configurariam como tal se assim forem instituídos por norma legal expressa. Destrinchando... Amílcar Falcão, ao lecionar sobre isso, diz que a simples realização do fato gerador já faz sobressair sua atribuição à pessoa. Assim, quem aufere a renda é o contribuinte responsável pelo IR, quem detenha a propriedade é o contribuinte responsável pelo IPTU, e assim por diante. É o que se chama de pessoa com “capacidade econômica atingida pelo tributo”. Quando se recebe salário, é o recebedor quem tem essa capacidade; quando se tratar de uma relação de “permuta de riqueza”, como a compra e venda de um imóvel, ambas as partes demonstram ter essa capacidade econômica e, por isso mesmo, qualquer uma delas pode, a princípio, ser eleita como contribuinte. O responsável é sujeito passivo indireto: é um terceiro, eleito por lei como devedor da obrigação tributária. Ele ocupa, no polo passivo da obrigação, uma posição que normalmente seria ocupada pela figura do contribuinte. Funciona assim: definido o fato gerador e, consequentemente, localizada a “pessoa” que deveria – ou poderia – figurar no polo passivo (contribuinte), o legislador pode ignorar esse personagem e eleger outra pessoa: o responsável. Exemplo comum é o de herança: A era devedor de tributo (contribuinte); falecendo A, B, seu herdeiro, passa a ser o responsável pela obrigação não satisfeita por A. Obviamente, apenas nos limites da herança. Se não houver herança, não há responsabilidade. Substituição e transferência Para se “eleger” o responsável, há dois modos: o da substituição e o da transferência. No primeiro, a lei já estabelece o “terceiro” no lugar daquele que normalmente seria definido como contribuinte; na transferência, essa obrigação do devedor “original” é deslocada para outra pessoa, em razão de algum evento. No caso do IR retido na fonte, por exemplo, ocorre – ainda que temporariamente – a substituição: o beneficiário da renda, contribuinte “natural”, é substituído pela fonte pagadora, um terceiro, aqui denominado substituto legal tributário. A transferência tem como modelo mais comum a sucessão, ou seja, quando a obrigação do sucedido – o exemplo de A e B, aí em cima – desloca-se, ou seja, transfere-se, em razão do evento sucessório, para a figura do sucessor. Há ainda uma terceira hipótese, a solidariedade. Respira fundo, e senta que lá vem história. Essa dá mais trabalho pra entender, mas não é impossível. Ocorre quando, ocorrido um fato gerador, desde o início tem-se mais de uma pessoa ocupando a posição de sujeito passivo, em virtude da comunhão de interesses que há entre esses sujeitos. Diz-se polo passivo plúrimo. Exemplo: Você pode ser responsabilizado pelo tributo devido por um prestador de serviços, caso não exija a nota fiscal ou prova de inscrição do prestador no cadastro de contribuintes (o carnezinho do INSS). Sério. Você, todo pimpão, contrata um pedreiro para construir sua bela mansão no bairro mais nobre de Taiúva. Não exige nota fiscal, não pede prova da inscrição do cabra como contribuinte... e de repente recebe uma notificação para pagamento do ISS devido pelo pedreiro, onde qualificam Vossa Senhoria como responsável solidário. E acredite, você vai acabar tendo de pagar. Na solidariedade, não se fala em substituição ou transferência. Assim como numa conta corrente bancária, você é solidário com o pagamento do tributo; a doutrina chama isso de extensão da subjetividade passiva. Se ler o art. 128, CTN, você vai saber a razão apresentada para cobrar você, junto com o pedreiro: lá diz que Lei pode eleger terceiro como responsável, se ele estiver vinculado ao fato gerador. Sua culpa? A omissão de dever de diligência ou vigilância. A lei pode – e faz – com que você cuide de impedir ou dificultar uma eventual omissão do contribuinte, no caso, o pedreiro. Em linhas gerais, somos todos responsáveis uns pelos outros, inclusive em fiscalizar o recolhimento dos tributos... vai, mané. Isso vale para o tabelião que lavrar um ato de transmissão sem exigir a comprovação do recolhimento do tributo: ele vai ser obrigado a pagar, porque era obrigado a exigir comprovante de quitação. Vale para o herdeiro, que responde pelo tributo devido pelo autor da herança, limitando a lei apenas a responsabilidade deste ao quinhão recebido. Se o herdeiro não receber parte alguma, também não será compelido a pagar tributo nenhum. Terceiro responsável e responsabilidade do contribuinte Diz o art. 128 que, eleito o terceiro, a lei pode: a) Excluir a responsabilidade do contribuinte, ou b) Mantê-lo como responsável subsidiário (responsabilidade supletiva: se o terceiro não pagar ou pagar menos que o devido, o contribuinte paga ou complementa). Assim, se o terceiro responsável não adimplir a obrigação ou cumprir apenas parcialmente, o contribuinte volta à baila para pagar. O contrário também vale: se o contribuinte pagar insuficientemente, ou não pagar, também existe a possibilidade de se convocar o terceiro ao cumprimento da obrigação. Responsabilidade solidária passiva O art. 124 diz que: “São solidariamente obrigadas: I – as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II – as pessoas expressamente designadas por lei”. Pra quê simplificar, se podemos complicar tudo ao máximo? Nessa linha de raciocínio (!), o CTN traz mais uma novidade: a figura do responsável passivo solidário. Nesse caso, trata-se de situações onde duas (ou mais) pessoas podem apresentar-se, na condição de sujeito passivo da obrigação tributária, obrigando- se cada uma pela dívida tributária inteira. Como no Direito Civil, isso dá ao sujeito ativo o direito de exigir o cumprimento da obrigação de um ou de outro ou de todos, ou de um depois de outro, até satisfazer integralmente a dívida. Exemplooooooo: sendo responsáveis solidários CAIO, CRÉSCIO E DÉCIO, pode o sujeito ativo exigir só de Caio, só de Créscio, só de Décio... ou de Caio e Créscio, ou de Créscio ou Décio, ou parte de um, parte de outro, e de outro... ou de todo mundo junto e misturado. Importa receber. E claro, o que pagar pode pleitear judicialmente que os outros o ressarçam. Muito comum em condomínios: o IPTU pode ser cobrado de um, ou de vários, ou de todos (o correto). Mas importa receber, e a Administração pode cobrar de quem ela achar que tem mais condições de pagar a dívida toda, e este que depois cobre judicialmente dos demais a parte de cada um. Previsão do art. 125, que diz: Art. 125. Salvo disposição de lei em contrário, são os seguintes os efeitos da solidariedade: I - o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais; II - a isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo se outorgada pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais pelo saldo; III - a interrupção daprescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou prejudica aos demais. Mas importante: TEM QUE HAVER O INTERESSE COMUM! Não se pode cobrar o IPTU de um condomínio da MRV de outro, nos Oitis, por exemplo. Só vale para os condôminos que tenham interesse comum: no caso, o apartamento no mesmo prédio. O Caso dos artigos 130 e 131 Dizem os artigos citados: Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, subrogam-se na pessoa dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação. Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço. Art. 131. São pessoalmente responsáveis: I - o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos; II - o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão do legado ou da meação; III - o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão. Esses são simples: a leitura já dá a correta interpretação. Havendo prova de quitação, ainda que não figure no título aquisitivo (escritura, por exemplo), a obrigação não se irá transferir para o adquirente, por estar extinta. E como quantifico (coloco preço) nos tributos? Como definir quanto pagar de imposto? Quem define é a lei. E pode variar muito: pode ser por metro quadrado e qualidade da construção (IPTU), pode ser valor fixo de acordo com a profissão/atividade exercida (ISSQN), pode ser um percentual sobre a renda (IR), ou sobre o valor do carro (IPVA). Importante lembrar: a medida legal da grandeza do fato gerador (o percentual incidente, o valor fixo, etc), chama-se BASE DE CÁLCULO. Ah sim, e só será válida se tiver previsão legal. Não só a lei deve prever o tributo, quem paga, como paga... mas também, obrigatoriamente, sobre quanto e quanto paga. Outra coisa que se deve lembrar: em sala, a Dra. Carla citou o doutrinador Geraldo Ataliba, dizendo sobre uma tal “base imponível”. Como pode ser que isso caia em prova, vamos ver o que é. É fácil. Base de cálculo a gente já viu. É a medida sobre a qual incidirá o tributo: minha casa tem bom padrão de construção e tantos metros quadrados, logo pagarei R$ 100,00 de IPTU. A do meu vizinho também tem bom padrão de construção, mas tem 20 metros quadrados a mais, então ele pagará R$ 120,00. Um morador da periferia tem uma casa maior do que as nossas, mas caindo aos pedaços, daí ele paga R$ 50,00. A base imponível é a de valor fixo, e muito usada em casos de taxa de poder de polícia (não, isso eu não vou explicar. Se vira) além de outros casos, raros. Assim, a emissão de passaporte custa, por exemplo, R$ 150,00. Tanto faz irmos nós 3, eu, meu vizinho e o morador da periferia tirar o passaporte, todo mundo vai pagar os mesmos R$ 150,00, independente de cor, raça, credo, religião... a base de cálculo é imponível, ou seja, independe de qualquer outro fator. É aquilo e ponto. Veja: a “imponibilidade” se dá sobre o FATO GERADOR (emissão de passaporte) e não sobre a base de cálculo. Nesse caso (emissão de passaporte), essa base não existe. O valor é fixo. Sobre o fato gerador (aquisição de renda, por exemplo, no caso do IR), aplica-se a ALÍQUOTA, um percentual (em quase todos os casos) sobre o montante original. Como essa alíquota se aplica sobre uma cifra, sobre um valor em moeda, diz-se ALIQUOTA AD VALOREM. Anota aí, cabeção. Quando se aplica a alíquota “X”, que é um percentual de X% sobre o montante original XXX, dizemos que: Sobre o montante XXX, passível de tributação por estar previsto em Lei, incidirá a alíquota ad valorem X%, chegando ao valor do tributo devido ou quantum debeatur. Anota isso também. AD VALOREM: sobre o valor QUANTUM DEBEATUR: quanto devo, quanto se deve Os aspectos espacial e temporal do fato gerador É muito importante definir esses aspectos: ESPACIAL, de espaço – mas aqui usa-se como definição de LUGAR: ONDE aconteceu o fato gerador do tributo. Se não for assim, vem a prefeitura de Piracicaba cobrar IPTU de quem tem casa em Araraquara. Ou então, Sergipe vem cobrar ICMS de uma empresa do Rio de Janeiro. Por isso, a definição de LUGAR onde ocorre(u) o fato gerador é muito importante. Até mesmo porque a alíquota pode variar de um lugar pra outro, ou até mesmo não existir o tributo no lugar A, enquanto existe no lugar B. TEMPORAL: definir o tempo¸ o quando aconteceu o fato gerador: pode ser que, quando ocorreu, a lei que previa o pagamento de tributos sobre esse fato ainda não estivesse vigente. Sendo assim, o fato é isento, e não gerador de obrigações tributárias. Muito importante em casos como o de isenção temporária de IPI, por exemplo, que incidiu sobre carros novos até um tempo atrás. Fatos geradores INSTANTÂNEOS, PERIÓDICOS E CONTINUADOS Instantâneo: é o fato gerador cuja realização se dá num momento de tempo imediato. Por exemplo, a aquisição de um bem imóvel enseja o recolhimento do ITBI, imediatamente. Esse não é um tributo que se pague todo mês, todo ano, como acontece com ICMS, IPVA... como só é devido quando e se acontecer, dá-se o nome de INSTANTÂNEO. Periódico: é o fato gerador que acontece ao longo de um espaço de tempo. O exemplo clássico é o Imposto de Renda: ele é pago uma vez ao ano, mas incide sobre o salário (a renda) que você recebeu ao longo de todo o ano anterior, bem como pode ser reduzido ou aumentado (o IR), de acordo com diversos parâmetros (gastos médicos, com educação, etc). Assim, o fato gerador (renda) é periódico – obedece ao acontecido em um determinado período. Continuado: é representado por uma situação que se mantém no tempo; tem laços comuns com o instantâneo, porque leva em consideração um determinado período de tempo, e com o periódico a circunstância de incidir por períodos de tempo. Não entendeu, né? Tá, vamos lá. Vamos usar como exemplo o IPVA, que incide sobre a propriedade de veículos automotores. Ele é CONTINUADO, porque enquanto você for proprietário de um veículo vai pagar esse imposto; tem características do INSTANTÂNEO, porque, para fins de determinação tributária, ele deverá ser pago em um momento “X” (em SP, entre os meses de janeiro e março, obrigatoriamente, cada final de placa no seu dia certo). E tem traços do FG PERIÓDICO, porque incide sobre o tempo de propriedade. Se você compra o carro em janeiro, paga integral; se compra em junho, paga o proporcional a 6 meses, e assim por diante. Momento da ocorrência do fato gerador O art. 116, do CTN, diz o seguinte: Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável. Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidosem lei ordinária. Aqui importa distinguir entre os fatos geradores que impliquem numa situação de fato e os que digam respeito à uma situação jurídica. Situação de fato: é aquela que, independente de ter relevância jurídica pela relação privada, determina, no tempo, o fato gerador do tributo. É, é embaçado mesmo. Exemplificando, para entender: o ICMS, vocês sabem, é o imposto que incide sobre a circulação de mercadorias e serviços. Essa circulação pode ter – e tem – diversas fases: o comprador faz o pedido, o vendedor, separa, embala, coloca no caminhão, transporta, tira do caminhão, passa pro avião, tira do avião, coloca em outro caminhão, passa para um furgãozinho, entrega na casa do cliente. São várias “etapas”, por assim dizer, até a finalização, até a concretização do pedido, da compra-e-venda. Mas a Lei prevê que o ICMS incidirá em UMA dessas etapas: a saída da mercadoria. É a saída da mercadoria do estabelecimento comercial que dá o chamado suporte fático à cobrança do tributo. Todos os outros fatos (logística, emissão da NF, entrega), são pertinentes à relação privada entre vendedor x comprador. Não interessa PARA O SURGIMENTO DA OBRIGAÇÃO DE RECOLHER O ICMS. Se a nota fiscal está rasurada, se a mercadoria está com defeito ou se demorou para chegar, pode importar em OUTROS fatos, mas não para o ICMS. Para esse surgir, basta que a mercadoria saia do estabelecimento comercial. Agora, o fato gerador que corresponda à uma SITUAÇÃO JURÍDICA é diferente: exige que essa situação esteja aperfeiçoada, ou seja, que esteja completamente em acordo com o previsto em Lei. Assim, se você combina com um vendedor de uma casa a compra de um imóvel, não vai pagar ITBI quando contratar verbalmente essa compra; não vai pagar quando assinar o compromisso de compra e venda; não vai pagar quando entrar no cartório; só vai pagar quando essa transação cumprir todos os preceitos legais para tanto: a lavratura da escritura e seu respectivo registro. Tributação de atos ilícitos e ineficazes O art. 118 do CTN, em resumo, diz que a “validade jurídica dos atos praticados, bem como de seus efeitos” não terá importância para a validade da cobrança do tributo, devido pela prática desses atos. Ou seja: sejam ilícitos ou ineficazes, caso, por exemplo, da renda auferida pelo exercício ilegal de alguma profissão, ou ainda de um empréstimo bancário, efetivamente contratado mas que não foi usado o dinheiro, ainda assim incidirão, respectivamente, o IR e o IOF, por exemplo. Incidirão, serão cobrados e deverão ser pagos. Conjugando-se o art. 118 com o art. 126, temos que a capacidade para ser sujeito passivo das obrigações tributárias independe até mesmo da capacidade de exercício dos direitos comuns: o fato de estar preso não exime o contribuinte de ser devedor do IR, gerado pela renda auferida enquanto livre; tampouco a situação irregular da empresa não a livra de ter de recolher o ICMS, etc. Houve o fato gerador tipificado, há a obrigação de pagar o tributo nascido desse FG. No mais... boa sorte, moçada! Nos vemos na DP do ano que vem!!!! Kkkkkkkkkkkkk!
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