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resumo neurofisiologia av2

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Aula 6
Na aula anterior classificamos os diversos tipos de informação sensitiva e discutimos, principalmente, os proprioceptores e exteroceptores. Nessa aula, discutiremos outros dois sentidos que formam o conjunto sensorial:
O Sistema Visual e o Sistema Vestibular
Esses dois sistemas atuam em conjunto e são determinantes na organização postural, no equilíbrio e na coordenação do movimento funcional. Especificamente, as informações originadas nesses  sistemas  são direcionadas ao córtex para a organização do movimento sincronizado do olho e da cabeça.
Seguramente, você já ouviu no termo “labirintite” e sabe que essa palavra tem uma estreita relação à “tontura” ou à “vertigem”.
Tontura é o termo que representa genericamente todas as manifestações de desequilíbrio. As tonturas estão entre os sintomas mais frequentes em todo o mundo e são de origem labiríntica em 85% dos casos.
Labirintite é uma enfermidade de rara ocorrência, caracterizada por uma infecção ou inflamação no labirinto. O termo é utilizado de forma equivocada para designar todas as doenças do labirinto.
A visão, apesar de possuir receptores especiais, exerce funções bem específicas na propriocepção e na capacidade exteroceptiva.
De maneira bem mais complexa, as funções exteroceptivas da visão nos permitem identificar objetos no espaço e se o objeto está parado ou em movimento. As funções proprioceptivas da visão nos permitem orientar nosso corpo no espaço identificando o espaço que ocupamos e a 
Resumidamente, podemos dizer que o olho capta a luz refletida pelos objetos a nossa volta.
Os neurônio que transmitem a luz até os fotorreceptores 
Essa, ao penetrar no olho, atravessa a córnea e continua atravessando várias estruturas transparentes enquanto é transmitida por neurônios especializados até os cones e bastões que são as células funcionais da visão. Os cones são funcionais para visão diurna e a perda dessas células leva à cegueira total. Os bastões são funcionais para visão noturna e sua perda leva à perda apenas da visão noturna.
Grupos de neurônios do tipo bipolar e células ganglionares. São chamadas de células verticais porque se conectam em série uma com as outras.
Grupos de neurônios chamados de células horizontais e células amácrinas. Essas células são responsáveis pela modulação do fluxo de informações no interior da retina porque conectam lateralmente as células verticais. As células horizontais são as responsáveis pela capacidade de determinação do movimento do objeto. Para essa função a visão utiliza a sensibilidade de contraste, discutida na aula anterior, a sensibilidade de contraste faz a delimitação das bordas do objeto e se ele está em movimento ou parado.
A trajetória das informações visuais até a retina, efetuadas pelas células horizontais e verticais, permite o processamento de informações semelhante ao processamento do sistema nervoso central, paralelamente distribuído. Nesse modelo de processamento as inibições dos sinais da retina acontecem do centro para as adjacências e determina a detecção do contorno ou limite entre objetos.
A percepção do limite, ou contraste entre objetos tem papel importante nas tarefas de locomoção e de manipulação. Quando estamos andando precisamos identificar as extremidades do piso como, por exemplo, as bordas de degraus e nas tarefas de manipulação, a identificação de objetos que serão apreendidos é realizada pela percepção de contraste entre os objetos.
Para compreender a sensibilidade de contraste é importante saber como acontece a visão central e a visão periférica.
O nervo óptico penetra na retina na região central e nesse local não há fotorreceptores capazes de perceber a luz, não há sensibilidade e por isso é chamado de ponto cego.
Na lateral direita do ponto cego, uma pequena região da retina, chamada fóvea é mais sensível à luz. Nas regiões mais periféricas da retina a sensibilidade diminui progressivamente. Na fóvea se processa a visão central, responsável pela percepção de detalhes do foco visual.
Em todo o resto da retina se processa a visão periférica responsável pela percepção do conjunto geral, pelas imagens que estão fora do foco central, por isso é importante na produção da sensibilidade de contraste. Alterações na visão periférica afetam consideravelmente o movimento funcional, especialmente a locomoção.
Estruturas anatômicas envolvidas no processamento visual
Os movimentos sacádicos fazem com que os olhos se movimentem na direção de um estímulo específico. Os resultados das informações processadas no colículo superior são enviados ao cerebelo com a finalidade especial de coordenar os movimentos mão/olho. Além dessa função específica, estudos demonstram que as informações do colículo superior influenciam a coordenação dos movimentos de braços, tronco e cabeça para tarefas de manipulação.
As informações do colículo superior a caminho do cerebelo fazem sinapse com células ganglionares da região pré-tectal, essa estrutura anatômica está localizada anteriormente ao colículo superior, e tem ação no controle dos reflexos pupilares dilatando a pupila quando há pouca luz no ambiente e contraindo a pupila ao excesso de luz.
As informações visuais do núcleo geniculado lateral, além de enviadas aos colículos superiores são encaminhas ao seu destino principal no sistema nervoso central: o córtex visual.
No córtex, as informações são encaminhadas para o córtex visual primário e para várias áreas de associação. No córtex, o processamento paralelamente distribuído é responsável pela consciência das imagens, velocidade e direção dos objetos, posição, estrutura e orientação espacial de objetos, todas as funções determinantes no movimento funcional. (Verifique a figura 3-10 na página 66 do seu material didático).
O sistema vestibular
Podemos resumir as funções do sistema vestibular pelas funções de seus três componentes: o sistema sensorial periférico, o processamento central e a resposta motora.
O componente periférico é formado por receptores especializados na percepção dos movimentos que enviam informações ao sistema nervoso central sobre a velocidade angular da cabeça, a aceleração linear e a orientação da cabeça em relação a eixo gravitacional.
Por meio dessas informações o sistema nervoso central utiliza o processamento paralelamente distribuído para identificar a posição da cabeça no espaço e gerar uma resposta motora que é enviada até os músculos extraoculares e à medula espinhal, que por sua vez, geram os principais reflexos para o ajuste da postura: O reflexo-vestíbulo-ocular e o vestíbulo-espinhal respectivamente.
O reflexo vestíbulo-ocular permite manter o foco de visão nítido enquanto a cabeça é movimentada e o reflexo vestíbulo espinhal gera o movimento corpóreo de compensação em relação ao movimento da cabeça, responsável pela manutenção do equilíbrio.
O sistema vestibular é composto pelo labirinto membranoso do ouvido interno e pela cóclea. O labirinto é formado por uma série de tubos e sacos localizados no osso temporal que são cobertos pela perilinfa e preenchidos com a endolinfa.  A parte do sistema vestibular dos labirintos possui cinco receptores: três canais semicirculares, o utrículo e o sáculo.
Cada canal semicircular tem uma dilatação conhecida como ampola.
Em cada ampola existe uma crista denominada crista ampular, e na porção superior da crista há uma substância gelatinosa, que é conhecida como cúpula.
No interior da cúpula, se projetam os cílios das células ciliadas localizadas ao longo da crista ampular. As células ciliadas enviam informações às fibras nervosas sensoriais que se seguem até o nervo vestibular.
A inclinação da cúpula para um lado, determinada pelo fluxo de líquido nos canais, estimula as células ciliadas, enquanto a inclinação em direção oposta as inibe.
Cada célula ciliada tem um grande número de pequenos cílios e um cílio maior conhecido por cinocílio. O cinocílio está localizado num lado da célula ciliada, sempre o mesmo lado da célula com relação à sua orientaçãona crista ampular. Esta é a causa da sensibilidade direcional das células ciliadas.
A alteração da posição da cabeça determina quando o cílio se inclina em direção ao cinocílio e inibição quando se inclina na direção oposta.
Aula 7: O sistema de ação: o movimento
Iniciaremos o estudo dos Sistemas de Ação. Esse sistema é composto por áreas do córtex motor, pelo cerebelo e os gânglios basais. Nessas estruturas encefálicas acontece o processamento essencial para o controle do movimento.
Na aula 7, estudaremos apenas o córtex motor, para isso vamos rever as estruturas envolvidas no esforço cooperativo para produção do movimento funcional: a cognição, a percepção e a ação. O sistema de ação é composto por estruturas do encéfalo que planejam efetivamente o movimento dos músculos utilizando para isso, todas as informações sensoriais discutidas nas aulas 5 e 6.  
A execução do movimento funcional inicia com a cognição representada pela “vontade”. Por exemplo: vontade de tomar um copo de leite, como no exemplo da página 49 do seu material didático.
Inicialmente, o sistema sensorial prepara o mapa do corpo no espaço e localiza o alvo da ação: o copo e a caixa de leite, posteriormente os sistemas de ação preparam o planejamento da ação muscular determinando quais músculos serão utilizados para essa tarefa, qual a força será exercida pelos músculos e o tempo de manutenção dessa força, além de calcular e antecipar as possíveis alterações impostas por restrições do ambiente, promovendo o movimento adequadamente coordenado com o gasto mínimo de energia que atenda às demandas das tarefas. Nessa aula, vamos estudar as estruturas encefálicas envolvidas nesse controle.
	
Na figura 2, observamos um corte da lateral direita do giro pré-central, onde está localizado o córtex-motor primário. Sobre os neurônios dessa região foram esquematizadas partes do corpo que cada grupo de neurônios controla. Lembre-se que o mapa é o mesmo na lateral esquerda do cérebro. Assim como no córtex somatossensitivo primário está representado o homúnculo sensorial, no córtex-motor primário está representado o homúnculo motor.
Volte à aula 5 e veja a diferença entre os mapas sensorial e motor. 
Você pode observar que as mãos, a boca e outras partes do corpo que exigem movimentos mais complexos e detalhados possuem uma representação maior no mapa motor e sensorial, o que produz uma distorção na representação do corpo nesses mapas. 
Isso significa que quanto mais complexo detalhado o movimento mais neurônios são necessários para garantir a coordenação adequada desses movimentos.
Vale lembrar que no córtex somatossensitivo primário representado pelo homúnculo sensorial, chegam as informações sensoriais para o controle do movimento. Do córtex-motor primário, representado pelo homúnculo motor, saem as informação motoras para os motoneurônios da medula produzirem a contração muscular.
Na área motora suplementar e na área pré-motora não é possível determinar um mapa representativo dos segmentos corporais, os neurônios dessas regiões trabalham com a coordenação dos movimentos e para isso ativam múltiplos músculos simultaneamente.
Para o planejamento do movimento o córtex-motor recebe informações das áreas sensoriais, do tálamo, das áreas de associação sensorial, dos gânglios da base e do cerebelo.
Em situações específicas, quando o ambiente impõe uma alteração na organização do planejamento, o córtex-motor primário pode receber informações diretamente dos músculos e da pele para modificação rápida, necessária para alterar o planejamento motor.
Isso pode acontecer quando você ao erguer um objeto faz um cálculo errado do peso, prepara uma força exagerada para o peso do objeto ou vice-versa. Pesquisadores acreditam que essas informações chegam diretamente ao córtex-motor primário por meio dos reflexos originados na medula espinhal.
A área motora suplementar
Experimentos demonstraram que a área motora suplementar não é ativada na execução de tarefas simples ou movimentos repetitivos, Para essas tarefas apenas a área motora primária e pré-motora são ativadas.
Nas tarefas complexas que envolvem uma sequência de movimentos ordenados e decompostos em movimentos parciais, as três áreas são ativadas e quando apenas ensaiamos uma tarefa, ou seja, reproduzimos os gestos de uma tarefa complexa, apenas a área motora suplementar é ativada.
Esses experimentos concluíram que a área motora suplementar está envolvida com o planejamento de movimentos complexos, balísticos e sequenciais. 
Movimentos balísticos são movimentos que não variam uniformemente são decompostos em movimentos parciais como, por exemplo, atirar uma pedra.
Outros experimentos demonstraram que as tarefas complexas iniciadas e orientadas pela visão são moduladas principalmente pelo córtex pré-motor e quando nos lembramos dos movimentos necessários para uma tarefa complexa a área motora suplementar é que comanda os gestos envolvidos nessa tarefa.
As áreas de associação de nível superior
Localizada no lobo frontal, nas áreas de associação de nível superior concentra-se principalmente a associação das funções cognitivas para produção da resposta motora adequada para a execução da tarefa. É uma área envolvida com o planejamento motor e outros comportamentos cognitivos. Essa área é ativa em tarefas espaciais que exigem atenção e utilização da memória funcional para produção de uma nova resposta motora.
Lesões nessa área determinam a dificuldade na execução de tarefas espaciais (que precisa levar em conta o espaço em que está sendo executada) no tempo de execução das tarefas e na seleção das estratégias motoras adequadas para as demandas da tarefa. Todas essas dificuldades podem ser observadas em maior ou menor grau na deficiência intelectual.
	
No Mal de Parkinson, os comandos encefálicos para o controle do movimento estão alterados.  Especificamente, uma disfunção em um grupo de neurônios impede secreção de dopamina que tem função no controle do movimento, na motivação e sensação de prazer. Tanto no Mal de Parkinson, quanto em qualquer disfunção motora, todos os sistemas de controle motor são alterados, exigindo do terapeuta um plano de tratamento de ação conjunta, uma vez que todos os sistemas trabalham em circuitos paralelamente integrados para garantir a produção do movimento funcional.
Aula 9 
plasticidade neural, ou a capacidade do sistema nervoso de alterar as formas e funções. Podemos dizer que esse termo refere-se à adaptação e reorganização da dinâmica do sistema nervoso para atender às demandas do ambiente e do organismo.
Esse processo acontece de forma fisiológica, no aprendizado de uma nova tarefa, como tocar um instrumento ou quando uma criança aprende a andar, falar ou escrever
Definir aprendizagem motora. 
2. Definir memória. 
3. Identificar os tipos de memórias. 
4. Identificar os meios de aprendizagem. 
5. Identificar os tipos de conhecimento
Essa capacidade do sistema nervoso é, também, acionada como forma de recuperação quando uma estrutura neural é prejudicada. Graças a esta capacidade é que, pessoas que sofreram acidentes, muito graves, às vezes com perda de partes do sistema nervoso, podem recuperar partes ou totalmente as funções perdidas.
Esse processo acontece de forma fisiológica, no aprendizado de uma nova tarefa, como tocar um instrumento ou quando uma criança aprende a andar, falar ou escrever.
A Plasticidade Neural
Aprendizagem motora é o processo de aquisição e/ou modificação do movimento. Quando uma criança nasce, ao longo do primeiro ano de vida, aprende a engatinhar; sentar; ficar de pé e andar, dizemos que ela adquiriu as funções motoras básicas, esse é o processo de aquisição do movimento e implica na alteração na estrutura cerebral para que a criança possa atender às demandas do novo ambiente. 
A plasticidade como uma capacidade de demonstrar modificação e a plasticidade de aprendizagem, vamos conhecer como o sistema nervoso,ao atender as demandas da tarefa, pode produzir modificações a curto e longo prazos e a relação dessa
Aprendizagem  e memória
Como exemplificamos acima a aprendizagem é a aquisição de um conhecimento. A aprendizagem tem uma intima relação com a memória, uma vez que esta é capacidade de reter, de armazenar esse novo conhecimento.
O processo de armazenamento do novo conhecimento é composto por duas etapas:
A primeira etapa chamada de memória de curto prazo, é a informação do depósito sensorial, ou seja, as informações sensoriais chegam ao córtex e esse imediatamente cria um novo planejamento para atender às demandas da nova tarefa. Esse novo planejamento dura apenas segundos ou minutos. Essa memória é chamada também de operacional ou memória de trabalho, serve apenas para operacionalizar a nova tarefa nesse momento. Outro exemplo é quando nos lembramos do telefone de alguém, apenas por tempo suficiente para discar o número e depois nos esquecemos.
A segunda etapa é chamada de memória de longo prazo, acontece se o indivíduo repete em um contínuo, a nova tarefa. Tomando o exemplo do adolescente que está aprendendo a tocar violão. Se esse adolescente tomar apenas algumas aulas, não treinar em casa, a nova tarefa será esquecida rapidamente, se, ao contrário, o adolescente continuar a reproduzir os movimentos necessários para essa tarefa o contínuo de repetição promoverá uma modificação na eficiência das sinapses necessárias para essa tarefa, criando modificações estruturais nas conexões sinápticas, podemos dizer que essas sinapses não são sujeitas à ruptura que acontece com as sinapses na memória de curto prazo.
Plasticidade e aprendizagem
Considerando o controle motor como o resultado das estruturas encefálicas que agem integradamente para controlar os graus de liberdade das articulações, devemos entender a aprendizagem motora como o aprendizado de novas estratégias de pensar sentir e movimentar, uma vez que esse processo sempre acontecerá na inter-relação da percepção, da cognição e da ação. Assim, a aprendizagem motora é resultado da prática ou experiência em uma tarefa levando em consideração os aspectos limitadores do ambiente, os aspectos do indivíduo e as características da tarefa a ser executada, dessa maneira a aprendizagem motora resultará em uma nova habilidade.
A aprendizagem altera nossa capacidade de agir mudando a eficácia e o trajeto anatômico dos caminhos neurais e esse processo é definido como memória.
Existem dois meios de aprendizagem, iniciaremos pelas formas não associativas de aprendizagem:
Aprendizagem não associativas de
As formas não associativas de aprendizagem ocorrem quando o sistema nervoso recebe um estímulo único por repetidas vezes até que o sistema nervoso aprenda as características desse estímulo. Essa maneira de aprender pode ocorrer de duas formas distintas: Por Habituação: Aprendemos por habituação quando o estímulo aplicado repetidas vezes provoca, no sistema nervoso, uma redução da resposta a esse estímulo, nesse caso dizemos que o sistema nervoso habituou-se a esse estímulo e a resposta diminui porque ele entende que esse estímulo é habitual, é normal. Na prática clínica esse tipo de aprendizagem é utilizado nos tratamentos de alguns tipos de tonturas e desequilíbrios. As tonturas acontecem por uma reação exagerada do sistema nervoso à alteração da posição da cabeça no espaço.
Para o tratamento dessa condição é apropriado que o terapeuta aplique repetidamente os movimentos que provocam a tontura. Esses excessos de estímulos farão com que o sistema nervoso reduza sua atividade na reposta às mudanças de cabeça nas atividades de vida diária, ele tem uma resposta de redução da atividade porque habituou-se com esse estímulo. Na estrutura funcional do sistema nervoso observamos que ocorre em curto prazo uma redução na amplitude dos potencias pós-sinápticos excitatórios (PPSE) produzidos pelos neurônios sensoriais na informação da mudança de posição da cabeça. Inicialmente de pouca duração e com a sequência da terapia, mudanças estruturais ocorrerão nessa sinapse com uma redução permanente dessa atividade sináptica, formando a memória de longo prazo, isso significa que o neurônio sensorial aprendeu a amplitude de potencial sináptico adequado para informar as alterações de posicionamento da cabeça nas atividades de vida diária.
Outra forma de aprendizagem não associativa é a aprendizagem por sensibilização. Ao contrário da habituação a sensibilização é o processo de aprendizagem cujo resultado no sistema nervoso é o fortalecimento das sinapses e como resultado acontece um aumento das respostas. A sensibilização tem relação com estímulos prejudiciais, tem função de criar a memória de situações que devemos evitar e pode ser utilizado como equilibrador dos efeitos da habituação. Por exemplo, receber um estímulo nocivo na pele como uma agulhada, após receber um toque leve. Após uma pessoa estar habituada a um estímulo, estímulos dolorosos podem inibir a habituação. A sensibilização pode ter influência genética, uma vez que na sensibilização de longo prazo acontece a síntese de novas proteínas e na habituação de longo prazo ocorrem apenas modificações dessas proteínas. De qualquer maneira, tanto na habituação quanto na sensibilização ocorrem aprendizagem a curto e longo prazo.
A aprendizagem  associativa
O segundo meio de aprendizagem, a aprendizagem associativa, ocorre com a  associação de ideias, dessa maneira, o indivíduo aprende a prever as relações entre um estímulo e outro, Nesse caso diz-se que a aprendizagem é associativa de condicionamento clássico. A aprendizagem associativa pode ocorrer, também, quando o indivíduo aprende a relacionar um comportamento com uma consequência, nesse caso chamamos de condicionamento operante. Pesquisas indicam que a aprendizagem associativa ocorre com modificações simples nas conexões sinápticas, iniciando quando dois neurônios estão ativos, ao mesmo tempo, indicando a associação. Com a prática, ocorre uma mudança nas proteínas dos dois neurônios envolvidos, criando a eficiência sináptica características da aprendizagem de longo prazo.
Na prática clínica, o condicionamento clássico, considerado mais simples, consiste em aprender organizar dois estímulos ao mesmo tempo, por exemplo, mostrar um exercício e explicá-lo ao mesmo tempo, depois de algumas correções o paciente será capaz de executar o exercício apenas com os comandos verbais. No condicionamento operante as vias límbicas para compreensão da recompensa de um determinado comportamento são acionadas. O cérebro associa o comportamento com suas consequências. Em modelos de aprendizagem animal podemos utilizar o exemplo de um cachorro que fique nas patas traseiras, ao comando verbal do dono ou visão de uma comida como recompensa do comportamento de ficar sobre as patas traseiras. Na prática clínica o princípio do condicionamento operante é utilizado tornando uma tarefa motora prazerosa, uma vez que comportamentos recompensados tendem a ser repetidos da mesma forma que comportamentos seguidos de estímulo negativo nem sempre são repetidos.
Com relação ao tipo de conhecimento adquirido podemos classificar a aprendizagem em processual e declarativa:
A aprendizagem processual, também chamada de não- declarativa, é o resultado do conhecimento implícito, acontece na aprendizagem de movimentos automáticos, sem a atenção ou consciência da aprendizagem e resulta na melhora das habilidades motoras. Nesse tipo de conhecimento o cerebelo e córtex- motor têm papel fundamental.
Por outro lado, a aprendizagem declarativa que resulta no conhecimento explícito requer processos conscientes e o circuito sináptico envolve o lobo temporal. Nesse tipo de conhecimento, é necessária a atenção mantida para o aprendizado.
Perguntas ?
Aprendizagem e Memória.
Plasticidade e Aprendizagem.
Aprendizagem Associativa.
Tipos de Conhecimentos
Estudaremos a Plasticidade Induzida pela Lesão abordando os seguintes assuntos:
Respostas Celulares para a lesão.
Alterações nos mapas corticais
Aula10
A plasticidade induzida pela lesão e recuperação da função
sistema nervoso central é uma estrutura adaptável ao ambiente e o processo de adaptação provoca mudanças na estrutura e função desse sistema. Além desse conceito compreende-se que a interação do individuo e ambiente vai resultar em comportamentos individuais, ou seja, se os indivíduos vivem em ambientes diferentes os comportamentos aprendidos serão variados. Por isso dizemos que a plasticidade neural resulta na adaptabilidade e individualidade comportamental.
A adaptabilidade do sistema nervoso pode ocorrer durante toda a vida, no entanto, consideram-se situações em que classicamente a plasticidade ocorre de maneira mais intensa. São elas: O desenvolvimento intrauterino, a aprendizagem nos primeiros anos de vida e após uma lesão neural.
A plasticidade do desenvolvimento inicia-se ainda no ventre materno, tem relação com a maturação do sistema nervoso que inicia com a embriogênese e termina ao nascimento. A plasticidade do desenvolvimento continua intensamente nos primeiros anos de vida, representada principalmente, pelo ciclo auto alimentador de estimulação sensorial que aumenta as possibilidades motoras que vão aumentar as possibilidades cognitivas que vão estimular a busca mais estímulos sensoriais.
A lesão promove, no sistema nervoso central, vários eventos que ocorrem no local da lesão e em locais distantes da lesão primária. Resumidamente a lesão pode promover três situações distintas:
Respostas dos neurônios para a lesão
Esse fenômeno é também conhecido como “efeitos a distância” Esse termo é usado para explicar porque a lesão em uma determinada área cerebral pode, inicialmente, gerar reações relacionadas à lesão de neurônios de outras áreas.  Dizemos que esse mecanismo ocorre por um processo trans-sináptico de depressão na excitabilidade neuronal. À medida que a depressão funcional regride nestas áreas mais distantes, o quadro clínico pode sofrer grandes mudanças de um dia para o outro. A diasquise decorre de um desequilíbrio entre excitação e inibição entre as diferentes áreas cerebrais após uma lesão. O desaparecimento gradual deste desequilíbrio não significa, portanto, um mecanismo genuíno de recuperação funcional, mas de desmascaramento de uma potencialidade funcional que havia sido comprometida temporariamente. Podemos definir a diasquise como uma interrupção temporária da função, produzida pelo choque logo após a lesão.
Edema
É um aumento na quantidade de líquido no tecido cerebral, é causado por lesões localizadas como, por exemplo: tumores, abscessos e hematomas, ou por lesões difusas nos casos de meningite, anóxia e alguns tipos de intoxicações. O edema sempre causa o aumento de volume do encéfalo e esse aumento de volume aumenta pressão intracraniana (PIC), que vai causar mais lesão, além da lesão primária.  Existem dois tipos de edema cerebral:
- O edema vasogênico: é comum ocorrer o edema do tipo vasogênico no espaço circundante às lesões causadas por contusões, tumores, infartos, hematomas e abscesso. Nesse tipo de edema acontece o extravasamento de água, eletrólitos e proteínas dos vasos sanguíneos lesados.
- O edema citotóxico: ocorre como respostas à anóxia difusa como, por exemplo, na parada cardíaca, é menos frequente e leva ao acúmulo de líquido intracelular, mais acentuado na substância cinzenta. 
- O edema de ambos os tipos, no local da lesão comprime os axônios e o bloqueio da transmissão sináptica. Com a redução do edema a transmissão sináptica é recuperada e restabelecida a função.
Supersensibilidade de Desnervação 
Essa condição acontece quando um neurônio perde a informação que chega de outra região cerebral. Nesse caso a membrana pós-sináptica torna-se hiperativa quando há liberação de alguma substância neurotranmissora. 
A figura 1 representa um circuito neural, no caso de lesão do neurônio B, nas primeiras horas e dias após a lesão, pode ocorrer a diasquise, ou seja, os neurônios A e C podem ter sua atividade funcional deprimida. Com o passar do tempo os neurônios A e C voltam a se recuperar e até mesmo intensificar o seu nível de atividade, por uma hiperativação da membrana pós-sináptica. Essa é supersensibilidade de desnervação.
Revelação de Sinapses Silentes
São chamadas sinapses silentes algumas sinapses presentes no sistema nervoso, mas sem função. Sinapses silenciosas proveem uma segunda rede de junções que normalmente não é utilizada, mas é capaz ser ativada no caso de uma depressão das sinapses adjacentes. Essa ativação é chamada revelação porque torna a rede sináptica funcionalmente ativa e assim possibilita a recuperação da função.
Regeneração Neural 
Regeneração Neural ou Sinaptogênese Regenerativa é o termo utilizado para germinação de axônios lesados. Pesquisas demonstraram que após uma lesão o axônio, em poucos dias, é capaz de germinar, crescer e, eventualmente, restabelecer a conexão que havia perdido, desde que o neurônio-alvo fique a pequena distância. Na maioria das vezes, essas sinapses não restabelecem a função completamente. Assim sendo, as pesquisas ainda não conseguiram esclarecer se a sinaptogênese regenerativa pode ajudar ou não no restabelecimento do comportamento funcional existente antes da lesão.
Germinação Colateral
A germinação colateral também pode ser chamada de sinaptogênese reativa. Pode ocorrer quando os axônios próximos a uma lesão germinam e se direcionam para restabelecer a sinapse que anteriormente eram ativadas pelos neurônios lesados. Pesquisas indicam que a germinação colateral pode restabelecer o comportamento funcional prévio e pode ser manipulada pelo ambiente, ou seja, acontece se o paciente é estimulado para reproduzir a tarefa funcional que ativa o circuito neural lesado.
Remapeamento após as lesões periféricas
a figura ao lado, apresentamos um caso de amputação e transplante do antebraço. Nessa figura, podemos observar as modificações no mapa sensorial que ocorreram logo após a amputação, logo depois do transplante e muito tempo após o transplante. Podemos observar que logo após a lesão há um grande aumento do tamanho do mapa cortical da face (em amarelo). No mapa após o transplante, observamos a ativação de alguns neurônios da mão no local ocupado pelos neurônios da face após o transplante (pontos azuis). Tempos após o transplante observa-se que houve nova modificação no mapa cortical, com o retorno dos neurônios sensitivos da mão (azul) e diminuição do tamanho do mapa sensorial da face (amarelo). Esse estudo indica que o mapa cortical pode ser reorganizado mais de uma vez.
Devemos considerar que em alguns casos os tractos descendentes diretos, aqueles que não cruzam antes de chegar à medula, são importantes para recuperação de funções motoras no hemicorpo contralateral quando há lesões em um único hemisfério cerebral.
Outra consideração importante na recuperação da função após lesões corticais, é que existem múltiplos trajetos para o córtex-motor e sensorial, para uma mesma tarefa funcional e apenas um deles é dominante para essa tarefa. No entanto, após uma lesão em determinado trajeto, um trajeto não dominante pode assumir as funções. Esse conceito leva à conclusão de que os mapas corticais são muito dinâmicos e que o mapa sensorial e motor estão em modificação constante de acordo com a ativação sensorial periférica.
Estudos demonstram que o sistema nervoso é capaz de se reorganizar após lesões centrais ou periféricas. Nas lesões periféricas de pequena extensão, elas podem ocorrer em curto prazo, mas não são funcionais e não acontecem em lesões extensas. É conhecido que os neurônios do córtex-motor, em condições fisiológicas, possuem colaterais até as áreas adjacentes que formam sinapses com interneurônios inibidores. Acredita-se que esses colaterais possam reorganizar o mapa cortical por revelação de sinapses silentes quando há alguma lesão.
Nos casos de lesões extensas do córtex acredita-se que a reorganização funcional acontece porque áreas com a mesma função em regiões distantes da área lesada, assumemas funções dos neurônios perdidos. Nessa situação, a reorganização é extensa e afeta as vias de condução neural, os tractos.
Na prática clínica, o planejamento do tratamento deve levar em consideração os seguintes preceitos:
Logo após a lesão, a reorganização imediata acontece pela revelação de sinapses silentes oriundas de áreas adjacentes, mas não são funcionais.
Na mudança mais duradoura, as informações das áreas adjacentes assumem partes da região lesada.
experiência, representada pelo treinamento na tarefa que se pretende recuperar, é a condição da modificação do mapa cortical e recuperação de parte ou o total ou mesmo de adaptação das funções após a lesão.
Assim como a experiência leva ao aprendizado e incorporação da experiência no repertório funcional, determinando a modificação do mapa sensório-motor, o “desuso aprendido” leva à atrofia cortical da área do membro em desuso. Apesar da ausência da função, também, gerar a alteração do mapa cortical essa é uma alteração indesejada nos processos de reabilitação e ou aquisição da função motora.
A individualidade comportamental determina que o terapeuta, ao planejar o tratamento, leve em consideração o ambiente em que vive o paciente e o significado dos gestos motores na recuperação da função perdida.

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