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UNIVERSIDADE FEERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE BIOLOGIA GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS LUIZ FELIPE BAIRRAL FONSECA A PERSPECTIVA DOS PROFESSORES DE CIÊNCIAS SOBRE A INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS NO ENSINO REGULAR DA REGIÃO DE INCONFIDENTES – MG UBERLÂNDIA – MG 2019 Pré-projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como pré-requisito de conclusão do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, da Universidade Federal de Uberlândia, para obtenção do título de licenciando em Ciências Biológicas. LUIZ FELIPE BAIRRAL FONSECA A PERSPECTIVA DOS PROFESSORES DE CIÊNCIAS SOBRE A INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS NO ENSINO REGULAR DA REGIÃO DE INCONFIDENTES – MG Orientador (a): UBERLÂNDIA - MG 2019 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 4 2. PROBLEMA ............................................................................................................................... 5 3. HIPÓTESE .................................................................................................................................. 5 4. OBJETIVOS ............................................................................................................................... 5 5. JUSTIFICATIVA ........................................................................................................................ 6 6. METODOLOGIA DA PESQUISA............................................................................................. 7 7. REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................................... 9 8. CRONOGRAMA ...................................................................................................................... 15 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 17 ANEXOS........................................................................................................................................... 19 4 1. INTRODUÇÃO A partir da Declaração de Salamanca, 1994, da qual o Brasil é um dos signatários, a inclusão escolar de crianças com necessidades especiais no ensino regular tem sido tema de pesquisas e de eventos científicos, abordando desde os pressupostos teóricos político- filosóficos até formas de implementação das diretrizes estabelecidas na referida declaração. Entre os enfoques pesquisados está o que envolve as opiniões de docentes e demais profissionais da comunidade escolar sobre a proposta inclusiva e sua participação neste tipo de projeto, uma vez que professores e diretores apresentam funções essenciais na estrutura e no funcionamento do sistema educacional, suas opiniões podem fornecer subsídios relevantes para a compreensão de como estão sendo desenvolvidos projetos dessa natureza. Sabe-se que os fundamentos da inclusão escolar se centralizam numa concepção de educação de qualidade para todos, no respeito à diversidade dos educandos. Assim, cada vez mais tem sido reiterada a importância da preparação de profissionais e educadores, em especial do professor de classe regular, para o atendimento das necessidades educativas de todas as crianças, com ou sem deficiências. Observa-se que o que se tem colocado em discussão, principalmente, é a ausência de formação especializada dos educadores para trabalhar com essa clientela e isso certamente se constitui em um sério problema na implantação de políticas desse tipo. Atentando a isso, o presente projeto levanta alguns questionamentos, a saber, será que os professores da educação regular têm uma formação necessária para atender estes alunos com necessidades especiais? Estes mesmos professores têm conhecimento das normativas existentes que garante o acesso destes alunos ao ensino regular? Se sim, é aplicada? De que forma? 5 2. PROBLEMA A perspectiva dos professores de ciências do 9º ano do ensino fundamental sobre a inclusão de alunos com necessidades educativas especiais no ensino regular das escolas públicas e privadas da região de Inconfidentes – MG. 3. HIPÓTESE Levando em consideração a formação da grande maioria dos profissionais do ensino de ciências que atuam nas escolas da região é esperado notar que a grande maioria não teve na graduação uma formação que levasse em consideração estes estudantes. Muitos profissionais acreditam que apenas os cursos de formação continuada ou de extensão são necessários para atender estes. 4. OBJETIVOS 4.1 GERAL Caracterizar o grau de instrução do professor de ciências do ensino regular para lidar com esse estudante com necessidades educativas especiais e o conhecimento do mesmo acerca das políticas existentes para garantir a inclusão. 4.2 ESPECÍFICOS Realizar um levantamento das escolas de ensino regular da rede pública e privada de ensino da região de Inconfidentes - MG e a partir deste obter informações sobre os níveis de ensino e se há alunos com necessidades educativas especiais. Verificar se as políticas de inclusão dos estudantes com necessidades educativas especiais estão sendo aplicadas, em caso positivo, como é essa aplicação, em caso negativo o porquê da não aplicação. 6 5. JUSTIFICATIVA Ao ter uma experiência como bolsista interdisciplinar (ID) no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) trabalhei com estudantes com necessidades educativas especiais, tal experiência me levantou um questionamento de como teria, ou como aperfeiçoaria minha formação para atender estes estudantes assim que entrasse no mercado de trabalho. Ao conversar com alguns professores do curso de licenciatura em Ciências Biológicas, outros questionamentos, surgiram: qual seria a formação do professor que já exerce essa profissão; qual seriam as suas práticas de ensino que ele aprendeu e utiliza com estes alunos. Ao pesquisar trabalhos/artigos sobre a temática não encontrei nem mesmo uma pesquisa ou levantamento que sustente a discussão sobre esses estudantes e a formação do professor de ciências. A realização desse projeto leva em consideração, entre outros fatores, a inserção cada vez maior de estudantes com necessidades educativas especiais na rede regular de ensino da região de Inconfidentes - MG. Hoje essa rede conta com 69 unidades, oferecendo ensino desde a pré-escola até o Ensino Médio (regular e técnico), com aproximadamente __ estudantes divididos nas modalidades de ensino, sendo ___ com necessidades educativas especiais. A educação é um dos principais alicerces da vida social, ela transmite e amplia a cultura social constituída, estende a cidadania e constrói saberes, mais que isso, ela é capaz de ampliar as margens da liberdade humana. Em todo mundo, durante muito tempo, o DIFERENTE foi colocado à margem da educação; o aluno com necessidades educativas especiais, particularmente, era atendido apenas em separado ou então simplesmente excluído do processoeducativo formal geral, ainda ligada a padrões de normalidade; a educação especial, quando existente, também mantinha-se apartada em relação à organização e provisão de serviços educacionais. O Brasil fez a opção pela construção de um sistema educacional inclusivo ao concordar com a Declaração Mundial de Educação para todos, firmada em Jomtien, na Tailândia em 1990, e ao mostrar consonância com os postulados produzidos em Salamanca, Espanha em 1994, na Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais: Acesso e Qualidade. Desse documento, ressalta-se alguns trechos que criam justificativas para as propostas apresentadas: 7 -Todas as crianças, de ambos os sexos, têm direito fundamental à educação, e que a elas deve ser dada a oportunidade de obter e manter um nível aceitável de conhecimentos; -Cada criança tem características, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem que lhe são próprios; -Os sistemas educativos devem ser projetados e os programas aplicados de modo que tenham em vista toda a gama dessas diferentes características e necessidades; -As pessoas com necessidades educativas especiais devem ter acesso às escolas comuns que deverão integrá-las numa pedagogia centralizada na criança, capaz de atender a essas necessidades; -As escolas comuns, com essa orientação integradora, representam o meio mais eficaz de combater atitudes discriminatórias, de criar comunidades acolhedoras, construir uma sociedade integradora e dar educação para todos; além disso, proporcionam uma educação efetiva à maioria das crianças e melhoram a eficiência e, certamente, a relação custo-benefício de todo o sistema educativo. A partir dessas declarações e acordos internacionais, utiliza-se então destas diretrizes para fundamentar a Lei de Diretrizes e Base de 1996 dedica um capítulo para abordar e normatizar o acesso dos alunos com necessidades especiais no ensino regular: Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder público. Parágrafo único. O poder Público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo. A seguir, apresentaremos a metodologia da pesquisa e o referencial teórico que a embasa. 6. METODOLOGIA DA PESQUISA A presente pesquisa é classificada como exploratória, que na visão de Gil (2008 p. 41) têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou descoberta de intuições. Na maioria dos casos, essas pesquisas envolvem levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado e análise de exemplos que estimulem a compreensão. 8 Entretanto ao mesmo tempo, a pesquisa assume um caráter descritivo, que segundo Gil (2008): Têm como objetivo primordial a descrição de características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. Uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática. Algumas pesquisas vão além da simples identificação da existência de relações entre variáveis, e pretendem determinar a natureza dessa relação. Nesse caso, tem-se uma pesquisa descritiva que se aproxima da explicativa. Quanto as técnicas, a pesquisa se categoriza como documental, que também se assemelha muito a pesquisa bibliográfica, a diferença essencial entre ambas está na natureza das fontes, enquanto a pesquisa bibliográfica utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não recebem ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa. (GIL, 2008, p. 45) Além da análise documental, será realizado um levantamento junto a direção das escolas da região afim de categorizar as escolas da região. Este levantamento ocorrerá por intermédio de um questionário estruturado (Anexo II) encaminhado a coordenação das escolas que a partir dele devem informar a quantidade de estudantes da escola, os estudantes com necessidades educativas especiais, em que ano/série que este estudante está matriculado. Com essas informações dadas pelos coordenadores das instituições será elaborado um gráfico/tabela demonstrando estes resultados, a partir destes será realizada a segunda etapa da pesquisa que é a pesquisa direta com os professores de ciências dessas escolas. Pode ocorrer da escola se negar a responder o questionário, ou mesmo, participar da pesquisa e isto é um fato que teremos que lidar. Ao fazer este levantamento e a partir dele o censo da região, estaremos realizando uma análise quantitativa que de acordo com Michel (2005) é um método de pesquisa social que utiliza a quantificação nas modalidades de coleta de informações e no seu tratamento, mediante técnicas estatísticas, tais como percentual, média, desvio-padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão, entre outros. Após essa primeira fase, será realizada entrevistas com os professores de ciências das escolas em que ocorrem o aparecimento de estudantes com necessidades educativas especiais no nono ano do ensino fundamental. Esta entrevista que é semiestruturada tem como base um questionário onde será realizado uma categorização deste professor, sendo abordado aspectos como a sua formação, o seu conhecimento acerca das leis/normativas da inclusão destes estudantes, e principalmente a suas práticas de inclusão. 9 Ao realizar este tipo de metodologia não nos preocupamos com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc. Segundo Goldemberg (1997, p. 34) os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa opõem-se ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências, já que as ciências sociais têm sua especificidade, o que pressupõe uma metodologia própria. Assim, os pesquisadores qualitativos recusam o modelo positivista aplicado ao estudo da vida social, uma vez que o pesquisador não pode fazer julgamentos nem permitir que seus preconceitos e crenças contaminem a pesquisa. Ainda segundo Poupart (1991, p. 58) na pesquisa qualitativa, o cientista é ao mesmo tempo o sujeito e o objeto de suas pesquisas. O desenvolvimento da pesquisa é imprevisível. O conhecimento do pesquisador é parcial e limitado. O objetivo da amostra é de produzir informações aprofundadas e ilustrativas: seja ela pequena ou grande, o que importa é que ela seja capaz de produzir novas informações. 7. REFERENCIAL TEÓRICO A partir da Lei de Diretrizes e Base 9394/96 vislumbrou-se no Brasil um cenário propício para a temática de educação inclusiva. Para BIANCHI e BRAGA (2003 apud Barros et al, 2017), faz-se necessário considerar alguns marcos e tendências acerca da forma com a qual foi tecida a atual política de educação noBrasil. Nessa estrutura, percebe-se os avanços e suas particularidades, suas principais mudanças, como se estabeleceram as características dos programas governamentais, as principais diferenças entre a Educação Inclusiva e a Educação Especial, os conceitos e problemáticas que permeiam a Educação Especial. Segundo Mazzota (1996) a trajetória da Educação Especial no Brasil é marcada por uma combinação de práticas assistencialistas e educacionais, na qual uma parcela da população se viu desprezada a atitudes isoladas, ofertas de serviços prestados por instituições públicas, privadas e filantrópicas. O autor identifica três grandes períodos nessa trajetória. O primeiro se estabelece de 1954 a 1956, onde começa a revelar uma tendência de afirmação do campo da Educação Especial. O segundo a partir de 1957 até 1993, em que percebe-se um avanço em direção a iniciativas públicas, que passa a desenvolver campanhas e estruturar órgãos de acordo com as diferentes deficiências. O terceiro se deu a partir da Declaração de Salamanca (1994) quando foi instituído dever do Estado incluir todas as 10 crianças e jovens com necessidades educativas especiais às escolas regulares, cabendo-lhes as adequações indispensáveis, pois, são as escolas os meios mais capazes para combater as atitudes discriminatórias, construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a educação para todos. A primeira grande iniciativa de atenção à pessoa com deficiência se deu a partir do “Plano Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência - Viver sem Limite”, o qual destaca a necessidade de viabilizar a inclusão social das pessoas com deficiência em todo o país, além de prever um investimento de cerca de 7,6 bilhões de reais até 2014, em áreas como acessibilidade arquitetônica e urbanística, saúde e educação, entre outras. Conforme o decreto nº 7616/2011, [...] é dever do Estado com a educação das pessoas público-alvo da educação especial será efetivado de acordo com as seguintes diretrizes: I - garantia de um sistema educacional inclusivo em todos os níveis, sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades; II - aprendizado ao longo de toda a vida; III - não exclusão do sistema educacional geral sob alegação de deficiência; IV - garantia de ensino fundamental gratuito e compulsório, asseguradas adaptações razoáveis de acordo com as necessidades individuais - oferta de apoio necessário, no âmbito do sistema educacional geral, com vistas a facilitar sua efetiva educação; VI - adoção de medidas de apoio individualizadas e efetivas, em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social, de acordo com a meta de inclusão plena; VII - oferta de educação especial preferencialmente na rede regular de ensino; VIII - apoio técnico e financeiro pelo Poder Público às instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial. (BRASIL, 2011, s/p). O decreto ainda institui que: […] para efeito da distribuição dos recursos do FUNDEB, será admitida a dupla matrícula dos estudantes da educação regular da rede pública que recebem atendimento educacional especializado. A dupla matrícula implica o cômputo do estudante tanto na educação regular da rede pública, quanto no atendimento educacional especializado.§ 2º O atendimento educacional especializado aos estudantes da rede pública de ensino regular poderá ser oferecido pelos sistemas públicos de ensino ou por instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, com atuação exclusiva na educação especial, conveniadas com o Poder Executivo competente, sem prejuízo do disposto no art. 14. ”[...] Admitir-se-á, para efeito da distribuição dos recursos do FUNDEB, o cômputo das matrículas efetivadas na educação especial oferecida por instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, com atuação exclusiva na educação especial, conveniadas com o Poder Executivo competente. (BRASIL, 2011, s/p). Segundo especialistas que militam em defesa da Educação Inclusiva, a palavra “preferencialmente” abre espaço para que crianças e jovens possam ser matriculados somente em escolas especializadas. Atualmente, os estudantes com algum tipo de deficiência devem frequentar escolas comuns e receber atendimento especializado no turno contrário ao das aulas, o que de fato ainda não acontece em todas as escolas. 11 A imagem de que existem estudantes incapazes de aprender e adquirir conhecimentos é muito comum na sociedade brasileira. Difundiu-se o estereótipo de que essas pessoas são destituídas de intelecto capaz de lhes oferecer as condições para desenvolver suas habilidades cognitivas. Nesse sentido, as escolas se inserem com participação decisiva para a sua formação e para a condição de cidadãos políticos e sociais. Cabe, portanto, a escola a difícil tarefa de prepará-los para inserção nessa sociedade tão complexa e excludente, incapaz de lidar com as diferenças, pois segundo Mantoan (2003), a inclusão escolar faz repensar o papel da escola e conduz a adoção de posturas mais solidárias e para a convivência. A educação brasileira tem se demonstrado ineficiente para o atendimento da maioria de sua clientela, pois conforme ideia de GURGEL (2007), a educação especial foi tradicionalmente concebida como destinada a atender o deficiente mental, visual, auditivo, físico e motor, além daqueles que apresentam condutas típicas, de síndromes e quadros psicológicos, neurológicos e psiquiátricos. Também estariam inseridos nessa modalidade de ensino os alunos que possuem altas habilidades e superdotação. O conceito de inclusão é uma dificuldade a ser enfrentada pelos professores das escolas, necessita de tempo para ser implementado, da mudança de paradigmas e concepções de educadores, de um projeto que seja tomado como de toda a escola e concomitante a isso, é necessário a mudança de práticas escolares, permitindo o acesso de estudantes com necessidades educativas especiais, mas antes de tudo, buscando garantir sua permanência nos espaços regulares de ensino. “[...] a inclusão é um programa a ser instalado no estabelecimento de ensino a longo prazo. Não corresponde a simples transferência de estudantes de uma escola especial para uma escola regular, de um professor especializado para um professor de ensino regular. O programa de inclusão vai impulsionar a escola para uma reorganização. A escola necessitará ser diversificada o suficiente para que possa maximizar as oportunidades de aprendizagem dos estudantes com necessidades educativas especiais”. Rosseto (2005, p. 42) As dificuldades no processo de inclusão formam uma rede de situações que vão influenciando umas às outras, gerando, novos processos de exclusão dos alunos. Mantoan (2003) acredita que recriar um novo modelo educativo com ensino de qualidade, que diga não à exclusão social, implica em condições de trabalho pedagógico e uma rede de saberes que entrelaçam e caminham no sentido contrário do paradigma tradicional de educação segregadora. É uma reviravolta complexa, mas possível, basta que lutemos por ela, que nos aperfeiçoemos e estejamos abertos a colaborar na busca dos caminhos pedagógicos da inclusão. Pois nem todas as diferenças necessariamente inferiorizam as pessoas. Ela tem 12 diferenças e igualdades, mas entre elas nem tudo deve ser igual, assim como nem tudo deve ser diferente. Nesta linha de raciocínio, Santos apud MANTOAN (2003, p. 79), diz que “é preciso que tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferença nos inferioriza”. Os estudantes com necessidadeseducativas especiais requerem um trabalho específico, com ferramentas e posturas diferenciadas dos demais estudantes, para que possam atender e se desenvolver. Nessa perspectiva, a dificuldade apresentada pelo estudante não é o parâmetro fundamental, mas as potencialidades, as possibilidades de descobrir outras formas de conhecer. Incluir requer, portanto, uma postura crítica dos educadores e dos educandos em relação aos saberes escolares e à forma como os mesmos podem ser trabalhados. Incluir implica considerar que a escola não é uma estrutura pronta, acabada, inflexível, mas uma estrutura que deve acompanhar o ritmo dos estudantes, em um processo que requer diálogo nos grupos de trabalho, na relação com a comunidade escolar e com os outros campos do conhecimento. Também é importante destacar o papel do professor diante dos estudantes com necessidades educativas especiais em colaborar com o desenvolvimento integral do estudante, respeitando as diferenças e valorizando as potencialidades de cada um; oferecer um espaço em que o estudante possa aprender e se perceber como sujeito ativo na construção do conhecimento, por meio de atividades individualizadas e também em grupo, para que haja uma cooperação entre os estudantes e para que esse processo se desenvolva de forma conjunta, pois é na relação com o outro que o sujeito se constitui e se transforma; trabalhar em parceria com a equipe especializada que acompanha o estudante, dentro e/ou fora da escola, bem como com as respectivas famílias, com o intuito de ampliar as possibilidades de inclusão. O ofício do professor não pode mais ser visto como vocação e sim como profissão que requer muito estudo, reflexão e uma prática realmente transformadora. A capacitação docente é um dos meios de começar a mudança na qualidade do ensino para criar contextos educacionais inclusivos, capazes de propiciar a aprendizagem de todos os estudantes, respeitando ritmos, tempos, superando barreiras físicas, psicológicas, espaciais, temporais, culturais, dentre outras. A formação de professores para a inclusão escolar de estudantes com necessidades educativas especiais não deve se restringir a torná-los conscientes das 13 potencialidades dos estudantes, mas também de suas próprias condições para desenvolver o processo de ensino inclusivo. A inclusão consiste em adequar os sistemas gerais da sociedade, de tal modo, que sejam eliminados os fatores que excluíam certas pessoas do seu meio e as mantinham afastadas. Para que haja a inclusão, a sociedade, deve ser modificada a partir do entendimento de que ela é e precisa ser, capaz de atender às necessidades de seus membros. A inclusão, social e escolar, implica mudança de mentalidade, mudança nos modos de vida, muitas reflexões e, como princípio fundamental, valorizar a diversidade humana. Ela é importante para o desenvolvimento social, pois iremos trabalhar com os novos indivíduos que irão ditar as regras e padrões da nova sociedade que estaria se formando, por meio da nova geração. Através da convivência com as diferenças, as crianças vão construindo o processo para inclusão social, um mundo melhor, no qual todos saem ganhando. O sucesso da inclusão de estudantes com deficiência na escola regular decorre, por consequência das possibilidades de se conseguir progressos significativos desses estudantes na escolaridade, por meio da adequação das práticas pedagógicas à diversidade dos aprendizes. E só se consegue atingir esse sucesso, quando a escola regular assume que as dificuldades de alguns estudantes não são apenas deles, mas resultam em grande parte do modo como o ensino é ministrado, a aprendizagem é concebida e avaliada. Para que as escolas sejam verdadeiramente inclusivas, ou seja, abertas à diversidade, há que se reverter o modo de pensar, e de fazer educação nas salas de aula, de planejar e de avaliar o ensino e de formar e aperfeiçoar o professor, especialmente os que atuam no ensino fundamental. Entre outras inovações, a inclusão implica também em uma outra fusão, a do ensino regular com o especial e em opções alternativas/aumentativas da qualidade de ensino para os aprendizes em geral (BELISÁRIO, 2005, p. 130). A inclusão do estudante com alguma deficiência também requer a inclusão dos próprios professores de modo que estes disponham de um ambiente favorável à reflexão da prática e os sentimentos que a presença de uma dada peculiaridade suscita. É preciso investir na construção de um espaço de escuta desses profissionais, para que possam dar vazão aos sentimentos sejam estes de amor, de raiva, dor, angústia, frustação ou (in)satisfação, compartilhando e re(significando) sua experiência. 14 O desafio de ensinar a todos os estudantes, na escola que se quer inclusiva, exige o compromisso com indagações, de modo que consiga subverter o ideal de turmas homogêneas à revelia de quadros diagnósticos pré-definidos. Incluir significa ver além da deficiência e as diferenças consideradas peculiaridades que a escola precisa se dispor a acolher. Precisamos rever a nós mesmos, sujeitos da ação, reconhecendo nossas atitudes, valores, limites, preconceitos, desejos e possibilidades, enquanto elementos contribuintes na efetivação do arquétipo inclusivo. Também é importante lembrar que as diferenças se fazem iguais quando essas pessoas são colocadas em um grupo que as aceite, pois nos acrescentam valores morais e de respeito ao próximo, com todos tendo os mesmos direitos e recebendo as mesmas oportunidades diante da vida. A forma holística de entender as necessidades auxilia na compreensão das necessidades do próximo criando ambiente favorável para que todos possam desenvolver seus potenciais. Se realmente desejamos uma sociedade justa e igualitária, em que todas as pessoas tenham valores iguais e direitos iguais, precisamos reavaliar a maneira como operamos em nossas escolas, para proporcionar aos estudantes com deficiência as oportunidades e habilidades para participar da nova sociedade que está surgindo (Stainback; Stainback, 1999, p. 29). Seria fundamental levar em conta que se os estudantes com necessidades educativas especiais participarem da aprendizagem com outros os demais estudantes da escola de forma inclusiva, eles terão melhores oportunidades de prepararem-se para a vida em comunidade, os professores melhoram suas habilidades e a sociedade toma a decisão consciente de agir de acordo com o valor social da igualdade para todos os seres humanos. No que se refere à escola inclusiva, é no constante desequilíbrio provocado pelas diferenças existentes entre os estudantes com necessidades educativas especiais e os sem que ocorrem as trocas entre eles e a permanente reorganização do conhecimento pelo aluno (Stainback; Stainback, 1999, p. 39). Acreditamos que a convivência dos estudantes com necessidades educativas especiais com outros estudantes da escola inclusiva vai ganhar espaço, avançando, continuamente, para a construção dos seus próprios com conceitos; essas crianças vão progredir, superando os desafios criados pelos problemas da conjuntura vivenciada na escola. Nós como professores e educadores temos que nos adaptar e essa nova realidade de diferença nas salas de aulas, 15 modificando posturas e criando instrumentos de inclusão com olhares voltados ao ser humano em sua total complexidade de ensino e aprendizagem. Segundo Sassaki (2010, p.172), uma sociedade inclusiva vai bem além de garantir apenas espaços adequados para todos. Ela fortalece as atitudes de aceitação das diferenças individuais e de valorização da diversidade humana e enfatiza a importância do pertencer, da convivência, da cooperação eda contribuição que todas as pessoas podem dar para construírem vidas comunitárias mais justas, mais saudáveis e mais satisfatórias. 8. CRONOGRAMA O presente trabalho será realizado no 2º semestre do ano de 2019 para apresentação dos resultados no primeiro semestre do ano de 2020, sendo melhor detalhado nas tabelas abaixo. 2º semestre de 2019 Atividades Jul Ago Set Out Nov Dez Pesquisa do referencial X X X X X Elaboração do levantamento das escolas X Elaboração dos questionários X Aplicação do questionário X X Inserção dos dados no sistema X Apresentação e discussão dos dados Elaboração do trabalho Entrega do trabalho 16 1º semestre de 2020 Atividades Jan Fev Mar Abr Mai Jun Pesquisa do referencial X X X Elaboração do levantamento das escolas Elaboração dos questionários Aplicação do questionário Inserção dos dados no sistema X Apresentação e discussão dos dados X X Elaboração do trabalho X X X Entrega do trabalho X 17 REFERÊNCIAS BARROS, Maria Cláudia Meira Santos et al. Educação Inclusiva: possibilidades e desafios. 10º Encontro Internacional da Formação de Professores, São Paulo, v. 10, n. 1, p.1-13, mar. 2017. BELISÁRIO, J. Ensaios pedagógicos: construindo escolas inclusivas. Brasília: MEC, SEESP. 2005. BIANCHI, A.; BRAGA, R. Capitalismo patrimonial nos trópicos? Terceira Via e governo Lula. Universidade e Sociedade: revista do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior, Brasília, n. 31, p. 205-216, 2003. BRASIL. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília: CORDE, 1994. _______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9.394, de 1996. Brasília, 1997. ______. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2008. Disponível em:< http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politica educespecial.pdf>. Acesso em: 24 abr. 2018. ______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília: MEC/SEESP, 2011. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. 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Capítulo III - Tipos de questionários. - Análise dos dados. - Considerações finais. 20 Anexo II: Questionário I Nome da instituição: Endereço: Nº: Bairro: Cidade: CEP: Telefone: E-mail: Nome do diretor: Número de estudantes: Número de estudantes com necessidades educativas especiais: Série/Ano em que estes estudantes se encontram: Qual o tipo de transtorno global de desenvolvimento é encontrado? Declaro fidedignas as informações contidas no questionário acima. ______________________________, _____________ de ___________________ de 2019 ____________________________________________________ Assinatura do diretor da instituição de ensino 21 Anexo III: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Título do Projeto: A perspectiva dos professores de ciências sobre a inclusão de alunos com necessidades educativas especiais no ensino regular da região de Inconfidentes – MG Pesquisador Responsável: Nome do Participante: Nome da Instituição de Ensino: Eu, abaixo assinado, concordo em participar, na qualidade de entrevistado, do estudo sobre a perspectiva dos professores de ciências sobre a inclusão de alunos com necessidades educativas especiais no ensino regular da região de Inconfidentes – MG, de responsabilidade do discente Luiz Felipe Bairral Fonseca do curso de licenciatura em Ciências Biológicas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais – Campus Inconfidentes, sob a orientação da Prof.ª Dr.ª Melissa Salaro Bresci. Declaro estar ciente e esclarecido de que o objetivo do estudo é caracterizar o grau de instrução do professor de ciências do ensino regular para lidar com esse estudante com necessidades educativas especiais e o conhecimento do mesmo acerca das políticas existentes para garantir a inclusão, e que a minha participação no referido estudo será no sentido de responder as perguntas através de um questionário autoaplicável e as dúvidas poderão ser esclarecidas no ato do preenchimento. Responderei as perguntas, ciente de que os dados informados são confidenciais e de que minha identidade não será revelada publicamente em nenhuma hipótese, de forma que somente o pesquisador terá acesso às informações prestadas. Concordo que estes dados sejam utilizados para fins científicos na análise e conclusão do estudo. Declaro que minha participação é totalmente voluntária, para a qual não reclamo nem recebo ganho de qualquer natureza, e que estou ciente de que minha participação recusa ou pedido para sair do estudo não ne ocasionará qualquer penalização, mantendo-se o sigilo das informações porventura já prestadas por mim. ________________________________, _______ de ____________________ de 2019 __________________________________ ___________________________________ Assinatura do responsável da instituição Assinatura do pesquisador responsável
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