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Direito Empresarial - Sociedades Empresárias

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CCuurrrrííccuulloo rreessuummiiddoo ddoo aauuttoorr:: 
 
Consultor Jurídico Empresarial e Advogado; Graduado em 
Administração de empresas e Direito; Pós-Graduado em 
Administração de Empresas; Mestre em Direito; Professor de 
Prática Jurídica Civil e Empresarial, Direito Empresarial e Direito do 
Consumidor; Parecerista de Revistas de Doutrina e Jurisprudência; 
autor de várias obras e artigos jurídicos. 
 
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SOCIEDADES EMPRESÁRIAS 
 
 
1. Estrutura geral das pessoas jurídicas 
 
 1.1. Conceito: é um ente ficto constituído para atingir determinado fim, tornando-se 
sujeito de direitos e obrigações podendo ser de duas espécies: de direito público ou de 
direito privado. Assim, pessoas jurídicas são entidades às quais a lei empresta personalidade, 
capacitando-as a serem sujeitos de direitos e obrigações. A principal característica da pessoa 
jurídica é o fato dela possuir personalidade própria distinta da personalidade de cada um de 
seus membros. 
 
 1.2. Natureza jurídica: em razão da finalidade que motiva a criação da pessoa 
jurídica, tem-se que sua natureza jurídica será sempre obrigacional. De um lado nasce a 
obrigação a partir do objeto social declarado no seu ato de constituição, e por outro lado, 
existe a obrigação entre os membros que a constituíram. Esta natureza jurídica obrigacional 
poderá ser de Direito Público ou Privado conforme a espécie que esteja sendo tratada. 
 
 1.3. Requisitos para constituição da pessoa jurídica: 
 
a) vontade humana: a pessoa jurídica nada mais é que um ente ficto, portanto, a sua 
existência está associada à vontade de seus membros, que se denomina affectio societatis. A 
forma de manifestação da vontade humana variará em cada tipo de pessoa jurídica. Nas 
pessoas jurídicas de Direito Público a manifestação de vontade se dará sempre através de ato 
legislativo, ou seja, é a vontade popular expressa através dos representantes regularmente 
eleitos. Já nas pessoas jurídicas de Direito Privado essa manifestação de vontade poderá se 
dar por ato legislativo quando estivermos falando de sociedades estatais e expressa nos 
contratos ou estatutos nos demais casos; 
 
b) licitude: uma pessoa jurídica só terá sua personalização atingida se de seu ato 
constitutivo constar um objeto lícito, portanto, registrável. É o ato constitutivo um negócio 
jurídico, e assim o sendo, deverá respeitar os requisitos previstos no artigo 104 do Código 
Civil; 
 
c) condições legais: para cada tipo de pessoa jurídica a lei impõe condições que deverão ser 
cumpridas previamente para que viabilize o registro de seus atos constitutivos e 
conseqüentemente a sua personalização. Tais condições encontram amparo no inciso III do 
artigo anteriormente citado: “III – forma prescrita e não defesa em lei”; 
 
c.1) ato constitutivo: o início de sua existência se dará com a criação de seu ato 
constitutivo, podendo ser a lei, o contrato ou o estatuto, dependendo de cada tipo de pessoa 
jurídica; 
 
c.2) registro: sendo a pessoa jurídica constituída através de contrato ou estatuto, o seu 
nascimento se dará com o registro de seus atos nos órgãos competentes. Em se tratando de 
pessoa jurídica de direito público, a lei que a cria é suficiente para sua regularização e às 
pessoas jurídicas de direito privado dependem do registro nas Juntas Comerciais, se 
empresárias, e no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas nos demais casos; 
 
c.3) autorização: dependendo do objeto a ser praticado pela pessoa jurídica, sua existência 
deve preceder de autorização governamental. Algumas atividades como cooperativas, 
empresas de radiodifusão, canais de televisão, exploração e prospecção de petróleo, 
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empresas de mineração, consórcios, instituições financeiras, seguradoras e outras, dependem 
de autorização para o seu prévio funcionamento. 
 
 1.4. Quadro demonstrativo da estrutura das pessoas jurídicas 
 
PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO 
PÚBLICO 
PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO 
a) Interno 
 
- União 
- Estados/Distrito Federal 
- Municípios 
- Autarquias 
- Fundação Pública 
 
b) Externo 
 
 Estados Estrangeiros 
 Organismos Internacionais 
 
 
a) Estatais 
 - Empresas de Economia Mista 
 - Empresas Públicas 
 
b) Não Estatais 
 
 - Sociedades Simples 
 - Cooperativas 
 - Próprias 
 
 
 - EIRELI – Empresa Individual de 
Responsabilidade Limitada 
 
 - Sociedades Empresárias 
 - Sociedade em Nome Coletivo 
 - Sociedade em Comandita Simples 
 - Sociedade Limitada 
 - Sociedade Anônima 
 - Sociedade em Comandita por Ações 
 
 - Sociedades Especiais 
 - Fundação Privada 
 - Associação 
 
 
 
2. Personalidade Jurídica 
 
 2.1. Nascimento (artigo 985 do Código Civil): embora haja a constituição de uma 
sociedade entre duas ou mais pessoas, a sua existência não importa na automática criação de 
uma pessoa jurídica, o que só se verificará com o registro de seus atos constitutivos. 
 
a) sociedades empresárias: o registro das sociedades empresárias fica a cargo do Registro 
Público das Empresas Mercantis, por enquanto, realizado pelas Juntas Comerciais no âmbito 
de cada estado onde se encontre estabelecida à sociedade ou às respectivas filiais; 
 
b) sociedades simples: o registro das sociedades simples se faz no Cartório de Registro das 
Pessoas Jurídicas ou onde não houver, no Cartório de Títulos e Documentos. 
 
 2.2. Registro: ao contrário do que era estabelecido anteriormente no Código 
Comercial para as sociedades comerciais, agora o registro é obrigatório para as sociedades 
empresárias conforme determina o artigo 967 do Código Civil, porém, a sua ausência não 
configura ilegalidade e sim mera irregularidade, já que o artigo 986 do mesmo diploma 
reconhece a possibilidade de sociedade sem registro, no entanto, ao contrário da legislação 
anterior, tal irregularidade poderá implicar na aplicação de sanção. 
 
 2.3. Efeitos da personalização: uma vez registrada a sociedade, nasce com este ato 
uma nova pessoa, a pessoa jurídica dotada de personalidade própria, que, em contrapartida, 
torna-se sujeito de direitos e obrigações perante o ordenamento jurídico brasileiro. Esse 
fenômeno da personalização tem como principais efeitos à titularidade negocial, a 
titularidade processual e a responsabilidade patrimonial. 
 
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a) titularidade negocial: uma vez registrada a sociedade e, conseqüentemente com o 
advento de sua personalização,a pessoa que passa a responder pelos negócios da sociedade 
não é mais a pessoa dos sócios, e sim a pessoa jurídica constituída. Uma vez que a pessoa 
jurídica é meramente um ente ficto, os sócios são representantes dela, e não mais titulares 
negociais ou processuais; 
 
b) titularidade processual: da mesma forma que na titularidade negocial, a titularidade 
processual decorre da determinação da pessoa jurídica responder judicialmente pelos atos 
jurídicos por ela praticados. Assim sendo, propor uma ação judicial contra os sócios de uma 
pessoa jurídica por ato praticado em nome da sociedade configuraria ilegitimidade de parte, 
haja vista que a pessoa que detém a titularidade processual é a pessoa jurídica, assim sendo, 
o sócio figurará em juízo apenas na qualidade de representante; 
 
c) autonomia patrimonial: toda sociedade ao ser criada faz constar em seu ato constitutivo 
o capital social que será seu patrimônio mínimo, além disso, todo o patrimônio adquirido 
pela sociedade durante a sua existência será patrimônio próprio e não dos sócios. Assim, 
toda vez que uma sociedade se obriga perante terceiros, na hipótese de responsabilização 
será o seu patrimônio afetado e não o de seus sócios em razão do Princípio da Autonomia 
Patrimonial; 
 
d) obrigação social: a responsabilidade pelas obrigações assumidas pela sociedade diante 
de sua titularidade negocial, será sempre integral utilizando-se para tanto, o seu próprio 
patrimônio. Nos casos em que a lei autorizar, haverá a possibilidade de responsabilização 
pessoal dos sócios ou do administrador, o que será objeto de estudo posterior. 
 
 2.4. Direitos de personalidade: questão muito polêmica até então em nosso direito 
era a da extensão dos direitos de personalidade a pessoa jurídica, mormente porque os 
direitos de personalidade são próprios das pessoas naturais. Porém, principalmente no que 
tange ao nome e a imagem era possível se fazer aplicação analógica dos direitos de 
personalidade à pessoa jurídica. Agora, tal polêmica encontra-se sanada com a previsão do 
artigo 52 do Código Civil que determina a extensão dos direitos de personalidade à pessoa 
jurídica no que couber, logo, no que tange ao nome e a imagem será plenamente possível à 
proteção dos direitos de personalidade da pessoa jurídica, inclusive com a possibilidade de 
ressarcimento de eventuais danos morais provocados ao seu nome ou a sua imagem. 
 
 2.5. Domicílio (inciso IV do artigo 75 do Código Civil): o domicílio da pessoa 
jurídica poderá ser comum, especial ou geral. 
 
a) comum: considera-se o domicílio da pessoa jurídica de direito privado o local onde 
funcionar o seu órgão de decisão ou seu principal estabelecimento. Essa regra é de suma 
importância, haja vista que é muito comum na elaboração dos atos constitutivos das pessoas 
jurídicas a indicação de sede na qual a sociedade jamais viria a ser instalada. Tal preferência 
se dava em razão de aspectos tributários, o que já não se justifica mais em virtude do Direito 
Tributário também utilizar o critério do principal estabelecimento; 
 
b) especial: o domicílio poderá ser objeto de eleição em seu ato constitutivo, mas dessa 
forma só servirá para litígio entre os sócios, não prejudicando interesse de terceiros ou 
jurídicos envolvendo terceira pessoa, haja vista que trata-se de convenção meramente 
particular, portanto, que afeta somente os contratantes; 
 
c) geral: havendo diversos estabelecimentos, cada um deles será considerado domicílio para 
os atos neles praticados. Logo, cada filial poderá ensejar uma titularidade diversa para fins 
negociais ou processuais. Remanesce alguma divergência no tocante ao entendimento do 
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Poder Judiciário, uma vez que em muitos casos temos a prevalecência do local onde esteja 
situado o estabelecimento principal para a fixação do foro competente; 
 
d) sócios estrangeiros: havendo em sua formação sócios estrangeiros, ou sendo externa a 
sede decisória da pessoa jurídica, qualquer agência ou sucursal existente no Brasil será 
considerada como domicílio não se permitindo assim, que prejudique o acesso dos sócios 
nacionais ou de terceiros perante o Poder Judiciário em face da pessoa jurídica em eventual 
litígio. 
 
 2.6. Prova: os documentos relativos às pessoas jurídicas de direito privado 
constituem prova privilegiada contra e a favor delas. Ou seja, toda documentação da pessoa 
jurídica quando elaborada consoante determina a legislação, poderá constituir prova a favor 
dela. Porém, na hipótese de ser elaborada sem a observância das regras legal, constituirão 
prova contra a sociedade. 
 
3. Classificação das pessoas jurídicas: 
 
 3.1. Quanto à nacionalidade: podem as pessoas jurídicas serem nacionais ou 
estrangeiras de acordo com o local de sua constituição. De qualquer forma, as pessoas 
jurídicas estrangeiras necessitam de autorização governamental para atuação em território 
nacional. 
 
 3.2. Quanto à estrutura interna: podem ser corporações ou fundações 
 
 3.2.1) corporações: nascem a partir da vontade e da reunião de seus 
membros, sendo conhecidas em razão da universitas personarum. Tem como objetivo 
sempre o bem estar de seus membros, razão de sua existência. Esta regra só não se 
aplica às fundações. 
 
 3.2.2) fundações: nascem da doação de patrimônio destinado a um 
determinado fim, portanto, jamais sua existência estará atrelada às pessoas que a farão 
funcionar, sendo, portanto, conhecidas como universitas bonorum. No ordenamento jurídico 
pátrio temos apenas duas possibilidades de pessoas jurídicas constituídas pelo patrimônio, às 
fundações de Direito Público (exemplo: Fundação Casa) e às fundações de Direito Privado 
(exemplo: Fundação Bradesco). 
 
 3.3.Quanto à sua finalidade: podem se classificar entre pessoas jurídicas de direito 
público ou de direito privado. 
 
 3.3.1) pessoa jurídica de direito público: são àquelas que englobam as 
atividades essenciais do estado nas pessoas de seus entes, tendo como finalidade atingir o 
bem comum previsto no artigo 3º da Constituição Federal. 
 
 3.3.2) pessoa jurídica de direito privado: são àquelas constituídas de acordo 
com uma das espécies de sociedades estabelecidas pelo Código Civil e com propósitos 
estabelecidos por seus membros. 
 
4. Pessoa Jurídica de Direito Público: são subdivididas em internas e externas. 
 
 4.1. Pessoa jurídica de direito público interno: compreende a União, os Estados, 
os Municípios, as respectivas autarquias e as Fundações Públicas. Por representarem a 
estrutura do próprio de Estado, não se adota a elas a denominação de sociedades. 
 
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 4.2. Pessoa jurídica de direito público externo: são os estados estrangeiros e os 
organismos internacionais regidos pelo Direito Internacional como a ONU, a OMC, os 
Consulados, etc. 
 
 4.3. Regime jurídico: respondem exclusivamente ao regime de direito público com 
os dispositivos legais que lhe são próprios, em especial os que compõe o Direito 
Administrativo, e gozam de privilégio quando se relacionam com as pessoas jurídicas de 
direito privado em razão do interesse do Estado. 
 
 4.4. Responsabilidade civil: consoante determina o artigo 43 do Código Civil 
combinado com o disposto no parágrafo 6º do artigo 37 da Constituição Federal, o Estado 
responde objetivamente pelos danos causados por seus agentes. 
 
5. Pessoa Jurídica de Direito Privado 
 
 5.1. Conceito: compreende todas as demais pessoas jurídicas, sejam elas constituídas 
com capital público ou privado. 
 
 5.2. Regime jurídico: a distinção entre pessoa jurídica de direito público ou dedireito privado diz respeito apenas ao regime jurídico a que se submeterão, enquanto as 
pessoas jurídicas de direito público se submetem exclusivamente ao direito público, as 
pessoas jurídicas de direito privado se submetem ao regime de direito privado enquanto se 
relacionando entre si e com a sociedade de forma geral e ao regime de direito público 
quando se relacionam com pessoas jurídicas de direito público. 
 
 5.3. Classificação: 
 
a) pelo capital: podem ser constituídas com capital público, privado ou misto. 
 
a.1) estatais: são constituídas total ou parcialmente com capital público. As sociedades 
constituídas integralmente com capital público denominam-se Empresa Pública e às 
constituídas apenas parcialmente com capital público (mínimo de 51%) são denominadas de 
Sociedades de Economia Mista. 
 
a.2) não estatais: são aquelas constituídas exclusivamente com capital privado, portanto, 
sem a participação do Estado como sócio ou acionista. 
 
b) pela finalidade: se distinguem pelo objeto social, pois enquanto algumas são criadas para 
fins exclusivamente empresariais outras não. 
 
b.1) empresárias: são constituídas com finalidade exclusivamente mercantil, podendo ter 
natureza de industria, comércio, serviço ou rural. 
 
b.2) simples: criadas com fins específicos sem finalidade mercantil em razão do objeto ou 
por determinação legal. 
 
c) pela personalização: podem ser personificadas ou não. 
 
c.1) não personificadas: são sociedades que não adquirem personalização por vontade de 
seus sócios ou por previsão legal, ou até mesmo pela inexistência de seus atos constitutivos, 
podendo ser em comum ou em conta de participação. Uma vez que não são personificadas 
não adquirem personalidade jurídica. 
 
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c.1.1) sociedade em comum: trata-se de uma sociedade de fato, que deixa de existir de 
forma personalizada em razão da vontade de seus sócios em não confeccionar seus atos 
constitutivos ou ainda que haja a confecção não são levados a registro. 
 
c.1.2) sociedade em conta de participação: trata-se de uma sociedade em que seus atos são 
praticados em nome do sócio ou sócios denominado(s) ostensivo(s), porém, existe em sócio 
que possui a qualidade de oculto não podendo ser de conhecimento público, razão pela qual 
a lei não confere ao registro a natureza de personalização, conforme artigo 993 do Código 
Civil. 
 
c.2) personalizadas: podem ser simples, empresárias ou em regime especial como as 
Cooperativas e as Fundações Privadas. 
 
6. Desconsideração da personalidade jurídica 
 
 6.1. Desconsideração: aos poucos o direito brasileiro vem evoluindo no sentido de 
que, havendo comprovada má-fé por parte dos membros de uma sociedade constituída na 
forma regular, pode aquela personalidade jurídica ser desconsiderada para atingir o 
patrimônio pessoal de seus membros de forma a garantir a recomposição das perdas de 
terceiros. Trata-se da exceção da aplicação do Princípio da Autonomia Patrimonial que gera 
a responsabilidade social, aplicável somente nos casos em que se verificar fraude contra 
credores. 
 
 6.2. Alcance: deve se entender o real alcance da desconsideração, qual seja, trata-se 
de um mecanismo legal apenas para atingir os bens dos sócios e não para interferir na 
existência da sociedade, podendo ocorrer a desconsideração da pessoa jurídica apenas para 
um determinado ato, permanecendo plenamente a sua existência para outros fins. O primeiro 
doutrinador a aventar tal possibilidade foi Rubens Requião
1
, e como diz respeito a um ato 
isolado que não tem por objetivo por fim a personalidade, mas apenas ultrapassar a sua 
existência, sendo portanto, denominado de doutrina da penetração
2
. 
 
 6.3. Abrangência da desconsideração: a desconsideração atinge não só as 
sociedades que se encontrem em pleno exercício, como também àquelas sociedades cujas 
atividades já estejam encerradas sem que se tivesse providenciado a baixa no respectivo 
órgão como vimos anteriormente. É portanto, ato exclusivo de determinado processo judicial 
e que só beneficia a parte litigante, sem que haja possibilidade de aproveitamento por outros 
estranhos ao processo judicial em que se verificou a desconsideração. 
 
 6.4. Elementos caracterizadores: para se caracterizar hipótese de desconsideração 
de personalidade jurídica, necessário se faz à observação dos seguintes elementos: 
 
 6.4.1. Existência de fraude ou abuso: a fraude implica na situação em que 
explicitamente o empresário agiu no sentido de se locupletar as custas de seus credores, e no 
caso de abuso, é de se verificar que o abuso não é de direito, mas sim do exercício do 
direito, já que se se tem direito não se tem abuso. 
 
 6.4.2. Manutenção da personalidade jurídica: o ato a ser praticado deve 
visar tão somente que se ultrapasse por dado momento à existência da pessoa jurídica para 
se penetrar no patrimônio pessoal do sócio, porém, sem que isso implique em extinguir a 
pessoa jurídica. 
 
1
 Curso de Direito Comercial, 1º Volume, 24ª edição, p. 351. 
2
 CAMPINHO, Sérgio. Obra citada, p. 62. 
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 6.4.3. Ato isolado: como se trata de uma situação em que não se pretenda por 
fim a existência da pessoa jurídica, sua prática aproveita apenas aquela situação processual 
isolada, sem permitir que possa ser utilizada pelos demais credores, sob pena de se negar 
vigência a algo que o direito já reconheceu, a pessoa jurídica. 
 
 6.4.4. Ato judicial: por ser a desconsideração uma exceção a regra legal, só 
se verifica possível mediante provocação judicial, haja vista que cabe ao julgador analisar se 
é ou não hipótese de aplicação do instituto. 
 
 6.4.5. Existência de dano: por mais que se verifique uma das situações 
elencadas no subitem 7.4.1., a aplicação depende ainda, da existência de dano certo 
judicialmente reconhecido e sobre o qual não paire mais nenhuma dúvida. 
 
 6.5. Hipóteses de desconsideração: são as previstas no artigo 50 do Código Civil e 
em se tratando de relação de consumo, as previstas no artigo 28 do Código de Defesa do 
Consumidor. 
 
a) hipóteses previstas no Código Civil (art. 50 C. Civil); 
 
a.1) desvio de finalidade: equipara-se a hipótese de violação dos estatutos prevista no 
Código de Defesa do Consumidor, caracterizada pela situação em que os membros da 
sociedade praticam atos distintos dos previstos no objeto social da sociedade verificado em 
seus atos constitutivos. Ou seja, é o uso da sociedade para fins diversos dos quais ela foi 
criada. 
 
 a.2) confusão patrimonial: situação em que o patrimônio da sociedade seja 
desviado para o nome pessoal de seus membros para colocá-los a salvo de qualquer 
obrigação social. Tal hipótese pode ser verificada quando em determinado exercício contábil 
à empresa apresentar prejuízo, sendo que o patrimônio pessoal dos sócios cresceram, sendo 
a empresa a única fonte de renda de seus membros. Ou seja, se caracteriza pelo benefício 
patrimonial dos sócios em detrimento da sociedade. 
 
b) hipóteses previstas no Código de Defesa do Consumidor (art. 28 CDC); 
 
b.1) abuso de direito e excesso de poder: trata-se da hipótese em que alguém dispondo de 
determinado direito subjetivo o use de forma a lograr outros proveitos que não inerentes a 
ele. Como por exemplo, na chamada venda sinergética ou venda casada, em que o 
empresário une dois produtos em uma oferta, sendo que um deles é totalmente inútil ao 
consumidor e outro essencial sem que seja dado a ele o direito de escolher de que forma 
pretenda contratar. 
 
b.2) infraçãoda lei ou prática de ato ilícito: trata-se da prática de ato contrário à lei. Já 
vimos anteriormente que os atos praticados pela pessoa jurídica são considerados negócios 
jurídicos segundo o Código Civil em vigor, portanto, deve se respeitar o requisito da licitude 
na prática desses atos. Agindo a pessoa jurídica de forma diversa àquela estabelecida na 
legislação civil ou complementar, estará sujeita a desconsideração de sua personalidade 
jurídica se desse atos restou prejuízo a alguém não ressarcido pelo patrimônio da sociedade. 
 
b.3) violação dos estatutos ou contrato social: trata-se da hipótese em que o empresário 
pratica atos além dos previstos em seu objeto no instrumento de contrato social ou em seu 
estatuto social e deste ato reste dano ao consumidor. Trata-se da mesma hipótese 
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anteriormente comentada, porém, aqui o objeto de violação não é o previsto na legislação 
civil, mas sim o descrito no ato constitutivo da pessoa jurídica. 
 
b.4) má administração: qualquer ato praticado pelo empresário ou por seu preposto na 
administração da sociedade que importe na prática de ato ruinoso, e que desse ato gere dano 
a alguém não recomposto pelo patrimônio da sociedade. O Código Civil regula para cada 
tipo de sociedade às obrigações do administrador, a prática de ato por parte dele, ou dos 
próprios sócios no exercício da administração da empresa que importem em resultado 
negativo não previsto para o negócio, pode gerar a possibilidade de desconsideração. No 
meio doutrinário, há quem sustente não ser possível à desconsideração por incompetência 
administrativa, e dessa mesma forma já decidiu o Primeiro Tribunal de Alçada de São 
Paulo
3
, ao se posicionar no sentido de que “Percalços econômico-financeiros da empresa, 
tão comuns na atualidade, mesmo que decorrentes da incapacidade administrativa de seus 
dirigentes, não se consubstanciam, por si sós, em comportamento ilícito e desvio de 
finalidade da entidade jurídica. Do contrário, seria banir completamente o instituto da 
pessoa jurídica”. 
 
b.5) dissolução irregular: talvez o mais comum dos casos é o de desconsideração na 
hipótese em que se verifique o obstáculo ao ressarcimento, situação em que todos os bens 
patrimoniais encontram-se em nome dos sócios, deixando a sociedade sem nada para 
responder pelos danos a não ser as próprias cotas sociais sem valor quando o conjunto de 
bens não forneça um amparo mínimo necessário. Trata-se de fato muito corriqueira naquelas 
hipóteses em que a pessoa jurídica encerra suas atividades de fato sem a devida baixa em seu 
registro, simplesmente com o fechamento de seu estabelecimento, permitindo com que o 
terceiro prejudicado acione-a juridicamente mas não encontre posteriormente patrimônio 
capaz de solver a obrigação fixada. No entanto, esta não se assevera hipótese específica de 
desconsideração já que se encontra perfeitamente abarcada pela hipótese de ato ilícito ou 
infração da lei. 
 
c) hipótese prevista na Lei nº 12.529/11: praticando o empresário qualquer ato considerado 
infração à ordem econômica, e em específico de concorrência desleal, estará ele sujeito a 
sanções de natureza administrativas em relação a sua atividade, sem prejuízo da 
responsabilidade civil a que sujeita em razão do prejuízo que causar a terceiros em virtude 
da prática deste ato. Assim sendo, na execução de condenação relativa à responsabilidade 
civil decorrente de prática de concorrência desleal estará o empresário sujeito à 
desconsideração da personalidade jurídica. 
 
 6.6. Falência: nos casos específicos de falência entendemos possível a hipótese de 
aplicação de desconsideração, desde que se verifique a prática de falência fraudulenta. 
 
7. Ato constitutivo 
 
 7.1. Conceito: trata-se do instrumento necessário para se materializar as regras de 
funcionamento de uma pessoa jurídica, seja pública ou privada. 
 
 7.2. Espécies: o nosso ordenamento jurídico prevê três tipos distintos de atos 
constitutivos para a formação da pessoa jurídica: a lei; o contrato ou o estatuto. 
 
 7.2.1. Lei: é o instrumento hábil capaz de materializar as regras da pessoa 
jurídica de direito público ou de direito privado. Neste último caso, só se verifica a sua 
possibilidade quando a pessoa jurídica de direito privado tiver a participação do estado. 
 
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 R.Apelação nº 507.880-6, 3ª Câmara, RT 690, p. 103. 
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 7.2.2. Contrato: é o instrumento mais antigo e simples que se tem noticia 
para criação de uma pessoa jurídica, pois basta que os membros da pessoa jurídica 
estabelecem as regras, materializem-nas através de um simples contrato e o subscrevam para 
levá-lo a registro. 
 
 7.2.3. Estatuto: é o instrumento próprio para constituição da pessoa jurídica 
de direito público, porém, seu uso é próprio para negócios onde o consenso entre as partes 
para o estabelecimento das regras sociais se torne mais difícil. Assim sendo, possui o 
mecanismo da assembléia para apreciação e deliberação, onde o consenso será trocado por 
votação de maioria. 
 
 7.3. Formação: a criação de pessoa jurídica por lei é ato privativo do Poder 
Legislativo, porém, em se tratando de pessoa jurídica criada por contrato ou estatuto, outros 
elementos merecem nossa análise, a saber: 
 
 7.3.1. Negócio jurídico: seja contrato ou estatuto o ato constitutivo será 
sempre um negócio jurídico, portanto, deverá respeitar os requisitos do artigo 104 do Código 
Civil, ou seja: 
 
a) agente capaz: a pessoa jurídica requer a participação de agente capaz, e em se tratando 
de sociedade empresária, deverá respeitar ainda, os requisitos de capacidade do empresário 
previstos no artigo 972 do citado código; 
 
b) objeto possível e lícito: tanto a possibilidade quanto a licitude estão ligadas à pessoa 
jurídica com a sua finalidade; 
 
c) forma: a forma pode de um lado estar ligada a vinculação estabelecida pela lei, o que não 
se verifica quanto à formação de ato constitutivo, pois não existe na lei nenhum modelo 
vinculado. De outro, a forma está liga às regras previstas em lei para a formação do ato 
constitutivo. Sobre as regras legais a serem observadas, importante ressaltar que a formação 
da pessoa jurídica exige o ato de registro que só se verificará com o arquivamento do 
instrumento que portanto, deverá ser expresso. 
 
 7.3.2. Natureza jurídica: independente de tratarmos do contrato ou do 
estatuto, a natureza jurídica será sempre contratual, haja vista que apesar das regras legais 
imputáveis as partes, o ato constitutivo fará “lei” entre as partes, obrigando-as conforme 
convencionado. 
 
 7.3.4. Manifestação de vontade: seja no contrato ou no estatuto haverá a 
necessidade da manifestação de vontade das partes contratantes, porém, haverá distinção de 
acordo com a espécie utilizada. 
 
a) contrato: no contrato as partes atingirão o consenso no tocante às regras e ratificarão a 
manifestação de vontade através da subscrição do instrumento; 
 
b) estatuto: no estatuto nem sempre será possível atingir ao consenso, razão pela poderá se 
propor à votação das regras que obedecerão à vontade da maioria. A forma de manifestação 
se dará pela subscrição da ata da assembléia realizada para votação do ato constitutivo. 
 
 7.3.5. Cláusulas gerais mínimas: várias cláusulas estarão presentes nos atos 
constitutivos, porém, existe um conjunto mínimo comum no ato constitutivo de qualquer 
pessoa jurídica: 
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1122 
 
a) qualificação dos membros: a qualificação civil dos membros da pessoa jurídica se fará 
necessária através do nome civil, RG, CPF, endereço, profissão e estado civil; 
 
b) nome: na medida em que a pessoa jurídica tem distinção para a pessoa de seus membros, 
haverá a necessidade de sua individualização através da outorga de um nome que respeitará 
regras próprias de formação de acordo com o tipo de pessoa jurídica a ser criada; 
 
c) sede: toda pessoa jurídica terá uma sede que indique o local de sua administração; 
 
d) objeto: como já tratado anteriormente, um dos requisitos de criação de uma pessoa 
jurídica é a pluralidade de pessoas com a mesma finalidade, que será traduzida no ato 
constitutivo como objeto; 
 
e) prazo: o prazo de funcionamento da pessoa jurídica poderá ser determinado ou 
indeterminado. Em regra, se verifica a criação por prazo indeterminado, porém, permite a 
legislação que se determine o seu tempo de funcionamento; 
 
f) administração: toda pessoa jurídica é um ente ficto criado pelo direito. Assim sendo, 
necessário será a sua representação no mundo físico que se fará através da figura do 
administrador ou dos órgãos de administração. 
 
8. Associação 
 
 8.1. Conceito: disciplinadas no Código Civil, são as associações à união de pessoas 
que se organizem para finalidade comum não lucrativa. Ao conceituar a associação, o 
legislador no artigo 53 se refere a fins não econômicos, porém, crítica merece nesse sentido, 
já que as associações em regram necessitam de estrutura para o atingimento da finalidade 
comum proposta pelos associados, verificando-se assim, a existência de uma atividade 
econômica organizada. 
 
 8.2. Forma de constituição: as associações são de natureza estatutária, tendo 
portanto, como instrumento constitutivo o estatuto que após aprovação em assembléia 
deverá ser registrado no Cartório de Registro das Pessoas Jurídicas. 
 
 8.3. Estatuto: o estatuto, por representar negócio jurídico, deverá respeitar os 
ditames do inciso III do artigo 104 do Código Civil, combinado com o artigo 54 do mesmo 
diploma, contendo: 
 
 8.3.1. Denominação: uma vez que se constituirá em pessoa jurídica, deverá a 
associação indicar um nome para a sua titularidade. Não existe no ordenamento jurídico 
pátrio nenhuma regra específica para a criação do nome das associações, porém, aplica-se 
aqui a regra negativa, ou seja, não poderá a associação utilizar-se dos designativos próprios 
das demais pessoas jurídicas na composição de seu nome. 
 
 8.3.2. Finalidade: deverá constar expressamente do estatuto a finalidade não 
lucrativa a ser exercida pela associação, que poderá ser: religiosa, cultural, esportiva, 
profissional, de classe, de bairro, etc.; 
 
 8.3.3. Sede: a sede corresponde ao local onde se vinculará 
administrativamente a associação; 
 
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1133 
 8.3.4. Associados: o próprio estatuto deverá regular as formas de admissão, 
demissão e exclusão de associados; 
 
 8.3.5. Direitos e deveres: o parágrafo único do artigo 53 prevê que não há 
entre os associados direitos e obrigações recíprocas, existindo apenas direitos e obrigações 
dos associados em relação à própria associação, porém, essa disciplina deverá estar expressa 
no próprio estatuto; 
 
 8.3.6. Custeio: por ser uma atividade econômica organizada, deverá o 
estatuto indicar a fonte de custeio da associação; 
 
 8.3.7. Órgãos deliberativos e administrativos: o legislador não prevê 
órgãos de deliberação e administração específicos, cabendo aos associados através do 
estatuto disciplinar à matéria. No entanto, a forma como se encontra disciplinado tal 
previsão no Código Civil através do inciso V do artigo 54, claro está que a sua instituição é 
obrigatória; 
 
 8.3.8. Alteração estatutária: o estatuto deverá disciplinar as futuras 
alterações estatutárias, esclarecendo forma e quorum necessário; 
 
 8.3.9. Dissolução: a exemplo das alterações, a dissolução da associação 
deverá estar disciplinada no estatuto; 
 
 8.3.10. Nulidade: a ausência de qualquer um desses requisitos no estatuto 
implica em nulidade do instrumento. 
 
 8.3.11. Registro: o registro do estatuto das associações fica a cargo dos 
Cartórios de Registro das Pessoas Jurídicas. 
 
 8.4. Categoria de associados: o legislador prevê que os associados possuem direitos 
iguais, desde que o estatuto não estipule categorias distintas. É comum nas associações se 
verificar prerrogativas especiais aos associados fundadores. No entanto, é importante se 
observar que o legislador através do artigo 55 autorizou a criação de direitos especiais para 
alguns associados, sem que isso signifique a redução de direitos para os demais associados. 
 
 8.5. Associado: como vimos anteriormente, o estatuto deve prever forma para a 
admissão de associados, não sendo possível alguém adquirir essa qualidade por mera 
transferência de um associado para outro, inclusive de quotas patrimoniais quando for o 
caso, salvo se houver expressa autorização estatutária neste sentido. 
 
 8.6. Exclusão de associado: o legislador estabelece duas situações para exclusão de 
associados, que por sua vez deverão observar justa causa para aplicação. 
 
 8.6.1. previsão estatutária: como se tratava de cláusula obrigatória, cabe ao 
estatuto prever a forma de exclusão do associado uma vez verificada justa causa que motive 
a medida drástica. Caso haja previsão de exclusão por parte dos órgãos deliberativos ou 
administrativos, dessa decisão cabe recurso à assembléia geral; 
 
 8.6.2. omissão estatutária: a contrário sensu, prevê o legislador que se o 
estatuto for omisso, verificando-se a existência de motivos graves, poderá ocorrer à exclusão 
do associado desde que ocorra decisão por maioria de presentes em assembléia convocada 
especialmente para esse fim. 
 
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1144 
 8.7. Exercício de direitos: prevê o artigo 58 que nenhum associado será impedido de 
exercer direito ou função na associação, senão nos casos previstos no estatuto ou na 
legislação. 
 
 8.7.1. impedimento estatutário: para que haja o impedimento do associado é 
necessário que haja expressa previsão de situações e forma de verificação; 
 
 8.7.2. impedimento legal: o legislador não especificou formas de 
impedimento, porém, no artigo 59 ao disciplinar a função da assembléia, especificou a 
possibilidade de destituição dos administradores, o que implica no impedimento de exercício 
de direito. 
 
 8.8. Assembléia: como em qualquer entidade estatutária, a assembléia é o órgão 
soberano de deliberação, cabendo a ela algumas atividades privativas a saber: 
 
 8.8.1. Administradores: eleger ou destituir os administradores, e acrescente-
se aí, os membros de qualquer órgão deliberativo que tenha sido criado no estatuto. Para 
eleição é possível a realização através de assembléia por maioria de votos, porém, para 
destituição é necessário votos de 2/3 (dois terços) dos presentes em primeira assembléia ou 
de no mínimo 1/3 (um terço) em segunda assembléia; 
 
 8.8.2. Contas: compete exclusivamente à assembléia julgar as contas 
apresentadas pelos administradores, tal decisão pode ser tomada por maioria simples; 
 
 8.8.3. Alteração estatutária: como a instituição do estatuto se dá por 
assembléia, só a assembléia poderá modificá-lo, respeitando os mesmos quoruns para 
destituição de administradores. 
 
 8.8.4. Convocação: a convocação das assembléias poderá ser feita pelos 
órgãos deliberativos ou pelos próprios associados que correspondam a 1/5 (um quinto) do 
quadro,desde que o estatuto não discipline de forma distinta. 
 
 8.9. Destinação patrimonial: na hipótese de dissolução da associação, haverá a 
liquidação de seu patrimônio com a restituição dos haveres aos associados quando for o 
caso. O remanescente patrimonial poderá ser repassado a outra instituição de mesma 
finalidade quando previsto em estatuto, ou a uma instituição pública municipal, estadual ou 
federal de mesma finalidade. 
 
9. Fundação Privada 
 
 9.1. Conceito: são as fundações, ao contrário das demais pessoas jurídicas que se 
compõe de seres individuais, formam-se como uma universalidade de bens destinados a um 
determinado fim. 
 
 9.2. Negócio jurídico: a fundação se constitui por um negócio jurídico como 
qualquer outra pessoa jurídica, porém, de forma específica. Nas demais pessoas jurídicas a 
constituição se da por ato normalmente bilateral, ao contrário, a fundação se dá por ato 
unilateral de seu instituidor ou fundador. 
 
 9.3. Ato constitutivo: a fundação nascerá da doação de patrimônio destinado aos 
fins almejados por seu instituidor através de escritura pública. Uma vez destinado os bens o 
instituidor indicará as pessoas que deverão proceder à elaboração de seu estatuto no prazo 
máximo de 180 (cento e oitenta) dias e submetê-lo ao Ministério Público para aprovação. 
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1155 
 
a) modificação: havendo proposta de mudança no estatuto por parte do Ministério Público e 
não concordando seus elaboradores, caberá a remessa do instrumento ao Poder Judiciário 
para apreciação e decisão final; 
 
b) rejeição: havendo rejeição do Ministério Público o procedimento é o mesmo da 
modificação, ou seja, encaminha-se o instrumento ao Poder Judiciário para decisão. 
 
c) omissão: na hipótese de omissão, por parte dos designados, caberá ao Ministério Público, 
após o prazo designado ou após o prazo legal proceder à elaboração do estatuto. 
 
 9.4. Formação do estatuto: o estatuto da fundação conterá as seguintes regras: 
 
 9.4.1. Denominação: no que pertine a denominação, nenhuma regra impôs o 
legislador para criação do nome da fundação, servindo para tanto, a regra negativa, ou seja, a 
utilização de qualquer nome que não infrinja os desígnios das demais pessoas jurídicas. No 
entanto, em especial as fundações recebem nome indicados pelo próprio instituidor que já os 
sugere na escritura pública de transferência da propriedade. 
 
 9.4.2. Sede: local onde será exercida a administração da fundação. 
 
 9.4.3. Finalidade: por imposição legal, parágrafo único do artigo 62 do 
Código Civil, a fundação só poderá se constituir com fins religiosos, morais culturais ou 
assistenciais. Configurando portanto, finalidade não lucrativa. 
 
 9.4.4. Gestores: como a fundação nasce do patrimônio e não da reunião de 
pessoas, compõe o seu quadro através de gestores indicados por seu instituidor ou pelo 
Ministério Público. 
 
 9.4.5. Custeio: em regra, o custeio das fundações se faz com a exploração do 
próprio patrimônio doado por seu instituidor, porém, nada impede que a fundação se utilize 
de outras fontes de custeio. 
 
 9.4.6. Administração: caberá ao estatuto indicar a forma de administração da 
fundação. 
 
 9.4.7. Registro: o registro das fundações fica a cargo do cartório de Registro 
das Pessoas Jurídicas. 
 
 9.5. Responsabilidade civil: o patrimônio da fundação é impenhorável, porém, de 
forma a resguardar interesse de terceiro admite-se a constrição sobre os frutos gerados a 
partir do mesmo patrimônio. 
 
10. Sociedades 
 
 10.1. Conceito (artigo 981 do Código Civil): considera-se sociedade a reunião de 
pessoas que se obrigam entre si com bens e serviços para a realização de um ou mais 
negócios visando à partilha dos resultados, sejam eles positivos ou negativos. Para tanto, 
alguns elementos são inerentes a existência da sociedade: 
 
 10.1.1) interesse comum: a sociedade nasce da reunião de duas ou mais 
pessoas, portanto, para sua criação necessário se verifica a existência de pessoas com mesmo 
interesse, ou seja comum; 
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1166 
 
 10.1.2) afeccio societatis: como as pessoas dispostas a criarem a sociedade 
terão como conseqüência o desenvolvimento de uma mesma atividade, pressupõe-se a 
existência entre elas da vontade de se associarem, pois do contrário, embora haja a 
verificação de interesse comum na atividade, seriam apenas dois profissionais unipessoais. 
Essa vontade de se associarem se denomina afeccio societatis; 
 
 10.1.3) obrigação patrimonial: além do interesse e da vontade, a sociedade 
exige ainda a obrigação patrimonial de seus sócios, seja através da concessão de um bem ou 
trabalhando para a sociedade. De qualquer forma, toda sociedade terá um patrimônio 
mínimo que será seu capital social, responsável pelas obrigações por ela constituídas; 
 
 10.1.4) resultado: como em qualquer sociedade o elemento risco é inerente 
ao negócio, logo esse fato gera a responsabilidade civil dos sócios na medida em que 
havendo disposição de partilha pelos resultados, sendo ele negativo, deverá cada sócio 
responder perante os credores com a responsabilidade estabelecida legalmente ou 
contratualmente. 
 
a) responsabilidade legal: para cada tipo de sociedade existe uma responsabilidade legal 
estabelecida delimitando a obrigação individual de cada sócio; 
 
b) responsabilidade contratual: independentemente da responsabilidade estabelecida em 
lei, nada impede que os sócios, de maneira subsidiária venham convencionar 
responsabilidade individual diversa da prevista em lei, porém, nesse caso, só terá valor 
jurídico se for para ampliar a responsabilidade legal, nunca para diminuí-la. 
 
 10.2. Espécies: o nosso ordenamento jurídico reconhece as sociedades 
personificadas e não personificadas. Entre as não personificadas o legislador previu a 
sociedade em comum e a sociedade em conta de participação. Já nas sociedades 
personificadas a legislador às dividiu em sociedade simples, empresárias e estatais. 
 
 10.3. Distinção entre sociedade simples e empresária: o legislador não conceituou 
a sociedade simples, apenas a sociedade empresária. Logo, a definição de sociedade simples 
passou a ser para o interprete um exercício de hermenêutica jurídica. Porém, a via da 
exclusão nos permite atingir tal conceito. 
 
 10.3.1. Sociedades empresárias (artigo 966 do Código Civil): para se 
configurar a existência de uma sociedade empresária, conceituada no artigo 966 do Código 
Civil, necessária se faz verificar a existência de alguns elementos específicos. Esses 
elementos estão presentes na tríade da empresarialidade: 
 
a) empresário (art. 966 C. Civil): é a pessoa que exerce profissionalmente atividade 
empresarial em nome próprio; 
 
b) estabelecimento: formado pelo conjunto de elementos necessários para o exercício da 
atividade empresarial, o que em regra não permitiria a existência de empresa só no papel 
como ocorre simplesmente com as sociedades; 
 
c) atividade econômica organizada: essa atividade econômica organizada por seu turno, 
exige a conjugação de 03 (três) outros fatores, a saber: profissionalismo, risco e lucro. 
 
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1177 
c.1) profissionalismo: se caracteriza pelo exercício habitual da atividade empresarial na 
produção ou a circulação de bens ou de serviços, ou seja, compreende o exercício habitual 
de atividade industrial, comercial ou de serviços; 
 
c.2) risco: inerente à prática de qualquer atividadeeconômica; 
 
c.3) lucro: caracterizado pela finalidade e não necessariamente pelo resultado, haja vista que 
o resultado pode ser negativo em determinado mês ou período sem descaracterizar a 
existência da sociedade como empresária. O resultado negativo por sua vez, gera obrigação 
entre os sócios de recompor os prejuízos. 
 
 10.3.2. Sociedade Simples (art. 982 C.C.): verificamos anteriormente que 
para conceituar uma sociedade empresária basta verificarmos a presença dos elementos da 
tríade da empresarialidade. Ocorre que o parágrafo único do citado artigo, cria uma exceção 
a essa regra, o que nos levaria a concluir tratar-se do conceito de sociedade simples. Trata-se 
na realidade dos casos de praticantes de atividades intelectuais, no entanto, o próprio 
parágrafo único afirma que estando presentes os elementos de empresa, ainda que 
intelectual, será empresária a sociedade. A solução parece estar no artigo 982 que aduz que 
“salvo expresso”em contrário serão empresárias as sociedades e simples as demais. Ora 
estava o legislador prevendo as hipóteses em que ainda que presentes os elementos de 
empresa, dispositivo legal específico lhes tire a liberdade dessa forma de constituição como 
é o caso dos médicos, advogados e dentistas que obrigatoriamente se constituirão na forma 
de sociedade simples. 
 
 10.4. Exceções (parágrafo único do artigo 982 do Código Civil): independente da 
verificação ou não dos elementos anteriormente descritos, as sociedades por ações 
(anônimas ou em comandita por ações) e as cooperativas possuem regime obrigatório: 
 
 10.4.1. Sociedades por ações: às sociedades criadas por ações, sejam as 
sociedades anônimas ou sociedades em comandita por ações, serão sempre empresárias 
independentemente da verificação dos elementos da tríade da empresarialidade, ou seja, se 
eventualmente tivermos a constituição de uma sociedade por ações sem fins empresariais, 
será ela considerada empresária por força de lei, a exemplo do que já determinava o Código 
Comercial em sua parte revogada; 
 
 10.4.2. Sociedades Cooperativas: as cooperativas serão sempre consideradas 
sociedades simples, ainda que presentes os elementos da tríade da empresarialidade. 
 
 10.5) regime jurídico (artigo 983 do Código Civil): todas as sociedades privadas 
estão submetidas ao regime jurídico próprio do Código Civil no tocante às regras gerais, 
devendo respeitar ainda as regras específicas para cada tipo de sociedade. 
 
 10.5.1) sociedades empresárias: essas sociedade respeitarão as regras 
específicas a que se subordinam os seus sócios ao realizarem a opção pelo tipo societário 
(sociedade em comandita simples, sociedade em nome coletivo, sociedade limitada, 
sociedade anônima e sociedade em comandita por ações); 
 
 10.5.2) sociedades simples: as sociedades simples podem se subordinar às 
regras próprias do tipo societário escolhido (sociedade em comandita simples, sociedade em 
nome coletivo ou sociedade limitada) ou as específicas das sociedades simples; 
 
 10.5.3) empresário rural (artigo 984 do Código Civil): o empresário rural 
somente se subordinará ao regime das sociedades empresárias se se constituir através de um 
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1188 
dos tipos próprios de sociedades empresárias (sociedade em comandita simples, sociedade 
em nome coletivo, sociedade limitada, sociedade anônima e sociedade em comandita por 
ações) e levá-la a registro na Junta Comercial, caso contrário, responderá pelo regime das 
sociedades simples. 
 
11. Sociedades não personificadas 
 
 11.1. Conceito: como já abordamos anteriormente, tratam-se de “sociedades” que 
não adquirem personalidade jurídica, seja porque não cumpre os requisitos essenciais, seja 
porque a lei não lhes dá tal prerrogativa. 
 
 11.2. Espécies: o nosso ordenamento jurídico contempla duas possibilidades de 
sociedades não personificadas, a Sociedade em Comum e a Sociedade em Conta de 
Participação. 
 
11.2.1. Sociedade em comum (artigo 986 do Código Civil) 
 
a) conceito: trata-se da sociedade não personificada, portanto, não levada a registro 
nos respectivos órgãos, ainda que possua atos constitutivos firmados entre seus sócios. 
 
b) espécies: a doutrina classifica as sociedades em comum em irregular ou de fato. 
 
b.1) sociedade irregular: como já vimos anteriormente, a sociedade deve ter os seus 
atos constitutivos devidamente registrados em razão da obrigatoriedade prevista no artigo 
967 do Código Civil, porém, como já asseveramos, a ausência de registro não constitui ato 
ilegal, até porque, como se observa, o próprio Código Civil reconhece esse tipo de 
sociedade, logo, a sociedade que tenha atos constitutivos que não tenham sido levados a 
registro, é considerada como sociedade irregular. 
 
b.2) sociedade de fato: é a sociedade em atividade que não tenha seus atos 
constitutivos elaborados expressamente, presumindo-se que as suas regras estejam 
estabelecidas tacitamente pelos seus membros. 
 
c) prova da sociedade: de acordo com o que preceitua o artigo 987 do Código Civil, 
os sócios só podem provar a existência da sociedade através do contrato escrito, e os 
terceiros, de qualquer modo. Logo, a existência de sociedade irregular pode ser objeto de 
litígio entre os sócios judicialmente, ao contrário da sociedade de fato em razão da 
impossibilidade de prova de sua existência. 
 
d) regime jurídico (artigo 990 do Código Civil): às sociedades em comum se 
aplicam os dispositivos próprios aqui tratados e previstos nos artigos 986 a 990 do Código 
Civil, além do uso subsidiário dos dispositivos próprios das sociedades simples. 
 
e) benefício de ordem: o benefício de ordem previsto no artigo 1024 do Código 
Civil que determina que primeiro devem ser excutidos os bens da sociedade só para depois 
serem atingidos os bens pessoais dos sócios, tem seu alcance limitado para aplicação 
judicial. 
 
e.1) limite legal: segundo determina o próprio dispositivo legal, o benefício de 
ordem só pode ser invocado pelo sócio inocente, ou seja, aquele que não contratou a 
obrigação que esteja gerando responsabilidade, e ainda assim, dependerá da prova de 
existência da sociedade; 
 
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1199 
e.2) limite natural: o segundo aspecto limitador de sua utilização diz respeito à 
sociedade de fato, pois, uma vez sendo impossível à prova de sua existência, não poderá o 
sócio invocar o benefício de ordem, a menos que o terceiro tenha provado a existência da 
sociedade. 
 
f) responsabilidade solidária: em se tratando de sociedade em comum, apenas um 
sócio poderá ser demandado pela divida integral contraída pela sociedade, cabendo a ele o 
direito de regresso contra os demais sócios. 
 
g) responsabilidade ilimitada: uma vez sendo em comum a sociedade a 
responsabilidade será sempre ilimitada, ou seja, os sócios responderão integralmente pelas 
obrigações contraídas. 
 
h) interesse de terceiros (artigo 989 do Código Civil): os interesses de terceiros 
que contratem com a sociedade em comum não poderão ser prejudicados em razão de 
acordo realizado entre seus sócios, exceto se ocorrer anuência por parte do terceiro credor da 
sociedade. 
 
i) falência: em razão da irregularidade da sociedade, e se verificando a existência 
dos elementos de empresa, estará ela sujeita ao regime falimentar. 
 
j) patrimônio especial: o artigo 988 do Código Civil determina que os bens e as 
dividas sociais constituem patrimônio especial. Fazendo uma interpretação teleológica é 
possível concluir que o legislador pretendia com isso evitar a distinção entre o patrimônio 
social do patrimônio pessoal, já que em setratando de sociedade não personificada não há 
que se falar em patrimônio social. 
 
k) gerência: a gerência da sociedade observará as espécies próprias de sociedade em 
comum: de fato ou irregular. 
 
k.1) sociedade de fato: sendo de fato a sociedade em comum, ou seja, inexistindo 
ato constitutivo da sociedade não haverá disposição expressa sobre o exercício da gerência 
da sociedade, presumindo-se ela comum a todos os sócios; 
 
k.2) sociedade irregular: ao contrário da sociedade de fato, em razão da existência 
de ato constitutivo da sociedade é possível se disciplinar o exercício da gerência da 
sociedade. 
 
l) nome empresarial: o nome empresarial decorre justamente da personificação da 
sociedade que se dá com o seu registro no órgão de registro público de empresas, de forma 
que, pela ausência de registro não há que se falar de nome empresarial, o que se conclui que 
a sociedade em comum girará no mercado com a utilização apenas de nome fantasia ou de 
seu título de estabelecimento. 
 
11.2.2. Sociedade em conta de participação 
 
a) conceito (art. 991 do C. Civil): trata-se da sociedade não personificada em que 
duas ou mais pessoas se associam para um empreendimento comum, ficando um em posição 
ostensiva (o sócio que realizará todos atos empresariais) e outro como participante (o sócio 
que contrata exclusivamente com o primeiro sem se relacionar com as pessoas que venham 
contratar com essa sociedade). 
 
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2200 
b) natureza jurídica: claro está, que a Sociedade em Conta de Participação não tem 
natureza jurídica de sociedade, apesar de ter sido incluída entre as sociedades previstas no 
Código Civil. É que na realidade temos apenas um contrato entre duas ou mais pessoas para 
realização de um empreendimento, cuja atividade empresarial, será somente exercida pelo 
sócio ostensivo, verdadeiro empresário, no mesmo sentido alguns doutrinadores tem se 
posicionado
4
. 
 
c) sócio ostensivo: como vimos anteriormente, essa sociedade impropriamente assim 
tratada, já que só existe como tal entre seus membros, não possui personificação, tratando-se 
do exercício da atividade empresarial na forma de empresário individual pelo sócio 
ostensivo ou de sociedade em comum havendo pluralidade de sócios ostensivos. Logo, 
teremos por parte do sócio ostensivo dois vínculos jurídicos, um enquanto empresário com 
todas as obrigações que lhe são pertinentes, outro, de caráter particular e reservado por força 
legal, com o sócio participante, também gerador de direitos e obrigações. 
 
d) sócio participante: denominado anteriormente pelo Código Comercial como 
sócio oculto, é o sócio que não pratica nenhum ato empresarial, já que esses são próprios do 
sócio ostensivo, possuindo direitos e obrigação somente perante o seu sócio. A denominação 
“sócio oculto” é muito mais pertinente, já que a sua existência é ocultada por determinação 
da própria lei. 
 
e) relação com terceiros: se a sociedade em conta de participação não existe perante 
terceiros, já que todos os atos são praticados individualmente pelo sócio ostensivo enquanto 
empresário, desnecessária seria a introdução no ordenamento do artigo 993 do Código Civil, 
acrescentando que ainda que levado a registro o contrato da sociedade não implica em 
personificação da sociedade. Ora, se assim o é, caso venha o sócio participante praticar 
qualquer ato perante terceiros estaremos diante de empresário individual ou de sociedade em 
comum e não mais de uma “sociedade em conta de participação”. 
 
f) empresário individual: caso o sócio participante pratique qualquer ato 
empresarial sem que o terceiro contratante tenha conhecimento da existência de uma 
sociedade, estaremos diante de ato praticado por empresário individual; 
 
g) sociedade em comum: caso o sócio participante pratique ato empresarial em que 
o terceiro tenha conhecimento da existência da sociedade entre ele e o sócio ostensivo, 
estaremos diante de um ato empresarial praticado por sociedade em comum. 
 
h) gerência: uma vez que os atos empresariais serão todos praticados em nome da 
pessoa física do sócio ostensivo, ou seja, na qualidade de empresário individual, não há que 
se falar em gerência da sociedade, até porque, não existindo “sociedade” não existe a palavra 
“gerência”. Por outro lado, verificamos anteriormente que poderia haver pluralidade de 
sócios ostensivos e assim, a existência de uma sociedade em comum, respeitando nesse caso 
as regras próprias desse tipo de sociedade para o exercício da gerência da sociedade. 
 
i) nome empresarial: a exemplo do que vimos no caso da gerência, observamos que 
o nome empresarial a ser adotado é o do sócio ostensivo enquanto empresário individual ou 
do nome fantasia ou título do estabelecimento no caso de sociedade em comum. 
 
j) patrimônio especial (art. 994 do C. Civil): a exemplo do que já fez na sociedade 
em comum, o legislador também disciplinou o patrimônio especial da sociedade em conta de 
participação, no entanto, o estudo aqui deve ser mais acurado. É que para o credor imputar o 
 
4
 Neste sentido ver: Sérgio Campinho, p. 74. 
 DDiirreeiittoo EEmmpprreessaarriiaall –– PPrrooffºº SSéérrggiioo GGaabbrriieell –– PPáágg.. 
 
 
2211 
patrimônio especial de uma sociedade, deverá comprovar a sua existência, caso contrário, 
propor a penhora de qualquer patrimônio do sócio participante como forma de satisfação do 
seu crédito geraria a argüição de ilegitimidade passiva. E isso se dá na dificuldade da 
comprovação de tal sociedade, o que já não é tão difícil para o credor na sociedade em 
comum pela prática de atos empresariais por ambos os sócios. 
 
k) falência: no caso específico de falência, por determinação do artigo 994 do 
Código Civil em seus parágrafos segundo e terceiro, deve o instituto ser analisado sobre dois 
ângulos: 
 
k.1) falência do sócio ostensivo: disciplinado no parágrafo segundo do artigo 994 
trata-se propriamente da falência da sociedade no que diz respeito a sua existência, já que 
está vinculada à existência do sócio ostensivo como empresário. Porém, no tocante às 
obrigações sociais decorrentes da falência, o sócio participante poderá se habilitar na 
falência caso lhe reste saldo credor; 
 
k.2) falência do sócio participante: o parágrafo terceiro trata da falência do sócio 
participante e não da sociedade, ou seja, presume-se a existência de outra atividade 
empresarial por parte deste sócio que difere da atividade da sociedade. Ou seja, da falência 
do sócio participante não decorre a liquidação da sociedade. 
 
l) composição social: essa sociedade nasce da conjugação da vontade de dois sócios, 
o ostensivo e o participante, porém, consoante determina o artigo 995 do Código Civil a 
entrada de outros sócios nessa sociedade depende de consentimento expresso do sócio 
participante praticante dos atos empresariais. 
 
m) pluralidade de sócio ostensivo: havendo litígio judicial no tocante à vontade de 
dissolução da sociedade por parte de um dos sócios, estabelece o parágrafo único do artigo 
966 que as contas entre os sócios ostensivos devam ser apuradas e julgadas no próprio 
processo de liquidação. Dessa forma, da dissolução desse tipo de sociedade pode restar 
pendência somente no tocante ao sócio participante que mereceu atenção menor do 
legislador. 
 
n) regras complementares: por força do disposto no artigo 966 do Código Civil, no 
que couber serão extensivos à sociedade em conta de participação os dispositivos atinentes 
às sociedades simples. Porém, deve se entender que o uso subsidiário dos dispositivos 
relativos à sociedade simples diz respeito à relação existenteentre os sócios e não com 
terceiros por determinação expressa do parágrafo único do artigo 991 do mesmo código. 
 
o) efeitos fiscais: maiores preocupações não geram ao fisco a existência de 
sociedades em conta de participação, uma vez que os atos empresariais sendo realizados em 
nome do sócio ostensivo, daquele fato decorreriam os fatos geradores oponíveis de 
obrigação tributária. A preocupação só nasceria na hipótese de responsabilidade tributária, já 
que não sendo o sócio participante de conhecimento do fisco não há como torná-lo 
responsável tributário o que é comum em qualquer outro tipo de sociedade. 
 
12. Sociedades personificadas 
 
 12.1. Conceito: como já vimos anteriormente, são personificadas às sociedades que 
cumprem os requisitos legais e adquirem personalidade jurídica. 
 
 12.2. Espécies: o nosso ordenamento jurídico ainda prevê as sociedades unipessoais, 
às sociedades estatais, às sociedades simples e às sociedades empresarias. 
 DDiirreeiittoo EEmmpprreessaarriiaall –– PPrrooffºº SSéérrggiioo GGaabbrriieell –– PPáágg.. 
 
 
2222 
 
13. Sociedade Unipessoal 
 
 13.1. Conceito: sociedade unipessoal seria a sociedade de um sócio apenas, o que se 
figura contrário à constituição das sociedades no Brasil em virtude de termos adotado o 
modelo de pluralidade de sócios, porém, há duas hipóteses presentes no nosso direito que se 
afigura como sociedade unipessoal, ainda que de maneira imprópria. 
 
 13.2. Sociedade Estatal: a sociedade estatal, conforme se verificará a seguir, pode se 
constituir com capital exclusivamente público ou misto (privado e público). Em se 
constituindo com capital exclusivamente público, teremos um único sócio, o Estado. Por 
outro lado, a doutrina majoritária sustenta não ser o caso de sociedade unipessoal por duas 
razões, de um lado, ela pode ter sido criada com capital exclusivamente público de forma a 
atender interesses da sociedade. O segundo entendimento é o de que em se tratando da 
figura do Estado, toda a sociedade vinculada àquela figura estatal comporia o quadro 
societário ainda que indiretamente. 
 
 13.3. Sociedade Unipessoal Transitória: a segunda hipótese é a prevista no inciso 
IV do artigo 1033 do Código Civil que estabelece que a sociedade será dissolvida se houver 
“a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias”. Logo, 
ainda que de maneira imprópria, o direito brasileiro reconhece a sociedade unipessoal. 
 
14. Sociedades Estatais 
 
 14.1. Conceito: trata-se das sociedades em que haja a participação integral ou 
majoritária do Estado. 
 
 14.2. Espécies: as sociedades estatais podem se constituir na forma de empresa 
pública, situação em que o Estado integralizará o total do capital social, sendo portanto, seu 
único sócio. E temos ainda o caso das sociedades de economia mista, em que o Estado 
comporá o quadro social como sócio majoritário, possuindo no mínimo, 51% (cinquenta e 
um por cento) do capital social, complementando-se o quadro social com capital privado. 
 
 14.3. Constituição: em razão da participação do Estado, as sociedades estatais só 
podem ser constituídas através de ato legislativo próprio, sendo a lei seu ato constitutivo. 
 
 14.4. Modificação e Desconstituição: uma vez constituídas por lei, só a lei poderá 
modificá-las ou extinguí-las, estando portanto, sujeitas a um regime jurídico especial 
próprio. 
 
15. Sociedade Simples 
 
 15.1. Conceito: a sociedade simples não possui requisitos próprios, o que torna 
impossível atingir seu conceito. Trata-se, pois, de todas as demais sociedades que não as 
empresárias. O Código Civil exige que as cooperativas sejam organizadas na forma de 
sociedades simples. Da mesma forma, os profissionais intelectuais organizados na forma de 
sociedade, em que não se verifique a existência dos elementos de empresa também serão 
constituídos na forma de sociedade simples. Esse tipo social constitui o tipo geral aplicável 
no caso de se objetivar uma reunião associativa para prestação de serviços pessoal. 
 
 15.2. Regime Jurídico: as sociedades simples se submetem ao regime próprio, além 
da possibilidade de se submeterem ao regime específico caso adotem um dos tipos 
societários previstos para constituição das sociedades empresárias consoante autoriza o 
 DDiirreeiittoo EEmmpprreessaarriiaall –– PPrrooffºº SSéérrggiioo GGaabbrriieell –– PPáágg.. 
 
 
2233 
artigo 983 do Código Civil. Caso isso ocorra, exceto no que concerne ao registro, deverá a 
sociedade respeitar as regras próprias do tipo escolhido. No entanto, caso a sociedade opte 
pelo tipo sociedade por ações, deixará de ser sociedade simples e será obrigatoriamente 
sociedade empresária. 
 
 15.3. Regra geral: além dos dispositivos concernentes a sociedades simples serem 
regras especiais para ela própria, serão regras gerais para as sociedades empresárias. 
 
 15.4. Sociedade contratual: é a sociedade simples uma sociedade contratual, 
portanto, a sua constituição se dá a partir da elaboração desse contrato que deverá ser 
registrado para a sua personificação. 
 
 15.5. Registro: as sociedades simples estão sujeitas a registro perante o Cartório de 
Registro Civil das Pessoas Jurídicas de sua sede, e onde não houver, no Cartório de Títulos e 
Documentos. Tal registro deve ser efetuado no prazo de 30 (trinta) dias a contar da sua 
constituição. 
 
 15.6. Contrato social: o contrato de constituição da sociedade simples deve conter 
as seguintes informações obrigatórias, sem prejuízo de outras que por ventura convencionem 
os sócios: 
 
a) qualificação dos sócios: a qualificação dos sócios deverá ser feita através dos dados 
inerentes à qualificação civil: nome, nacionalidade, estado civil, profissão e endereço dos 
sócios. Cabe ressaltar que o sócio tanto pode ser pessoa física como jurídica; 
 
b) nome da sociedade: trata-se do nome a ser adotado para a prática dos atos sociais, 
poderá ser adotado uma denominação (nome abstrato) quanto o próprio nome dos sócios 
(firma), exemplo: Pinheiro Neto Advogados Associados ou Interlex Sociedade de 
Advogados; 
 
c) sede: deve o contrato especificar a sede social; 
 
d) objeto: trata-se do objeto social a ser operado pela sociedade. Exemplo: sociedade de 
advogados; 
 
e) prazo: trata-se do prazo de vigência da sociedade, que poderá também ser indeterminado; 
 
f) capital social: trata-se do capital mínimo para constituição da sociedade. Deve ser 
expresso em moeda corrente nacional, podendo ser composto por bens desde que suscetíveis 
de avaliação pecuniária; 
 
g) cotas sociais: a especificação do capital social em quotas e a proporção de cada sócio no 
capital social. Além disso, caso o sócio venha integralizar sua cotas, ou parte delas em 
serviço, deverá estar devidamente especificado (o serviço e a forma de cumprimento). Assim 
sendo, verificamos que a sociedade simples pode ser de capital, serviço ou mista: 
 
g.1) serviço: caso o sócio integre o quadro social através de seus serviços, estará proibido de 
empregar-se em atividade estranha à sociedade, sujeitando-se ao contrário, em exclusão ou 
perda de sua parte nos lucros sociais, a menos que o contrato estipule a permissão. Por outro 
lado, de forma a disciplinar a participação do sócio de serviço, o contrato deverá especificar 
qual o serviço e em que condições será prestado; 
 
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g.2) capital: será de capital quando formada exclusivamente pelo capital integralizado dos 
sócios, situação em que o contrato deverá especificar o capital em cotas; 
 
g.3) mista: o capital social pode ser formado por sócio capitalista e por sóciode serviço, 
devendo o contrato ser expresso para especificar a forma de participação de cada um. 
 
h) administração: especificar de que forma se dará a administração da sociedade, por 
terceiro que assumirá na qualidade de administrador, ou pelos próprios sócios na qualidade 
de gerentes, sendo que na omissão se presume a gerência sendo exercida em situação de 
igualdade por todos os sócios. O cargo de administrador que não poderá ter nenhum 
impedimento na forma da lei para o exercício de atividade empresarial; 
 
i) resultados: deve ser especificada a participação de cada sócio nos resultados, seja lucro 
ou prejuízo, sendo que a participação será sempre proporcional às quotas sociais caso o 
contrato não estipule de forma diversa. De qualquer forma, nenhum sócio poderá ser 
excluído dos resultados sociais; 
 
i.1) lucros fictícios: caso seja feita a distribuição de lucros fictamente contabilizados para 
beneficiar os sócios, gerará responsabilidade solidária entre eles e entre o administrador que 
não poderá alegar desconhecimento; 
 
j) responsabilidade dos sócios: trata-se da especificação da responsabilidade de cada sócio 
pelas obrigações sociais, porém, tal cláusula só possui efeito perante os sócios, não 
produzindo qualquer efeito perante terceiros quando permitir qualquer tipo de limitação, 
haja vista que cada sócio responderá até o limite do capital social integralizado. 
 
 15.7. Alteração da sociedade: para que haja alteração de qualquer um dos 
dispositivos acordados no contrato social deverá se levar em conta se se trata de cláusula 
obrigatória ou não. 
 
a) cláusula obrigatória: só podem ser alteradas por decisão conjunta de todos os sócios; 
 
b) cláusula não obrigatória: poderá ser alterada por decisão da maioria dos sócios, desde 
que o contrato social não estabeleça de outra forma; 
 
c) averbação: a alteração para produzir efeito deverá ser averbada no registro original da 
sociedade para que produza efeitos. 
 
 15.8. Filiais: caso haja a abertura de filiais, sucursais ou agências em locais diversos 
da sede onde está inscrita, deverá proceder à inscrição no respectivo Cartório de Registro 
Civil das Pessoas Jurídicas ou Cartório de Títulos e Documentos onde não houver, além do 
registro na própria sede de abertura de filiais. 
 
 15.9. Substituição de sócios: a substituição depende da decisão conjunta dos sócios 
remanescentes. Caso a saída da sociedade se de por vontade do próprio sócio retirante, a sua 
substituição ou não se dará por decisão absoluta dos demais, e para que ele transfira suas 
quotas sociais para estranho a sociedade, deverá possuir o consentimento expresso dos 
remanescentes, sob pena de se tornar ineficaz o ato, exceto se houver previsão contratual 
expressa. 
 
a) evicção: caso o sócio retirante faça a transferência das quotas sociais sem transferência de 
domínio (sem o consentimento dos demais sócios), implicará em ato nulo e responderá o 
alienante pela evicção. 
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 15.10. Responsabilidade do retirante: na hipótese de substituição do sócio, ele na 
qualidade de retirante será solidário aos demais sócios por um período de dois anos após 
averbação da alteração social no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas. 
 
 15.11. Sócio remisso: sócio remisso é aquele que deixa de integralizar a parcela do 
capital social com a qual se obrigou quando da constituição da sociedade. Tal situação prevê 
algumas sanções: 
 
a) indenização: independentemente de seu destino na sociedade (exclusão ou permanência), 
sujeitar-se-á indenização por eventuais prejuízos causados a sociedade pela não 
integralização do capital; 
 
b) exclusão: estará a sujeito a exclusão do quadro social, e nesse caso, ainda que importe em 
cláusula obrigatória da sociedade, a decisão não precisa ser unânime, poderá ser por maioria; 
 
c) redução da quota social: em virtude do não cumprimento da obrigação, poderá o sócio 
remisso ter sua quota social reduzida ao capital já integralizado, independentemente da 
possibilidade de responder pelos prejuízos causados a sociedade. Tal situação implicará na 
redução do capital social que poderá também ser decidida por maioria dos sócios; 
 
d) transferência das quotas: outra situação seria a transferência do capital a integralizar 
para os demais sócios que responderiam pela diferença, decisão essa também possível por 
maioria dos sócios. 
 
 15.12. Deliberações sociais: as decisões relativas aos atos sociais que não importem 
em alteração da sociedade serão tomadas por decisão de maioria relativo ao capital social. 
 
a) maioria: considera-se maioria aquela decisão que leve em consideração mais da metade 
do capital social; 
 
b) empate: na hipótese de empate entre o capital social, prevalecerá o número de sócios. 
 
16. Sociedades Cooperativas 
 
 16.1. Conceito: trata-se de uma sociedade em que as pessoas se reúnem com o 
propósito de reunir esforços para atingimento de um fim comum, sem contudo, existir 
hierarquia e subordinação entre seus componentes. 
 
 16.2. Regime Jurídico: a sociedade cooperativa tem regras definidas em lei especial, 
Lei nº 5.764/71, e no que couber, respeitará as regras das Sociedades Simples conforme 
determina o artigo 1096 do Código Civil. 
 
 16.3. Capital Social: as sociedades cooperativas não possuem obrigatoriedade de 
capital social declarado, em virtude da possibilidade de variação na medida em que admite 
ou perde cooperados. 
 
 16.4. Limite de cotas: de forma a se evitar a hierarquização da cooperativa, seu 
regulamento deve limitar o número de cotas possíveis a cada cooperado. Independe do 
limite estabelecido, cada cooperado terá apenas o direito a um voto em assembléia. 
 
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 16.5. Constituição: as cooperativas devem ser constituídas através de estatuto que 
disciplinará seu objeto e funcionamento. Este estatuto no entanto, será obrigatoriamente 
registrado na Junta Comercial. 
 
 16.6. Intransferibilidade de cotas: ao contrário do que ocorre nas sociedades, nas 
cooperativas o cooperado que pretenda se desligar deve ser remunerado diretamente pela 
cooperativa. 
 
 16.7. Resultados: os resultados são distribuídos proporcionalmente ao limite de 
cotas de cada cooperado. 
 
 16.8. Responsabilidade dos cooperados: a responsabilidade dos cooperados é 
limitada ao limite de suas cotas, no entanto, caso exerça função de direção e administração 
na cooperativa terá responsabilidade ilimitada em razão de suas obrigações. 
 
17. Sociedades Empresárias 
 
 17.1. Conceito: o conceito de sociedade empresária encontra vertente exclusiva na 
determinação legal. De um lado o artigo 962 do Código Civil considera empresária a 
sociedade sujeita a registro e que tenha por objeto a atividade própria de empresário. A 
atividade própria de empresário por sua vez, é a atividade econômica organizada exercida 
profissionalmente consoante determina o artigo 966 do mesmo código. 
 
 17.2. Classificação das sociedades empresárias: às sociedades empresárias podem 
se classificar quanto a sua criação em sociedade contratual ou sociedade estatutária e quanto 
a sua formação podem se constituir em sociedade de pessoas ou sociedade de capital. 
 
a) sociedade contratual: é a sociedade empresária que tem como instrumento constitutivo o 
contrato; 
 
b) sociedade estatutária: é a sociedade empresária que tem como instrumento constitutivo 
o estatuto, pressupondo, portanto, a realização de assembléia; 
 
c) sociedade de pessoas: são sociedades empresárias que só nascem a partir da união de 
pessoas com o mesmo objetivo;

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