Buscar

E-book - Proc Penal - Competência (2)

Prévia do material em texto

1 
 
1. JURISDIÇÃO 
 
Conceitos: 
 Poder atribuído, com exclusividade ao Judiciário, para decidir um determinado litígio segundo as regras 
legais existentes. 
 É o poder das autoridades judiciárias, regularmente investidas no cargo, para, diante do caso concreto, 
dizer o direio. 
 Juris - dição: dizer o direito. 
 
Não se pode confundir a jurisdição com a competência, sendo que esta é uma limitação daquela. 
Competência seria a parte da jurisdição que cada órgão jurisdicional pode legalmente exercer. 
 
1.1 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DOS CONFLITOS 
 
Autotutela: caracteriza-se pelo emprego da força para satisfação de interesses. A autotutela é 
vedada, salvo em hipóteses excepcionais, como a legítima defesa, estado de necessidade e prisão em 
flagrante; 
 
Autocomposição: caracteriza-se pela busca do consenso dos conflitantes. Doutrinadores antigos não 
admitem isso no processo penal. 
Hoje não há como negar que a autocomposição é o objetivo dos Juizados Especiais, conforme menciona o 
Art. 98, I da CF que trata da autocomposição por meio da transação penal, nos casos de infrações 
de menor potencial ofensivo (art. 61 da Lei 9.099/95). 
 
1.2 PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL 
 
• Art. 5º da CF. 
• XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção; 
• LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente 
 
1.3 LEI PROCESSUAL QUE ALTERA AS REGRAS DE COMPETÊNCIA: 
 
Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos 
realizados sob a vigência da lei anterior. 
1.4 ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO 
 
• Jurisdição penal 
• Jurisdição civil 
 
 
 
2 
 
 
1.5 CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO 
 
• Substitutividade: a Jurisdição é a atividade desenvolvida pelo órgão judicial em substituição as 
partes. 
• Inércia: Não há, como regra, prestação jurisdicional de ofício. O Poder Judiciário deve ser 
provocado. 
▪ Exceção: Concessão de HC de ofício. 
• Coisa Julgada: impossibilidade de decisão judicial se revista por órgão estranho ao poder judiciário. 
 
 
2. COMPETÊNCIA 
 
Conceito 
• Competência é a delimitação do poder jurisdicional (fixa os limites dentro dos quais o juiz pode 
prestar jurisdição). 
• Competência é a medida e o limite de jurisdição dentro dos quais o órgão jurisdicional poderá dizer 
o direito. 
• A jurisdição é una, é única, é uma só. No entanto, não pode se imaginar um único juiz exercendo 
a jurisdição, então, divide-se em competências para cada juiz. 
 
2.1 ESPÉCIES DE COMPETÊNCIA 
 
 A doutrina tradicional distribui a competência considerando três aspectos diferentes: 
a) ratione materiae: estabelecida em razão da natureza do crime praticado. 
b) ratione personae: em razão da qualidade das pessoas acusadas. 
c) ratione loci (art. 69, I e II): em razão do local. 
d) competência absoluta e competência relativa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
2.2 CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA 
 
 Não sendo hipótese de foro por prerrogativa da função, deve-se estabelecer critério para 
fixação da competência. Nesse particular, necessário seguir os seguintes passos de forma articulada: 
1º) Identificar qual a Justiça Competente 
2º) Identificar o foro competente 
3º) Identificar o Juízo competente 
 
 Guia de fixação da competência (Fernando Capez) 
• Competência originária – o acusado tem foro por prerrogativa de função? 
• Competência de jurisdição – qual é a justiça competente? 
• Competência territorial – qual a comarca competente? 
• Competência de juízo – qual a vara competente? 
• Competência interna – qual o juiz competente? 
• Competência recursal – para onde vai o recurso? 
 
 Em relação à matéria, existe, basicamente, as de competência das Justiças Especiais (Justiça Militar 
e Justiça Eleitoral) e da Justiça Comum (Federal e Estadual). 
Competência Absoluta Competência Relativa 
Regra de competência criada com base no interesse 
público. 
Regra de competência criada com base no interesse 
preponderantemente das partes. 
A regra de competência absoluta não pode ser 
modificada, ou seja, cuida-se de competência 
improrrogável ou imodificável. 
A regra de competência relativa pode ser modificada, 
ou seja, cuida-se de competência prorrogável ou 
modificável. 
Pode ser reconhecida ex officio pelo magistrado, 
enquanto não esgotada sua jurisdição pela prolação 
da sentença. 
Pode ser reconhecida ex officio pelo magistrado, 
porém somente até o início da instrução processual, 
em virtude da adoção do princípio da identidade física 
do juiz (Art. 399, §2º CPP). Não se aplica ao processo 
penal a Súmula nº 33 do STJ. 
Exemplos: ratione materiae, ratione personae e 
competência funcional. 
Exemplos: ratione loci, competência por distribuição, 
competência por prevenção (Súmula 706 do STF), 
conexão e continência. 
 
 
 
4 
 
 Nesse sentido, em primeiro lugar, deve-se verificar se o crime é da Justiça Especial Militar; num 
segundo momento, se não for da competência da Justiça Militar, analisar se é da competência da Justiça 
Eleitoral; para somente ao final, em não sendo da competência de nenhuma das justiças especializadas, 
passar à análise se é da competência da Justiça Comum Federal ou Estadual. 
 
QUESTÃO 03 - XXII Exame 
Na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Maurício iniciou a execução de determinada contravenção 
penal que visava atingir e gerar prejuízo em detrimento de patrimônio de entidade autárquica federal, mas a 
infração penal não veio a se consumar por circunstâncias alheias à sua vontade. Ao tomar conhecimento dos 
fatos, o Ministério Público dá início a procedimento criminal perante juízo do Tribunal Regional Federal com 
competência para atuar no local dos fatos, imputando ao agente a prática da contravenção penal em sua 
modalidade tentada, oferecendo, desde já, proposta de transação penal. Maurício conversa com sua família e 
procura um(a) advogado(a) para patrocinar seus interesses, destacando que não tem interesse em aceitar 
transação penal, suspensão condicional do processo ou qualquer outro benefício despenalizador. Com base 
apenas nas informações narradas e na condição de advogado(a) de Maurício, responda: 
A) Considerando que a contravenção penal causaria prejuízo ao patrimônio de entidade autárquica federal, o 
órgão perante o qual o procedimento criminal foi iniciado é competente para julgamento da infração penal 
imputada? Justifique. (Valor: 0,65) 
B) Qual argumento de direito material deverá ser apresentado para evitar a punição de Maurício? Justifique. 
(Valor: 0,60) Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não 
confere pontuação. 
 
QUESTÃO 03 - XIV EXAME OAB 
Daniel, Ana Paula, Leonardo e Mariana, participantes da quadrilha “X”, e Carolina, Roberta, Cristiano, Juliana, 
Flavia e Ralph, participantes da quadrilha “Y”, fazem parte de grupos criminosos especializados em assaltar 
agências bancárias. Após intensos estudos sobre divisão de tarefas, locais, armas, bancos etc., ambos os 
grupos, sem ciência um do outro, planejaram viajar até a pacata cidade de Arroizinho com o intuito de ali 
realizarem o roubo. Cumpre ressaltar que, na cidade de Arroizinho, havia apenas duas únicas agências 
bancárias, a saber: uma agência do Banco do Brasil, sociedade de economia mista, e outra da Caixa Econômica 
Federal, empresa pública federal. No dia marcado, os integrantes da quadrilha "X" praticaram o crime 
objetivado contra o Banco do Brasil; os integrantes da quadrilha "Y" o fizeram contra a Caixa Econômica 
Federal. Cada grupo, com sua conduta, conseguiu auferir a vultosaquantia de R$ 1.000.000,00 (um milhão 
de reais). 
Nesse caso, atento tão somente aos dados contidos no enunciado, responda fundamentadamente 
de acordo com a Constituição: 
 
 
 
5 
 
A) Qual a justiça competente para o processo e julgamento do crime cometido pela quadrilha 
"Y"? (Valor: 0,65) 
B) Qual a justiça competente para o processo e julgamento do crime cometido pela quadrilha 
"X"? (Valor: 0,60) 
 
QUESTÃO 1 - EXAME 2010-03 
Caio, na qualidade de diretor financeiro de uma conhecida empresa de fornecimento de material de 
informática, se apropriou das contribuições previdenciárias devidas dos empregados da empresa e por esta 
descontadas, utilizando o dinheiro para financiar um automóvel de luxo. A partir de comunicação feita por 
Adolfo, empregado da referida empresa, tal fato chegou ao conhecimento da Polícia Federal, dando ensejo 
à instauração de inquérito para apurar o crime previsto no artigo 168-A do Código Penal. No curso do aludido 
procedimento investigatório, a autoridade policial apurou que Caio também havia praticado o crime de 
sonegação fiscal, uma vez que deixara de recolher ICMS relativamente às operações da mesma empresa. 
Ao final do inquérito policial, os fatos ficaram comprovados, também pela confissão de Caio em sede policial. 
Nessa ocasião, ele afirmou estar arrependido e apresentou comprovante de pagamento exclusivamente das 
contribuições previdenciárias devidas ao INSS, pagamento realizado após a instauração da investigação, 
ficando não paga a dívida relativa ao ICMS. Assim, o delegado encaminhou os autos ao Ministério Público 
Federal, que denunciou Caio pelos crimes previstos nos artigos 168-A do Código Penal e 1º, I, da Lei 
8.137/90, tendo a inicial acusatória sido recebida pelo juiz da vara federal da localidade. Após analisar a 
resposta à acusação apresentada pelo advogado de Caio, o aludido magistrado entendeu não ser o caso de 
absolvição sumária, tendo designado audiência de instrução e julgamento. 
Com base nos fatos narrados no enunciado, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos 
jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) Qual é o meio de impugnação cabível à decisão do Magistrado que não o absolvera 
sumariamente? (Valor: 0,2) 
b) A quem a impugnação deve ser endereçada? (Valor: 0,2) 
c) Quais fundamentos devem ser utilizados? (Valor: 0,6) 
 
QUESTÃO 3 – EXAME 2010-03 
Jeremias é preso em flagrante pelo crime de latrocínio, praticado contra uma idosa que acabara de sacar o 
valor relativo à sua aposentadoria dentro de uma agência da Caixa Econômica Federal e presenciado por 
duas funcionárias da referida instituição, as quais prestaram depoimento em sede policial e confirmaram a 
prática do delito. Ao oferecer denúncia perante o Tribunal do Júri da Justiça Federal da localidade, o 
Ministério Público Federal requereu a decretação da prisão preventiva de Jeremias para a garantia da ordem 
 
 
 
6 
 
pública, por ser o crime gravíssimo e por conveniência da instrução criminal, uma vez que as testemunhas 
seriam mulheres e poderiam se sentir amedrontadas caso o réu fosse posto em liberdade antes da colheita 
de seus depoimentos judiciais. Ao receber a inicial, o magistrado decretou a prisão preventiva de Jeremias, 
utilizando-se dos argumentos apontados pelo Parquet. 
Com base no caso acima, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal 
pertinente ao caso, indique os argumentos defensivos para atacar a decisão judicial que recebeu a denúncia 
e decretou a prisão preventiva. 
 
 
 
2.3 DETERMINAÇÃO DO FORO COMPETENTE 
 
 
 Estabelecida a Justiça competente, deve-se, agora, proceder à análise do foro competente, que se 
traduz na competência em razão do lugar. 
 
Art. 69. Determinará a competência jurisdicional: 
I - o lugar da infração: 
II - o domicílio ou residência do réu; 
III - a natureza da infração; 
IV - a distribuição; 
V - a conexão ou continência; 
VI - a prevenção; 
VII - a prerrogativa de função. 
 
 
REGRA GERAL – Art. 70 CPP 
 Para a determinação da competência lugar do crime é o lugar da consumação, ou seja, onde 
terminam por se reunir todos os elementos da definição do crime. 
 No caso de tentativa, a competência é determinada “pelo lugar em que for praticado o último ato 
de execução” (art. 70, caput, segunda parte). 
 
 
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso 
de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. 
§ 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será 
determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. 
 
 
 
7 
 
 
§ 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do 
lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado. 
 
 
§ 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter 
sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á 
pela prevenção. 
 
 
2.4 COMPETÊNCIA CRIME CONTINUADO E PERMANENTE – Art. 71 CPP 
 
 Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais 
jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção (art. 71). 
 
2.5 COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO RÉU – Art. 72, 73 CPP 
 
Duas são as hipóteses: 
 A primeira delas encontra-se no art. 72, caput: Não sendo conhecido o lugar da infração, a 
competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu. 
 A Segunda hipótese refere-se à ação privada exclusiva, em que o querelante poderá preferir 
o foro do domicílio ou residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração (art. 73, caput). 
 
FORO DE ELEIÇÃO EM PROCESSO PENAL 
 
Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da 
residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração. 
 
 Não sendo possível a aplicação das regras acima mencionadas por não ter o réu domicílio 
ou residência certa, sendo ignorado o seu paradeiro, é competente o juiz que primeiro tome 
conhecimento do fato (art. 72, § 2º). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
QUESTÃO 3 - XVII EXAME 
Ruth voltava para sua casa falando ao celular, na cidade de Santos, quando foi abordada por Antônio, que 
afirmou: “Isso é um assalto! Passa o celular ou verá as consequências!”. Diante da grave ameaça, Ruth 
entregou o telefone e o agente fugiu em sua motocicleta em direção à cidade de Mogi das Cruzes, 
consumando o crime. Nervosa, Ruth narrou o ocorrido para o genro Thiago, que saiu em seu carro, junto 
com um policial militar, à procura de Antônio. Com base na placa da motocicleta anotada por Ruth, Thiago 
localizou Antônio, já em Mogi das Cruzes, ainda na posse do celular da vítima e também com uma faca em 
sua cintura, tendo o policial efetuado a prisão em flagrante. Em razão dos fatos, Antônio foi denunciado pela 
prática do crime previsto no Art. 157, § 2º, inciso I, do Código Penal, perante uma Vara Criminal da comarca 
de Mogi das Cruzes, ficando os familiares do réu preocupados, porque todos da região sabem que o 
magistrado, em atuação naquela Vara, é extremamente severo. A defesa foi intimada a apresentar resposta 
à acusação. Considerando que o flagrante foi regular e que os fatos são verdadeiros, responda, na qualidade 
de advogado(a) de Antônio, aos itens a seguir. 
A) Que medida processual poderia ser adotada para evitar o julgamento perante a Vara Criminalde Mogi 
das Cruzes? Justifique. (Valor: 0,65) 
B) No mérito, caso Antônio confesse os fatos durante a instrução, qual argumento de direito material poderia 
ser formulado para garantir uma punição mais branda do que a pleiteada na denúncia? Justifique. (Valor: 
0,60) 
 
QUESTÃO 2 – EXAME 2010-03 
Caio, residente no município de São Paulo, é convidado por seu pai, morador da cidade de Belo Horizonte, 
para visitá-lo. Ao dirigir-se até Minas Gerais em seu carro, Caio dá carona a Maria, jovem belíssima que 
conhecera na estrada e que, ao saber do destino de Caio, o convence a subtrair pertences da casa do genitor 
do rapaz, chegando a sugerir que ele aguardasse o repouso noturno de seu pai para efetuar a subtração. 
Ao chegar ao local, Caio janta com o pai e o espera adormecer, quando então subtrai da residência uma 
televisão de plasma, um aparelho de som e dois mil reais. Após encontrar-se com Maria no veículo, ambos 
se evadem do local e são presos quando chegavam ao município de São Paulo. 
Com base no relatado acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados 
e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) Caio pode ser punido pela conduta praticada e provada? (Valor: 0,4) 
b) Maria pode ser punida pela referida conduta? (Valor: 0,4) 
c) Em caso de oferecimento de denúncia, qual será o juízo competente para processamento da ação penal? 
(Valor: 0,2) 
 
 
 
 
9 
 
QUESTÃO 01 - XII EXAME 
Carolina foi denunciada pela prática do delito de estelionato, mediante emissão de cheque sem suficiente 
provisão de fundos. Narra a inicial acusatória que Carolina emitiu o cheque número 000, contra o Banco ABC 
S/A, quando efetuou compra no estabelecimento “X”, que fica na cidade de “Y”. Como a conta corrente de 
Carolina pertencia à agência bancária que ficava na cidade vizinha “Z”, a gerência da loja, objetivando maior 
rapidez no recebimento, resolveu lá apresentar o cheque, ocasião em que o título foi devolvido. 
Levando em conta que a compra originária da emissão do cheque sem fundos ocorreu na cidade “Y”, o 
ministério público local fez o referido oferecimento da denúncia, a qual foi recebida pelo juízo da 1ª Vara 
Criminal da Comarca. Tal magistrado, após o recebimento da inicial acusatória, ordenou a citação da ré, bem 
como a intimação para apresentar resposta à acusação. 
Nesse sentido, atento(a) apenas às informações contidas no enunciado, responda de maneira fundamentada, 
e levando em conta o entendimento dos Tribunais Superiores, o que pode ser arguido em favor de Carolina. 
(Valor: 1,25) 
 
QUESTÃO 01 - XXI EXAME 
Paulo e Júlio, colegas de faculdade, comemoravam juntos, na cidade de São Gonçalo, o título obtido pelo 
clube de futebol para o qual o primeiro torce. Não obstante o clima de confraternização, em determinado 
momento, surgiu um entrevero entre eles, tendo Júlio desferido um tapa no rosto de Paulo. Apesar da pouca 
intensidade do golpe, Paulo vem a falecer no hospital da cidade, tendo a perícia constatado que a morte 
decorreu de uma fatalidade, porquanto, sem que fosse do conhecimento de qualquer pessoa, Paulo tinha 
uma lesão pretérita em uma artéria, que foi violada com aquele tapa desferido por Júlio e causou sua morte. 
O órgão do Ministério Público, em atuação exclusivamente perante o Tribunal do Júri da Comarca de São 
Gonçalo, denunciou Júlio pelo crime de lesão corporal seguida de morte (Art. 129, § 3º, do CP). 
Considerando a situação narrada e não havendo dúvidas em relação à questão fática, responda, na condição 
de advogado(a) de Júlio: 
 
A) É competente o juízo perante o qual Júlio foi denunciado? Justifique. (Valor: 0,65) 
B) Qual tese de direito material poderia ser alegada em favor de Júlio? Justifique. (Valor: 0.60) 
 
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere 
pontuação. 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
2.6 DA COMPETÊNCIA PELA NATUREZA DA INFRAÇÃO 
 
Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de organização judiciária, salvo a 
competência privativa do Tribunal do Júri. 
§ 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos arts. 121, §§ 1º e 2º, 122, 
parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal, consumados ou tentados. 
§ 2o Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificação para infração da competência de outro, 
a este será remetido o processo, salvo se mais graduada for a jurisdição do primeiro, que, em tal caso, terá 
sua competência prorrogada. 
§ 3o Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra atribuída à competência de juiz singular, 
observar-se-á o disposto no art. 410; mas, se a desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do Júri, a seu 
presidente caberá proferir a sentença (art. 492, § 2o). 
 
2.7 DA COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO 
 
 
 Art. 75. A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma circunscrição 
judiciária, houver mais de um juiz igualmente competente. 
 Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou da decretação 
de prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa prevenirá a da ação 
penal. 
 
2.8 CAUSAS MODIFICADORAS DA COMPETÊNCIA (CONEXÃO OU CONTINÊNCIA) 
 
2.8.1 COMPETÊNCIA POR CONEXÃO – Art. 76 
 
 A conexão existe quando duas ou mais infrações estiverem entrelaçadas por um vínculo, 
um nexo, um liame que aconselha a junção dos processos, propiciando, assim, ao julgador perfeita 
visão do quadro probatório. 
 São efeitos da conexão: a reunião das ações penais em um mesmo processo e a 
prorrogação da competência. 
 
I) CONEXÃO INTERSUBJETIVA – Art. 76, I 
a) CONEXÃO INTERSUBJETIVA POR SIMULTANEIDADE 
 Diante da primeira parte do art. 76 (CONEXÃO INTERSUBJETIVA POR SIMULTANEIDADE), 
há conexão se, ocorrendo duas ou mais infrações, “houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias 
pessoas reunidas”. NÃO HÁ LIAME PSICOLÓGICO. 
 
 
 
11 
 
 Ex. o exemplo clássico é o de diversos expectadores de um jogo de futebol, ocasionalmente reunidos, 
praticarem depredações no estádio. 
 
b) CONEXÃO INTERSUBJETIVA POR CONCURSO 
 Pelo art. 76, I, 2ª parte, há conexão se as infrações forem praticadas “por várias pessoas em 
concurso, embora diverso o tempo e lugar”. É a hipótese de concurso de pessoas em várias infrações. 
Ex. quadrilha que trafica entorpecentes em vários pontos da cidade. 
 
c) CONEXÃO INTERSUBJETIVA POR RECIPROCIDADE 
 Pelo art. 76, I, última parte, há conexão se os crimes forem praticados “por várias pessoas, umas 
contra as outras”. EX: agressões entre componentes de dois grupos de pessoas em um baile. 
 
II) CONEXÃO OBJETIVA, LÓGICA OU MATERIAL: Art. 76, II 
 Nos termos do artigo 76, II, a competência é determinada pela conexão se, no caso de várias 
infrações, “houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade 
ou vantagem em relação a qualquer delas”. 
 
III) CONEXÃO INSTRUMENTAL OU PROBATÓRIA – Art. 76, III 
 
Conforme o art. 76, III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares 
influir na prova de outra infração. 
 
 
2.8.2 COMPETÊNCIA POR CONTINÊNCIA – Art. 77 
Diz que há continência quando uma coisa está contida em outra, não sendo possível a separação. 
 
I) CONTINÊNCIA EM RAZÃO DO CONCURSO DE PESSOAS – Art. 77, I (cumulação subjetiva) 
Justifica-se a junção de processos contra diferentes réus, desde que eles tenham cometido o crime 
em conluio, com unidade de propósitos, tornando único o fato a ser apurado. Difere da conexão porconcurso, porque nesta há vários agentes praticando vários fatos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
II) CONTINÊNCIA EM RAZÃO DO CONCURSO FORMAL DE CRIMES – Art. 77, II (cumulação 
objetiva) 
 Ps.: A referência feita aos art. 51, 52, 53 e 53 do CP, atualmente corresponde aos art. 70, 73 e 
74 do CP. 
 O art. 70 refere-se ao concurso formal de crimes, em que, com uma mesma conduta o agente 
pratica dois ou mais crimes. 
 O art. 73, 2ª parte refere-se ao erro de execução (aberratio ictus), em que, por acidente ou 
erro no uso dos meios de execução, o agente, além de atingir a pessoa que pretendia ofender lesa outra. 
 O art. 74, 2ª parte, refere-se ao resultado diverso do pretendido (aberratio criminis), em que 
fora da hipótese anterior, o agente além do resultado pretendido, causa outro. 
 Em todos os casos, está-se diante de concurso formal, razão pela qual, na essência, o fato a 
ser apurado é um só, embora existam dois ou mais resultados. 
 
2.9 FORO PREVALENTE 
 
I) COMPETÊNCIA PREVALENTE DO JÚRI – Art. 78, I 
 Dispõe o art. 78, I: “no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição 
comum, prevalecerá a competência do júri”. 
 
II) JURISDIÇÃO DA MESMA CATEGORIA – Art. 78, II 
 Considera-se jurisdição da mesma categoria aquela que une magistrados aptos a julgar o 
mesmo tipo de causa. 
 Ocorre, porém, que pode haver um conflito real entre esses magistrados. Ex: furto e receptação 
(conexão instrumental). Cada inquérito foi distribuído a um juiz diferente. Havendo conexão instrumental, 
torna-se viável que sejam julgados por um único juiz. 
 Como ambos são de idêntica jurisdição, estabelecem-se regras para escolha do foro prevalente: 
 
A) FORO ONDE FOI COMETIDA A INFRAÇÃO MAIS GRAVE 
 
Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão 
observadas as seguintes regras: 
(...) 
Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria: 
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais 
grave; 
(...) 
 
 
 
13 
 
 Tendo em vista que o primeiro critério de escolha é o referente ao lugar da infração, é possível que 
existam dois delitos sendo apurados em foros diferentes, tendo em vista que as infrações originaram-se em 
locais diversos (como no furto e receptação). 
 Assim, elege-se qual é o mais grave para a escolha do foro prevalente: se for um furto qualificado 
e uma receptação simples, fixa-se o foro do furto qualificado (pena mais grave) como o 
competente. 
 
B) FORO ONDE FOI COMETIDO O MAIOR NÚMERO DE INFRAÇÕES 
 
Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão 
observadas as seguintes regras: 
(...) 
Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria: 
(...) 
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, 
se as respectivas penas forem de igual gravidade; 
(...) 
 
 Ex: Imagine-se que três delitos de furto simples (art. 155 do CP) estejam sendo apurados 
em Santa Maria/RS, enquanto um delito de receptação simples (art. 180 do CP), praticados, em tese, em 
conexão, esteja sendo apurado em Santa Cruz do Sul/RS. Embora a pena do furto e da receptação 
sejam idênticas, o julgamento dos quatro crimes deve ser realizado em Santa Maria/RS, onde foi 
praticado maior número de infrações. 
 
C) FORO RESIDUAL ESTABELECIDA PELA PREVENÇÃO 
Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão 
observadas as seguintes regras: 
(...) 
Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria: 
(...) 
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos; 
 
 Neste caso, havendo magistrados de igual jurisdição em confronto e não sendo possível escolher 
pela regra da gravidade do crime (ex: furto simples e receptação simples), nem pelo número de delitos (em 
ambas as comarcas foram praticados um delito), elege-se o juiz pela prevenção, isto é, aquele que 
 
 
 
14 
 
primeiro conhecer de um dos processos torna-se competente para julgar ambos, avocando da 
Comarca ou Vara vizinha o outro. 
 
Não haverã unidade de processo: 
 
Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo: 
I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar; 
II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores. 
§ 1o Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum co-réu, sobrevier o caso 
previsto no art. 152. (doença mental) 
§ 2o A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver co-réu foragido que não possa ser 
julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461. 
 
Separação Facultativa 
 
Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido praticadas em 
circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para não 
Ihes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação. 
 
 
 
 
Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda que no processo da sua 
competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença absolutória ou que desclassifique a infração 
para outra que não se inclua na sua competência, continuará competente em relação aos demais 
processos. 
Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou continência, o juiz, se vier 
a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o acusado, de maneira que exclua a competência do 
júri, remeterá o processo ao juízo competente. 
 
Avocação do Processo 
 
Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos diferentes, a 
autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram perante os outros juízes, 
salvo se já estiverem com sentença definitiva. Neste caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente, 
para o efeito de soma ou de unificação das penas. 
 
 
 
15 
 
 
 
2.10 DA COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO 
 
 Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes 
igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática 
de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da 
denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, e 78, II, c). 
 
 
2.11 COMPETÊNCIA POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO 
 
INTRODUÇÃO 
 Determinadas pessoas, por exercerem funções específicas, possuem a prerrogativa de serem 
julgadas originariamente por determinados órgãos. 
 
 Atenção: 
 Importante atentar acerca de decisão recente do STF, a qual trouxe alterações significativas ao 
firmar o entendimento de que o foro por prerrogativa de função conferido aos deputados federais e 
senadores se aplica apenas a crimes cometidos no exercício do cargo e em razão das funções a ele 
relacionadas. Ainda, o relator da respectiva Ação Penal (AP 937), ministro Luís Roberto Barroso, 
estabeleceu que, após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para 
apresentação de alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais não será mais afetada 
em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o 
motivo. 
 
Legislação Aplicável 
 
Art. 84. A competência pela prerrogativa de função é do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de 
Justiça, dos Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, 
relativamente às pessoas que devam responder perante eles por crimes comuns e de 
responsabilidade.(Redação dada pela Lei nº 10.628, de 24.12.2002) 
§ 1o (Vide ADIN nº 2797) – continuidade do foro 
§ 2o (Vide ADIN nº 2797) – ações de improbidade 
 
 
 
 
 
 
16 
 
Exceção da Verdade 
 
Art. 85. Nos processos por crime contra a honra, em que forem querelantes as pessoas que a Constituição 
sujeita à jurisdição do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de Apelação, àquele ou a estes caberá o 
julgamento, quando oposta e admitida a exceção da verdade. 
 
 
Legislação Aplicável 
 
Art. 86. Ao Supremo Tribunal Federal competirá, privativamente, processar e julgar: 
I - os seus ministros, nos crimes comuns; 
II - os ministros de Estado, salvo nos crimes conexos com os do Presidente da República; 
III - o procurador-geral da República, os desembargadores dos Tribunais de Apelação, os ministros do 
Tribunal de Contas e os embaixadores e ministros diplomáticos, nos crimes comuns e de responsabilidade. 
 
Art. 87. Competirá, originariamente, aos Tribunais de Apelação o julgamento dos governadores ou 
interventores nos Estados ou Territórios, e prefeito do Distrito Federal, seus respectivos secretários e chefes 
de Polícia, juízes de instância inferior e órgãos do Ministério Público. 
 
 
 Passa-se, agora, à análise de algumas hipóteses de foro por prerrogativa de função: 
 
2.12 COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – Art. 102, § I, “b” e “c”, CF/88 
 
 O STF já firmou entendimento de que a expressão “infrações penais comuns” do art. 102, I, “b” e 
“c” abrange todas as modalidades de infrações penais, inclusive os crimes eleitorais, militares e as 
contravenções penais. 
 
2.13 COMPETÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – Art. 105, I, “a”, CF/88 
 
 
 Nos termos do artigo 105, inciso I, “a”, da CF/88, compete ao Superior Tribunal de Justiça processar 
e julgar, originariamente, nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes 
e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, 
os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, 
dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos 
Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais. 
 
 
 
17 
 
 
2.14 COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS – Art. 108, I, “a”, CF/88 
 
 
 Aos Tribunais Regionais Federais competem processar e julgar originariamente os juízes federais da 
área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de 
responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça 
Eleitoral. 
 Na parte final do artigo 108, inciso I, “a”, contém a ressalva em relação aos crimes eleitorais, de 
modo que, se um desses agentes praticar um crime eleitoral, será julgado pelo Tribunal Regional Eleitoral 
(TRE). 
 
2.15 COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA – Art. 96, III, CF/88 
 
 
 Nos termos do artigo 96, inciso III, da CF/88, compete aos Tribunais de Justiça dos Estados julgar 
juízes estaduais e do Distrito Federal, bem como os membros do Ministério Público dos Estados. Contudo, a 
Constituição faz expressa ressalva à Justiça Eleitoral, de modo que, se qualquer desses agentes praticar 
crime eleitoral, será julgado no TRE. 
 Os magistrados e os membros do MP devem ser julgados pelo Tribunal ao qual estão vinculados, 
pouco importando o lugar da infração, seguindo-se a competência estabelecida na Constituição Federal. 
 Assim, caso um juiz estadual cometa um delito de competência da justiça federal será julgado pelo 
TJ do seu Estado. 
 O mesmo se dá com o juiz federal que cometa um crime da esfera estadual: será julgado pelo TRF 
da sua área de atuação. 
 Frise-se que pouco importa o lugar da infração penal. Se um juiz estadual de São Paulo cometer um 
delito no Estado do Amazonas, será julgado pelo TJ de São Paulo. 
 Em se tratando de crime de competência do Tribunal do Júri continua prevalecendo a competência 
por prerrogativa de função, pois também prevista na Constituição Federal, ou seja, o Juiz que praticar crime 
doloso contra a vida será julgado pelo Tribunal de Justiça. 
 
2.16 COMPETÊNCIA PARA JULGAR PREFEITOS – Art. 29, X, CF/88 
 
 
 Se o prefeito cometer um crime de competência de Justiça Comum Estadual, será julgado no Tribunal 
de Justiça. 
 Contudo, se praticar um crime eleitoral, será julgado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). 
 Se o delito for de competência da Justiça Federal será julgado pelo Tribunal Regional Federal (TRF). 
 
 
 
18 
 
 É o que se extrai da Súmula 702 do STF: “A competência do Tribunal de Justiça para julgar prefeitos 
restringe-se aos crimes de competência da Justiça Comum Estadual; nos demais casos, a competência 
originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau”. 
 Ver, ainda, as Súmulas 208 e 209 do STJ. 
 
Atenção – Legislação Aplicável 
 
Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da República, ou nos 
rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais, em alto-mar, serão 
processados e julgados pela justiça do primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o crime, 
ou, quando se afastar do País, pela do último em que houver tocado. 
 
 
 
Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espaço aéreo 
correspondente ao território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, 
dentro do espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão processados e julgados pela 
justiça da comarca em cujo território se verificar o pouso após o crime, ou pela da comarca de onde houver 
partido a aeronave. 
 
 
 
 
QUESTÃO 4 - IX EXAME 
Laura, empresária do ramo de festas e eventos, foi denunciada diretamente no Tribunal de Justiça do Estado 
“X”, pela prática do delito descrito no Art. 333 do CP (corrupção ativa). Na mesma inicial acusatória, o 
Procurador Geral de Justiça imputou a Lucas, Promotor de Justiça estadual, a prática da conduta descrita no 
Art. 317 do CP (corrupção passiva). A defesa de Laura, então, impetrou habeas corpus ao argumento de que 
estariam sendo violados os princípios do juiz natural, do devido processo legal, do contraditório e da ampla 
defesa; arguiu, ainda, que estaria ocorrendo supressão de instância, o que não se poderia permitir. Nesse 
sentido, considerando apenas os dados fornecidos, responda, fundamentadamente, aos itens a seguir. 
A) Os argumentos da defesa de Laura procedem? (Valor: 0,75) 
B) Laura possui direito ao duplo grau de jurisdição? (Valor: 0,50) 
 
 
 
 
 
19 
 
QUESTÃO 3 - IV EXAME 
Na cidade de Arsenal, no Estado Z, residiam os deputados federais Armênio e Justino. Ambos objetivavam 
matar Frederico, rico empresário que possuía valiosas informações contra eles. Frederico morava na cidade 
de Tirol, no Estado K, mas seus familiares viviam em Arsenal. Sabendo que Frederico estava visitando a 
família, Armênio e Justino decidiram colocar em prática o plano de matá-lo. Para tanto, seguiram Frederico 
quando este saía da casa de seus parentes e, utilizando-se do veículo em que estavam, bloquearam a 
passagem de Frederico, de modo que a caminhonete deste não mais conseguia transitar. Ato contínuo, 
Armênio e Justino desceram do automóvel. Armênio imobilizou Frederico e Justino desferiu tiros contra ele, 
Frederico. Os algozes deixaram rapidamente o local, razão pela qual não puderam perceber que Frederico 
ainda estava vivo, tendo conseguido salvar-se após socorro prestado por um passante. Tudo foi noticiado à 
polícia,que instaurou o respectivo inquérito policial. No curso do inquérito, os mandatos de Armênio e Justino 
chegaram ao fim, e eles não conseguiram se reeleger. O Ministério Público, por sua vez, munido dos 
elementos de informação colhidos na fase inquisitiva, ofereceu denúncia contra Armênio e Justino, por 
tentativa de homicídio, ao Tribunal do Júri da Justiça Federal com jurisdição na comarca onde se deram os 
fatos, já que, à época, os agentes eram deputados federais. Recebida a denúncia, as defesas de Armênio e 
Justino mostraram-se conflitantes. Já na fase instrutória, Frederico teve seu depoimento requerido. A vítima 
foi ouvida por meio de carta precatória em Tirol. Na respectiva audiência, os advogados de Armênio e Justino 
não compareceram, de modo que juízo deprecado nomeou um único advogado para ambos os réus. O juízo 
deprecante, ao final, emitiu decreto condenatório em face de Armênio e Justino. Armênio, descontente com 
o patrono que o representava, destituiu-o e nomeou você como novo advogado. 
 
Com base no cenário acima, indique duas nulidades que podem ser arguidas em favor de Armênio. Justifique 
com base no CPP e na CRFB. (Valor: 1,25) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
2.17 ÓRGÃOS E COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL 
 
 
 
 
JUSTIÇA FEDERAL 
 
 
 A competência da Justiça Federal é residual em relação às especiais; prevalece, por outro lado, 
sobre a Justiça Estadual, nos termos do art. 78, III , do CPP e Súmula 122 do STJ. 
 
 Art. 78, III do CPP - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior graduação; 
 
 Súmula 122 STJ - Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de 
competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, “a”, do Código de Processo Penal) 
 
 
A competência da Justiça Federal está prevista no artigo 109 da Constituição Federal. 
 
I) Os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou 
interesse da união ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as 
contravenções e ressalvada a competência da justiça militar e da justiça eleitoral – art. 109, IV, 
da CF/88 
 Qualquer delito que atinja bens jurídicos de interesse da união será da competência da Justiça 
Federal. 
 Não abrange as contravenções. Dispõe-se a súmula 38 do STJ que “compete à Justiça Estadual 
Comum, na vigência da Constituição de 1988, o processo por contravenção penal, ainda que 
praticada em detrimento de bens, serviços ou interesses da União ou de suas entidades”. 
 
 Desse modo, mesmo que haja conexão entre um crime federal e uma contravenção penal, prevalece 
a regra constitucional, indicando a necessidade do desmembramento do processo, não se aplicando neste 
caso o teor da Súmula 122 do STJ. 
São órgãos da Justiça 
Federal
Segundo art. 106 da CF
Tribunais 
Regionais Federais
Juízes 
Federais
 
 
 
21 
 
 
 Há que se ressaltar o previsto na Súmula 147 do STJ no sentido de que é competente a Justiça 
Federal para processar e julgar os crimes praticados contra funcionário federal, quando 
relacionados com o exercício da função. 
 
 Evidentemente, por lesarem serviços da União, são também da competência da Justiça Federal os 
crimes praticados por funcionários federais no exercício da função. 
 
 Por se limitar o art. 109, IV, da CF, às autarquias e empresas públicas, assentou-se no STJ que 
“compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar causas cíveis em que é parte sociedade 
de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento” (Súmula 42 do STJ). 
 
 Por isso, não são da competência da Justiça Federal, mas da Justiça Estadual, os crimes praticados 
contra o Banco do Brasil, por exemplo. 
 
 
 Crimes Políticos – Previstos na Lei de Segurança Nacional – Lei 7.170/83 
 
 São aqueles previstos na Lei de Segurança Nacional – Lei 7.70/83. Antes da CF/88, por força do 
disposto no art. 30 da mencionada Lei, a competência era da Justiça Militar da União. Tal dispositivo não foi 
recepcionado pela CF (art. 109, IV) 
Exemplos de crime politico: 
 
Art. 11 - Tentar desmembrar parte do território nacional para constituir país independente. 
Pena: reclusão, de 4 a 12 anos. 
Art. 20 - Devastar, saquear, extorquir, roubar, seqüestrar, manter em cárcere privado, incendiar, 
depredar, provocar explosão, praticar atentado pessoal ou atos de terrorismo, por inconformismo 
político ou para obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações políticas clandestinas ou 
subversivas. 
Pena: reclusão, de 3 a 10 anos. 
Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal grave, a pena aumenta-se até o dobro; se resulta 
morte, aumenta-se até o triplo. 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
Recurso contra decisão que julgou o Crime Político 
 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: 
II - julgar, em recurso ordinário: 
b) o crime político; 
 
 
 
II) Crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando teve a execução iniciada 
no Brasil, consumando-se ou devendo consumar-se no exterior, ou vice-versa – Art. 109, V, da 
CF/88 
 Compete, ainda, à Justiça Federal o processo e julgamento dos “crimes previstos em tratado ou 
convenção internacional, quando, iniciada a execução no país, o resultado tenha ou devesse Ter ocorrido no 
estrangeiro, ou reciprocamente” (art. 109, V). 
 Ex: Súmula 522 do STF: “Salvo ocorrência de tráfico para o Exterior, quando, então, a competência 
será da Justiça Federal, compete à Justiça dos Estados o processamento dos crimes relativos a 
entorpecentes”. 
 
 
Rol exemplificativo de crimes previstos em tratado e convenção internacional (art. 109, v da 
CF: 
• Tráfico internacional de armas de fogo: de acordo com o Art. 18, da Lei 10.826/03 - Estatuto do 
Desarmamento, que trata da conduta de importar, exportar armas de fogo, tendo como competência 
a justiça federal; 
• Tráfico internacional de pessoas: o Art. 231 do CP tem como alvo homens, mulheres e crianças, 
sendo a competência da justiça federal; 
• Transferência ilegal de criança ou adolescente para o exterior: previsto no Art. 239 do ECA, sendo a 
competência da justiça federal; 
• Pornografia infantil e pedofilia por meio da internet: previsto no Art. 241-A do ECA, sendo de 
competência da justiça federal. Mas, para que a competência seja da justiça federal, deve ficar 
demonstrado que o início da execução ocorreu no Brasil e que a consumação da infração tenha ou 
devesse ter ocorrido no exterior, ou vice-versa. Quanto à competência territorial, a consumação 
ocorre no local de onde emanaram as imagens, pouco importando a localização do provedor. E o 
simples fato de armazenar fotos já é considerado crime de pedofilia. 
• 
 
 
 
23 
 
 
III) Causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º do art. 109 – Art. 109, V-A, CF/88 
 Estipula o parágrafo 5º que nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-
Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados 
internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal 
de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a 
Justiça Federal 
 Nesta hipótese, o deslocamento de um crime para a Justiça Federal somente deve dar-se quando 
realmente houver grave violação de direitos humanos, de caráter coletivo (como, por exemplo, um massacre 
produzido por policiais contra vários indivíduos). 
 Tal medida teria a finalidadede assegurar o desligamento do caso das questões locais, mais próprias 
da Justiça Estadual, levando-o para a esfera federal, buscando, inclusive, elevar a questão à órbita de 
interesse nacional e não somente regional. 
 
IV) Crimes contra a organização do trabalho, quando envolver interesses coletivos dos 
trabalhadores – Art. 109, VI, da CF/88 
 
 Compete à justiça FEDERAL processar e julgar o crime de redução à condição análoga à de escravo 
(art. 149 do CP). O tipo previsto no art. 149 do CP caracteriza-se como crime contra a organização do 
trabalho e, portanto, atrai a competência da justiça federal (art. 109, VI, da CF/88). STF. Plenário. RE 
459510/MT, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 26/11/2015 (Info 
809). 
 
V) Crimes contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira – Art. 109, VI, da CF/88 
 Como previsto no art. 26, caput, da Lei 7.492/86. 
 Também compete à Justiça Federal apreciar “os crimes contra organização do Trabalho e, nos casos 
determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômica e financeira” (art. 109, VI, da CF). 
 
VI) Crimes cometidos a bordo de navios e aeronaves, excetuados o da Justiça Militar – Art. 109, 
IX, da CF/88 
 
• Navio – é a embarcação apta para a navegação em alto mar; 
• Aeronave – é todo aparelho manobrável em voo, que possa sustentar-se e circular no espaço aéreo, 
mediante reações aerodinâmicas, apto a transportar pessoas ou coisas. 
 
 
 
 
24 
 
 Segundo o STF e STJ, navios são embarcações de grande cabotagem ou de grande capacidade de 
transporte de passageiros, aptas a realizar viagens internacionais. 
 Logo, somente as embarcações de grande porte envolvem a Justiça Federal. 
 As demais (lanchas, botes, iates, etc) ficam na esfera da justiça estadual. 
 Os crimes cometidos a bordo de aeronaves terão competência sempre da Justiça Federal, pois a CF 
mencionou os crimes cometidos a bordo de aeronaves e não de aviões de grande porte. 
 
Areonave em solo - Competência 
STF - RHC 86998 - STJ - HC 108.478 STJ 
Pouco importa se a aeronave está em solo ou voando. 
 
1ª Turma reconhece competência da justiça federal para crimes cometidos a bordo de aeronaves 
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negou provimento (arquivou) ao Recurso Ordinário em Habeas Corpus 
(RHC) 86998, reconhecendo a competência da Justiça Federal para processar e julgar crimes cometidos a bordo de navios e 
aeronaves, conforme expresso no artigo 109, IX, da Constituição Federal. 
O recurso relata o roubo de numerário de dentro de um avião, ocorrido no aeroporto de Congonhas, em São Paulo (SP). 
O relator, ministro Marco Aurélio, afirmou que este roubo teria ocorrido quando a aeronave ainda estava no solo. E 
que poderia ter acontecido durante o deslocamento do carro da firma de transporte de valores. Para ele, o inciso IX tenta “definir 
o juízo competente ante o espaço aéreo e as águas territoriais. Não é a proteção do deslocamento em si verificado mediante 
navios e aeronaves, porquanto surgiria o paradoxo em não englobar o transporte ferroviário e rodoviário”. 
Marco Aurélio ressalta que a norma constitucional busca estabelecer a área geográfica da prática criminosa e, portanto, a comarca 
competente para o julgamento. “O preceito não envolve situação concreta em que o crime ocorra enquanto atracado o navio ou 
estacionada a aeronave no aeroporto”, diz o ministro. Destaca que, nestes casos, tem-se como definir a competência, “e esta é 
a do juízo situado quer na área do porto, quer na localidade em que esteja o aeroporto”. 
Dessa forma, Marco Aurélio votou para prover o RHC e conceder a ordem, fixando a competência da justiça estadual onde 
verificado o roubo. Ele foi acompanhado pelo ministro Ricardo Lewandowski. 
Para a ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, no entanto, o dispositivo constitucional é taxativo e não deixa dúvidas, ao 
afirmar que cabe à Justiça Federal julgar e processar “crimes cometidos a bordo de navios e aeronaves”. A ministra abriu 
divergência e votou pela negação do provimento, sendo acompanhada pelos ministros Carlos Ayres Britto e Sepúlveda Pertence. 
Assim, por maioria, acompanhando o voto da ministra Cármen Lúcia, a Primeira Turma negou provimento ao RHC 
86998. 
 
 
 
 
2.18 COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR 
 
• JMU – Art. 124 da CF 
 
• JME – Art. 125 da CF 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
 
2.19 COMPETÊNCIA CRIMINAL DA JUSTIÇA ELEITORAL 
 
É fixada em razão da matéria, cabendo a Justiça Eleitoral o processo e julgamento dos crimes 
eleitorais. Os crimes eleitorais são aqueles previstos no Código Eleitoral e os que a lei, eventual e 
expressamente, defina como eleitorais. 
 
Questão: Quem julga crime eleitoral conexo a crime doloso contra a vida? O crime eleitoral é julgado pela 
Justiça Eleitoral e o crime doloso contra a vida será julgado pelo Tribunal do Júri, porque a 
competência desses crimes está previsto na CF. 
 
 
2.20 JUSTIÇA POLÍTICA OU EXTRAORDINÁRIA 
 
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: 
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como 
os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma 
natureza conexos com aqueles; 
 
 
Atenção 
 
2.21 RESTRIÇÃO AO FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO 
 
 
As normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa de função 
devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes que tenham sido praticados durante 
o exercício do cargo e em razão dele. Assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser 
diplomado como Deputado Federal, não se justifica a competência do STF, devendo ele ser julgado pela 1ª 
instância mesmo ocupando o cargo de parlamentar federal. Além disso, mesmo que o crime tenha sido 
cometido após a investidura no mandato, se o delito não apresentar relação direta com as funções exercidas, 
também não haverá foro privilegiado. Foi fixada, portanto, a seguinte tese: O foro por prerrogativa de função 
aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções 
desempenhadas. STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018 (Info 900) 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
2.22 MARCO PARA O FIM DO FORO 
 
 
Término da instrução: Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de 
intimação para apresentação de alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais não será 
mais afetada em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer 
que seja o motivo. STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018 (Info 
900). 
 
2.23 COMPETÊNCIA PARA CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA PRATICADOS COM 
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA 
 
 
A Lei de Organização Judiciária poderá prever que a 1ª fase do procedimento do júri seja realizada 
na Vara de Violência Doméstica em caso de crimes dolosos contra a vida praticados no contexto de violência 
doméstica. Não haverá usurpação da competência constitucional do júri. Apenas o julgamento propriamente 
dito é que, obrigatoriamente, deverá ser feito no Tribunal do Júri. STF. 2ª Turma. HC 102150/SC, Rel. Min. 
Teori Zavascki, julgado em 27/5/2014 (Info 748) 
 
 
2.24 CRIME DE MOEDA FALSA 
 
 
Em regra, é de competência da Justiça Federal, pois é de competência da União emitir moeda (Art. 21, 
VII da CF). E mesmo se a falsificação for de moeda estrangeira, a competência continua da Justiça Federal, 
porque compete ao Banco Central fiscalizar a circulação de moeda estrangeira emterritório nacional. 
Entretanto, quando a falsificação de moeda é grosseira, não se trata de crime de moeda falsa, 
pois se a falsificação é capaz de enganar alguém e se obteve a vantagem ilícita trata-se de crime 
de estelionato, logo, é de competência da justiça estadual, no teor da Súmula 73 do STJ. 
 
2.25 JUSTIÇA ESTADUAL 
 
 
 É a competência mais residual de todas, pois o crime somente será julgado na Justiça Estadual 
quando não for da competência da Justiça Especial (Militar ou Eleitoral) e da Justiça Comum Federal. 
 A propósito, havendo conflito entre a Justiça Comum Federal e Estadual, prevalece a Justiça Federal, 
nos termos do art. 78, III, CPP e Súmula 122 do STJ. 
 Súmula 122 do STJ: “Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes 
conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do Art. 78, II, "a", do Código de 
Processo Penal.” 
 
 
 
27 
 
 
Questões Pontuais 
 
 
Crimes contra a honra praticados pelas redes sociais da internet: competência da JUSTIÇA 
ESTADUAL (regra geral) STJ. CC 121.431-SE, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 
11/4/2012. 
 
Crime praticado em Banco Postal: 
Compete à Justiça Estadual (e não à Justiça Federal) processar e julgar ação penal na qual se apurem 
infrações penais decorrentes da tentativa de abertura de conta corrente mediante a apresentação de 
documento falso em agência do Banco do Brasil (BB) localizada nas dependências de agência da Empresa 
Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) que funcione como Banco Postal. STJ. 3ª Seção. CC 129.804-PB, 
Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 28/10/2015 (Info 572). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OAB 2ª FASE 
 
PROCESSO PENAL - COMPETÊNCIA 
 
PADRÃO DE RESPOSTAS 
 
 
 
 
29 
 
COMPETÊNCIA 
 
 
Questão 03 - XXII EXAME OAB 
 
Na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Maurício iniciou a execução de determinada contravenção 
penal que visava atingir e gerar prejuízo em detrimento de patrimônio de entidade autárquica federal, mas a 
infração penal não veio a se consumar por circunstâncias alheias à sua vontade. Ao tomar conhecimento dos 
fatos, o Ministério Público dá início a procedimento criminal perante juízo do Tribunal Regional Federal com 
competência para atuar no local dos fatos, imputando ao agente a prática da contravenção penal em sua 
modalidade tentada, oferecendo, desde já, proposta de transação penal. Maurício conversa com sua família e 
procura um(a) advogado(a) para patrocinar seus interesses, destacando que não tem interesse em aceitar 
transação penal, suspensão condicional do processo ou qualquer outro benefício despenalizador. Com base 
apenas nas informações narradas e na condição de advogado(a) de Maurício, responda: 
A) Considerando que a contravenção penal causaria prejuízo ao patrimônio de entidade autárquica federal, o 
órgão perante o qual o procedimento criminal foi iniciado é competente para julgamento da infração penal 
imputada? Justifique. (Valor: 0,65) 
B) Qual argumento de direito material deverá ser apresentado para evitar a punição de Maurício? Justifique. 
(Valor: 0,60) 
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere 
pontuação. 
 
Gabarito comentado 
A) Apesar de a contravenção penal causar prejuízo ao patrimônio de autarquia federal, a Justiça Federal não 
é competente para julgar a infração penal, tendo em vista que o Art. 109, inciso IV, da Constituição da 
República Federativa do Brasil prevê expressamente que a Justiça Federal terá competência para julgar 
infrações penais patricadas em detrimento de bens, serviços ou interesses da União e de suas entidades 
autárquicas e empresas públicas, excluídas as contravenções penais. Diferente da regra geral, as 
contravenções penais, ainda que nas circunstâncias do dispositivo acima mencionado, devem ser julgadas 
perante a Justiça Estadual, no caso, Juizado Especial Criminal Estadual. 
B) Apesar de Maurício ter iniciado a execução de uma contravenção penal e a mesma não ter se consumado 
por circunstâncias alheias à vontade do agente, o que, em tese, configura tentativa, que, pela regra do Código 
Penal, impõe a punição pelo crime pretendido com redução de pena, na hipótese apresentada, a infração 
penal que não restou consumada foi uma contravenção. Nos termos do previsto no Art. 4º do Decreto-Lei 
3.688/41, não se pune a tentativa de contravenção penal. Assim, no momento em que Maurício não conseguiu 
consumar o delito por circunstâncias alheias à sua vontade, sua conduta não é punível. 
 
Tabela de pontos: 
 
ITEM PONTUAÇÃO 
A. Não, a Justiça Federal não é competente para 
julgamento de contravenções penais, ainda que 
praticadas em detrimento de bens, serviços e 
patrimônio de entidade autárquica da União (0,55), 
nos termos do Art. 109, inciso IV, da CRFB/88 OU 
Súmula 38/STJ (0,10). 
0,00/0,55/0,65 
B. O argumento a ser apresentado é que não se pune 
a tentativa de contravenção penal (0,50), nos termos 
do Art. 4º do DL 3.688/41 (0,10). 
0,00/0,50/0,60 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
Questão 03 - XIV EXAME OAB 
 
Daniel, Ana Paula, Leonardo e Mariana, participantes da quadrilha “X”, e Carolina, Roberta, Cristiano, Juliana, 
Flavia e Ralph, participantes da quadrilha “Y”, fazem parte de grupos criminosos especializados em assaltar 
agências bancárias. Após intensos estudos sobre divisão de tarefas, locais, armas, bancos etc., ambos os 
grupos, sem ciência um do outro, planejaram viajar até a pacata cidade de Arroizinho com o intuito de ali 
realizarem o roubo. Cumpre ressaltar que, na cidade de Arroizinho, havia apenas duas únicas agências 
bancárias, a saber: uma agência do Banco do Brasil, sociedade de economia mista, e outra da Caixa Econômica 
Federal, empresa pública federal. No dia marcado, os integrantes da quadrilha "X" praticaram o crime 
objetivado contra o Banco do Brasil; os integrantes da quadrilha "Y" o fizeram contra a Caixa Econômica 
Federal. Cada grupo, com sua conduta, conseguiu auferir a vultosa quantia de R$ 1.000.000,00 (um milhão 
de reais). 
Nesse caso, atento tão somente aos dados contidos no enunciado, responda fundamentadamente de acordo 
com a Constituição: 
A) Qual a justiça competente para o processo e julgamento do crime cometido pela quadrilha "Y"? (Valor: 
0,65) 
B) Qual a justiça competente para o processo e julgamento do crime cometido pela quadrilha "X"? (Valor: 
0,60) 
 
GABARITO COMENTADO 
A Constituição da República, em seu artigo 109, IV, estabelece que compete à Justiça Federal o julgamento 
das as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades 
autárquicas ou empresas públicas. Trata-se de competência determinada ratione personae. Assim, para se 
estabelecer a competência de julgamento dos crimes mencionados no enunciado, o examinando deverá, em 
primeiro lugar, levar em consideração a natureza jurídica da pessoa lesada. 
Destarte, no caso do item "A", a competência para julgamento do crime em que foi lesada a CEF é da Justiça 
Federal, nos termos do art. 109, IV da CRFB/88. 
Relativamente ao item "B", levando-se em conta que o lesado foi o Banco do Brasil, a competência para o 
julgamento do crime praticado é da Justiça Estadual, pois, como visto anteriormente, referida instituição está 
fora do alcance da regra insculpida no artigo 109, IV da CF, sendo certo que a competência da Justiça Estadual 
é residual. Além disso, há o verbete 42 da Súmula do STJ sobre o tema: Compete à Justiça Comum Estadual 
processar e julgar as causas cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticadosem 
seu detrimento." 
 
DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS PONTUAÇÃO 
A) Justiça Federal (0,55), conforme disposto no Art. 109, IV da 
CRFB/88 (0,10). 
Obs.: a mera indicação de artigo ou súmula não pontua. 
0,00 / 0,55 / 0,65 
 
B) Justiça Estadual (0,50), pois o BB está fora do alcance da regra 
insculpida no artigo 109, IV da CF, sendo certo que a competência 
da Justiça Estadual é residual (0,10) 
OU 
Justiça Estadual (0,50), nos termos do verbete 42 da Súmula do 
STJ (0,10). 
Obs.: a mera indicação de artigo ou súmula não pontua. 
 
 
0,00 /0,50 / 0,60 
 
 
QUESTÃO 1 - EXAME 2010-03 
Caio, na qualidade de diretor financeiro de uma conhecida empresa de fornecimento de material de 
informática, se apropriou das contribuições previdenciárias devidas dos empregados da empresa e por esta 
descontadas, utilizando o dinheiro para financiar um automóvel de luxo. A partir de comunicação feita por 
Adolfo, empregado da referida empresa, tal fato chegou ao conhecimento da Polícia Federal, dando ensejo à 
 
 
 
31 
 
instauração de inquérito para apurar o crime previsto no artigo 168-A do Código Penal. No curso do aludido 
procedimento investigatório, a autoridade policial apurou que Caio também havia praticado o crime de 
sonegação fiscal, uma vez que deixara de recolher ICMS relativamente às operações da mesma empresa. Ao 
final do inquérito policial, os fatos ficaram comprovados, também pela confissão de Caio em sede policial. 
Nessa ocasião, ele afirmou estar arrependido e apresentou comprovante de pagamento exclusivamente das 
contribuições previdenciárias devidas ao INSS, pagamento realizado após a instauração da investigação, 
ficando não paga a dívida relativa ao ICMS. Assim, o delegado encaminhou os autos ao Ministério Público 
Federal, que denunciou Caio pelos crimes previstos nos artigos 168-A do Código Penal e 1º, I, da Lei 8.137/90, 
tendo a inicial acusatória sido recebida pelo juiz da vara federal da localidade. Após analisar a resposta à 
acusação apresentada pelo advogado de Caio, o aludido magistrado entendeu não ser o caso de absolvição 
sumária, tendo designado audiência de instrução e julgamento. 
Com base nos fatos narrados no enunciado, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos 
apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) Qual é o meio de impugnação cabível à decisão do Magistrado que não o absolvera sumariamente? (Valor: 
0,2) 
b) A quem a impugnação deve ser endereçada? (Valor: 0,2) 
c) Quais fundamentos devem ser utilizados? (Valor: 0,6) 
 
GABARITO COMENTADO 
a) Habeas Corpus, uma vez que não há previsão de recurso contra a decisão que não absolvera sumariamente 
o acusado, sendo cabível a ação mandamental, conforme estabelecem os artigos 647 e seguintes do CPP. No 
caso, não seria admissível o recurso em sentido estrito, uma vez que o enunciado não traz qualquer informação 
acerca da fundamentação utilizada pelo magistrado para deixar de absolver sumariamente o réu, não podendo 
o candidato deduzir que teria sido realizado e indeferido pedido expresso de reconhecimento de extinção da 
punibilidade. 
b) Ao Tribunal Regional Federal. 
c) Extinção da punibilidade pelo pagamento do débito quanto ao delito previsto no artigo 168-A, do CP, e, 
após, restando apenas acusação pertinente à sonegação de tributo de natureza estadual, incompetência 
absoluta – em razão da matéria – do juízo federal para processar e julgar a matéria. Quanto à Súmula 
Vinculante nº 24, o enunciado não traz qualquer informação no sentido de que a via administrativa ainda não 
teria se esgotado, não podendo o candidato deduzir tal fato. 
Em relação à correção, levou-se em conta o seguinte critério de pontuação: 
 
Item Pontuação 
a) Habeas Corpus (0,2), uma vez que não há previsão de recurso contra a decisão 
que não absolvera sumariamente o acusado, sendo cabível a ação mandamental, 
conforme estabelecem os artigos 647 e seguintes do CPP 
0 / 0,2 
b) Ao Tribunal Regional Federal 0 / 0,2 
c) Extinção da punibilidade (0,25) pelo pagamento (0,1) do débito 0 / 0,1 / 0,25 / 0,35 / 
 
 
QUESTÃO 3 – EXAME 2010-03 
Jeremias é preso em flagrante pelo crime de latrocínio, praticado contra uma idosa que acabara de sacar o 
valor relativo à sua aposentadoria dentro de uma agência da Caixa Econômica Federal e presenciado por duas 
funcionárias da referida instituição, as quais prestaram depoimento em sede policial e confirmaram a prática 
do delito. Ao oferecer denúncia perante o Tribunal do Júri da Justiça Federal da localidade, o Ministério Público 
Federal requereu a decretação da prisão preventiva de Jeremias para a garantia da ordem pública, por ser o 
crime gravíssimo e por conveniência da instrução criminal, uma vez que as testemunhas seriam mulheres e 
poderiam se sentir amedrontadas caso o réu fosse posto em liberdade antes da colheita de seus depoimentos 
judiciais. Ao receber a inicial, o magistrado decretou a prisão preventiva de Jeremias, utilizando-se dos 
argumentos apontados pelo Parquet. 
 
 
 
32 
 
Com base no caso acima, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal 
pertinente ao caso, indique os argumentos defensivos para atacar a decisão judicial que recebeu a denúncia 
e decretou a prisão preventiva. 
 
GABARITO COMENTADO 
a) Não, pois a competência para processamento e julgamento é de uma vara comum da justiça estadual, por 
se tratar de crime patrimonial e que não ofende bens, serviços ou interesses da União ou de suas entidades 
autárquicas. 
b) Não, pois a jurisprudência é pacífica no sentido de que considerações genéricas e presunções de que em 
liberdade as testemunhas possam sentir-se amedrontadas não são argumentos válidos para a decretação da 
prisão antes do trânsito em julgado de decisão condenatória, pois tal providência possui natureza estritamente 
cautelar, de modo que somente poderá ser determinada quando calcada em elementos concretos que 
demonstrem a existência de risco efetivo à eficácia da prestação jurisdicional. 
c) Tribunal Regional Federal, pois a autoridade coatora é juiz de direito federal. 
Em relação à correção, levou-se em conta o seguinte critério de pontuação: 
 
Item Pontuação 
Incompetência da Justiça Federal para julgar o caso (0,15), por não se enquadrar nas hipóteses 
do art. 109 da CRFB (0,15). 
 
Incompetência do Tribunal do Júri (0,15), considerando que o crime de latrocínio tem natureza 
patrimonial (0,15). 
 
Ilegalidade na decretação da prisão preventiva (0,2), com base na impossibilidade de 
fundamentar a prisão na gravidade abstrata do crime OU na presunção de que as vítimas se 
sentiriam amedrontadas (0,2). 
0 / 0,15 / 0,3 
 
 
0 / 0,15 / 0,3 
 
 
0 / 0,2 / 0,4 
 
Questão 03 – XVII EXAME 
Ruth voltava para sua casa falando ao celular, na cidade de Santos, quando foi abordada por Antônio, que 
afirmou: “Isso é um assalto! Passa o celular ou verá as consequências!”. Diante da grave ameaça, Ruth 
entregou o telefone e o agente fugiu em sua motocicleta em direção à cidade de Mogi das Cruzes, consumando 
o crime. Nervosa, Ruth narrou o ocorrido para o genro Thiago, que saiu em seu carro, junto com um policial 
militar, à procura de Antônio. Com base na placa da motocicleta anotada por Ruth, Thiago localizou Antônio, 
já em Mogi das Cruzes, ainda na posse do celular da vítima e também com uma faca em sua cintura, tendo o 
policial efetuado a prisão em flagrante. Em razão dos fatos, Antônio foi denunciado pela prática do crime 
previsto no Art. 157, § 2º, inciso I, do Código Penal, perante uma Vara Criminal da comarca de Mogi das 
Cruzes, ficando os familiares do réu preocupados, porque todos da região sabem que o magistrado, em 
atuação naquela Vara, é extremamente severo. A defesafoi intimada a apresentar resposta à acusação. 
Considerando que o flagrante foi regular e que os fatos são verdadeiros, responda, na qualidade de 
advogado(a) de Antônio, aos itens a seguir. 
A) Que medida processual poderia ser adotada para evitar o julgamento perante a Vara Criminal de Mogi das 
Cruzes? Justifique. (Valor: 0,65) 
B) No mérito, caso Antônio confesse os fatos durante a instrução, qual argumento de direito material poderia 
ser formulado para garantir uma punição mais branda do que a pleiteada na denúncia? Justifique. (Valor: 
0,60) 
 
GABARITO COMENTADO 
A) A medida processual é exceção de incompetência. Pela narrativa apresentada no enunciado é possível 
concluir que o crime foi praticado, inclusive consumado, na cidade de Santos, logo, na forma do Art. 70 do 
Código de Processo Penal, o juízo competente será o da comarca de Santos e não o de Mogi das Cruzes. 
Considerando a incompetência territorial existente, deveria o advogado de Antônio formular uma exceção de 
incompetência, no prazo de defesa, nos termos do Art. 108 do Código de Processo Penal. 
 
 
 
33 
 
B) Envolvendo o mérito, deve o examinando expor que, ainda que confessados os fatos, não houve emprego 
de arma na hipótese, de modo que deveria ser afastada a majorante do Art. 157, § 2º, inciso I, do Código 
Penal. A hipótese narrada deixa claro que Antônio abordou Ruth e empregou grave ameaça, mas que, em 
momento algum, utilizou, mencionou ou mostrou a arma que portava quando de sua prisão em flagrante. O 
argumento de que a faca, por ser arma branca, não é suficiente para o reconhecimento da causa de aumento 
não é adequado. O que se exigia era a demonstração de que, no caso concreto, não houve efetivo emprego 
da arma, como exige o dispositivo supramencionado. 
 
 
QUESTÃO 2 – EXAME 2010-03 
Caio, residente no município de São Paulo, é convidado por seu pai, morador da cidade de Belo Horizonte, 
para visitá-lo. Ao dirigir-se até Minas Gerais em seu carro, Caio dá carona a Maria, jovem belíssima que 
conhecera na estrada e que, ao saber do destino de Caio, o convence a subtrair pertences da casa do genitor 
do rapaz, chegando a sugerir que ele aguardasse o repouso noturno de seu pai para efetuar a subtração. Ao 
chegar ao local, Caio janta com o pai e o espera adormecer, quando então subtrai da residência uma televisão 
de plasma, um aparelho de som e dois mil reais. Após encontrar-se com Maria no veículo, ambos se evadem 
do local e são presos quando chegavam ao município de São Paulo. 
Com base no relatado acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados 
e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) Caio pode ser punido pela conduta praticada e provada? (Valor: 0,4) 
b) Maria pode ser punida pela referida conduta? (Valor: 0,4) 
c) Em caso de oferecimento de denúncia, qual será o juízo competente para processamento da ação penal? 
(Valor: 0,2) 
 
GABARITO COMENTADO 
a) Não, uma vez que incide sobre o caso a escusa absolutória prevista no artigo 181, II, do CP. 
b) Sim, uma vez que a circunstância relativa a Caio é de caráter pessoal, não se comunicando a ela (artigo 30 
do CP). Assim, poderá ser punida pela prática do crime de furto qualificado pelo repouso noturno. 
c) Belo Horizonte, local em que delito se consumou, conforme artigos 69, I, do CPP e 6º do CP. 
Em relação à correção, levou-se em conta o seguinte critério de pontuação: 
 
Item Pontuação 
a) Não, uma vez que incide sobre o caso a escusa absolutória (0,2) 
prevista no artigo 181, II, do CP (0,2). 
 
0 / 0,2 / 0,4 
b) Sim, uma vez que a circunstância relativa a Caio é de caráter pessoal, 
não se comunicando a ela (0,2), com base no artigo 30 OU 183, II, do 
CP (0,2). 
0 / 0,2 / 0,4 
c) Belo Horizonte, local em que o delito se consumou (0,1), conforme artigos 69, I, OU 70 do CPP (0,1). 
 
QUESTÃO 01 - XII EXAME 
Carolina foi denunciada pela prática do delito de estelionato, mediante emissão de cheque sem suficiente 
provisão de fundos. Narra a inicial acusatória que Carolina emitiu o cheque número 000, contra o Banco ABC 
S/A, quando efetuou compra no estabelecimento “X”, que fica na cidade de “Y”. Como a conta corrente de 
Carolina pertencia à agência bancária que ficava na cidade vizinha “Z”, a gerência da loja, objetivando maior 
rapidez no recebimento, resolveu lá apresentar o cheque, ocasião em que o título foi devolvido. 
Levando em conta que a compra originária da emissão do cheque sem fundos ocorreu na cidade “Y”, o 
ministério público local fez o referido oferecimento da denúncia, a qual foi recebida pelo juízo da 1ªVara 
Criminal da comarca. Tal magistrado, após o recebimento da inicial acusatória, ordenou a citação da ré, bem 
como a intimação para apresentar resposta à acusação. 
 
 
 
34 
 
Nesse sentido, atento(a) apenas às informações contidas no enunciado, responda de maneira fundamentada, 
e levando em conta o entendimento dos Tribunais Superiores, o que pode ser arguido em favor de Carolina. 
(Valor: 1,25) 
 
GABARITO COMENTADO 
Deve ser arguida exceção de incompetência com fundamento no Art. 108 do CPP OU Preliminar de 
incompetência na resposta à acusação. O estelionato é crime material e se consuma no local onde ocorreu o 
efetivo prejuízo econômico. No caso em tela, o efetivo prejuízo econômico se deu no lugar onde o título foi 
recusado, ou seja, na comarca “Z”. Assim, aplica-se o disposto no verbete 521 da Súmula do STF e o verbete 
244 da Súmula do STJ. Consequentemente, deve ser feito pedido de remessa do feito à comarca “Z”, onde 
poderão ser ratificados os atos até o momento praticados, prosseguindo-se na instrução. 
 
DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS 
A1 - Deve ser arguida a exceção de incompetência (ou preliminar de incompetência na resposta à acusação) 
(0,50) 
0,00/0,50 
A2 - O crime em análise se consuma no local onde ocorreu o efetivo prejuízo econômico. (0,30) 
0,00/0,30 
A3- Aplica-se, portanto, o disposto no verbete 521 da Súmula do STF OU verbete 244 da Súmula do STJ. 
(0,45) 
0,00/0,45 
Obs.: A mera indicação ou reprodução do conteúdo da Súmula não pontua. 
 
QUESTÃO 01 - XXI EXAME 
Paulo e Júlio, colegas de faculdade, comemoravam juntos, na cidade de São Gonçalo, o título obtido pelo 
clube de futebol para o qual o primeiro torce. Não obstante o clima de confraternização, em determinado 
momento, surgiu um entrevero entre eles, tendo Júlio desferido um tapa no rosto de Paulo. Apesar da pouca 
intensidade do golpe, Paulo vem a falecer no hospital da cidade, tendo a perícia constatado que a morte 
decorreu de uma fatalidade, porquanto, sem que fosse do conhecimento de qualquer pessoa, Paulo tinha uma 
lesão pretérita em uma artéria, que foi violada com aquele tapa desferido por Júlio e causou sua morte. O 
órgão do Ministério Público, em atuação exclusivamente perante o Tribunal do Júri da Comarca de São 
Gonçalo, denunciou Júlio pelo crime de lesão corporal seguida de morte (Art. 129, § 3º, do CP). 
Considerando a situação narrada e não havendo dúvidas em relação à questão fática, responda, na condição 
de advogado(a) de Júlio: 
A) É competente o juízo perante o qual Júlio foi denunciado? Justifique. (Valor: 0,65) 
B) Qual tese de direito material poderia ser alegada em favor de Júlio? Justifique. (Valor: 0.60) 
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere 
pontuação. 
 
GABARITO COMENTADO 
A) O(A) examinando(a) deve concluir pela incompetência do Juízo, tendo em vista que o crime praticado não 
é doloso contra a vida. Nos termos do Art. 74, § 1º, do Código de Processo Penal (ou Art. 5º, inciso XXXVIII, 
alínea d, da CRFB), ao Tribunal do Júri cabe apenas o julgamento dos crimes dolosos contra a vida e os 
conexos. No caso, mesmo

Continue navegando