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A criminalidade (1)

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A criminalidade no Brasil
A sensação de insegurança no Brasil não é sem fundamento. Somos, de fato, um dos países mais violentos da América Latina, que por sua vez é a região mais violenta do globo. Em uma pesquisa da Organização das Nações Unidas, realizada com dados de 1997, o Brasil ficou com o preocupante terceiro lugar entre os países com as maiores taxas de assassinato por habitante. Na quantidade de roubos, somos o quinto colocado. A situação seria ainda pior se fossem comparados os números isolados de algumas cidades e regiões metropolitanas, onde há o dobro de crimes da média nacional. São Paulo, por exemplo, já ultrapassou alguns notórios campeões da desordem, como a capital da Colômbia, Bogotá.
O país perde muito com isso. Só por causa dos assassinatos, o homem brasileiro vive um ano e poucos meses a menos, em média. Se esse homem vive no Rio de Janeiro, o prejuízo é ainda maior: quase três anos a menos. As mulheres também não passam incólumes. Na cidade de São Paulo, em 2001, o assassinato foi, pela primeira vez, a principal causa de mortes de mulheres, ultrapassando os números de mortes por doenças cerebrovasculares e Aids.
O total das perdas causadas pela criminalidade, de um ponto de vista puramente monetário, um cálculo feito pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) dá uma idéia do impacto financeiro do crime no Brasil. Segundo essa estimativa, que leva em conta prejuízos materiais, tratamentos médicos e horas de trabalho perdidas, o crime rouba cerca de 10% do PIB nacional, o que dá mais de 100 bilhões de reais por ano. Nos Estados Unidos, que está longe de ser um país pacífico e ordeiro, a porção da riqueza que escoa pelo ralo do crime é bem menor: 4%.
Infelizmente, o acesso à justiça ainda é privilégio de uma minoria, ao passo que a maioria das pessoas desconhece os seus direitos vigentes na Constituição ou, se os conhece, não possui condições de usufruí-los plenamente. 
Mesmo que seja dever constitucional do Estado prestar assistência jurídica gratuita às pessoas menos favorecidas, os defensores públicos que cuidam da segurança do país carecem de infraestrutura para atender a demanda.
O nosso país tem caminhado contrariamente aos princípios que regem a segurança pública e que atingem os chamados direitos humanos, como:
- Crianças e adolescente sem acesso à educação;
- Pessoas sem moradia decente e saúde digna;
- A maioria da população não tem o mínimo de segurança;
- Precariedade dos serviços públicos;
- Falta de acesso ao trabalho digno (regularizado, com registro em carteira).
A violência é tão complexa que é capaz de afetar todas as camadas da sociedade. De acordo com uma pesquisa realizada pela Organização dos Estados Ibero-Americanos (OIE), formado por 84 países, o Brasil se encontra na 3º posição em homicídios, atualmente. 
Outro estudo feito pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), em 2004, diz que a violência contra os jovens brasileiros mata mais do que as guerras.
Tudo isso se torna mais visível em comunidades que carecem de elementos essenciais para uma vida digna. Esses lugares quase sempre apresentam altas taxas de desemprego, falta de saneamento e atividades ilícitas, como tráfico de drogas e de armas, ocasionando uma insegurança social que tende a se transformar em uma insegurança civil.
Há muitas comunidades pelo Brasil dominadas pelo crime organizado, como era a do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, que viveu durante anos sob o controle de traficantes e a inação (falta de ação) do Governo brasileiro. Há certas medidas que em um primeiro instante parecem eficientes, embora não consigam obstruir o crime em longo prazo, como: 
A expulsão de alguns traficantes não significa acabar com o narcotráfico, pois as atividades de rotina e operações policiais não devem parar.
Expulsar os traficantes não resolve todo o problema se as milícias (policiais corruptos que em troca de dinheiro oferecem proteção à comunidade contra os bandidos e a polícia honesta) continuarem a existir.
Deve haver uma investigação profunda para exterminar a corrupção nas entidades de segurança pública, em sua totalidade, não apenas em casos esporádicos.
Além dos órgãos policiais, a política também deve ser investigada, pois muitos políticos utilizam a influência do tráfico e das milícias para garantir o seu poder.
Além dos atos de repressão, as ações preventivas também são importantes para obstruir a violência no futuro.
Deve-se prestar muita atenção nos presídios, pois os chefes do crime organizado continuam dando ordens, mesmo encarcerados.
Cabe à Inteligência, em grande parte, solucionar tais problemas. Com uma análise detalhada das raízes do crime, obter informações e produzir conhecimentos estratégicos para gerar ações que sejam aplicadas no combate à violência em lugares específicos.
O funil punitivo
No mundo todo, só uma parcela dos crimes é punida
SÃO PAULO
População do Estado em 1999: 37 milhões
Número de vítimas (estimado): 1,3 milhão – (100%)
Casos notificados: 443 000 – (33,3%)
Inquéritos policiais instaurados: 86 000 – (6,4%)
Prisões efetuadas: 29 000 – (2,2%)
ESTADOS UNIDOS
População dos EUA (1992): 261 milhões
Número de vítimas (estimado): 3,2 milhões – (100%)
Casos notificados: 1,9 milhão – (57,6%)
Crimes esclarecidos que acabaram em prisão: 827 000 – (25,7%)
Condenações nas cortes estaduais e federais: 167 000 – (5,1%)
Sentenciados a prisão: 136 000 – (4,2%)
Fonte: Pesquisa de Vitimização Ilanud e Secretaria da Segurança Pública de São Paulo
Estatísticas
As taxas de criminalidade no Brasil têm níveis acima da média mundial no que se refere a crimes violentos, com níveis particularmente altos no tocante a violência armada e homicídios. Em 2013, foram registradas 25,8 mortes para cada 100 mil habitantes, uma das mais altas taxas de homicídios intencionais do mundo. O índice considerado suportável pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de dez homicídios por 100 mil habitantes.
Segundo o “Mapa da Violência 2013”, os estados mais violentos do Brasil são Alagoas, Espírito Santo, Pará, Bahia e Paraíba; e os municípios, Simões Filho (BA), Campina Grande do Sul (PR), Ananindeua (PA), Cabedelo (PB) e Arapiraca (AL).
Já segundo a organização não governamental mexicana “Conselho Cidadão Para a Segurança”, as regiões metropolitanas mais violentas do Brasil são as de Maceió,Belém, Vitória, Salvador e Manaus.
Das 50 cidades classificadas em 2014 por uma ONG mexicana como as mais violentas do mundo, 16 são brasileiras.
Em 2012, outro estudo realizado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime indicou que das 30 cidades mais violentas do mundo, 11 são brasileiras (Maceió;Fortaleza; João Pessoa; Natal; Salvador; Vitória; São Luís; Belém; Campina Grande; Goiânia; e Cuiabá).
O total assassinatos no Brasil superou os 50 mil em 2012, o que equivale a 30% de todos os homicídios da América Latina e do Caribe e, a 10% dos homicídios registrados em todo o mundo naquele mesmo período.
Tipos de crimes
Crimes contra negros
Entre as vítimas de crimes violentos, os negros são a maioria. De acordo com um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o percentual de negros assassinados no país é 132% maior que o de brancos.
Crimes de ódio
De acordo com as estatísticas do Grupo Gay da Bahia, a cada 36 horas, um homossexual é morto no Brasil e 70% desses casos ficam impunes.
Violência contra mulheres
No Brasil, registram-se quinze feminicídios ao dia, e mais de 130 mil estupros ao ano.
Crimes contra homens
Segundo dados das Organização das Nações Unidas (ONU), 90% dos homicídios ocorridos no Brasil em 2012 foram contra homens.

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