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Sintaxe na Língua de Sinais

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Sintaxe 
 
 
 
 
Sintaxe 
Página 2 de 22 
 
SINTAXE 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXPEDIENTE 
 
Uníntese | Uníntese Virtual 
 
Pedro Stieler 
Diretor 
 
Maria Bernardete Bechler 
Vice-Diretora 
 
Carmem Regina dos Santos Ferreira 
Gestora de Marketing 
 
Roberto de Oliveira 
 Gestor Administrativo 
 
Wiltom Dourado 
Gestor Acadêmico 
 
 
Maria Bernardete Bechler 
 Texto 
 
 
Aline Madrid 
Flávia Burdzinski de Souza 
Designers Educacionais 
 
 
 
 
SINTAXE 
- 2016 - 
Direitos Autorais reservados à UNÍNTESE 
Sintaxe 
Página 3 de 22 
 
SINTAXE 
 
 
 
 
IV SINTAXE 
 
Maria Bernardete Bechler 1 
 
 
A sintaxe é a área da Linguística que estuda a organização das palavras ou 
dos sinais na sentença. Se estivermos em terras estrangeiras, será necessário que, 
além de conhecermos os significados das palavras da língua daquele determinado 
país, também precisaremos conhecer como as palavras se organizam na sentença 
para que a língua seja compreensível. 
Vamos, então, entender o que é uma sentença: em estudos anteriores, 
vimos que o signo linguístico é formado por pensamento e sons ou gestos, na 
língua de sinais. Os morfemas são os menores signos do sistema linguístico- são 
palavras ou partes significativas de palavras. Os morfemas formam as palavras, 
que também são signos. A combinação das palavras formam signos maiores, que 
são as sentenças, as frases. 
Para construirmos uma sentença, ou frase, não basta juntarmos algumas 
palavras. As palavras devem estar relacionadas umas com as outras, seguindo uma 
ordem, uma hierarquia, formando uma estrutura que tenha sentido. 
Exemplo: 
a) A reforma da casa levará muitos meses. 
b) Levará muitos meses, a reforma da casa. 
c) Muitos reforma meses da levará a casa. 
 
1
 Possui especialização em Supervisão Escolar, em Filosofia da Educação e em Coordenação de Práticas e Processos 
Pedagógicos. Graduação em Letras pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul e 
graduação em Letras pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões. Atualmente é professora 
visitante da Universidade Tuiuti do Paraná e vice-diretora da UNÍNTESE. Tem experiência na área de Educação, com 
ênfase em educação, ensino e aprendizagem e elaboração de projetos. 
 
Sintaxe 
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SINTAXE 
 
Na sentença (a) e (b) compreendemos o sentido, visto que a maneira 
como as palavras estão combinadas seguem uma ordem que nos possibilita o 
entendimento. Mesmo mudando a posição das palavras na frase (b), é possível 
compreendermos o seu sentido. Podemos dizer que as sentenças (a) e (b) são 
sentenças gramaticais. 
A sentença (c) não apresenta uma ordem, nem uma combinação possível 
das palavras, diz-se, então, que a ordem, a hierarquia, não foi respeitada, e assim 
sendo, a estrutura da sentença não poder ser entendida. A sentença (c) não é 
gramatical, é uma sentença agramatical. 
Nos estudos sobre a sintaxe na Língua Brasileira de Sinais tomamos como 
referência as autoras Ronice Müller de Quadros e Lodenir Becker Karnopp, com a 
obra: “Língua de Sinais Brasileira: Estudos Linguísticos”. Recorremos, ainda, às 
autoras Cristiane Steimetz Rodrigues e Flávia Valente em “Aspectos Linguísticos da 
Libras” e à Evani de Carvalho Viotti em “Introdução aos Estudos Linguísticos”. 
 
 
4.1- Sintaxe Espacial 
 
Por que o estudo da sintaxe passa a ser chamado de sintaxe espacial? 
Porque na LIBRAS, o sistema da língua é visual-espacial e não oral-auditivo. 
No sistema visual-espacial os sinais são distribuídos de determinadas 
maneiras no espaço, empregando relações específicas para desempenhar papéis 
gramaticais, estruturando as sentenças, as frases. 
Para realizar as funções sintáticas da LIBRAS, a marcação nominal e o uso 
do sistema pronominal são fundamentais. 
Assim, os referentes do discurso (eu, tu, ele,...), estando presentes ou não 
na situação discursiva, precisam de um local de sinalização, normalmente 
realizados em frente ao sinalizador, observando várias limitações. Conforme 
descrição de Quadros & Karnopp (2004, p.126-129), este local pode ser indicado 
através de diferentes recursos espaciais apresentados a seguir: 
Sintaxe 
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SINTAXE 
 
• Fazer o sinal em um local particular. Ao produzir o sinal, o sinalizador 
pode movimentar o sinal em direção ao referente. Como exemplo, apresentamos 
o sinal CASA; 
• Direcionar a cabeça e os olhos (e talvez o corpo) em direção a uma 
localização particular simultaneamente com o sinal de um substantivo ou com a 
apontação de um substantivo; 
• Usar a apontação ostensiva antes do sinal de um referente específico, 
por exemplo, apontar para o ponto “a” associando esta apontação com o sinal de 
casa; assim o ponto “a” passa a referir a casa; 
• Usar um pronome (a apontação ostensiva) numa localização particular 
quando a referência for óbvia; 
• Usar um classificador (que representa aquele referente) em uma 
localização particular; 
• Usar um verbo direcional (com concordância) incorporando os 
referentes previamente introduzidos no espaço. 
Os sinalizadores, na realização da comunicação em LIBRAS, expressam o 
pensamento não só através dos sinais manuais, mas também das expressões 
faciais, dos movimentos da cabeça e do corpo. Essas marcações são chamadas de 
marcações não-manuais. As marcações não manuais muitas vezes desempenham 
funções gramaticais, construções sintáticas explícitas. Na sequência, tendo como 
referência o livro de Quadros & Karnopp (2004, p.132) e as ilustrações 
encontradas no livro Aspectos Linguísticos da LIBRAS (Rodrigues e Valente, 2012, 
p.113-115) apresentamos alguns exemplos de expressões não-manuais: 
• Marcação de concordância verbal expressa pela direção dos olhos. 
Notação < > do. 
 
< > do 
 
Sintaxe 
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SINTAXE 
 
• Marcação com foco. Notação < > mc 
 
< > m 
• Marcação de negativas. Notação < > n 
 
< > n 
 
• Marcação de tópico. Notação < > t 
 
< > t 
 
 
Sintaxe 
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SINTAXE 
 
• Marcação de interrogativas do tipo QU – notação < > qu 
 
Notação < > qu 
• Marcação de interrogativa do tipo SIM/NÃO (S/N) . A resposta possível é 
sim ou não. Notação < > sn 
 
< > sn 
 
Essa parte do estudo da sintaxe apresentou alguns recursos que podem 
ser utilizados na LIBRAS para a construção de sentenças. Na sequência, estaremos 
abordando noções sobre a ordem sintática na LIBRAS. 
 
4.1.1 Ordem Básica, Canônica e Subjacente na Formação das Sentenças 
Antes de analisarmos as possíveis combinações de sinais para formar as 
sentenças na Língua de Sinais Brasileira, vamos apresentar a distinção entre os 
termos ordem “básica”, “canônica” e “subjacente” na formação das sentenças. 
 Os termos ordem “básica”, “canônica” ou “subjacente” são usados para 
descrever as ordens em todas as línguas. A palavra “ordem” significa o 
encadeamento das palavras na frase. Segundo Greenberg (1966) a ordem básica e 
Sintaxe 
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SINTAXE 
 
canônica são ordens dominantes em quase todas as línguas, são estruturas de 
sentenças formadas basicamente por sujeito, verbo, objeto. 
Para entendermos ordem “subjacente”, precisamos entender o conceito 
de “subjacente”. Segundo o Novo Dicionário Aurélio de Língua Portuguesa, 
subjacente é o que está localizado por baixo. Ex.: “rochas subjacentes”, “águas 
subjacentes”. Subjacente faz referência ao que está implícito, oculto, ou que não 
se manifesta claramente (FERREIRA, 2009). Subjacente é um adjetivo usado 
quando queremos expressar algo que está encoberto,que está subentendido no 
contexto de uma frase. O contrário de subjacente é evidente, perceptível, explícito 
claro, de compreensão imediata. 
Assim, a ordem subjacente é a estrutura profunda da frase, é a estrutura 
considerada “pura”, antes de sofrer qualquer transformação. Muitas vezes a 
estrutura pura existe no pensamento da pessoa, quando ela apresenta a sentença 
em uma enunciação, apresenta na ordem básica, perceptível, de superfície, já 
contendo acréscimos e outras mudanças. 
 
4.1.2 A Ordem Sintática 
Quando pronunciamos uma frase, um enunciado, ou uma sentença em 
uma situação comunicativa, emitimos as palavras em uma determinada ordem, de 
tal modo que a mensagem que queremos transmitir seja compreendida. A ordem 
das palavras pode mudar dentro de uma sentença, porém, o sentido deve 
permanecer, caso contrário a sentença não é gramatical. Observe os exemplos a 
seguir: 
(1) Eu comprei o brinquedo que você sonhava ontem à tarde. (S-V-O-Adj) 
 
 Sujeito Verbo Objeto Adjunto 
 
 (1a) Eu, ontem à tarde, comprei o brinquedo que você sonhava. (S-Adj-V-O) 
(1b) Ontem à tarde, eu comprei o brinquedo que você sonhava. ( Adj – S -V-O ) 
(1c) Eu comprei, ontem à tarde, o brinquedo que você sonhava. (S -V- Adj - O) 
(1d) O brinquedo que você sonhava, eu comprei ontem à tarde. (O–S–V-Adj) 
(1e) Ontem à tarde, o brinquedo que você sonhava, eu comprei. (Adj-O-S-V) 
Sintaxe 
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SINTAXE 
 
Por ordem sintática compreendemos as combinações possíveis entre as 
palavras ou sinais de uma sentença. Vimos, no exemplo acima, que na Língua 
Portuguesa a ordem das palavras pode mudar dentro de uma sentença. Porém, as 
mudanças na ordem das palavras devem respeitar uma hierarquia, pois a sentença 
precisa ter um sentido. Assim também acontece na LIBRAS, os sinais obedecem a 
um encadeamento, a uma ordem na sentença para que ela seja compreendida. 
As sentenças na LIBRAS obedecem a ordem básica sujeito (S), verbo (V) e 
objeto (O)= SVO. Todas as sentenças SOB (sujeito-verbo-objeto) são gramaticais. 
Podem aparecer em outras ordens, contanto que “marcados com uma entoação 
particular” (Viotti, 2008, p.61). As alterações da ordem SVO, com muita 
frequência, têm um ou mais de seus constituintes acompanhados de expressões 
não-manuais, conforme veremos a seguir: 
• Sentenças em que os sinais estão organizados formando as sequências: 
Objeto, Sujeito, Verbo (OSV) e Sujeito-Objeto-Verbo (SOV), são estruturas 
possíveis contanto que na presença de concordância verbal e marcas não 
manuais; 
• O uso de tópico (deslocamento do objeto para o início da frase), muda a 
estrutura da sentença, formando uma estrutura OSV; 
• Sentenças com verbos sem concordância e com o emprego de foco na 
sua estrutura, podem originar uma ordem SOV; 
• Sentenças contendo verbos com concordância permitem a elevação do 
objeto para uma posição mais alta, originando a ordem SOB; 
• Em situações de comunicação em que o foco contrastivo é usado pode 
ocorrer estruturas VOS 
Através da abordagem que acabamos de apresentar sobre as 
possibilidades de mudanças na ordem dos sinais da sentença, evidenciamos que a 
ordem básica da construção das sentenças na LIBRAS é sujeito - verbo- objeto= 
SVO. As mudanças de ordens acontecem por deslocamentos sintáticos associados 
a algum tipo de marca, à exemplo da concordância e das marcas não manuais. 
Abaixo, a tabela apresenta uma síntese da ordem das frases na LIBRAS, baseada 
em Quadros & Karnopp (2004, p.156): 
 
 
Sintaxe 
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SINTAXE 
 
ORDEM SIM COM RESTRIÇÕES EXEMPLO. 
* SVO(Suj-Verb-Obj) X MARTA PINTAR CASA. 
 OSV(Obj-Suj-Verb) X CASA MARTA PINTAR. 
 
 SOV(Suj-Obj-Verb) X MARTA CASA PINTAR 
 
 VOS (Ver-Obj-Suj) X PINTAR CASA MARTA 
 
 
*A ordem básica da construção das sentenças na LIBRAS: Sujeito Verbo Objeto= SVO 
Ficou demonstrado que a construção de uma frase em LIBRAS obedece a 
regras próprias da língua, tendo uma estrutura bem diferente das línguas orais. 
Na estruturação de uma frase na LIBRAS não são empregados artigos, 
preposições, conjunções porque estes conectivos estão incorporados ao sinal. 
Observem os exemplos na Língua Portuguesa e na LIBRAS: 
a) Eu dei a rosa para mamãe. / Rosa eu dar mamãe. (na construção em 
LIBRAS não aparece o artigo “a” e nem a preposição “para”) 
b) Eu vou à sua festa hoje à noite. / Eu festa sua hoje noite. 
A partir das considerações acima, passamos a demonstrar brevemente 
como se organizam sentenças com verbos de concordância e com verbos sem 
concordância. 
 
4.1.3 O Impacto dos Diferentes Tipos de Verbos na Constituição das 
Sentenças. 
Para o melhor entendimento desta noção, mais uma vez vamos salientar 
que o verbo é o principal constituinte da sentença, em torno do qual os demais 
elementos se organizam para formar a frase. Salientamos, também, a importância 
das marcas não-manuais na estrutura das sentenças. 
Na LIBRAS, os verbos pertencem a duas classes: os verbos com 
concordância e os verbos sem concordância. 
Sintaxe 
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SINTAXE 
 
Os verbos com concordância podem flexionar em pessoa e número, 
relacionados a marcas não-manuais e ao movimento direcional. Alguns exemplos 
de verbos com concordância: DAR, ENVIAR, RESPONDER, PERGUNTAR, DIZER, 
PROVOCAR. 
 
ONTEM EU DAR DINHEIRO ELA2 
Os verbos sem concordância não se flexionam com pessoa e número, são 
verbos que exigem a presença de sujeito e objeto tendo em vista que não há 
qualquer marca no verbo que revela o sujeito e o objeto. Exemplo: TER, FALAR, 
CONHECER. 
 
MARIA CONHECER CURITIBA3 
 
 
 
 
 
2 Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012 
3 Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012 
Sintaxe 
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SINTAXE 
 
 
POSSIBILIDADES DE ORDENAÇÃO SINTÁTICA CONFORME O TIPO DE VERBO 
Sentenças com verbos com concordância 
Sentenças com verbos sem 
concordância 
Apresentam maior liberdade de ordenação dos 
constituintes. 
Exemplos: 
<MARIAb>do>JOÃOaOLHARb>do (OSV) 
 João olha para Maria 
 
*MARIA <JOÃO GOSTAR> (OSV) 
 João gosta da Maria 
Apresentam menos liberdade na 
ordenação dos constituintes. 
As marcações não-manuais são obrigatórias nos 
verbos com concordância e opcionais nos verbos 
sem concordância. 
 
JOÃO<GOSTAR MARIA>do 
 
*JOÃO<MARIA GOSTAR>do 
 ( topicalização) 
As marcações não-manuais não são 
obrigatórias 
Há a possibilidade de formular sentenças com 
argumentos nulos (sujeito, objeto) – (S)V(O). 
Exemplo: 1ENTREGAR2 
Na sentença o sujeito EU e o objeto VOCÊ estão 
omitidos. 
Não apresentam argumentos nulos 
Os verbos com concordância não ocorrem com o 
auxiliar e o marcador negativo pode realizar-se 
antes e após o verbo. 
 
Exemplificamos com as glosas: 
JOÃOa MARIAb aAUXb aENTREGARb 
(Exemplo errado por conter o auxiliar) 
 
JOÃOa MARIAb NÃOaENTREGARb JOÃOa MARIAb 
aENTREGARbNÃO 
 
Com os verbos sem concordância, a 
negação é realizada no final da frase 
ou antes do verbo, mas somente 
quando é inserido o auxiliar. 
 
JOÃOa MARIAb aAUXb DESEJAR 
 
JOÃOa MARIAb aAUXb NÃO 
DESEJAR 
, 
JOÃOa MARIAb aAUXb DESEJAR 
NÃO 
 
Fonte dos exemplos: Lingua Brasileira de Sinais II - Ronice Muller de Quadros-Aline Lemos 
Pizzio, Patrícia Luiza Ferreira Rezende. Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de 
Comunicação e Expressão (CCE). Florianópolis, janeiro de 2008. p.32 
 
Sintaxe 
Página 13 de 22 
 
SINTAXE 
 
 
4.2- Marcações Não Manuais Determinam os 
Diferentes Tipos de Construções de Sentenças na LIBRAS 
 
Veremos a seguir que as marcaçõesnão manuais (MNM), que são 
recursos que podem determinar diferentes construções de sentenças na Língua 
Brasileira de Sinais. A partir das marcas não manuais, formam-se diferentes tipos 
de estruturas de sentenças. Neste trabalho apresentaremos noções das sentenças 
negativas, interrogativas, com tópico e com foco. A forma afirmativa é neutra, pois 
não há MNMs para a frase afirmativa. 
Sentenças negativas: 
A negação pode ser realizada por sinais manuais NÃO, NUNCA, NADA. 
Pode, ainda, realizar-se pela incorporação dos sinais (NÃO-TER, NÃO-GOSTAR). A 
negação pode, também, ser expressa apenas por marcação não manual. 
Nos exemplos abaixo, para ilustrar a marca de distribuição da marcação 
da negação na sentença, a autora Jéssica Arrotéia (apud Rodrigues e Valente, 
2012), usa linhas horizontais acima e abaixo da sentença para representar a 
abrangência das marcas não manuais. A sigla “mc” para indicar o movimento de 
cabeça e a sigla “ef” para indicar a expressão facial. 
Segundo as autoras acima citadas, a marcação não manual na sentença 
negativa pode ser feita através de dois recursos: 
a) Marcação facultativa: indica a negação através de um movimento de 
cabeça, de um lado para outro, apresentando uma distribuição da marca de 
negação mais ampla no interior da sentença, podendo ser realizado nas formas 
abaixo apresentadas: 
Movimento de cabeça junto ao sinal NÃO: 
IX<1>NÃO 1ENCONTRARa JOÃOa IX >a<João>a ef 
 ___ mc 
Acompanha todo o sintagma verbal: 
IX<1> NÃO 1ENCINTRARa JOÃOa IX<joão>a ef 
Sintaxe 
Página 14 de 22 
 
SINTAXE 
 
 ______________________________mc 
Estende-se por toda a sentença: 
IX<1> 1NÃO ENCONTRARa JOÃOa IX <joão>a ef 
_______________________________________mc 
Ultrapassa o limite do último sinal realizado na sentença: 
IX<1> 1NÃO 1ENCONTRARa JOÃOa IX<joão>a ef 
 __________________________________mc 
b) Marcação obrigatória na sentença negativa: utilização de expressões 
faciais de negação abaixando o contorno da boca ou arredondamento dos lábios, 
simultaneamente ao baixar das sobrancelhas e ao leve baixar da cabeça, 
acompanhando o sintagma verbal. 
Exemplo: 
IX<1> NÃO 1ENCONTRARa JOÃOa IX<joão>a ef 
As autoras afirmam que os sinais NADA, NINGUÉM, NENHUM, na 
construção da sentença negativa, são realizados com marcações não manuais (as 
expressões faciais) que acompanham os sinais manuais, conforme os exemplos: 
 
Marcação obrigatória na sentença negativa4 
 
4.2.1 Sentenças Interrogativas: 
 
4 Fonte: Aspectos Linguísticos da Libras.IESDE BRASIL/2012 
Sintaxe 
Página 15 de 22 
 
SINTAXE 
 
A prosódia para as frases interrogativas está nas expressões não manuais 
que acompanham sinais manuais específicos. Segundo Rodrigues e Valente (2012), 
é comum o uso de três formas distintas para formular perguntas, sendo realizadas 
com diferentes tipos de marcação não manual, conforme apresentadas a seguir: 
a) Interrogativa QU (qu): quando há o emprego dos pronomes 
interrogativos, exemplo: qual, que, o que, quando, quem, e outros, 
acompanhados por elevação de cabeça, concomitante ao franzir da 
testa: 
 
Figura5 
 
figura6 
 
5 Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012 
Sintaxe 
Página 16 de 22 
 
SINTAXE 
 
b) Interrogativa Sim/Não (SN) 
Quando a pergunta conduz o interlocutor a responder sim ou não. Essa 
frase é marcada por um pequeno abaixamento de cabeça, seguido da elevação 
das sobrancelhas: 
 
Figura7 
 
c) Interrogativa de dúvida 
Este tipo de frase comunica dúvida ou desconfiança, buscando no 
interlocutor a confirmação ou não da questão colocada. Pode envolver o uso de 
uma ou das duas mãos. A interrogativa de dúvida pode ser identificada através de 
marcações não manuais: lábios comprimidos, olhos mais fechados, testa franzida, 
leve inclinação dos ombros para um lado ou para trás. 
 
6 Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012 
7 Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012 
Sintaxe 
Página 17 de 22 
 
SINTAXE 
 
 
Figura8 
 
4.2.2 Sentenças exclamativas 
A frase exclamativa expressa uma admiração. Na LIBRAS, a marcação não 
manual acontece através de um levantamento das sobrancelhas e pelo breve 
movimento de cabeça para cima e para baixo. Poderá ser precedido por um 
intensificador expresso pelo fechamento da boca com um movimento para baixo. 
 
 
4.2.3 Sentenças com Foco e com Tópico 
Ao iniciarmos a noção sobre as sentenças com tópico e foco, devemos 
salientar que não há relação com as funções sintáticas (sujeito, predicado, objeto). 
Assim sendo, tópico e foco não correspondem às funções de sujeito, nem de 
predicado, nem de objeto. 
 
8 Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012 
Sintaxe 
Página 18 de 22 
 
SINTAXE 
 
Os estudos relacionados à estrutura das sentenças sempre remetem a 
situações de comunicação. Assim, as sentenças com foco introduzem uma 
informação nova no discurso, informando algo adicional, enfatizando alguma coisa 
significativa. 
Ex: O Arnaldo é MÉDICO. 
 O Arnaldo é MÉDICO DO ARIOVALBO. 
Na LIBRAS, segundo Rodrigues e Valente (2012, p.131-134), as 
construções com foco apresentam: 
a) Construções duplas em que o elemento duplicado ocupa a posição 
final; o constituinte em foco é sempre um núcleo; a presença do foco permite o 
apagamento do primeiro elemento da construção dupla; marcas não manual 
acompanham o constituinte focalizado. 
Segundo as autoras, a LIBRAS apresenta construções duplas, 
relacionando os elementos linguísticos que aparecem duplicados: verbos 
modais; quantificadores; verbos; pronomes interrogativos; negação; advérbios. 
A seguir apresentaremos alguns aspectos das sentenças com foco: 
Verbos modais: 
 
Figura9 
Quantificadores: 
 
9 Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012 
Sintaxe 
Página 19 de 22 
 
SINTAXE 
 
 
Figura10 
 Verbos: 
 
Figura11 
Pronomes interrogativos: 
 
10 Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012 
11 Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012 
Sintaxe 
Página 20 de 22 
 
SINTAXE 
 
 
<QUEM GOSTAR GATO>qu<QUEM>12 
Negação: 
 
EU<NÃO IR>n<NÃO>n13 
Advérbios: 
 
Nas construções com foco é possível apagar o primeiro elemento da 
construção dupla: 
 
12 Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012 
13 Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012 
Sintaxe 
Página 21 de 22 
 
SINTAXE 
 
 
Figura14 
Lembramos que o foco é sempre o núcleo do sintagma. Em “Eu poder ir” 
temos o sintagma verbal “poder ir”, sendo que o núcleo do sintagma é o verbo 
“poder”. Eles podem ser acompanhados de marcas não manuais e podem vir 
duplicados. 
 
4.2.4 Sentenças com tópico 
As sentenças com tópico ocorrem em situações comunicativas e 
expressam a forma de organização dos constituintes da frase pelo emissor, 
normalmente em uma situação de fala. Silva (2012) afirma que o termo 
topicalização aponta o deslocamento de um sintagma, movendo-o de sua posição 
inicial na frase para o começo dela, chamando esse movimento de inversão. 
Quandocertos constituintes (sujeito, objeto direto, objeto indireto, adjunto 
adnominal ou adjunto adverbial) aparecem deslocados para a esquerda da frase. 
Segundo Rodrigues e Valente (2012, p.141), o elemento topicalizado, 
além de estar no início da sentença, ocorre após uma pausa. 
Exemplos: 
O barco, ele afundou em alto mar. 
 Eu, eu não farei as provas do ENEM. 
 
14 Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012 
Sintaxe 
Página 22 de 22 
 
SINTAXE 
 
Um cachorro feroz, meu pai comprou. (a estrutura tradicional seria: Meu 
pai comprou um cachorro feroz.) 
Na LIBRAS, as construções com tópico, além de estarem no início da frase, 
o elemento topicalizado é acompanhado pela elevação da sobrancelhas. Os 
exemplos abaixo encontram-se em Rodrigues e Valente (2012, p.139). 
 
Figura15 
 
 
Figura16 
 
15 Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012 
16 Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012

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