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Sintaxe Sintaxe Página 2 de 22 SINTAXE EXPEDIENTE Uníntese | Uníntese Virtual Pedro Stieler Diretor Maria Bernardete Bechler Vice-Diretora Carmem Regina dos Santos Ferreira Gestora de Marketing Roberto de Oliveira Gestor Administrativo Wiltom Dourado Gestor Acadêmico Maria Bernardete Bechler Texto Aline Madrid Flávia Burdzinski de Souza Designers Educacionais SINTAXE - 2016 - Direitos Autorais reservados à UNÍNTESE Sintaxe Página 3 de 22 SINTAXE IV SINTAXE Maria Bernardete Bechler 1 A sintaxe é a área da Linguística que estuda a organização das palavras ou dos sinais na sentença. Se estivermos em terras estrangeiras, será necessário que, além de conhecermos os significados das palavras da língua daquele determinado país, também precisaremos conhecer como as palavras se organizam na sentença para que a língua seja compreensível. Vamos, então, entender o que é uma sentença: em estudos anteriores, vimos que o signo linguístico é formado por pensamento e sons ou gestos, na língua de sinais. Os morfemas são os menores signos do sistema linguístico- são palavras ou partes significativas de palavras. Os morfemas formam as palavras, que também são signos. A combinação das palavras formam signos maiores, que são as sentenças, as frases. Para construirmos uma sentença, ou frase, não basta juntarmos algumas palavras. As palavras devem estar relacionadas umas com as outras, seguindo uma ordem, uma hierarquia, formando uma estrutura que tenha sentido. Exemplo: a) A reforma da casa levará muitos meses. b) Levará muitos meses, a reforma da casa. c) Muitos reforma meses da levará a casa. 1 Possui especialização em Supervisão Escolar, em Filosofia da Educação e em Coordenação de Práticas e Processos Pedagógicos. Graduação em Letras pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul e graduação em Letras pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões. Atualmente é professora visitante da Universidade Tuiuti do Paraná e vice-diretora da UNÍNTESE. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em educação, ensino e aprendizagem e elaboração de projetos. Sintaxe Página 4 de 22 SINTAXE Na sentença (a) e (b) compreendemos o sentido, visto que a maneira como as palavras estão combinadas seguem uma ordem que nos possibilita o entendimento. Mesmo mudando a posição das palavras na frase (b), é possível compreendermos o seu sentido. Podemos dizer que as sentenças (a) e (b) são sentenças gramaticais. A sentença (c) não apresenta uma ordem, nem uma combinação possível das palavras, diz-se, então, que a ordem, a hierarquia, não foi respeitada, e assim sendo, a estrutura da sentença não poder ser entendida. A sentença (c) não é gramatical, é uma sentença agramatical. Nos estudos sobre a sintaxe na Língua Brasileira de Sinais tomamos como referência as autoras Ronice Müller de Quadros e Lodenir Becker Karnopp, com a obra: “Língua de Sinais Brasileira: Estudos Linguísticos”. Recorremos, ainda, às autoras Cristiane Steimetz Rodrigues e Flávia Valente em “Aspectos Linguísticos da Libras” e à Evani de Carvalho Viotti em “Introdução aos Estudos Linguísticos”. 4.1- Sintaxe Espacial Por que o estudo da sintaxe passa a ser chamado de sintaxe espacial? Porque na LIBRAS, o sistema da língua é visual-espacial e não oral-auditivo. No sistema visual-espacial os sinais são distribuídos de determinadas maneiras no espaço, empregando relações específicas para desempenhar papéis gramaticais, estruturando as sentenças, as frases. Para realizar as funções sintáticas da LIBRAS, a marcação nominal e o uso do sistema pronominal são fundamentais. Assim, os referentes do discurso (eu, tu, ele,...), estando presentes ou não na situação discursiva, precisam de um local de sinalização, normalmente realizados em frente ao sinalizador, observando várias limitações. Conforme descrição de Quadros & Karnopp (2004, p.126-129), este local pode ser indicado através de diferentes recursos espaciais apresentados a seguir: Sintaxe Página 5 de 22 SINTAXE • Fazer o sinal em um local particular. Ao produzir o sinal, o sinalizador pode movimentar o sinal em direção ao referente. Como exemplo, apresentamos o sinal CASA; • Direcionar a cabeça e os olhos (e talvez o corpo) em direção a uma localização particular simultaneamente com o sinal de um substantivo ou com a apontação de um substantivo; • Usar a apontação ostensiva antes do sinal de um referente específico, por exemplo, apontar para o ponto “a” associando esta apontação com o sinal de casa; assim o ponto “a” passa a referir a casa; • Usar um pronome (a apontação ostensiva) numa localização particular quando a referência for óbvia; • Usar um classificador (que representa aquele referente) em uma localização particular; • Usar um verbo direcional (com concordância) incorporando os referentes previamente introduzidos no espaço. Os sinalizadores, na realização da comunicação em LIBRAS, expressam o pensamento não só através dos sinais manuais, mas também das expressões faciais, dos movimentos da cabeça e do corpo. Essas marcações são chamadas de marcações não-manuais. As marcações não manuais muitas vezes desempenham funções gramaticais, construções sintáticas explícitas. Na sequência, tendo como referência o livro de Quadros & Karnopp (2004, p.132) e as ilustrações encontradas no livro Aspectos Linguísticos da LIBRAS (Rodrigues e Valente, 2012, p.113-115) apresentamos alguns exemplos de expressões não-manuais: • Marcação de concordância verbal expressa pela direção dos olhos. Notação < > do. < > do Sintaxe Página 6 de 22 SINTAXE • Marcação com foco. Notação < > mc < > m • Marcação de negativas. Notação < > n < > n • Marcação de tópico. Notação < > t < > t Sintaxe Página 7 de 22 SINTAXE • Marcação de interrogativas do tipo QU – notação < > qu Notação < > qu • Marcação de interrogativa do tipo SIM/NÃO (S/N) . A resposta possível é sim ou não. Notação < > sn < > sn Essa parte do estudo da sintaxe apresentou alguns recursos que podem ser utilizados na LIBRAS para a construção de sentenças. Na sequência, estaremos abordando noções sobre a ordem sintática na LIBRAS. 4.1.1 Ordem Básica, Canônica e Subjacente na Formação das Sentenças Antes de analisarmos as possíveis combinações de sinais para formar as sentenças na Língua de Sinais Brasileira, vamos apresentar a distinção entre os termos ordem “básica”, “canônica” e “subjacente” na formação das sentenças. Os termos ordem “básica”, “canônica” ou “subjacente” são usados para descrever as ordens em todas as línguas. A palavra “ordem” significa o encadeamento das palavras na frase. Segundo Greenberg (1966) a ordem básica e Sintaxe Página 8 de 22 SINTAXE canônica são ordens dominantes em quase todas as línguas, são estruturas de sentenças formadas basicamente por sujeito, verbo, objeto. Para entendermos ordem “subjacente”, precisamos entender o conceito de “subjacente”. Segundo o Novo Dicionário Aurélio de Língua Portuguesa, subjacente é o que está localizado por baixo. Ex.: “rochas subjacentes”, “águas subjacentes”. Subjacente faz referência ao que está implícito, oculto, ou que não se manifesta claramente (FERREIRA, 2009). Subjacente é um adjetivo usado quando queremos expressar algo que está encoberto,que está subentendido no contexto de uma frase. O contrário de subjacente é evidente, perceptível, explícito claro, de compreensão imediata. Assim, a ordem subjacente é a estrutura profunda da frase, é a estrutura considerada “pura”, antes de sofrer qualquer transformação. Muitas vezes a estrutura pura existe no pensamento da pessoa, quando ela apresenta a sentença em uma enunciação, apresenta na ordem básica, perceptível, de superfície, já contendo acréscimos e outras mudanças. 4.1.2 A Ordem Sintática Quando pronunciamos uma frase, um enunciado, ou uma sentença em uma situação comunicativa, emitimos as palavras em uma determinada ordem, de tal modo que a mensagem que queremos transmitir seja compreendida. A ordem das palavras pode mudar dentro de uma sentença, porém, o sentido deve permanecer, caso contrário a sentença não é gramatical. Observe os exemplos a seguir: (1) Eu comprei o brinquedo que você sonhava ontem à tarde. (S-V-O-Adj) Sujeito Verbo Objeto Adjunto (1a) Eu, ontem à tarde, comprei o brinquedo que você sonhava. (S-Adj-V-O) (1b) Ontem à tarde, eu comprei o brinquedo que você sonhava. ( Adj – S -V-O ) (1c) Eu comprei, ontem à tarde, o brinquedo que você sonhava. (S -V- Adj - O) (1d) O brinquedo que você sonhava, eu comprei ontem à tarde. (O–S–V-Adj) (1e) Ontem à tarde, o brinquedo que você sonhava, eu comprei. (Adj-O-S-V) Sintaxe Página 9 de 22 SINTAXE Por ordem sintática compreendemos as combinações possíveis entre as palavras ou sinais de uma sentença. Vimos, no exemplo acima, que na Língua Portuguesa a ordem das palavras pode mudar dentro de uma sentença. Porém, as mudanças na ordem das palavras devem respeitar uma hierarquia, pois a sentença precisa ter um sentido. Assim também acontece na LIBRAS, os sinais obedecem a um encadeamento, a uma ordem na sentença para que ela seja compreendida. As sentenças na LIBRAS obedecem a ordem básica sujeito (S), verbo (V) e objeto (O)= SVO. Todas as sentenças SOB (sujeito-verbo-objeto) são gramaticais. Podem aparecer em outras ordens, contanto que “marcados com uma entoação particular” (Viotti, 2008, p.61). As alterações da ordem SVO, com muita frequência, têm um ou mais de seus constituintes acompanhados de expressões não-manuais, conforme veremos a seguir: • Sentenças em que os sinais estão organizados formando as sequências: Objeto, Sujeito, Verbo (OSV) e Sujeito-Objeto-Verbo (SOV), são estruturas possíveis contanto que na presença de concordância verbal e marcas não manuais; • O uso de tópico (deslocamento do objeto para o início da frase), muda a estrutura da sentença, formando uma estrutura OSV; • Sentenças com verbos sem concordância e com o emprego de foco na sua estrutura, podem originar uma ordem SOV; • Sentenças contendo verbos com concordância permitem a elevação do objeto para uma posição mais alta, originando a ordem SOB; • Em situações de comunicação em que o foco contrastivo é usado pode ocorrer estruturas VOS Através da abordagem que acabamos de apresentar sobre as possibilidades de mudanças na ordem dos sinais da sentença, evidenciamos que a ordem básica da construção das sentenças na LIBRAS é sujeito - verbo- objeto= SVO. As mudanças de ordens acontecem por deslocamentos sintáticos associados a algum tipo de marca, à exemplo da concordância e das marcas não manuais. Abaixo, a tabela apresenta uma síntese da ordem das frases na LIBRAS, baseada em Quadros & Karnopp (2004, p.156): Sintaxe Página 10 de 22 SINTAXE ORDEM SIM COM RESTRIÇÕES EXEMPLO. * SVO(Suj-Verb-Obj) X MARTA PINTAR CASA. OSV(Obj-Suj-Verb) X CASA MARTA PINTAR. SOV(Suj-Obj-Verb) X MARTA CASA PINTAR VOS (Ver-Obj-Suj) X PINTAR CASA MARTA *A ordem básica da construção das sentenças na LIBRAS: Sujeito Verbo Objeto= SVO Ficou demonstrado que a construção de uma frase em LIBRAS obedece a regras próprias da língua, tendo uma estrutura bem diferente das línguas orais. Na estruturação de uma frase na LIBRAS não são empregados artigos, preposições, conjunções porque estes conectivos estão incorporados ao sinal. Observem os exemplos na Língua Portuguesa e na LIBRAS: a) Eu dei a rosa para mamãe. / Rosa eu dar mamãe. (na construção em LIBRAS não aparece o artigo “a” e nem a preposição “para”) b) Eu vou à sua festa hoje à noite. / Eu festa sua hoje noite. A partir das considerações acima, passamos a demonstrar brevemente como se organizam sentenças com verbos de concordância e com verbos sem concordância. 4.1.3 O Impacto dos Diferentes Tipos de Verbos na Constituição das Sentenças. Para o melhor entendimento desta noção, mais uma vez vamos salientar que o verbo é o principal constituinte da sentença, em torno do qual os demais elementos se organizam para formar a frase. Salientamos, também, a importância das marcas não-manuais na estrutura das sentenças. Na LIBRAS, os verbos pertencem a duas classes: os verbos com concordância e os verbos sem concordância. Sintaxe Página 11 de 22 SINTAXE Os verbos com concordância podem flexionar em pessoa e número, relacionados a marcas não-manuais e ao movimento direcional. Alguns exemplos de verbos com concordância: DAR, ENVIAR, RESPONDER, PERGUNTAR, DIZER, PROVOCAR. ONTEM EU DAR DINHEIRO ELA2 Os verbos sem concordância não se flexionam com pessoa e número, são verbos que exigem a presença de sujeito e objeto tendo em vista que não há qualquer marca no verbo que revela o sujeito e o objeto. Exemplo: TER, FALAR, CONHECER. MARIA CONHECER CURITIBA3 2 Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012 3 Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012 Sintaxe Página 12 de 22 SINTAXE POSSIBILIDADES DE ORDENAÇÃO SINTÁTICA CONFORME O TIPO DE VERBO Sentenças com verbos com concordância Sentenças com verbos sem concordância Apresentam maior liberdade de ordenação dos constituintes. Exemplos: <MARIAb>do>JOÃOaOLHARb>do (OSV) João olha para Maria *MARIA <JOÃO GOSTAR> (OSV) João gosta da Maria Apresentam menos liberdade na ordenação dos constituintes. As marcações não-manuais são obrigatórias nos verbos com concordância e opcionais nos verbos sem concordância. JOÃO<GOSTAR MARIA>do *JOÃO<MARIA GOSTAR>do ( topicalização) As marcações não-manuais não são obrigatórias Há a possibilidade de formular sentenças com argumentos nulos (sujeito, objeto) – (S)V(O). Exemplo: 1ENTREGAR2 Na sentença o sujeito EU e o objeto VOCÊ estão omitidos. Não apresentam argumentos nulos Os verbos com concordância não ocorrem com o auxiliar e o marcador negativo pode realizar-se antes e após o verbo. Exemplificamos com as glosas: JOÃOa MARIAb aAUXb aENTREGARb (Exemplo errado por conter o auxiliar) JOÃOa MARIAb NÃOaENTREGARb JOÃOa MARIAb aENTREGARbNÃO Com os verbos sem concordância, a negação é realizada no final da frase ou antes do verbo, mas somente quando é inserido o auxiliar. JOÃOa MARIAb aAUXb DESEJAR JOÃOa MARIAb aAUXb NÃO DESEJAR , JOÃOa MARIAb aAUXb DESEJAR NÃO Fonte dos exemplos: Lingua Brasileira de Sinais II - Ronice Muller de Quadros-Aline Lemos Pizzio, Patrícia Luiza Ferreira Rezende. Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Comunicação e Expressão (CCE). Florianópolis, janeiro de 2008. p.32 Sintaxe Página 13 de 22 SINTAXE 4.2- Marcações Não Manuais Determinam os Diferentes Tipos de Construções de Sentenças na LIBRAS Veremos a seguir que as marcaçõesnão manuais (MNM), que são recursos que podem determinar diferentes construções de sentenças na Língua Brasileira de Sinais. A partir das marcas não manuais, formam-se diferentes tipos de estruturas de sentenças. Neste trabalho apresentaremos noções das sentenças negativas, interrogativas, com tópico e com foco. A forma afirmativa é neutra, pois não há MNMs para a frase afirmativa. Sentenças negativas: A negação pode ser realizada por sinais manuais NÃO, NUNCA, NADA. Pode, ainda, realizar-se pela incorporação dos sinais (NÃO-TER, NÃO-GOSTAR). A negação pode, também, ser expressa apenas por marcação não manual. Nos exemplos abaixo, para ilustrar a marca de distribuição da marcação da negação na sentença, a autora Jéssica Arrotéia (apud Rodrigues e Valente, 2012), usa linhas horizontais acima e abaixo da sentença para representar a abrangência das marcas não manuais. A sigla “mc” para indicar o movimento de cabeça e a sigla “ef” para indicar a expressão facial. Segundo as autoras acima citadas, a marcação não manual na sentença negativa pode ser feita através de dois recursos: a) Marcação facultativa: indica a negação através de um movimento de cabeça, de um lado para outro, apresentando uma distribuição da marca de negação mais ampla no interior da sentença, podendo ser realizado nas formas abaixo apresentadas: Movimento de cabeça junto ao sinal NÃO: IX<1>NÃO 1ENCONTRARa JOÃOa IX >a<João>a ef ___ mc Acompanha todo o sintagma verbal: IX<1> NÃO 1ENCINTRARa JOÃOa IX<joão>a ef Sintaxe Página 14 de 22 SINTAXE ______________________________mc Estende-se por toda a sentença: IX<1> 1NÃO ENCONTRARa JOÃOa IX <joão>a ef _______________________________________mc Ultrapassa o limite do último sinal realizado na sentença: IX<1> 1NÃO 1ENCONTRARa JOÃOa IX<joão>a ef __________________________________mc b) Marcação obrigatória na sentença negativa: utilização de expressões faciais de negação abaixando o contorno da boca ou arredondamento dos lábios, simultaneamente ao baixar das sobrancelhas e ao leve baixar da cabeça, acompanhando o sintagma verbal. Exemplo: IX<1> NÃO 1ENCONTRARa JOÃOa IX<joão>a ef As autoras afirmam que os sinais NADA, NINGUÉM, NENHUM, na construção da sentença negativa, são realizados com marcações não manuais (as expressões faciais) que acompanham os sinais manuais, conforme os exemplos: Marcação obrigatória na sentença negativa4 4.2.1 Sentenças Interrogativas: 4 Fonte: Aspectos Linguísticos da Libras.IESDE BRASIL/2012 Sintaxe Página 15 de 22 SINTAXE A prosódia para as frases interrogativas está nas expressões não manuais que acompanham sinais manuais específicos. Segundo Rodrigues e Valente (2012), é comum o uso de três formas distintas para formular perguntas, sendo realizadas com diferentes tipos de marcação não manual, conforme apresentadas a seguir: a) Interrogativa QU (qu): quando há o emprego dos pronomes interrogativos, exemplo: qual, que, o que, quando, quem, e outros, acompanhados por elevação de cabeça, concomitante ao franzir da testa: Figura5 figura6 5 Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012 Sintaxe Página 16 de 22 SINTAXE b) Interrogativa Sim/Não (SN) Quando a pergunta conduz o interlocutor a responder sim ou não. Essa frase é marcada por um pequeno abaixamento de cabeça, seguido da elevação das sobrancelhas: Figura7 c) Interrogativa de dúvida Este tipo de frase comunica dúvida ou desconfiança, buscando no interlocutor a confirmação ou não da questão colocada. Pode envolver o uso de uma ou das duas mãos. A interrogativa de dúvida pode ser identificada através de marcações não manuais: lábios comprimidos, olhos mais fechados, testa franzida, leve inclinação dos ombros para um lado ou para trás. 6 Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012 7 Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012 Sintaxe Página 17 de 22 SINTAXE Figura8 4.2.2 Sentenças exclamativas A frase exclamativa expressa uma admiração. Na LIBRAS, a marcação não manual acontece através de um levantamento das sobrancelhas e pelo breve movimento de cabeça para cima e para baixo. Poderá ser precedido por um intensificador expresso pelo fechamento da boca com um movimento para baixo. 4.2.3 Sentenças com Foco e com Tópico Ao iniciarmos a noção sobre as sentenças com tópico e foco, devemos salientar que não há relação com as funções sintáticas (sujeito, predicado, objeto). Assim sendo, tópico e foco não correspondem às funções de sujeito, nem de predicado, nem de objeto. 8 Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012 Sintaxe Página 18 de 22 SINTAXE Os estudos relacionados à estrutura das sentenças sempre remetem a situações de comunicação. Assim, as sentenças com foco introduzem uma informação nova no discurso, informando algo adicional, enfatizando alguma coisa significativa. Ex: O Arnaldo é MÉDICO. O Arnaldo é MÉDICO DO ARIOVALBO. Na LIBRAS, segundo Rodrigues e Valente (2012, p.131-134), as construções com foco apresentam: a) Construções duplas em que o elemento duplicado ocupa a posição final; o constituinte em foco é sempre um núcleo; a presença do foco permite o apagamento do primeiro elemento da construção dupla; marcas não manual acompanham o constituinte focalizado. Segundo as autoras, a LIBRAS apresenta construções duplas, relacionando os elementos linguísticos que aparecem duplicados: verbos modais; quantificadores; verbos; pronomes interrogativos; negação; advérbios. A seguir apresentaremos alguns aspectos das sentenças com foco: Verbos modais: Figura9 Quantificadores: 9 Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012 Sintaxe Página 19 de 22 SINTAXE Figura10 Verbos: Figura11 Pronomes interrogativos: 10 Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012 11 Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012 Sintaxe Página 20 de 22 SINTAXE <QUEM GOSTAR GATO>qu<QUEM>12 Negação: EU<NÃO IR>n<NÃO>n13 Advérbios: Nas construções com foco é possível apagar o primeiro elemento da construção dupla: 12 Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012 13 Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012 Sintaxe Página 21 de 22 SINTAXE Figura14 Lembramos que o foco é sempre o núcleo do sintagma. Em “Eu poder ir” temos o sintagma verbal “poder ir”, sendo que o núcleo do sintagma é o verbo “poder”. Eles podem ser acompanhados de marcas não manuais e podem vir duplicados. 4.2.4 Sentenças com tópico As sentenças com tópico ocorrem em situações comunicativas e expressam a forma de organização dos constituintes da frase pelo emissor, normalmente em uma situação de fala. Silva (2012) afirma que o termo topicalização aponta o deslocamento de um sintagma, movendo-o de sua posição inicial na frase para o começo dela, chamando esse movimento de inversão. Quandocertos constituintes (sujeito, objeto direto, objeto indireto, adjunto adnominal ou adjunto adverbial) aparecem deslocados para a esquerda da frase. Segundo Rodrigues e Valente (2012, p.141), o elemento topicalizado, além de estar no início da sentença, ocorre após uma pausa. Exemplos: O barco, ele afundou em alto mar. Eu, eu não farei as provas do ENEM. 14 Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012 Sintaxe Página 22 de 22 SINTAXE Um cachorro feroz, meu pai comprou. (a estrutura tradicional seria: Meu pai comprou um cachorro feroz.) Na LIBRAS, as construções com tópico, além de estarem no início da frase, o elemento topicalizado é acompanhado pela elevação da sobrancelhas. Os exemplos abaixo encontram-se em Rodrigues e Valente (2012, p.139). Figura15 Figura16 15 Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012 16 Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012
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