EMPRESARIAL II Professor: Marcelo Leonardo * Este material é apenas um roteiro resumido do nosso objeto de estudo. Dessa forma, o aluno deve usá-lo apenas como um guia resumido de conteúdos para expandir seu aprendizado através das aulas, livros de doutrina, legislação e jurisprudência. Já dizia Sócrates: “ Eu não posso ensinar nada a ninguém, eu só posso fazê-lo pensar”. DIREITO CAMBIÁRIO - TÍTULOS DE CRÉDITO INTRODUÇÃO - TÍTULOS DE CRÉDITO Histórico do Crédito - Sociedades primitivas: - Propriedade (estática) → Contrato (dinâmico) → Comércio - Troca Direta → Troca Indireta/ Moeda → Crédito / Títulos de Crédito. - O comércio se limitava ao Escambo (Troca direta de mercadorias). - Posteriormente: Troca indireta (Dinheiro/Moeda). Ex: Sal, Metais preciosos, papel-moeda (fiduciária e universal). - Num momento posterior, a própria moeda já não conseguia suprir a demanda do mercado dinâmico, que precisava de mais crédito para circular riquezas. Tal fato motivou o surgimento dos Títulos de Crédito. A Principal função dos Títulos de Crédito: Circular Riquezas de forma ágil e segura. - CRÉDITO: É um artifício da inventividade humana. Direito a uma prestação futura, baseada na confiança e prazo. É a possibilidade da realização de uma necessidade com o capital alheio. É criado basicamente através de contratos e títulos de crédito. NOÇÃO INICIAL DOS TÍTULOS DE CRÉDITO - TÍTULO (Titulus: Inscrição). Titular é o beneficiário de um título ou determinada inscrição. - TÍTULO DE CRÉDITO: Documento que se inscreve e instrumentaliza um crédito e permite sua mobilização com rapidez e segurança. Função principal é a Circulação de Riquezas, por isso a formalidade para proteger as partes envolvidas. - Um dos principais benefícios dos títulos de crédito → possibilidade de substituição do papel moeda nas relações negociais, facilitando as transações mercantis ao dotarem de maior segurança a circulação de crédito. HISTÓRICO DO DIREITO CAMBIÁRIO NO MUNDO - Direito Cambiário ou Cambial: Ramo do direito Empresarial que disciplina as normas sobre os Títulos de Crédito. - Títulos de Crédito e Direito Comercial surgiram na Idade Média. Sistema Feudal (“direitos locais”). - 04 Momentos marcantes; - 1) Período Italiano: Vai até 1650. Cidades marítimas italianas, onde se realizavam as feiras medievais, que atraiam os grandes mercadores da época. Houve desenvolvimento das operações de Câmbio em razão da diversidade de moedas entre as várias cidades medievais. Surge o Câmbio Trajetício (transporte de Moedas por banqueiros). Esse câmbio era feito através de documentos: A Cautio (origem da Nota Promissória), através da qual o banqueiro reconhecia a dívida e prometia pagá-la no lugar, prazo e moeda convencionada; e a Littera Cambii (origem da Letra de Câmbio), uma ordem de pagamento do banqueiro ao seu correspondente. - 2) Período Francês. (1650 a 1848). Surge a “cláusula à ordem” na França, acarretando o surgimento do Endosso, permitindo ao beneficiário da Letra de Câmbio transferi-la independentemente da autorização do sacador. - 3) Período Alemão (1848 a 1930). Ordenação Geral do Direito Cambiário em 1848. Consolidou as normas sobre as Letras de Câmbio e os títulos de crédito em normas específicas e diferentes do direito comum. - 4) Período Uniforme (1930…) Convenção de Genebra sobre títulos de crédito e aprovação da Lei Uniforme das Cambiais, diante das dinâmicas e necessidades do comércio internacional. - 5) Atualmente (“Crise” / Comércio Eletrônico): Transição, pois não vemos mais Letras de Câmbio, Cheques, Notas Promissórias no mercado, em razão dos Cartões de Débito / Crédito, Assinaturas Eletrônicas. Nem a moeda, nem os títulos de crédito tradicionais conseguem, de maneira eficiente, dar efetividade ao mercado globalizado. HISTÓRICO NO BRASIL - BRASIL : Participou da Convenção de Genebra e aderiu em 1942. Foram aprovados pelo Congresso Nacional os Decretos 57.663/1966 e 57.595/1966, Leis Uniformes das Cambiais / Lei Uniforme de Genebra - LUG e Lei do Cheque. - obs: O Brasil já possuía uma legislação Cambial (Decreto 2044/1908 - Lei Saraiva). - Atualmente temos o CC/2002 que regula (887 a 926) de forma supletiva os títulos de créditos próprios já existentes e efetivamente os novos títulos. CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E PRINCÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO - Conceito (Italiano Cesare Vivante): Documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo, nele mencionado. - Conceito CC/2002 (887): “O título de Crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei”. - Dos conceitos, extraímos os princípios: a) Cartularidade (Documento Necessário ao Exercício do direito nele mencionado) O exercício de qualquer direito representado no título pressupõe a sua posse legítima. Cartularidade é uma espécie de confusão (princípio da incorporação) entre o direito e a cártula. A Cártula (Chartula: diminutivo de Charta, pequeno papel) é imprescindível para a comprovação da existência e exigibilidade do crédito. O direito de crédito mencionado na cártula não existe sem ela, não pode ser transmitido sem sua tradição e não pode ser exigido sem a sua apresentação. Obs: Atualmente está relativizado em razão dos processos virtuais (CPC 425); títulos magnéticos; boletos; Duplicatas Virtuais (protesto por indicações e comprovante de entrega das mercadorias). O Próprio CC 889, parág. 3o, menciona títulos criados em computador. Títulos eletrônicos para o agronegócio Lei 11076/2004. b) Literalidade: vale apenas o que que está escrito no título ( valores, local, data, etc). O título vale pelo que contém. Somente os atos lançados no próprio título produzem efeitos perante o portador. A literalidade faz o título cumprir sua função principal de circulação do crédito de forma segura. - Uma quitação parcial, por exemplo, deve ser lançada no próprio título. O mesmo serve para o Aval e Endosso. - Obs: Aval feito em documento separado poderá, no máximo, valer como fiança. c) Autonomia: (princípio mais importante) O TC é documento constitutivo de direito novo, autônomo, originário e desvinculado da relação jurídica que lhe deu origem. - Quando o título circula, não interessa a relação jurídica originária. O vício que atinge uma relação anterior não contamina as demais. Todos que intervêm no título (emitente, endossantes, avalistas) ficam autonomamente responsáveis. O credor escolhe qualquer um para cobrar. - C.1) Abstração: Desvinculação da relação originária - Obs: Nem todos têm, como a Duplicata (que é causal ). Letra, Nota e cheque são abstratos. - C.2) Inoponibilidade das exceções (defesas) pessoais: O terceiro de boa-fé não tem relação com eventual vício no contrato que gerou o título. Ex.: AA compra um carro e emite cheque para o vendedor BB;