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SUB-ROGAÇÃO Sub-rogação é a substituição de uma pessoa (sub-rogação pessoal – tratada no Capítulo III do Título III do Direito das Obrigações, agora em estudo) ou de uma coisa (sub-rogação real – art. 1.911, parágrafo único; art. 1.112, II, CPC) por outra em uma relação jurídica. Esse instituto é uma exceção à regra de que o pagamento extingue a obrigação. O pagamento, aqui, promove apenas uma alteração subjetiva da obrigação, mudando o credor. A extinção obrigacional ocorre somente em relação ao credor, que nada mais poderá reclamar depois de haver recebido do terceiro interessado (avalista, fiador, coobrigado, etc.) o seu crédito. Nada se altera, porém, para o devedor, visto que o terceiro que paga toma o lugar do credor satisfeito e passa a ter o direito de cobrar a dívida com todos os seus acessórios. É um instituto anômalo. Sub-rogação legal: Decorre da lei, independentemente de declaração do credor ou do devedor. Art. 346: Casos: Inciso I: O devedor tem mais de um credor; se um deles promover a execução judicial de seu crédito, preferencial ou não, pode o devedor ficar sem meios para atender aos compromissos com os demais credores. Qualquer um desses pode, então, pagar ao credor exequente, sub-rogando-se em seus direitos, e aguardar a melhor oportunidade para a cobrança de seu crédito. Inciso II: Pode eventualmente alguém adquirir imóvel hipotecado porque faltam poucas prestações a serem pagas ao credor pelo alienante. Se este, no entanto, deixa de pagá-las, pode o adquirente efetuar o pagamento para evitar a excussão do imóvel hipotecado, sub-rogando-se nos direitos daqueles. Inciso III: Terceiro interessado é o que pode ter seu patrimônio afetado caso a dívida, pela qual também se obrigou, não seja paga. Ex.: avalista, fiador, coobrigado solidário, etc. Então, pagam a dívida pela qual eram ou podiam ser obrigados, sub-rogando-se automaticamente nos direitos do credor. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, malgrado tenha direito a reembolsar-se do que pagou, não se sub-roga nos direitos do credor (art. 305), pois é estranho à relação obrigacional. Sub-rogação convencional: Art. 347: Casos: Inciso I: Trata do terceiro não interessado. O terceiro sem interesse jurídico, embora possa ter outro interesse, paga a dívida e o credor manifesta a sua vontade no sentido de que o terceiro fique colocado na sua posição, adquirindo os respectivos direitos. O credor exterioriza o seu querer favorável à sub-rogação e faz, assim, com que ela se produza. Pode ser feita sem a anuência do devedor. Nesse caso, vigorará o disposto quanto à cessão de crédito (art. 348). Inciso II: Sub-rogação realizada no interesse do devedor, independente da vontade do credor. Efeitos: Art. 349: Liberatório – exonera o devedor ante o credor originário. Translativo – transmite ao terceiro, que satisfez o credor originário, os direitos de crédito que este desfrutava, com todos os seus acessórios, ônus e encargos, pois o sub-rogado passará a suportar todas as exceções que o sub-rogante teria de enfrentar. O artigo aplica-se à sub-rogação legal e convencional. Nessa, porém, devido à sua natureza contratual, podem as partes limitar os direitos do sub-rogado, enquanto o sub-rogado não pode reclamar do devedor a totalidade da dívida, mas só aquilo que houver desembolsado (art. 350). No silêncio do contrato, a sub-rogação convencional será total, ainda que não tenha havido desembolso integral. Sub-rogação parcial: Art. 351: O crédito ficará dividido em duas partes: a parte não paga, que continua a pertencer ao credor primitivo, e a parte paga, que se transfere ao sub-rogado. “O credor originário (...) terá preferência ao sub-rogado, na cobrança da dívida restante, se os bens do devedor não chegarem para saldar inteiramente o que a um e outro dever”. Sub-rogação ≠ cessão de crédito p. 601, CRG. Sub-rogação ≠ novação subjetiva p. 602, CRG.
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