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Tema 1 - Análise do Aspecto Lúdico no Universo Infantil e sua relação com a Educação Escolar

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Brinquedoteca e o Elem
ento Lúdico
Autoria: Raquel Fran
co Ferronato
Tema 01
Análise do Aspecto Lúdico no Universo Infantil e sua Relação com 
a Educação Escolar
Tema 01
Análise do Aspecto Lúdico no Universo Infantil e sua Relação com a Educação Escolar
Autoria: Raquel Franco Ferronato
Como citar esse documento:
FERRONATO, Raquel Franco. Brinquedoteca e o Elemento Lúdico: Análise do Aspecto Lúdico no Universo Infantil e sua Relação com a Educação 
Escolar. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2015.
Índice
© 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua 
portuguesa ou qualquer outro idioma.
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Análise do Aspecto Lúdico no Universo Infantil e sua Relação com a Educação Escolar
Ser Criança e Ter Infância
Reflita.
Como foi sua infância? Você brincou bastante? Você acredita que as experiências que vivenciou durante a sua infância 
terão influência sobre a sua atuação como professor ou professora? 
Essas são perguntas importantes, pois no decorrer da ação docente realizamos nossas práticas e escolhemos nossas 
metodologias e discursos de acordo com aquilo que acreditamos e conhecemos bem. Por isso, revisitar as nossas 
experiências quando crianças é importante para refletir sobre quais imagens e concepções temos sobre o que é ser 
criança e ter infância. Acompanhe comigo a citação a seguir, escolhida para integrar essa reflexão sobre ser criança.
Este é o primeiro caderno temático da disciplina Brinquedoteca e o Elemento Lúdico. Trata-se de uma disciplina 
fundamental na sua formação como educador ou educadora, pelas seguintes razões: a ludicidade faz parte de todas 
as manifestações sociais, culturais e antropológicas do ser humano, portanto, é também a linguagem primordial da 
criança; o elemento lúdico constitui fator que influencia diretamente os processos de desenvolvimento e aprendizagem 
da criança; e o estudo acerca da ludicidade constitui aspecto indispensável na formação do professor, já que este deve 
promovê-la por meio do planejamento educacional como um direito da criança.
A partir dessas três razões, os objetivos a serem alcançados ao longo do estudo de todos os cadernos temáticos dessa 
disciplina são o de conhecer os fundamentos teóricos acerca da ludicidade e sua influência nos processos de ensino 
e aprendizagem, bem como os aspectos teóricos do universo da ludicidade, para ser capaz de refletir acerca das 
manifestações lúdicas da criança, aprendendo a compreendê-las e a promovê-las no seu planejamento educacional.
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Elas são o que nós fomos; elas são o que nós devemos tornar-nos novamente. Nós fomos natureza assim como 
elas, e nossa cultura, mediante a razão e a liberdade, deve conduzir-nos de volta para a natureza. Elas são, 
portanto, não só a representação da nossa infância perdida, mas também representações da nossa realização 
mais elevada no ideal. (SCHILLER apud KENNEDY, 1999, p. 76)
Veja que interessantes as expressões usadas por Schiller (apud KENNEDY, 1999) e Friedman (2005): “voltar o olhar”, 
“conduzir-nos de volta para a natureza” e “infância perdida”.
Certamente você está pensando: mas, o que isso pode representar para mim enquanto educador ou educadora em 
formação? Sem querer “fechar uma única resposta”, é possível afirmar que ao refletir sobre a infância despertarmos a 
necessária postura de tentar capturar a sua realidade concreta e a oportunidade que ela representa para transformar 
as nossas convicções e certezas. A criança é um ser concreto com características singulares que podem ser interpretadas 
pelos adultos como gerais ou universais. É a partir dessas características que criamos imagens, entendimentos e cuidados 
específicos voltados para ela. 
Assim, não existe uma maneira única de conceber ou entender a criança e a infância, como se pudéssemos dizer, com 
absoluta certeza, a essência desses conceitos. Em outras palavras, não podemos entender a criança como um sujeito 
unificado, reificado ou essencializado. Na verdade, ao observar as diferentes culturas em seus momentos sociais e 
históricos, chegamos à consideração de que temos múltiplas infâncias, com modos diferentes de compreendê-la 
e, mais ainda, de vivê-la.
Para resumir essa partilha de informações, você deve ter em mente que:
Cada criança deve ser vista no contexto de sua singularidade como única e marcada por suas histórias.
É necessário um cuidado técnico quanto à distinção conceitual das palavras “criança” e “infância”. Para otimizar o 
estudo, organizaremos as informações em tópicos. 
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Ficou claro para você que ao nos referirmos à palavra “criança” estamos falando de sujeitos concretos e reais com 
suas singularidades sociais, psicológicas e culturais? E quanto à palavra “infância”? Você consegue entendê-la como 
uma categoria social que indica múltiplas formas de ser criança no contexto de um grupo social e em um determinado 
momento histórico?
Se sua resposta for sim, com certeza você terá outro olhar sobre as crianças concretas que farão parte do seu trabalho 
pedagógico na escola. É importante reconhecer que por trás de cada aluno existe uma criança que experimenta a sua 
infância conforme as condições sociais, culturais e psicológicas lhe impõem.
Veja o que o poeta Carlos Drummond de Andrade sabiamente disse sobre o brincar:
Brincar com as crianças não é perder tempo, é ganhá-lo. Se é triste ver meninos 
sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, 
com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem. (ANDRADE apud 
BARROS, 2009, p. 13)
Infância e Ludicidade
Será que ludicidade tem a ver somente com o brincar e o jogar?
Ao compreender a importância de refletir sobre a infância e o ser criança, podemos relacionar essas reflexões com o 
conceito de “lúdico”. Certamente, você deve estar se perguntando o porquê de não tratarmos diretamente do conceito 
de brincar, não é mesmo? 
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Primeiramente, porque há distinções conceituais importantes sobre os termos “lúdico”, “brincar” e “jogar”. Em segundo 
lugar, porque muitos educadores associam o termo “lúdico” somente ao prazer, divertimento, jogar ou brincar. 
O filósofo Huizinga (1999) em seu livro Homo Ludens (título em latim, que significa “homem lúdico”) faz considerações 
importantes que indicam que o conceito de “lúdico” atrela-se à ideia de “festa, divertimento, comunicação por meio da 
participação numa alegria coletiva”. Afirma ainda que o “lúdico” relaciona-se: com os fatores culturais (individuais e 
coletivos), com o prazer de dominar o corpo (destreza), a vontade (risco, aventura), com questões de afetividade e de 
sensibilidade (expressão artística e literária), com a problemática do inconsciente individual e coletivo, com a eternidade 
do mito, a prática dos rituais, o exercício dos poderes mágicos, o passado do homem e o futuro do mundo (FRANCO, 
2008).
Huizinga (1999) ensina que ao experienciar a ludicidade, o homem desenvolveu três funções, conforme o esquema a 
seguir:
De acordo com Almeida (2010, p. 13), não podemos relacionar “lúdico” apenas ao ato de brincar ou de jogar, pois: 
Se o termo tivesse ligado a sua origem, o lúdico estaria se referindo apenas ao jogo, ao brincar, ao movimento 
espontâneo, mas passou a ser conhecido como traço essencialmente psicofisiológico, ou seja, uma necessidade 
básica da personalidade do corpo, da mente, no comportamento humano. As implicações das necessidades 
lúdicas extrapolaram as demarcações do brincar espontâneo de modo que a definição deixou de ser o simples 
sinônimo do jogo. O lúdico faz parte das atividades essenciais da dinâmica humana,trabalhando com a cultura 
corporal, movimento e expressão.
O universo lúdico:
[...] refere-se a uma dimensão humana que evoca os sentimentos de liberdade e espontaneidade da ação, que 
abrange atividades despretensiosas, descontraídas e desobrigadas de toda e qualquer espécie de intencionalidade 
ou vontade alheia. (SÁ, 2004, p. 1) 
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Podemos depreender das contribuições de Almeida (2010) e Sá (2004) que “lúdico” é algo muito mais amplo. Lúdico é o 
conjunto de manifestações sociais, culturais e antropológicas do ser humano. Por se constituir em uma linguagem com 
processos de simbolização, o lúdico se refere à dança, à música, às artes visuais, ao jogo e também ao brincar.
Então, que relações podem ser estabelecidas entre ludicidade e infância? Veja a seguir:
1. Infância e ludicidade estão intimamente relacionadas, pois a presença do brincar e do jogar está na base da 
formação psicológica, social e cultural da criança.
2. A criança cria uma “cultura infantil” ao experienciar um conjunto de manifestações lúdicas mediadas pelos adultos. 
Como exemplo, podemos indicar as canções infantis, os jogos tradicionais, a dança e a linguagem oral.
Muitos autores, tais como Gilles Brougère (1998), James, Jenks e Prout (1999), afirmam que a criança é um agente 
social que absorve elementos da cultura à qual pertence, mas ao mesmo tempo age sobre ela criando o que denominam 
de “cultura infantil”. Um dos elementos que fazem parte dessa cultura é o que Brougére (1998) denomina como 
“cultura lúdica”. 
A cultura lúdica é o resultado de todas as experiências vividas pela criança ao longo de sua infância por meio de suas 
interações com seus pares (adultos e outras crianças). Isso indica que todos os repertórios exercitados continuamente 
pelas crianças ao brincar, cantar, dançar, falar e jogar constituem a base da cultura lúdica. Segundo Brougére (1998, p. 
106), “[...] dispor de uma cultura lúdica é dispor de um certo número de marcas de referência que permitam interpretar 
como jogo atividades que poderiam não parecer como tal a outras pessoas”. 
Ao entender o brincar e o jogar como elementos integrantes da cultura lúdica, devemos conceber que ambas as 
manifestações lúdicas não são “naturais” na criança. Em outras palavras, a criança não nasce sabendo brincar ou jogar. 
Aprende-se a brincar e a jogar por meio das interações com o meio, com os adultos e com outras crianças. Assim, “não 
existe na criança uma brincadeira natural. A brincadeira é um processo de relações interindividuais, portanto, de cultura” 
(BROUGÈRE, 1998, p. 93).
Brincar e Jogar na Escola: isso pode?
A escola deve garantir os direitos da criança recorrendo a ações concretas, de mudança de postura e de 
transformação (FRANCO; BATISTA, 2007). É na escola que começa a “aprendizagem da democracia e do saber” e 
que, portanto, é indispensável “repensar a forma como a organização das escolas e a formação e intervenção dos 
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professores se devem entrosar com este movimento contemporâneo de reconhecimento dos direitos da criança” 
(DEROUET apud SARMENTO; ABRUNHOSA; SOARES, 2007, p. 63).
Se entendemos que a criança é sujeito de direitos e, portanto, cidadã, então significa que reconhecemos “que tem direito 
à brincadeira, a não tomar conta de outras crianças, a não trabalhar, a não exercer funções que, em outras classes 
sociais, são exercidas por adultos” (KRAMER, 1996, p. 122-123). 
A defesa de uma escola promotora dos direitos da criança e de uma dimensão de cidadania para a infância 
terá que necessariamente repensar os contextos em que hoje em dia se desenvolvem os quotidianos infantis, 
sendo indispensável neste processo um investimento consistente na promoção de cultura de repeito para com as 
crianças. (DUBET apud SARMENTO; ABRUNHOSA; SOARES, 2007, p. 64, grifos dos autores)
O artigo 15 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, BRASIL, 1990) determina quais são os direitos de liberdade 
da criança. O brincar é um desses direitos de liberdade. 
O direito de brincar na Constituição Federal de 1988 se depreende da conjugação dos direitos ao lazer, à 
convivência familiar e à convivência comunitária, e ao direito ao não trabalho, que é muito mais do que um 
“direito ao ócio”. Por ser extensão do direito à infância, deve ser considerado como tutela autêntica, completa e 
compartilhada entre a família, a sociedade civil e o Estado, pois assim afirma a Constituição Federal de 1988. 
(FRANCO, 2008, 78)
Ao estabelecer no artigo 15 do ECA que as crianças são titulares de liberdade, respeito e dignidade como pessoas 
em processo de desenvolvimento, quis o legislador que a eles fossem garantidos direitos básicos de caráter moral 
como prioridade absoluta constitucional. O ECA estabelece neste artigo os direitos de personalidade, oponíveis a 
todos, erga omnes. Isso significa que quem se omite em situação concreta poderá ser responsabilizado.
O direito de brincar está estabelecido no ECA em seu Livro I da Parte Geral, sob a égide do Título II que trata 
dos direitos fundamentais, mais especificamente artigo 16 do Capítulo II que elenca os direitos de liberdade, 
ao respeito e à dignidade da criança: artigo 16 – O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: IV – 
brincar, praticar esportes e divertir-se. 
O brincar como expressão do direito de liberdade da criança é um dos fundamentos do princípio da dignidade 
de sua pessoa. O reconhecimento do direito de brincar exposto no art.16, IV do ECA demonstra que a luta pelo 
reconhecimento da dignidade da infância venceu uma prova importante na aceitação dos ideais e da forma de 
vida infantil. 
O brincar consiste no direito de liberdade de ação da criança no sentido de que ela tem a possibilidade de escolha 
e de ação de acordo com suas motivações próprias. (FRANCO, 2008, p. 145-146)
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Segundo Machado (2003, p. 195), “o direito de brincar das crianças assume o contorno de essencialidade que o leva à 
condição de direito fundamental especial delas, na ótica de uma acepção radicalmente aberta aos direitos humanos”. 
Formação lúdica do Professor
Nesta parte do estudo, será tematizado o olhar do educador sobre a ludicidade e como é importante a sua formação 
lúdica para assegurar e promover o brincar e o jogar em sala de aula.
Articular a formação teórica e a prática educativa é fundamental. Essa articulação leva o educador a escolher e utilizar 
metodologias significativas direcionadas a atender às necessidades dos educandos. Por isso:
A prática pedagógica por meio da ludicidade não pode ser considerada uma ação pronta e acabada que ocorre 
a partir da escolha de um desenvolvimento de jogo retirado de um livro. A ludicidade na educação requer uma 
atitude pedagógica por parte do professor, o que gera a necessidade do envolvimento com a literatura da área, 
da definição de objetivos, organização de espaços, da seleção e da escolha de brinquedos adequados e o olhar 
constante nos interesses e das necessidades do educando. (RAU, 2011, p. 30) 
A ludicidade tem sido vista, na formação do professor, como um recurso pedagógico que pressupõe que podemos 
ensinar melhor se dispusermos de recursos lúdicos. Além disso, temos extensa literatura pedagógica que indica que a 
criança aprende melhor quando está brincando. 
Para a formação de qualidade do educador, é preciso contemplar três aspectos:
O que esperar do educador? Deve-se esperar que ele desenvolva um olhar que considere a ludicidade como uma 
linguagem infantil. Isso significa que ele deve ser um promotor dos atos de brincar e jogar no processo de ensino e 
aprendizagem. As competências a serem desenvolvidas são: conhecer os fundamentos sociais, culturais e antropológicos 
da ludicidade, para ser capaz de perceber, identificar e valorizar a ludicidade no contexto da educação formal. Vejamos 
as contribuições de Santos a respeito da formaçãolúdica do educador.
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A formação lúdica se assenta em pressupostos que valorizam a criatividade, o cultivo da sensibilidade, a busca 
da afetividade, a nutrição da alma, proporcionando aos futuros educadores vivências lúdicas, experiências 
corporais, que se utilizam da ação, do pensamento e da linguagem, tendo no jogo sua fonte dinamizadora. 
(SANTOS, 1997, p. 14)
Para Almeida (2010), o educador deve ser um promotor/facilitador dos jogos, das brincadeiras, da utilização dos 
brinquedos e principalmente da organização dos espaços lúdicos. Rego (1994) indica com maior clareza os papéis que 
o educador deve desempenhar. Veja a seguir quais são eles:
1. Ser um promotor/facilitador das brincadeiras, planejando momentos pedagógicos nos quais orienta e dirige o jogar, 
bem como momentos nos quais a criança tem a liberdade de promover suas brincadeiras.
2. Saber observar, registrar e analisar as informações e dados que as brincadeiras/jogos oferecem, bem como 
relacioná-los com o processo de desenvolvimento e aprendizagem da criança.
3. Enriquecer os jogos e as brincadeiras desenvolvendo a postura lúdica.
4. Planejar e organizar espaços lúdicos adequados aos interesses da criança.
5. Ser um sujeito brincante e com repertório lúdico capaz de mobilizar brincadeiras e jogos junto às crianças.
De acordo com Rizzo (1996, p. 27-28), em seu livro Jogos Inteligentes, o educador lúdico precisa ter as seguintes 
posturas:
Deve ser um líder democrático, que propicia, coordena e mantém um clima de liberdade para a ação do aluno, 
limitado apenas pelos direitos naturais dos outros. 
Deve atuar em sintonia com a criança para estabelecer a necessária cooperação mútua. 
Precisa ter antes construído a sua autonomia intelectual e segurança afetiva. 
Precisa aliar a teoria à prática e valorizar o conhecimento produzido a partir desta. 
Deve jogar com as crianças e participar ativamente de suas brincadeiras, talvez seja o caminho mais seguro para 
obter informações e conhecimentos sobre o mundo infantil. 
Resumidamente, a postura lúdica do educador diante do brincar e do jogar da criança é de reflexão e comprometimento 
de quem busca valorizar um direito muito maior: o direito de ser criança.
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Infância, Conhecimento e Contemporaneidade
• Leia o artigo Infância, Conhecimento e Contemporaneidade, de Solange J. Souza e Rita M. 
Pereira, cujas autoras conceituam a infância como uma categoria social. Ao estudar esse artigo 
você irá aprofundar o seu conhecimento a respeito das imagens e concepções que historicamente 
foram produzidas acerca da infância no mundo ocidental. Você terá a oportunidade de perceber 
como é problemática a ideia de “fechar” um único conceito de infância e como essa categoria 
social é definida por padrões históricos, sociais e culturais. Vale até um convite a mais: todo o 
livro é muito interessante. Que tal mergulhar nele? 
Disponível em: <http://gips.usuarios.rdc.puc-rio.br/infancia_producao_cultural.pdf>. Acesso em: 04 abr. 2015. 
A Importância do Lúdico em Sala de Aula
• Leia o artigo A Importância do Lúdico em Sala de Aula, de Eleana Margarete Roloff. Nesse 
artigo você terá a oportunidade de ampliar a sua visão das possibilidades do uso do repertório 
lúdico em sala de aula. A autora também traz para a sua discussão autores que fizeram parte do 
nosso estudo. A sua linguagem é um pouco mais técnica, mas vale a pena. 
Disponível em: <http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/anais/Xsemanadeletras/comunicacoes/Eleana-Margarete-Rol-
off.pdf>. Acesso em: 04 abr. 2015.
O Lúdico na Educação - Simão de Miranda - Canal E
• Assista no Youtube à palestra do Prof. Simão de Miranda sobre a ludicidade. Nesse vídeo, 
intitulado O Lúdico na Educação - Simão de Miranda - Canal E, são tratados os conceitos de 
lúdico, o brincar e o jogar. A entrevista traz perguntas interessantes sobre a temática que você 
estudou nesta aula. Enfatiza também a postura lúdica do professor e como a ludicidade deve 
ser resgatada na escola. 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=xlXT8CLUYrI>. Acesso em: 04 abr. 2015. 
Duração: 44:16.
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Instruções:
Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará algumas questões de múltipla 
escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido.
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Questão 1
Nessa atividade vamos focar a atitude pedagógica do educador diante das possibilidades de uso do brincar como um recurso 
pedagógico para ensinar. De acordo com Rau (2011, p. 38):
Brincar propicia o trabalho com diferentes tipos de linguagens, o que facilita a transposição e a representação de conceitos 
elaborados pelo adulto para os educandos. Educar, nessa perspectiva, é ir além da transmissão de informações ou de colocar à 
disposição do educando apenas um caminho, limitando a escolha ao seu próprio conhecimento. 
A autora refere-se ao brincar como uma das linguagens da criança. 
a) O que é o brincar?
b) É possível educar brincando?
Questão 2
O brincar leva a criança a uma série de descobertas e soluções, que envolvem o conhecimento da própria história, da cultura e 
da sociedade em que vive. Desenvolve a capacidade de imaginação e de recriação da realidade.
Qual das atitudes a seguir o educador que leva a sério a brincadeira da criança não deve ter?
a) Conhecer os fundamentos teóricos, lúdicos e pedagógicos da ludicidade de forma contínua.
b) Infantilizar-se ao participar das brincadeiras das crianças.
c) Estreitar as relações com a criança por meio de uma postura lúdica.
d) Ser atento, valorizar e promover as brincadeiras e jogos infantis no contexto escolar.
e) Realizar mediações significativas durante o brincar, enriquecendo as experiências lúdicas da criança.
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AgOrAéAsuAvEz
Questão 3
O papel do educador em relação à brincadeira é muito importante, na medida em que ele promove e oportuniza às crianças o 
acesso e o enriquecimento do repertório lúdico. Qual das alternativas a seguir apresenta uma justificativa contrária à ideia de que 
o brincar é um momento lúdico voltado para a aprendizagem formal?
a) Ao abrir espaço para a brincadeira e os jogos o educador demonstra conhecer e respeitar o processo de desenvolvimento 
infantil e os mecanismos da aprendizagem. 
b) O educador é quem oportuniza o enriquecimento social e cultural das brincadeiras na vida das crianças, oferecendo um 
repertório lúdico diversificado para que o brincar seja promovido como linguagem de aprendizagem.
c) O educador pode observar e constituir, em meio aos momentos de brincadeira das crianças, uma visão dos seus processos 
de desenvolvimento e aprendizagem, recursos afetivos e uso da linguagem. 
d) Cabe ao educador garantir que as brincadeiras ocorram de forma diversificada, para possibilitar às crianças escolherem os 
temas, papéis, objetos e companheiros, além de decidirem entre estabelecer ou seguir as regras dos jogos. 
e) O educador deve padronizar rigidamente a sua ação didática em momentos específicos que sejam diferentes dos momentos 
lúdicos, isto é, deve organizar momentos de aprendizagem formal e outros momentos lúdicos de forma separada, já que ao 
brincar a criança não está aprendendo nenhum conteúdo.
Questão 4
Você aprendeu durante este estudo que existe uma relação muito próxima entre a ludicidade e a infância. Sendo assim, apresente 
duas justificativas que assegurem a importância da ludicidade e sua presença no espaço escolar como elemento fundamental 
para a aprendizagem e desenvolvimento infantil.
Questão 5
Ser criança na sociedade contemporânea não é uma tarefa fácil. Temos múltiplas maneiras de viver a infância, assim como múl-
tiplas maneiras de ser criança. A partir dessas considerações, apresente o conceito de infância.
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Nesta aula, você teve a oportunidadede estudar a relação entre três grandes conceitos: infância, ludicidade e 
espaço escolar.
Você se lembra da questão inicial desta aula: Será que ludicidade tem a ver somente com o brincar e o jogar?
Ao final desse estudo, você, com certeza, já deve ser capaz de respondê-la. As construções sobre infância, ludicidade e 
espaço escolar são fundamentais, pois ao proporcionar o brincar ou o jogar no ambiente escolar, você estará promovendo 
para os alunos o direito de ser criança e de vivenciar importantes experiências, que farão da criança um adulto mais feliz 
e preparado para enfrentar os desafios do cotidiano.
Tanto o brincar quanto o ato de jogar são fundamentais para o desenvolvimento e aprendizagem infantil. Partindo desse 
pressuposto, entendemos que a prática educativa deve garantir espaços efetivos para que o lúdico seja vivenciado em 
sua plenitude.
Se o contexto social atual diz “não” ao brincar, ao tempo livre e ao ócio criativo, é dever do educador garantir o brincar, o 
jogar, o tempo livre e o ócio criativo, talvez como um dos últimos recursos de espontaneidade que a humanidade possui.
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LEITE, Maria Isabel Ferraz (Orgs). Infância e produção cultural. Campinas, SP: Papirus, 1998, p. 25-42.
rEfErêNCiAs
Categoria social: refere-se a um determinado grupo de pessoas que faz parte de uma estrutura social. No contexto 
desse estudo, as crianças pertencem a uma categoria social sendo atores e produtores de uma cultura infantil.
Cultura lúdica: conjunto de representações criadas no contexto de um grupo social. Consiste no resultado de todas as 
experiências sociais e culturais vividas pela criança ao longo de sua infância diante das suas interações com seus pares. 
Estatuto da Criança e do Adolescente: O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) foi instituído pela Lei nº 8.069, no dia 
13 de julho de 1990, e regulamenta os direitos das crianças e dos adolescentes previstos na Constituição Federal de 1988.
Lúdico: conjunto de manifestações humanas que vão além dos atos de brincar e jogar. Trata-se de um universo mais 
amplo, incluindo sentidos culturais, sociais e antropológicos de um determinado grupo social.
Postura lúdica: conjunto de ações do educador frente ao universo da ludicidade, que entra em ação ao promover ou 
facilitar os atos de brincar ou jogar. Ela é construída a partir da formação pedagógica, teórica e lúdica no contexto da 
formação inicial do educador, bem como da formação continuada no exercício da profissão docente.
glOssáriO
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gABAritO
Questão 1
Resposta: 
a) O brincar é uma linguagem da criança e, como tal, é também uma forma de representar o mundo. Além disso, o brincar, 
por ser uma forma de representação, possibilita à criança apropriar-se da realidade segundo suas percepções. 
b) Sim, é possível educar brincando. Segundo Rau (2011), ao brincar a criança aprende transpondo conceitos apreendidos 
do real. A educação não é mera transmissão de informações ou a disposição de uma única visão da realidade. Educar 
vai além. É ampliar o universo de conhecimento de acordo com formas diferenciadas de experienciar a realidade. E 
uma das formas é brincando.
Questão 2
Resposta: Alternativa B.
A alternativa que indica um comportamento incorreto do professor é a alternativa “b”. O adulto não se “torna uma criança” 
durante a brincadeira, ou seja, não se infantiliza. O que o adulto deve ter é a postura lúdica de um adulto que promove 
a brincadeira e valoriza-a por meio da mediação. Para que a criança possa experimentar o mundo de forma lúdica, 
ela precisa de um adulto que a compreenda e disponha de um contexto rico em elementos lúdicos. No contexto da 
ludicidade, não se “negociam” os papéis sociais de adulto e criança.
Questão 3
Resposta: Alternativa E.
A alternativa “e” está incorreta, pois é possível ensinar brincando e aprender brincandotodos os conteúdos previstos 
no currículo. Separar os momentos de atuação do professor dos momentos de brincadeira sugere a desvalorização do 
brincar como linguagem infantil.
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Questão 4
Resposta: Garantir que todas as crianças tenham uma infância é também garantir espaço para que experienciem o 
brincar e o jogar. O ofício da criança é brincar/jogar. A ludicidade como linguagem é o oposto do trabalho que faz parte 
do universo do adulto. Apesar de sabermos que nem todas as experiências da infância são constituídas de vivências 
felizes ou plenas de brincar/jogar, devemos, enquanto educadores, garantir a toda criança o acesso ao repertório lúdico. 
Até mesmo o ECA/1990 prevê o brincar como um direito de liberdade da criança.
Questão 5
Resposta: Conforme estudado: a infância é uma categoria social e histórica que é produto e produtora de cultura. Varia 
conforme os costumes e valores do grupo social.

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