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Paredes Diafragma Sistema Construtivo

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1
1 Introdução 
 
A execução de uma cortina de concreto armado, ou não, moldadas no solo em 
painéis sucessivos, denominada parede diafragma, com profundidades e espessuras 
variáveis, além de fundações estruturais de estacas barrete com o emprego de “calda” ou 
“lama” bentonitica, só são possíveis devido às propriedades provenientes desta, as quais 
desempenham funções essenciais ao sucesso da escavação e da substituição da “lama” 
pelo concreto na vala. A parede diafragma foi concebida por C. Veder e Marconi, em 
torno de 1938 em Milão, Itália, e sua técnica desenvolvida gerando os seus diversos 
tipos. O grande trunfo dessa operação reside na rapidez executiva e na maleabilidade da 
programação dos serviços. A escolha das misturas das soluções e dos materiais que 
constituirão as paredes moldadas são tarefas primordiais, que está diretamente 
relacionada aos conhecimentos de mecânicas dos solos e das rochas, e também ao fim a 
que se destina. São inúmeros os campos de aplicações práticas no setor da construção 
civil para esse sistema construtivo, os quais correspondem fundamentalmente a três tipos 
de elementos, tais como: Elementos tipo parede, fundamentalmente concebido com fins 
resistentes; Elementos de fundação de estruturas; Elemento impermeabilizante, 
concebido com o fim de cortar água. 
 
 A técnica de escavação de valas em solo sem a entivação é possível graças às 
funções exercidas pelas propriedades da “lama” bentonitica. Funções essas que são 
capazes de manter a estabilidade das paredes da vala escavada querem os terrenos 
sejam coesivos ou não, quer haja ou não lençol freático. Isso é possível devido às 
propriedades, tais como: grande estabilidade da suspensão de bentonita em água, que se 
faz manter suspensos os detritos da escavação impedindo a sua deposição no fundo da 
vala; a pressão hidrostática exercida pela lama sobre as paredes da vala devido a sua 
maior densidade que a da água; a formação do “cake”, película impermeável de argila, 
que atua como cortina impermeável sobre as paredes da escavação, que além de evitar 
perdas significativas de material, cria uma cortina impermeável sobre a qual se exercerá 
a dita pressão hidrostática pelo fluido; a tixotropia, que é a propriedade que faz a lama 
comportar-se como fluido pouco viscoso quando sujeita a uma agitação forte, o que 
facilita o seu bombeamento, e adquirir propriedades de certa rigidez quando deixada em 
repouso. 
 
 As técnicas de execução de cortinas de estacas de concreto armado, secantes ou 
tangentes, foram utilizadas durante vários anos e executadas em variados casos, para 
resolver problemas de fundações profundas, de cortina de impermeabilização, ou de 
 2
contenções de terrenos, em que a utilização de estacas-prancha cravadas não era 
praticável, seja por implicações econômicas ou técnicas. Ao se desenvolver as técnicas 
de perfuração não entubada, com a utilização de fluidos tixotrópicos, a técnica das 
cortinas de estacas evoluiu-se através do emprego de equipamentos de sucção ou 
adução (circulação inversa ou direta) dos fluidos e das máquinas de perfuração. Isso deu 
maior versatilidade nas formas geométricas a se escavar, possibilitando a abertura de 
valas contínuas a partir de furos isolados. Os tipos de paredes diafragma em que 
surgiram foram tais, como: 
 
o Moldadas “in loco”, de concreto armado ou não; 
o De concreto armado em placas pré-moldadas – Ver figura 1; 
o Constituídas de uma mistura de cimento, bentonita e água em 
proporções convencionais, conhecida como “coulis”, formando uma 
parede diafragma impermeabilizante (plástica); 
o Mista.-Ver figura 15..77 e figura 2. 
 
 
 
 Origem do Livro Fundação Teoria e Prática 
 
 3
 Figura 15.77 
 
 
 
 
 Origem do Livro Paredes Moldadas do seminário em Lisboa 
 
 Figura 1 
 4
 
 
 
 
 Origem do Livro Paredes Moldadas do seminário em Lisboa 
 
 Figura 2 
 5
 É possível realizar escavações de maneira rápida, mesmo a grandes 
profundidades, sem a utilização de escoramentos ou revestimentos do terreno, graças ao 
simultâneo preenchimento com “lama” bentonitica. Também, diversos painéis podem ser 
feitos de forma contínua ou alternada, dando assim grande agilidade, além de muita 
mobilidade para alterações futuras da seqüência executiva. 
 
 As paredes moldadas podem ser constituídas por diversos materiais, desde que 
eles possam ser utilizados no enchimento de valas juntamente com o auxílio dos fluidos 
tixotrópicos, de acordo com a função a serem desempenhadas por elas. As que 
desempenham função de resistência são de concreto armado com cimento Portland 
comum, além de agregados granulometricamente reduzidos em suas dimensões, em 
torno de 2 a 2,5 cm em média. Porém, é importantes fazer antes o estudo do concreto 
mais conveniente para obras submersas em água, e também uma análise da água de 
onde será executada a obra, uma vez que neste caso elas condicionam o tipo do 
concreto, dos agregados, ou mesmo do cimento a ser empregado. As paredes que 
desempenham a função impermeabilizante devem ser contínuas, com misturas plásticas, 
considerando principalmente a permeabilidade e a deformabilidade do concreto. Às 
vezes, pode-se substituir o emprego da bentonita pela mistura de argila e cimento, 
buscando sempre obter as propriedades que a bentonita deve ter. Ás vezes, ao próprio 
fluido de escavação, lama bentonitica (com argila ou sem), adiciona-se o cimento, o que 
torna toda a mistura em parede diafragma impermeabilizante, após algumas horas. 
 
 Essa técnica executiva é utilizada para confecção de estacas barrete, que é um 
elemento de fundação de estruturas capaz de suportar elevadas cargas e os mais 
diversos tipos de solicitações de esforços. Também é empregada para se fazer cortinas 
de concreto armado no solo, conhecida como paredes diafragma. Estas paredes podem 
exercer a função de impermeabilização do fundo de lagos e de canais, além de proteger 
a estrutura do concreto contra a penetração de água e fluidos agressivos. Também, pode 
ser empregada em escavações profundas, junto a edificações preexistentes na função de 
conter taludes e evitar o desconfinamento de terrenos, o que provocaria recalques 
diferenciais. Isto tudo sem a necessidade de um rebaixamento do lençol freático. E 
também, pode ser empregadas na construção de túneis, passagens subterrâneas, 
estacionamentos subterrâneos, galerias para esgoto, barragens de terras fundadas em 
solos permeáveis, diques e outras aplicações mais. 
 
 A descoberta desse método executivo, graças à exploração das propriedades 
tecnológicas da lama bentonitica, foi uma inovação, principalmente para o setor da 
 6
construção civil. As escavações do solo, mesmo a grandes profundidades, seguidas de 
concretagem é feita de forma rápida e segura, com muito menor risco de desabamentos 
do terreno, caso não falte em momento algum o fluido tixotrópico utilizado na escavação 
da vala. 
 
 
2 Caracterização das propriedades da microestrutura da lama bentonitica, relacionando-
a com a performance final da lama para o método construtivo de paredes diafragma 
 
O interesse em pauta é em entender, segundo a sua constituição e natureza, o 
comportamento do fluido utilizado pela indústria da construção civil em escavações de 
terrenos, no que diz respeito às propriedades do argilomineral que o constitui e o torna 
capaz de conter, sem escoramentos ou revestimentos do terreno, as valas escavadas, 
até serem totalmente preenchidas com concreto. 
 
A bentonitaé o principal mineral argiloso, do subgrupo das montmorilonitas- Ver 
figura 3-, que uma vez em suspensão em água forma o fluido de perfuração de terrenos, 
chamado por “lama” bentonitica” ou “calda” bentonitica. São argilas que conferem grande 
riqueza coloidal às misturas aquosas, com respectivas partículas muito finas(da ordem de 
milésimo de milímetro), praticamente desprovidas de impurezas, que comportam-se, 
nessas dispersões em estreita dependência das ações elétricas recíprocas, segundo às 
leis dos corpos colóides.As suas propriedades atendem muito bem às exigências 
impostas pelo método construtivo, seja para construção de contenções como paredes 
diafragma, ou de fundações com estacas barrete. A sua mais precisa definição é: “A 
bentonita é uma rocha constituída essencialmente por um argilomineral montmorilonítico 
(esmectítico) formado pela desvitrificação e subseqüente alteração química, em meio 
úmido, de um material vítreo, de origem ígnea, usualmente um tufo ou cinza vulcânica, 
ácida de preferência”. E como todos os minerais argilosos, é um mineral cristalino 
formado por partículas lamelares de muito reduzidas dimensões. 
 
 7
 
 Origem do Livro Paredes Moldadas do seminário em Lisboa 
 
 Figura 3 
 
 
Para o uso na indústria, há dois tipos de bentonitas: As que incham e as que não 
incham. As que incham são constituídas pelo argilomineral montmorilonita sódico, 
naturais ou sintéticas, cujo cátion adsorvido predominantemente é o sódio(ou lítio). Estas 
são as únicas montmorilonitas que se dispersam espontaneamente (incham 
espontaneamente) em presença de água,como se pode ver na figura 4, gerando géis 
 8
tixotrópicos a partir da concentração de 2%, que tem um valor industrial diretamente 
ligado à formação desses géis, e que apresenta um poder ligante elevado no estado cru. 
Esta argilomineral sódica, tem como padrão a bentonita de Wyoming e Dakota do Sul 
(EUA), que são as mais utilizadas na indústria da construção civil. Porém, existem outras 
bentonitas sendo utilizadas por causa de seu ótimo rendimento- Ver figura 5. Agora, as 
bentonitas que não incham são constituídas pelo argilomineral montmorilonita, cujo cátion 
adsorvido é o cálcio, podendo ser também, isolado ou conjuntamente o magnésio, o 
hidróxido, o potássio, o ferro e o alumínio. Expostas à unidade atmosférica, as bentonitas 
cálcicas adsorvem água até uma quantidade correspondente a três camadas 
moleculares; em meio aquoso, a adsorção de mais camadas de moléculas de água não 
ocorre. Assim, este inchamento é desconsiderado, por ser muito pequeno, e as partículas 
se depositarem (flocularem e precipitarem) rapidamente, quando em dispersões aquosas. 
Na indústria, essas argilas são largamente utilizadas como descorantes de óleos 
minerais, animais e vegetais; porém, o seu uso para auxiliar nas escavações de solo só é 
possível após o tratamento com carbonatato de sódio. As bentonitas cálcicas têm como 
padrão a bentonita da região de Mississipi (EUA). 
 
 Origem do livro Tecnologia das Argilas – volume 2 - Autor Pérsio de Souza Santos 
 
Figura 4 
 
 9
 
 Origem do livro Tecnologia das Argilas – volume 2 - Autor Pérsio de Souza Santos 
 
 Figura 5 
 
 
Durante algum tempo usou-se bentonita cálcica de Mississipi em escavações, por 
dar maior viscosidade aparente que a sódica. Então, por tratamento químico, chegou-se a 
transformar a bentonita sódica em cálcica, para assim obter esse aumento de viscosidade 
aparente. Só, que isso foi abandonado porque a bentonita cálcica, apesar de maior 
viscosidade, tem maior volume de filtrado e maior espessura da parede de filtração, 
sendo abandonada por causa desses valores inadequados. Hoje, em países que não 
existe a montmorilonita sódica natural, que é a mais indicada para o uso na indústria da 
 10
construção civil e em outras mais, é prática usual tratar a montmorilonita cálcica ou 
magnesiana por carbonato de sódio e assim obter uma montmorilonita sódica sintética 
(obtida em indústria química, por reação de dupla troca iônica), cujas propriedades 
tecnológicas são iguais ou próximas às da bentonita sódica de Wyoming. Isso só é 
possível, dada a semelhança entre o reticulado cristalino dos vários argilomonerais 
montmoriloníticos. Por isso, as propriedades físico-químicas e tecnológicas dos 
argilominerais são específicas deste subgrupo de montmorilonita, independente de sua 
origem geológica. 
 
Na constituição dos diversos minerais argilosos há a considerar dois tipos de 
estruturas. São elas as camadas tetraédricas e as camadas octaédricas. Estas são 
estruturas cristalinas, onde os átomos se arranjam segundo um padrão que se repete 
tridimensionalmente. As camadas tetraédricas são formadas pela associação de 
unidades tetraédricas de ((Si O4)elevado a –4) nas quais o átomo de silício se situa no 
centro de um tetraedro cujos vértices são ocupados pelos quatro oxigênios. Estas 
unidades ligam-se entre si de modo a ficarem todas com uma das faces sobre um mesmo 
plano e o vértice oposto a essa face orientado sempre no mesmo sentido. Já as camadas 
octaédricas são constituídas por associação de unidades em forma de octaedro nas quais 
os íons de Mg2+ ou de Al3+ ocupam o centro e os oxidrilos (OH)- se situam nos vértices. 
 
No caso da bentonite o conjunto que se repete para a constituição do cristal é formado 
pela associação de duas camadas tetraédricas com uma camada octaédrica colocada 
entre aquelas. Acontece, porém, que se verificam algumas substituições isomórficas do 
silício por alumínio no tetraedro, e de alumínio ou magnésio, dos octaedros, por outros 
elementos tais como o ferro, o cromo e o zinco(com diferença de valência ou de carga 
elétrica). Isto gera como resultado o aparecimento de cargas elétricas negativas não 
equilibradas no reticulado cristalino, ocasionando um desbalanceamento que é 
equilibrado pela fixação, na superfície das partículas sólidas e insolúveis do argilomineral, 
de cátions como o sódio, o cálcio e o potássio existentes no meio os quais, dadas as 
suas dimensões, não penetram na rede cristalina, ficando dispostos junto ao contorno 
exterior. Então, dependendo do cátion fixado reversivelmente, tem-se montmorilonita 
ácida ou de hidrogênio, sódica, potássica, cálcica ou magnesiana; todas elas isomórficas 
entre si e com a mesma reflexão basal(001). Dadas as fracas ligações existentes entre 
estes cátions e a estrutura primitiva, eles são facilmente substituídos por outros, o que 
resulta daí a designação de cátions permutáveis ou trocáveis. Esses cátions trocáveis 
dos argilominerais montmoriloníticos são os fatores determinantes para os usos 
industriais específicos das argilas montmoriloníticas. As camadas tetraédricas e 
 11
octaédricas, com os respectivos cátions permutáveis, ligam-se umas às outras por 
intermédio das forças de atração elétrica (ligação iônica), originada pelos cátions 
permutáveis, e ainda pela ação da forças de Van der Waals.Trata-se, contudo, de forças 
de reduzido valor, pois como se observa, o calor produzido no decurso de uma reação 
química de troca iônica é da ordem de 2Kcal/mol, o que é muito pequeno. É por isso que 
se torna relativamente fácil a separação das camadas e a fácil reversibilidade da troca 
iônica. Assim, a industrialização de uma argila montmorilonítica, ao usar a reação química 
de troca de cátions, quer seja a “ativação ácida” para a produção de uma argila 
descorante, quer para formar as formas sódicas, leva a uma indústria de processo. É 
exatamente a este fato que a bentonitadeve as suas características de expansibilidade 
quando em contato com a água. Com efeito, as forças de ligação entre camadas são 
relativamente fracas, especialmente quando comparadas com as que se desenvolvem no 
sentido de se produzir à adsorção de moléculas de água. Deste modo, estas são atraídas 
e forçam a estrutura a separar-se ao longo dos planos potencialmente fracos, que são os 
de ligação entre camadas. Surgem, deste modo, partículas de menores dimensões 
resultantes da divisão dos agregados iniciais. Este processo de separação pode ser 
incrementado e ativado mediante processos mecânicos, tais como agitação, podendo 
atingir-se suspensões de partículas de pequeníssimas dimensões, e de geometria 
fundamentalmente lamelar, constituindo-se assim uma suspensão com uma dada 
viscosidade. 
Devido à constituição iônica das redes cristalinas, as partículas em suspensão 
apresentam cargas elétricas não equilibradas, distribuídas pela sua superfície, 
verificando-se que ao longo das faces essas cargas são negativas enquanto ao longo dos 
bordos elas são normalmente positivas, se bem que possam também ser negativa, 
dependendo muitas vezes do seu sinal de imperfeições da rede iônica e até mesmo da 
natureza do meio onde estão mergulhadas. 
 
Enquanto mantiver um estado de agitação no meio aquoso em que estão mergulhadas 
essas partículas em suspensão, esse conjunto de partículas, com as cargas elétricas que 
acabam de serem referidas, permanecem em suspensão. Cessando esta agitação, 
verifica-se que as mesmas partículas tendem a formar agregados mediante o seu arrumo 
em estruturas cuja orientação espacial depende da distribuição das cargas elétricas nas 
partículas, adquirindo uma estrutura rígida que só pode ser quebrada pela agitação. 
Graças a essa rigidez é possível manter em suspensão as areias escavadas sem que as 
mesmas se depositem no fundo da vala. Se voltar a introduzir movimentação mecânica 
forte no meio, o arranjo estrutural desfaz-se e volta-se a ter novamente uma suspensão. 
 12
A este fenômeno dá-se o nome de tixotropia, que é característico das suspensões desta 
argila mineral montmorilonita sódica. 
 
É importante ressaltar-se que, embora tecnicamente a tixotropia seja uma propriedade 
comum a todas as argilas, ela só é expressiva no caso da bentonita sódica. Isso é 
verdade devido ao tempo necessário à formação da estrutura, desde que cesse a 
agitação, ser relativamente pequeno para esta bentonita. Em argilas médias a 
geleificação pode levar alguns dias. 
 
As bentonitas expostas à umidade adsorvem água formando uma espessa camada de 
água entre camadas, ou interlamelar, com se pode ver na letra c da figura 3,que varia 
com a natureza do cátion adsorvido e de acordo com a quantidade de água disponível. 
Assim, as bentonitas formadas pelos cátions monovalentes, divalente e trivalente de 
potássio, cálcio, magnésio, alumínio e ferro adsorvem água até determinada quantidade, 
fato esse relacionado com o índice de coordenação do metal, provocando um 
espaçamento basal máximo, já que as partículas hidratadas continuam rigidamente 
unidas umas às outras, não rompendo a força de Van der Waals; em suspensão aquosa, 
mesmo após agitação violenta, as argilas saturadas com esses cátions se apresentam 
floculadas, com uma camada de água límpida sobre a camada de argila floculada no 
fundo de um recipiente. A montmorilonitas propriamente dita, mostram que a espessura 
da camada basal varia com o cátion presente, encontrando para a distância d(001) os 
valores 12,0Å e 12,9Å, respectivamente, para o cátion de potássio e o de bário com uma 
camada de água. Agora, as bentonitas sódicas, que são as que adsorvem os cátions de 
sódio e o de lítio (cátions saturantes) em presença de água, apresentam um inchamento 
intermicelar e intramicelar que varia desde 11,9Å e 13,4Å, até uma quantidade muito 
grande, como ocorre no caso das camadas unitárias e isoladas e dispersas na água. 
Porém, por causa da presença específica do sódio é que se adsorve mais moléculas de 
água por cela unitária, de modo que as folhas unitárias Si-Al-Si vão se distanciando cada 
vez mais até atingir a uma distância de 40Å. Depois dos 40Å, as camadas estruturais não 
têm mais praticamente força de atração entre si suficiente para formar o empilhamento 
das camadas basais. Assim, as folhas estruturais não têm mais força de atração 
apreciável entre si e, se estiverem dentro de um recipiente contendo água ( com 
concentração inferior a 2% ), a agitação cinética do fluido provoca um desfolhamento das 
camadas basais até ocupar todo o volume da água dando um sol estável-Ver figura 6. O 
aumento da solvatação ou hidratação das camadas basais, como foi exposto, implica que 
 13
as camadas estruturais com cátion de sódio e moléculas de água adsorvidas estão em 
constante movimento de difusão entre si. Este movimento é conhecido como movimento 
browniano das partículas coloidais. Até os 40Å de espaçamento basal, as camadas 
lamelares de cargas elétricas, são atraídas umas às outras pelas forças de Van der 
Waals. Acima dos 40Å, o movimento browniano devido ao choque entre as moléculas do 
fluido dispersante vence as forças de Van der Waals, as camadas lamelares se 
desprendem espontaneamente e se dispersam no líquido – Ver figura 6. Entre os 20Å e 
os 40Å, o sistema água+argila forma um gel-tixotrópico;é o inchamento macroscópico da 
bentonita sódica natural, onde um fragmento umedecido pode crescer de 20 a 40 vezes o 
volume inicial - Ver figura 4. Se adicionarmos mais água, fazendo com que as camadas 
lamelares se distanciem mais e se separem, teremos a formação de um sol. Nas 
montmorilonitas sódicas, o sol com mais de 2% de sólidos pode isotermicamente se 
transformar em gel com repouso, e o gel em sol, pela agitação: é o já mencionado 
fenômeno da tixotropia ( transformação sol-gel isotérmica reversível). As bentonitas 
sódicas são as únicas em que a tixotropia aparece em concentrações tão pequena. 
 
 
 
 14
 
 Origem livro tecnologia das argilas vol. 2 – autor Pérsio de Souza Santos 
 Figura 6 
 
 
A filtração da suspensão da bentonita nos terrenos da parede da vala a escavar 
faz gerar, por diminuição da velocidade, a criação de uma rigidez da suspensão que 
fica transformada em gel entre as partículas, conferindo ao terreno maior coesão; por 
outro lado, a dissipação de água através do terreno origina um filtrado chamado de 
“cake” que, por ser impermeável, transmite aos terrenos a suportar o correspondente 
diferencial de pressões. A formação deste “cake” é outra propriedade exibida pela 
suspensão de bentonita em água, que é de muita importância na execução de paredes 
moldadas. Esta película impermeável forma-se, ao entrar a “lama” bentonítica em 
contato com o solo, e é totalmente estanque, funcionando como uma membrana sobre 
 15
a qual se exerce uma pressão hidrostática, possibilitando a distribuição uniformemente 
da pressão sobre o terreno, o que mantém a sua estabilidade. É importante que essa 
membrana seja contínua de forma a evitar fugas exageradas de calda para o interior 
do terreno. Tais fugas são indesejáveis não só pela perda de calda em si, mas também 
pelos efeitos instabilizadores que provocam, na medida que originam aumentos de 
tensão neutra. Também, deve-se garantir que o nível da lama dentro da escavação 
esteja acima do lençol freático (cerca de 1,5m), de modo a garantir a sua estabilidade 
– Ver figura 7- O “Cake” é formado devido os fenômenos elétricos de atração entre as 
partículas do solo e as partículas de bentonita da suspensão, conferindo ao terreno 
maior coesão. No caso de solos finos, a suspensão não penetra profundamente no 
solopor não existirem vazios de dimensão elevada. Então, a película que se forma é 
superficial. Se a granulometria do solo envolvente é grosseira, a calda vai penetrando 
em profundidade maior ou menor, e, graças às propriedades tixotrópicas, vão-se 
criando estruturas de agregados de bentonita que vão obturando os canais de 
circulação. Neste caso, a superfície da membrana onde se exerce a pressão 
hidrostática não há diferenças apreciáveis. O que se verifica é a zona contaminada 
pela suspensão ter uma maior espessura. Esta película impermeável implica na 
estabilidade das paredes da vala escavada, devido possibilitar uma transferência 
contínua e constante de pressão hidrostática as paredes do solo. Esta constitui, com 
efeito, a principal ação estabilizadora existente embora não seja a única. Na realidade, 
por si só ela não justifica teoricamente o equilíbrio, sendo também causado pelo efeito 
arco que originam transferências de tensões para zonas fora da área em escavação 
(assunto muito debatido quando se trata de estudo do dimensionamento). 
 
 16
 
 Origem do livro Fundações Teoria e Prática 
 Figura 7 
 
As propriedades intrínsecas e tão evidentes da bentonita sódica a torna capaz e 
precisa em atender às exigências do sistema construtivo empregado na construção de 
contenções ou impermeabilizações com paredes diafragma, ou de fundações com 
estacas barrete, ao proporcionar uma escavação do terreno sem que seja necessário o 
uso de revestimentos ou escoramentos. Esta bentonita está presente no fluido utilizado 
em perfurações de terrenos denominado de “lama” bentonitica, o qual permite e facilita 
todo o processo de limpeza da vala e remoção do material escavado, devido a sua 
importante função de servir de veiculo de transporte para estes. O sucesso desse método 
construtivo é completado, após finalização da escavação da vala, que esta toda 
preenchida pela lama, ao tornar possível a troca ou substituição da lama pelo concreto, 
até concretar toda a vala. 
 
 
 
 
 
 
 17
 
 
 
3 Característica mínimas que a lama betonítica deve apresentar para garantir as 
propriedades desejadas 
 
 
As propriedades mais importantes de um fluido bentonitico são a densidade ( que 
depende da percentagem utilizada ), a viscosidade, a tixotropia e o valor de PH. Quando 
se trata de reutilizar a lama, o que importa é o teor de areia (contaminação), que quando 
excede a valores da ordem dos 2 ou 3%, reduz as propriedades básicas do fluido. Essas 
propriedades devem ser controladas, ao se elaborar a “lama e principalmente durante a 
concretagem das valas, dentro de valores pré-determinados em estudos laboratoriais, 
que definem quais devem ser as características dos materiais constituintes da “lama” 
bentonitica. 
 
 Segue-se, logo abaixo, segundo a NBR-6122, as características básicas que a 
lama bentonitica deve apresentar no início da escavação, ao utilizar-se concentrações da 
ordem de 3 a 6%, que é o que na prática acontece: 
 
o Densidade – Os valores toleráveis partem desde 1,02 g/cm3, e 
geralmente não atingem 1,10 g/cm3. Porém, a densidade corrente em 
paredes-diafragma situa-se em torno de 1,05 g/cm3. O método de ensaio 
utilizado é o “Densímetro”; 
 
o Viscosidade – As suspensões aquosa de bentonite não são fluidos 
newtonianos, que como nos corpos simplismente viscosos, os esforços de 
corte são proporcionais ao gradiente das velocidades. Nestes fluidos 
bentoníticos ( semelhantes aos corpos de Bingham)existe uma tensão 
inicial de corte – a necessária para quebrar a rigidez – que é preciso 
vencer para se fazer iniciar o movimento viscoso. A viscosidade deve ser 
controlada para facilitar o bombeamento e a circulação da lama, diminuir 
as perdas de carga e também permitir a regeneração (eliminação de 
areias) processada a partir da centrifugação em ciclones e decantação. 
Esta necessidade impõe limites práticos à viscosidade, que segundo a 
NBR-6122, faz-se situar entre os valores de 30 a 90 segundos, medido 
 18
pelo viscosímetro Cone Marsh, segundo o método de ensaio de Funil 
Marsh. Essa viscosidade pode variar conforme os casos. São correntes 
valores médios iniciais aproximados da ordem dos 35 segundos, que 
podem subir para 45 segundos por efeito de contaminação ligeira por silte. 
Fluidos não contaminados, com bentonitas de boa qualidade e boa 
percentagem na suspensão aquosa, podem atingir valores de viscosidade 
Marsh da ordem dos 60 segundos.O equipamento trata-se de um funil com 
medidas normalizadas, onde se mede o tempo de escoamento de uma 
determinada quantidade do fluido (946 cm3), comparando-a com o da 
água, que a 20ºC é de 26 segundos; 
 
o Teor de areia – Pode-se variar de acordo com os casos. Porém, 
normalmente uma percentagem de silte ou areia não deve ultrapassar os 
3%. Caso isto ocorra, obriga-se a fazer uma restituição ou substituição do 
fluido. A eliminação dos fluidos pode ser feita em cones (ciclones) com 
purgas de eliminação de areia seguida de decantação em tanque. O 
método de ensaio é o “Baroid Sand Content” 
 
 
o PH – Este valor deve situar-se entre 7 a 11. Uma elevação do PH para 
além de 11 indica uma contaminação pelo cimento e possibilidades de 
floculação por ruptura do equilíbrio eletrostática do sistema. 
 
o Cake – A espessura da película impermeabilizante, formada na parede da 
vala escavada, deve situar-se entre 1,0 a 2,0 mm. O método de ensaio é o 
“Filter Press” 
 
Além dessas características mínimas inerentes às caldas bentoniticas, exige-se 
outras correções a fazer-se nelas como necessidade de reduzir o poder de filtração em 
solos muito permeáveis, utilizando colmatantes diversos de ação obstrutiva, ou 
aumentando a viscosidade por incorporação de argilas, o que obriga a correções com 
produtos químicos dispersantes como fosfatos, tanato e metabisulfito de sódio. 
 
Devemos também evitar a contaminação por água salgada ou gesso. Na 
perfuração, em presença de água salgada ou de mar, deve-se utilizar bentonitas 
especiais que podem causar perdas por filtração elevadas, mas o “cake” pode ser 
 19
melhorado pela incorporação, embora dispendiosa, de suspensões coloidais orgânicas à 
base de féculas e seus compostos. 
 
Ocorre a necessidade de fabricar previamente os fluidos de bentonita, pelo menos 
com um dia de antecedência de utilização, para que a hidratação da bentonita se possa 
fazer em melhores condições. Agora, devido ao surgimento de modernos misturadores de 
alto poder de agitação e das bombas de grande turbulência, permite-se reduzir esse 
período, caso seja necessário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 Materiais constituintes das paredes diafragma 
 
 
A fim de determinar os materiais constituintes das paredes moldadas em solo, elas 
são classificadas em dois grandes grupos, tais como: 
 
I. Paredes resistentes; 
 
II. Paredes impermeabilizantes. 
 
As paredes moldadas resistentes são aquelas constituídas, normalmente, por 
concreto armado, cuja função é de conter taludes ou absorver os impulsos 
provenientes de diferenças de cota (como no caso de obras marítimas), além de 
simplesmente servir como fundação de estruturas. Para isso, utilizam-se o concreto 
de cimento Portland comum com inertes de granulometria de reduzidas dimensões 
(2,00 a 2,5 cm de dimensão máxima). Porém, antes se deve fazer um estudo em 
laboratório ou centrais de concreto para a determinação dos materiais mais viáveis, 
seja por motivos técnicos ou econômicos. Para a concretagem segundo a técnica de 
concretos submersos, como ocorre em obras fluviais e marítimas, normalmente são 
exigidos os concretosde 18 a 22,5 MPa. O concreto usado deve ter um consumo de 
 20
cimento entre 350 a 400 Kg por metro cúbico, ser confeccionado com brita 1 e 2, além 
de “slump” variando entre 18 e 22 centímetros. Deve-se também, fazer a analise da 
água do meio onde vão ser executadas as paredes moldadas, pois estas condicionam 
os tipos de concreto, de inertes, ou mesmo do cimento a se empregar. 
 
Já as paredes moldadas contínuas impermeabilizantes, com a intenção de formar 
cortinas mais ou menos estanques que constituam obstáculos a percolação ou 
funcionem como cortinas de contenção de terrenos ou de solos altamente saturados 
de água. São normalmente utilizadas em obras fluviais ou marítimas, desde obras de 
regularização ou proteção da marginal dos cursos de água até impermeabilizações de 
barragens em leitos aluvionares. Estas utilizam concretos, diferentes dos exigidos 
para fins de resistência, com misturas plásticas, devido as deformações que as obras 
vão sofrer, que devem levar em conta dois parâmetros : A permeabilidade e a 
deformabilidade, obtidos por meio de ensaios de laboratório. Estas misturas são 
formadas por materiais diversos, desde conglomerados de granulometria diversa, até 
misturas de bentonita geleificada com argila e estabilizadas com cimento e aditivos 
dispersantes ( silicato de sódio, por exemplo ), em proporções bem definidas e de 
maneira a obter-se por meio de ensaios em laboratórios. Quando se utilizam argilas 
com boa tixotropia, podem-se dispensar as bentonitas, utilizando-se apenas a mistura 
de argila-cimento. Então, devem-se determinar, nas argilas, as mesmas propriedades 
que as bentonitas devem possuir. Geralmente, conforme os diversos casos, podem 
empregar-se conglomerados de cimento-betonita-argila e inertes finos(areia ou seixo). 
As escolhas destes materiais dependem dos materiais disponíveis no local e outros 
considerados de ordem técnica que imponham uma cortina com características 
técnicas bem determinadas e que são função da obra. Normalmente, as misturas 
mais utilizadas são as de argila-cimento, com ou sem areia e as de cimento-bentonita 
igualmente com ou sem areia. Muitas vezes, emprega-se como material de 
estanqueidade, uma mistura de cimento-bentonita (com ou sem argila). Muitas vezes, 
ao próprio fluido de perfuração, como lama bentonitica, adiciona-se cimento em 
quantidades tal que permita a mistura adquirir, algumas horas depois, a compacidade 
requerida. Também, é correto o próprio fluido de escavação ser já a mistura de 
cimento mais bentonita. Estes concretos são conglomerados plásticos submetidos a 
esforços de compressão que se apresentam com possibilidades de deformação lenta 
e resistências à compressão baixas. As paredes diafragma impermeabilizantes, 
normalmente, são executadas sem que se tenha de recorrer aos tubos-junta, criando-
se assim uma melhor estanqueidade a cortina. E, nestes tipos de paredes moldadas 
com concretos plásticos, tem de se ter um especial cuidado com todas as operações, 
 21
pois que, à concretagem e juntas mal executadas, vão corresponder locais de 
eventuais passagens de água e, uma vez iniciado o movimento, a erosão progride, as 
velocidades vão aumentando com novo aumento da erosão, e todo o fenômeno se 
avoluma rapidamente, levando toda obra à ruína em curto espaço de tempo. Tem-se 
de estar atento também, ao grau de permeabilidade, que não pode ser superior a 
calculada, pois induz a distúrbios na obra e, se ela for pontual, numa zona ou noutra, 
por defeito na execução da mistura plástica ou na sua colocação em obra, podem 
provocar rupturas que por erosão do material, que se irão agravando com o passar do 
tempo, pelo aumento das infiltrações, podendo levar ao colapso da obra. E a 
resistência dos materiais constituintes da parede moldada deve ser escolhida de 
acordo com as deformações a que ficarão sujeitos, devido a interação cortina-terreno, 
acompanhando-as sem fissuração ou ruptura. Assim, a fissuração ou ruptura pode 
originar um aumento da permeabilidade com risco de ruína da obra. 
Para cada caso particular, a escolha detalhada das misturas e dos materiais que 
devem constituir as paredes é uma tarefa primordial, que implica recorrer 
continuamente aos conhecimentos de mecânica dos solos e rochas. 
 
 
5 Campos de aplicações 
 
Os campos de aplicações das técnicas de paredes-
diafrágma, de acordo com as suas funções, correspondem fundamentalmente a três 
tipos de elementos estruturais, tais como: 
 
I. Elementos tipo parede, fundamentalmente concebido com fins 
resistentes; 
 
II. Elementos tipo parede, fundamentalmente concebido com fins 
de impermeabilização; 
 
 
III. Elementos de fundação de estruturas. 
 
As paredes moldadas, fundamentalmente concebidas para fins de resistências 
dependem do tipo de terreno onde serão implantadas, e do tipo de obra que está sendo 
requerida. Este tipo de paredes poderá ser engastado no solo do fundo da valas 
(chamado de ficha), trabalhando com a consola livre (que são as paredes auto-portantes, 
 22
que suportam por si só os impulsos ativos do terreno e do lençol freático, logo que se 
inicia a escavação, até o final da obra), ou engastadas no solo do fundo da vala e 
também escorada ou atirantada no topo ou em outros níveis, como se pode ver na figura 
8. A sua construção é iniciada com a construção da parede moldada enterrada no solo, 
ao longo de todo o contorno, em planta, a se construir. Em seguida, começa a escavar 
até um nível compatível com a capacidade que a parede possui de, por si só, fazer face 
aos impulsos mobilizados, através de uma ficha. A fim de suportar tais impulsos, em 
alturas superiores a 5 ou 6 metros, dependendo do tipo do terreno e obra, as estruturas 
das paredes auto-portantes começam a ser anti-econômicas. Para fugir de tais 
desperdícios, recorre-se a outros métodos executivos na construção de paredes 
moldadas para tais finalidades, tais como: Escoramento com taludes provisórios; 
Escoramentos com lajes do edifício; Construção simultânea descendente e ascendente; 
Paredes com linhas de ancoragens travadas com vigas de coroamento, como se pode 
ver nas figuras 9, 10 e 11. Então, para alturas maiores que 5 ou 6 metros, dependendo 
do caso, pode-se recorrer, por exemplo, a instalação de uma linha de ancoragens, que ao 
finalizar, prossegue-se com a escavação já iniciada, a partir desta linha de ancoragem. 
Os elementos de ancoragem são obtidos furando o terreno e introduzindo cabos de aço 
especial, nas extremidades dos quais serão injetados argamassa a pressão determinada 
em projeto. Observa-se ainda, que na maioria dos casos, estas ancoragens são 
provisórias, pois, uma vez construído todo o edifício, podem ser abandonadas ou 
cortadas. Também, observou-se que, normalmente, o estabelecimento de ancoragens 
nos terrenos vizinhos não oferecem problemas de danos aos elementos vizinhos já 
existentes, pois, a furação para a ancoragem vai ser feita, em via de regra, abaixo das 
profundidades destas fundações, dos coletores de água ou canalizações. Então, 
conjugando níveis de escavação e instalação de fiadas de ancoragens, o desmonte do 
material vai sendo levado até a cota desejada, deixando o interior do recinto 
completamente livre para execuções, não condicionada, de estruturas internas e suas 
fundações, pilares e placas, os quais são totalmente independentes da parede diafragma. 
Podem-se citar casos típicos de paredes moldadas para fins de resistência realizada com 
a utilização dos processos executivos acima citados, que são as construções com o 
desenvolvimento linear como é o caso de túneis, passagens subterrâneas, parquesde 
estacionamentos subterrâneos, galerias de esgoto, e outras similares, como se pode ver 
nas figuras 11, 13 e 14 . De um modo geral, nesses casos, a própria parede moldada 
começa por servir como estrutura de suporte que permite a realização de escavação, 
acabando por ser integrada na estrutura global, e constituindo elemento resistente da 
construção em questão. Porém, na execução dessas citadas obras, uma vez executadas 
as paredes moldadas, se à distância entre estas não permitir a construção de lajes 
 23
vencendo o vão completo, serão executadas, com o mesmo equipamento das paredes, 
escavações para colocação de pilares metálicos ou pré-moldados que serão concretados 
em sua parte inferior, constituindo-se, assim, uma espécie de estaca. Seguidamente, e 
com apoio na parede, e nesses pilares intermediários, é construída a primeira laje, cerca 
do piso térreo. A concretagem desta placa deixará, no entanto, espaços por concretar, a 
fim de que seja possível a escavação das terras subjacentes. Ao mesmo tempo, poderá 
iniciar-se a construção em elevação, prosseguindo a escavação, e sucessivas 
concretagens dos vários pisos das caves. A concretagem destes pisos pode fazer-se, 
começando por escavar o terreno (depois de construída a primeira placa cerca da cota 
“zero”) até a profundidade de cerca de 4 a 5 metros, após o que, é montado o molde, 
com estrutura suficiente e com taipais pré-fabricados, suspensos por meio de cabos da 
placa anteriormente executada. Montada a armadura, procede-se então a concretagem, 
deixando abertas para que a escavação subjacente prossiga de novo. Atingida a cota 
suficiente para nova placa, procede-se a descofragem da placa superior, antes 
executada, fazendo simplesmente baixar o cimbre e o molde, operação que é feita 
facilmente, desde que a descida por meio dos cabos seja feita por guincho ou outros 
aparelhos semelhantes. Entretanto, os trabalhos de construção em elevação prosseguem 
normalmente, á medida que, sucessivamente, prosseguem os trabalhos descendentes, 
sempre com o mesmo molde, e com montagens e desmontagens rápidas. Ao efetuar a 
concretagem das placas, há que deixar livres as zonas dos cabos, envolvendo-as com 
moldes de meio-tubos de aço, cortiça, poliestireno expandido, etc. 
 
 
 
 24
 
 Origem: Livro Paredes Moldadas do seminário em Lisboa 
 Figura 8 
 
 
 
 
 
 25
 
 
 
Origem: Livro Paredes Moldadas do seminário em Lisboa 
 Figura 9 
 
 
 
 
 
 
 
 26
 
 Origem do livro Paredes Moldadas do 
 seminário em Lisboa 
 Figura 10 
 
 
 
 
 
 
 27
 
 Origem da Revista Técne n° 37 de Nv/Dez 1998 
 Figura 11 
 
 
 Origem: Livro Paredes Moldadas do seminário em Lisboa 
 Figura 12 
 28
 
 
 Origem do livro Paredes Moldadas do seminário em Lisboa 
 Figura 13 
 
Dentre outros processos de construção de paredes moldadas auto-portantes com 
fins de resistência, cabe ressaltar o processo com contrafortes, como se pode ver na 
figura 8. Este evita, em muitos casos, escoramentos ou tirantes, e permite uma 
escavação franca e total do interior. 
 
Outro processo de execução de paredes moldadas com o fim de resistência, cabe 
ressaltar, são as paredes escoradas com taludes provisórios , como se pode ver na figura 
9, que logo ao iniciar-se a escavação em torno de todo comprimento da parede, ou 
parcialmente, serão deixados prismas de terreno que funcionam como escoras. Isso 
reduz a carga a ser suportada pela parede diafragma. Então, a construção do edifício 
poderá seguir-se sem problemas, sendo retirados os prismas de terreno, uma vez que se 
tenham já construído lajes do edifício, que possam funcionar como escoras dessa 
parede. 
 
Seja qual for à maneira de levar a efeito a construção das paredes moldadas e o 
conjunto da obra, haverá, em terrenos com água, que prever o modo de funcionamento 
da laje de fundo, pois, achando-se esta submetida a pressões hidrostáticas que originam 
 29
impulsos de baixo para cima, haverá que prever amarrações especiais, podendo 
funcionar indiferentemente como estaca ou tirante. O mesmo acontece quando o projeto 
prevê pilares interiores, pois só a determinada altura da obra, quando o peso próprio das 
estruturas for maior que o impulso, os apoios começam a trabalhar à compressão, sendo, 
pois, igualmente, necessário prevê-los fundados sobre ancoragem-estaca, na sua fase 
inicial, como se pode ver na figura 14, que mostra um edifício construído sobre estaca 
Tubfix. 
 
 Origem do livro Paredes Moldadas do seminário 
 em Lisboa 
 Figura 14 
 
 
 
 
 
 30
É bom saber, que é necessário garantir a ligação dos vários elementos de 
concreto armado, lajes e vigas, à parede moldada armada, já construída, em todos 
processos de construção referidos acima. 
 
Agora, para o segundo tipo de aplicação citado, concebe-se a parede moldada 
para fins unicamente de cortar a percolação de água num dado terreno, sendo 
impermeabilizante e não armada, como relata o texto de estudo de caso da barragem de 
Quiminha, que segue-se neste trabalho de monografia. Trata-se de um elemento de 
construção que vai funcionar encaixado no solo, aonde é construído. Para esses casos, 
nos que não se exige elevada resistência mecânica, recorre-se com freqüência a 
misturas de cimento e argila com auto-endurecimento. Assim, todo material da mistura de 
perfuração constituirá a parede diafragma. A construção de barragens de terra em solos 
permeáveis é um caso típico de paredes moldadas como corta-águas.Também, pode-se 
obter uma parede desempenhando as duas funções, de resistência mecânica e de 
impermeabilização. Estes tipos de paredes moldadas são encontrados em obras 
hidráulicas, açudes ou barragens, e ficam, normalmente, submetidas a pressões 
horizontais provenientes de diferenças entre as cotas de armazenamento ou de montante 
e a cota de jusante. Devido igualmente aos assentos, e embora mesmo não se apoiando 
no firme rochoso ou em camadas consistentes, as paredes ficam igualmente submetidas 
a compressões, com problemas suplementares de flexões parasitas (encurvadura 
essencial). Estes assentamentos implicam deslocamentos verticais e horizontais (estes 
com valores da ordem de 0,4 a 0,5 dos valores verticais) e a formação de flechas além do 
admissível, originando-se fissuração e possibilidade de percolação perniciosa que pode 
levar a situações de ruptura graves. Naturalmente, as paredes moldadas não podem ser 
consideradas, nestes casos, como um órgão independente que possua as características 
de uma placa apoiada, em cima e em baixo, em suportes rígidos. Uma parede moldada 
impermeável submetida aos esforços referidos, terá que se adaptar ao conjunto formado 
pelo corpo da barragem e pelo solo de fundação devendo ter a capacidade para suportar 
as deformações gerais criadas pelo novo diagrama triaxial de tensões, não só durante as 
várias fases de construção da obra, até à conclusão, como ainda durante os vários 
regimes de carga hidráulica proveniente das variações de níveis a montante e jusante, o 
que implica que todo o comportamento da parede deva ser analisado pelos métodos da 
mecânica dos solos, de maneira a avaliar o regime de tensões e escolher a resistência 
dos materiais de enchimento ou constituição da cortina, emfunção destas informações. 
 
E por fim, um terceiro tipo de elemento estrutural em cuja construção se recorre à 
técnica das paredes moldadas é o que se relaciona com a execução de elementos de 
 31
fundações de estruturas, denominadas estacas “barretes”, que têm as dimensões na 
ordem de 0,4 a 0,8 metros de largura e 2 a 5 metros de comprimento, permitindo a 
construção de geometrias mais complexas como em T , L,I,H,U,etc, como se pode 
observar na figura 16. Trata-se de elementos de grande rigidez e de grande momento de 
inércia. São, portanto, uma estaca com formas variadas, que podem transmitir ao terreno 
cargas apreciáveis, da ordem de vários milhares de toneladas, sejam as cargas verticais, 
horizontais ou mesmo momentos, desde que eles sejam convenientemente orientados. 
Essa grande capacidade de carga acontece devido ao atrito lateral destes elementos de 
fundação, que possuem uma grande área lateral de atrito com o solo. Estes elementos 
têm grandes vantagens em certos casos, quando em comparação com as estacas 
convencionais que têm grande comprimento e são esbeltas, e têm uma pequena área em 
contato com o solo, proporcional ao seu comprimento total. Assim, estas estacas esbeltas 
trabalham por atrito de ponta (neste caso, o atrito lateral é insignificante e não é, portanto, 
determinante). Então, há casos em que, devido às elevadas cargas, não se torna viável 
fundar sobre estacas, o que obrigaria a construção de um grande número delas e com 
maciços de ligação maiores que a área de construção. Há casos, em que, somente com 
elementos de parede moldados no solo, estacas barretes, se tem conseguido suportar as 
cargas elevadas advindas de estruturas industriais, como ilustra a figura 16. 
 
 
 Origem do livro Paredes Moldadas do seminário 
 em Lisboa 
 Figura 15 
 32
 
 Origem do livro Paredes Moldadas do seminário 
 em Lisboa 
 Figura 16 
 
 
6 Paredes-diafragma pré-moldadas 
 
As placas pré-moldadas de concreto armado são executadas em unidade 
industrial, fora da obra, podendo obter assim uma melhor qualidade do concreto, uma 
maior precisão do posicionamento da armadura e uma melhor aparência e acabamento 
do que as paredes contínuas moldadas ``in loco``. Isso proporciona menores gastos 
com concreto, por serem menos espessas e poderem ser mais eficientemente dosados 
que nas paredes moldadas ``in loco``. 
 
Outras vantagens das paredes pré-moldadas são: 
 
• Melhores possibilidades de se executar juntas que possam resolver de maneira 
praticamente absoluta os problemas de impermeabilização. A geometria das 
juntas, muitas vezes com endentados, com ou sem meias-canas, permite, se for 
necessário, proceder a injeções suplementares de produtos suficientemente 
impermeabilizantes. Também há que se dizer que a calda auto-endurecida com 
que se enche a vala depois da colocação dos painéis é por si só um produto 
impermeabilizante, que envolve toda a parede – Ver figura 1; 
 33
• Possibilidade de incorporar a parede, com todo o rigor, todos os dispositivos que 
sirvam a arquitetura da construção; 
 
• Possibilidade de, com todo o rigor, trazer já, convenientemente terminadas, as 
cabeças e placas de apoio de eventuais ancoragens a serem executadas; 
 
 
• Facilidade em serem decoradas com relevos, desenhos ou figuras que quebrem a 
monotonia das superfícies lisas. 
 
As desvantagens são que necessitam de transportes muito dispendiosos e de 
equipamentos de descarga possantes. Além disso, existem limitações com relação ao 
comprimento das placas pré-moldadas. Então, quando a altura de escavação for muito 
grande, pode-se executar a parede diafragma mista, onde o trecho inferior é moldado no 
terreno e o trecho superior pré-moldado, para assim proporcionar as vantagens de melhor 
aparência e acabamento, como se pode ver na figura 1. 
 
 
7 Sistemas de perfuração 
 
 Existem basicamente dois tipos de equipamentos que executam a escavação das 
valas das paredes moldadas. Um deles utiliza a técnica de escavação por circulação 
inversa, e outro a técnica de baldes de maxilas suspensos ou guiados. 
 
7.1 Escavação por circulação inversa 
 
A técnica de abertura de valas por circulação inversa é realizada com a utilização 
de um trépano, ou de uma broca rotativa, ou de um aparelho misto, os quais provocam o 
desmonte do terreno. Já a remoção dos produtos da escavação é feita por um sistema de 
circulação forçada. Uma vez removidos todos os produtos da escavação, parte-se para à 
separação entre a calda e os produtos da escavação, seguida de sua posterior 
reutilização. 
 
O trépano, geralmente circular, trabalha suspenso de dois cabos, executando um 
desmonte por percussão. Ele é ligado a uma haste tubular integrada nos sistema de 
circulação forçada. Já a broca executa o desmonte do solo por rotação, podendo a 
ferramenta variar desde um conjunto simples de dentes e pás, para terrenos brandos, até 
 34
sistemas complexos de roletes de dentes duríssimos que podem perfurar camadas 
rochosas. O sistema de broca rotativa é mais eficiente e mais rápido que o trépano, no 
entanto, tem maiores dificuldades de concretização e manutenção, já que exige mesas 
rotativas e juntas móveis perfeitamente estanques. Existem também os sistemas mistos, 
que incluem percussão e rotação, usufruindo parcialmente das vantagens e 
desvantagens dos dois sistemas. 
 
 Através do sistema de circulação forçada, os produtos da escavação são retirados 
da vala por uma corrente forçada, após o seu desmonte. E há sempre um aparelho de 
corte ligado a extremidade da barra tubular, por onde entra o fluido de perfuração e 
também saem este mesmo fluido somado aos produtos da escavação, como é o caso da 
circulação inversa. Já na circulação direta, o fluido mais os produtos da escavação saem 
por outro campo, que não o da barra tubular de entrada do fluido de perfuração. O critério 
de escolha de um método de circulação forçada direta ou inversa é fundamentalmente a 
comparação das velocidades de escoamento do fluido no interior da barra tubular e no 
exterior desta. Os métodos que provocam a circulação forçada são fundamentalmente 
dois, tais quais: 
 
• O emulsor de ar comprimido (conhecido como “air-lift” ); 
 
• Por bombeamento. 
 
No primeiro caso, provoca-se a injeção de ar comprimido junto a 
boca inferior da barra tubular. Esta injeção emulsiona a calda bentonitica contida na 
coluna, baixando a sua densidade. O desequilíbrio entre as pressões da calda leve no 
interior da coluna, e a calda pesada no exterior provoca uma corrente de circulação. Este 
sistema só proporciona bom resultado a partir de uma certa profundidade, quando a 
diferença de densidade origina uma força ascensional de certo valor, como ilustra na 
figura 17. Para profundidades não excessivas, o bombeamento, que é visto na figura 18, 
gera melhores rendimentos. A partir deste ponto, as perdas de carga do circuito começam 
a exigirem grandes potências para as bombas. Tem como inconvenientes a necessidade 
de um sistema complexo ( bomba de vácuo e depósitos auxiliares) e a dificuldade de 
manter a estanqueidade do circuito hidráulico. A resolução destes produtos está, 
entretanto, bastante avançada, a ponto de o bombeamento ser atualmente, o sistema 
mais utilizado. 
 
 35
 
 Origem do livro Paredes Moldadas do seminário em Lisboa 
 Figura 17 
 
 
 
 36
 
 Origem do livro Paredes Moldadas do seminário em Lisboa 
 Figura 1837
A separação da calda e dos produtos da escavação se dá pelos sistemas 
mecânicos denominados crivos e desarenadores de ciclone, como se vê nas figuras 19, 
20 e 21 para que possa realizar a separação da calda e dos produtos da escavação. 
Estes sistemas são complementados por tanques de decantação onde a calda sofre uma 
limpeza adicional. 
 
 
 
 38
 
 Origem do livro Paredes Moldadas do seminário em Lisboa 
 Figura 19 
 39
 
 Origem do livro Paredes Moldadas do seminário em Lisboa 
 Figura 20 
 
 
 
 
 
 40
 
 
 
 
 
 
 
 Origem do livro Paredes Moldadas do seminário 
em Lisboa 
 Figura 21 
 
 
7.2 Escavação com Baldes de Maxilas 
 
E o equipamento mais utilizado, composto de uma só ferramenta para desmonte e 
remoção do terreno escavado das valas das paredes moldada. Existem diversos modelos 
e tipos de baldes de maxilas, diferindo quanto ao sistema de manobra, a forma 
geométrica das maxilas e ao sistema de guiamento do balde de maxilas. 
 
 41
 
 Origem do livro Paredes Moldadas do seminário 
 em Lisboa. 
 Figura 22 
 
 
7.3 Sistemas de Manobras 
 
7.3.1 Manobra por meio de cabos 
 
Este sistema exige que a maquina de suspensão seja provida de dois cabos 
independentes. Um para suspender o balde e outro para comando das maxilas. Estes 
equipamentos são pesados, porém as máquinas têm a capacidade suficiente para 
suspender tais cargas pelos cabos, através de dois guinchos. Estes baldes têm a 
vantagem da sua robustez, sendo um equipamento forte e resistente para escavar, com 
pouca possibilidade de avaria. Além disso, serve para demolir e transportar o material 
escavado para fora da vala. A desvantagem surge por ter a calda bentonitica uma certa 
quantidade de areia em suspensão, que atua como material abrasivo que desgasta os 
cabos e os sistemas de roldanas e articulações correspondentes, provocando avarias. 
 
 42
 
7.3.2 Manobra por meio de baldes hidráulicos 
 
São baldes, através dos quais a manobra das maxilas é efetuada por meio de 
macacos hidráulicos, acionados por uma bomba, comandada do exterior. Exige-se 
apenas um cabo para suspensão do balde, reduzindo-se, portanto, as avarias 
ocasionadas pela erosão da areia. No entanto, é menos robusta que o balde suspenso 
por dois cabos. Apresenta uma desvantagem,que é surgimento de problemas 
relacionados com a alimentação de óleo aos macacos hidráulicos. 
 
7.3.3 Manobra por meio de baldes eletro-hidráulico 
 
São baldes com sistemas de manobras mais complexos, possuindo-o no próprio 
corpo da bomba hidráulica. São muito mais sensíveis na manobra do que os sistemas 
anteriores. Podem ser dotadas de placas laterais que, movidas por macacos hidráulicos, 
se apóiam nas paredes da vala, facilitando o guiamento e permitindo bloquear o balde 
durante o fecho das maxilas. 
 
 
7.4 Sistema de Guiamento 
 
Todas as paredes da vala devem estar com o prumo perfeito, para boa execução 
da parede-moldada. Se o balde de maxilas não for dotado de um sistema de guiamento, 
terá tendência para procurar os caminhos mais fáceis. 
 
 
7.4.1 Guiamento geométrico 
 
É o tipo de guiamento em que o balde de maxilas se guia a si próprio ou é guiado 
pela parte da vala já aberta. Significa que os baldes são livres. 
 
 
7.4.2 Guiamento por barra rígida : 
 
É o sistema em que o balde é guiado por uma barra 
de nome Kelly, de grande rigidez, que trabalha no guiamento ligado a maquina de 
suspensão. A manobra neste sistema é muito mais fácil do que no dos baldes 
 43
livres – Guiamento geométrico-, porém as deformações do Kelly e deslocamentos 
da própria máquina de suspensão não evitam os desvios, particularmente em 
valas profundas. 
 
 
7.4.3 Guiamento por peças pré-posicionadas 
 
É o sistema que faz o guiamento do balde de maxilas através de estacas de 
concreto previamente executadas ou perfis metálicos cravados, os quais serão 
incorporados na parede. Este sistema depende de uma correta implantação dos 
elementos de guiamento, permitindo obter vantagens interessantes, incluindo a 
construção de paredes inclinadas. 
 
 
7.4.4 Outros 
 
Existem outros sistemas como o tipo retro-escavadeira, escavadora frontal com 
mastro-guia, cadeia de baldes, serra circular, e outros mais. 
 
 
7.4.5 Considerações finais 
 
Os rendimentos de perfuração dos vários tipos de equipamentos de perfuração 
variam muito com a constituição do terreno. Em solos argilosos brandos ou areias, o 
rendimento horário pode ultrapassar os 10 m² de parede por hora e é com estes valores 
que podem ser determinados o prazo de uma obra, já que as operações de enchimento 
com lama ou concretagem de cada painel são operações que, mais rápidas, não 
pertencem, normalmente, a linha crítica do programa. Porém, os sistemas de baldes de 
maxilas dão melhores rendimentos e conduzem a menores custos na execução de valas 
não muito profundas e em terrenos fáceis. Já a circulação inversa toma a vantagem em 
escavações a grandes profundidades e em terrenos difíceis, com intercalações rochosas 
ou muito compactas. Os sistemas de circulação inversa permitem maior liberdade na 
fixação do comprimento das valas. 
 
 Também, é importante lembrar que os dois sistemas fundamentais, circulação 
inversa ou baldes de maxilas – guiados (Kelly) ou suspensos por cabos – operados por 
gruas sobre lagartas, refere-se que as máquinas de circulação inversa são máquinas que 
 44
se deslocam sobre carris, como se vê na figura 44, paralelamente a parede moldada a 
construir; A execução com recurso a baldes guiados – Kelly-( ilustrado na figura 23) ou 
baldes pesados suspensos, necessita de plataformas de trabalho que permitam o 
movimento e o posicionamento da grua. 
 
Origem do livro Paredes Moldadas do seminário em 
 Lisboa 
A 1ª figura, de cima para baixo, se refere à balde guiado – Kelly 
 Figura 23 
 45
8 Fases construtivas das paredes diafragmas 
8.1 Seqüência construtiva 
 
1ª) Trabalhos preliminares 
 
É possível esquematizar a seqüência das fases de execução duma parede 
moldada, mesmo que pormenores sejam diferentes de caso para caso, de acordo com as 
condições particulares de cada obra. 
 
 Primeiro define-se em planta a localização da parede moldada e depois se 
procura detectar todas as interferências na obra, assinalando-se as possíveis 
canalizações existentes, condutores e cabos elétricos que atravessam o perímetro da 
parede diafragma, e providenciar para que fiquem fora de serviço e sejam desviadas ou 
desmontadas. Deve-se fazer o reconhecimento de todos os obstáculos na zona de 
escavação da parede, especialmente no que diz respeito a fundações antigas ou 
materiais constituintes de aterros. Então, detectado o obstáculo deve-se proceder com a 
demolição destes, recorrendo eventualmente a uma escavação prévia da obra. Também 
é necessário verificar a existência de cabos elétricos aéreos que possam ser tocados 
pelas gruas ou equipamentos utilizados na escavação, providenciando o seu respectivo 
desvio. Normalmente, a cota necessária em altura deve ser igual ao valor da 
profundidade da parede diafragma acrescido de mais alguns metros (2 a 3 metros, 
conforme o equipamento). 
 
 Independentemente das iniciativas tomadas na fase de concepção do projeto, é 
de boa prática vistoriar os eventuaisedifícios anexos, conhecer o respectivo tipo de 
construção e o seu estado de conservação. E também conveniente averiguar o tipo, 
estado de conservação, profundidade e forma das fundações dos edifícios vizinhos. Esta 
averiguação pode ser feita através de poços de inspeção. 
 
2ª) Escavação prévia eventual 
 
Após a definição do local, começa-se a executar uma pequena trincheira ao longo 
de todo o perímetro da parede diafragma a ser executada, para facilitar a instalação dos 
muros-guia, os quais servirão para melhor direcionarem os equipamentos na escavação. 
Então, torna-se necessário ficar atento e preparado para encarar problemas de esgoto, 
de águas de chuva e outras, preparando a drenagem das águas subterrâneas e de 
chuva. Também, deve-se estar atento para as dificuldades que elas criam para a 
 46
movimentação dos equipamentos. E, a execução desta operação pode originar 
problemas na execução dos muros-guia, caso a superfície do terreno escavado se 
apresentar depois muito remexida pelo equipamento de escavação. 
 
 A cota da escavação prevista deve ser condicionada pelo nível de uma eventual 
superfície freática aqüífera. E sempre de boa norma deixar a maior distância possível 
entre a cota do fluido e a cota da plataforma de trabalho que vai ser a cota do coroamento 
dos muros-guia. Em casos correntes é conveniente que essa distância não seja inferior a 
1,00 metro. Quando se trata de aterros pouco consistentes ou de materiais com coesão 
reduzida, essa distância terá de ser aumentada para 2 ou 3 metros, ou ainda para mais 
se houver escoamento da camada aqüífera. 
 
 Nos casos de obras hidráulicas, fundações de pilares ou cortinas de barragens em 
rios com leitos permeáveis (areia), e em muitos outros casos em que o nível freático se 
apresenta elevado, a escavação prévia não tem sentido e o que há que procurar e 
estabelecer plataformas de trabalho a cotas suficientemente altas (2,50 a 3,50 metros a 
partir da cota máxima da água), como garantia contra cheias e possibilidades de criar um 
diferencial de pressão de bentonita-água, dentro e fora da vala da parede moldada, 
suficiente para facilitar a filtração da calda de perfuração e o estabelecimento do “cake”. 
Alturas muito reduzidas da plataforma de trabalho em relação ao nível de água, 
especialmente quando há percolação, podem levar a acidentes graves como 
desmoronamento de toda vala com afundamento do material de escavação e pessoal de 
operação. 
 
 
3ª) Instalação das Muretas-Guia 
 
Para definir o comprimento dos painéis devem-se observar as seguintes 
condicionantes: 
 
o A geologia do terreno, as cargas do equipamento perfurante e das fundações dos 
edifícios anexos definem a estabilidade da vala escavada; 
 
o O volume máximo do painel a ser escavado e condicionado ao volume de 
concreto que se pode colocar em obra. Então, o volume da vala não deverá ser 
superior a 3 ou 4 vezes o volume de concreto que é possível colocar na tremonha 
do tubo de concretagem; 
 47
o O peso da armadura, que também condiciona o comprimento do painel, pois o seu 
peso é de acordo com a capacidade da grua, tanto no que diz respeito a altura 
como em relação a capacidade elevatório e estabilidade no transporte com a 
carga suspensa. 
 
 Após a escavação das trincheiras ao longo do perímetro da parede diafragma, os 
taludes verticais desta escavação são protegidos com pequenos muros de concreto 
denominados de muretas-guia. Estas servem para definir o perímetro da obra, e guiar o 
equipamento ( “Clam-shell”)na escavação e criar uma espécie de canal para condução 
da suspensão bentonitica durante a operação de escavação. 
 
 A execução dos painéis deverá ser feita alternadamente, segundo a técnica usual. 
Deverá assegurar periodicamente a verticalidade da perfuração. Nos equipamentos de 
mastro (Kelly), visto na figura 23, deve-se procurar que o equipamento assente sobre 
uma base relativamente firme e que o mastro seja aprumado recorrendo a fio de prumo 
ou nível. Nos equipamentos que utilizam baldes pesados suspensos por cabos ou que 
utilizam circulação inversa, importa manobrar com os necessários cuidados para 
assegurar a verticalidade da perfuração. São, no entanto, permitidos desvios da ordem 
de 1% para menos ou para mais, mas os limites exatos devem ser condicionados ao tipo 
de obra, existência de paredes interiores suplementares, acabamentos das 
superfícies,etc. Durante a escavação é imperioso observar atentamente o nível do fluido 
de perfuração e assegurar-se que não há perda através da vala ou no contorno do muro-
guia. Em certas obras, onde a bentonita ou fluido de perfuração pode filtrar-se 
rapidamente para camadas mais profundas do solo, baixando rapidamente com o nível 
deste fluido, poderá ocasionar um acidente de proporções inusitadas. Então, durante a 
execução da escavação deverá proceder-se a observação do terreno escavado, 
confrontando-o com o relatório de prospecção geotécnica. Será muito útil a recolha de 
amostras que serão conservadas até o final da obra. Sempre que precise proceder a 
perfuração de camadas duras, haverá que recorrer ao emprego de trépano. As camadas 
duras ou obstáculos (restos de fundações antigas ou anexas) devem, de preferência, 
serem demolidas e retiradas quando da execução da escavação prévia ou da construção 
dos muros-guia. 
 
 Deve-se, tanto lateralmente como em profundidade, não remexer o terreno, 
evitando reposições de terras. Caso isso não seja possível evitar, deverá optar-se por 
formas de muros guia em formato L, não dispensando uma reposição de terras bem 
 48
compactada e o recurso, muitas vezes, a materiais mais argilosos de maneira a obter 
melhores compactações. 
 
 As superfícies pré-moldadas das muretas-guia devem ficar bem desempenadas e 
alinhadas, não sendo aceitável diferenças superiores a 3 ou 5 cm. A distância entre os 
muros-guia deve corresponder a espessura teórica da parede, acrescida de poucos 
centímetros (2 a 3 cm) por banda ou face, para facilitar o trabalho da ferramenta. 
 
 A construção destes muros processar-se-á por painéis, procurando-se ainda 
manter um nivelamento rigoroso de todo o coroamento. À medida que se vai procedendo 
a descofragem, as duas paredes dos muros-guia devem ser escoradas uma contra a 
outra a intervalos regulares. Este escoramento é sempre mantido, até a execução de 
cada parede moldada. 
 
 A altura das muretas-guia deve ser tal que impeça que as flutuações do nível da 
calda originada pelas operações de escavação, não provocando nem o seu transbordo e 
nem a sua descida para cotas inferiores à da base dos muros. No primeiro caso, causaria 
uma perda de calda enquanto que no segundo, as sucessivas flutuações em zona não 
protegida da escavação poderiam originar com facilidade desmoronamentos que 
acabariam por arrastar a ruína dos próprios muros. Normalmente, a altura da mureta 
varia entre 1,00 a 1,50 metro. 
 
4ª)Montagem do sistema de preparação, distribuição e de eventual recuperação da calda: 
 
 Inicialmente, devem-se fazer estudos laboratoriais prévios a fim de definir qual a 
constituição da calda que deve ser utilizada na escavação da vala. Para isso, não se 
pode perder de vista o tipo do terreno onde realizar-se-á a escavação, além da natureza 
dos materiais argilosos de empréstimos vizinhos, os quais poderão eventualmente ser 
incorporados na própria calda. 
 
 Para que as escavações possam ser realizadas em boas condições é necessário 
que as lamas desempenhem satisfatoriamente funções, tais como: 
 
o Suportar a escavação; 
 
o Permanecer na escavação sem que se verifiquem perdas sistemáticas 
para o interior do solo; 
 49
o Mantersuspenso os detritos da escavação impedindo a sua deposição no 
fundo da escavação; 
 
o Permitir uma fácil substituição pelo concreto sem que restem no final 
qualquer camada ou bolsada no seu interior; 
 
 
o Permitir por peneiração, sedimentação ou qualquer outro processo a 
separação dos detritos de forma a tornar possível posterior re-utilização; 
 
o Ser facilmente bombeada. 
 
A satisfação conjunta destes requisitos é laboriosa, uma vez que alguns deles são 
opostos. Assim, por exemplo, as pressões hidrostáticas, com que se conta para efeitos 
estabilizadores da escavação, e a capacidade em manter suspensos os detritos, serão 
melhorados à medida que as lamas se tornam mais densas. Porém, para melhor se 
processar, quer a sua substituição, quer as operações de bombeamento, convém que 
elas sejam as mais fluidas possíveis. 
 
A escolha do tipo de bentonita deve ser feito em função da natureza química da 
água do terreno (ou da água de utilização) e das quantidades tixotrópicas respectivas. 
 
Além de estudos feitos preliminarmente para definir a mistura, há que se verificar 
periodicamente se os valores obtidos em estaleiro estão dentro das tolerâncias admitidas 
para os valores pré-fixados. Esta verificação deve ser feita principalmente quando se quer 
re-utilizar as lamas, e também momentos antes do bombeamento do concreto para a 
vala, pois uma contaminação forte pode obrigar a substituição do fluido antes da 
concretagem. Também, um mesmo cuidado haverá que ser tomado no decurso da 
concretagem, pois uma bentonita contaminada dificulta esta concretagem, ou gera 
sintomas de concretagem mal executada. Uma bentonita é considerada contaminada 
quando, de entre outras perturbações de ordem diversa, se apresentar com elevado teor 
de areia, PH alterado, densidade exagerada, baixa viscosidade e decantação rápida ( 
reduzida tixotropia ). Por estes motivos é de praxe realizar, principalmente nesses ditos 
instantes, determinações sistemáticas de diversas grandezas, tais como: 
 
- Densidade; 
 
 50
- Viscosidade; 
 
 
- Resistência do gel; 
 
- PH; 
 
 
- Percentagem de areia. 
 
As exigências para cada caso serão eventualmente diversas, de acordo 
com a particularidade de cada obra, cabendo aos responsáveis a definição dos 
limites e valores exigíveis dessas ditas grandezas. Se em algumas obras as 
determinações referidas podem ser dispensadas, existem outras em que devem 
ser obrigatórias no todo ou em parte. 
 
A freqüência com que se devem ser feitas os controles dessas grandezas a 
se efetuar depende ainda do sistema de perfuração utilizado. 
 
No caso do emprego de fluidos ou misturas auto-endurecíveis com base 
em cimento, os controles a efetuar serão definidos através dos ensaios 
laboratoriais que levaram ao estudo da mistura a aplicar. Este caso ocorre em 
paredes de conglomerados plásticos servindo de cortinas de impermeabilização. 
 
Pode-se dizer que o processo construtivo das paredes moldadas é 
aplicável a qualquer tipo de solo desde que o equipamento de escavação, e 
principalmente, e a natureza da lama de escavação sejam corretamente 
escolhidos. Para que se tenha uma idéia da gama de variações da constituição 
das lamas face à natureza do terreno, podem-se verificar os exemplos descritos 
logo abaixo: 
 
I. Para solos com permeabilidade até 0,1 a 0,01 cm/s é 
suficiente adaptar suspensões de bentonita com 
concentrações da ordem de 4 a 6%; 
 
 51
II. Para solos de permeabilidades superiores pode-se 
aumentar a concentração da suspensão até 12%, não 
podendo ir além disto; 
 
III. Em casos excepcionais em que, mesmo para esta 
concentração, a suspensão não é retida na escavação, 
usam-se aditivos destinados a atuar por diversas formas, 
tais como: 
 
 
- Materiais destinados a provocar diretamente a 
obstrução dos poros do solo (argilas, siltes ou 
mesmo areias); 
 
- Materiais que provocam a floculação da 
bentonita(aluminato de potássio, cloreto de 
alumínio e cálcio); 
 
 
- Materiais que por ligação às partículas do solo 
vão diminuindo os diâmetros dos poros 
(cimento); 
 
- Materiais fibrosos que vão criando redes nos 
poros de maiores dimensões, a partir das quais 
se torna mais fácil à obstrução (plantas fibrosas e 
fibras sintéticas). 
 
Ao definir-se a constituição da lama, é necessário dispor de todo o sistema 
de preparação da mistura. Ele é formado fundamentalmente por reservatórios 
providos de agitadores mecânicos, misturadores, no interior dos quais são 
lançadas as quantidades previamente fixadas de cada material constituinte. Estes 
são em seguida, misturados mediante a ação dos agitadores de forma a constituir-
se uma suspensão homogênea, e posteriormente armazenada em tanques. A 
capacidade dos tanques deverá ser dimensionada de acordo com o volume de 
uma vala elementar, de maneira a poder dispor da quantidade necessária para 
perfurar e proceder a uma substituição completa da bentonita. Para evitar que as 
 52
partículas de argila formem estruturas, o que prejudicaria a bombeamento e o 
papel a desempenhar pela suspensão no interior da escavação, mantém-se 
ininterruptamente a agitação da mistura até se proceder a bombeamento para a 
zona de escavação. 
 
 Para manter o nível da calda sempre constante deve-se regular a 
alimentação de calda para o interior da escavação em função do ritmo da própria 
escavação. 
 
 Um outro sistema destinado à recuperação da já utilizada calda na 
escavação é habitual ser associado ao de preparação da calda, a fim de 
possibilitar a posterior re-utilização da mesma. Trata-se de tanques, onde a calda 
já utilizada é recolhida, para então procurar fazer a separação dos detritos 
provenientes da escavação. Estes tanques regeneradores devem estar munidos 
de crivos, vértices e decantadores que permitam eliminar eficazmente as areias 
suspensas. O custo da bentonita é elevado, principalmente nos países onde não 
existe esse material, justificando assim a sua re-utilização. A não ser que não 
possa se dispor de espaço suficiente para o depósito da lama já utilizada, como 
acontece em zonas urbanas com alta densidade demográfica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 53
 
 
 
 
 
 Transparência do professor Dalmo 
 Figura 24 
 
 
 
 54
5ª) Escavação com simultâneo preenchimento com lama bentonitica até a 
profundidade de projeto: 
 
 Depois de construída as muretas-guia e posto para funcionar o sistema de 
alimentação da calda, parte-se para realização da escavação, simultaneamente 
ao preenchimento com lama bentonitica. A escavação é feita parceladamente, em 
painéis de dimensões calculadas para cada caso em questão. Primeiramente, 
pode-se dizer que a altura da parede é dado do problema fornecido ao construtor, 
em função da natureza do terreno e a finalidade a que a parede se destina, 
podendo atingir profundidades de 45 metros, dependendo dos terrenos. Para o 
calculista, com auxílio de uma casa especializada em projetos e execução de 
paredes moldadas, definir em projeto o modo de execução das paredes moldadas, 
os locais dos furos e as profundidades a se atingir é necessário antes verificar as 
informações sobre a geologia local onde será implantada a obra. Deverá, então, a 
casa especializada mais o calculista, estabelecer um programa de sondagem. 
Será também definido o tipo de montagem que deverá ser contínua, a obter com 
sonda rotativa, e, para obras mais importantes, recolhendo amostras intactas

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