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sou surda e nao sabia resenha

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“Sou surda e não sabia” (Sourds et Malentendus) é um documentário francês de 2009 dirigido por Igor Ochronowicz. Durante 70 minutos a produção narra (intercalando a língua de sinais e a oral) a história real de Sandrine, mulher que nasceu sem audição e que por muito tempo não sabia/percebeu que era surda de nascença. Através da experiência de vida de Sandrine o filme questiona muitas práticas relacionadas aos surdos como a oralização de crianças surdas, a conveniência do aparelho auditivo, o preconceito e a denominação “doença” que é atribuída à condição de surdez.
O documentário conta a história real da Sandrine e sua experiência de vida como uma criança surda de nascença. Quando era um bebê, Sandrine não tinha consciência de que não tinha a capacidade de audição, assim como seus pais não sabiam que estavam criando uma menina surda. Durante esse tempo a conexão entre pais e filha era muito boa e próxima. Para Sandrine nunca foi necessário ouvir para criar laços pois ela conseguia perceber e identificar sentimentos através da expressão facial e corporal dos seus pais. Entretanto, quando os pais de Sandrine perceberam que ela nao era como os outros, que ela não possuía o sentido auditivo, passaram a tratá-la de forma diferente como uma deficiente, doente e não mais como a filha deles e consequentemente se distanciaram e quebraram o laço construído entre eles. A partir desse momento a infância de Sandrine girou em torno de achar uma solução ou uma cura para sua surdez, mas ela continuava sem entender porque ia tanto ao médico, ao lugar de doentes, pois ela não se entendia como uma deficiente. 
Já mais velha, os pais de Sandrine tentaram fazer com que ela usasse aparelho auditivo, porém de nada adiantou porque para pessoas com surdez completa o aparelho não é benéfico e sim incômodo. Nesse momento a garota percebe que é diferente das outras pessoas (ouvintes) e que mesmo usando o aparelho ela não ouviria os sons como eles. Todo esse processo de tentativa de inserção do surdo em um ambiente e uma realidade de ouvintes se origina do fato da surdez ser diagnosticada como uma falta de audição desde a infância gerando, então, um projeto de recuperação e reabilitação. isso fez com que Sandrine não tivesse uma sensação de pertencimento em nenhum local em que ela convivia.
O processo de reabilitação do surdo se intensifica dentro das escolas. Estas são de tres tipos: escolas integradas onde o surdo estuda junto com alunos ouvintes, escolas bilingues em que as aulas de surdos e ouvintes são separadas, mas existe um momento de integração dos dois grupos e internatos para surdos. Nesse contexto, ao ter idade suficiente para ir a escola, Sandrine foi matriculada em uma escola integrada na qual era a única surda. Sendo criada em um ambiente mojoritariamente ouvinte, em que a fala oral é elemento imprescindível para a comunicação, Sandrine era ensinada todos os dias a falar como os ouvintes e a fazer leitura labial pois acreditava-se que somente assim ela poderia seguir uma vida de qualidade em sociedade. Essa tentativa forçada de inserção do surdo dentro de uma realidade ouvinte, como já dito, fez com que a garota não tivesse uma sensação de pertencimento. Essa primeira experiência escolar de Sandrine acabou se tornando um fracasso, então ela foi transferida para um internato específico para surdos. No internato Sandrine finalmente encontrou pessoas com as quais se identificava e percebeu que ela não era única criança surda do mundo. Foi nesse internato que ela, aos 9 anos de idade, fez sua primeira amiga (da mesma idade que a dela), que era surda e filha de pais surdos. No contexto educativo, para os surdos o principal e único foco era aprender a oralizar a linguagem, ou seja, ao contrário dos ouvintes, quando criança Sandrine não tinha aulas de geografia, ciências, história, etc. O foco da educação era exclusivamente o desenvolvimento da habilidade de fala. Por esse motivo, nesse local as crianças eram proibidas de se comunicar utilizando qualquer tipo de sinal e eram forçadas o tempo todo a utilizar a língua oral. Ainda assim, as crianças utilizavas a língua de sinais as escondidas por preferirem se comunicar assim ou por estarem cansadas de serem forçadas a utilizar a língua oral.
É perceptível, portanto, que Sandrine vivia em dois mundos diferentes, o oral e o de sinais. Cansada da imposição sem sentido da língua oral, na adolescência ela se rebelou e decidiu parar de falar oralmente, apenas ia se comunicar atraves da linguagem de sinais
as dificuldades dos surdos vem do preconceito imposto pelos ouvintes, nada é impossível o que faz parecer com aue seja é o preconceito.
pra mim o filme foi uma excelente experiência conhecendo um pouco a rotina e a vivência do surdo dentro de um ambiente majoritáriamente ouvinte. Ao assistir o filme foi possível perceber como o preconceito, descaso e despreparo do universo ouvinte para lidar/conviver com o surdo afeta a vivência e as experiências de mundo destes direta e diariamente.

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