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Apostila DP ADAP - Introdução às práticas psicológicas

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INTRODUÇÃO ÀS PRÁTICAS PSICOLÓGICAS
Profª. SORAIA D. CICCONE
Para conhecermos as teorias e os sistemas psicológicos propostos por essa ciência, deveremos conhecer um pouco de sua história, suas origens. Imaginamos que ao ler isso você se pergunte: Porque estudar a História da Psicologia? Porque esse estudo possibilitará ao estudante, integrar e relacionar os vários campos de atuação e ideias dessa ciência. Mas por onde iniciar o estudo da Psicologia, sua história, seus conceitos e seus principais fundadores?
Uma perspectiva possível é iniciarmos esse estudo Grécia antiga (século VI a.C) se utilizarmos a definição de psicologia como o estudo da natureza e do comportamento humano; mas também é possível considerar a psicologia como uma das mais novas ciências, fundada no final do século XIX, quando, ao se separar da Filosofia, se torna uma disciplina científica e, ao falarmos em Psicologia científica, poderemos nos perguntar o que é ciência, como se dá o conhecimento científico para isso deveremos nos perguntar: o que é conhecer?
A Teoria do Conhecimento ou Epistemologia é um termo que vem do grego episteme e pode ser traduzido tanto como “conhecimento” ou também como “ciência”, portanto epistemologia significa o “estudo do conhecimento” ou “teoria do conhecimento”. Já o termo “ciência”, tal como usamos hoje, tem outro significado e por “ciência” entende-se um grande campo de estudos que trata de fenômenos naturais e humanos, como a Física, Química, Biologia, História, Sociologia, etc.
A Epistemologia é uma área da filosofia que se ocupa do conhecimento humano e trata de uma diversidade de problemas relacionados ao conhecimento:
O problema da definição do conhecimento (trata de compreender o significado do conceito conhecimento e o que distingui conhecer algo de ter apenas uma opinião [ou crença] sobre algo); 
O problema das fontes do conhecimento (trata de compreendermos quais são as fontes confiáveis de conhecimento e quais são as circunstâncias seguras para usá-las); 
O problema da possibilidade e limites do conhecimento (trata se de fato podemos conhecer a realidade e, se podemos conhecer, quais são os limites do nosso conhecimento). 
A História humana é uma história do conhecimento da natureza, feito para conhecê-la, dominá-la e interpretá-la. Conhecer é, portanto, elaborar um modelo de realidade e para isso são necessários três elementos: 
(1º) O sujeito – aquele que conhece; 
(2º) O objeto – aquilo que o sujeito investiga para conhecer e 
(3º) Imagem mental – em forma de uma opinião, ideia, conceito, que resulta da relação entre o sujeito e o objeto e passa a habitar na subjetividade daquele que conhece. 
Conhecer é, portanto, um modo de apropriação da realidade pelo sujeito e desta forma, o homem busca conhecer a realidade, naquilo que ela tem de singular factual, sua realidade concreta. O homem conhece pelos órgãos do sentido (tato, paladar, audição, visão, olfato), mas pode também ultrapassar esses limites e fazer relações, comparações, análise, isolar elementos, abstrair, generalizar, etc.
Podemos falar que existem quatro modos de conhecer e que esses modos vêm sendo utilizados pelo homem na apreciação da realidade: (1) Conhecimento popular ou senso comum, (2) Conhecimento filosófico, (3) Conhecimento teológico e (4) Conhecimento científico. 
Conhecimento popular ou senso comum
Comum e possível a todos os homens, de qualquer nível cultural. Ocasional, assistemático, ametódico, não junta em uma cadeia lógica ou orgânica os conhecimentos.
Não questiona, não analisa, não exige demonstração. Atinge o fato, o fenômeno, o singular. Atinge as coisas
Gera certezas desde o nascimento, certezas ingênuas, pré-críticas. Gera certezas intuitivas, pré-críticas. 
Associa analogias globais, está mais suscetível ao erro nas deduções e prognósticos.
Conhecimento teológico
Supõe uma autoridade divina e nela se fundamenta. Os dogmas não são demonstrados – revelação divina – fé
Necessidade de uma iluminação divina. O fiel deve conservar as mesmas doutrinas expostas nos livros sagrados.
Objeto e fonte de estudos são os livros sagrados. Exige a fé na autoridade suprema, Deus. A fé brota do desejo e da submissão
Conhecimento filosófico
Os objetos são ideias, relações conceptuais, exigências lógicas não redutíveis a realidades materiais. Ex.: O filósofo questiona a finalidade da vida humana
Método racional, prevalece o processo dedutivo que antecede a experiência e não exige confirmação experimental, apenas coerência lógica 
A Filosofia procura a lei mais geral, mais universal que englobe e harmonize as conclusões científicas. Interessa pela formulação de uma concepção unificada e unificante do universo. 
Objetivo é questionar as conclusões da ciência à procura de sentidos e interpretações mais amplas. A filosofia indaga, traça rumos e assume posições, estrutura correntes que inspiram ou dominam mentalidades, questionando seu próprio conhecimento
Conhecimento científico: 
Real porque lida com os fatos;
Contingente porque a veracidade ou falsidade de suas proposições são conhecidas pela experiência e não apenas pela razão (filosófico); 
Sistemático porque é um saber ordenado, organizado; 
Verificável, visto que suas hipóteses devem ser comprovadas ou refutadas, por isso:
É um conhecimento falível, 
Não definitivo, 
Não absoluto, 
Aproximadamente exato porque está em constante desenvolvimento e reformulação de suas teorias e aplicabilidade.
É uma forma de sistematização de conhecimentos, 
Um conjunto de proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que se deseja estudar: 
"A ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido à verificação" (Ferrari, 1974:8). 
Voltemos agora para a nossa área de estudo, a Psicologia. A palavra Psicologia é formada pelas palavras psique (alma ou mente) e logos (estudo, conhecimento), portanto, podemos dizer que Psicologia é estudo da alma ou da mente (grego).
Mas, podemos nos perguntar: O que o estudo da História da Psicologia pode nos oferecer?
É um estudo tradicional, visto que auxilia no conhecimento dos alicerces que formam a base para a compreensão desta disciplina e seus desenvolvimentos.
Pode oferecer perspectiva e humildade porque ao conhecer os desenvolvimentos passados poderemos embasar, aprofundar, questionar, criticar e ampliar o pensamento atual, assim como esclarecer erros do passado
O estudo da psicologia apresenta atualmente uma grande complexidade e diversidade, ou seja, a psicologia estuda vários campos que parecem ter pouco em comum, exceto o grande interesse pela natureza humana como também compreende uma abordagem que pretende ser científica.
Através do estudo da história da psicologia, o estudante conseguirá a integrar e relacionar os vários campos de atuação e as ideias. Ao se separar da filosofia e se tornar uma disciplina científica, a psicologia passa a ter uma identidade diferente da filosofia. Seus pesquisadores passaram a confiar nos métodos científicos de observação e experimentação, precisos, objetivos e cuidadosamente controlados para estudar a natureza humana. 
Psicologia: Ciência Natural ou Ciência Humana? 
Dependendo do sujeito estudado, a Psicologia pode ser tanto Ciência humana como Ciência natural. 
Como ciência humana tem como sujeito de seus estudos os seres humanos e como ciência natural engloba em seus estudos todos os animais, sejam eles superiores (o Homem) ou inferiores. 
Dependendo da abordagem teórica, ela pode estar num campo de ciência humana ou de ciência natural. 
Essa diversidade de objetos ocorre devido à riqueza e complexidade do ser humano que é seu objeto de estudo, então como podemos definir qual é o objeto de estudo da Psicologia: Subjetividade
Subjetividade é a síntese singular e individual que cada um de nós vai constituindo conforme vamos nos desenvolvendo e vivenciando as experiências da vida social e cultural; é uma síntese que nos identifica,de um lado, por ser única e nos iguala, de outro lado, na medida em que os elementos que a constituem são experienciados no campo comum da objetividade social. Esta síntese — a subjetividade —é o mundo de ideias, significados e emoções construído internamente pelo sujeito a partir de suas relações sociais, de suas vivências e de sua constituição biológica; é, também, fonte de suas manifestações afetivas e comportamentais. (Bock, Furtado & Teixeira, 2001) 
Textos de apoio: 
Figueiredo, L. C. & SANTI, Psicologia, uma introdução. São Paulo, EDUC
BOCK, A. M. M., FURTADO, O. & TEIXEIRA, A. L. T. Psicologias. Uma introdução ao estudo de psicologia. 13ª ed. – 3ª tiragem. São Paulo: Saraiva, 2001
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Iniciaremos agora o estudo das origens da Psicologia – História da Psicologia
A Psicologia apresenta diversas áreas de estudo: desenvolvimento humano, bases biológicas do comportamento, memória, percepção, motivação, pensamento, personalidade, ajustamento, inteligência, emoção, identidade, sexualidade, o indivíduo e os grupos, etc... Além de uma diversidade de linhas teóricas ou abordagens que se referem às teorias estudadas: Psicanálise, Gestalt, Análise Experimental do Comportamento, Epistemologia Genética de Jean Piaget, teorias humanistas (Carl Rogers), etc...
Antes de estudar as principais escolas de pensamento da Psicologia, faremos um breve percurso sobre as origens dessa ciência e para isso iremos explorar o desenvolvimento do pensamento psicológico. O estudo do pensamento e comportamento humano data do século VI a.C. e esta fase pode ser chamada de Fase Filosófica ou pré-científica (séculos VI a.C. até 1879) – período que compreende a Idade Antiga e a Idade Média onde se encontram as primeiras raízes da Psicologia. O segundo período compreende toda a Idade Moderna até o momento em que Psicologia passa a ser considerada como ciência.
Freire, 1997, p.22
Período Cosmológico
No período cosmológico ocupa-se fundamentalmente com a origem do mundo e as causas das transformações da natureza. Tem como preocupação básica entender e explicar o cosmos, qual a matéria que o compõe? Quais são os princípios e leis que regem o universo? (Abandono da compreensão mitológica do universo e das coisas). Questiona se o cosmos era composto de partes ou mistura de partes de elementos simples e que, para se compreender o universo dever-se-ia encontrar a unidade, ou seja, o elemento mais simples, fonte de tudo. O método de buscar a verdade ocorria reduzindo tudo – do complexo para o simples por isso foi chamado de Reducionismo, Elementismo, Atomismo e Monismo.
Os principais filósofos desse período foram: Tales de Mileto, Heráclito de Éfeso, Pitágoras de Samos, Anaxágoras de Clazômenas e Demócrito de Abdera.
 
Período Antropológico
Período socrático ou antropológico, do final do século V e todo o século IV a.C. – investiga as questões humanas, isto é, a ética, a política e as técnicas (em grego, ântropos quer dizer homem; por isso o período recebeu o nome de antropológico). Questiona-se: como conhecemos? Como podemos conhecer? Como podemos saber se estamos certos? Podemos estar seguros de que realmente conhecemos alguma coisa? Quais são os critérios de validade de qualquer afirmação, do certo ou errado, do verdadeiro ou falso, do bom ou do mal?
Sofistas – primeiros pensadores, professores que ensinavam jovens com finalidade prática. Ensinavam além da retórica (arte de bem falar) a capacidade de alcançar conclusões racionalmente aceitas. Para eles, a verdade era uma questão de opinião e de persuasão, portanto a linguagem é mais importante do que a percepção e o pensamento. Representantes mais importantes: Protágoras e Górgias
Sócrates – sua psicologia está relacionada com a Ética. Propõe um diálogo crítico – descobrir a verdadeira essência das coisas. Inicia com a consciência de sua própria ignorância “Sei que nada sei” – essa consciência é o ponto de partida para o conhecimento. O único conhecimento que pode ser obtido é aquele que vem através do eu – “Conhece-te a ti mesmo” – (filosofia com método de introspecção). Influenciou a psicanálise, humanismo, existencialismo.
Platão – Aluno de Sócrates concordava que o conhecimento obtido pelos sentidos era imperfeito. Concebia um Reino das Ideias – permanente, imutável, eterno, perfeito, que existe fora e independente do homem. Entendia o homem como um ser dualista: Mente X Corpo (o problema da diferença e da relação entre mente e corpo empolgou filósofos e psicólogos ocidentais até nossos dias). Mente estaria associada ao mundo imaterial no homem e por isso foi identificada com o bom e o belo. A matéria é a parte inferior do homem e do universo.
Período Sistemático - Final do século IV a.C. ao final do século III a.C.
Neste período, a Filosofia busca reunir e sistematizar tudo quanto foi pensado sobre a cosmologia e a antropologia, interessando-se sobretudo em mostrar que tudo pode ser objeto do conhecimento filosófico, desde que as leis do pensamento e de suas demonstrações estejam firmemente estabelecidas para oferecer os critérios da verdade e da ciência.
Aristótoles de Estagira - Aluno de Platão. Acredita que a criança ao nascer vem como uma tábula rasa e todo conhecimento será adquirido pela experiência – Inteligência deve passar pelos sentidos – primeiro grau de aquisição do conhecimento
Estoicismo – virtude deve ser cultivada como valor intrínseco. O desejo deve submeter-se à razão.
Epicurismo – Epicuro de Samos buscava uma filosofia prática. Bem supremo – ter prazer em todas as atividades humanas. Precursor do existencialismo. 
Período Teocêntrico - Idade Média (do século VIII ao século XIV)
Final da idade Antiga, a cultura grega começa a se desintegrar – Aristóteles é esquecido e os ensinamentos religiosos tomam a cena intelectual. Ocorre a ascensão do cristianismo e da filosofia cristã. (Teo – Deus). Deus passou a ocupar o centro de toda vida. 
O cristianismo fez distinção entre fé e razão, verdades reveladas e verdades racionais, matéria e espírito, corpo e alma; afirmou que o erro e a ilusão são parte da natureza humana em decorrência do caráter pervertido de nossa vontade, após o pecado original. (Como consequência, para os filósofos modernos a questão do conhecimento é anterior à ontologia ou pré-requisito para a filosofia e para as ciências).
Dois movimentos importantes – o conhecimento somente pode ser alcançado pela fé que iluminava o intelecto e guiava nossas vontades; é através da fé que as perguntas passam a ser respondidas.
Patrística século IV ao século V – Representantes: Santo Agostinho, São Jerônimo, Santo Ambrósio
Santo Agostinho rejeita tanto Platão como Aristóteles e acredita que a criação saiu do nada. Deus é o criador. Estudo sobre o tempo: presença do passado – memória; presença do presente – percepção; presença do futuro – prospecção. Estuda o hábito – forma inferior de memória e estuda a memória – esquecimento é a presença de uma ausência.
Escolástica a partir do século IX – principal representante São Tomás de Aquino (reconcilia as ideias de Aristóteles aos dogmas da igreja católica)
Primeiras raízes da Psicologia – Idade Moderna até a Psicologia ser considerada como ciência
Duas tendências: filosófica e científica 
Filosofia apresentou três tendências de pensamento: Empirismo crítico; Associacionismo e Materialismo científico
Ciências: Desenvolvimentos da fisiologia, biologia, atomismo, quantificação e a fundação de laboratórios.
1ª Nascimento da Psicologia Científica
1860 – Fechner com a publicação do livro “Elementos da Psicofísica” – demonstrou pela primeira vez como fazer medidas precisas de eventos e quantidades mentais e de que modo as quantidades psíquicas se relacionam com as físicas
1879 – Wilhelm Wundt – Realizou pesquisas em um local que foi considerado o primeiro laboratório de Psicologia Experimental em Leipzig na Alemanha
Idade Moderna – Renascimento – três fases (1400 – 1600) – despertar daconsciência, espírito científico.
Ocorre desenvolvimentos e mudanças em quase todas as áreas da atividade humana: Geografia – grandes descobrimentos; Espiritual – queda do dogmatismo; Religioso – Reforma e a Contra-Reforma. 
Duas importantes tendências ofereceram as bases para a criação de uma psicologia científica
Ciências: Fisiologia; Biologia; Abordagem atomista; Interesse na quantificação; Pesquisa acadêmica e laboratórios de treinamento
Filosofia: Empirismo crítico; Associacionismo; Materialismo Científico
Empirismo crítico – espírito indagador; questiona como se adquire o conhecimento. Seus estudos forneceram as bases para a organização de uma nova ciência. Retomou questões clássicas dos gregos, discute o dualismo mente x corpo; empirismo x nativismo; empirismo x racionalismo. Afirmava que o conhecimento é adquirido através dos sentidos que possibilitou a criação de uma psicologia experimental. Pertence a uma fase onde a psicologia é filosófica e não experimental
Associacionismo britânico – Contribuiu para o desenvolvimento da psicologia experimental. Tem como questão central: o que faz com que as ideias se unam e guiem umas às outras e como estas ideias associadas se tornam estáveis e duradouras. Traz o princípio da associação de ideias. Afirma que as sensações e percepções são os elementos fundamentais. Segue a linha aristotélica do empirismo (associação por contiguidade, semelhança e contraste)
Materialismo científico – eliminação total dos mitos e princípios religiosos. Afirma que o conhecimento só é adquirido pela experiência. É um dos precursores da psicologia científica. Entende que os fenômenos mentais e comportamento são fenômenos naturais. O que não é observável é sobrenatural e não faz parte das ciências.
Durante o Renascimento, um destaque especial é dado para o pensamento de filósofo Rene Descartes (1596 – 1650) – filósofo, matemático, físico e fisiólogo, considerado como um dos filósofos que mais contribuiu para o avanço da ciência ao postular a separação entre mente (alma, espírito) e o corpo.
Inicia uma Psicologia pré-científica ao emancipar o pensamento do dogmatismo predominante na Idade Média e tem como pressuposto que, para se obter a verdade é necessário haver o questionamento. A dúvida torna-se o ponto de partida, através da argumentação e do raciocínio. O pensamento, portanto, comprova a existência – “Penso, logo existo”. Priorizou a razão e retomou a questão do dualismo mente x corpo.
Para Descartes, há um reino físico – material (matéria extensa) e um reino imaterial (matéria pensante). No reino físico – corpo –, a matéria tem como características a massa, a extensão no espaço e o movimento. O reino imaterial – mente – não possui nem massa nem localização. A mente – sensação; emoção; instinto e imaginação – influencia o corpo e assim, o corpo pode mudar o rumo mecânico das atividades. A mente tem como atividades específicas: recordar; raciocinar; conhecer; querer; as Atividades resultantes da interação entre mente e corpo são: sensação; imaginação; instinto; etc.
Contribuiu ainda com o desenvolvimento da psicologia através dos estudos sobre psicofísica e pela interpretação mecanicista do comportamento. Metodologicamente, Descartes, um empirista crítico, não aceitou o dogmatismo medieval e se pôs a duvidar de tudo (racionalismo). Não fez nenhuma experimentação e também não resolveu o problema corpo x mente, mas apresentou a interação entre eles. Materialismo científico – considera o corpo do homem uma máquina
O desenvolvimento das ciências como a física, biologia, química, a descoberta de métodos experimentais, a fundação de laboratórios de pesquisas experimentais, as correntes filosóficas (empirismo crítico, associacionismo e o materialismo científico) forneceram as bases para que a psicologia pudesse se tornar uma ciência autônoma. 
A Fase Científica da Psicologia tem como marco inicial o ano 1879 vindo até os dias atuais. Importantes fatos ocorridos no século XIX precisam ser destacados porque também contribuíram para uma nova forma de conceber as formas de pensar e conhecer: o crescimento da nova ordem econômica e o capitalismo que impulsionaram o avanço das ciências que devia dar respostas e soluções práticas no campo da técnica, - o capitalismo trouxe consigo mudanças na forma de produção, na aquisição e desenvolvimento de matérias-primas, na relação de produção e nas relações sociais, aliada a essas mudanças, a Revolução Industrial promoveu grandes transformações: o mundo e o homem passaram a ser comparados como as máquinas e como tal, tanto o homem quanto o mundo podem ser conhecidos no seu funcionamento, regularidade, ciclos, leis e etc., e essa forma de pensar atingiu as ciências. 
Uma pergunta passa a se impor: quais são, portanto, os mecanismos e o funcionamento da máquina de pensar humana? Essa foi uma questão que abriu possibilidades de a Psicologia ser instituída como ciência.
A Psicologia Científica passa a receber o status de ciência com os experimentos realizados por Wilhelm Wundt, que, em 1879, fundou o primeiro laboratório de Psicologia Experimental. Wundt, fisiologista, ao lado de Fechner e Weber trabalhavam na Universidade de Leipzig, na Alemanha. Fechner publicou do livro “Elementos da Psicofísica”, em 1860 e neste trabalho, demonstrou pela primeira vez como fazer medidas precisas de eventos e quantidades mentais e ainda, de que modo essas quantidades psíquicas se relacionavam com as físicas. Wundt desenvolve a concepção de paralelismo psicofísico – ou seja, os fenômenos mentais correspondem fenômenos orgânicos, por exemplo, uma estimulação física, como uma picada de agulha na pele de um indivíduo, teria uma correspondência na mente deste indivíduo.
Wilhelm Wundt (1932 – 1920) 
Estudou medicina e se especializou em fisiologia. Seu laboratório foi considerado um marco na fundação da Psicologia como ciência, porque ali eram realizados trabalhos sobre sensação e percepção com forte sabor fisiológico com pesquisas sobre o tempo de reação e tinha a meta de quantificação. Realizou estudos sobre a experiência consciente, utilizando métodos das ciências naturais. Definiu a psicologia com a ciência da consciência com objeto de estudo, a experiência imediata, ou seja, experiência como ela se dá. Afirmava que a psicologia como ciência da consciência é complementar a todas as ciências, a psicologia estuda a experiência mantendo o subjetivo, enquanto as outras ciências o removem. O método da psicologia era a experimentação e observação sem experimentação. Wundt sustentava que toda a experimentação em psicologia implicava na introspecção, pela qual entende a análise sistemática dos conteúdos conscientes em seus elementos. A meta era analisar os processos conscientes utilizando seus elementos básicos; descobrir como esses elementos eram organizados e verificar quais eram as leis de conexão que favoreciam a organização desses elementos.
Estruturalismo – procurou compreender a consciência em seus aspectos estruturais, isto é, os estados elementares da consciência como estruturas do sistema nervoso central. Edward Titchner, aluno de Wundt, foi seu maior divulgador; utilizou o método de observação e a introspecção e desta forma, os conhecimentos psicológicos produzidos foram eminentemente experimentais, isto é, produzidos a partir do laboratório.
Além do estruturalismo outras duas escolas trouxeram importantes desenvolvimentos:
Funcionalismo – considerado a primeira sistematização genuinamente americana de conhecimentos em Psicologia, tem em William James seu principal nome. Esta escola de pensamento procurou responder “o que fazem os homens” e “por que o fazem”. A consciência é seu objeto de estudo e procura compreender seu funcionamento, na medida em que o homem a usa para adaptar-se ao meio.
Associacionismo – tem como principal representante Edward L. Thorndike que formulou a primeira teoria de aprendizagem na Psicologia. O termo associacionismo origina-se da concepção de que a aprendizagem se dá por um processo de associação das ideias— das mais simples às mais complexas. Assim, para aprender um conteúdo complexo, a pessoa precisaria primeiro aprender as ideias mais simples, que estariam associadas àquele conteúdo.
As principais teorias da Psicologia no século 20
Behaviorismo nasce com Watson e tem um grande desenvolvimento nos Estados Unidos, em função de suas aplicações práticas, tornou-se importante por ter definido o fato psicológico, de modo concreto, a partir da noção de comportamento (behavior).
Gestalt tem seu berço na Europa e surge como uma negação da fragmentação das ações e processos humanos, realizada pelas tendências da Psicologia científica do século 19, postulando a necessidade de se compreender o homem como uma totalidade. A Gestalt é a tendência teórica mais ligada à Filosofia.
Psicanálise fundada e desenvolvida por Freud, na Áustria, a partir da prática médica, recupera para a Psicologia a importância da afetividade e postula o inconsciente como objeto de estudo, quebrando a tradição da Psicologia como ciência da consciência e da razão.
Humanismo fundado por Abram Maslow e Carl Rogers, surge como a terceira força da psicologia
Ivan Pavlov (1839 – 1946)
Realizou pesquisas sobre secreção glandular e movimento muscular, dando uma maior objetividade e a ênfase em medidas quantificáveis que contribuiu com o método de Watson para estudar o comportamento além de propor controle e modificação ao mesmo.
Pavlov introduziu conceitos importantes como: Reflexo psíquico, reflexo condicionado e experimento condicionante
Reflexos psíquicos – Denominação dada por Pavlov às respostas dos cães a estímulos diferentes, foi posteriormente abandonada, porque inicialmente Pavlov buscava respostas nos animais atribuindo ao mesmo uma subjetividade humana. Pavlov percebeu que nenhum resultado válido foi obtido o que o levou a realizar pesquisas com base puramente objetiva, com isso percebeu que a resposta pela visão da comida não era reflexiva, mas devia ser aprendida e passou a chamar de reflexo condicionado.
Reflexo Condicionado – Reflexo condicional ou dependente na formação de uma associação ou ligação entre o estímulo e a resposta. Pavlov utilizou o método de exposição cirúrgica nas glândulas salivares para coleta das secreções, isso permitia a observação, o registro e a medição do material sempre que o animal recebesse comida
Experimento condicionante – O condicionamento ou aprendizagem acontece após uma série de associações entre um estímulo incondicionado (comida) a um estímulo neutro (som), portanto o reforço é necessário para que a aprendizagem ocorra. Reforço é o que aumenta a probabilidade de uma resposta. Outros fenômenos relacionados estudados por Pavlov foram: reforço, extinção de resposta, recuperação espontânea, generalização, discriminação e o condicionamento de ordem superior.
Edward Lee Thornidike (1874-1949)
Um dos principais pesquisadores sobre a psicologia animal e da teoria da aprendizagem objetiva e mecanicista com enfoque no comportamento manifesto. Iniciou pesquisas sobre aprendizagem. Tornou-se orientador de psicologia e estudou problemas de aprendizagem nos seres humanos, dedicando-se à Psicologia educacional e aos testes.
Caixa Problema – Foi desenvolvida para estudar o problema de aprendizagem baseado nos relatos anedóticos de Romanes e Morgan. Um gato faminto era colocado dentro da caixa e a comida era deixada do lado de fora. Para alcançar o prêmio (comida) o gato deveria puxar uma alavanca. O animal apresentava inicialmente movimentos aleatórios até que por fim executava o comportamento correto que destrancava a porta – esse primeiro movimento ocorria sem querer.
Conexionismo é o nome dado à abordagem de Thorndike relativa à aprendizagem com base nas conexões entre situações e respostas. Thorndike tomava medições quantitativas da aprendizagem registrando o número de tentativas incorretas ou ainda registar o tempo decorrido desde o instante que o animal era colocado na caixa até a execução do comportamento adequado. Essa aprendizagem recebeu o nome de aprendizagem por tentativa e erro – aprendizagem baseada na repetição das tendências de respostas que levam ao êxito.
Leis de aprendizagem – Data de 1898 a lei do efeito que afirmava que os atos que produzem satisfação em determinada situação tornam-se associadas a ela e quando a situação ocorre novamente os atos tendem a se repetir.
Lei do exercício afirmava que quanto mais frequente, mais recente e mais fortemente um vínculo é exercido, mais evidentemente será fixado. 
Concluiu com suas pesquisas que a recompensa exerce uma influência mais forte que o castigo na educação. Seu trabalho influenciou os behavioristas principalmente porque esta foi uma escola voltada para a educação.
Primeira força da Psicologia: o Behaviorismo
A psicologia vista como ciência do comportamento passa a ganhar mais e mais adeptos e a importância de Watson está em ter enxergado de maneira clara o que a época estava exigindo. 
John Watson (1878 – 1958), opondo-se à psicologia estruturalista de Titchener e também ao funcionalismo postula que a psicologia deve ter como objeto de estudo o comportamento e suas interações com o ambiente
Proposta do Behaviorismo – A Psicologia é uma ciência do comportamento; puramente objetiva, uma ciência natural e não um estudo introspectivo da consciência. Investiga o comportamento animal e humano e não considera ideias mentalistas. Emprega apenas conceitos comportamentais como estímulo e resposta e tem como meta a previsão e o controle do comportamento.
Método - Observação com ou sem uso de instrumentos;
Métodos de teste – media a resposta do indivíduo à situação do estímulo de ser submetido ao teste
Método de relato verbal – mesmo sendo contrário à introspecção, admitia o relato verbal por serem observáveis objetivamente “falar é fazer, ou seja, comportar-se”
A admissão desse método foi muito controversa. Método do reflexo condicionado – adotado em 1915
Objeto de estudo do behaviorismo – Elementos do comportamento; Movimentos musculares; Secreções glandulares. Tratava somente dos atos passíveis de descrição objetiva, sem emprego de terminologia subjetiva ou mentalista.
Instinto – Inicialmente aceitou o papel dos instintos no comportamento e descreveu 11 instintos. Em 1925 reviu sua posição e eliminou o conceito de instinto. Negava os conceitos de instintos ou qualquer tipo de talento, temperamento ou potencial herdado. Enfatizava o efeito imperativo dos pais e do ambiente social. Todo comportamento era passível de aprendizagem, controle e previsão
Emoção – Respostas fisiológicas a estímulos específicos. Comportamento implícito no qual as reações internas são expressas por meio de manifestações físicas como rubor da face, transpiração aumento do batimento cardíaco, etc. 
Estudo clássico de Watson sobre as respostas emocionais de bebês. Afirmava que havia três padrões fundamentais de resposta emocional não aprendida: medo, raiva e afeto. Medo – provocado pelos ruídos altos e a perda de apoio; Raiva – restrição do movimento do corpo; Afeto – pelo toque carinhoso na pele
O pequeno Albert – O garoto inicialmente não demonstra qualquer medo de animais peludos, inclusive de ratos. Para estabelecer a relação de medo, provoca-se um alto barulho toda vez que o rato é apresentado. Depois a simples apresentação do rato já provocava a reação de medo. Esse medo generalizou-se a outros estímulos similares, coelho, casaco de pelos, etc. E Watson sugeriu que todos os medos do adulto eram condicionados no início da infância. Mary Cover Jones ficou interessada pelas pesquisas de Watson e realizou uma pesquisa com Peter de 3 anos que apresentava medo de coelhos. Enquanto a criança comia, um coelho era apresentado, mas a uma distância razoável para não provocar a resposta de medo. Depois de várias semanas o coelho foi sendo trazido progressivamente para mais perto até que o garoto conseguiu tocá-lo. Esse estudo tornou-se o precursor da terapia do comportamento.
Pensamento – Comportamento motor implícito; O comportamentodo pensamento envolvia movimentos ou reações de fala implícitas; Watson realizou experimentos para registrar movimentos da língua e da laringe durante o pensamento; alguns leves movimentos foram revelados, mas os resultados não foram considerados confiáveis; Watson continuou convicto dos movimentos implícitos do pensamento
Apelo popular – Watson e o behaviorismo respondeu a um clamor da sociedade baseado no comportamento controlado e moldado cientificamente, livre de conflitos, mitos costumes. Seus livros foram aclamados como um marco na história intelectual do homem. Introduziu conceitos de aprendizagem minimizando efeitos de tendências inatas quando afirmou que se fossem deixados aos seus cuidados 10 bebês ele poderia treiná-lo para que este se tornasse um especialista em qualquer área do conhecimento, que esse treinamento não dependia de talento, habilidade, vocação ou ancestralidade.
Watson estava convencido de que os distúrbios dos adultos estavam relacionados a respostas condicionadas na infância e na adolescência, portanto um programa de condicionamento infantil evitaria problemas posteriores e para isso desenvolveu um plano para a melhoria da sociedade baseado na ética experimental e nos princípios behaviorista. Na década de 1920 a psicologia tornou-se popular e o grande público estava convencido de que esta ciência poderia mostrar o caminho da felicidade, da saúde e da prosperidade, psicólogos escreviam colunas, falavam em programas de rádio, seu reconhecimento foi fundamental para o apoio oficial que veio a receber e Watson foi o grande responsável por essa popularização.
O Behaviorismo pode ser dividido em três momentos:
Primeiro estágio: Behaviorismo de Watson
Segundo estágio de 1930 a 1960: Behaviorismo radical Skinner; o Behaviorismo intencional de Tolman e o Neobehaviorismo de Hull 
Terceiro estágio: Sócio behaviorismo de 1960 a 1990 - Trabalhos de Bandura e Rotter
B. F. Skinner (1904 – 1990)
O trabalho de Skinner ficou conhecido como Behaviorismo radical e tem por base a formulação do condicionamento operante é uma situação de aprendizagem que envolve o comportamento emitido por um organismo em vez de eliciado por um estímulo detectável. Ocorre sem qualquer estímulo antecedente externo observável. 
Para melhor compreendermos a formulação de condicionamento operante devemos revisar os conceitos de comportamento reflexo ou respondente – não voluntário, ou seja, respostas a estímulos do ambiente. Por exemplo: contração das pupilas quando diante de uma luz forte; salivação excessiva provocada por uma gota de limão na língua; o arrepio da pele exposta ao ar frio, lágrimas ao descascar cebolas, etc. Esse comportamento reflexo são interações estímulo-resposta (ambiente-sujeito) incondicionadas, nas quais certos eventos ambientais confiavelmente eliciam certas respostas do organismo que independem de “aprendizagem”.
No início dos anos 30, na Universidade de Harvard, Skinner começou o estudo do comportamento justamente pelo comportamento respondente, que se tornara a unidade básica de análise, ou seja, o fundamento para a descrição das interações indivíduo ambiente. O desenvolvimento de seu trabalho levou-o a teorizar sobre um outro tipo de relação do indivíduo com seu ambiente, a qual viria a ser nova unidade de análise de sua ciência: o comportamento operante. Esse tipo de comportamento caracteriza a maioria de nossas interações com o ambiente. O comportamento operante abrange um leque amplo da atividade humana — dos comportamentos do bebê de balbuciar, de agarrar objetos e de olhar os enfeites do berço aos mais sofisticados, apresentados pelo adulto.
Para melhor compreender os conceitos desenvolvidos por Skinner vamos relembrar um conhecido experimento feito com ratos de laboratório. Tais experimentos permitiu fazer afirmações sobre o que chamaram de leis comportamentais.
Caixa de Skinner – ambiente controlado para proporcionar reforço positivo. Na Caixa de Skinner, um ambiente fechado que continha apenas uma barra que o rato devia pressionar para obter agua. Ao explorar a caixa, o ratinho acidentalmente pressiona a barra e obtém a tão desejada gota d’agua. Por ter obtido a água, o rato passa a pressionar a barra novamente, portanto ele opera sobre o ambiente. Difere do comportamento respondente de Pavlov onde o cão não fazia outra coisa senão reagir. Neste caso de comportamento operante, o que propicia a aprendizagem dos comportamentos é a ação do organismo sobre o meio e o efeito dela resultante — a satisfação de alguma necessidade, ou seja, a aprendizagem está na relação entre uma ação e seu efeito. Este comportamento operante pode ser representado da seguinte maneira: R —► S, em que R é a resposta (pressionar a barra) e S (do inglês stimuli) o estímulo reforçador (a água), que tanto interessa ao organismo; a flecha significa “levar a”. Este estímulo é chamado reforço.
Lei da aquisição refere-se à força de um comportamento operante aumenta quando, em seguida, recebe um estímulo reforçador.
Esquemas de reforço: Na caixa de Skinner, o comportamento do rato era reforçado cada vez que ele pressionava a barra, porém na vida real nem sempre isso ocorre e, por isso Skinner desejava sabe de que forma o reforço variável influenciava o comportamento. Skinner chamou de esquema de reforço às condições que envolvem diferentes razões ou intervalos de tempo entre reforços. Comparou taxas de respostas dos animais que recebia reforço em um intervalo específico de tempo – ou como exemplo o intervalo fixo como o pagamento de salários – os estudos de Skinner demonstraram que quanto menor o intervalo entre o reforço mais rápida é a resposta do animal.
Chamamos de reforço a toda consequência que, seguindo uma resposta, altera a probabilidade futura de ocorrência dessa resposta. O reforço pode ser positivo ou negativo. O reforço positivo é todo evento que aumenta a probabilidade futura da resposta que o produz. O reforço negativo é todo evento que aumenta a probabilidade futura da resposta que o remove ou atenua.
A esquiva é um processo no qual os estímulos aversivos condicionados e incondicionados estão separados por um intervalo de tempo apreciável, permitindo que o indivíduo execute um comportamento que previna a ocorrência ou reduza a magnitude do segundo estímulo.
A extinção é um procedimento no qual uma resposta deixa abruptamente de ser reforçada. Como consequência, a resposta diminuirá de frequência e até mesmo poderá deixar de ser emitida. O tempo necessário para que a resposta deixe de ser emitida dependerá da história e do valor do reforço envolvido.
A punição é outro procedimento importante que envolve a consequência de uma resposta quando há apresentação de um estímulo aversivo ou remoção de um reforçador positivo presente.
Modelagem ou método de aproximação sucessiva - treinos com os pombos - o organismo é reforçado à medida que seu comportamento ocorra em fases sucessivas ou consecutivas para se aproximar do comportamento final desejado. (= aprendizado da fala em crianças)
Modificação do comportamento – refere-se ao uso do reforço positivo para controlar ou modificar o comportamento individual ou coletivo
Segunda força: A Psicanálise – Sigmund Freud (1856 – 1939)
No Dicionário de Psicanálise de Elisabeth Roudinesco (2005, p. 603) sob o verbete Psicanálise encontramos a seguinte descrição:
Termo criado por Sigmund Freud, em 1896, para nomear um método particular de psicoterapia (ou tratamento pela fala) proveniente do processo catártico (catarse) de Josef Breuer e pautado na exploração do inconsciente, com a ajuda da associação livre, por parte do paciente e da interpretação, por parte do psicanalista. Por extensão, dá-se o nome de psicanálise:
1. Ao tratamento conduzido de acordo com esse método;
2. À disciplina fundada por Freud (e somente a ela), na medida em que abrange um método terapêutico, uma organização clínica, uma técnica psicanalítica, um sistema de pensamento e uma modalidade de transmissão do saber (análise didática, supervisão) que se apoia natransferência e permite formar praticantes do inconsciente;
3. Ao movimento psicanalítico, isto é, a uma escola de pensamento que engloba todas as correntes do freudismo.
No Dicionário de Psicanálise de Laplanche & Pontalis (1992, p. 384) encontramos a definição abaixo:
Psicanálise é a disciplina fundada por Freud e na qual podemos, com ele, distinguir três níveis:
A)	Um método de investigação que consiste essencialmente em evidenciar o significado inconsciente das palavras, das ações, das produções imaginárias (sonhos, fantasias, delírios) de um sujeito. Este método baseia-se principalmente nas associações livres do sujeito, que são a garantia da validade da interpretação. A interpretação psicanalítica pode estender-se a produções humanas para as quais não se dispõe de associações livres.
B)	Um método psicoterápico baseado nesta investigação e especificado pela interpretação controlada da resistência, da transferência e do desejo. O emprego da psicanálise como sinônimo de tratamento psicanalítico está ligado a este sentido; exemplo: começar uma psicanálise (uma análise).
C)	Um conjunto de teorias psicológicas e psicopatológicas em que são sistematizados os dados introduzidos pelo método psicanalítico de investigação e de tratamento.
Freud (1923/1996), no artigo “Dois verbetes de enciclopédia”, afirma que por Psicanálise entende-se:
1.	Procedimento para investigação dos processos mentais que, de outra forma, são praticamente inacessíveis;
2.	Um método baseado nessa investigação para o tratamento de distúrbios neuróticos;
3.	Uma série de concepções psicológicas adquiridas por esse meio e que se somam umas às outras para formarem progressivamente uma nova disciplina científica.
A Psicanálise apresenta por pilares teóricos os conceitos: inconsciente, complexo de Édipo, resistência, recalque e sexualidade e, sobre esses conceitos Freud afirma: A suposição de que há processos mentais inconscientes, o reconhecimento da teoria da resistência e da repressão, a consideração da sexualidade e do complexo de Édipo são os principais conteúdos da psicanálise e os fundamentos de sua teoria, e quem não puder aceita-los não deveria considerar-se um psicanalista. (Freud, 1923/2011, p. 292)
Teoria psicanalítica
Corpo de hipóteses a respeito do funcionamento e do desenvolvimento do homem;
Busca compreender tanto o funcionamento normal quanto patológico;
Suas diversas hipóteses se relacionam mutuamente;
Pressuposto básico: não existe descontinuidade na vida mental, portanto, nada que acontece é um puro acaso. Os desejos e as intenções subjazem às causalidades e os processos inconscientes desconhecidos dão uma aparência de descontinuidade na vida mental.
Freud realizou, ao longo de sua obra, algumas exposições sobre o desenvolvimento da psicanálise: “Cinco lições de Psicanálise” (1910/2011), “A História do movimento psicanalítico” (1914/1996) e “Autobiografia” (1925/2011); além desses artigos, o livro “Conferências Introdutórias à Psicanálise” (1916-1917/2014) apresenta uma série de palestras entre 1916 e 1917. 
O período que compreende os anos de 1893 a 1895 é considerado Período Pré Psicanalítico, caraterizado pelo uso da hipnose e da sugestão. Data deste período a publicação do livro “Estudos sobre a histeria” escrito por Freud e Breuer. No primeiro capítulo: “Sobre o mecanismo psíquico histérico. Comunicação Preliminar” (1893) texto escrito a quatro mãos, apresenta de forma “resumida, objetiva e intuitiva, o método catártico” (Rabêlo, 2011). 
A Psicanálise se interessa tanto pelo funcionamento normal quanto patológico e como uma disciplina científica desenvolveu uma série de hipóteses que se relacionam mutuamente. Destacam-se as duas hipóteses fundamentais da psicanálise (Brenner, 1975, pp. 17-30). São hipóteses relativas ao funcionamento e desenvolvimento da mente no homem
1.	Determinismo psíquico ou da causalidade;
Nada do que acontece na mente, assim como na natureza física, acontece por acaso. 
Cada evento psíquico é determinado por algo que o precedeu, mesmo que aparentemente não haja relação.
Não existe descontinuidade na vida mental
Qualquer fenômeno psíquico tem um significado, ou seja, não é acidental.
Os fenômenos psíquicos têm suas causas primeiras, ou foram provocados por um desejo ou intenção da pessoa e este desejo ou intenção pode ser consciente ou inconsciente. 
2.	A proposição de que a consciência é antes um atributo excepcional dos processos psíquicos que são, em sua grande maioria, inconscientes (tanto em frequência quanto em significado).
Muito do que acontece em nossa mente é inconsciente por isso há a aparência de uma descontinuidade na vida mental.
Pensamentos, sentimentos, sonhos, sintomas, esquecimentos têm uma relação com algo que aconteceu antes, a conexão pode ser um processo inconsciente, mas se as causas forem descobertas, ou melhor, se o inconsciente se tornar consciente, então as descontinuidades aparentes desaparecem e a cadeia causal torna-se clara.
	Exemplo:
Se não existe descontinuidade na vida mental, podemos considera-la, por analogia, como uma linha contínua.
Porém, temos lacunas de memória, coisas do nosso passado que simplesmente esquecemos ou coisas das quais não restaram qualquer memória.
Então nossa linha ficaria assim, apresentando uma série de lacunas, descontinuidade.
											
Para onde foram essas memórias? Freud postula que há um lugar – Inconsciente, portanto nossa figura ficaria assim:
 consciente
 inconsciente
Certas memórias foram retiradas do consciente e reprimidas, recalcadas no inconsciente.
Portanto, a pergunta é: porque certos fatos são empurrados para o inconsciente, porque são retirados da consciência?
O espaço vazio é preenchido por algo (fantasias, sintomas)
Leia o artigo: “Cinco lições de Psicanálise”, Sigmund Freud
A primeira teoria sobre a estrutura do aparelho psíquico
Em 1900, no livro A interpretação dos sonhos, Freud apresenta a primeira concepção sobre a estrutura e o funcionamento da personalidade. Essa teoria refere-se à existência de três sistemas ou instâncias psíquicas: inconsciente, pré-consciente e consciente. 
• O inconsciente exprime o “conjunto dos conteúdos não presentes no campo atual da consciência”7. É constituído por conteúdos reprimidos, que não têm acesso aos sistemas pré-consciente/consciente, pela ação de censuras internas. Estes conteúdos [pg. 73] podem ter sido conscientes, em algum momento, e ter sido reprimidos, isto é, “foram” para o inconsciente, ou podem ser genuinamente inconscientes. O inconsciente é um sistema do aparelho psíquico regido por leis próprias de funcionamento. Por exemplo, é atemporal, não existem as noções de passado e presente.
• O pré-consciente refere-se ao sistema onde permanecem aqueles conteúdos acessíveis à consciência. É aquilo que não está na consciência, neste momento, e no momento seguinte pode estar.
• O consciente é o sistema do aparelho psíquico que recebe ao mesmo tempo as informações do mundo exterior e as do mundo interior. Na consciência, destaca-se o fenômeno da percepção, principalmente a percepção do mundo exterior, a atenção, o raciocínio.
A segunda teoria do aparelho psíquico
Entre 1920 e 1923, Freud remodela a teoria do aparelho psíquico e introduz os conceitos de id, ego e superego para referir-se aos três sistemas da personalidade.
O id constitui o reservatório da energia psíquica, é onde se “localizam” as pulsões: a de vida e a de morte. As características atribuídas ao sistema inconsciente, na primeira teoria, são, nesta teoria, atribuídas ao id. É regido pelo princípio do prazer.
O ego é o sistema que estabelece o equilíbrio entre as exigências do id, asexigências da realidade e as “ordens” do superego. Procura “dar conta” dos interesses da pessoa. É regido pelo princípio da realidade, que, com o princípio do prazer, rege o funcionamento psíquico. É um regulador, na medida em que altera o princípio do prazer para buscar a satisfação considerando as condições objetivas da realidade. Neste sentido, a busca do prazer pode ser substituída pelo evitamento do desprazer. As funções básicas do ego são: percepção, memória, sentimentos, pensamento.
O superego origina-se com o complexo de Édipo, a partir da internalização das proibições, dos limites e da autoridade. A moral, os ideais são funções do superego. O conteúdo do superego refere-se a exigências sociais e culturais. 
Para compreender a constituição desta instância — o superego — é necessário introduzir a ideia de sentimento de culpa. Neste estado, o indivíduo sente-se culpado por alguma coisa errada que fez — o que parece óbvio — ou que não fez e desejou ter feito, alguma coisa considerada má pelo ego mas não, necessariamente, perigosa ou prejudicial; pode, pelo contrário, ter sido muito desejada. Por que, então, é considerada má? Porque alguém importante para ele, como o pai, por exemplo, pode puni-lo por isso. E a principal punição é a perda do amor e do cuidado desta figura de autoridade.
Portanto, por medo dessa perda, deve-se evitar fazer ou desejar fazer a coisa má; mas, o desejo continua e, por isso, existe a culpa. Uma mudança importante acontece quando esta autoridade externa é internalizada pelo indivíduo. Ninguém mais precisa lhe dizer “não”. É como se ele “ouvisse” esta proibição dentro de si. Agora, não importa mais a ação para sentir-se culpado: o pensamento, o desejo de fazer algo mal se encarrega disso. E não há [pg. 77] como esconder de si mesmo esse desejo pelo proibido. Com isso, o mal-estar instala-se definitivamente no interior do indivíduo. A função de autoridade sobre o indivíduo será realizada permanentemente pelo superego. É importante lembrar aqui que, para a Psicanálise, o sentimento de culpa origina-se na passagem pelo Complexo de Édipo. 
O ego e, posteriormente, o superego são diferenciações do id, o que demonstra uma interdependência entre esses três sistemas, retirando a ideia de sistemas separados. O id refere-se ao inconsciente, mas o ego e o superego têm, também, aspectos ou “partes” inconscientes.
E importante considerar que estes sistemas não existem enquanto uma estrutura vazia, mas são sempre habitados pelo conjunto de experiências pessoais e particulares de cada um, que se constitui como sujeito em sua relação com o outro e em determinadas circunstâncias sociais. Isto significa que, para compreender alguém, é necessário resgatar sua história pessoal, que está ligada à história de seus grupos e da sociedade em que vive.
No artigo de 1905 “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade infantil”, Freud escreveu
A pesquisa psicanalítica descobre que os sintomas patológicos dos doentes são ligados a impressões de sua vida amorosa, mostra que os desejos patogênicos são da natureza de componentes instintuais eróticos e nos obriga a supor que devemos atribuir a máxima importância aos distúrbios eróticos, entre as influências que conduzem à doença, e que isso ocorre em ambos os sexos.
O trabalho de análise requerido para o completo esclarecimento e a cura definitiva de um caso não se detém jamais nas vivências da época em que o paciente adoeceu, mas retrocede sempre até a puberdade e a primeira infância, para somente ali se deparar com as impressões e ocorrências determinantes para o adoecimento posterior. Apenas as vivências da infância explicam a suscetibilidade a traumas posteriores, e apenas desvelando e tornando conscientes esses traços mnemônicos quase invariavelmente esquecidos é que adquirimos o poder para eliminar os sintomas. Chegamos aqui ao mesmo resultado que na investigação dos sonhos, isto é, que são os desejos imorredouros reprimidos da infância que emprestam à formação dos sintomas a sua força sem a qual a reação aos traumas posteriores tomaria um curso normal. Mas podemos, de maneira bastante geral, designar como sexuais esses poderosos desejos infantis. 
Sobre a sexualidade infantil, “O instinto sexual da criança se revela bastante complexo, pode ser decomposto em muitos elementos que procedem de fontes diversas. E, sobretudo, é ainda independente da função de procriação, a cujo serviço se porá mais tarde”. 
Na primeira fase, chamamos de autoerotismo a satisfação encontrada pela criança em seu próprio corpo. Esse período é dividido em fases: oral, anal, fálica. A característica destas fases é que haverá locais importantes para a obtenção de prazer – zonas erógenas
Classificação e natureza dos impulsos (impulso – estímulo da mente, proveniente do corpo)
1ª formulação: Impulsos sexuais X Impulsos de auto conservação (logo abandonado - insatisfatório)
Após o abandono do instinto de autopreservação as manifestações instintivas forma representadas como parte ou derivada do impulso sexual
Freud revisa tal formulação a partir dos estudos de fenômenos psíquicos, em especial, do sadismo e do masoquismo
Impulso sexual X Impulso agressivo (a base somática não fica muito clara)
Componente erótico x componente destrutivo
Impulso sexual se associa a energia psíquica chamada libido ou destrudo para o impulso agressivo – Impulso de vida X Impulso de morte
Desejos, fantasias e os prazeres das crianças existem desde o início da vida e se desenvolvem, exceto por certo período de tempo (latência) – semente da sexualidade adulta. As raízes dos problemas emocionais das crianças e adultos, na maior parte das vezes, encontram-se nessa vida sexual inicial. Polimorfo perverso – primeiros prazeres, obtidos por meio de outros órgãos que não os genitais.
Teoria dos estágios psicossexuais – organização da libido – primado das zonas erógenas
Fase oral – primeiro ano de vida – boca, lábio, língua – introjeção. 
Primeiras preocupações deste período é a alimentação – ingestão de alimentos. Prazer do sugar – sugar peito da mãe, sugar o dedo, etc. Boca – primeira fonte de prazer assim como fonte de desprazer – fome, sede, necessidade de sugar insatisfeita. Prazer que pode ser alcançado sozinho – reprimidos à medida que a criança cresce.
Desmane – como foi feito? 
Fixação na fase oral – problemas alimentares – anorexia e bulimia, comer sem moderação.
Fase anal – de 1 a 1,5 / 2 anos – expulsão / retenção.
Presente que pode ser ofertado ou negado – isso é feito de modo natural ou há preocupação excessiva? Vergonhoso, nojento?
Treinamento de toalete – prematuro, tranquilo, ansioso, inexistente? 
Período sádico-anal – aparecimento do sadismo – as crianças tornam-se irritadas com as imposições impostas pela socialização
Desenvolvimento da dentição – capacidade de morder e machucar. Desenvolvimento de sentido de força física
Fixação anal – compulsão – colocar suas coisas no lugar certo, manter a ordem... no extremo transtorno obsessivo-compulsivo – mania de limpeza
Fase fálica – de 1,5 / 2 anos a 3 ou 4 anos – desejo de olhar / se exibir
Interesse pelas diferenças anatômicas entre os sexos; Prazer obtido pela estimulação dos órgãos sexuais; Ameaças de castração; Fixação na fase fálica – transição da primazia auto erótica para a sexualidade interpessoal ocorre de modo incompleto ou não acontece. 
Complexo de Édipo 
Aparece durante o desenvolvimento da criança e constituiu o organizador central da vida psíquica em torno do qual se estrutura a identidade sexual do indivíduo. É universal
Menino: primeiro de objeto de afeição é a mãe que ele deseja somente para si, entre os 3 e 5 anos, o amor sentido pela mãe leva o menino a rivalizar com o pai que ele passa a odiar (mas que também ama – levando a sentimentos de ambiguidade). O menino teme ser castrado pelo pai por causa de seus desejos incestuosos. Sob o efeito da angústia desencadeada pela ameaça de castração o menino acaba por renunciar à realização de seus desejos em relação à mãe – entrada na latência.Édipo positivo – o menino se identifica com seu rival – quer ser como o pai. Édipo negativo – o menino se identifica com a mãe, quer ser como ela.
Latência – período de maciça repressão sexual
Fase genital
Perversões – origem infantil
Desvios sexuais em relação ao objeto – em relação à pessoa a qual emana uma atração sexual
Predisposição universal para a bissexualidade – tendências femininas e masculinas coexistem desde o início em todo indivíduo, de forma que a escolha do objeto depende da predominância de uma tendência em relação à outra
Desvios sexuais em relação à meta sexual – em relação ao ato que leva a pulsão
A pulsão sexual se desintegra em vários elementos – pulsões parciais (de origem infantil)
Utilizar partes do corpo ou objetos de fetiche para satisfação sexual como substituto.
A sexualidade normal reúne as pulsões parciais e as colocam a serviço da maturidade genital
Sonhos
Semelhança exterior e parentesco com as criações das doenças psíquicas
Compatível com a plena saúde da vida em vigília
A criança e o adulto sonham com a realização de desejos despertados e não satisfeitos
Sonho adulto pode apresentar um conteúdo incompreensível, onde não se percebe a realização de qualquer desejo.
Processo de deformação
Transformação dos pensamentos oníricos do inconsciente em conteúdo manifesto do sonho.
Processos psíquicos: condensação e deslocamento
A análise dos sonhos verifica a importância da primeira infância; no sonho a criança continua a existir no adulto. Análise dos sonhos revela os desejos ocultos e reprimidos
O inconsciente utiliza símbolos para representar complexos sexuais – simbolismo utilizado em mitos e fábulas
Sonhos angustiados: reação negativa do Eu em relação aos desejos reprimidos que se tornaram fortes; os sonhos estão a serviço desses desejos reprimidos.
Conteúdo manifesto são os vários elementos que podem ser expressos, contados do sonho manifesto – a experiência consciente, durante o sono, que a pessoa pode ou não recordar ao acordar. 
Conteúdo latente – pensamentos ou desejos inconscientes que ameaçam acordar a pessoa.
Divide-se em três categorias principais:
Impressões sensoriais noturnas – o som de um despertador, sede, fome, desejo de urinar, dor, etc – às vezes participam do início do sonho e fazem parte do conteúdo latente.
A maioria dos estímulos sensoriais noturnos não perturba o sono;
A impressão sensorial perturbadora, durante o sono, pode acordar imediatamente a pessoa sem nenhum sonho.
Pensamentos e ideias relacionadas às atividades e preocupações com a vida normal. Incluem toda a variedade de interesses, recordações, comumente acessíveis ao ego, com todos os sentimentos pertinentes.
Impulsos do id, um ou vários, que ao menos em sua forma infantil original são banidas pelas defesas do ego, da consciência – parte reprimida. 
Elaboração do sonho – as operações mentais inconscientes por meio das quais o conteúdo latente do sonho se transforma em conteúdo manifesto. 	
O que me encanta ao ler Freud, quando o compreendo, é sua força, sua loucura, sua força louca e genial de querer explicar qual é a fonte íntima que nos anima, a nós humanos. O prazer de ler Freud é descobrir que, para além das palavras, é de nós que ele está falando (Nasio, 1999)
Psicopatologia da vida cotidiana 
Freud afirmou que os lapsos e fenômenos relacionados são resultado de uma ação proposital e intencional do indivíduo, embora a intenção seja desconhecida para o próprio autor, ou seja, inconsciente.
O estudo dos lapsos, esquecimentos e atos falhos demonstrou o domínio do inconsciente sobre a totalidade da vida consciente. Inclui: lapsos de linguagem, escrita, memória, esquecimentos, atos falhos; 
Lapsos de linguagem ou fala são frequentemente o resultado de uma falha na repressão total de algum pensamento ou desejo inconsciente
Chistes: expressão com humor, analogia com omissão, pensamento substitutivo mais ou menos distorcido.
Atos falhos
Esquecimento de coisas
Lapsos verbais
Lapsos de linguagem ou de audição
Atrapalhações na realização de simples tarefas
Perder coisas
Quebrar coisas
Atos ou gestos executados sem perceber
Todos esses atos têm significados e podem ser interpretados; representam impulsos e intenções que devem ser reprimidos; sintomas.
Gestalt
Palavra de origem alemã que significa: configuração, disposição, forma, etc.
Desenvolvimento histórico: Enquanto o Behaviorismo ganhava força nos EUA, a Psicologia da Gestalt está revolucionando a Psicologia na Alemanha. Seu início ocorreu em 1910 a 1912 em um movimento de protesto contra: a Psicologia Estruturalista de Wundt e Titchener; a Psicologia Behaviorista de Watson. Na Alemanha – Psicanálise de Freud completava um pouco mais de uma década.
A Psicologia da Gestalt rejeitou a tentativa de analisar a consciência em elementos componentes e sustentava que ao olharmos para o mundo a nossa percepção abrange os objetos na sua totalidade. Atribuíam valor a consciência, enquanto os behavioristas recusavam reconhecer o valor da consciência na psicologia científica.
Crítica: a percepção de um objeto não é igual a soma ou junção dos elementos. Os elementos que compõe um objeto, ao se combinarem, formam um novo padrão: O TODO É DIFERENTE DA SOMA DAS PARTES
A quais conclusões podemos chegar, particularmente no que se refere a aparência e essência? Um mesmo objeto, olhado de distâncias ou perspectivas diferentes podem se revelar de forma diferente. Podemos perceber que sempre há a possibilidade do engano, assim como há a possibilidade de todas as perspectivas serem parcialmente verdadeiras.
Principais nomes da Gestalt
Max Wertheimer (1880 – 1943)
Pesquisa – percepção do movimento aparente - Fenômeno phi – ilusão de que dois focos fixos de luz piscando estão em movimento de um lugar para o outro 
1912 – publicação dos “Estudos experimentais de percepção do movimento” – marco formal da escola de pensamento da Gestalt 
K. Kofka (1886 – 1941)
Foi o mais criativo entre os fundadores da Gestalt. Estudou com Carl Stumpf. Em 1921escreveu “The Growth of the mind” 
Explica as experiências iniciais de bebês – o crescimento promove aumento gradual da estrutura perceptual e cognitiva. Aborda a diferença entre a aprendizagem por insight e a compreensão em contraposição à aprendizagem mecânica feita por associação e condicionamento
Em 1922, publicou em uma revista americana o artigo intitulado “Perception; na introduction to the Gestalt-theory” onde aprensentou os princípios da Psicologia Gestalt. 
Não houve boa receptividade entre os leitores norte-americanos que tiveram a impressão que a Psicologia da Gestalt lidava apenas com o fenômeno da percepção
Em 1935 publica “Principles of Gestalt Psychology”. A psicologia da Gestalt preocupa-se com os processos cognitivos, as questões relacionadas ao pensamento, a aprendizagem e outros aspectos da mente consciente.
Kohler (1887 – 1967)
Porta-voz do movimento da Gestalt. Estudou com Carl Stumpf e em 1922, o substituiu na Universidade de Berlin.
Dizia que as Gestalten (formas e padrões) acontecia tanta na física quanto na psicologia. Em 1913 viajou para o Tenerife para estudar o comportamento dos chimpanzés, onde permaneceu por 7 anos e em 1929 publicou “Gestalt Psychology” uma descrição completa do movimento da Gestalt
Kölher permaneceu no Tenerife estudando macacos de 1913-1920. Ele acreditava que a resolução de problemas estava relacionada com a reestruturação do campo perceptual. Em 1927 escreveu “The Mentality of Apes”. Faz uma crítica à aprendizagem por ensaio e erro (Thorndike) e as ideais behaviorista. Evidências do insight, espontânea e aparente apreensão ou compreensão das relações 
Em 1930 Pavlov repetiu as experiências de Kölher e não as considerou diferente das experiências realizadas por Thorndike (tentativa e erro)
Kölher acreditava que o insight e as habilidades para resolver problemas demonstrados pelos chimpanzés eram diferentes da aprendizagem por ensaio-e-erro. 
Na visão da Gestalt, o organismo deve estar aptoa perceber as relações entre as várias partes do problema antes que a aprendizagem por insight ocorra. Para a Gestalt a aprendizagem envolve a reorganização ou reestruturação do ambiente psicológico do indivíduo.
Princípios que regem a formação de Gestalten perceptivas 
Princípio da relação figura-fundo: nossos interesses e objetivos momentâneos determinam que nossa percepção seja focalizada para certos aspectos de uma situação, o que se denomina de Figura. Quando focalizamos um aspecto, simultaneamente, excluímos todos os outros aspectos da percepção (que não nos “interessam” no momento), o que se denomina de Fundo.
Princípio da pregnância: quando percebemos um evento como natural e inevitável e atribuimos um sentido de organização, ou seja, damos uma Boa Forma ao que percebemos. Este princípio também é conhecido como Lei da Boa Forma. 
“Concluindo, nossa percepção não corresponde exatamente ao que acontece na realidade: vemos uma realidade “naturalmente distorcida”.
O todo e as partes – o todo é maior que a soma das partes
Quando os elementos sensoriais se combinam algo novo surge com qualidades não encontradas nos elementos que o compõe. O todo tem características que a soma das partes não tem. As propriedades de um todo não podem ser consideradas apenas como uma soma das propriedades separadas de suas partes. O todo é determinado pela configuração de seus elementos.
O postulado da Gestalt pode ser definido como: Todo processo consciente, toda forma psicologicamente percebida, está estreitamente relacionada com as forças integradoras do processo fisiológico cerebral. Para explicar a origem dessas forças integradoras, é atribuído ao SNC (sistema nervoso central) um dinamismo auto-regulador que procura uma estabilidade e tende a organizar as formas em “todos” coerentes e unificados. Essas organizações, originárias da estrutura cerebral, são espontâneas, independentes da nossa vontade.
Princípio da Relação Figura -Fundo
FIGURA: é o evento para a qual a foco de atenção (consciente) do indivíduo está voltada num dado momento, aqui e agora.
FUNDO: são os eventos para os quais o foco de atenção (consciente) do indivíduo não está voltado num dado momento, aqui e agora.
É a intenção (objetivos, necessidades, metas) do indivíduo que determinará aquilo que para ele no momento é figura.
A visão de um pôr de sol é a figura que se destaca sobre um fundo (paisagem). A figura se forma mais claramente que o fundo. Ela possui estrutura mais perfeita.
A distinção da figura-fundo se deve a existência de um contorno que separa a figura do fundo. Esse contorno é a fronteira física de ambos.
Características perceptivas na diferenciação figura-fundo
Só a figura tem forma, sendo o fundo dela destituído. A linha de contorno pertence a figura e não ao fundo. A figura projeta-se em um plano mais próximo do percebedor do que o fundo. Só a figura é objeto de evocação. A figura é uma estrutura forte enquanto o fundo é uma estrutura fraca.
Princípio da Pregnância ou Boa Forma – Existe uma tendência intrínseca no indivíduo para organizar em configurações aquilo que é percebido. Atribuir significado ao que se percebe é uma maneira de organizar ou de dar uma boa forma. As configurações tendem a ser percebidas de forma organizada, clara, nítida ou estável (BOA FORMA) quanto permitirem as condições vigentes.
Princípios de organização perceptual
Percebemos os objetos do mesmo modo que observamos o movimento aparente, como unidades completas e não como agrupamentos de sensações individuais
“Maneiras específicas” (leis) pelas quais a percepção dos eventos assume uma boa forma, em que se atribui um sentido de organização (ou pregnância) àquilo que é percebido. 
◦Proximidade; Continuidade; Semelhança; Preenchimento; Simplicidade; Figura/Fundo
Lei da familiaridade – No domínio da percepção, a experiência prévia desempenha um papel fundamental na determinação daquilo que é uma boa forma para o indivíduo. Existe uma tendência de atribuir um sentido de familiaridade (um significado) às situações percebidas com base na experiência prévia particular de cada indivíduo.
Formas familiares e dotadas de significado tendem a ser gestalten melhores do que formas não familiares e não dotadas de significado. A experiência prévia (anterior) do indivíduo determinará seu particular sentido de familiaridade.
Lei do agrupamento – Elementos percebidos são automaticamente e quase irresistivelmente agrupados a outros em função de: Sua proximidade (lei da proximidade); seu grau de semelhança (lei da similaridade)
Princípios de organização perceptual:
Proximidade – os elementos mais próximos tendem a ser agrupados
Semelhança – os elementos semelhantes são agrupados. Vemos três linhas e não quatro colunas.
Lei da Simetria – As configurações tendem a ser percebidas como mais simples, simétricas, regulares, equilibradas ou estáveis, quanto permitirem as condições vigentes.
Simetrizar assume o significado de tornar a situação percebida mais simples, mais clara, mais regular para o indivíduo. Muitas vezes para simplificar (simetrizar) uma situação, elementos são retirados (omitidos) ou acrescentados a ela. 
Lei da Continuidade – Existe uma tendência de dar prosseguimento, de dar uma boa continuação a um conjunto já formado, não destruindo a boa forma.
Lei do Fechamento ou Preenchimento –ocorre uma tendência de completar os elementos faltantes na figura para garantir sua compreensão.
Existe uma tendência de dar prosseguimento, de dar uma boa continuação a um conjunto já formado, não destruindo a boa forma.
Existe uma tendência dos elementos e eventos serem percebidos como formas bem definidas, completas acabadas.
Lei da Simplicidade
Simplicidade –tendência a vermos uma figura como tendo uma boa qualidade –simétrica, simples e estável.
Constância perceptual – Qualidade de integridade ou plenitude da experiência perceptual, que não se altera mesmo com a mudança dos elementos sensoriais
Gestalt-terapia – Frederick Perls
Criador da Gestalt-terapia, nasceu em Berlim no ano de 1893. Filho de pais judeus de classe média baixa. Estudou medicina e especializou-se em psiquiatria. Serviu como médico na Primeira Guerra Mundial. Em 1926 trabalhou com Kurt Goldstein no Instituto de Soldados com Lesões Cerebrais –compreendeu a importância de considerar o organismo humano como um todo. Em 1927 mudou-se para Viena e fez seu treinamento em Psicanálise. Foi analisado por William Reich e supervisionado por Karen Horney, Otto Fenichel e Helene Deutsch, entre outros.
Em 1933 com a ascensão do nazismo, Perls partiu para a Holanda e depois para a África do Sul, onde fundou o Instituto Sul-Africano de Psicanálise. Em 1936 retornou para Viena para apresentar um trabalho no congresso de Psicanálise e encontrar-se com Sigmund Freud. O encontro foi frustrante para Perls–durou apenas 4 minutos.
Anos depois Perls rompeu com o movimento psicanalítico e em 1946 migrou para os EUA. Em 1952, fundou o Instituto nova-iorquino de Gestalt Terapia. Nos anos 70 mudou-se para o Instituto Esalen, Califórnia, onde passou a lecionar. Morreu em 1970 em Vancouver local de sua primeira comunidade Gestáltica.
Livros escritos pelo autor:
1947 – Ego, hungerandagression - Explica a teoria da Gestalt-terapia a partir da psicanálise e da teoria da forma
1969 – Gestalt Teoria Explicada - Publicado pela SummusEd., discute a Gestalt-terapia e apresenta relato de sessões
1969 – In and Out th egarbage pail - Publicado pela SummusEd. com o título “Dentro e fora da Lata do Lixo”. Autobiografia, cheia de anedotas. Descreve as origens e o desenvolvimento da Gestalt-terapia
1973 – A abordagem Gestáltica; Testemunha ocular da terapia - Publicados em conjunto e postumamente. Exposição teórica; registros gravados de sessões.
Conceitos principais
O organismo como um todo. O organismo age e reage a seu meio com maior ou menor intensidade –comportamento humano consiste em níveis de atividades, considerados manifestação de todo-ser
O que o paciente fazfornece tanta informação a seu respeito quanto o que ele pensa ou diz
Não aceita a divisão mente/corpo; interno/externo. Os efeitos causais de um são inseparáveis dos efeitos causais do outro
Limite de contato entre o indivíduo e o meio define a relação. Em um indivíduo saudável esse limite é fluido –permitindo o contato e depois se afastando. Neurótico –funções de contato e afastamento estão perturbadas
Preponderância no como sobre o porquê - Na prática da Gestalt-terapia a ênfase está em ampliar constantemente a consciência da maneira como a pessoa se comporta e não se esforçar para analisar a razão pela qual a pessoa se comporta de tal forma
Conscientização - Ponto central da abordagem em Gestalt-terapia; Crescimento –processo de ampliação da consciência; Fuga do crescimento psicológico é uma fuga da conscientização; Continuum de consciência
Estar consciente é prestar atenção às figuras emergentes da própria percepção. 
Evitar a tomada de consciência é enrijecer o livre fluir natural do delineamento figura e fundo
Preponderância no como sobre o porque
Na prática da Gestalt-terapia a ênfase está em ampliar constantemente a consciência da maneira como a pessoa se comporta e não se esforçar para analisar a razão pela qual a pessoa se comporta de tal forma
Ênfase no aqui e agora - Os neuróticos são incapazes de viver no momento presente. 
A Gestalt-terapia não investiga o passado, convida o paciente a tornar-se consciente de sua experiência presente pressupondo que os fragmentos das experiências passadas surgirão na experiência presente.
Ansiedade –uma lacuna formada pela tensão entre o agora e o depois
Dinâmica
Crescimento psicológico
Para Perls, podemos escolher como nos relacionamos com o meio. Para o autor somos auto-apoiados e auto-regulados quanto ao fato de que reconhecemos nossa própria capacidade de determinar como nos apoiamos e regulamos dentro do campo que inclui muito mais que nós mesmos. 
Obstáculos do crescimento
Mecanismos neuróticos básicos que impedem o crescimento
Introjeção –engolir tudo
Projeção –responsabilizar o outro pelo que se origina no self
Confluência –não há limites entre o indivíduo e o meio
Retroflexão –voltar-se de forma ríspida contra
Abaixo destacamos algumas afirmações do autor:
Eu faço as minhas, e você as suas. Eu não estou neste mundo para viver as suas expectativas. E você não está neste mundo para viver as minhas. Você é você, e eu sou eu, e se, por acaso, nós nos encontrarmos, será lindo. Se não, nada se pode fazer
“Seja como você é. De maneira que possa ver quem és. Quem és e como és. Deixa por um momento o que deves fazer e descubra o que realmente fazes. Arrisque um pouco, se puderes. Sinta seus próprios sentimentos. Diga suas próprias palavras. Pense seus próprios pensamentos. Seja seu próprio ser. Descubra. Deixe que o plano pra você surja de dentro de você.”
"Amigo, não seja um perfeccionista. Perfeccionismo é uma maldição e uma prisão. Quanto mais você treme, mais erra o alvo. Você é perfeito, se permitir ser. Amigo, não tenha medo de erros. Erros não são pecados. Erros são formas de fazer algo de maneira diferente, talvez criativamente nova. Amigo, não fique aborrecido por seus erros. Alegre-se por eles. Você teve coragem de dar algo de si.“
FrederichPerls
Para conhecer um pouco mais do trabalho deste autor convidamos ao aluno que assista ao vídeo da entrevista de Perls com Gloria, uma simulação de atendimento psicoterapêutico. Disponível em https://www.youtube.com/watch?annotation_id=annotation_2003850655&feature=iv&src_vid=1cu9Tc0OxDg&v=E3fadQpJwds acesso em 19/09/2017. 
Psicologia Humanista - Influências anteriores
Para René Descartes – no século XVII que o corpo e a mente estão separados, mas interatuantes, enquanto que Wundt, no século XIX, propõe a divisão da mente em partículas elementares de sensações, sentimentos e imagens.
Brentano (1838-1917) se opôs à psicologia de Wundt, critica o reducionismo e o mecanicismo de sua abordagem e definia a psicologia como a ciência dos fenômenos psíquicos enfatizando o estudo da consciência. A psicologia humanista reflete um descontentamento manifestado na década de 60, como a contracultura, os hippies, as experiências com alucinógenos para ampliação da consciência. Esta abordagem propõe a realização pessoal, a ênfase no presente, o hedonismo, a valorização dos sentimentos em detrimento da razão e do intelecto. Para estes psicólogos, o behaviorismo reduzia o ser humano a um animal ou a uma máquina. Os humanistas consideravam o homem um ser muito mais complexo e, portanto, não poderia ser analisado e reduzido a unidades de estímulo-resposta (E-R). Mostravam-se contrários à psicanálise como uma abordagem que priorizava o estudo das disfunções mentais e que estudava o lado obscuro da personalidade, ignorando as forças e virtudes da natureza humana.
Muitos desenvolvimentos teóricos desta época apresentaram tentativas em unir corpo e mente, em estudar o homem como um todo e, estas tentativas provêm dos movimentos que foram denominados organísmico ou holístico. Estes movimentos encontraram adeptos na psicobiologia, na psicossomática, entre outros. Holos vem grego completo, inteiro, integral. O general sul-africano Jan Smuts que cunhou a palavra holismo em seu livro “Holism and Evolution” (1926). Na psicologia, a teoria holística foi influenciada pelo artigo de John Dewey “The reflex arc concept in psichology” (1896). 
O movimento da Gestalt está diretamente relacionado ao ponto de vista organísmico ao se contrapor à psicologia de Wundt e por propor um novo tipo de análise da experiência consciente. A Gestalt influenciou o pensamento moderno, mas não podemos considera-la estritamente uma psicologia organísmica por ter se restringido aos fenômenos da percepção consciente e não sobre a personalidade como um todo; portanto, a psicologia organísmica pode ser considerada uma extensão dos princípios da Gestalt ao organismo como um todo. A teoria organísmica, desenvolvida por Kurt Goldstein, tem em Abraham Maslow e Carl Rogers, os mais importantes e conhecidos teóricos.
Carl Rogers (1902 – 1987)1902 - Nasceu em 8 de janeiro, em Oaks Park, Illinois, EUA. Conclui a graduação em História em 1924
Publicou o seu primeiro livro: O tratamento clínico da criança-problema onde expôs o essencial das suas reflexões e pesquisas realizadas até aquele momento em 1939. Passou a ser mais conhecido como psicólogo clínico. 
Publicou o livro Aconselhamento e psicoterapia, Terapia Centrada no Cliente, ponto alto de suas reflexões na área, Tornar-se Pessoa, que rapidamente se tornou um best-seller mundial e em 1980 Um jeito de ser.
1987 - Em 4 de fevereiro, Rogers faleceu aos 85 anos de idade, em La Jolla. 
A teoria desenvolvida por Rogers é fenomenológica à medida em que enfatiza as experiências pessoais, seus sentimentos, valores, ou seja, tudo que se relaciona com a sua “vida interior”. Rogers desenvolveu sua teoria a partir de sua prática clínica. Seus alunos viam proximidade de suas ideias às dos filósofos Martin Buber e Sorem Kierkegaard (existencialismo) e o próprio autor descobriu paralelos de sua abordagem com as filosofias orientais, Zen-budistas e os trabalhos de Lao-Tsé. 
É importante ressaltar que sua experiência clínica desenvolveu-se em sua maior parte com estudantes universitários nos centros de aconselhamento, portanto com jovens inteligentes e comunicativos, os quais apresentavam problemas relacionados às questões de ajustes e não de distúrbios emocionais graves.
Para Rogers as pessoas usam as suas experiências para se definir. Enfatiza a importância da relação mãe e filho porque esta relação pode afetar o senso de self em evolução. O self tem uma ânsia pela auto-realização que é inata e, se a mãe satisfaz a necessidade de amor de seu bebê, ou seja, se lhe fornece atenção positiva, ele, o bebê terá provavelmente uma personalidade saudável, porém se a aceitação da mãe for condicional, ou seja, se ela exigir que a criança tenha um tipo de comportamento

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