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Pilar de Zircônia-Mesquita


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V. 3 | No 6 | Novembro • Dezembro | 2006 619 |
Trabalho Original
Pilar de zircônia: uma alternativa de resolução
estética anterior - Relato de caso clínico
Zirconia abutment: an alternative for
anterior esthetic resolution - A case report
Alfredo Mikail Melo Mesquita*
Rodrigo Othávio de Assunção e Souza**
Diego Klee de Vasconcelos***
Rander Pereira Avelar***
Marco Antônio Bottino****
* Doutorando em Odontologia Restauradora, Especialidade de Prótese Dentária - Faculdade de Odontologia de São José dos Campos - Unesp.
** Mestrando em Odontologia Restauradora, Especialidade de Prótese Dentária - Faculdade de Odontologia de São José dos Campos - Unesp.
*** Doutorando em Odontologia Restauradora, Especialidade de Prótese Dentária - Faculdade de Odontologia de São José dos Campos - Unesp.
**** Professor adjunto do Departamento de Materiais Odontológicos e Prótese, Faculdade de Odontologia de São José dos Campos - Unesp.
RESUMO
A estética vem-se tornando primordial na Odontologia devido à crescen-
te exigência por parte dos pacientes, o que tem levado ao desenvolvimen-
to de novos materiais e técnicas restauradoras. Dentre os novos recursos
estéticos, os pilares cerâmicos vêm ganhando popularidade por fornece-
rem às próteses implanto-suportadas livres de metal um substrato bas-
tante favorável esteticamente, comparado ao substrato metálico, e de re-
sistência confiável, surgindo como alternativa viável nas reabilitações pro-
téticas em regiões onde a estética é primordial. Sendo assim, o presente
artigo descreve o uso clínico de uma restauração implanto-suportada con-
feccionada sobre um pilar cerâmico de zircônio.
Unitermos - Implantes dentários; Cerâmicas; Óxido de zircônio.
ABSTRACT
The aesthetic has been becoming primordial in the Dentistry due to the growing
demand for part of the patients, which has been leading to the development of
new materials and restoring techniques. Among the new aesthetic resources, the
ceramic pillars are gaining popularity because of supplying, with the implant
supported prosthesis release of metal, a quite favorable substrate aesthetically,
compared to the metal substrate, and of reliable resistance, appearing like viable
alternative in the prosthetic rehabilitation in regions where the aesthetics is
primordial. Being so, the present article describes the clinical use of a supported
implant restoration made on a ceramic pillar of zirconium.
Key Words - Dental implants; Ceramics; Zirconium oxide.
Recebido em: abr/2006
Aprovado em: set/2006
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Alfredo Mikail Melo Mesquita l Rodrigo Othávio de Assunção e Souza l Diego Klee de Vasconcelos l Rander Pereira Avelar l Marco Antônio Bottino
Introdução
A estética nos dias atuais tornou-se imperativa na
Odontologia. De maneira que devemos reabilitar o pacien-
te funcional e esteticamente, observando a estética branca
(dentes) e a vermelha (gengiva).
A região maxilar anterior é freqüentemente chamada
de “zona estética”, por sua alta visibilidade e influência na
aparência facial. Um inconveniente para a reabilitação pro-
tética com implantes utilizando pilares convencionais em
titânio nesta região é a presença de tecido gengival delgado
e/ou recessões gengivais, causando à restauração uma apa-
rência desagradável9,11.
Portanto, o surgimento dos pilares estéticos, como o
pilar de zircônia (Conexão®), vem a preencher uma lacuna
deixada pelos pilares metálicos, que em determinadas situa-
ções, como no caso onde o paciente possui uma gengiva
muito delgada, a estética vermelha fica prejudicada2,6,9,10.
Atualmente, o mercado dispõe de alguns pilares to-
talmente cerâmicos pré-fabricados industrialmente, alta-
mente resistentes e com excelentes propriedades mecâni-
cas e ópticas; podendo ser a base Óxido de Alumínio (Ce-
radapt®; Procera Alumina personalizado®) e de Óxido de
Zircônio (Procera Zircônia personalizada®; Pilar Zircônia®;
Ankylos Cercon Balance®; Friadent CeraBase®; ZiReal®). A
introdução desses pilares cerâmicos proporcionou a obten-
ção da estética semelhante a do dente natural, bem como a
personalização que permite a realização do desenho do perfil
de emergência12,2,3.
Assim, a proposta do presente artigo é demonstrar
um caso clínico com a confecção e resultado estético de uma
restauração implanto-suportada confeccionada utilizando
um pilar cerâmico de zircônio.
Relato de Caso
Paciente do sexo feminino, 36 anos, necessitava de
reabilitação estética e funcional do elemento dentário 12
que, segundo ela, fora extraído durante a adolescência de-
vido a um trauma. Após instalação e período de osseointe-
gração do implante de 33 x15 mm (Figura 1), procedeu-se à
reabertura e o restabelecimento da arquitetura gengival uti-
lizando cicatrizador (Figuras 2 e 3).
Após a colocação do transferente, fez-se uma tomada
radiográfica da região para confirmação da adaptação do
mesmo no implante e, em seguida, realizou-se a moldagem
utilizando a técnica de moldeira fechada (Figuras 4 e 5).
O Pilar de Zircônia (Conexão®, São Paulo/Brasil) foi
aparafusado sobre o análogo do modelo, preparado no labo-
ratório com pontas montadas diamantadas para preparo de
prótese fixa e provado em boca com um guia de resina, com
a finalidade de se conferir a exatidão da posição do análogo
do implante por meio de radiografia periapical (Figuras 6, 7,
8 e 9). Em seguida, procedeu-se à confecção do coping em In-
Ceram Alumina que foi provado em boca (Figura 10) e após
transferência de maneira convencional foi aplicada sobre ele
uma cerâmica feldspática microparticulada de cobertura e
procedeu-se uma cimentação convencional com fosfato de
zinco (Vita VM7® - Vita) (Figuras 11 e 12).
Figura 1
Imagem radiográfica do implante
após período de osseointegração.
Figura 2
Vista vestibular do
cicatrizador em posição
para estabelecimento
da arquitetura gengival.
Figura 3
Vista frontal aproximada
do cicatrizador.
Figura 4
Vista frontal do transferente
aparafusado sobre o implante. Figura 5
Imagem radiográfica
confirmando adaptação do
transferente no implante.
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Alfredo Mikail Melo Mesquita l Rodrigo Othávio de Assunção e Souza l Diego Klee de Vasconcelos l Rander Pereira Avelar l Marco Antônio Bottino
Discussão
A perda de um elemento dentário na região anterior
da maxila representa uma dificuldade da situação clínica
para a confecção de uma restauração implanto-suportada,
onde tanto a estética quanto a função estejam aceitáveis,
uma vez que a perda do dente natural é freqüentemente
seguida pelo colapso dos tecidos duros e moles que fazem
parte do complexo mucogengival4.
Dessa forma, o tratamento com implante para repo-
sição dos elementos dentários, manutenção do tecido ós-
seo e da arquitetura gengival vem sendo utilizado com êxi-
to há alguns anos. Entretanto, para atender as necessida-
des estéticas atuais, os componentes metálicos estão dan-
do lugar aos componentes cerâmicos. Para comprovar tais
diferenças, em um estudo10 realizado em 2004, os autores
compararam clinicamente o resultado estético de um inci-
sivo central superior restaurados com dois tipos de restau-
rações implanto-suportadas, sendo um dos pilares de zir-
cônia e o outro metálico. Segundo eles, embora o resultado
estético final dos dois casos tenha sido considerado satisfa-
tório, diferenças puderam ser observadas.
Alguns autores7,8 ressaltam que o sucesso estético
de uma restauração implanto-suportada depende forte-
mente da aparência mucogengival do tecido periimplan-
tar, do material e da configuração da restauração, onde os
pilares confeccionados com materiais estéticos reduzem o
efeito escuro dos pilares metálicos e promovem uma apa-
rência mais agradável, tantopara a restauração quanto para
o tecido gengival. Já para outros5, o aspecto mais impor-
tante é o perfil de emergência. Para que ele seja adequado
é necessário que a margem da coroa fique, preferencial-
mente, ligeiramente submucosa; entretanto, o perfil de
emergência é criado pelo pilar, que deve ser individuali-
zado para cada situação.
No entanto, a incerteza de se utilizar materiais cerâ-
micos e não os tradicionais metálicos frente à resistência, à
tenacidade e à fratura, originou uma grande dúvida no
momento da utilização desses novos materiais.
Contudo, a indústria vem desenvolvendo materiais
que possuem um comportamento biológico tão eficiente
quanto o titânio e com boas propriedades mecânicas2.
Baseado nesses aspectos, em um estudo12 in vitro, os
autores avaliaram quantitativamente a resistência à fratura
de pilares implanto-suportados de Zircônio parcialmente
estabilizado por ítrio e os de alta pureza de Alumina densa-
mente sinterizados, restaurados com diferentes coroas ce-
râmicas. Os autores concluíram que ambos os pilares ce-
râmicos avaliados excederam os valores estabelecidos para
uma força incisal máxima relatada na literatura (90 N a
370 N), sendo o valor de 280,1 N (±103,1) para o pilar de
Alumina e 737,6 N (±245,.0) para o de Zircônio.
Figura 6
Vista anterior do Pilar
de Zircônia (Conexão®)
aparafusado ao
análogo no modelo.
Figura 7
Guia de resina em posição
para verificação da adapta-
ção do pilar cerâmico no
implante.
Figura 8
Imagem radiográfica
confirmando a adaptação
do pilar ao implante.
Figura 9
Vista frontal do pilar cerâmico
aparafusado ao implante.
Figura 12
Vista frontal do aspecto clínico
final da restauração cerâmica.
Figura 10
Vista vestibular do coping em
In-Ceram Alumina sobre o
pilar de Zircônia (Conexão®).
Figura 11
Vista lateral do aspecto clínico
final da restauração cerâmica.
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Alfredo Mikail Melo Mesquita l Rodrigo Othávio de Assunção e Souza l Diego Klee de Vasconcelos l Rander Pereira Avelar l Marco Antônio Bottino
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Oct;90(4):325-31.
Corroborando com esses achados, em um estudo1
in vivo, os autores compararam os resultados clínicos após
um (Grupo A) e três (Grupo B) anos da instalação de co-
roas suportadas por pilares cerâmicos do tipo CerAdapt
(grupo experimental) e por pilares de titânio do tipo Ce-
raOne. Observaram que apenas dois implantes CerAdapt
do Grupo A fraturaram, representando uma taxa de su-
cesso de 93% para o CerAdapt e de 100% para o CeraO-
ne. No Grupo B nenhuma falha ocorreu, representando
um sucesso de 100% para ambos os pilares. Assim, o pre-
sente estudo concluiu que o pilar cerâmico CerAdapt é
uma alternativa viável estética e funcionalmente para a
reposição de elementos dentários, embora a fratura de dois
desses pilares indiquem que os pilares cerâmicos são mais
sensíveis aos processos de manipulação quando compa-
rados ao pilares de titânio.
Conclusões
Dentro do contexto do caso clínico apresentado, é lí-
cito concluir que o pilar de zircônia oferece um substrato
favorável a confecção de coroas de cerâmica pura, permi-
tindo alcançar melhores resultados estéticos do que com-
ponentes metálicos na região anterior, sendo indicado mais
especificamente para regiões com espessura de gengiva in-
suficiente a mascarar um componente metálico.
Agradecimentos
Os autores agradecem ao técnico Nelson Ishihara (Laboratório Máster)
pelo trabalho protético gentilmente realizado.
Endereço para correspondência:
Alfredo Mikail Melo Mesquita
Rua Baturité, 54 - apto. 11 - Aclimação
01530-030 - São Paulo - SP
Tels.: (11) 5082-2546 /9615-1812
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