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CASO DO MENSALÃO

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
Pós-graduação em Direito Público: Administrativo, 
Constitucional e Tributário 
 
 
 
 
Resenha do Artigo 
"Marco Maia não descarta dar abrigo para impedir 
prisão de mensaleiros" 
 
 
 
Nome do aluno (a): 
 
 
 
 
 Trabalho da disciplina 
 Tópicos de Direito Constitucional 
 
 Tutor: Prof ª. Mariana Rasga 
 
 
 
 
Cidade/Estado 
2019 
 
 
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Resenha do Artigo Marco Maia não descarta dar abrigo para evitar 
prisão de mensaleiros 
 
(Agência Brasil, Agência Câmara e Estadão Conteúdo. Marco Maia não descarta dar abrigo 
para impedir prisão de mensaleiros. http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/marco-maia-nao-
descarta-dar-abrigo-para-impedir-prisao-de-mensaleiros. Dezembro, 2012) 
 
O artigo estudado trata sobre a investigação de parlamentares envolvidos no caso 
Mensalão e sobre a possibilidade da decretação de sua prisão, que seria feita pelo ministro do 
Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa. Também apresenta o posicionamento do então 
presidente da Câmara dos Deputados, o petista Marco Maia, sobre o fato de abrir os portões da 
Casa para impedir a prisão dos referidos parlamentares. 
Segundo o presidente da Câmara, a prisão dos parlamentares seria inconstitucional. 
Justificando seu posicionamento, Maia apontou a premissa constitucional que versa sobre a 
impossibilidade de prisão de um parlamentar, tendo com hipóteses para que seja feita somente 
os casos de flagrante delito ou após condenação transitada em julgado. Ao enfatizar a clareza 
do dispositivo constitucional, o petista ressaltou a necessidade de aguardar os acontecimentos 
para conhecer seu impacto e o posicionamento que o Parlamento e a Câmara tomariam. 
Sabe-se que os parlamentares têm privilégios e desfrutam de imunidades e prerrogativas 
por força da função que ocupam, tais como inviolabilidade penal ou material, processual, 
prisional, foro especial por prerrogativa de função, imunidade probatória e prerrogativa 
testemunhal. 
O artigo 53, caput, da Constituição Federal versa: "Os deputados e senadores são 
invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos". Tal 
imunidade alcança qualquer tipo de manifestação de pensamento no exercício da função, in 
officio ou propter officium, ou seja, dentro ou fora do Congresso. 
O mesmo artigo, em seu parágrafo segundo complementa:" Desde a expedição do 
diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de 
crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa 
respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão". 
 
 
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Assim sendo, observa-se que o parlamentar não pode sofrer prisão preventiva e tão 
pouco temporária. Até mesmo a prisão em flagrante tem uma observação: somente em crime 
inafiançável, exemplos são os crimes de racismo e hediondos. Somente a respectiva Casa pode 
deliberar ou não sobre a manutenção da prisão. Após a condenação criminal com sentença 
transitada em julgado é que o parlamentar pode ser preso e ter a perda do mandato decretada, 
conforme artigo 55, inciso VI da CF, salvo se já anteriormente cassado pela própria Casa 
legislativa pela falta de decoro parlamentar. 
Por prerrogativa de função, os parlamentares têm foro especial, sendo submetidos a 
julgamento perante o STF, artigo 53, parágrafo 1º, da CF, nas infrações comuns e também 
crimes eleitorais. Tal foro especial não alcança causas de natureza civil como protesto judicial, 
por exemplo, sem caráter penal (STF, Pet, 2.448-6, rel. Celso Mello, DJU 19.10.2001, p 53.). 
Em casos de crimes de responsabilidade, como infrações funcionais e falta de decoro, o 
parlamentar é julgado pela respectiva Casa Legislativa nos moldes do artigo 55 da Carta 
Magna. É o próprio Poder Legislativo que cassará o mandato do parlamentar nos casos de falta 
de decoro e não o STF. 
Sob os alicerces da Carta Magna, observa-se que o posicionamento do presidente da 
Câmara é coerente, uma vez que o Brasil adota a tradição civil law, ou seja, a orientação 
seguida é a da lei. Ao haver possível decretação de prisão pelo ministro Joaquim Barbosa, nota-
se a postura de common law, a qual ainda não incorporada em nosso ordenamento, apesar de se 
fazer presente em muitos pontos. 
Não há como se falar no caso do Mensalão sem observar que é um processo no qual a 
common law esteve presente. É um episódio muito nítido no direito brasileiro que abriu espaço 
para que o Poder Judiciário mudasse sua postura, antes totalmente apoiada na civil law. 
Ao observar os passos que o Judiciário tomou, resta o questionamento: até que ponto 
houve o ativismo proporcional, desejado para a manutenção do direito e justiça, projetando a 
imagem e força normativa da Constituição, visando a concretização de valores constitucionais, 
nas hipóteses de omissão do legislador democrático? Ou será que o capítulo Mensalão abriu 
portas ao mero decisionismo judicial do juiz solipsista e um risco ao Estado Democrático de 
Direito?

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