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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE ODONTOLOGIA CENTRO DE ORTODONTIA E ORTOPEDIA FACIAL PROF. JOSÉ ÉDIMO SOARES MARTINS EFETIVIDADE DO LASER DE CO2 EM ORTODONTIA SABRINA KÍVIA CORREIA GAMA CD ORIENTADORES: PROFA. DRA. TELMA MARTINS DE ARAÚJO PROF. DR. ANTÔNIO LUIZ BARBOSA PINHEIRO Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial. Salvador 2006 Ficha Catalográfica G184 GAMA, Sabrina Kívia Correia. Efetividade do laser de CO2 em Ortodontia. Salvador, UFBA, Faculdade de Odontologia, 2006. 64f. Dissertação: Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial Orientadores: Profa. Dra. Telma Martins de Araújo Prof. Dr. Antônio Luiz Barbosa Pinheiro 1. Laser 2. Ortodontia 3. Hiperplasia gengival 4. Dissertações I. Universidade Federal da Bahia – Faculdade de Odontologia II. Título CDU: 621.375.826 Aos meus pais, Ozéas e Socorro, Meus verdadeiros mestres de vida, Como agradecimento pelo apoio manifestado durante toda a minha formação. Dedico. AGRADECIMENTOS A Deus, acima de tudo, por estar sempre comigo me ajudando a tomar as decisões mais acertadas. À Coordenadora do Curso de Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia, Profa. Dra. Telma Martins de Araújo, pela disponibilidade e atenção sempre dispensadas durante o decorrer do curso. Aos Professores do Curso de Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial da FOUFBA, Dr. Fernando Habib, Dr. Rogério Ferreira, Dra. Fernanda Catharino, Dr. Marcos Allan Bitencourt, Dr. Márcio Sobral, Dr. Marcelo Castellucci, Dr. Rivail Brandão, Dra. Myrela Galvão e Dra. Luciana Gomes, pelas sugestões e críticas construtivas que muito contribuíram com a minha formação. Aos Professores Doutores Telma Martins de Araújo e Antônio Luiz Barbosa Pinheiro, pela dedicação sem fronteiras e pela segura orientação dessa pesquisa, minha sincera admiração. À minha irmã, Fanny, pelo contínuo incentivo. Ao meu noivo, Bruno, pelo fundamental apoio prestado durante os anos do curso. Às minhas amigas, Déa e Van, pelo companheirismo e amizade constantes. Ao amigo Thiago Vinhas, pela especial contribuição no início da pesquisa. Ao amigo Daniel Pozza, pelo elevado espírito de colaboração. Aos meus amigos singulares Daniel, Leonardo, Marcus, Rogério e Taiana, que dividiram comigo dois anos de dedicação intensa ao estudo da Ortodontia, por todos os nossos momentos de alegria, tão especiais, que deixarão saudades. Aos colegas da 4a e 6a turmas, pela assistência prestada durante a seleção dos pacientes para a pesquisa. RESUMO O laser de CO2 é um tipo de radiação não invasiva, muito bem tolerada pelos tecidos, que corta através da ablação tecidual. O meio ativo deste laser é uma mistura de dióxido de carbono, nitrogênio e hélio, com comprimento de onda de 10.600nm. Este estudo tem como objetivo avaliar a efetividade do uso do laser de CO2 na remoção de lesões de hiperplasia gengival em pacientes portadores de aparelho ortodôntico fixo e apresentar alguns casos clínicos onde a cirurgia com o laser teve indicação precisa. Foram selecionados 75 dentes com hiperplasia na região anterior e realizadas medidas do comprimento da coroa dentária e sondagem do sulco gengival. Após esta etapa, os pacientes eram encaminhados para a cirurgia de remoção das lesões. Os resultados mostraram que o laser proporcionou um aumento estatisticamente significante (p=0,000) no comprimento das coroas dentárias, que foi mantido ao longo de dois meses, não havendo contração tecidual. Em adição, ocorreu uma diminuição estatisticamente significante (p=0,000) da profundidade do sulco gengival após o procedimento cirúrgico. Paralelamente, foram identificados seis casos clínicos, envolvendo frenectomias, remoção do capuz gengival e aprimoramento da estética gengival, que foram tratados com o laser de CO2, apresentando resultados satisfatórios ao final do tratamento. Pode-se concluir que este laser se mostrou eficaz na remoção de lesões de hiperplasia gengival e que o mesmo pode ser utilizado em várias situações na clínica ortodôntica, a saber: frenectomias, remoção do capuz, obtenção de uma melhor forma e contorno gengival e resolução de assimetrias gengivais. PALAVRAS-CHAVE: Laser – Hiperplasia gengival - Ortodontia SUMMARY The CO2 laser is a type of not invasive radiation, very well tolerated for the tissues which cuts through by tissue ablation. The active environment of this laser is a mixture of carbon dioxide, nitrogen and helium, with wave length of 10.600nm. This study has as objective to assess the effectiveness of the use of the CO2 laser in the removal of gingival hyperplasia lesions in orthodontic patients and to present some clinical cases where the laser surgery had specific indication. 75 teeth with hyperplasia in the anterior region were selected and measurements of dental crown length and probing of gingival sulcus were carried out. After this stage, patients were sent for laser gingivectomy. Results displayed that laser provided a statistically significant (p=0,000) increase in the dental crown lengths, which were kept throughout two months, not occurring tissue contraction. In addition, a statistically significant (p=0,000) reduction of gingival sulcus depth was observed after surgery. Parallel, were identified six clinic cases involving frenectomy, gingival hood removal and improvement of the gingival aesthetics, which were treated with CO2 laser, showing satisfactory results at the end of treatment. It can be concluded that this laser displayed effectiveness on the removal of gingival hyperplasia lesions and it can be used in many situations on orthodontic practice, such as: frenectomy, gingival hood removal, attainment of better gingival shape and contour and gingival asymmetries resolution. KEY-WORDS: Laser – Gingival hyperplasia - Orthodontics ÍNDICE Página 1 INTRODUÇÃO 12 2 PROPOSIÇÃO 21 3 ABORDAGEM EXPERIMENTAL 22 4 DESENVOLVIMENTO SEQUENCIAL DA PESQUISA 28 28 45 4.1 Artigo 1: Avaliação clínica do uso do laser de CO2 em pacientes ortodônticos com hiperplasia gengival 4.2 Artigo 2: Utilização do laser de CO2 em Ortodontia Página 5 CONCLUSÃO 58 REFERÊNCIAS59 ANEXOS 63 12 1 INTRODUÇÃO A busca pela estética é um dos principais motivos que levam os pacientes à terapia ortodôntica. Do ponto de vista do sorriso, percebe-se um crescente apelo da sociedade moderna na busca de sorrisos bonitos e saudáveis (ARAÚJO et al., 2005). A análise deste deve ser realizada considerando o posicionamento vertical dos dentes anteriores em relação à postura labial em repouso e ao sorrir, os corredores bucais, as características do arco do sorriso e a relação vertical das margens gengivais (SARVER, 2004). As características desejáveis da forma e das proporções dos dentes, estética gengival e relações entre dentes e gengiva estão definidas na literatura (SARVER, 2004). O contorno gengival ideal é caracterizado pela forma da papila interdental e margens gengivais igualmente afiladas na região cervical dos dentes. Como, nem sempre, o ortodontista consegue realizar ajustes nesse contorno, alguns problemas são negligenciados (SARVER; YANOSKY, 2005a). Pacientes que realizam terapia ortodôntica fixa frequëntemente apresentam uma hiperplasia gengival (ZACHRISSON, 1999), que é geralmente atribuída a inflamação (JARJOURA, 2005). Por definição, hiperplasia é a ampliação do 13 tamanho de um tecido ou órgão pelo aumento do número das células que o compõem (GLICKMAN, 1954). A hiperplasia gengival pode ocorrer isolada ou associada a alguma síndrome (PALMA et al., 2001). Sabe-se que causa problemas tanto estéticos quanto funcionais, como por exemplo, alterações no posicionamento dentário (BITTENCOURT et al., 2000). Acomete comumente pacientes jovens, tanto a maxila quanto a mandíbula (GONÇALVES et al., 1994). Para que o tratamento de pacientes ortodônticos portadores de hiperplasia tenha sucesso é importante a integração entre o ortodontista, o periodontista e o cirurgião buco-maxilo-facial (CLOCHERET et al., 2003). Algumas alterações nos tecidos moles, não tão significantes como a aparência estética da margem gengival, podem afetar o resultado final do tratamento ortodôntico, merecendo, portanto, cuidados desses profissionais (HILGERS; TRACEY, 2004). Em alguns casos, embora a gengiva não esteja hiperplásica, existe indicação de intervenção periodontal para o aumento do tamanho da coroa clínica de elementos dentários durante ou após o tratamento ortodôntico (ZACHRISSON, 1999). A margem gengival livre é, na maioria das vezes, arredondada, de modo a formar uma pequena invaginação ou sulco entre o dente e a gengiva. Quando uma sonda periodontal é inserida nesta invaginação e forçada apicalmente na direção da junção cemento-esmalte, o tecido gengival é separado do dente e um sulco gengival é aberto artificialmente. Assim, na gengiva clinicamente sadia não há, em verdade, sulco gengival presente, pois a gengiva está em íntimo contato com a superfície do esmalte. Após a erupção dentária ter sido completada, a margem gengival livre fica localizada na superfície do esmalte cerca de 0,5 a 2mm coronariamente à junção cemento-esmalte (LINDHE; KARRING, 1999). Uma 14 profundidade maior que 3 a 4mm representa uma pseudobolsa (NYMAN; LINDHE, 1999). A hiperplasia gengival pode ser tratada através da gengivectomia, que consiste na remoção cirúrgica do tecido hiperplásico, juntamente com a remoção mecânica da placa e um controle efetivo da higiene bucal (ZACHRISSON, 1999). As vantagens da gengivectomia convencional, realizada com bisturi, são o custo e a durabilidade dos instrumentos; porém, estes necessitam de constante e correta esterilização e suas superfícies cortantes deverão ser eficazes para se evitar dano tecidual adicional (PINHEIRO; FRAME, 1998b). A eletrocirurgia é outra modalidade de tratamento usada nas cirurgias orais. Contudo, seu uso resulta em um considerável dano térmico aos tecidos adjacentes, o qual é imediatamente reconhecido na forma de um forte odor e pelo acúmulo de restos teciduais no local de aplicação. Seu uso é restrito em pacientes portadores de marcapasso cardíaco e em pacientes que foram submetidos a radioterapia (PINHEIRO; FRAME, 1998a). Uma outra forma de tratamento da hiperplasia gengival é através do uso dos laseres. Laser é uma abreviação para Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation, ou seja, amplificação da luz por emissão estimulada de radiação (TÚNER; HODE, 2002). A utilização deste recurso na Odontologia, através de suas inúmeras propriedades terapêuticas, tem despertado o interesse de profissionais e pesquisadores, desde o seu desenvolvimento em 1960 - Theodore Maiman, laser Rubi (PINHEIRO, 1998a). Os equipamentos podem levar uma grande quantidade de energia aos tecidos com extrema precisão. A atuação desta tecnologia nos diferentes tecidos 15 resulta, a depender do tipo do laser, em efeitos térmicos, fotoquímicos e não- lineares (PINHEIRO, 1998b). A radiação corta através da ablação dos tecidos. Isto significa que a temperatura celular é elevada rapidamente pela absorção da energia laser na melanina das células, provocando a explosão das mesmas (SARVER; YANOSKY, 2005a). Esta radiação é eletromagnética não ionizante, sendo um tipo de fonte luminosa com características bastante distintas de uma fonte de luz fluorescente ou de uma lâmpada comum. São as características especiais desse tipo de luz que a faz possuir propriedades terapêuticas importantes (WALSH, 2003). A radiação não é invasiva e é muito bem tolerada pelos tecidos (PINHEIRO, 1998b). O laser pode liberar energia no modo contínuo ou pulsátil. No modo contínuo, os tecidos tendem a absorver mais energia, resultando em maior aquecimento. Já no modo pulsátil, entre os pulsos de energia é permitido o esfriamento dos mesmos. A quantidade de calor gerada durante o processo leva a efeitos colaterais e desconforto pós-operatório. Devido a isso, o laser deve ser ajustado para o modo pulsátil quando utilizado nos procedimentos em tecidos moles (SARVER; YANOSKY, 2005a). Existem três tipos principais de laseres que podem ser usados como instrumentos de terapêutica cirúrgica na cavidade oral: os laseres de Neodímio:YAG (Nd:YAG), de Argônio (Ar) e de dióxido de carbono (CO2). O comprimento de onda desses laseres são diferentes, o que determina a visibilidade e os efeitos biológicos dos mesmos (LUOMANEM, 1998). A absorção do raio do laser de Nd:YAG, que possui um comprimento de onda de 1,06 micrometros (µm), é difusa e é transmitida aos tecidos. O alvo é 16 destruído principalmente por um processo de coagulação. O Nd:YAG pode coagular vasos de até 5mm de diâmetro (LUOMANEM, 1998). O laser de Argônio opera num espectro que varia do azul ao verde, com comprimentos de onda da ordem de 0,488 a 0,514µm. A capacidade de corte deste laser na mucosa oral é muito superficial, e ele funciona principalmente como um coagulador tecidual (LUOMANEM, 1998). O meio ativo do laser de CO2 é uma mistura de CO2, nitrogênio e hélio (PINHEIRO, 1998a), que usualmente produz radiação com comprimento de onda (λ) de 10.600nm. O longo comprimento de onda tem a vantagem de ser altamente absorvido por tecidos que contêm água em grande extensão, apresentando evaporação mais fácil e proporcionando remoção das lesões sem causar uma queimadura profunda (TÚNER; HODE, 2002). Segundo Hilgers e Tracey (2004), cria-se um feixe de luz delicado que é monocromático (o que significa que ele tem um único comprimento de onda) e é colimado por um tubo filamentoso (ou seja,a onda de luz corre paralela a outra ao invés de ser divergente). Outras propriedades do laser que o fazem diferente da luz comum são: é unifásico - as ondas de luz têm picos e vales sincronizados - e intenso - capaz de mudar a natureza dos tecidos alvejados. Além do laser cirúrgico para remoção da hiperplasia, poderia ser utilizado a laserterapia, visando a biomodulação dos tecidos para se obter supressão da dor, redução do edema e aceleração da cicatrização. Mas, um estudo realizado com o laser diodo de arseneto de gálio e alumínio, λ670nm, através de fotografias em vários tempos, sugeriu que este laser não acelerou a cicatrização da mucosa oral (DAMANTE et al., 2004). 17 As aplicações do laser em uma variedade de procedimentos odontológicos são crescentes e têm se mostrado bastante interessantes, particularmente para cirurgia de tecidos moles (FRAUNHOFER; ALLEN, 1993, TÚNER; HODE, 2002), condicionamento do esmalte dentário e para facilitar a descolagem de bráquetes ortodônticos (FRAUNHOFER; ALLEN, 1993). Além disso, pode-se utilizar o laser em Ortodontia com as finalidades de: acelerar reparação óssea na região de sutura após a expansão rápida da maxila; diminuir odontalgia decorrente da movimentação ortodôntica; polimerização da resina durante a colagem de bráquetes; holografia, que permite o armazenamento das imagens em modelos de gesso; scanner a laser permitindo a utilização das imagens tridimensionais no diagnóstico e planejamento do tratamento ortodôntico ou ortodôntico-cirúrgico, diagnóstico de lesões de mancha branca em pacientes ortodônticos; inter-relação Ortodontia-Periodontia e reparo de úlceras traumáticas decorrentes dos acessórios ortodônticos (NEVES et al., 2005). O uso do laser cirúrgico na Ortodontia pode ser utilizado com o objetivo de se obter uma melhor forma e contorno gengival, aumentar o comprimento das coroas clínicas, conseguir a proporcionalidade dentária ideal e resolver assimetrias gengivais, de forma a permitir uma excelente finalização da estética do sorriso. Em adição, bráquetes podem ser fixados imediatamente após a gengivectomia pois o laser sela a incisão, não ocorrendo sangramento. Quando o primeiro pré-molar é colocado na posição do canino (nos casos de ausência congênita de incisivo lateral), sua coroa pode estar encurtada e alguns clínicos recomendam intrusão do mesmo e a colocação de uma coroa metaloplástica. Uma outra abordagem para esta situação, seria o aumento da coroa clínica com 18 gengivectomia a laser. Em pacientes que requerem grandes quantidades de fechamento de espaço, frequentemente o tecido gengival se torna redundante no espaço interdental. Este problema, embora seja exacerbado pela higiene oral deficiente, ocorre principalmente devido à grande quantidade de espaço existente. Contudo, este tecido residual pode ser reduzido com o laser (SARVER; YANOSKY, 2005b). Muitos procedimentos cirúrgicos de rotina, como frenectomia, tratamento de hiperplasias gengivais, remoção de hiperplasias resultantes do uso de dilantina, aprofundamento de sulco, redução de tuberosidade maxilar, são rotineiramente feitos com laser de CO2 (PINHEIRO, 1998a). O laser de CO2 age em pequenos vasos promovendo a coagulação sangüínea, sendo possível trabalhar de forma controlada (TÚNER; HODE, 2002). Por esta razão, é bastante utilizado em cirurgia de lesões vasculares. Seu uso transforma uma ferida contaminada ou infectada em uma ferida estéril. Isto é de suma importância em pacientes nos quais o controle de infecções é crítico, como por exemplo, pacientes com problemas imunológicos, com endocardite bacteriana, entre outros. Ocorre também redução da possibilidade de difusão de células anormais devido ao vedamento de vasos linfáticos, pouca contração e pouca formação de cicatrizes (PINHEIRO, 1998a) e ainda diminuição da dor pós- operatória (PINHEIRO, 1998a, TÚNER; HODE, 2002). Quando cortando, evaporando ou coagulando o tecido, a dor persiste somente por poucos segundos depois da cirurgia, isto devido à formação de neuromas térmicos. O resultado estético final é muito mais aceitável do que na gengivectomia convencional (TÚNER; HODE, 2002). O laser de CO2 é um método rápido e eficaz no tratamento de lesões pré-malignas, desde que a invasão não 19 tenha ocorrido. Ele permite uma remoção precisa das lesões, com a possibilidade de utilização de um microscópio cirúrgico acoplado à unidade de laser. Na maioria dos casos, o uso de suturas e de cimento cirúrgico não é necessário, porque a ferida é deixada para cicatrizar por segunda intenção (PINHEIRO, 1998a), sendo recoberta por um “cimento” biológico resultante da coagulação superficial de proteínas (PINHEIRO; FRAME, 1998b), o que faz com que esta técnica seja indicada para o tratamento da hiperplasia gengival em pacientes portadores de retardo mental, pois evita-se a remoção não-intencional do cimento cirúrgico (HOED-PETERSEN, 1993). A vantagem principal do uso do laser de CO2 no tratamento das lesões de hiperplasia gengival é proporcionar o mínimo de sangramento e dor – possibilitando o tratamento de todos os quadrantes da cavidade bucal em uma única sessão – além de minimizar o desconforto pós-operatório, o que é uma consideração importante especialmente quando a intervenção é realizada em crianças (MASON; HOPPER, 1994). Ainda uma outra vantagem da referida técnica é a redução no volume de contração da ferida cirúrgica, no tamanho das cicatrizes e uma melhora na qualidade destas (PINHEIRO; FRAME, 1998b). Um fator importante é que o paciente tratado com laser geralmente não apresenta dificuldades na execução de suas atividades normais após a cirurgia, porque o desconforto decorrente do trauma cirúrgico é mínimo (PINHEIRO, 1998b). E, contrariamente ao pensamento comum, o uso da radiação laser não é contra- indicado em pacientes gestantes, ou em indivíduos portadores de marcapasso, nem causa interferência nos equipamentos de monitoração (PINHEIRO, 1998a). 20 A preservação da profundidade sulcular de no mínimo 1mm é essencial para prevenir mudanças no estabelecimento da gengiva marginal no pós- operatório (JARJOURA, 2005). Contudo, a despeito das muitas vantagens do uso do laser de CO2, temos que relacionar as suas desvantagens: o tamanho do equipamento, o custo elevado e a necessidade de treinamento do pessoal (TÚNER; HODE, 2002). É um tipo de laser que apresenta uma certa dificuldade de manuseio pois não contacta o tecido durante a fase de corte, não havendo feedback táctil durante a incisão cirúrgica (SARVER; YANOSKY, 2005b). Portanto, é de fundamental importância que o ortodontista tenha conhecimento da possibilidade de tratamento da hiperplasia gengival durante e/ou após a terapia ortodôntica corretiva com o laser de CO2 contribuindo, assim, para uma melhor saúde gengival durante o tratamento e adequada estética quando da finalização dos mesmos. 21 2 PROPOSIÇÃO 2.1 Avaliar a efetividade do uso do laser de CO2 na remoção de lesões de hiperplasia gengival em pacientes portadores de aparelho ortodôntico fixo. 2.2 Indicar diferentes aplicações clínicas do laser de CO2 em Ortodontia 22 3 ABORDAGEM EXPERIMENTAL Para a realização desta pesquisa foram selecionados dez (10) pacientes, portadores de hiperplasia gengival na região ântero-superior e/ou ântero-inferior, que estão sendo tratados ortodônticamente com aparelho Edgewise Standard, no Centro de Ortodontia e Ortopedia Facial Prof. José Édimo SoaresMartins – FOUFBA. Nestes foram identificados setenta e cinco (75) dentes com hiperplasia gengival na região anterior. Pacientes que estavam fazendo uso de alguma medicação anticonvulsivante ou que exibissem algum comprometimento motor foram excluídos da amostra. Caso apresentassem hiperplasia na região posterior, estas também seriam tratadas, mas somente as lesões anteriores foram utilizadas para pesquisa. Inicialmente, os indivíduos foram submetidos aos exames prévios para a realização do procedimento cirúrgico a laser: hemograma completo, coagulograma e glicemia em jejum. Caso o paciente apresentasse, nestes exames, alguma alteração que necessitasse de mais investigação, como por exemplo, diabetes, hipertensão, esta seria realizada previamente ao procedimento cirúrgico. 23 Antes da intervenção cirúrgica os pacientes foram submetidos às seguintes etapas: profilaxia, registros fotográficos, sondagem e medição do comprimento das coroas dentárias. - Profilaxia: os arcos ortodônticos foram removidos e uma profilaxia com jato de bicarbonato (Profident – Dabi Atlante®) foi realizada tomando-se o cuidado de posicionar a ponta do jato no sentido cérvico-incisal, numa inclinação de 450 em relação ao dente (Fig. 1). Figura 1- Profilaxia - Registros Fotográficos: com finalidade de registro, fotografias foram realizadas com a câmara digital de 6MP, marca Canon, modelo Rebel com lente Canon 100mm 2.8 macro. O foco foi manual e a distância de foco fixada. - Sondagem: a profundidade do sulco gengival foi medida com sonda periodontal graduada da marca SS White Duflex (Fig. 2 - A, B e C). A sondagem foi realizada em três posições na face vestibular – distal (Posição 1), mediana (Posição 2) e mesial (Posição 3) – e os dados foram anotados em uma ficha (Anexo 1). Uma profundidade maior que 3mm representava uma pseudobolsa (NYMAN; LINDHE, 1999), e tinha indicação de intervenção. 24 - Medição do comprimento das coroas dentárias: esta medição compreendia a distância da borda incisal à margem gengival, no seu longo eixo, e foi realizada com o auxílio de um paquímetro digital graduado de 0 a 150mm (Fig. 3 - A e B). Todos os dados foram anotados numa Ficha Clínica (Anexo 1). Figura 3- Medição da coroa dentária: A e B- pré-cirúrgico. C e D- pós-cirúrgico Figura 2- Sondagem: A, B e C- pré-cirúrgico; D, E e F- pós-cirúrgico imediato A B C A B C D D E F E 25 - Cirurgia a laser: os procedimentos cirúrgicos foram realizados no Centro de Laser da FOUFBA, utilizando um aparelho de laser de CO2 (SHARPLAN 20C, TELAVIV, ISRAEL). O equipamento apresentava um comprimento de onda de λ10.600nm, potência média de 5W, o foco de 0,2mm e o raio foi focado/desfocado, em corrente contínua. As cirurgias foram realizadas por um único profissional com formação acadêmica nas especialidades de Periodontia e Laser. Para orientação deste profissional, foi idealizado um mapa, onde foram marcadas em azul as áreas que deveriam ser removidas em altura, e em vermelho, as áreas que seriam removidas em espessura (Fig. 4). Figura 4- Mapa para planejamento das cirurgias Após terem sido submetidos à anestesia local intra-oral com Lidocaína a 2% contendo Epinefrina 1:100.000, os pacientes tiveram as lesões hiperplásicas removidas através de incisão e/ou vaporização com o laser de CO2. A remoção tecidual foi seguida pela plastia do contorno gengival. Não foram utilizadas suturas 26 ou cimento cirúrgico. No pós-operatório foi prescrito um analgésico que o paciente já tivesse o hábito de tomar em caso de dor e os pacientes deveriam seguir um protocolo de higienização por 15 dias. Este protocolo consistia na escovação do local com uma escova periodontal Colgate Professional Ultra Macia®, juntamente com o creme dental Colgate Total, três vezes por dia, e uso do fio dental, duas vezes por dia. Quanto à alimentação, os pacientes eram instruídos a fazerem uso de alimentos frios ou gelados apenas no dia da cirurgia. Para a realização das frenectomias, remoção do capuz gengival e cirurgias para o aprimoramento da estética gengival foram tomados os mesmos cuidados no pré-operatório, trans e pós-cirúrgicos. As avaliações clínicas (sondagem e medições do comprimento da coroa dentária) e os registros fotográficos ocorreram em quatro tempos: antes da cirurgia (Tempo 0), imediatamente após a cirurgia (Tempo 1), 1 mês (Tempo 2) e 2 meses após o procedimento cirúrgico (Tempo 3). As figuras 2 (D, E e F) e 3 (C e D) ilustram, respectivamente, as medições da profundidade do sulco gengival e do comprimento da coroa dentária no Tempo 1. Imediatamente após as avaliações clínicas e os registros fotográficos pós- cirúrgicos, os arcos ortodônticos em uso foram recolocados. Todos os dados foram tabulados e submetidos à análise estatística. Foram utilizados os testes t-student, ANOVA e Tukey para avaliar a diferença entre os grupos, com um nível de significância de 5%. 27 Este trabalho foi encaminhado para o Comitê de Ética em Pesquisa da Maternidade Climério de Oliveira – UFBA, tendo sido aprovado conforme parecer/resolução no 111/2005, desta instituição. 28 4 DESENVOLVIMENTO SEQÜENCIAL DA PESQUISA 4.1 ARTIGO 1 Avaliação clínica do uso do laser de CO2 em pacientes ortodônticos com hiperplasia gengival. Sabrina Kívia Correia Gama. Antônio Luiz Barbosa Pinheiro. Telma Martins de Araújo. A ser enviado para publicação no periódico Photomedicine and Laser Surgery. 29 Avaliação clínica do uso do laser de CO2 em pacientes ortodônticos com hiperplasia gengival GAMA, S. K. C.; PINHEIRO, A. L. B.; ARAÚJO, T. M. RESUMO A hiperplasia gengival é bastante freqüente em pacientes que realizam terapia ortodôntica fixa. Uma das formas de tratamento dessa hiperplasia é através do uso dos laseres. O objetivo deste estudo foi avaliar a efetividade do uso do laser de CO2 na remoção de lesões de hiperplasia gengival em pacientes portadores de aparelho ortodôntico fixo. Para tanto, foram selecionados dez pacientes e nestes identificados um total de 75 dentes com hiperplasia na região anterior. Foram realizadas medidas do comprimento da coroa dentária, com o auxílio de um paquímetro digital, e sondagem do sulco gengival. Após esta etapa, os pacientes eram encaminhados para o procedimento cirúrgico de remoção das lesões. Os resultados mostraram que o laser proporcionou um aumento estatisticamente significante (p=0,000) no comprimento das coroas dentárias, que foi mantido ao longo de dois meses, não havendo contração tecidual. Adicionalmente, ocorreu uma diminuição estatisticamente significante (p=0,000) da profundidade do sulco gengival após o procedimento cirúrgico. Foi observada ausência de sangramento durante e após as cirurgias. Pode-se concluir que o laser de CO2 se mostrou efetivo na remoção de lesões de hiperplasia gengival. PALAVRAS-CHAVE: Laser – Hiperplasia gengival - Ortodontia 30 INTRODUÇÃO Pacientes que realizam terapiaortodôntica fixa frequëntemente apresentam hiperplasia gengival (ZACHRISSON, 1999), que é geralmente atribuída a inflamação (JARJOURA, 2005). Sabe-se que causa problemas tanto estéticos quanto funcionais, como por exemplo, alterações no posicionamento dentário (BITTENCOURT et al., 2000). Acomete comumente pacientes jovens, tanto a maxila quanto a mandíbula (GONÇALVES et al., 1994). Algumas alterações nos tecidos moles, não tão significantes como a aparência estética da margem gengival, podem afetar o resultado final do tratamento ortodôntico, merecendo, portanto, cuidados de profissionais como ortodontistas, periodontistas e cirurgiões (HILGERS; TRACEY, 2004). Em alguns casos, embora a gengiva não esteja hiperplásica, existe indicação de intervenção periodontal para o aumento do tamanho da coroa clínica de elementos dentários durante ou após o tratamento ortodôntico (ZACHRISSON, 1999). A margem gengival livre é, na maioria das vezes, arredondada, de modo a formar uma pequena invaginação ou sulco entre o dente e a gengiva. Após a erupção dentária ter sido completada, essa margem fica localizada na superfície do esmalte cerca de 0,5 a 2mm coronariamente à junção cemento-esmalte (LINDHE; KARRING, 1999). Uma profundidade maior que 3 a 4mm representa uma pseudobolsa (NYMAN; LINDHE, 1999). A hiperplasia gengival pode ser tratada através da gengivectomia, que consiste na remoção cirúrgica do tecido hiperplásico, juntamente com a remoção mecânica da placa e um controle efetivo da higiene bucal (ZACHRISSON, 1999). 31 Uma outra forma de tratamento da hiperplasia gengival é através do uso dos laseres. Laser é uma abreviação para Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation, ou seja, amplificação da luz por emissão estimulada de radiação (TÚNER; HODE, 2002). Existem três tipos principais de laseres que podem ser usados como instrumentos de terapêutica cirúrgica na cavidade oral: os laseres de Dióxido de Carbono (CO2), de Neodímio:YAG (Nd:YAG) e de Argônio (Ar) (LUOMANEM, 1998). O meio ativo do laser de CO2 é uma mistura de CO2, nitrogênio e hélio (PINHEIRO, 1998a). Um feixe de luz delicado que é monocromático (o que significa que ele tem um único comprimento de onda) é criado e é colimado por um tubo filamentoso (ou seja, a onda de luz corre paralela a outra ao invés de ser divergente). Outras propriedades do laser que o fazem diferente da luz comum são: é unifásico - as ondas de luz têm picos e vales sincronizados - e intenso - capaz de mudar a natureza dos tecidos alvejados (HILGERS; TRACEY, 2004). A ponta do laser corta através da ablação dos tecidos. Isto significa que a temperatura celular é elevada rapidamente pela absorção da energia laser na melanina das células, provocando a explosão das mesmas (SARVER; YANOSKY, 2005). A radiação não é invasiva e é muito bem tolerada pelos tecidos (PINHEIRO, 1998b). Seu uso em pacientes ortodônticos visa obter uma melhor forma e contorno gengival, aumentar o comprimento das coroas clínicas, conseguir a proporcionalidade dentária ideal e corrigir assimetrias gengivais (SARVER; YANOSKY, 2005). Muitos procedimentos cirúrgicos de rotina, como frenectomia, tratamento de hiperplasias gengivais, remoção de hiperplasias resultantes do uso 32 de dilantina, aprofundamento de sulco, redução de tuberosidade maxilar, são rotineiramente feitos com laser de CO2. O laser promove esterilização da ferida cirúrgica, redução da dor pós-operatória, e, na maioria dos casos, dispensa o uso de suturas e de cimento cirúrgico, porque a ferida é deixada para cicatrizar por segunda intenção. É um método rápido e eficaz no tratamento de lesões pré- malignas, desde que a invasão não tenha ocorrido. Ele permite uma remoção precisa das lesões, com a possibilidade de utilização de um microscópio cirúrgico acoplado à unidade de laser (PINHEIRO, 1998a). A vantagem principal do uso do laser de CO2 no tratamento das lesões de hiperplasia gengival é proporcionar o mínimo de sangramento e dor – possibilitando o tratamento de todos os quadrantes da cavidade bucal em uma única sessão – além de minimizar o desconforto pós-operatório, o que é uma consideração importante especialmente quando a intervenção é realizada em crianças (MASON; HOPPER, 1994). Outras vantagens da referida técnica é a redução no volume de contração da ferida cirúrgica devido a uma menor quantidade de miofibroblastos encontrados do que nas cirurgias convencionais (FREITAS et al., 2002), diminuição do tamanho das cicatrizes e uma melhora na qualidade destas (PINHEIRO; FRAME, 1998). Sendo assim, este trabalho objetivou avaliar a efetividade do uso do laser de CO2 na remoção de lesões de hiperplasia gengival em pacientes portadores de aparelho ortodôntico fixo. 33 MATERIAL E MÉTODO Para a realização desta pesquisa foram selecionados dez (10) pacientes, portadores de hiperplasia gengival na região ântero-superior e/ou ântero-inferior, que estão sendo tratados ortodônticamente com aparelho Edgewise Standard, no Centro de Ortodontia e Ortopedia Facial Prof. José Édimo Soares Martins – FOUFBA. Nestes foram identificados setenta e cinco (75) dentes com hiperplasia gengival na região anterior. Pacientes que estavam fazendo uso de alguma medicação anticonvulsivante ou que apresentassem algum comprometimento motor foram excluídos da amostra. Inicialmente, os indivíduos foram submetidos aos exames prévios para a realização do procedimento cirúrgico a laser, que foram: hemograma completo, coagulograma e glicemia em jejum. Antes da intervenção cirúrgica os pacientes foram submetidos às seguintes etapas: profilaxia, sondagem e medição do comprimento das coroas dentárias. - Profilaxia: os arcos ortodônticos foram removidos e uma profilaxia com jato de bicarbonato (Profident – Dabi Atlante®) foi realizada tomando-se o cuidado de posicionar a ponta do jato no sentido cérvico-incisal, numa inclinação de 450 em relação ao dente (Fig. 1). Figura 1- Profilaxia 34 - Sondagem: a profundidade do sulco gengival foi medida com sonda periodontal graduada da marca SS White Duflex (Fig. 2 - A, B e C). A sondagem foi realizada em três posições na face vestibular – distal (Posição 1), mediana (Posição 2) e mesial (Posição 3) – e os dados foram anotados em uma ficha (Anexo 1). Uma profundidade maior que 3mm representava uma pseudobolsa (NYMAN; LINDHE, 1999), e tinha indicação de intervenção. - Medição do comprimento das coroas dentárias: esta medição compreendia a distância da borda incisal à margem gengival, no seu longo eixo, e foi realizada com o auxílio de um paquímetro digital graduado de 0 a 150mm (Fig. 3 - A e B). Todos os dados foram anotados numa Ficha Clínica (Anexo 1). Figura 2- Sondagem: A, B e C- pré-cirúrgico; D, E e F- pós-cirúrgico imediato A B C D E F 35 - Cirurgia a laser: os procedimentos cirúrgicos foram realizados no Centro de Laser da FOUFBA, utilizando um aparelho de laser de CO2 (SHARPLAN 20C, TELAVIV, ISRAEL). O equipamento apresentava um comprimento de onda (λ) de 10.600nm, potência média de 5W, o foco de 0,2mm e o raio foi focado/desfocado, em corrente contínua. As cirurgias foram realizadas por um único profissional com formação acadêmica nas especialidades de Periodontia e Laser. Para orientação deste profissional, foi idealizado um mapa, onde foram marcadas em azul as áreas que deveriam ser removidas em altura, e em vermelho,as áreas que seriam removidas em espessura (Fig. 4). Figura 4- Mapa para planejamento das cirurgias Após terem sido submetidos à anestesia local intra-oral com Lidocaína a 2% contendo Epinefrina 1:100.000, os pacientes tiveram as lesões hiperplásicas Figura 3- Medição da coroa dentária: A e B- pré-cirúrgico. C e D- pós-cirúrgico D B C D A B C A B 36 removidas através de incisão e/ou vaporização com o laser de CO2. A remoção tecidual foi seguida pela plastia do contorno gengival. Não foram utilizadas suturas ou cimento cirúrgico. No pós-operatório foi prescrito um analgésico que o paciente já tivesse o hábito de tomar em caso de dor e os pacientes deveriam seguir um protocolo de higienização por 15 dias. Este protocolo consistia na escovação do local com uma escova periodontal Colgate Professional Ultra Macia®, juntamente com o creme dental Colgate Total, três vezes por dia, e uso do fio dental, duas vezes por dia. Quanto à alimentação, os pacientes eram instruídos a fazerem uso de alimentos frios ou gelados apenas no dia da cirurgia. As avaliações clínicas (sondagem e medições do comprimento da coroa dentária) ocorreram em quatro tempos: antes da cirurgia (Tempo 0), imediatamente após a cirurgia (Tempo 1), 1 mês (Tempo 2) e 2 meses após o procedimento cirúrgico (Tempo 3). As figuras 2 (D, E e F) e 3 (C e D) ilustram, respectivamente, as medições da profundidade do sulco gengival e do comprimento da coroa dentária no Tempo 1. Imediatamente após as avaliações clínicas e os registros fotográficos pós- cirúrgicos, os arcos ortodônticos em uso foram recolocados. Todos os dados foram tabulados e submetidos à análise estatística. Foram utilizados os testes t-student, ANOVA e Tukey para avaliar a diferença entre os grupos, com um nível de significância de 5%. 37 RESULTADOS Nos dez (10) indivíduos que participaram da pesquisa, foram gerados 75 unidades de análise em cada tempo, sendo estes, pré-cirúrgico (Tempo 0), pós- cirúrgico (Tempo 1) e um mês após o procedimento (Tempo 2). No Tempo 3 (dois meses após o procedimento), foram utilizadas 61 unidades de análise devido à perda de informação (18,67%). Foi testada a normalidade das variáveis através do teste de Kolmogorov- Smirnov, onde se identificou distribuição normal e, portanto, a média e o desvio padrão foram as estimativas utilizadas nas testagens estatísticas. Na Tabela 1, observa-se as medidas (em mm) de tendência central e dispersão do comprimento da coroa dentária (CD), em cada tempo. Tabela 1 Medidas de tendência central e dispersão do CD em cada tempo. Medida Tempo Média Desvio padrão 0 7,41 1,22 1 8,19 1,19 2 8,33 1,22 CD 3 8,57 1,13 No Gráfico 1, visualiza-se variação do comprimento da coroa dentária em relação ao tempo. 38 temp CD 3210 8,8 8,6 8,4 8,2 8,0 7,8 7,6 7,4 7,2 Gráfico 1 Média e intervalo de confiança a 95% do comprimento da coroa dentária (CD) em relação ao tempo (temp). Como na sondagem do sulco gengival, as posições 1 (disto-vestibular) e 3 (mésio-vestibular) apresentaram ao longo do tempo, um comportamento semelhante, as mesmas foram agrupadas para a análise como pode ser visto no Gráfico 2. temp so nd v 3210 2,4 2,2 2,0 1,8 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 Gráfico 2 Média e intervalo de confiança a 95% da profundidade do sulco gengival na face vestibular (sondv) - posições 1 e 3 - em relação ao tempo (temp). A sondagem da posição 2 (vestibular mediana) na face vestibular em relação ao tempo é apresentada no Gráfico 3. 39 temp so nd v 3210 1,4 1,3 1,2 1,1 1,0 0,9 0,8 0,7 Gráfico 3 Média e intervalo de confiança a 95% da profundidade do sulco gengival na face vestibular (sondv) - posição 2- em relação ao tempo (temp). DISCUSSÃO De acordo com Sarver e Yanosky (2005) o tratamento com laser proporciona aumento no comprimento das coroas clínicas dos dentes. Este trabalho confirma esta afirmação, pois pode-se observar que na Tabela 1 (pág. 37), do Tempo 0 (pré-cirúrgico) ao Tempo 1 (pós-cirúrgico imediato), ocorreu um aumento estatisticamente significante no comprimento das coroas dentárias (Gráf. 1, pág. 38). As medidas apresentaram diferenças estatisticamente significantes entre o Tempo 0 e o Tempo 1, ocorrendo no Tempo 1, um aumento do comprimento da coroa dentária após o uso do laser de CO2 (p=0,000). Este resultado se manteve ao longo dos Tempos 2 e 3, não havendo diferenças estatisticamente significantes entre estes. Com esta constatação pode-se inferir que não houve contração tecidual após a realização de gengivectomia a laser, concordando com Luomanen (1998) e Freitas et al. (2002). Na avaliação da sondagem, o laser proporcionou uma diminuição significativa na profundidade do sulco gengival nas três posições da face 40 vestibular. Como as posições 1 e 3 apresentaram um comportamento semelhante, ao longo do tempo, as mesmas foram agrupadas para análise. No Gráfico 2 (pág. 38) pode-se observar que houve uma diminuição estatisticamente significante (p=0,000) na profundidade do sulco gengival após o procedimento cirúrgico com o laser, mantendo este resultado até dois meses após o procedimento. O Gráfico 3 (pág. 39) revela uma diminuição significativa (p=0,000) da profundidade do sulco gengival, que pôde ser observada imediatamente após o procedimento cirúrgico. Um mês após a cirurgia, ocorreu um aumento desse valor, possivelmente devido ao restabelecimento das condições de normalidade da gengiva do paciente, já que no Tempo 1, pós-cirúrgico imediato, muitas vezes a sonda periodontal não conseguia penetrar no sulco devido a um selamento da margem gengival pela ação do laser. Os Tempos 2 e 3 não apresentaram diferenças estatisticamente significantes entre si. Os resultados da gengivectomia a laser, no que diz respeito ao aumento de coroa clínica e a diminuição da profundidade do sulco gengival, foram mantidos ao longo de dois meses. Nos casos onde, além do aumento gengival no sentido vertical, existia também um aumento em espessura, os resultados da cirurgia a laser também se mantiveram. Não houve necessidade de utilização de suturas nem de cimento cirúrgico, o que concorda com Pinheiro (1998a) e Pinheiro e Frame (1998) quando afirmam que a ferida cirúrgica é deixada para cicatrizar por segunda intenção, sem utilização de suturas ou cimento cirúrgico. Mason e Hopper (1994), Pinheiro (1998a) e Túner e Hode (2002) relatam haver uma redução da dor pós-operatória depois do procedimento cirúrgico feito 41 com laser de CO2. Nesta pesquisa, apesar da recomendação feita aos pacientes para no caso de dor fazerem uso de analgésico, todos afirmaram não ter utilizado tal medicamento e revelaram que o procedimento não é desconfortável. Quanto à alimentação, foram instruídos a fazerem uso de alimentos frios ou gelados apenas no dia da cirurgia. Os pacientes só reclamaram do odor exalado durante o ato cirúrgico, mas todos revelaram que se submeteriam ao procedimento novamente, se necessário. Inicialmente, foi aventada a indicação do uso de gluconato de clorexidina a 0,12% por 30 segundos uma vez ao dia, como coadjuvante da limpeza mecânica, mas esta etapa foi suspensa pois imediatamente após a cirurgia, os pacientes apresentavam a gengiva muito sensível e dois diasapós, a região já se apresentava cicatrizada. Os pacientes responderam bem à orientação quanto à higienização. Foi possível trabalhar de forma mais controlada devido à não ocorrência de sangramento durante o ato cirúrgico, o que concorda com Túner e Hode (2002) quando afirmam que o laser de CO2 age em pequenos vasos promovendo a coagulação. Pinheiro (1998a) afirma que o laser transforma uma ferida infectada em uma ferida estéril. Neste trabalho, não foi observado nenhum caso de infecção. Não foi encontrado na literatura nenhum trabalho que utilizasse o laser de CO2 nas cirurgias de pacientes ortodônticos. 42 CONCLUSÃO O laser de CO2 se mostrou eficaz na remoção de lesões de hiperplasia gengival. Pode-se observar que os resultados obtidos com o procedimento cirúrgico, quanto ao aumento do comprimento da coroa clínica e à diminuição da profundidade do sulco gengival, foram mantidos ao longo do período observado. REFERÊNCIAS BITTENCOURT, L. P. et al. Hereditary gingival fibromatosis: review of the literature and a case report. Quintessence Int., v. 31, n. 6, p. 415-418, June 2000. FREITAS, A. C. et al. Assessment of the behavior of myofibroblasts on scalpel and CO2 laser wounds: an immunohistochemical study in rats. J. Clin. Laser Med. Surg., v. 20, n. 4, p. 221-225, 2002. GONÇALVES, F. A. et al. Fibromatoses gengivais: aspectos gerais de interesse. Rev. Odontol. UNICID., v. 6, n. 1, p. 57-63, jan./jun. 1994. HILGERS, J. J.; TRACEY, S. G. Clinical Uses of Diode Lasers in Orthodontics. JCO, v. 38, n. 5, p. 266-273, May 2004. JARJOURA, K. Soft tissue lasers. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v. 127, n.5, p. 527-528, May 2005. LINDHE, J.; KARRING, T. Anatomia do Periodonto. 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Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. p. 537-580. 44 ANEXOS ANEXO 1 FICHA CLÍNICA Paciente:_______________________________________________________ Telefone:___________________ Fase:______________________ 1- Profilaxia _____ 2- Sondagem Obs.: __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 3- Medições: 13= CD:_____ 12= CD:_____ 11= CD:_____ 21= CD:_____ 22= CD:_____ 23= CD:_____ 33= CD:_____ 32= CD:_____ 31= CD:_____ 41= CD:_____ 42= CD:_____ 43= CD:_____ 4- Fotografia_____ 13 43 23 33 45 4.2 ARTIGO 2 Utilização do laser de CO2 em Ortodontia. Sabrina Kívia Correia Gama. Antônio Luiz Barbosa Pinheiro. Telma Martins de Araújo. A ser enviado para publicação no periódico Journal of Clinical Orthodontics. 46 Utilização do laser de CO2 em Ortodontia GAMA, S. K. C.; PINHEIRO, A. L. B.; ARAÚJO, T. M. RESUMO O laser é um tipo de radiação não invasiva, muito bem tolerada pelos tecidos moles, que corta através da ablação tecidual. A cirurgia a laser proporciona uma melhor forma e contorno gengival, aumento de coroa clínica, proporcionalidade dentária ideal, resolução de assimetrias gengivais, de forma a prover uma agradável estética do sorriso em pacientes ortodônticos. Um tipo de laser bastante utilizado nestas cirurgias é o de CO2, que é uma mistura de dióxido de carbono, nitrogênio e hélio. Com vistas à divulgação deste tema na Ortodontia, serão apresentados alguns casos clínicos onde a cirurgia com o laser de CO2 teve indicação precisa, como frenectomias, remoção de capuz gengival, correção de hiperplasias gengivais e aprimoramento da estética gengival. PALAVRAS-CHAVE: Laser – Ortodontia – Estética INTRODUÇÃO A busca pela estética é um dos principais motivos que levam os pacientes à terapia ortodôntica. Do ponto de vista do sorriso, percebe-se um crescente apelo da sociedade moderna na busca de sorrisos bonitos e saudáveis (ARAÚJO et al., 2005). A análise deste deve ser realizada considerando o posicionamento vertical dos dentes anteriores em relação à postura labial em repouso e ao sorrir, os 47 corredores bucais, as características do arco do sorriso e a relação vertical das margens gengivais (SARVER, 2004). O contorno gengival ideal é caracterizado pela forma da papila interdental e margens gengivais igualmente afiladas na região cervical dos dentes. Como, nem sempre, o ortodontista consegue realizar ajustes nesse contorno, alguns problemas são negligenciados (SARVER; YANOSKY, 2005a). A interação entre ortodontistas, periodontistas e cirurgiões é de grande importância para o diagnóstico do sorriso e finalização estética dos dentes anteriores (SARVER, 2004). A maioria dos ortodontistas está familiarizada com o termo laser mas desconhecem seu valor em sua prática ortodôntica (SARVER; YANOSKY, 2005a). Laser é uma abreviação para Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation, ou seja, amplificação da luz por emissão estimulada de radiação. São inúmeras as possibilidades de utilização desta técnica, que é composta por diversos equipamentos com funções diferentes, obtendo-se, por exemplo, resultados muito favoráveis para a realização de cirurgias de tecidos moles bucais (TÚNER; HODE, 2002). As mais freqüentes aplicações do laser para tecidos moles na Ortodontia são: realizar o contorno gengival estético dos dentes, estabelecer correta proporcionalidade dentária, corrigir assimetrias gengivais, remover tecido sobre caninos impactados, excesso de tecido criado pelo fechamento de espaço, capuz gengival sobre os últimos molares e realizar frenectomias (SARVER; YANOSKY, 2005b). Quando usado para aumento de coroas clínicas de unidades dentárias, acessórios podem ser fixados imediatamente após a gengivectomia pois não 48 ocorre sangramento devido ao selamento da incisão pelo laser. Quando o primeiropré-molar é colocado na posição do canino (nos casos de ausência congênita de incisivo lateral), sua coroa pode estar encurtada e alguns clínicos recomendam intrusão do mesmo e a colocação de uma coroa metaloplástica. Uma outra abordagem para esta situação, seria o aumento da coroa clínica com gengivectomia a laser (SARVER; YANOSKY, 2005b). Os equipamentos podem liberar uma grande quantidade de energia com extrema precisão. A atuação desta tecnologia nos diferentes tecidos resulta, a depender do tipo do laser, em efeitos térmicos, fotoquímicos e não-lineares (PINHEIRO, 1998b). A radiação emitida pelo laser é eletromagnética não ionizante, sendo um tipo de fonte luminosa com características bastante distintas de uma fonte de luz fluorescente ou de uma lâmpada comum. São justamente as características especiais desse tipo de luz que a faz ter propriedades terapêuticas importantes (WALSH, 2003). O laser pode liberar energia no modo contínuo ou pulsátil. No modo contínuo, os tecidos tendem a absorver mais energia, resultando em maior aquecimento. Já no modo pulsátil, entre os pulsos de energia é permitido o resfriamento dos mesmos. A quantidade de calor gerada durante o processo resulta em efeitos colaterais e desconforto pós-operatório; devido a isso, o laser deve ser ajustado para o modo pulsátil para os procedimentos em tecidos moles (SARVER; YANOSKY, 2005a). Este tipo de laser, usualmente, produz radiação com comprimento de onda (λ) de 10.600nm. O longo comprimento de onda tem a vantagem de ser altamente 49 absorvido por tecidos que contêm água em grande extensão, apresentando evaporação mais fácil e proporcionando remoção das lesões sem causar uma queimadura profunda (TÚNER; HODE, 2002). O laser de CO2 age em pequenos vasos promovendo a coagulação sangüínea sendo possível trabalhar de forma controlada. Outra propriedade importante do mesmo é que, quando cortando, evaporando ou coagulando o tecido, a dor - após cessar o efeito do anestésico - persiste somente por poucos segundos depois da cirurgia, devido à formação de neuromas térmicos. O desconforto pós-operatório é consideravelmente menor do que nas cirurgias convencionais e o resultado estético final é muito mais aceitável (PINHEIRO, 1998a, TÚNER; HODE, 2002). Vale lembrar que a técnica com laser de CO2 não requer a utilização de cimento cirúrgico, uma vez que a ferida é deixada para cicatrizar por segunda intenção e é recoberta por um “cimento” biológico resultante da coagulação superficial de proteínas (PINHEIRO; FRAME, 1998). E, contrariamente ao pensamento comum, o uso da radiação laser não é contra-indicado em pacientes gestantes, ou em indivíduos portadores de marcapasso, nem causa interferência nos equipamentos de monitoração (PINHEIRO, 1998a). Com vistas à divulgação deste tema na Ortodontia, serão apresentadas algumas indicações clínicas do uso do laser de CO2 para promoção de saúde e adequados nível e contorno gengival. 50 INDICAÇÕES DO USO DO LASER DE CO2 EM ORTODONTIA Para ilustrar as indicações do uso do laser de CO2 em Ortodontia, serão apresentados seis casos clínicos, envolvendo frenectomias, remoção de capuz gengival, correção de hiperplasias gengivais e aprimoramento da estética do sorriso. Os pacientes selecionados encontram-se em tratamento ortodôntico fixo, com aparelho Edgewise Standard, no Centro de Ortodontia e Ortopedia Facial Prof. José Édimo Soares Martins - FOUFBA. Eles foram submetidos a exames prévios, como hemograma completo, coagulograma e glicemia em jejum. De posse destes e não apresentando nenhuma alteração que necessitasse de mais investigação, os mesmos foram encaminhados para a cirurgia, a qual foi realizada no Centro de Laser da FOUFBA. Para a realização dos procedimentos cirúrgicos foi utilizado o laser de CO2 (SHARPLAN 20C, TELAVIV – ISRAEL), com uma potência média de 5W, λ10.600nm, o foco de 0,2mm e o raio foi focado/desfocado, em corrente contínua. Os pacientes foram instruídos a seguir um protocolo de higienização por 15 dias que consistia na escovação do local com uma escova periodontal Colgate Professional Ultra Macia®, juntamente com o creme dental Colgate Total, três vezes por dia, e uso do fio dental, duas vezes por dia. Quanto à alimentação, os pacientes foram instruídos a fazerem uso de alimentos frios ou gelados apenas no dia da cirurgia. - Frenectomias Paciente 1: 16 anos, sexo feminino, portadora da Síndrome de Rieger (caracterizada por ausências dentárias, dentes conóides e atresia maxilar) e 51 inserção baixa do freio labial superior (Figura 1A). Foi sugerida a frenectomia a laser por ser uma cirurgia rápida, sem sangramento e com um menor desconforto pós-operatório (Figura 1B). Sete dias após, houve recidiva na reinserção do freio (Figura 1C). Acredita-se que tal fato ocorreu devido a pouca mobilidade do lábio superior da paciente e, como ocorre nas cirurgias com laser, não foi utilizado cimento cirúrgico pois a ferida é deixada para cicatrizar por segunda intenção. Sendo assim a paciente foi encaminhada a um segundo tempo cirúrgico e neste deverá ser utilizado cimento cirúrgico, para evitar nova recidiva. Paciente 2: 18 anos, sexo masculino, apresentava inserção baixa do freio lingual, o que diminuía a mobilidade da língua (Figura 2C). Além disso, o paciente possuía interposição lingual entre os dentes anteriores durante as funções (fonação e deglutição) e em repouso (Figura 2B), com consequente mordida aberta anterior de 5,6mm (Figura 2A). A remoção do freio, então, foi indicada e um dia após o procedimento cirúrgico, uma boa cicatrização já pode ser observada (Figura 2D). Completado o processo de cicatrização - trinta dias após - (Figura 2E) e o paciente sem nenhuma queixa de dor durante a movimentação da língua, foi instalada uma barra com pontas ativas para correção da postura lingual. Após três meses, pode-se observar uma diminuição de 1,4mm na magnitude da mordida aberta (Figura 2F). A C A A C B Figura 1: A- Pré-cirúrgico B- Pós-cirúrgico imediato C- Após sete dias A B C 52 - Capuz Gengival Paciente 3: 12 anos, sexo feminino, necessitava de instalação de banda ortodôntica no elemento 47, porém o mesmo possuía a face distal encoberta por tecido gengival (Figura 3A). Foi encaminhada para a gengivectomia com laser de CO2. Uma semana após a cirurgia, observa-se uma boa cicatrização da região (Figura 3B), a orientação quanto à higienização foi reforçada para permitir que o elemento fosse bandado, o que ocorreu duas semanas após (Figura 3C). CA B Figura 2: A- Mordida aberta anterior B- Interposição lingual C- Inserção baixa do freio lingual D- Um dia após a frenectomia a laser E- Barra lingual com pontas ativas F- Três meses após a cirurgia A B C D E F Figura 3: A- Inicial B- Uma semana após C- Após a instalação da banda A B C 53 Figura 4: A- Inicial B- Uma semana após - Hiperplasia Gengival Paciente 4; 16 anos, sexo feminino, apresentava hiperplasia gengival na região posterior superior, envolvendo dentes e papilas (Figura 4A), que não regredia mesmo quando a orientação da higienização foi reforçada. A paciente foi submetida à cirurgia a laser e uma semana após, a região já se apresentava bem cicatrizada (Figura 4B). - Estética Gengival Paciente 5: 20 anos, sexo feminino, apresentava a papila gengival distal do 12 hiperplasiada devido à presençade uma alça de retração, que favorecia o acúmulo de placa (Figura 5A). Além disso, a paciente apresentava uma higienização deficiente. O arco de retração foi então removido e mesmo após um reforço e orientação para higienização correta, o tecido queratinizado não involuiu (Figura 5B). Havia também uma diferença mais acentuada do que o normal entre a margem gengival do 12 e a dos elementos 11 e 13. A paciente se submeteu à gengivectomia a laser (Figura 5C) e um mês após, já pode-se notar um relacionamento mais estético entre as margens gengivais dos elementos 13, 12 e 11, e ausência de hiperplasia gengival na papila (Figura 5D). A B B B 54 B B B B A A A A Paciente 6: 22 anos, sexo feminino, apresentava uma assimetria nas margens gengivais dos incisivos centrais superiores e uma desproporção entre suas medidas de altura e largura (Figura 6A e 6D). De acordo com Sarver (2004), a largura dos incisivos centrais superiores deve corresponder a 80% de sua altura. Sendo assim, foi realizada a cirurgia a laser para a correção destes problemas (Figura 6B). Um dia após o procedimento, as margens gengivais apresentavam uma coloração esbranquiçada com ausência de sensibilidade dolorosa. Após um mês, pôde-se observar a simetria das margens dos incisivos centrais e uma adequada proporção entre largura e altura dos dentes anteriores (Figura 6C e 6E). Figura 5: A- Alça de retração B- Inicial C- Pós-operatório imediato D- Um mês após C D B A 55 Os pacientes aqui apresentados foram beneficiados com a cirurgia periodontal a laser. Os mesmos consideraram o procedimento confortável, não relataram sintomatologia dolorosa após a intervenção, de forma que nenhum paciente necessitou do uso de analgésico. Não houve sangramento durante as cirurgias e nem no período pós-operatório. Nenhum quadro de infecção foi observado. Em adição, pode-se constatar uma maior motivação para a manutenção de uma adequada higiene bucal. CONCLUSÃO Este artigo apresentou várias indicações do laser de CO2 em Ortodontia, a saber: frenectomias, remoção do capuz gengival, aumento do comprimento das A C B D E Figura 6: A- Inicial B- Pós-operatório imediato C- Um mês após D- Margens gengivais assimétricas E- Nivelamento das margens gengivais após gengivectomia a laser A B C D E 56 coroas clínicas, aquisição de uma melhor forma e contorno gengival, obtenção da proporcionalidade dentária ideal e resolução de assimetrias gengivais. REFERÊNCIAS ARAÚJO, T. M. et al. Ortodontia e Dentística na recuperação da estética do sorriso: relato de um caso clínico. R. Clin. Ortodon. Dental Press. v. 4, n. 5, p. 64-71, out./nov. 2005. PINHEIRO, A. L. B. Evolução Histórica e Classificação dos Lasers. In: BRUGNERA JR., A.; PINHEIRO, A. L. B. Lasers na Odontologia Moderna. 1. ed. São Paulo: Pancast, 1998a. p. 17-26. PINHEIRO, A. L. B. Física dos Lasers. In: BRUGNERA JR., A.; PINHEIRO, A. L. B. Lasers na Odontologia Moderna. 1. ed. São Paulo: Pancast, 1998b. p. 28-44. PINHEIRO, A. L. B.; FRAME, J. W. Tratamento Cirúrgico de Patologias de Tecidos Moles do Complexo Maxilo Facial. In: BRUGNERA JR., A.; PINHEIRO, A. L. B. Lasers na Odontologia Moderna. 1. ed. São Paulo: Pancast, 1998. p. 177-192. SARVER, D. Principles of cosmetic dentistry in orthodontics: part 1. Shape and proporcionality of anterior teeth. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v. 126, n.6, p. 749-753, Dec. 2004. SARVER, D.; YANOSKY, M. Principles of cosmetic dentistry in orthodontics: part 2. Soft tissue laser technology and cosmetic gingival contouring. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v. 127, n.1, p. 85-90, Jan. 2005a. SARVER, D.; YANOSKY, M. Principles of cosmetic dentistry in orthodontics: part 3. Laser treatments for tooth eruption and soft tissue problems. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v. 127, n.2, p. 262-264, Feb. 2005b. 57 TUNÉR, J.; HODE, L. Laser Therapy: Clinical Practice and Scientific Background. Sweden:Prima Books, 2002. 571p. WALSH, L. 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Laser Therapy: Clinical Practice and Scientific Background. Sweden:Prima Books, 2002. 571p. WALSH, L. J. The current status of laser applications in dentistry. Aust Dent J, v. 48, n 3, p. 146-155, Feb. 2003. ZACHRISSON, B. U. Ortodontia e Periodontia. In: LINDHE, J. Tratado de Periodontia Clínica e Implantodontia Oral. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. p. 537-580. 63 ANEXOS 64 ANEXO 1 FICHA CLÍNICA Paciente:_______________________________________________________ Telefone:___________________ Fase:______________________ 4- Profilaxia _____ 5- Sondagem Obs.: __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 6- Medições: 13= CD:_____ 12= CD:_____ 11= CD:_____ 21= CD:_____ 22= CD:_____ 23= CD:_____ 33= CD:_____ 32= CD:_____ 31= CD:_____ 41= CD:_____ 42= CD:_____ 43= CD:_____ 4- Fotografia_____ 13 43 23 33
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