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Para compreender a relação entre o ocidente e o oriente

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Para compreender a relação entre o ocidente e o oriente é necessário, antes de tudo, analisar o grande século: o século XIX. Aqui, me refiro a um século cujo início foi no final do século XVIII, abarcando a revolução americana e francesa, por exemplo, e cujo término ocorre no início do século XX, englobando a revolução russa e o final da primeira guerra mundial, sob ponto de vista histórico. Antes deste século XIX, pode-se dizer que não havia uma diferença significativa entre os sistemas essencialmente agrários entre o ocidente e o oriente.
 Ambas regiões apresentavam semelhanças acerca do seu desenvolvimento, havia revoluções e movimentos sociais como foi no caso da revolução inglesa em 1640, mas eram pouco messiânicas comparadas à Revolução Francesa. De fato, dois fenômenos importantes eclodem neste século, originando um gap entre elas, a saber, a revolução industrial e o nacionalismo.
A revolução industrial foi um fator importante para o desenvolvimento do capitalismo que, por sua vez, exigiu uma política expansionista das principais nações europeias, que tinha por objetivo a busca de mercado consumidor, de mão de obra barata e de matérias-primas para o desenvolvimento das indústrias, ou seja, imperialismo.
Já a contribuição do nacionalismo é importante pela grande capacidade de aglutinar pessoas tão quanto excluí-las. Incluindo membros da tal comunidade imaginada de acordo com um critério coletivista baseado em características como raça, etnia, passado em comum, cultura etc. e excluindo todos aqueles não membros, que não preenchem tais características. Assim, há uma divisão tácita entre nós (ocidente) e eles (ocidente).
Combinados estes dois fenômenos, temos uma “justificativa” para fazermos o que quisermos: o evolucionismo. Ele nos permite, pensam os europeus, com o apoio da ciência (darwinismo), julgar a sociedade europeia superior as demais. A evolução ocorria por estágios, de forma que o oriente estaria num estágio inferior, pois era imaginado como fraco, sem poder de ser autogovernar, sendo um fardo do homem branco civilizá-lo, fazer com que eles deixem o status de selvagem. Essa, foi a política do ocidente relacionada ao oriente, surgindo o sistema internacional.
Sob esta perspectiva que iniciaram-se as partilhas. O império britânico com o objetivo de equilibrar a sua balança comercial com a china, vence duas guerras do ópio, impondo tradados desiguais, provocando rebeliões como as de taiping, que foi esmagada por tropas locais com apoio ocidental, resultando reformas que influenciariam a revolução socialista no século seguinte. 
Na índia, o mesmo império terceiriza o imperialismo através da companhia das índias orientais, com a intenção de monopolizar o comércio e, com um tempo, surge a revolta dos Cipaios contra a dominação e exploração britânica. Mesmo malograda, evocou um sentimento de nacionalismo, que foi de suma importância para o desejo de independência, a posteriori.
Ao final deste século, depois da primeira guerra, este sistema já estava esgotado e sofre críticas por parte de Wilson e Lenin. Ambos se opõem a balança de poder entre estados desiguais, sugerindo um sistema no qual países operassem em prol da segurança coletivamente. Lenin, sugere a COMINTERN e Wilson, a Liga das Nações. A última, seria uma organização que asseguraria a paz com o apoio dos 14 pontos de Wilson, que se destaca principalmente pelo princípio de autodeterminação. Com esse princípio, a Europa respeitaria as etnias existentes ali, de modo que cada uma pudesse se autogovernar.
Todavia, o real motivo da conferência de paz não era simplesmente respeitar o direito de auto determinação dos povos, dando soberania a etnias e minorias. A real intenção era criar uma zona de contenção entre os dois Estados continentais Alemanha e Rússia. ​ A constituição de "Estados-tampões", como ficaram conhecidas as novas unidades territoriais que, garantia à Inglaterra e à França (principalmente) a possibilidade de, através de alianças bilaterais e mesmo domínios, exercerem sua influência. Embora isso tivesse a intenção de aplicar o princípio de auto determinação, ele estava reduzido a Europa. No entanto, ele teve um impacto muito além do continente europeu.
Contudo, esse impacto ocorreu somente quando os países não europeus perceberam que tal princípio não serviria para eles. Depois de apoiar os aliados na primeira guerra, a china, na conferência de paz pede os protetorados que foram dela tirados pela Alemanha ao longo da guerra, mas este pedido foi recusado. No caso indiano, depois de contribuir com um milhão de soldados na guerra, a índia demanda simplesmente o poder de se auto governar, não era independência, mas apenas autonomia e, como a china, tem a sua demanda negada.
A partir daí, o terceiro mundo efetivamente compreende quão reduzido era o princípio de autopreservação e começa a se rebelar. A proposta de Wilson, mesmo desapontando o terceiro mundo por ser esvaziada da verdade, não somente expressou o desejo desses povos, como forneceu justificativas morais para lutarem por eles. Na china, surge o movimento 4 de maio em oposição a uma china inferiorizada e usada pelo Ocidente. Na índia, inicia-se os movimentos de independência com a figura de Gandhi. Movimentos

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